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Introdução às técnicas projetivas e expressivas

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Introdução às técnicas projetivas e expressivas
Prof.Roberto Sena Fraga Filho
Descrição
Introdução aos testes projetivos, expressivos e parâmetros básicos para aplicação dessas técnicas
associadas aos demais métodos de investigação em Psicologia.
Propósito
Avaliação psicológica é um processo técnico e científico desenvolvido por meio de metodologias
específicas, dentre elas, as técnicas projetivas e expressivas. É fundamental para os psicólogos e as
psicólogas adquirirem competências básicas acerca do emprego desses instrumentos (testes
psicológicos), uma vez que o uso profissional desses recursos é restrito aos psicólogos e às psicólogas
com inscrição ativa em um conselho regional de Psicologia.
Objetivos
Módulo 1
Projeção, expressão e técnicas de avaliação psicológica
Analisar o estudo dos conceitos na ciência psicológica e os construtos de projeção e expressão.
Módulo 2
Considerações psicométricas nas técnicas projetivas
Identificar os fundamentos da psicometria aplicados às técnicas projetivas.
Módulo 3
Técnicas projetivas no contexto do psicodiagnóstico
Reconhecer o emprego das técnicas projetivas e expressivas no psicodiagnóstico.
Módulo 4
Considerações sobre as técnicas projetivas
Descrever os testes projetivos e expressivos e as dimensões da personalidade.

Introdução
Podemos saber muitas coisas a respeito de uma pessoa em um desenho, na forma como ela conta uma
história e até mesmo analisando pequenos tracinhos, riscados, em uma folha de papel. De forma
sistemática, estruturada, com embasamento científico, essas formas de investigar personalidade estão
presentes nos testes psicológicos de formato projetivo e expressivo.
A avaliação psicológica é um requisito obrigatório na obtenção da carteira nacional de habilitação para
conduzir veículos automotores terrestres e para atestar a aptidão psicológica no manuseio de arma de fogo,
no processo, por exemplo, da obtenção do porte de armas. Em todos esses cenários e diversos outros, os
testes psicológicos nos formatos projetivo e expressivo se constituem como fontes fundamentais de
informação. O uso profissional desses recursos é restrito aos profissionais de Psicologia com uma
inscrição ativa em um conselho regional de Psicologia. Vamos conhecer e valorizar essas técnicas e
fortalecer cada vez mais a Psicologia como uma ciência e uma profissão?
1 - Projeção, expressão e técnicas de avaliação
psicológica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o estudo dos conceitos na ciência
psicológica e os construtos de projeção e expressão.
Sobre conceitos e construtos
A Psicologia normalmente mensura variáveis psicológicas que não são observáveis como uma variável
física, tais como peso, altura e o tempo. Nossos construtos são quase sempre hipotéticos (ERTHAL, 2009).
Mas o que são construtos hipotéticos ou ideativos? Talvez agora essa seja a pergunta que precisamos
responder.
Quando pensamos nessa palavra, “conceito”, isso requer certo grau de abstração que varia entre conceitos
de observação direta, indireta, construtos, até proposições de teorias (KAPLAN, 1969).
Podemos definir para a finalidade deste material a palavra “conceito” como uma
representação mental das coisas que nos cercam e, também, a compreensão que
temos do significado das palavras da língua portuguesa.
Um conceito vai traduzir uma representação mental dos objetos que nos cercam em função das
características gerais que nosso sistema linguístico atribui a eles.
Alguns objetos (ou fenômenos) podem ser observados diretamente, com ou sem ajuda de instrumentos, e
isso facilita determinadas categorizações, por exemplo, o conceito de cachorro e de uma cadeira. Podemos
reconhecer esse animal ou esse objeto por um conjunto de características comuns a eles, diretamente
perceptíveis ao observador (observação direta).
Os conceitos cachorro e gato nos permitem observar e reconhecer de forma direta.
Podemos reconhecer e falar conceitualmente sobre os objetos que nos cercam, contar a nossa história de
vida, mas, também, usarmos dessas representações mentais e das palavras para construir a linguagem
científica. Quando comparamos a expressão da linguagem científica e a expressão da linguagem do senso
comum, observamos que, eventualmente, uma mesma palavra pode expressar conceitualmente significados
diferentes, pois evoca representações mentais distintas. O conhecimento científico é sistematizado e
empírico, enquanto o conhecimento do senso comum é casual e intuitivo.
Pensemos agora em outro tipo de conceito. Por exemplo, o tempo é um fenômeno que pode ser observado
indiretamente, todos os dias, quando nos olhamos no espelho pela manhã. Lenta e gradualmente, os sinais
do envelhecimento aparecerão em nossos rostos.
Todavia, o tempo, como um construto para um físico teórico, ganhará outra complexidade. Esse mesmo
raciocínio pode ser aplicado à palavra aprendizagem, por exemplo, observando uma criança aprender a
andar de bicicleta. Assim que constatarmos, por meio da observação, que essa criança adquiriu autonomia
em pedalar, demonstrou equilíbrio, sem ajuda, vamos dizer “Essa criança aprendeu a andar de bicicleta.” Os
processos mentais/cognitivos da aprendizagem em si não podem ser observados diretamente, mas as
operações executadas pela criança, indiretamente, permitem fazermos a inferência que ela aprendeu a
andar de bicicleta.
Porém, se analisarmos a palavra aprendizagem como um construto teórico, vamos nos deparar com uma
complexidade maior e recorrer às teorias de aprendizagem de autores como Skinner, Piaget, Vygotsky,
dentre outros.
Essas teorias são a expressão do que é um conceito hipotético ou ideativo (um
construto). Apresentam hipóteses e formas diferentes de definir e investigar o
aprendizado humano e dos demais construtos psicológicos.
Uma teoria é um sistema teórico que estabelece uma ponte entre os conceitos de observação direta,
indireta e os construtos. Estes últimos são elaborações hipotéticas que foram adotadas com uma finalidade
científica predeterminada, para evidenciar/investigar, nesse caso, o que é aprendizagem, como aprendemos
e nos desenvolvemos.
Automaticamente, em nosso aparato psicológico, fazemos representações mentais das coisas, dos eventos
de nossas vidas, categorizamos, agrupamos, generalizamos etc. E é por meio da linguagem (língua) que
nossas representações mentais são comunicadas, como também externalizadas pelo comportamento em
nosso jeito de ser e agir.
Comentário
Mesmo que não paremos em nosso dia a dia para refletir razoavelmente sobre isso, essa é nossa relação
com a palavra “conceito”. Mas, para a ciência psicológica, é necessário que paremos para refletir sobre
esses tópicos, pois dessas reflexões é que a Psicologia como ciência e profissão será materializada.
Construtos teóricos da Psicologia
Se perguntarmos para nossos amigos e familiares o que eles entendem por personalidade, vamos encontrar
explicações distintas, mais ou menos próximas de uma definição conceitual científica. Em linhas gerais,
podemos definir personalidade, sem dúvida, um dos construtos mais investigados pela ciência psicológica,
como um conjunto de características razoavelmente estáveis de uma pessoa. Podemos melhorar um pouco
esse conceito? Vamos lá:
Personalidade: os aspectos internos e externos peculiares relativamente permanentes
do caráter de uma pessoa que in�uenciam o comportamento em situações diferentes.
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2015, p. 9)
Definições dessa natureza, em certa perspectiva, são problemáticas, pois abrem outras perguntas, por
exemplo: o que são essas características? Quais são os aspectos internos e externos? O que é caráter?
Quais comportamentos e qual o grau de variação dessas situações que impactam a personalidade?
Quando trabalhamos com um conceito muito complexo, como é o caso da personalidade, tratamos o
mesmo como um construto e recorremos a diversos sistemas teóricos para buscar responder a perguntas
específicas e derivadas. Mas, é importante destacarque definições abrangentes como essa são o ponto de
partida.
