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UNIDADE 3 - Propriedade Intelectual, marcas e patentes AMPLI

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Introdução da Unidade
Objetivos da Unidade
Ao longo desta Unidade, você irá:
· descrever propriedade intelectual;
· definir marcas e patentes;
· explicar o direito autoral na era digital.
Introdução da Unidade
Depois de se ter fixado as balizas fundamentais do Direito Cibernético, é preciso dar continuidade ao seu estudo, por intermédio da colocação de novos pontos de atenção.
Como você já deve ter percebido, o Direito Cibernético lida com uma ampla gama de institutos jurídicos que passam a regular e tutelar os fenômenos que ocorrem no ciberespaço. Claro que existem disposições que são comuns, como aquelas estudadas quanto à Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP) e o Marco Civil da Internet. Essas legislações trazem uma perspectiva que acaba por representar a base do Direito Cibernético, porque conferem efetividade e especificidade aos direitos e garantias fundamentais que estão previstas na Constituição Federal. 
Contudo, outros campos da ciência jurídica também demonstram um nítido interesse sobre os fenômenos que acontecem nos meios digitais, especialmente, o caso da propriedade intelectual.
Se essa proteção advém de uma origem constitucional, também seria natural que as disposições deste campo passassem a abordar as relações digitais, considerando a observância das garantias relacionadas à tutela dos bens personalíssimos e das criações humanas, dotados de valor econômico e moral. Logo, a dedicação a partir deste momento está em compreender a propriedade intelectual, perpassando a doutrina geral e a legislação em vigor, seguindo-se com uma ênfase no estudo das marcas e patentes, bem como nos nomes de domínio no Brasil.
Por fim, será estudado o direito autoral na era digital, para que você possa compreender sua dinâmica geral, natureza jurídica, tipos de obras protegidas e até mesmo a responsabilidade civil pela violação de direitos autorais na internet. 
Bons estudos!
Introdução da aula
Qual é o foco da aula?
Nesta aula, você verá a importância da definição de propriedade intelectual para o direito cibernético.
Objetivos gerais de aprendizagem
Ao longo desta aula, você irá:
· definir os conceitos gerais de propriedade intelectual;
· descrever tecnologias streaming;
· explicar a propriedade intelectual como direito internacional.
Situação-problema
A partir de agora, iniciamos os nossos estudos no campo da propriedade intelectual. Você já parou para pensar como se dá a proteção jurídica das criações intelectuais humanas? Sejam as obras provenientes da livre criação do pensamento, como obras de arte, literárias ou artísticas em geral, sejam aquelas que possuem, precipuamente, uma aplicabilidade empresarial, todas devem receber a adequada proteção do Direito. 
Na prática, à luz do sistema constitucional em vigor, as criações humanas são protegidas pelo ordenamento jurídico, porque acabam por representar verdadeiras extensões dos seus próprios criadores. De um ponto de vista puramente econômico, o interesse dos titulares é ainda mais evidente, porque a titularidade das criações implica, por consequência, a exclusividade para a exploração e utilização comercial. Ainda que haja a possibilidade de se transacionar a este respeito, inicialmente, é apenas o titular que pode usufruir dos frutos do seu empenho criativo. 
Na sequência, temos em pauta algumas controvérsias envolvendo os direitos autorais e as tecnologias streaming. Por fim, veremos como a propriedade intelectual possui uma envergadura de proteção em nível internacional, oportunidade na qual será comentada a chamada Convenção da União de Paris.
Note que os conhecimentos dos institutos relacionados à propriedade intelectual têm forte implicância no cotidiano prático, tanto da área jurídica em si quanto dos negócios. É que, num ambiente de alta competitividade, a proteção jurídica e econômica dos produtos da criação humana assume papel central na tomada de decisões e no próprio delineamento de estratégias.
Alguns dias atrás, um homem ligou para o escritório de advocacia onde você trabalha e agendou uma reunião para que você, em caráter de especialista em Direito Cibernético, fornecesse a ele uma consulta jurídica sobre uma suposta violação de direitos autorais na internet. 
Durante a reunião, o cliente explicou que um jornalista havia extraído um trecho de seu livro digital e utilizado, sem referenciá-lo, em uma matéria da emissora na qual ele atuava. Naquele momento, devido à fala do cliente e às evidências por ele apresentadas, você, de fato, constatou que houve violação dos direitos autorais. Logo, deu a ele duas alternativas: entrar diretamente com uma ação judicial ou tentar solucionar a lide sem acionar a jurisdição estatal e, somente se não houvesse acordo, ingressaria com uma demanda. O cliente, reconhecendo a morosidade da justiça e a possibilidade de findar o problema de forma mais ágil, optou pela segunda alternativa. Desse modo, você iniciou a pesquisa para propor um acordo.
Ao contatar alguém para advogar da parte oposta e propor a solução pacífica por meio de um acordo, ele e o cliente negaram a proposta e justificaram que não havia certificado de registro quanto a esse produto, portanto este não estaria protegido pela lei e, mesmo que estivesse, a obra possui acesso livre e gratuito na internet, motivo pelo qual não estaria sob a tutela da legislação vigente. 
Não obstante, o advogado elencou que, no momento da publicação da matéria, a parte requerida encontrava-se nos Estados Unidos, logo não haveria motivo para a reivindicação do direito por meio de acordo e muito menos embasamento jurídico para demanda. 
Agora, você, tendo em vista a preferência da solução mediante acordo optada pelo seu cliente, deve responder à parte contrária, por meio de um documento formal, identificando os erros presentes na justificativa para rejeição da proposta. Afinal, para que haja tutela desse direito, é necessário um certificado de registro? Os direitos autorais não se aplicam quando o material está disposto de forma a ficar livre e gratuito na internet? O direito autoral é protegido mesmo em violações internacionais? 
Direito de propriedade intelectual
O Direito de Propriedade Intelectual é um ramo do Direito que diz respeito ao conjunto de normas que tutelam o trabalho intelectual. 
“A propriedade intelectual passou a ser definida pela Convenção da Organização Mundial da Propriedade Intelectual como a proteção aos direitos relacionados às criações artísticas, literárias, científicas e invenções, marcas, desenhos industriais, softwares e muitos outros.” (DUARTE; BRAGA, 2018, p. 7).
Tal direito de propriedade é gênero, do qual são espécies o Direito Industrial, que é profundamente ligado ao direito empresarial, e o Direito Autoral, que é mais conectado ao Direito Civil em geral. A propriedade do programa de computador, em particular, será regida por lei própria, que estudaremos mais à frente. No entanto, é importante saber, desde já, que se trata de objeto protegido pelo Direito brasileiro, sobretudo à luz da proteção do direito autoral e dos direitos conexos. 
Este assunto encontra origem constitucional em três dispositivos do rol de direitos fundamentais. De acordo com o inciso XXVII do art. 5º, “aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar” (BRASIL, 1988, [s. p.]). Seguidamente, no inciso XXVIII:
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; e b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas.(BRASIL, 1988, [s. p.])
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🔁 Assimile
Direito de Propriedade Intelectual (gênero) comporta o Direito Industrial e o Direito Autoral.
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Por fim, o inciso XXIX, do mesmo art. 5º, da Carta Magna:
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporáriopara sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. (BRASIL, 1988, [s. p])
Podemos perceber que a tutela jurídica da atividade criativa leva em conta o aspecto de constituir numa extensão da própria pessoa, fruto de seu trabalho direto, intelectual nos variados gêneros.
