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CRIMES EM ESPÉCIE AULA 1 Profa. Carolina Cordeiro ELEMENTOS DOS TIPOS PENAIS Sujeitos Sujeito ativo - imputável Sujeito passivo • 3a pessoa – a autolesão não é punível SUJEITO PASSIVO X OBJETO MATERIAL Objetos Objeto jurídico à bem jurídico tutelado Objeto material • Em alguns casos coincide com o sujeito passive OBJETO JURÍDICO (BEM JURÍDICO) X OBJETO MATERIAL - AUTORIA - COAUTORIA - PARTICIPAÇÃO TEORIA MONISTA Tipo objetivo Núcleo do tipo: verbo Conduta à ação ou omissão Regra: Teoria Monista Exceção: Aplicação da teoria dualista em casos expressos como, por exemplo, artigos 124 e 126 ou artigos 317 e 333 do Código Penal. Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm Consumação e Tentativa - Resultado: jurídico e naturalístico à Todo crime tem resultado jurídico à Resultado naturalístico: à Crime material – sim, tem resultado naturalístico à Crime formal – pode ter ou não à Crime mera de conduta - A tentativa (art. 14, II, CP) requer o início dos atos executórios, não se consumando por circunstâncias alheias (tentativa perfeita ou imperfeita) CUIDADO! Atos preparatórios e a cogitação não são puníveis (salvo se delitos autônomos) Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm - Na tentativa, deve haver dolo voltado para consumação. Não cabe tentativa de crime culposo. - Se o dolo é dirigido ao crime fim, responde pela tentativa, não meramente pelo crime meio. Ex: homicídio e lesão corporal. Salvo nos casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz (art. 15, CP). Nesses casos, responde pelos atos até então consumados. Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm TEORIA DO CRIME - Fato Típico - Conduta à DOLO = Consciência + vontade - Resultado - Nexo causal - Tipicidade - Ilícito (antijurídico) - Legítima Defesa - Estado de necessidade - Estrito cumprimento do dever legal - Exercício regular de direito ** Consentimento - Culpável (culpabilidade) - Imputabilidade - Potencial consciência ilicitude - Exigibilidade de conduta diversa - Obediência hierárquica TEORIA DO CRIME - Dolo à Integra a conduta, conforme Teoria Finalista da Ação (Hans Welzel, déc. 30, Alemanha) - Superada Teoria Causalista ou Clássica Elementos do tipo: Tipo subjetivo Regra: Dolo - Consciência - Vontade Dolo direto – quer o resultado representado como fim de sua ação Dolo eventual – prevê o resultado e mesmo assim age, aceitando o risco de produzi-lo - Responsabilidade subjetiva Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 18, [...] I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 18 [...] II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 18, [...] Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm Sabe (dolo direito) ou deveria saber *** Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber (DOLO EVENTUAL) que está contaminado: Culpa à Inobservância do dever objetivo de cuidado. - Previsibilidade objetiva – o homem médio pode prever o resultado Modalidades: - Negligência (omissão) - Imprudência (ação) - Imperícia Preterdoloso: Dolo (antecedente) + Culpa (consequente) Exemplos de crimes preterdolosos: Art. 129, §3o, CP (lesão corporal qualificada pela morte) Art. 1o, §3o, 2a parte, Lei 9455/97 (tortura qualificada pela morte) TORTURA + MORTE 1) DOLO + DOLO = art. 1º + 121 2) DOLO + DOLO = art. 1º c/c 121 – exasperação 3) DOLO + CULPA = art. 1º, p. 3º 4) DOLO = Art. 121, p. 2º, Código Penal Classificação doutrinária das infrações penais 1. Crime x Delito x Contravenção GÊNERO – Infração penal ESPÉCIE – Crimes/Delito e Contravençoes penais Ex: CP, art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. LCP, art. 21. Praticar vias de fato contra alguem: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitue crime. 