Quando materializamos um construto na ciência psicológica, duas definições são fundamentais:
Uma definição constitutiva é necessária, principalmente quando temos um construto que é definido
por meio de outros construtos que existam em uma teoria. É o caso da personalidade, por exemplo,
que pode ser medida por meio de outros construtos, como necessidades psicológicas básicas,
traços, psicodinâmica etc. Basicamente, uma definição constitutiva vai descrever o construto a partir
da teoria que o embasa. Em outras palavras, a definição constitutiva vai descrever, categorizar,
definir, cuidadosamente, o construto em perspectiva teórica, objetivando a precisão e economia
conceitual. (SHAUGHNNESSY; ZECHMEISTER; ZECHMEISTER, 2012).
A definição operacional vai demonstrar como investigar, ou seja, as operações concretas e empíricas
adotadas como, por exemplo, os itens, estímulos ou tarefas de um teste psicológico. Uma definição
operacional explica um conceito unicamente em termos dos procedimentos observáveis usados
para produzi-lo e mensurá-lo (SHAUGHNNESSY; ZECHMEISTER; ZECHMEISTER, 2012).
Técnicas de avaliação psicológica
Basicamente, usamos da observação, da entrevista e da testagem como técnicas de investigação em
Psicologia. Neste material, vamos nos ater aos testes psicológicos.
Na busca por evidências empíricas do construto que está sendo investigado, na testagem, usamos de
diversas situações estímulo, em maior ou menor grau de objetividade.
Definição 1 
Definição 2 
Assim, podemos entender construto como um atributo que não podemos observar
diretamente e que inferimos a partir dos comportamentos observados numa
situação específica, como um teste, por exemplo.
Um atributo é a característica do objeto (por exemplo, personalidade) que será aferido pela mensuração. Os
comportamentos observados são os padrões de resposta à situação-estímulo apresentada na testagem.
Assim, na mensuração da personalidade, a Psicologia faz uso de diversos instrumentos ou testes. Entre os
testes utilizados, encontramos as técnicas projetivas e expressivas. Vejamos do que se trata cada uma.
O teste palográ�co como exemplo de um teste expressivo
Um teste psicológico chamado de palográfico apresenta como tarefa que a pessoa desenhe traços (palos)
na vertical, repetidamente, em uma folha de papel estruturada e padronizada que representa a situação de
teste. Observa-se o estilo de resposta, ou seja, características desses palos, para se compreender as
motivações básicas e as características de personalidade de uma pessoa.
Cada pessoa tem um traçado singular e, após estudos e trabalhos estatísticos exaustivos, encontramos
alguns padrões que são generalizáveis e remetem a uma característica da pessoa (respondente do teste)
quando tais características são comparadas com uma amostra da população (amostra normativa). Em
outras palavras, pessoas com uma certa característica de personalidade, como extroversão, têm uma
tendência a desenhar os palos com características semelhantes (considerando tamanho dos traços,
distância entre eles, direção, entre outras características).
Comentário
Por razões técnicas, éticas e também do direito autoral dos manuais técnicos dos testes, não podemos
exemplificar com um modelo do teste palográfico, ou explicar quais são os elementos e as características
desses palos que são analisados. Este mesmo cuidado será adotado em outros testes abordados neste
conteúdo.
O teste palográfico é considerado uma técnica expressiva na avaliação psicológica. Técnicas expressivas,
em resumo, buscam padrões de resposta que se expressam de forma gráfica.
Uma curiosidade e exemplo que talvez permita a melhor compreensão das técnicas expressivas: você já
ouviu falar da análise da caligrafia de uma pessoa? Trata-se da grafologia, ou seja, uma área do
conhecimento que busca levantar características da personalidade por meio da escrita.
No Brasil, a grafologia não é uma técnica reconhecida pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP), ou seja, psicólogos(as) não podem analisar personalidade com
esse recurso.
Vamos apenas materializar exemplos concretos com a essência das técnicas expressivas para melhor
compreender as possibilidades de análise:
O tamanho da letra pode estar associado às características de extroversão e autoconceito.
A inclinação da letra pode estar associada à forma como fazemos contato com o meio e com as
pessoas.
A proximidade das letras pode expressar equilíbrio, formas de raciocínio como indução e dedução.
Lembre-se de que essas características, quando observadas em testes como o palográfico, devem ser
sempre tratadas apenas como hipóteses ou tendências, que precisam ser confirmadas com outras
informações, inclusive provenientes de outros instrumentos de avaliação.
O teste de Rorschach como exemplo de um teste projetivo
Técnicas projetivas, em resumo, buscam padrões de resposta que se expressam de forma verbal. O
conceito geral de projeção também pode ser compreendido como a personalidade em ação, ou seja, a
personalidade em movimento.
O teste psicológico chamado de Rorschach solicita que a pessoa observe pranchas com manchas de tinta
que são apresentadas pelo psicólogo(a) e responda com o que isso se parece.
Mancha semelhante aos estímulos usados no Rorschach.
Na interpretação das respostas da pessoa avaliada existem diferentes sistemas de classificação que
representam trabalhos extensos de pesquisas empíricas no Brasil e no mundo, que sistematizam os
resultados obtidos no teste.
Assim como nas técnicas expressivas, que colhem as respostas gráficas e buscam padrões, de forma
similar aplica-se esse raciocínio quando analisamos as respostas verbais aos borrões de tinta. Observou-se
que pessoas que apresentavam formas de responder às manchas semelhantes compartilhavam certos
traços de personalidade.
Dessa forma, podemos observar que o teste Rorschach é um exemplo de teste projetivo que se fundamenta
na teoria da psicanálise sobre personalidade (definição constitutiva do construto) e que emprega toda uma
série de instruções, estímulos, materiais e sistemas de avaliação (definição operacional) que nos permite
avaliar personalidade e só pode ser empregado por psicólogos adequadamente preparados no uso do
instrumento.
Estudo da personalidade através das técnicas projetivas
e expressivas
Neste vídeo, o especialista reflete sobre a busca por evidências empíricas do construto personalidade por
meio das técnicas projetivas e expressivas, utilizando exemplos de cada uma delas.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O conhecimento do senso comum é útil para a vida das pessoas no cotidiano. Permite que as pessoas
interajam de uma forma fluida e compartilhem de algumas ideias, que atribuam significado para
algumas experiências compartilhadas em seu dia a dia. Tomar chá de alho quando estamos resfriados
ou afirmar que manga batida com leite faz mal são premissas inofensivas. Em várias circunstâncias de
nossas vidas, precisamos de outro tipo de conhecimento, o científico. Esse conhecimento científico se
diferencia do senso comum pelas seguintes características:
Parabéns! A alternativa E está correta.
O conhecimento científico produz premissas que, uma vez aplicadas, resultam em mais segurança para
a população; a sistemática, evidências que são reproduzíveis por pesquisadores diferentes.
A Abordagem geral intuitiva; conceitos claros e com especificidade operacional.
B Atitude acrítica e aberta; divulgação tendenciosa e subjetiva; hipóteses testáveis.
C Conceitos claros e com especificidade operacional; atitude acrítica e aberta.
D Atitude crítica e cética; instrumentos inacurados e imprecisos.
E Conhecimento construído de forma sistemática e empírica.
Possibilidade de testar hipóteses e refutá-las é fundamental para se evitar tomadas de decisão
arbitrárias e tendenciosas. São características do conhecimento científico:a abordagem geral é
empírica; atitude crítica e cética; observação sistemática e controlada; divulgação imparcial e objetiva;
conceitos claros e com especificidade operacional; instrumentos acurados e precisos; medição com
critérios de validade e confiabilidade; as hipóteses são testáveis.
Questão 2
Considerando a natureza do objeto de investigação na Psicologia, duas definições são exigidas em um
teste psicológico: constitutiva e operacional. A definição operacional expressa
Parabéns! A alternativa D está correta.
Devido à natureza abstrata do objeto de investigação em Psicologia, e pelo fato de não observarmos
diretamente o nosso fenômeno, torna-se relevante definirmos não só o conceito teórico, mas como
vamos operacionalizá-lo. Por exemplo, podemos operacionalizar personalidade pedindo para a pessoa
desenhar ou fazer palos (traços) em uma folha de papel. A personalidade ainda pode ser
A as descrições práticas da teoria, com exemplos e áreas de aplicação.