A propriedade intelectual, enquanto campo da tutela jurídica, diz respeito a um ramo do Direito que se preocupa com a propriedade imaterial, isto é, com bens incorpóreos. Como características, podem ser citados alguns elementos, por exemplo, o fato de decorrerem, essencialmente, da criatividade humana, além da exclusividade e proteção jurídica.
Os direitos de propriedade intelectual são aqueles relacionados com a proteção legal que a lei atribui à criação do intelecto humano, garantindo aos autores de determinado conteúdo o reconhecimento pela obra desenvolvida, bem como a possibilidade de expor, dispor ou explorar comercialmente o fruto de sua criação. São duas ramificações atribuídas aos direitos da propriedade intelectual: direitos autorais e os direitos de propriedade industrial (marcas, patentes e know-how). (PINHEIRO; ALMEIDA; MONDE, 2012, p. 13)
A partir dessas características, que designam o direito de propriedade como um todo, é que poderemos compreender melhor os institutos das marcas, patentes, modelos de utilidade, além da questão do software, que ainda será objeto de estudo. 
De acordo com o art. 5º da Lei de Propriedade Industrial (BRASIL, 1996), os direitos de propriedade industrial são considerados móveis para os fins legais, de modo que podem ser negociados pelos respectivos titulares, por exemplo, numa cessão, numa licença, etc.
A lei que protege a propriedade industrial é a Lei nº 9.279/96, que resguarda quatro diferentes bens: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e marca. A invenção e o modelo de utilidade são protegidos pela patente, ou seja, utilizam-se deste procedimento para terem o reconhecimento oficial do direito. Já o desenho industrial e a marca são protegidos pelo procedimento do registro.
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⚠️ Atenção 
Ponto interessante sobre o assunto da propriedade intelectual é o Tratado de Marraqueche. Ele foi adotado no âmbito da Conferência Diplomática da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), realizada na cidade marroquina que lhe dá o nome, em 27 de junho de 2013, e tem como propósito facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso. 
A incorporação no ordenamento jurídico brasileiro ocorreu com a promulgação do Decreto nº 9.522, de 8 de outubro de 2018, destacando-se que sua aprovação pelo Congresso Nacional se deu em consonância com o procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição de 1988, isto é, com status de emenda constitucional. 
O Tratado de Marraqueche leva em conta os princípios da não discriminação, da igualdade de oportunidades, da acessibilidade e da participação e inclusão plena e efetiva na sociedade, proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, quanto aos desafios que são prejudiciais ao desenvolvimento pleno das pessoas com deficiência visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso, que limitam a sua liberdade de expressão, incluindo a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de toda espécie em condições de igualdade com as demais pessoas mediante todas as formas de comunicação de sua escolha, assim como o gozo do seu direito à educação e a oportunidade de realizar pesquisas.
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Em sequência, é interessante tecer alguns comentários sobre a legislação referente ao programa de computador, pois guarda vinculação com o campo de interesse do direito cibernético. Para tanto, é relevante comentar sobre a Lei nº 9.609/98, que dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no país, e dá outras providências.
Neste sentido, de acordo com o art. 1º da referida lei:
Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados. (BRASIL, 1998, [s. p])
Interessante notar que o campo de proteção da propriedade intelectual dos programas de computador é, de acordo com o que determina o art. 2º da Lei nº 9.609/98, aquele conferido às obras literárias pela legislação dos direitos autorais e conexos, junto às disposições específicas da lei de proteção do programa de computador. 
No entanto, não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito de o autor reivindicar a titularidade do programa de computador e o direito de opor-se a eventuais alterações não autorizadas, quando estas implicarem deformação ou outra modificação do programa de computador, bem como que prejudiquem a sua honra ou a sua reputação. 
A tutela dos direitos relativos a programa de computador está assegurada pelo prazo de 50 anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação. Inclui-se, dentre os direitos assegurados, a exclusividade quanto à autorização ou proibição quanto ao aluguel comercial, “não sendo esse direito exaurível pela venda, licença ou outra forma de transferência da cópia do programa”.
No mais, note que a proteção aos direitos relativos a programa de computador independe de registro. Contudo, a critério do titular, o registro poderá ocorrer junto ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), seguindo-se as indicações procedimentais contidas no art. 1º do Decreto nº 2.556/98. 
Propriedade intelectual
Ponto de grande atenção precisa ser dado ao que dispõe o art. 4º da Lei nº 9.609/98. De acordo com este dispositivo, a não ser que haja disposição em sentido contrário, serão de propriedade do empregador, do contratante de serviços ou do órgão público os direitos relacionados a programa de computador que tenha sido desenvolvido e elaborado ao longo da vigência de contrato de trabalho ou vínculo com a administração pública, com a finalidade de pesquisa e desenvolvimento, bem como nos casos em que a atividade do empregado (ou do agente público ou prestador de serviço) decorra desta natureza.
Por outro lado, a titularidade e a propriedade exclusiva pertencerão ao empregado (ou contratado para prestação de serviços ou agente público) se os direitos relativos a programa de computador que tem se originado sem qualquer relação com o contrato e sem a utilização de quaisquer recursos do empregador (como informações de tecnologia, segredos industriais, materiais, instalações ou equipamentos). 
Ademais, perceba que não constituem ofensa aos direitos do titular de programa de computador, de acordo com o art. 6º da Lei nº 9.609/98:
I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda;
II - a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que identificados o programa e o titular dos direitos respectivos;
III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por força das características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação de forma alternativa para a sua expressão;
IV - a integração de um programa, mantendo-se suas características essenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do usuário, desde quepara o uso exclusivo de quem a promoveu.(BRASIL, 1998, [s. p.])
Falaremos agora das controvérsias envolvendo os direitos autorais e as tecnologias streaming. 
A internet, dada a sua velocidade, é campo perfeito para a reprodução desenfreada de informações e dados. Assim é que a cópia, como violação aos direitos autorais, além da prática potencialmente criminosa, repercute na esfera da violação desta categoria de propriedade, sobremodo quando utilizada para fins econômicos. 
Desta maneira, o compartilhamento não gratuito, isto é, com finalidade econômica, via de regra, não opera o recolhimento dos chamados royalties (importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, etc., ou pelo autor de uma obra, para fins de permissão de uso ou comercialização). 
A grande circulação, sobretudo promovida por sites especializados (que não recolhem os royalties), acaba por estimular e aumentar as práticas espúrias. É o caso dos serviços de streaming, que é o serviço de distribuição digital utilizada para transmissão de conteúdo multimídia por meio da internet. “Através da tecnologia de streaming, o consumidor possui uma multiplicidade de tipos de conteúdo, os quais ele pode acessar como e no lugar que ele quiser.”, segundo Silva.
Neste sentido, note que:
Não se sabe ao certo qual foi a primeira transmissão de streaming feita, contudo durante seu desenvolvimento e aperfeiçoamento até chegar ao que é hoje influenciou o surgimento de ferramentas que atualmente são grandes empresas no mercado de streaming, como é o caso da Netflix. (SILVA; DALL’ORTO, 2017, p. 3-4)
A tecnologia streaming é a mais utilizada atualmente, em virtude da sua maior capacidade de transmissão e interatividade com os usuários. “Permite a transmissão de áudio e vídeo através da internet sem a necessidade de fazer o download do mesmo, dado que, à medida que a informação é recebida pela máquina (computador, tablet, smartphone) é de imediato transmitida ao utilizador”, segundo Santana.
