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A NEUROPSICOPEDAGOGIA E OS PROCESSOS COGNITIVOS Profª.: Larissa de Lourdes Domingos da Silva HISTÓRIA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA ➢ Atualmente, entender o desenvolvimento cerebral, é essencial. Entretanto, a área educacional começou a se preocupar com essa questão recentemente, pois houve uma época em que se buscava a aprendizagem e o desenvolvimento em um mesmo ritmo. ➢ No Brasil, as discussões sobre Neuropsicopedagogia começam a ganhar espaço na cidade de Joinville, Santa Catarina, no ano de 2008. OBJETO DE ESTUDO DA NEUROPSICOPEDAGOGIA Conforme o Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia, no capítulo II, artigo 10, encontramos a seguinte definição dessa ciência: A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional. (SBNPP, 2016, p. 3) A neuropsicopedagogia faz as inter-relações com as neurociências, a psicologia cognitiva e pedagogia. Essa inter-relação possui três aspectos principais: ➢ O primeiro refere-se ao plano educativo: cujo intuito é contribuir com a instrução, buscando formas diferenciadas de aprender, de interagir e de construir conhecimento. ➢ O segundo aspecto é voltado a uma visão psicológica do indivíduo: busca compreender como os fatores emocionais influenciam na aprendizagem, considerando a afetividade e a motivação como essenciais para que o desenvolvimento cognitivo. ➢ Já o terceiro aspecto seria a influência das neurociências: estudo das estruturas cerebrais a fim de compreender como funciona o cérebro no que diz respeito ao processo de aprendizagem. A neurociência tem apresentado diariamente novas descobertas que não era possível saber antes. Hoje, talvez, a mais importante descoberta da ciência que estuda o cérebro seja a questão da plasticidade cerebral, ou seja, no passado, acreditava-se que quem não aprendia, ponto final. Seu cérebro não dava conta e nunca poderia dar conta da aprendizagem, e, dessa forma, cabia ao indivíduo desaparecer dos meios acadêmicos e sociais. Era uma exclusão fundamentada até mesmo pela ciência. (ALMEIDA,2012, p.44). INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS - GARDNER • CINESTÉSICA-CORPORAL: capacidade de utilizar o corpo para se expressar ou em atividades artísticas e esportivas. • ESPACIAL: habilidade na interpretação e no reconhecimento de fenômenos que envolvem movimentos e posicionamento de objetos. • INTERPESSOAL: facilidade em estabelecer relacionamentos com outras pessoas. • INTRAPESSOAL: pessoas com essa inteligência possuem a capacidade de se autoconhecer. • LINGUÍSTICA: capacidade elevada de utilizar a língua para comunicação e expressão. • LÓGICO-MATEMÁTICA: voltada para conclusões baseadas em dados numéricos e na razão. • MUSICAL: inteligência voltada para a interpretação e produção de sons com a utilização de instrumentos musicais. • NATURALISTA: inteligência voltada para a análise e compreensão dos fenômenos da natureza. ANATOMIA CEREBRAL: A NEUROCIÊNCIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO LOBO FRONTAL – responsável pelas atividades motoras, pelo pensamento, pela escrita, linguagem articulada e fala. LOBO PARIETAL – encarregado das sensações externas da pele de maneira ordenada. LOBO OCCIPITAL – responsável pelo processamento e pela percepção visual. LOBO TEMPORAL – responde pela memória, audição, pelos sons e pela compreensão da linguagem. PROCESSOS COGNITIVOS E SUAS IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM O processo cognitivo é o que nos torna humanos. Nesse processo, muitas questões estão envolvidas, como os aspectos emocionais, comportamentais e motivacionais. É importante considerar ainda que a aprendizagem, por mais que ocorra por interações e socialização, é um processo individual. Para efetivação do processo de aprendizagem, é necessário o desenvolvimento de algumas funções cognitivas que desempenham importante papel, sendo as principais: PERCEPÇÃO – está relacionada aos estímulos que vêm dos sentidos (visão, audição, tato, paladar) e que, juntos, organizam as informações de mundo. ATENÇÃO – é ela que nos leva à concentração e ao processamento das informações. Elemento essencial, a atenção é uma função cognitiva fundamental nas situações cotidianas. MEMÓRIA – é a função cognitiva que nos permite armazenar informações. FATORES QUE INTEREFEREM NA APRENDIZAGEM É importante destacar que, para cada situação evidenciada pelo sujeito, haverá um planejamento e uma intervenção específica que levará em consideração como o indivíduo aprende, e não o questionamento de por que ele não aprende. Sabe-se que a aprendizagem é influenciada por funções cognitivas (como a memória, a atenção, a concentração), condições internas do indivíduo (como seus interesses, motivações, estímulos internos) e externas, que afetam a mente e o cérebro humano. DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM X TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM A dificuldade de aprendizagem diz respeito a uma defasagem genérica e pode ter origem em diversos fatores, como: ▪ cultural, ▪ socioeconômica, ▪ familiar, ▪ cognitiva, ▪ emocional, etc. Os transtornos de aprendizagem “envolvem uma