B as definições conceituais, descritivas e categóricas. Trata-se da perspectiva teórica.
C
o conceito que exemplifica o objeto que será medido por situações estímulo, que são os
itens do teste.
D
as operações concretas a serem executadas pela pessoa avaliada, trata-se das tarefas
a serem executadas em um teste.
E
o conceito operativo que conecta as ideias de uma teoria com suas bases
epistemológicas.
operacionalizada por borrões de tinta que possibilitam a projeção de diversas imagens ou por
afirmações em um teste de lápis e papel com amostras de comportamento.
2 - Considerações psicométricas nas técnicas projetivas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os fundamentos da psicometria
aplicados às técnicas projetivas.
A psicometria e os testes psicológicos
Você lembra o que é psicometria?
Resposta

Trata-se de um campo do conhecimento que usa de alguns pressupostos da Matemática, da Estatística, da
Filosofia, da teoria da medida, que permite a quantificação dos fenômenos psicológicos. A psicometria
objetiva demonstrar como as respostas dadas pelas pessoas às tarefas ou itens dos testes psicológicos se
traduzem como amostras de comportamento de uma pessoa em um determinado contexto. Dessa forma,
contamos com uma enorme variedade de instrumentos e testes na avaliação psicológica.
Na literatura específica, você se depara com diferentes formas de classificar os testes psicológicos. Mas,
em geral, a maioria coincide numa divisão básica entre os testes psicométricos ou objetivos e os testes
projetivos.
Os inventários de personalidade representam um exemplo de teste psicométrico.
Essa definição mais usual na classificação dos testes psicológicos tipicamente leva o aluno à certa
confusão.
Quando mencionamos testes psicométricos (objetivos) e os diferenciamos dos testes projetivos,
eventualmente o aluno não percebe que existem também bases psicométricas nos testes projetivos, pois
por psicometria não se entende apenas o uso da estatística ou de modelos matemáticos para se investigar
variáveis latentes (construtos), mas de postulados que permitam a medida em Psicologia.
Assim como nos testes psicológicos chamados de objetivos, os testes projetivos também apresentam
normas que nos propiciam analisar as respostas dadas pela pessoa avaliada, a partir de trabalhos
estatísticos que auxiliam na busca por evidências de validade e confiabilidade da testagem.
Poucos instrumentos (testes psicológicos) possuem uma base de análise apenas qualitativa, baseada em
inferências clínicas pelo uso da técnica, compiladas na literatura e expressas no manual técnico do teste.
Esse é o caso do teste de desenho da casa, da árvore e da pessoa, mais conhecido por HTP (house, tree and
person).
Quando consideramos o universo das técnicas projetivas e expressivas, muitas delas trarão, no mínimo,
uma tabela de médias, desvio-padrão, erro padrão da média, medianas, ou seja, estatísticas básicas que vão
nos permitir comparar o padrão de respostas da pessoa avaliada com o padrão de respostas de uma
população de referência.
Aplicação de um teste projetivo.
Como avaliar personalidade por meio dos testes?
A dúvida mais recorrente dos alunos é saber como uma resposta dada a um teste pode ser representativa
de uma característica de personalidade, ou seja, como isso é possível? Vamos tentar simplificar essa
resposta que não é tão simples de ser dada.
Compartilhamos da mesma história evolutiva assim como da mesma estrutura biológica. Ou seja, a forma
como nosso sistema nervoso codifica nossas experiências, nossa história de vida, em nosso aparato
psicológico, vai permitir que, por meio dos testes psicológicos, possamos investigar variáveis latentes
muito difíceis de serem observadas sistematicamente de forma direta e correlacionar aos padrões
comportamentais das pessoas. Em outras palavras, podemos correlacionar esses padrões de respostas
nos testes ao jeito de ser, pensar e agir em situações do cotidiano.
ariáveis latentes
É outra forma de chamar os construtos
Por padrões comportamentais, entende-se tudo aquilo que a pessoa faz, inclusive
como ela se expressa graficamente ou verbalmente, dentre outras possibilidades.
Por exemplo, existe uma certa constância, ou seja, padrões de respostas que são dadas pelas pessoas no
teste de Rorschach que são sistematizadas pelas teorias que embasam esse instrumento. Isso nos permite
fazer inferências das características de personalidade de um indivíduo avaliado pelo teste. Isso é possível
simplesmente pelo fato de que várias pessoas que expressam em seus comportamentos determinada
característica de personalidade respondem relativamente da mesma forma quando o psicólogo(a)
apresenta uma prancha com um borrão de tinta e pergunta: o que você vê nessa mancha?
Esse processo, esses padrões de resposta são universais?
Resposta
Relativamente podemos dizer que sim, pois compartilhamos a mesma história evolutiva. Existe o contexto
cultural e, por esse motivo, um teste precisa trazer estudos com uma população de referência (amostra
normativa), e só podemos comparar as respostas da pessoa avaliada se ela possuir características
similares observadas em tal população.
Um detalhe relevante: em 1997, pesquisadores do teste Rorschach, em países diferentes, iniciaram um
estudo compilando os padrões de respostas dadas às pranchas por adultos. Os achados desse estudo
foram apresentados em 2007, para a comunidade científica, evidenciando por meio de cálculos de médias e
outras estatísticas básicas que padrões de respostas significantemente semelhantes foram dadas às
manchas de tinta por adultos de diferentes regiões do planeta. Didaticamente, para traduzir essa história, é
como se pudéssemos dizer que as pessoas que apresentam impulsividade como uma característica de
personalidade tendem a dar mais respostas num teste x, e pessoas com mais controle de suas ações
tendem a dar menos respostas.
Atenção!
Esse não é um padrão observado no teste de Rorschach, mas só um exemplo didático de como faríamos as
análises das respostas dadas a essa tarefa pelas pessoas em diferentes regiões do mundo. Por razões
éticas, técnicas e do direito autoral dos manuais técnicos dos testes, não podemos compilar as
características técnicas de análise dos testes psicológicos aqui neste material.
Cabe também observar que, mesmo que usemos o número como um símbolo que vai representar os
atributos medidos pelos testes, precisamos saber de onde vem esse atributo, qual a base teórica que o
sustenta (definição constitutiva) que nos forneça os subsídios para operacionalizarmos o construto
(definição operacional), pois sem esses cuidados básicos não conseguiríamos medir em Psicologia, ou seja,
não conseguiríamos qualificar e interpretar esse número.
Isso acontece com qualquer variável. Queremos dizer que, por exemplo, na medição da altura das crianças
de uma determinada faixa etária, precisamos dos valores padrão obtidos num grupo representativo da
população com características semelhantesaos sujeitos avaliados (idade, gênero), que permitam
considerar que o resultado obtido em um caso específico está abaixo do esperado, dentro do esperado ou
acima.
Todo resultado numérico precisa de um padrão de referência que permita uma interpretação desse número.
Classi�cação dos testes e o SATEPSI
Existem diversas formas de classificarmos os testes psicológicos. Quanto à sua objetividade e
padronização, dividimos em psicométricos (objetivos) e testes projetivos e expressivos. Quanto ao
construto que avaliam, podem ser de aprendizagem, valores e atitudes, habilidades, inteligência, interesse,
personalidade, processos cognitivos etc. Pelo padrão de resposta, por exemplo, escala Likert, escolha
forçada, gráfica, verbal, dentre outras possibilidades. Seja qual for a classificação adotada, as bases
psicométricas dos instrumentos são bastante similares. O que vai diferenciá-los é a exigência do modelo
estatístico empregado.
O Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI) foi criado pelo CFP, objetivando avaliar a
qualidade dos testes psicológicos e divulgar informações pertinentes dos instrumentos, aos(às)
psicólogos(as) (REPPOLD; NORONHA, 2018). Uma iniciativa necessária no Brasil devido à baixa qualidade
de vários dos testes psicológicos utilizados, profissionalmente, antes do sistema começar a funcionar no
ano de 2003.