O problema, portanto, que é também um desafio enorme, é a questão da efetividade da legislação que protege a propriedade intelectual – de certo, a fiscalização é muito mais difícil no âmbito difuso e praticamente inesgotável da internet. “À medida que os autores e demais titulares conseguiam a consolidação da tutela de seus direitos, surgia a importante questão: como exercê-los adequadamente no gigantesco – e complexo – terreno tecnológico da rede mundial de computadores?”, segundo Netto.
Assim:
No âmbito da Internet, quer seja o acesso via computador, TV, telefone celular, tablet ou outra via convergente, esta questão autoral toma maior relevância, pois trata-se de um meio de fácil divulgação e transmissão de informações, fácil acessibilidade e ausência de territorialidade, o que permite que se façam cópias do material que circula na rede com muito mais rapidez, propiciando um maior desrespeito aos direitos do criador e desafiando os métodos atuais de proteção intelectual. (PECK, 2016, p. 178)
Algumas instituições, como o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), responsável por centralizar a arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical, vem cumprindo seu papel protetivo em relação aos autores, buscando atualização dos padrões de fiscalização e cobrança.
______
💭 Reflita 
Como é possível a apuração de direitos autorais diante de reprodução de obras artísticas, de caráter musical, em festas públicas?
_______
Por fim, é preciso considerar a temática da propriedade intelectual como um direito de cunho internacional. Para tanto, analisaremos a Convenção de Paris. Antes do surgimento de novas tecnologias, a propriedade intelectual era regida pelo princípio da territorialidade, ou seja, a proteção em virtude de leis autorais se restringia somente ao país onde se aplicava a lei. Em casos de proteção fora dos limites nacionais, era necessária a realização de acordos bilaterais com outros países. No entanto, com o advento e a disseminação das tecnologias, tornou-se mais difícil determinar qual legislação deve ser aplicada no âmbito digital, bem como ficou mais complexa a manutenção de acordos bilaterais. 
Foi dessas inúmeras celebrações de acordos que emergiu a necessidade de elaboração de um sistema único de proteção em escala internacional, a fim de driblar a exaustiva tarefa de redigir e consolidar múltiplos acordos. 
Neste contexto é que em Viena, no ano de 1873, se iniciaram os trabalhos preparatórios para o primeiro acordo internacional relativo à propriedade intelectual. Após dez anos, em 1883, surgiu a Convenção de Paris, uma tentativa de conciliar, por meio de um acordo em nível mundial, sistemas jurídicos nacionais referentes à proteção da propriedade intelectual. Esta convenção foi elaborada de modo que permitisse certa maleabilidade às normativas de cada país, contanto que fossem observados alguns princípios norteadores e normas fundamentais.
Neste sentido:
O princípio básico da convenção é a assimilação dos cidadãos dos países pertencentes à União, de modo que todos possam obter direitos de propriedade industrial, exercendo-os em igualdade de condições com os nacionais de todos os países participantes. Mantém-se a plena vigência das legislações nacionais e a territorialidade da proteção, que deve ser obtida em cada país pela repetição de pedidos de registros e de patentes. (SILVEIRA, 2014, p. 16)
Pouco tempo depois, surgiram várias legislações ao redor do mundo. Vale destacar, primeiro, a Convenção de Berna, na Suíça – um acordo internacional de proteção aos direitos autorais firmado em setembro de 1886. Posteriormente, a Convenção de Genebra, que surgiu como resposta ao fenômeno do aumento exorbitante da pirataria, além de proibir a reprodução não autorizada de fonogramas, motivo pelo qual ficou conhecida como Convenção dos Fonogramas. Muitos outros acordos de proteção à propriedade intelectual depois se seguiram, mas o que a maioria, quiçá, todos, tem em comum é a influência da Convenção de Paris. 
Princípios da Convenção de Paris
Dois princípios importantes desta Convenção devem ser conhecidos. Primeiramente, pode-se destacar o princípio do tratamento nacional. Este princípio está inserido no art. 2º da Convenção e estabelece que cada signatário desfrute da mesma proteção, vantagens e direitos do país de origem aos demais. 
E, em segundo lugar, o princípio da prioridade unionista, que estabelece, por intermédio do art. 4º, a existência do direito de prioridade, na medida em que o primeiro pedido de propriedade intelectual depositado em qualquer um dos países-membros deve ser utilizado de base para o reconhecimento da proteção. 
Perceba que o “Brasil é signatário da Convenção da União de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial e de suas posteriores revisões, tendo sido a revisão de Estocolmo de 1967 promulgada por decreto em 8 de abril de 1975”, segundo Silveira.
A Convenção de Paris permanece vigente em vários países. Mas, para que possa manter a sua imponência ao longo do tempo, encarando o surgimento de novas tecnologias que desafiam a proteção à propriedade intelectual, foram necessárias algumas reformas e revisões, como:
Reformas e revisões.
Atualmente, a Convenção conta com 173 países signatários.
_____
📝 Exemplificando
Uma marca que seja notoriamente reconhecida em seu ramo de atividade receberá proteção especial, independentemente do fato de ter ocorrido o seu registro no Brasil.
Conclusão
(Cidade), (data).  
Ilmo. Sr.
Primeiramente, é necessário observar a Lei nº 9.610/98, ou simplesmente Lei de Direitos Autorais, que, no Capítulo III, em seu art. 18, indica que: “A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro” (BRASIL, 1998, [s. p.]).
Não obstante, de acordo com a mesma lei, são obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível conhecido ou que se invente no futuro (vide caput do art. 7º). 
Desta maneira, resta claro que a justiçaentende que qualquer violação aos direitos autorais e conteúdos publicados na internet são passíveis das sanções previstas na legislação, sendo inválida a recusa do acordo sobre a premissa de que, por estarem em acesso livre e gratuito na internet, não são passíveis da aplicação desta lei. 
Finalmente, quanto à informação de que seu cliente, porventura, encontrava-se nos Estados Unidos, não é nenhum impedimento para a reivindicação desse direito, porque o parágrafo único do art. 2º da Lei de Direitos Autorais indica que:
Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados em vigor no Brasil. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na proteção aos direitos autorais ou equivalentes.(BRASIL, 1988, [s. p])
Remete-se, pois, à Convenção da União de Paris e a outros acordos internacionais que protegem os direitos autorais em âmbito internacional.
Pode-se concluir que todas as justificativas apresentadas até o momento não são plausíveis, para efeito de recusa do acordo proposto. 
Encarecidamente, 
Nome. OAB. 
Especialista em Direito Cibernético.
Introdução da aula
Qual é o foco da aula?
Nesta aula, você verá a importância das marcas e patentes para a propriedade intelectual.
Objetivos gerais de aprendizagem
Ao longo desta aula, você irá:
· definir os tipos de patentes;
· descrever o registro de domínios no Brasil;
· explicar o que é marca.
Situação-problema
Você verá as questões relativas às marcas e às patentes, por intermédio da compreensão dos institutos da Lei de Propriedade Industrial – Lei nº 9.279/96.
