Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CADERNO DE QUESTÕES – DIREITO DE FAMÍLIA ALIMENTOS 1. Em processo de divórcio litigioso, Paulo foi condenado por sentença a pagar alimentos a seu filho João, que tem 19 anos. Paulo interpôs Apelação ao Tribunal, alegando que João não tem necessidade, pois não é deficiente e por isso pode trabalhar. O Tribunal ainda não julgou o recurso. Paulo pagou durante 6 meses a pensão e deixou de quitar as prestações mensais, estando em atraso 5 meses. João (o credor, filho de Paulo) requereu o cumprimento da decisão, alegando que a decisão não depende de confirmação pelo Tribunal. Intimado pelo juiz para cumprir a decisão, o Réu não satisfez a obrigação. O juiz entendeu que deveria buscar uma solução consensual e designou audiência de conciliação, que foi agendada para 05/02/2022. O Réu é trabalhador autônomo e presta serviços a várias pessoas jurídicas de grande porte, de forma contínua. O que deve ser feito hoje para garantir o direito do alimentando (João)? OBS: havendo mais de uma solução possível, o advogado deve optar por aquela que mais atenda ao cliente. In casu, entendo que a melhor solução possível deve ser a tentativa de realização de um acordo. Primeiro, deve se explicar ao Réu que, uma vez que já está com várias parcelas atrasadas, será possível optar pelo rito de prisão. No entanto, essa opção não é vantajosa ao cliente, uma vez que o Réu é autônomo e preso não poderia trabalhar. O melhor a se fazer, neste caso, é optar pela prisão apenas se não for possível entrar em um acordo. Um fator importante que pode ser utilizado é tentar convencer o Réu de que há necessidade na prestação de alimentos transitórios, a fim de que o Autor possua condições de se sustentar até que consiga atingir seus objetivos e se manter por conta própria. Caso não seja possível a realização de um acordo, é possível a execução da sentença, nos termos do art. 1.012, §1º, inciso II, do CPC, sendo possível a utilização de medidas expropriatórias, como a penhora online e constrição judicial de valores e bens. 2. Na sentença que condenou Mário a pagar alimentos a seu filho João, de 10 anos, nada ficou estabelecido acerca do termo final da obrigação de pagar a pensão. Mário, quando João atingiu a maioridade em novembro de 2021, cessou o pagamento da pensão mensal. Agora, preocupado, procura você para saber se agiu corretamente; se não agiu, deseja saber o que pode ser feito para que para se livrar da obrigação mensal. Mário agiu incorretamente. O direito a alimentos não cessa automaticamente com a maioridade. Na verdade, é necessário que o filho comprove a necessidade de manutenção das prestações, em virtude de curso universitário ou profissionalizante, conforme entendimento do STJ, devendo ser, neste caso, ajuizada ação de exoneração de alimentos, na qual será a questão do cancelamento dos alimentos posta sob o contraditório (Súmula 358, STJ). 3. Julgue a afirmativa. A prisão civil decretada por descumprimento de obrigação alimentar decorrente de ato ilícito é legal, pois a exceção prevista na Constituição Federal sobre o tema não exige a obrigação de pagar alimentos decorrentes do Direito de Família. FALSO. Os alimentos devidos em razão da prática de ato ilícito possuem natureza indenizatória. Ou seja, é uma natureza diferente daquela que possuem os alimentos. Por isso, não se aplica o rito excepcional da prisão civil como meio coercitivo para o adimplemento 4. Julgue a afirmativa. Os alimentos gravídicos visam a auxiliar a mulher gestante nas despesas decorrentes da gravidez, da concepção ao parto. A gestante é a beneficiária direta dos alimentos gravídicos, resguardando-se, assim, ainda que indiretamente, os direitos do próprio nascituro. Contudo, com o nascimento com vida da criança, esses alimentos são extintos e perdem o seu objeto, não podendo ser convertidos. FALSO. Os alimentos gravídicos, a partir do nascimento da criança, são convertidos em alimentos provisórios em favor desta. 