O SATEPSI é reconhecido por órgãos internacionais como uma plataforma pioneira
na certificação de instrumentos psicológicos. O SATEPSI é operacionalizado por
uma comissão consultiva de avaliação psicológica (CCAP) do CFP formada por
psicólogos com experiência e produção científica na área.
Além do SATEPSI, os pesquisadores, autores e editoras de testes psicológicos precisam observar outros
documentos de referência para a confecção e comercialização de um instrumento psicológico de medida
(um teste psicológico). Tais documentos exigem que o teste traga em seu manual técnico, dentre outras
coisas, as evidências científicas que permitam ao psicólogo fazer tomadas de decisão em um processo de
avaliação psicológica embasado nos testes.
São requisitos mínimos para obtenção de um parecer favorável no SATEPSI:
1. Descrição geral do instrumento (nome; autores; editora; ficha síntese com objetivo, público-alvo, material,
aplicação e correção).
2. Qualidade gráfica e de escrita (norma culta da língua portuguesa).
3. Identificação do(s) construto(s) que se pretende avaliar (definição constitutiva e operacional).
4. Evidências de precisão.
5. Evidências de validade.
�. Normas e padronização.
Evidências psicométricas das técnicas projetivas
Em linhas gerais, podemos dizer que os testes classificados como psicométricos ou objetivos, sem dúvida,
apresentam em seu escopo, tipicamente, um conjunto de análises estatísticas em maior quantidade e
diversidade de parâmetros que foram adotados. Também, em linhas gerais, vamos observar nos testes
psicométricos um esforço para apresentar modelos embasados na teoria de resposta ao item (TRI), dentre
outros modelos matemáticos e estatísticos que não se aplicam ao universo das técnicas projetivas e
expressivas, eventualmente, por razões epistemológicas e pelas características desses testes.
Para o SATEPSI, no caso dos testes objetivos, é obrigatória a apresentação de evidências empíricas sobre
as características técnicas dos itens do teste, mas essa regra não se aplica aos métodos projetivos e
expressivos. Também não se aplica aos testes projetivos/expressivos a análise de itens.
No quesito da apresentação de estudos de validade, existe uma exigência maior
para os testes objetivos. Essas diferenças se devem à natureza do teste, à situação
estímulo (tarefa que a pessoa responde) e aos padrões de resposta do teste.
Os principais conceitos associados aos parâmetros técnicos dos testes psicológicos são:
Trata-se da estabilidade com que os resultados dos avaliados mantém-se em outras aplicações, por
exemplo, do mesmo teste (teste-reteste) e fazendo a correlação (trabalho estatístico) desses dados.
A fidedignidade também está associada ao erro da medida. Existem dificuldades em se buscar
evidências de precisão nos testes projetivos da mesma forma que se faz com os testes objetivos.
Em testes projetivos, vamos encontrar, com certa frequência, evidências de metanálises (trabalho
estatístico utilizado para integrar resultados de dois ou mais estudos independentes) da precisão
entre juízes que consiste em investigar a constância com que os pesquisadores treinados na técnica
codificam as respostas dadas pelas pessoas.
Trata-se do grau em que as evidências acumuladas podem fornecer subsídios para a interpretação
dos escores do teste. Um ponto de atenção é que a validade não se refere ao teste em si, mas é uma
propriedade dos escores do teste. Observa-se que não se trata de algo dicotômico, ou seja, ter ou
não ter, mas da quantidade e qualidade das evidências demonstradas. Modelos estatísticos estão
envolvidos nesse processo. Pode-se fazer a análise do conteúdo do teste, buscar estabelecer
relações com outras variáveis no processo de resposta ou correlações com outros testes.
Trata-se da forma de interpretar os escores da pessoa avaliada nos testes psicológicos. A
normatização refere-se à uniformidade na interpretação dos escores que os indivíduos recebem no
teste. Por meio das normas conseguimos atribuir significado aos escores obtidos pela pessoa
avaliada. As normas são um referencial, pois são elaboradas a partir de uma amostra normativa que
é representativa da população. Em resumo, as normas nos propiciam um padrão de comparação
entre os escores da pessoa avaliada e a amostra normativa. Em relação à amostra normativa,
podemos considerar: idade, escolaridade, período do desenvolvimento etc.
Evidências de precisão (fidedignidade ou confiabilidade) 
Evidências de validade 
Normas 
Existe certa discordância na literatura quanto à diferenciação entre os conceitos normatização e
padronização (PEIXOTO; FERREIRA-RODRIGUES apud BAPTISTA et al., 2019). A padronização reflete
a uniformidade dos procedimentos para utilização do teste: ambiente de aplicação, material,
aplicador, instruções, correção e, também, interpretação do instrumento.
Evidências psicométricas das técnicas projetivas
Neste vídeo, o especialista reflete sobre as diferentes evidências psicométricas das técnicas projetivas e
expressivas e as diferenças nas exigências da SATEPSI entre os testes projetivos e os testes psicométricos.
Padronização 

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Os requisitos psicométricos básicos dos testes psicológicos são validade, confiabilidade, padronização
e normatização. O conceito de validade expressa
Parabéns! A alternativa A está correta.
Tipicamente, diz-se que validade expressa a ideia de que o teste é capaz de avaliar aquilo a que se
propõe. Embora essa definição não esteja completamente errada, ela é incompleta. Validade não é algo
dicotômico, ou seja, tem ou não tem, mas expressa o grau das evidências que nos permitem usar os
escores do teste para uma tomada de decisão relativa a uma demanda, que expresse a necessidade da
medida do construto psicológico. Validade é um atributo do escore, e não do teste.
Questão 2
Acerca da psicometria, é correto afirmar que
A
a qualidade e a quantidade de evidências que, acumuladas, permitem interpretar os
escores do teste.
B
a estabilidade da medida. Uma medida válida é aquela que se mantém estável e sem
erros.
C
a escala de medida. Uma medida válida, em Psicologia, precisa garantir a
proporcionalidade dos pontos da escala.
D
uma verdade lógica. Expressa o isomorfismo da medida em uma escala que garanta
aditividade.
E
uma verdade hipotética. Expressa em perspectiva teórica o construto que está sendo
medido.
A legitima todas as práticas de investigação em Psicologia em termos quantitativos.
B é o único embasamento verdadeiramente científico na Psicologia.
Parabéns! A alternativaD está correta.
O uso de testes psicológicos é restrito aos(às) profissionais da Psicologia, mas existem outras áreas
do conhecimento, nas ciências sociais aplicadas, que constroem ferramentas com embasamento
psicométrico para investigação dos seus objetos de interesse. A psicometria é um campo
transdisciplinar que apresenta os embasamentos para buscarmos evidências de validade e
confiabilidade das medidas em Psicologia.
3 - Técnicas projetivas no contexto do psicodiagnóstico
C é um campo do conhecimento restrito às práticas psicológicas.
D apresenta embasamento epistemológico e técnico para a medida em Psicologia.
E os instrumentos com embasamento psicométricos são restritos aos psicólogos.

Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o emprego das técnicas projetivas e
expressivas no psicodiagnóstico.
O que é o psicodiagnóstico?
Para pensarmos as técnicas projetivas no contexto do psicodiagnóstico, demarcaremos o que é uma
avaliação psicológica e compreenderemos esse processo aplicado no campo da clínica.
Avaliação psicológica é de�nida como um processo estruturado de investigação de
fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o
objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou
institucional, com base em demandas, condições e �nalidades especí�cas.
(RESOLUÇÃO CFP 009/2018)
Mas o que é, na realidade, psicodiagnóstico? A resposta para essa pergunta é relativamente simples: trata-
se da avaliação psicológica em contexto clínico.