Pensar em propriedade industrial já nos remete à ideia de propriedade intelectual, ou seja, aquilo que tem origem na criação humana. No campo do Direito Cibernético, é de fundamental importância a intersecção desse campo da regulação com as investigações atinentes ao ciberespaço, porque este âmbito das relações sociais tem sido um lugar privilegiado para o estudo do sistema protetivo da propriedade intelectual. 
O destaque, neste ensejo, está no entendimento dos mecanismos pelos quais se dá a tutela jurídico-estatal das patentes, quanto às invenções e aos modelos de utilidade, assim como no tocante ao registro das marcas. 
Neste sentido, conheceremos o que se considera e o que não se considera invenção ou modelo de utilidade, requisitos de patenteabilidade, tipos de patentes, inventos que não são patenteáveis e demais regras correlatas. Além disso, estudaremos o registro de nomes de domínio no Brasil e a forma de resolução de conflitos, no campo administrativo (extrajudicial), nestes casos.
Certo dia, uma equipe de socorristas acudiu uma vítima de acidente de trânsito. Segundo informações, a jovem teria sido atropelada por um motorista embriagado, que dirigia acima do limite de velocidade permitido na via. Durante o resgate, a equipe identificou costelas fraturadas, hemorragias graves na cabeça e uma lesão na espinha. Ao chegar ao hospital, as informações foram transmitidas ao médico de plantão, que prontamente iniciou os devidos socorros, levando a vítima à cirurgia.
Ao final do procedimento, a vítima se encontrava estável, porém havia a suspeita de que, passados alguns dias da recuperação, poderia vir a perder a capacidade motora da cintura para baixo, devido à grave lesão verificada. 
Foi então que o médico, como bom profissional que é e, sobretudo, se solidarizando com a jovem, iniciou uma profunda pesquisa, a fim de encontrar um procedimento cirúrgico que impediria a garota de ficar paraplégica. Durante suas pesquisas, encontrou o que parecia ser uma esperança: tratava-se de um método elaborado por um cirurgião que impedia que lesões dessa espécie viessem a comprometer a mobilidade dos membros inferiores. 
Após o consentimento da família e da paciente para a realização desse método, o médico, junto à equipe de enfermeiros, levou a jovem sedada à sala de cirurgia para realizar a operação. Depois de oito horas de uma cirurgia extremamente complexa e cansativa, o médico foi até a recepção do hospital para comunicar o resultado. Quando estava quase chegando lá, verificou que havia dezenas de repórteres, câmeras, jornalistas e curiosos; mesmo assim, seguiu em direção à família e informou, em um ar contente, sobre o êxito da cirurgia. A equipe cirúrgica recebeu vários elogios, tanto da família quanto dos demais, e em poucos dias a notícia do médico que reverteu uma paraplexia apareceu em vários jornais e canais de televisão. 
Ocorre que, durante essa fama, o criador do método utilizado para realizar a operação cirúrgica processou a equipe médica, afirmando possuir uma patente sobre aquele método, além de solicitar ao conselho de medicina que cassasse a licença dos profissionais envolvidos por violação ao direito de propriedade intelectual. 
Toda a equipe, em especial o médico que perfez o procedimento, ficou muito preocupada. 
Na sequência, buscaram você, em caráter de Especialista em Direito de Propriedade Intelectual, para elaborar um parecer jurídico sobre a questão. Afinal, há ou não violação da propriedade intelectual? A equipe médica deverá ser responsabilizada por algo? Considere suas conclusões por escrito, justificando sua opinião legal. 
O conjunto de normas jurídicas a serem estudadas permitirá que você tenha uma visão abrangente e conceitual suficiente para entender adequadamente as disposições específicas quanto à propriedade intelectual-industrial, notadamente para que esteja apto a refletir acerca da sua incidência nas relações abarcadas pelo campo de interesse do Direito Cibernético. 
Bons estudos!
Patente
Iniciaremos nossos estudos com a patente. De acordo com o art. 6º da Lei nº 9.279/1996, a autores de invenção ou modelo de utilidade, será assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta legislação. Logo, pode-se conceituar a patente como a forma de proteção em si, relativamente às invenções e aos modelos de utilidade, e como um título de propriedade temporária outorgado pelo Estado. 
Assim, é patenteável a invenção ou o modelo de utilidade. Quanto à invenção, é patenteável aquela que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Já o modelo de utilidade é patenteável o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
Três são os requisitos da patente, como mostra a imagem a seguir:
Requisitos da patente.
A novidade é reputada como requisito preenchido quando a invenção ou o modelo de utilidade não está compreendido no chamado “estado da técnica”, conforme dispõe o art. 11 da Lei de Propriedade Industrial (LPI), segundo o qual “é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17”.
A novidade, por conseguinte, é quando a invenção ou o modelo de utilidade representa algo desconhecido de todos, mesmo de pessoas especializadas (como cientistas) sobre um determinado assunto ou área do conhecimento. 
Ademais, a atividade inventiva ocorre quando, para uma pessoa técnica no assunto, a invenção não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica e, para o modelo de utilidade, sempre que, também para um técnico no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica, conforme disposto nos arts. 13 e 14, respectivamente, da LPI. 
Mas, quais seriam os tipos de patentes? Basicamente, o que acabamos de ver: a patente de invenção e a patente de modelo de utilidade. 
Por fim, a invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria, de acordo com o art.15 da LPI. 
Note que não se considera invenção nem modelo de utilidade:
I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
II - concepções puramente abstratas;
III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;
V - programas de computador em si;
VI - apresentação de informações;
VII - regras de jogo;
VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal;
IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais. (BRASIL, 1996, [s. p])
Ademais, deve-se perceber que, de acordo com o art. 18 da LPI, há inventos que, embora preencham os requisitos de patenteabilidade (novidade, atividade inventiva e aplicação industrial), não podem ser objeto de concessão de patente, devido a algum impedimento legal. Assim, não são patenteáveis:
O que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta. (BRASIL, 1996, [s. p.])
No Brasil, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é a autarquia federal responsável por processar os pedidos de patentes, as quais, se concedidas, resultam na chamada carta-patente, bem como os demais registros. 
O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:
· requerimento.
· relatório descritivo.
· reivindicações.
· desenhos, se for o caso.
· resumo.
· comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.
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📝 Exemplificando
Um pedido de patente quanto à criação de métodos de diagnóstico de uma doença viral seria, certamente, negado, devido ao óbice encontrado no inciso VIII do art. 10 da Lei nº 9.279/96.
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O pedido que não atender formalmente aos elementos citados, mas que contiver dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de 30 dias, sob pena de devolução ou arquivamento da documentação. Logo, cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data do recibo, Silveira.
O pedido de patente de invenção terá de se referir a uma única invenção ou a um grupo de invenções inter-relacionadas, de maneira a compreenderem um único conceito inventivo. 
O pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 meses contados da data de depósito ou da prioridade mais antiga, quando houver, após o que será publicado. Uma vez publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação, pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame, de modo que este não será iniciado antes de decorridos 60 dias da publicação do pedido. 
O exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer interessado, no prazo de 36 meses, contados da data do depósito, sob pena do arquivamento do pedido. Concluído o exame, será proferida decisão, deferindo ou indeferindo o pedido de patente. A patente será concedida depois de deferido o pedido e comprovado o pagamento da retribuição correspondente, expedindo-se a respectiva carta-patente.
Ainda sobre as patentes, note que a patente de invenção tem prazo de 20 anos, a contar do depósito, e de, no mínimo, 10 anos, a contar da concessão; já a patente de modelo de utilidade tem prazo de 15 anos, a contar do depósito, e de, no mínimo, sete anos, a partir da concessão.