5. No direito de família, os alimentos: a) Não são devidos aos filhos havidos fora do casamento. - FALSA. Após o advento da CF/88, os filhos havidos fora do casamento passaram a ter os mesmos direitos que aqueles havidos na constância do casamento. Isso quer dizer que também possuem direito a alimentos. b) Podem ser renunciados pela criança em relação ao pai, quando representada por sua genitora. - FALSA. O direito aos alimentos são irrenunciáveis. Dessa forma, não podem ser renunciados em relação ao pai. Importante ressaltar que estes alimentos devem ser futuros ou presentes. Aqueles pretéritos e vencidos podem ser renunciados. O juiz, neste caso, deve analisar qual o melhor interesse para a criança, uma vez que representada pela genitora. c) Não podem ser fixados em favor dos pais contra os filhos, em razão do princípio da hereditariedade. - FALSA. O princípio da colaboração familiar determina que os filhos também devam alimentos aos pais quando estes não mais tiverem condições de se sustentar sozinhos. A obrigação de pagar alimentos é recíproca, de forma que o credor hoje (criança), pode ser devedor amanhã (genitores). d) Podem ser cobrados dos avós da criança, caso o genitor ou a genitora não estejam em condições de pagar alimentos. - CORRETA. O dever de prestar alimentos é recíproco entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. e) Devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante, sem considerar os recursos da pessoa obrigada. - FALSA. Os alimentos devem ser fixados seguindo o binômino de necessidade e possibilidade, de forma que as condições financeiras do alimentante sejam também consideradas. 6. Nos termos da jurisprudência dominante e atual do Superior Tribunal de Justiça, em relação à obrigação alimentar, é correto afirmar: a) A obrigação de prestar alimentos recai sobre os parentes mais próximos em grau, só transferindo aos mais remotos à falta daqueles. Essa falta deve ser compreendida apenas como ausência, e não como impossibilidade ou insuficiência financeira de suportar o encargo. - FALSA. O Código Civil atribui a todos os familiares o dever de solidariedade. Dessa forma, caso não seja possível a cobrança de alimentos do próprio genitor, poderão ser chamados ao processo os avós da criança, por exemplo. No entanto, esse chamamento não pode ser feito de forma discricionária. Deve existir um motivo para isso. Segundo o entendimento do STF, esse motivo pode ser a falta, a qual se consubstancia na ausência do genitor ou na hipossuficiência financeira do mesmo. b) O novo casamento do cônjuge devedor de alimentos extingue a obrigação constante da sentença de divórcio de pagar pensão alimentícia à ex-esposa ou ao ex-marido. - FALSA. As relações patrimoniais interpostas com o novo casamento em nada influencia as relações existentes anteriormente. O contrário, no entanto, não é verdade. Caso o ex-cônjuge credor de alimentos venha a se casar, o direito a alimentos é cessado. c) Concedidos os alimentos gravídicos à gestante, a fim de auxiliá- la nas despesas com a gestação, o nascimento com vida impõe a cassação desses alimentos, não sendo possível a conversão da natureza dos alimentos para provisórios, em favor do recém- nascido. - FALSA. Os alimentos gravídicos são aqueles concedidos à grávida para que se mantenha durante a gestação, bastando indícios de paternidade para que seja concedido. Uma vez nascida a criança, os alimentos gravídicos são convertidos em alimentos provisórios para o sustento desta, até que seja feita a investigação de paternidade e os alimentos sejam convertidos em permanentes/definitivos. d) A obrigação alimentar do pai em relação aos filhos cessa automaticamente com o advento da maioridade. - FALSA. É resguardado ao alimentanteo direito de ação de revisão ou exoneração de alimentos. No entanto, após a maioridade do alimentando, é necessária a comprovação de que ainda necessita dos alimentos por frequentar curso profissionalizante ou universitário, nos termos da súmula 358 do STJ. Ou seja, a obrigação alimentar do pai em relação aos filhos não cessa automaticamente com o advento da maioridade. e) É irrenunciável o direito aos alimentos presentes e futuros, facultado ao credor renunciar aos alimentos pretéritos, devidos e não prestados, isso porque a irrenunciabilidade atinge o direito, e não o seu exercício. - CORRETA. Lembrando que os alimentos apenas são devidos a partir da citação. Assim, estes alimentos pretéritos dos quais tratam a questão são alimentos vencidos, seja porque não houve o pagamento após a citação, ou seja porque venceram após fixados em sentença.
Compartilhar