Há aqui dois pontos importantes:
1. O psicodiagnóstico pode ocorrer com ou sem o uso de um teste psicológico.
2. Ele é, necessariamente, um processo estruturado com início, meio e fim.
Dizemos que é uma resposta relativamente simples, contudo é encontrada na literatura e, também, na voz
de diversas psicólogas e psicólogos com compreensões distintas. Muitos defendem que, para
caracterizarmos esse processo de avaliação clínica como psicodiagnóstico, necessariamente deveríamos
fazer uso da testagem psicológica, mas esse posicionamento contraria o que temos de orientações em
documentos do Conselho Federal de Psicologia e a literatura mais recente sobre esse assunto. Outros,
utilizam do psicodiagnóstico para expressar avaliações na área escolar e, também, em outros campos de
atuação dos profissionais da Psicologia, como, por exemplo, na prática jurídica.
O conhecimento científico é dinâmico e, eventualmente, observam-se confusões conceituais na literatura da
Psicologia, principalmente quando recorremos a uma literatura mais antiga em detrimento de publicações
mais atuais que versam sobre determinados assuntos. Esse é o caso do psicodiagnóstico. Considerando
inovações nas resoluções e outros documentos de referência do Conselho Federal de Psicologia e o
dinamismo da literatura científica da área, acreditamos que, nesse caso, essa confusão conceitual não se
faz mais necessária e define-se psicodiagnóstico como:
[...] um procedimento cientí�co de investigação e intervenção clínica, limitado no
tempo, que emprega técnicas e/ou testes com o propósito de avaliar uma ou mais
características psicológicas, visando a um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou
dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da
situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos.
(HUTZ et al., 2016, grifo nosso, p. 18)
Autores de referência na atualidade não recomendam usar a palavra “psicodiagnóstico” em outros campos
de atuação, como na área escolar, organizacional ou jurídica, pois, em tais campos de atuação do psicólogo
e da psicóloga, encontramos variáveis não observadas no contexto clínico (HUTZ et al., 2016). Nesses
casos, empregamos: avaliação psicológica no contexto organizacional e do trabalho; avaliação psicológica
nos contextos de saúde e hospitalar; avaliação psicológica no contexto forense; avaliação psicológica para
procedimentos cirúrgicos etc.
Definir o conceito de psicodiagnóstico desprendendo-o da obrigatoriedade da testagem é, digamos, um
posicionamento mais democrático que respeita a diversidade de posicionamentos dos(as) psicólogos(as)
que atuam na clínica. Devemos observar que as teorias psicológicas que fundamentam a prática clínica
possuem metodologias diferentes. Ainda, respeitar a prerrogativa dos profissionais em decidir quais os
métodos, técnicas e instrumentos serão empregados no escopo da avaliação psicológica, desde que
observem as orientações do Conselho Federal de Psicologia e tenham embasamento científico.
Muitas psicólogas e psicólogos argumentam que testar rotula as pessoas e são contrários a essa prática.
Mas o problema não está no instrumento, e sim no uso que fazemos dele. Um bisturi nas mãos de um
cirurgião competente salva uma vida e, nas mãos de um delinquente, mata. Uma psicóloga e um psicólogo
devidamente treinados, atualizados, éticos e críticos conseguirão enquadrar o teste psicológico,
contextualizando o mesmo aos objetivos da avaliação.
Lembre-se sempre de que testar não é sinônimo de avaliar. Não devemos
supervalorizar a medida em Psicologia, mas caracterizar o seu lugar em nossas
práticas.
Decorrente dessas reflexões, o ponto então é buscarmos compreender a utilidade da testagem no
psicodiagnóstico e quando empregá-la, pois não avaliamos ou testamos alguém por conveniência, mas por
necessidade e com um proposito predefinido a partir de um embasamento científico.
A testagem no contexto do psicodiagnóstico
O que é um teste psicológico?
Resposta
Um teste psicológico tem por objetivo identificar, descrever, qualificar e mensurar características
psicológicas por meio de procedimentos sistemáticos de observação e descrição do comportamento
humano, nas suas diversas formas de expressão, acordados pela comunidade científica. (RESOLUÇÃO CFP
009/2018)
Os construtos que tipicamente e majoritariamente vamos encontrar nos testes projetivos/expressivos são
de personalidade, processos afetivos/emocionais e, também, alguns indicadores úteis no campo da saúde
mental e psicopatologia. Nesse aspecto, a escolha dos instrumentos adequados à demanda que se
apresenta é essencial.
Testagem psicológica e avaliação psicológica, como se constata pelas definições apresentadas, não são
sinônimos. O teste psicológico é um dos recursos possíveis de serem empregados em um processo de
avaliação psicológica, que tem como fontes fundamentais de informação a entrevista, a observação e a
testagem. Observa-se, necessariamente, que esses métodos estejam respaldados pela literatura científica
da área.
Embora não seja obrigatório, o teste psicológico é um recurso relevante que, somado às entrevistas e
observações, potencializa a compreensão da demanda que estivermos avaliando e os possíveis
encaminhamentos decorrentes do processo.
Mesclar diversas técnicas nos ajuda a contornar as fragilidades que cada uma delas apresenta
isoladamente. Por exemplo: observações são úteis, pois nos permitem avaliar aquilo que a pessoa faz,
como ela interage e comporta-se, mas podem ser difíceis de interpretar e não serão representativas de
todos os comportamentos de uma pessoa, já que apenas observamos dentro do espaço do consultório, e
não em tempo real em suas atividades diárias e como ela se relaciona com outras pessoas em diferentes
contextos sociais.
Existe também o risco da tendenciosidade do observador e reatividade da pessoa observada. As entrevistas
podem propiciar uma sondagem profunda da pessoa. Sem dúvida, a entrevista é a principal técnica
psicológica no contexto clínico, mas existe sempre o risco da tendenciosidade do entrevistador, reatividade
e subterfúgios, conscientes e não conscientes do respondente que consomem muito tempo.
Os testes psicológicos são protocolos científicos com evidências de validade e
confiabilidade, mas exigem muito treinamento e cuidados com o uso por parte
do(a) psicólogo(a) na interpretação, codificação e/ou análise dos resultados.
Trabalharcom múltiplas técnicas facilita o processo de avaliação e potencializa os achados decorrente
deste.
Temos nos testes psicológicos protocolos que apresentam evidências de validade e confiabilidade, e isso,
indiscutivelmente, resulta em mais segurança no processo de avaliação. Imagine que estamos fazendo uma
entrevista clínica, uma anamnese, e constatamos em nosso cliente (paciente) certos lapsos de memória
e/ou alterações de outros processos cognitivos, tais como atenção, ou estes são verbalizados pelo cliente
(paciente).
Nesses casos, seguramente, os testes objetivos podem trazer uma compreensão mais aprimorada dos
prejuízos funcionais que estamos observando ou que estejam sendo verbalizados pelo cliente (paciente).
Já os testes projetivos podem auxiliar em outras frentes, pois, muitas vezes, o
cliente (paciente) desconhece aspectos ao seu próprio respeito, ou tem
dificuldades de verbalizar sobre suas características, estados afetivos etc.
Em outros casos, existem incongruências entre o aparente modo de ser dessa pessoa e como ela acredita
ser e/ou materializa essas incongruências em seu discurso, comumente sem se dar conta disso.
Indicadores de estados psicopatológicos também podem ser observados nas técnicas projetivas, quando
esse tipo de investigação se fizer necessária pela via da testagem.
Quando estamos fazendo um processo de psicodiagnóstico, buscamos avaliar a pessoa para conhecer o
seu funcionamento, avaliar as suas características, estabelecer uma hipótese diagnóstica, e não
necessariamente buscar por um processo psicopatológico, mas conhecer as forças e fragilidades dessa
pessoa e como ela as emprega para se adaptar às suas demandas de vida.
Diferenças entre psicodiagnóstico e diagnóstico
Como vimos, o conceito de psicodiagnóstico se expressa em uma avaliação psicológica no contexto clínico,
ou seja, na avaliação buscamos conhecer, e no diagnóstico “em si”, já conhecemos.
Ao concluirmos o processo de psicodiagnóstico, podemos dizer que compreendemos o funcionamento da
pessoa, conhecemos suas características, como ela usa suas forças e como suas fragilidades impactam o
seu atual momento de vida, podendo esses achados apontarem ou não para estados psicopatológicos. Na
Psicologia, o diagnóstico clínico (psicopatológico ou não) é obtido por meio do processo psicodiagnóstico.