Trataremos, agora, do chamado modelo de utilidade. O modelo de utilidade pode ser patenteado, como já sabemos. Logo, é patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação (DONELAS, 2018). 
O modelo de utilidade tem a ver com as criações que possuam caráter técnico-científico de natureza funcional, relacionadas à forma e disposição introduzida em objeto de uso prático, ou apenas parte deste, conferindo ao objeto, já conhecido pelo estado da técnica, uma melhoria funcional no uso ou na fabricação. Já a invenção é a que resulta diretamente do intelecto do inventor, que apresenta solução nova para problemas existentes em uma determinada área. 
Os requisitos para que se possa considerar o modelo de utilidade são: aplicação industrial, melhoria funcional e ato inventivo. Aplicação industrial é o fato de o objeto ser passível de utilização ou fabricação pela indústria. Melhoria funcional é a maior praticidade alcançada pelo uso do objeto, de modo que deve ser detalhada pelo depositando do pedido de patente. Por fim, ato inventivo refere-se à norma forma, que não seja decorrente do estado da técnica ou da melhoria.
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📝 Exemplificando
Considerando a pandemia da COVID-19, em que termos se dá a discussão sobre a quebra de patente das vacinas desenvolvidas?
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O pedido de patente de modelo de utilidade seguirá o mesmo procedimento daquele visto para a patente de invenção.
Marcas
⚠️ Atenção 
De acordo com o art. 44 da LPI, ao titular da patente é assegurado o direito de obter indenização pela exploração indevida de seu objeto, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do pedido e a da concessão da patente. Se o infrator obteve, por qualquer meio, conhecimento do conteúdo do pedido depositado anteriormente à publicação, contar-se-á o período da exploração indevida para efeito da indenização a partir da data de início da exploração. 
Quando o objeto do pedido de patente se referir a material biológico, o direito à indenização será somente conferido quando o material biológico se tiver tornado acessível ao público. Por fim, o direito de obter indenização por exploração indevida, inclusive com relação ao período anterior à concessão da patente, está limitado ao conteúdo do seu objeto.
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Agora, falaremos sobre as marcas.
Importante direito industrial é a marca, que é protegida mediante a concessão de registro, definida pelo art. 122 da LPI, como os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. Nota-se que, no Brasil, o que importa é o elemento que seja visualmente perceptível, de modo que estão excluídos do contexto da marca a possibilidade de registro relativamente a aspectos sonoros, olfativos e gustativos. 
Ademais, alguns sinais não podem ser registrados como marca, como disciplina o extenso rol do art. 124 da LPI, por exemplo: brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, designação de sigla de órgão público, sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda, cores e suas denominações, nome civil ou assinatura, pseudônimo ou apelido notoriamente reconhecido, obra literária, artística ou científica, termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, etc. 
A marca, em suma, tem a finalidade de identificar determinado produto ou serviço do empresário, para distingui-lo dos demais. Com efeito, a disciplina legal das marcas encontra guarida na Lei de Propriedade Industrial (LPI – Lei nº 9.279/96), no Título III, a partir do art. 122. 
Em relação aos requisitos das marcas, temos que tecer alguns comentários. A distintividade (distinção da marca) tem a função de identificar determinado produto ou serviço do empresário, distinguindo-o dos demais. A marcadeve, assim, ser individualizadora do produto ou serviço que identifica. A novidade diz respeito à exigência de que a marca seja nova no contexto do mercado, de modo que não poderá existir outra que seja idêntica ou semelhante, que já esteja em utilização. Importante mencionar que não é um critério absoluto, pois as marcas que porventura sejam idênticas ou semelhantes não estão estritamente proibidas. 
Porém, isso somente será possível se as marcas idênticas ou semelhantes tenham contextos de mercado diferentes, isto é, não podem ter afinidade mercadológica. A veracidade tem relação com a proteção do consumidor, para que a marca não indique qualidades inexistentes. A licitude, com efeito, indica que a marca não pode ser contrária à moral ou aos bons costumes, tampouco para atividade ilícita, assim considerada sistematicamente pela legislação. 
De acordo com o art. 123 da LPI, tem-se algumas espécies de marcas. 
A marca de produto ou serviço é aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. A marca de certificação é a aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, à natureza, ao material utilizado e à metodologia empregada. Já a marca coletiva é aquela para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade.
Ainda, é válido comentar sobre a chamada marca de alto renome e a marca notoriamente reconhecida. 
À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada proteção especial, em todos os ramos de atividade, de acordo com o art. 125 da LPI – neste caso, sua proteção não está restrita ao ramo de atividade originalmente concedida (ex. Bombril). 
Por sua vez, a marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade, nos termos do art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil, conforme disposto no art. 126 da LPI. Neste caso, a marca está limitada ao ramo de atividade específica; esse reconhecimento advém depois de ela ter conquistado elevado grau de conhecimento. 
Em princípio, a marca somente estará verdadeiramente protegida no respectivo âmbito mercadológico de produtos ou serviços se estiver registrada. Somente o registro concede o direito de propriedade da marca, portanto. O órgão responsável pelo registro e pela fiscalização, como já sabemos, é o INPI. 
A regra geral para o registro da marca é a novidade, como já foi falado, observando os impedimentos previstos no art. 124, também comentado. Quanto ao mecanismo, deve-se realizar busca para saber se a marca já se encontra registrada. Após, deposita-se o pedido no INPI, com a especificação (detalhamento) do ramo mercadológico. 
O trâmite leva em torno de 24 meses, é público, de modo que possibilita que interessados ofertem impugnações. Com o pedido protocolado, é dada publicidade na Revista da Propriedade Industrial, de modo que eventuais lesados poderão se manifestar no prazo de 60 dias. Depois, o INPI conclui o exame e profere decisão. Se deferido e após o recolhimento da competente taxa, será emitido certificado de registro da marca, com período de vigência de 10 anos.
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🔁 Assimile
Patente serve para a proteção da invenção ou do modelo de utilidade. Já o registro é utilizado para a proteção das marcas.
Registros de nomes de domínio no Brasil
Por último, é preciso falar sobre registro de nomes de domínio no Brasil e a resolução de conflitos nesta seara.
O desenvolvimento e a expansão da internet criaram um problema no que se refere ao seu uso comercial. Trata-se de atribuição dos nomes para os sítios eletrônicos, em razão do potencial conflito com marcas já registradas e com nomes de figuras públicas, como as pessoas que são famosas na mídia. Usualmente, os computadores faziam uso de um mesmo processo de comunicação, chamado de TCP/IP (o endereço de IP).
Esse endereço é composto por uma série de números, que é bastante complexa. Como os endereços deste tipo são muito difíceis de seres memorizados, tanto pelas pessoas quanto pelas empresas, criou-se o sistema de nomes de domínio, cuja tarefa é facilitar o endereçamento e a localização dos computadores na rede mundial (internet). É por isso que, quando buscamos algum site, ao invés de utilizarmos o endereço de IP, utilizamos o nome, por exemplo: www.onome.com.br. 
No Brasil, os registros de nomes de domínio são feitos no site registro.br. Ele é o departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) responsável pelas atividades de registro e manutenção dos nomes de domínios que usam o .br. Por sua vez, o NIC.br foi criado para implementar as decisões e os projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que é o responsável por coordenar e integrar as iniciativas e os serviços da internet no país. 