2. Quanto à conduta: comissivos x omissivos a) Comissivivos – concretiza o que proibiu a norma penal incriminadora. Ex: art. 129 (lesão corporal) b) Omissivo descumprimento de ordem para agir. Ex: art. 269 (omissão de notificação de doença) I. Omissivo próprio – norma penal determina o dever, mas o agente se abstem. Ex: art. 135 (omissão de socorro) I. Omissivo impróprio – norma é proibitiva, mas a omissão do garante é capaz de realizar o resultado que o tipo quer evitar. - Dever jurídico de evitar o resultado determinado pelo art. 13, §2o, CP. CP, art. 13. (…) Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Outras classificações quanto à conduta: à Crime de execução livre – praticado por qualquer meio de execução. Ex: art. 121, CP à Crime de execução vinculada – forma de realização é descrita no tipo penal. Ex: art. 136. Maus tratos “privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis,quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina” 3. Quanto à consumação a) Consumado - CP, art. 14. (…) I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; b) Tentado – CP, art. 14. (...) II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Cuidado! Não é possível tentativa nos crimes unissubsistentes (iter criminis indivisível). Ex: art. 140, CP (injúria) Cuidado! É cabível nos crimes plurissubsistentes. Ex: art. 157, CP (roubo) 4. Quanto ao resultado a) Crime material – consumação exige o resultado previsto no tipo. Ex: art. 171, CP (estelionato) – requer a obtenção da vantagem ilícita em prejuízo alheio b) Crime formal – consumação não requer a ocorrência do resulto previsto no tipo. Ex: art. 159 (extorsão mediante sequestro) – não exige a obtenção da vantagem ou do resgate. c) Crime de mera conduta – não se relaciona com qualquer resultado naturalístico, bastando a mera ação prevista no tipo. Ex: art. 150, CP (violação de domicílio) 5. Quanto à duração da consumação a) Crime instantâneo – consumação ocorre em momento imediato. Ex: art. 155, CP (furto) b) Crime permanente – consumação pode se prolongar no tempo a critério do autor. Ex: art. 159, CP (extorsão mediante sequestro) c) Crime habitual d) Crime continuado e) Crime instantâneo de efeitos permanentes – consumação é imediata e os efeitos se prolongam no tempo pela própria natureza do resultado (irreversível). Ex: art. 121, CP (homicídio) 6. Quanto ao número de bens jurídicos tutelados a. Simples – apenas um objeto jurídico. Ex: art. 121, CP (vida humana) b. Complexo – mais de um objeto jurídico. Ex: art. 157, §3o, CP (latrocínio) – patrimônio e vida humana 7. Quanto ao sujeito ativo a. Comum – qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Ex: art. 121, CP b. Próprio – o sujeito ativo tem determinadas caracteri ́sticas. Ex: art. 312, CP (peculato) – funcionário público CUIDADO! Ambos admitem coautoria e participação. c. Crime de mão própria – tipo só pode ser concretizado pela própria pessoa, com as próprias mãos. Ex: art. 342 (falso testemunho) Cuidado!! Nesse caso, NÃO CABE coautoria, mas CABE participação. 8. Crime Impossível (art. 17, CP) – ainda que agisse o autor, o crime jamais aconteceria por: a. Ineficácia absoluta do meio. Exemplo b. Absoluta impropriedade do objeto. Ex: matar cadáver. ATENÇÃO! Não se pune a tentativa se verificada a impossibilidade do crime. 9. Quanto ao número de condutas puníveis a. Tipo simples – ex: Homicídio – matar alguém (1 conduta = matar) b. Tipo misto – 2 ou mais condutas previstas no tipo a. Tipo misto alternativo – “quando a prática de uma ou várias das condutas previstas no tipo levam à punição por um só delito” (Nucci, 2014). Ex: art. 33, Lei 11.343/05 b. Tipo misto cumulativo – “a prática de mais de uma conduta, prevista no tipo, indica a realização de mais de um crime, punidos em concurso” (Nucci, 2014). Ex: art. 208, CP. à Crime de ação múltipla – vários núcleos do tipo implicam em diferentes condutas que podem individualmente caracterizar o delito. Ex: art. 334-A, CP (nova redação do contrabando) – importar ou exportar mercadoria proibida. à Crimes habituais – requerem a repetição da conduta por período suficiente para configurar o tipo. Ex: art. 229 (casa de