São esses achados que nos permitem intervir com mais objetividade nessas
dinâmicas e/ou fazer encaminhamentos necessários, como, por exemplo, para uma
avaliação médica ou para uma psicoterapia.
Como assim? Encaminhar para uma psicoterapia? Mas, o(a) psicólogo(a) que faz o psicodiagnóstico não
vai se engajar em um atendimento clínico dessa pessoa? Essas são perguntas que normalmente escutamos
dos alunos, mas a resposta é que, eventualmente, alguns profissionais atuam no processo de avaliação e
encaminham para outros colegas conduzirem o processo clínico. Outras vezes, o mesmo profissional faz o
psicodiagnóstico e prossegue com os atendimentos psicoterapêuticos. Nos achados que nos remetam aos
estados psicopatológicos (doenças), nesse caso, uma avaliação médica se faz necessária.
Atenção!
O diagnóstico deve ser sempre contextualizado, restrito a um atual momento da vida, com enquadramentos
específicos, pois é impossível compreender todas as nuances de uma pessoa, estabelecer como uma
diversidade de variáveis pode impactar sua existência, modo de agir e pensar ao longo de sua vida. O
psicodiagnóstico, assim, é um processo dinâmico, fluido e seus achados podem ser revisitados e alterados
no decorrer da intervenção clínica ou precisar ser refeito quando transcorrido muito tempo.
Observe que, nesse processo, buscamos evidências por meio das entrevistas e das observações das
características funcionais de uma pessoa. Lembre-se da complexidade que é o ser humano. Os testes
psicológicos possuem uma sistemática que nos permite compreender muitas dessas características
complexas com mais extensão, em alguns casos, corroborando os achados decorrentes da entrevista e da
observação, nos dando mais convicção sobre essas impressões, sobre as hipóteses que levantamos no
início do processo de psicodiagnóstico e, muitas outras vezes, ampliando nossa compreensão das
características funcionais da pessoa avaliada.
Considerando que o psicodiagnóstico é um processo com início, meio e fim, eventualmente os testes
psicológicos podem encurtar o processo, por suas características padronizadas, e consomem
eventualmente menos tempo que outras técnicas psicológicas, como a entrevista. Isso não significa dizer
que devemos ter pressa em fazer uma avaliação, mas sempre que possível devemos engajar esforços para
conduzirmos um processo de avaliação com mais eficiência para que os encaminhamentos e intervenções
decorrentes desse processo possam ser iniciados.
Todos esses aspectos apresentados se traduzem em benefícios para a pessoa avaliada.
Quando efetivamente não devemos usar o teste psicológico? A resposta é simples: quando não tivermos
treinamento para usar o recurso, não conhecermos as teorias que o embasam e não conhecermos suas
propriedades psicométricas.
Diferenças entre psicodiagnóstico e diagnóstico
Neste vídeo, o especialista reflete sobre as principais diferenças entre psicodiagnóstico e diagnóstico,
destacando as particularidades do psicodiagnóstico e o uso dos testes.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
“Uma ciência e uma profissão”. A psicologia compreendida dessa maneira deve ser crítica, reflexiva, e,
dessa forma, se posicionar contrária a qualquer atitude por parte dos profissionais psicólogos que não
seja conduzida pelo método científico nas suas diversas formas de estruturação. Aponte, dentre as
alternativas, aquela que contém evidências do método científico no processo do psicodiagnóstico.
A
O uso de estratégias que anteriormente deram certo em atividades profissionais do
psicólogo e este constatou sua eficácia em diversos casos.
B O uso obrigatório da testagem psicológica no momento do psicodiagnóstico.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Define-se o método científico como procedimentos sistemáticos e estruturados com embasamento da
literatura científica. O uso de testes psicológicos com evidências de validade e confiabilidade é a
expressão do conceito de ciência aplicada na Psicologia, mas os testes não são obrigatórios. Não
podemos atuar por tentativa/erro ou pautados em estratégias que constatamos terem dado certo em
algumas circunstâncias sem que estas tragam embasamento explícito da literatura científica da área.
Questão 2
O psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica realizada no contexto clínico. Os objetivos do
psicodiagnóstico ficam evidenciados
C
Trabalhar com múltiplas técnicas, tais como protocolos de observação, entrevistas e,
necessariamente, com a testagem psicológica.
D
Procedimentos sistemáticos de investigação e descrição do comportamento por meio
da testagem.
E
Seguir as orientações do Conselho Federal de Psicologia, observando o SATEPSI na
etapa obrigatória da testagem psicológica.
A
nos achados acerca da funcionalidade da pessoa e suas características de
adaptabilidade.
B nos resultados obtidos da testagem psicológica.
C quando identificamos estados psicopatológicos.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Não existe a obrigatoriedade da testagem psicológica no processo do psicodiagnóstico que expressa a
avaliação psicológica em contexto clínico. Nos orientamos, em essência, na compressão do modo de
funcionamento da pessoa e não objetivamos apenas diagnosticar processos psicopatológicos.
4 - Considerações sobre as técnicas projetivas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os testes projetivos e expressivos e as
dimensões da personalidade.
D
nos achados decorrentes da testagem psicológica quando estes apontam para
processos psicopatológicos.
E quando chegamos no diagnóstico psicológico em diversos campos de atuação.

O levantamentode informações, o comportamento e os
testes
Os testes projetivos e expressivos não são empregados apenas no psicodiagnóstico, ou seja, em contexto
clínico. Vamos encontrar o emprego dessas técnicas associadas aos testes objetivos em diversos campos
de atuação do psicólogo e da psicóloga. O ponto de partida é saber: qual é o objetivo dessa avaliação?
Quais construtos são relevantes para serem investigados? O emprego do teste se faz necessário? Quais
testes, em função do seu embasamento teórico e operacionalização, podem ser úteis?
Como vimos, a avaliação psicológica é um requisito obrigatório na obtenção da
carteira nacional de habilitação para conduzir veículos automotores terrestres e
para atestar a aptidão psicológica no manuseio de arma de fogo, no processo, por
exemplo, da obtenção do porte de armas.
Nesses casos, bem como em avaliações periciais/forenses, avaliações psicossociais para cargos e/ou
tarefas em espaços confinados e/ou de altura, na avaliação para procedimentos cirúrgicos (bariátrica e
readequação de genitália), tipicamente, vamos observar o emprego do teste psicológico. Isso vai ocorrer
devido à natureza da investigação e da exigência dos construtos que devem ser investigados. Em alguns
desses casos, por força de normas regulamentadoras, a aplicação dos testes será obrigatória.
Basicamente, existem duas formas de fazer levantamento de informações pela via da testagem:
1. Uma é direta, objetiva, característica dos inventários, questionários, escalas, ou seja, os testes
classificados como psicométricos ou objetivos.
2. A outra, indireta, característica das técnicas projetivas e expressivas.
Existem certas discussões na literatura dos conceitos de projeção, expressão e outros tópicos e construtos
relacionados a essas palavras, com certas variações conceituais, que embora sejam importantes,
eventualmente podem levar mais à confusão do que o entendimento do leitor.
Outro aspecto são as perspectivas teóricas e, não raro, esses conceitos são compreendidos erroneamente,
como se ficassem restritos apenas às leituras psicanalíticas. Sem dúvida, Freud e outros autores da
psicanálise contribuíram para a compreensão da personalidade humana, mas esses conceitos não ficam
restritos a essa perspectiva teórica.
Um comportamento pode ser adaptativo, instrumental, projetivo e expressivo. Veja mais sobre eles a
seguir.
É emitido em função da situação ambiental, por exemplo, a tarefa de um teste. Esse comportamento
será avaliado em função das expectativas de como a resposta deveria ser dada, considerando
aspectos culturais, sexo, período do desenvolvimento (idade) e, pode ser efetivado pela pessoa
avaliada, por exemplo, de forma convencional, original ou fantasiosa. Observamos também padrões
adaptativos frente às tarefas dos testes em relação à atitude, por exemplo, interesse, oposição,
cooperação etc.