Aquele interessado em registrar um nome de domínio na internet poderá assim proceder, mediante o registro de um nome que represente uma marca, um nome qualquer, um nome empresarial, etc. Acontece que esta titularidade pode não pertencer àquele que intenta o registro. 
Tal se dá porque o registro de nomes de domínio de sítios eletrônicos é feito por intermédio do sistema “first come, first served”, isto é, literalmente, o primeiro que chegar pode registrar, de modo que não precisará demonstrar ou comprovar que é titular de marca ou nome empresarial. 
Neste sentido dispõe a Resolução CGI.br/RES/2008/008/P (do Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br), segundo a qual um nome de domínio disponível para registro será concedido ao primeiro requerente que satisfizer, quando do requerimento, as exigências para o registro. 
Logo, é possível (e, com efeito, há) violações potenciais a nomes e marcas que já sejam de titularidade de pessoas (físicas ou jurídicas) que não aquela que primeiro intentou o registro do nome de domínio (SANTOS; JABUR; ASCENÇÃO, 2020). 
Conforme a Resolução CGI.br/RES/2008/008/P:
Constitui-se em obrigação e responsabilidade exclusivas do requerente a escolha adequada do nome do domínio a que ele se candidata. O requerente declarar-se-á ciente de que não poderá ser escolhido nome que desrespeite a legislação em vigor, que induza terceiros a erro, que viole direitos de terceiros, que represente conceitos predefinidos na rede Internet, que represente palavras de baixo calão ou abusivas, que simbolize siglas de Estados, Ministérios, ou que incida em outras vedações que porventura venham a ser definidas pelo CGI.br. (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, 2008, p. 2)
Vale ressaltar que é permitido o registro de nome de domínio apenas para entidades que funcionem legalmente no país, profissionais liberais e pessoas físicas, conforme disposto na mencionada Resolução. No caso de empresas estrangeiras, poderá ser concedido o registro provisório, mediante o cumprimento de algumas exigências (como procurador constituído no Brasil, declaração de atividade comercial, compromisso que a empresa estabelecerá sua atividade no Brasil no prazo de 12 meses, etc.). 
O Decreto nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, criou o Comitê Gestor da Internet no Brasil, o qual dispõe sobre o modelo de governança da internet no Brasil e dá outras providências. O comitê terá as seguintes atribuições:
I - estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil;
II - estabelecer diretrizes para a organização das relações entre o Governo e a sociedade, na execução do registro de Nomes de Domínio, na alocação de Endereço IP (Internet Protocol) e na administração pertinente ao Domínio de Primeiro Nível (ccTLD - country code Top Level Domain), " .br ", no interesse do desenvolvimento da Internet no País;
III - propor programas de pesquisa e desenvolvimento relacionados à Internet, que permitam a manutenção do nível de qualidade técnica e inovação no uso, bem como estimular a sua disseminação em todo o territórionacional, buscando oportunidades constantes de agregação de valor aos bens e serviços a ela vinculados;
IV - promover estudos e recomendar procedimentos, normas e padrões técnicos e operacionais, para a segurança das redes e serviços de Internet, bem assim para a sua crescente e adequada utilização pela sociedade;
V - articular as ações relativas à proposição de normas e procedimentos relativos à regulamentação das atividades inerentes à Internet;
VI - ser representado nos fóruns técnicos nacionais e internacionais relativos à Internet;
VII - adotar os procedimentos administrativos e operacionais necessários para que a gestão da Internet no Brasil se dê segundo os padrões internacionais aceitos pelos órgãos de cúpula da Internet, podendo, para tanto, celebrar acordo, convênio, ajuste ou instrumento congênere;
VIII - deliberar sobre quaisquer questões a ele encaminhadas, relativamente aos serviços de Internet no País; e IX - aprovar o seu regimento interno. (BRASIL, 2003, [s. p.])
Neste sentido, há o Sistema Administrativo de Conflitos de Internet relativos a nomes de domínios sob o ".br" – SACI-Adm –, que serve para resolução de conflitos existentes entre o titular de um nome de domínio no “.br” e qualquer terceiro (reclamante) que venha a contestar a legitimidade do nome antes registrado. 
O sistema se limita a determinar a manutenção do registro, a hipótese da sua transferência ou até mesmo o seu cancelamento. A adesão do titular ocorre mediante um contrato, que é firmado quando do registro de nomes de domínio. Vale dizer que referido sistema não se presta a fixar indenizações, que deverão ser pleiteadas pela via judicial.
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⚠️ Atenção
De acordo com o art. 11 do Código Civil (BRASIL, 2002), com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. O nome da pessoa natural é um exemplo de direito da personalidade, além da imagem e da honra. 
Logo, sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial, assim como não pode ser utilizado para fins de exploração econômica, por outra pessoa, em sítios de internet ou em nomes de domínio, sem autorização expressa e inequívoca ciência. O terceiro que verificar indevida utilização do seu nome tem direito de cancelar o registro, a não ser que se trate de homônimo, respeitado o princípio da boa-fé (uso conforme a razoabilidade, probidade, honestidade, etc.).
Conclusão
Diante do caso exposto, é necessário analisar a Lei nº 9.279/96 (Lei de Propriedade Industrial), que trata sobre patentes. 
A equipe médica que realizou a cirurgia estava sendo acusada de violar a propriedade industrial do profissional criador do método, baseando-se em uma suposta patente referente ao procedimento cirúrgico de sua autoria que a equipe teria se aproveitado. No entanto, aqui cabe pontual crítica, na medida que a própria lei supracitada traz, em seu art. 10, o seguinte:
Não se considera invenção nem modelo de utilidade: 
[...] VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal.
(BRASIL, 1996, [s. p.])
Logo, não se considera invenção nem modelo de utilidade, para efeitos de patente, técnicas e métodos operatórios e cirúrgicos, de modo que se pode extrair três possibilidades:
A patente realmente existe e foi concedida ao médico, contrariando seu próprio texto. 
A patente está sob crivo do Instituto Nacional de Proteção de Dados (INPI) em formato de pedido de registro e, se observar os dispositivos legais, de certo será negada. A patente, ou sequer o pedido de patente, existe.
De todo modo, fica evidente a incompatibilidade desta patente com a lei, de sorte que reservar o direito à exploração exclusiva ao autor de um método cirúrgico é atentar diretamente contra expressa previsão.
Logo, em observância à LPI, torna-se totalmente incompreensível falar em patentes sobre métodos operatórios em humanos, não sendo válida a acusação de violação de propriedade intelectual.
Introdução da aula
Qual é o foco da aula?
Nesta aula, você verá aspectos do direito autoral na era digital.
Objetivos gerais de aprendizagem
Ao longo desta aula, você irá:
· explicar o direito autoral;
· descrever domínio público;
· definir a era digital.
Situação-problema
Vamos nos dedicar ao estudo do direito autoral na era digital. 
Conhecer os direitos autorais abrange uma significativa parcela dos direitos relacionados à propriedade intelectual. É possível dizer que esse direito responde pelo complexo de normas jurídicas que indicam a proteção de criações intelectuais de um determinado titular. 
Aliás, essa proteção quanto ao direito de autores não é muito antiga, você sabia? Apenas no final do século XVIII que ela começou a acontecer. Imagine, atualmente, a importância desta temática, sobretudo quando falamos da real necessidade de proteção dos direitos autorais frente aos desafios trazidos pelo ciberespaço. 