prostituição) – manter estabelecimento em que ocorra… 4. Espécies de normas penais na Parte Especial do CP: 1. Normas incriminadoras – definem as infrações penais e suas penas. São subdivididas em: a) Preceito primário: I. conduta típica; II. elementares (dados essenciais que interferem diretamente no tipo penal), que podem ser: i. Objetivas – núcleo do tipo e outros elementos que não se incluam nas demais elementares. Ex: art. 121, caput à “matar” e “alguém” i. Subjetivas – ânimo ou especial finalidade. Ex: art. 159, caput à “fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem” i. Normativas – elementos axiológicos, que requerem juízo de valor ou explicação. Ex: “falsamente imputada” na Calúnia (art. 138, CP) ou “sem justa causa” (art. 154, Código Penal) b. Preceito secundário à previsão da pena aplicável. Ex: reclusão, de 6 a 20 anos. c. Circunstâncias (influenciam na pena): I. Qualificadoras/Privilegiadoras à estabelecem novas penas mínimas e máximas. Ex: motivo torpe para o homicídio (art. 121, §2º, CP) II. Causas de aumento (majorante) e causa de diminuição (minorante) à frações de aumento ou redução da pena estipulada no preceito secundário, quando verificadas determinadas circunstâncias. Ex: Crime de abandono de incapaz (art. 133). Aumenta- se em 1/3 se abandonado em lugar ermo (art. 133, §3º, I, CP) CUIDADO! Agravantes (art. 61, CP) e atenuantes (arts. 65 e 66, CP)/ Relembrando – As circunstâncias também podem ser objetivas ou subjetivas: Ex: Art. 121, CP (...) § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; (...) III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; (...) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. CUIDADO!! Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm As normas penais incriminadoras são classificadas como: a. Proibitivas – previsão do comportamento proibido. Ex: art. 121, CP. Matar alguém. b. Mandamentais – determinação de praticar um comportamento, a sua não realização enseja a punição. Ex: art. 135, CP. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. 2. Normas penais não incriminadoras – possuem finalidade diversa, dentre elas: a. Permissivas justificantes – entendem como lícitas condutas que poderiam ser consideradas inicialmente ilícitas. Ex: art. 23, CP (excludentes de ilicitude) b. Permissivas exculpantes – afastam a punibilidade do agente. Ex: art. 121, §5o, CP (perdão judicial) c. Explicativas - trazem conceituações dos elementos do tipo. Ex: art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Ação Penal Regra: Ação Penal Pública Incondicionada Outras: - Ação Penal Pública Condicionada à Representação - Ação Penal Privada - Ação Penal Privada Subsidiária da Pública - Ação Penal Privada Personalíssima – art. 236, CP A Parte Especial do Código Penal está dividida em 11 títulos: • Título I — Dos Crimes Contra a Pessoa; • Título II — Dos Crimes Contra o Patrimônio; • Título III — Dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial; • Título IV — Dos Crimes Contra a Organização do Trabalho; • Título V — Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso e Contra o Respeito aos Mortos; • Título VI — Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual; • Título VII — Dos Crimes Contra a Família; • Título VIII — Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública; • Título IX — Dos Crimes Contra a Paz Pública; • Título X — Dos Crimes Contra a Fé Pública; • Título XI — Dos Crimes Contra a Administração Pública. Bibliografia BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte Especial 2: Dos Crimes contra a pessoa. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. GONÇALVES, Vitor E. R. Direito Penal Esquematizado. Parte Especial. São Paulo: Saraiva, 2011. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Especial. Vol. I e II. 11. ed. Niterói: Impetus, 2014. PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal: Parte Especial – Arts. 121 a 249. Vol. 2. 11. ed. São Paulo: RT, 2013.