É avaliado pela expressão não consciente de nossas necessidades, quando atribuímos qualidades
aos objetos e às situações, por exemplo, em tarefas que se apresentem por meio de estímulos
ambíguos ou pouco estruturados, como manchas de tintas.
Será analisado de forma gráfica, pelos padrões de movimento, o ritmo, os gestos, pois são
expressões da nossa fisiologia motora que remetem às características de nossa personalidade.
É consciente, intencional, determinado pela situação objetivando ajustamento (ESTEVES; ALVES In:
HUTZ; BANDEIRA; TRENTINE, 2018).
Comportamento adaptativo 
Comportamento de projeção 
Comportamento expressivo 
Comportamento instrumental 
Assim, métodos projetivos e expressivos nos permitem avaliar o funcionamento e dinâmica da
personalidade a partir de diferentes tarefas ou procedimentos.
Características básicas de instrumentos expressivos
A seguir, apresentaremos as principais características de alguns dos testes expressivos mais usados no
Brasil. Lembrando que o objetivo aqui é promover uma introdução e familiarização inicial em relação a
alguns dos instrumentos expressivos em Psicologia.
PMK – Psicodiagnóstico miocinético
Autores: Alice Madeleine Galland de Mira; Bartholomeu Tôrres Tróccoli
Eduardo José Legal; Jamir João Sardá Junior; Luiz Pasquali e Roberto Moraes Cruz
Editora: Vetor
Construto: crenças/valores/atitudes, personalidade
Público-alvo: de 18 a 70 anos
Idade da amostra de normatização: de 18 até 66 anos
Aplicação: individual
Correção: informatizado/não informatizado
Fonte: SATEPSI (1998)
O teste PMK é empregado com mais frequência em avaliações psicossociais, seleção de pessoal,
avaliações periciais. É pouco empregado na clínica. Avalia-se por esse recurso: tônus vital: elação ou
depressão; agressividade, heteroagressividade ou autoagressividade; reação vivencial, extratensão ou
intratensão; emotividade, escassa ou hiperemotividade; dimensão tensional, excitabilidade ou inibição;
predomínio tensional, impulsividade ou rigidez.
O teste palográ�co na avaliação da personalidade
Autores: Cristiano Esteves; Irai Cristina Boccato Alves
Editora: Vetor
Construto: personalidade
Público-alvo: adolescentes e adultos
Idade da amostra de normatização: de 16 até 60 anos
Aplicação: individual/coletivo/não informatizado
Correção: informatizado/não informatizado
Fonte: SATEPSI (1998)
O teste palográfico é amplamente utilizado em vários contextos: clínica, trânsito, organizacional, porte de
arma e diversos outros. Avalia-se por esse recurso: produtividade; estabilidade e ritmo; rendimento no
trabalho; relacionamento interpessoal; autoestima; autoconfiança; capacidade de organização; estabilidade
e adaptação ao meio; flutuações do ânimo e do humor; rigidez; espontaneidade; energia; agressividade;
vitalidade e segurança; tendência à depressão; emotividade e impulsividade.
As pirâmides coloridas de P�ster
Autores: Anna Elisa de Villemor-Amaral
Editora: Hogrefe CETEPP Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia
Construto: personalidade
Público-alvo: de 18 a 66 anos
Aplicação: individual/não informatizado
Correção: não informatizado
Fonte: SATEPSI (1998)
Trata-se de uma técnica projetiva de preferência, em que a pessoa seleciona os estímulos e os organiza
como mais a agrada. Esse recurso também é disponibilizado em uma versão para crianças e adolescentes
de 6 até 14 anos de idade. A tarefa consiste em montar uma pirâmide a partir de quadrículos coloridos. É
um recurso utilizado em diferentes contextos para investigar aspectos projetivos da personalidade, a
dinâmica afetiva e como a personalidade se estrutura. Também apresenta alguns indicadores do
desenvolvimento cognitivo.
Teste de apercepção temática (TAT)
Autores: Henry A. Murray; Maria Cecilia Vilhena M. Silva
Editora: CASAPSI Livraria e Editora Ltda.
Construto: personalidade
Público-alvo: de 14 a 40 anos
Idade da amostra de normatização: os escores desse instrumento são interpretados com referência a um
critério teórico (e não com referência à norma)
Aplicação: individual/não informatizado
Correção: não informatizado
Fonte: SATEPSI (1998)
Trata-se de uma técnica projetiva que apresenta uma série de pranchas que representam situações
humanas clássicas. Investigam-se expressões das necessidades psicológicas básicas conforme estas são
materializadas na personalidade. Para cada prancha uma história deverá ser contada pela pessoa avaliada.
São investigadas a forma como nos relacionamos com figuras de autoridade, relações familiares, alguns
estados emocionais/afetivos, indicadores psicopatológicos, controle de impulso, agressividade,
sentimentos acerca das próprias capacidades, atitudes frente à figura paterna e materna, fantasias, desejos,
dentre outras possibilidades. É um recurso que pode ser empregado em qualquer investigação sobre
personalidade. O seu uso é mais observado em contextos clínicos e de saúde mental.
Teste de apercepção infantil
Esse teste é dividido em dois tipos:
I- Figuras de animais (CAT-A)
Autores: Adele de Miguel; Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo; Maria Cecília de Vilhena Moraes; SilésiaMaria Veneroso Delphino Tosi
Editora: Vetor
Construto: personalidade
Público-alvo: de 5 até 10 anos
Aplicação: individual/não informatizado
Correção: não informatizado
Fonte: SATEPSI (1998)
II- Figuras humanas (CAT-H)
Autores: Adele de Miguel; Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo; Leopold Bellak; Maria Cecília de Vilhena
Moraes; Marvin S. Hurvich; Silésia Maria Veneroso Delphino Tosi
Editora: Vetor
Construto: personalidade
Público-alvo: de 7 a 12 anos
Idade da amostra de normatização: 7 anos a 12 anos e 11 meses
Aplicação: individual/não informatizado
Correção: não informatizado
Fonte: SATEPSI (1998)
O teste de apercepção infantil é um recurso empregado predominantemente no contexto clínico, mas
também vamos encontrar o seu uso em situações periciais/forenses, como, por exemplo, com crianças
vítimas de violência. Em linhas gerais, podemos dizer que é uma técnica projetiva temática bastante
relevante em qualquer circunstância em que seja necessário o diagnóstico psicológico de crianças cujo
mundo vivencial, estrutura afetiva, bem como sua dinâmica e as reações que apresenta diante dos
problemas que enfrenta, precisem ser investigados. Assim como no TAT, trata-se de uma técnica de contar
histórias frente a estímulos estruturados (temáticos) com figuras de animais ou humanas, respectivamente,
CAT-A e CAT-H.
HTP
Autores: Iraí Cristina Boccato Alves; Renato Cury Tardivo
Editora: Vetor
Construto: personalidade
Público-alvo: a partir de 8 anos
Aplicação: individual/não informatizado
Correção: não informatizado
Fonte: SATEPSI (1998)
A técnica projetiva de desenho casa-árvore-pessoa trata-se essencialmente de um instrumento empregado
na clínica. Mas, assim como os testes CAT-A e CAT-H, podemos observar esse recurso sendo empregado
em avaliações periciais/forenses. O teste HTP fornece informações de como a pessoa experiencia sua
individualidade em relação às outras pessoas, ao ambiente e ao lar.
Rorschach – (R-PAS)
Autores: Danilo Rodrigues Silva; Fabiano Koich Miguel
Editora: Hogrefe CETEPP Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia
Construto: personalidade
Público-alvo: adultos
Idade da amostra de normatização: de 17 até 69 anos
Aplicação: individual/não informatizado
Correção: informatizado/não informatizado
Fonte: SATEPSI (1998)
A técnica projetiva de Rorschach é de grande relevância na investigação da personalidade e pode ser
aplicada em vários contextos, mas observa-se uma predominância de uso na clínica e no contexto
pericial/forense.