Por conseguinte, o direito cibernético tem uma especial veia de atenção neste campo, porquanto as relações digitais aumentaram as situações em que se verifica a presença dos direitos de autores, seja em relação à exploração econômica ou em relação à prática de violações de todo gênero. 
Para tanto, conheceremos a natureza jurídica do direito autoral, bem como quais são as obras protegidas, o registro, a transferência, alguns dos crimes e a questão do domínio público. Por fim, especificamente na era digital, veremos a responsabilidade civil pela violação dos direitos autorais na internet.
Um coordenador do curso de Direito da faculdade que você estudou ficou sabendo, por meio das redes sociais, acerca da sua especialização em direito autoral e lhe convidou para realizar uma palestra on-line aos alunos. O convite havia sido enviado por e-mail, conforme segue: 
“Prezado ex-estudante, 
Recentemente tomei conhecimento da sua especialização em direito autoral, tema que porventura estou ministrando aos discentes do terceiro semestre do curso de Direito. Nesse sentido, reconhecendo a sua vida pregressa de estudante e depositando em você a mais sincera confiança, é que venho, por meio deste, convidá-lo para a realização de uma palestra on-line, na segunda-feira da semana porvir, sobre direito autoral e a única teoria sobre sua natureza jurídica. 
Aguardo ansiosamente a sua resposta a esse convite e espero que você possa contribuir para estudantes no ensinamento desse direito da personalidade. Aliás, tenho certeza de que contribuirá. Encarecidamente, 
Coordenador.”
Ao receber o convite, você fica muito contente e prontamente o aceita, porém não consegue deixar de notar o equívoco que o coordenador cometeu ao propor apenas uma única teoria sobre a natureza jurídica do referido direito. 
Logo, você decide responder ao e-mail afirmando não existir apenas uma única teoria para explicar isso, mas várias, aproveitando para explicar cada uma delas. Agora, você deve elaborar um texto que aponte as teorias acerca da natureza jurídica do direito autoral, explicando-as. 
Sigamos em frente em mais este degrau dos nossos estudos. Temos ido bem e continuaremos assim.
Bons estudos!
O que é direito autoral?
O direito autoral consiste em instituto originado da propriedade intelectual, que tem por finalidade amparar o autor de uma determinada criação, assim como o conjunto de direitos que advêm desta, que têm como objetivo protegê-los. “O Direito de Autor constitui uma categoria jurídica relativamente recente, que começou a se consolidar a partir das leis revolucionárias francesas de 1791 e 1793.”, segundo Zanini.
Trata-se da proteção do vínculo jurídico existente entre autor e obra, por essa consistir na própria exteriorização da personalidade humana, do criador, sobretudo com resguardo dos interesses patrimoniais correspondentes. 
Desta maneira:
Direito de autor é o direito que o criador de obra intelectual tem de gozar dos produtos resultantes da reprodução, da execução ou da representação de suas criações [...]quando falamos de direito de autor, estamos nos referindo às leis que têm por objetivo garantir ao autor um reconhecimento moral e uma participação financeira em troca da utilização da obra que ele criou. (AFONSO, 2009, p. 10)
A Lei nº 9.610/98 consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Ela regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos. Neste contexto, perceba que, “em breve noção, pode-se assentar que o Direito de Autor ou Direito Autoral é o ramo do Direito Privado que regula as relações jurídicas, advindas da criação e da utilização econômica de obras intelectuais estéticas e compreendidas na literatura, nas artes e nas ciências", segundo Bittar.
Ademais, os direitos conexos são entendidos como aqueles pertencentes aos artistas intérpretes ou executantes (por exemplo, atores, cantores, músicos, etc.), bem como aos produtores de fonogramas e aos organismos de radiodifusão.
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🔁 Assimile
A expressão “direitos autorais” diz respeito aos direitos do autor propriamente dito, bem como em relação aos direitos conexos.
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Questão interessante diz respeito à natureza jurídica dos direitos autorais. Várias teorias já tentaram apresentar uma resposta. Há perspectivas que tendem a enquadrá-lo no campo de direitos da personalidade, outras como direito de propriedade.
(a) teoria da propriedade (concepção clássica dos direitos reais) – a obra seria um bem móvel, e o seu autor seria titular de um direito real sobre aquela;
(b) a teoria da personalidade – a obra é uma extensão da pessoa do autor, cuja personalidade não pode ser dissociada do produto de sua inteligência;
(c) a teoria dos bens jurídicos imateriais – reconhece ao autor um direito absoluto sui generis sobre sua obra, de natureza real, existindo – paralelamente – o direito de personalidade, independente, que consiste na relação jurídica de natureza pessoal entre o autor e a obra;
(d) a teoria dos direitos sobre bens intelectuais – o direito das coisas incorpóreas (obras literárias, artísticas e científicas, patentes de invenção e marcas de comércio), e, finalizando, a teoria dualista [...], conciliando as teses anteriores. (NETTO, 2019, p. 134)
A verdade é que, na prática, trata-se de uma fusão entre ambos os horizontes. O direito autoral compreende tanto algo proveniente do intelecto humano e, assim, da sua personalidade, honra, nome e imagem, quanto possui repercussão econômica e, portanto, patrimonial, no sentido de consistir numa propriedade (NETTO, 2019).
Assim:
[...] o direito à intimidade, à liberdade de expressão, à vida, à educação, não contém vínculo de ordem patrimonial, o mesmo não ocorre em relação à criação intelectual: juntamente com o direito moral de autor (que é um dos ramos dos direitos da personalidade), nasce um bem (a obra intelectual) que entra para o campo da propriedade exclusiva do seu autor. (NETTO, 2019, p. 133)
Em relação à Lei nº 9.610/98, alguns comentários merecem ser feitos. Quanto à sua natureza legal, o art. 3º é cristalino ao prever que os direitos autorais são considerados como bens móveis. Além disso, os negócios jurídicos que tenham a ver com direitos autorais devem ser interpretados de maneira restritiva, de modo a proteger a criação intelectual na totalidade da sua envergadura. 
Interessante saber que, de acordo com o art. 2º, “os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados em vigor no Brasil” (BRASIL, 1998, [s. p.]). O disposto nessa legislação também será aplicado aos nacionais ou às pessoas domiciliadas em país que assegura aos brasileiros ou às pessoas com domicílio no Brasil tratamento recíproco quanto à proteção dos direitos autorais. 
Os atributos do direito autoral são, principalmente: autoria, nome, integralidade, exclusividade, ineditismo, direito de retirada de circulação e preservação da memória. Autoria, quanto à origem pessoal da obra; nome, quanto à designação dada à obra; integralidade, quanto ao direito de veiculação; exclusividade, quanto ao direito de uso conferido pelo autor ou por quem este autorizar; ineditismo, quanto ao direito de manter a obra para si, sem divulgação; direito de retirada de circulação, para fins de alteração ou por razões de foro íntimo; preservação da memória, quanto ao resguardo de sua estética.
A autoria é comprovada desde o momento da criação da obra, de modo que não é necessário que se perfaça qualquer registro. Apesar disso, a fim de se visar ao resguardo de interesses do autor, pode ser interessante a guarda dos comprovantes de publicação de textos, por exemplo, assim como proceder-se ao registro formal da obra em instituições, como bibliotecas públicas ou no próprio INPI. O objetivo é, com efeito, diminuir riscos quanto à eventual apropriação ou ao uso indevido. 