incapacidade de adquirir, reter ou usar habilidades ou informações gerais, o que resulta de dificuldades com a atenção, com a memória ou com o raciocínio e afeta o desempenho acadêmico.” O processo de aprendizagem, sofre grande impacto. As causas dos distúrbios de aprendizagem podem ter origem genética e nas condições médicas, como o fraco crescimento no útero, exposição ao álcool ou drogas durante a gestação e lesões na cabeça. PRINCIPAIS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM TDAH - O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado pela dificuldade de concentração em sala de aula e de fazer tarefas e trabalhos escolares, a criança exibe mudanças comportamentais. A criança com TDAH parece ser irredutível porque tem dificuldade para seguir instruções e se acalmar enquanto esperava a sua vez em brincadeiras e atividades em aula. Ela também tende a cometer diversos erros em provas por desatenção, resultando em notas baixas e possíveis conflitos com os pais. DISLEXIA: caracterizada, sobretudo, pela dificuldade em ler e escrever. A criança disléxica se atrapalha com as palavras, troca letras de lugar, se confunde com os sons e não consegue reproduzir o que escuta na escrita. Porém, ela pode se sair muito bem nas disciplinas de cálculo ou de artes. DISGRAFIA: Esse transtorno pode ser identificado através de uma caligrafia ilegível e da escrita errada de palavras. Existem dois tipos de disgrafia: a motora e a perceptiva. A DISGRAFIA MOTORA se caracteriza pela dificuldade motora no momento de escrever letras ou números. Já a DISGRAFIA PERCEPTIVA refere-se a dificuldade de assimilação de letras, palavras, frases e números com os seus devidos sons. DISCALCULIA: dificulta a aprendizagem da matemática. A criança com esse transtorno não consegue compreender o raciocínio por trás das operações matemáticas. No geral, a criança com discalculia não consegue fazer operações matemáticas, se lembrar de fatos numéricos comuns (como 2+2=4), compreender a função do zero no alfabeto numérico e ler as horas. Já adolescentes não conseguem medir ingredientes em uma receita, interpretar informações de gráficos e tabelas (essencial para realizar provas de vestibular) ou calcular o troco (essencial para a vida adulta). HABILIDADES E LIMITAÇÕES DA CRIANÇA Toda criança aprende de maneira diferente: algumas têm mais facilidade ao executar as tarefas, outras precisam de mais estímulopara realização de uma mesma tarefa. Cada uma possui o seu ritmo de aprendizagem. Os estímulos que a criança recebe na infância são fundamentais para o desenvolvimento mental. É importante saber que todos têm potencialidades a serem desenvolvidas e condições de aprender. É necessário, assim, buscar estratégias mais adequadas a cada situação de aprendizagem. Algumas crianças precisam de muito mais estímulo, atividades diversificadas e tempo diferenciado que outras. O fundamental é o respeito com o desenvolvimento individual e o ritmo de aprendizado de cada um. O PROFISSIONAL DE NEROPSICOPEDAGOGIA Deve estar muito claro ao profissional que Toda criança pode aprender a ler e a escrever, mas não em qualquer situação. Mas está claro, também, que não é em qualquer situação para todas as crianças. As condições para que ocorra aprendizagem vão variar de acordo com seu período de formação, pois todo processo de aprendizagem deve estar articulado com a história de cada indivíduo. (LIMA, 2002, p. 15) O Código de Ética (SBNPP, 2016) ressalta que o profissional não deve fazer nenhum tipo de discriminação ou demonstrar preconceito com relação a gênero, raça, etnia, nacionalidade, opção sexual, classe social, deficiência e sequelas de qualquer natureza e sua prática precisa estar de acordo com os preceitos e valores da legislação nacional da educação, do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, além da Constituição Federal. Segundo Beauclair (2014), são responsabilidades do neuropsicopedagogo: ➢ realizar intervenção no desenvolvimento do sujeito que aprende, nas áreas psíquica, neuropsicomotora, linguagem e cognição; ➢ ser competente em todas as facetas da neuropsicopedagogia: conceitual, teórica e prática, nas diferentes questões educacionais presentes nas escolas; ➢ buscar constantemente novos procedimentos educacionais e novas alternativas para as práxis profissionais; e ➢ trabalhar com conhecimento amplo sobre a educação inclusiva. POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO NEUROPSICOPEDAGOGIA CLÍNICA ➢ Atua em espaços como consultórios e postos de saúde. ➢ O atendimento ocorre de maneira individualizada. NEUROPSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL ➢ Atua em instituições de ensino, sejam elas de educação básica até o nível superior; ➢ Atende a um grupo de sujeitos. REFERÊNCIAS Chupil, Priscila, et al.. A neuropsicopedagogia e o processo de aprendizagem - 1. ed. Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2018. COSENZA, M. R.; GUERRA, B. L. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre:Artmed, 1995. SBNPP – Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia. Resolução SBNPp n. 04/2020. SBNPP, Joinville, 2020.
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