Existem alguns modelos empregados na codificação das respostas da pessoa avaliada, quando ela diz o
que lhe parecem as manchas de tintas, por exemplo: sistema Klopfer; sistema compreensivo; sistema de
avaliação por performance (R-PAS) e o sistema da Escola de Paris.
Atenção!
É bastante ampla a gama de construtos que podem ser investigados da personalidade por meio dessa
técnica e, vai depender do sistema de codificação empregado, mas, no geral: representação de si no mundo;
o enfrentamento de situações traumáticas; dinamismo e convivência interpessoal; relacionamento com
figuras de autoridade; integridade psicofísica; a gestão da sexualidade; relação de intimidade interpessoal;
afetividade; inteligência emocional; humor; temperamento; inteligência prática.
Existe uma variação da técnica de Rorschach, que se chama Z-Teste – Técnica de Zulliger, dos autores
Cicero Emídio Vaz e João Carlos Alchieri. O Z-teste possui um formato de aplicação coletiva, que é
empregada no âmbito organizacional em seleção de pessoal e, também, para atestar a aptidão psicológica
no manuseio de arma de fogo, no processo, por exemplo, da obtenção do porte de armas.
Os diferentes testes projetivos e expressivos no Brasil

Neste vídeo, o especialista apresenta e compara os diferentes testes projetivos e expressivos no Brasil
aprovados pelo SATEPSI.
Testes objetivos e projetivos
Existem vantagens e desvantagens no emprego das técnicas objetivas e projetivas. O ideal é empregarmos
diferentes recursos e buscarmos correlacionar os dados que são levantados em um processo de avaliação
por meio da entrevista, da observação, dos testes projetivos, expressivos e objetivos. Ao trabalharmos com
múltiplas técnicas e métodos, maximizamos as possibilidades de inferências e isso nos permite fazer
encaminhamentos mais eficazes.
Os testes objetivos são práticos de serem aplicados e capturam com objetividade aspectos do
comportamento que se quer investigar, mas existe sempre a questão da tendenciosidade de respostas, ou
seja, da desejabilidade social que, pela objetividade do teste, o respondente pode tentar deduzir que tipo de
resposta seria mais aceitável em determinados contextos, por exemplo, em seleção de pessoal, em
avaliações periciais/forenses etc. Isso provoca respostas tendenciosas, ainda que o psicólogo explique que
não existem respostas certas ou erradas.
Outro aspecto é que, eventualmente, a pessoa não possui um autoconhecimento e isso também pode
contaminar as respostas colhidas por inventários de personalidade. A pessoa acaba respondendo sem
saber exatamente se essa resposta seria a melhor forma de se descrever na tarefa solicitada.
Já as técnicas projetivas/expressivas vão captar até mesmo aspectos que eventualmente a pessoa não
esteja apta a revelar ou desconheça sobre si mesma, mas são técnicas que exigem maior preparo e
dedicação por parte dos psicólogos e das psicólogas para aplicação e análise dos resultados. Além disso,
demandam mais tempo para aplicação e, especialmente, para interpretação dos resultados.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Uma criança, de 7 anos, verbaliza aos pais que não deseja ir mais à escola e fica paralisada na porta da
instituição quando os pais insistem em levá-la. A criança não consegue verbalizar os motivos e é pouco
respondente às indagações do psicólogo que entrou no caso. Um detalhe relevante é que essa criança
gostava muito de desenhar, de contar histórias sobre esses desenhos. Quais técnicas listadas abaixo
podem auxiliar o psicólogo nessa investigação?
A PMK e palográfico
B As pirâmides coloridas de Pfister e o PMK
C CAT-A e CAT-H
D HTP e TAT
E Rorschach
Parabéns! A alternativa C está correta.
O teste de apercepção infantil é ideal para, de uma forma lúdica, investigarmos aspectos vivenciais da
criança, casos de violência e formas de enfrentamento dos problemas e da estrutura afetiva. O CAT-A e
CAT-H são exemplos de testes de apercepção infantil.
Questão 2
As técnicas psicológicas possuem vantagens e desvantagens. Considerando os testes objetivos,
projetivos e expressivos, quais dessas técnicas são melhores para mitigar (diminuir) os efeitos da
desejabilidade social decorrente, por exemplo, de uma avaliação no contexto organizacional para
seleção de pessoal e que se adeque à necessidade de uma aplicação coletiva?
Parabéns! A alternativa C está correta.
Os testes palográfico e a técnica de Zulliger são instrumentos com aplicação coletiva que atendem às
demandas de uma avaliação no contexto organizacional para seleção de pessoal. Eles diminuem a
probabilidade de respostas tendenciosas, já que fica impossível que o avaliado possa inferir que tipo de
A HTP e CAT-H
B Palográfico e Rorschach
C Palográfico e Z-Teste – Técnica de Zulliger
D Rorschach e as pirâmides coloridas de Pfister
E HTP e CAT-A
resposta seria considerada como ideal pelo avaliador. Considerando essas técnicas, o palográfico é
mais empregado.

Considerações �nais
O uso de testes psicológicos é restrito aos psicólogos e às psicólogas. Precisamos apenas destacar como
os construtos, avaliados por técnicas projetivas e expressivas, são definidos e operacionalizados por meio
da testagem. Da mesma forma que no senso comum, você pode inferir a passagem do tempo se olhando
no espelho ou o aprendizado de uma criança observando o que ela faz. Por meio das técnicas projetivas e
expressivas, de um jeito maisestruturado, científico e sistemático, vamos inferir as características de
personalidade de uma pessoa, observando, por exemplo, expressões gráficas ou como características de
personalidade são projetadas e verbalizadas em função de um estímulo, como um borrão de tinta, uma
figura onde se conta uma história ou em tarefas de preferência.
Assim, conseguimos uma mensuração da personalidade, entendendo que o uso de diferentes instrumentos
sempre nos permite uma avaliação mais completa e precisa dos construtos avaliados.
Podcast
Neste podcast, o especialista apresenta a importância, os fundamentos e as diferenças das diversas
técnicas projetivas e expressivas, comparando os diferentes testes de personalidade existentes.

Referências
BAPTISTA, M. N. et al. (Org.). Compêndio de Avaliação Psicológica. Petrópolis: Vozes, 2019.
BUENO, J. M. H.; PEIXOTO, E. M. Avaliação Psicológica no Brasil e no Mundo. Psicologia: Ciência e
Profissão [on-line], 2018, v. 38. Consultado na internet em: 6 jun. 2022.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 009. Brasília: XVII Plenário CFP (Gestão 2017/2019),
2018.
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Visite os sites das editoras que comercializam os testes psicológicos apresentados para você: Vetor
Editora; Hogrefe e Pearson Clinical. Veja a agenda de eventos e cursos dessas editoras, pois alguns
podem interessar. Lembre-se, sempre, de que, para usarmos os testes psicológicos, existe a exigência de
uma formação específica.
Pesquise na Internet e leia o artigo Medida psicológica: o debate entre as perspectivas conceituais
representacionista e realista. Veja como Nelson Hauck Filho aborda premissas fundamentais da teoria da
medida aplicada à Psicologia.
Visite o site do Sistema de Avaliações de Testes Psicológicos (SATEPSI). Explore as opções de navegação,
em especial, a aba de Ações.
Leia o anexo I da Resolução CFP nº 009/2018, identifique os conceitos que foram desenvolvidos neste
material, pesquise os que não foram desenvolvidos e correlacione com o conteúdo abordado.
Leia o artigo Diretrizes para a Construção de Testes Psicológicos: a Resolução CFP n° 009/2018 em
Destaque, de Josemberg Moura de Andrade e Felipe Valentini, para conhecer mais sobre as diretrizes que
validam os testes psicológicos. Essas informações são muito importantes para os psicólogos
referendarem as suas recomendações de testes e uso do sistema de avaliação de testes. Saiba mais
sobre as evidências de precisão/fidedignidade, evidências de validade e, por fim, sistema de correção e
interpretação dos escores.

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