De todo modo, segundo o art. 11 da Lei nº 9.610/98, autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica. Para se identificar como autor, o criador da obra literária, artística ou científica poderá usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional.
Mas, quais seriam as obras protegidas? Primeiro, entenda que por obra protegida deve-se entender as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte (tangível ou intangível), seja ele conhecido ou ainda sequer inventado. 
Note que:
As obras intelectuais tendem a perpetuar-se, como testemunhas da própria evolução do homem – e de seus diferentes estilos – e como instrumentos perenes de transmissão de conhecimentos e de sensibilização, mas os direitos sobre elas incidentes, sob o aspecto patrimonial, cedem à ação do tempo previsto na lei e os vínculos de exclusividade rompem-se, passando a respectiva exploração ao domínio de qualquer interessado (domínio público). (BITTAR, 2019, p. 119)
O art. 7º da Lei nº 9.610/98 indica como exemplos de obras protegidas:
"I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;
III - as obras dramáticas e dramático-musicais;
IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma;
V - as composições musicais, tenham ou não letra;
VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;
VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia;
VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;
IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;
X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;
XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova;
XII - os programas de computador;
XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual." (BRASIL, 1998, [s. p.])
Aspectos de direito autoral
Por outro lado, é importante que você conheça aquilo que não é objeto de proteção em termos de direitos autorais. Essa informação vem por meio do art. 8º da Lei nº 9.610/98:
I - as ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais;
II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios;
III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas instruções;
IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais;
V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou legendas;
VI - os nomes e títulos isolados;
VII - o aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras. (BRASIL, 1998, [s. p.])A criação de uma obra corresponde a uma extensão da personalidade do autor, que poderá ter repercussões econômicas. No entanto, de uma perspectiva estritamente intelectual, há uma série de direitos do autor que são considerados como morais, como aqueles que se encontram disciplinados no âmbito do art. 24 da Lei nº 9.610/98, como:
I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; 
II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; 
III - o de conservar a obra inédita; 
IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; 
V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; 
VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem; 
VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. Vale ressaltar que os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis. (BRASIL, 1998, [s. p.])
Além disso, com base no art. 28 da Lei de Direitos Autorais, cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. Consequentemente, de acordo com o art. 29, depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:
I - a reprodução parcial ou integral; 
II - a edição; 
III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; 
IV - a tradução para qualquer idioma; 
V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual; 
VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra; 
VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário; 
VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante:
a) representação, recitação ou declamação;
b) execução musical;
c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos;
d) radiodifusão sonora ou televisiva;
e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de frequência coletiva;
f) sonorização ambiental;
g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado;
h) emprego de satélites artificiais;
i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados;
j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas; 
IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero; 
X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas. (BRASIL, 1998, [s. p.])
Em consonância com o art. 30 da Lei nº 9.610/98, no exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais poderá colocar à disposição do público a obra, na forma, no local e pelo tempo que desejar, a título oneroso ou gratuito.
O direito de exclusividade de reprodução não será aplicável quando ela for temporária e apenas tiver o propósito de tornar a obra, fonograma ou interpretação perceptível em meio eletrônico ou quando for de natureza transitória e incidental, desde que ocorra no curso do uso devidamente autorizado da obra pelo titular. 
Em qualquer modalidade de reprodução, a quantidade de exemplares será informada e controlada, cabendo a quem reproduzir a obra a responsabilidade de manter os registros que permitam, ao autor, a fiscalização do aproveitamento econômico da exploração. Ademais, quando uma obra feita em regime de coautoria não for divisível, nenhum dos coautores, sob pena de responder por perdas e danos, poderá, sem consentimento dos demais, publicá-la ou autorizar-lhe a publicação, salvo na coleção de suas obras completas.
Neste sentido, os direitos de autor poderão ser totais ou parcialmente transferidos a terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio de licenciamento, concessão, cessão ou por outras formas admitidas em Direito, obedecidas às seguintes limitações, consoante o art. 49 da Lei de Direitos Autorais:
I - a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza moral e os expressamente excluídos por lei; 
II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante estipulação contratual escrita;
III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo será de cinco anos; 
IV - a cessão será válida unicamente para o país em que se firmou o contrato, salvo estipulação em contrário; 
V - a cessão só se operará para modalidades de utilização já existentes à data do contrato; 
VI - não havendo especificações quanto à modalidade de utilização, o contrato será interpretado restritivamente, entendendo-se como limitada apenas a uma que seja aquela indispensável ao cumprimento da finalidade do contrato. (BRASIL, 1998, [s. p.])
Ademais, a cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre por escrito, presume-se onerosa. Note que a cessão dos direitos de autor sobre obras futuras abrangerá, no máximo, o período de cinco anos.
Sobre o domínio público, considerações interessantes podem ser feitas. Os direitos patrimoniais do autor perduram por 70 anos, contados de 1º de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida à ordem sucessória da lei civil, prazo também aplicado às obras póstumas.
Quando a obra literária, artística ou científica realizada em coautoria for indivisível, aquele prazo previsto será contado da morte do último dos coautores sobreviventes. Por outro lado, será de 70 anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre as obras anônimas ou pseudônimas, contado de 1º de janeiro do ano imediatamente posterior ao da primeira publicação. 
O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e fotográficas será de 70 anos, a contar de 1º de janeiro do ano subsequente ao de sua divulgação. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores e as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e tradicionais.
Note que não constitui ofensa aos direitos autorais, dentre outros, conforme rol do art. 46 da Lei nº 9.610/98: reprodução, com menção do nome do autor; reprodução, de pequenos trechos, para uso privado; citação em livros, jornais, para fins de estudo, com indicação do nome e obra; utilização para prova judiciária ou administrativa. 
Violação de direitos autorais
A violação de direitos autorais é crime previsto no Código Penal Brasileiro, no art. 184, no Título III, dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial, e sua pena pode constituir em detenção de três meses a quatro anos e multa. 
Com efeito, o caput do artigo citado indica que é crime “violar direitos de autor e os que lhe são conexos”. Neste caso, da forma simples, a pena é de detenção de três meses a um ano ou multa. 
O dispositivo traz, no entanto, formas qualificadas, como a do §1º, quando a violação consistir em reprodução total ou parcial com intuito direito ou indireto de obtenção de lucro, resultando em pena de reclusão de dois a quatro anos e multa; do §2º, quando incorrenas mesmas penas quem, com o intuito de lucro, distribuir, vender, etc., cópia de obra ou original reproduzido com violação do direito de autor, de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma; do §3º, quando se prevê uma pena de reclusão de dois a quatro anos e multa, se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante 
cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente.
(BRASIL, 1940, [s. p.])
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💭 Reflita
Incorre em prática delitiva, à luz da legislação brasileira, quem compartilha, por e-mail ou meio congênere, arquivos de obras que foram digitalizadas, sem que haja ocorrido pagamento de direitos autorais aos titulares respectivos?
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Responsabilidade civil
Por fim, tratemos da responsabilidade civil pela violação de direitos autorais na internet. 
Como já vislumbrado, o advento de novas tecnologias de comunicação, em especial a internet, causou um grande impacto às relações jurídicas como um todo. 
As qualidades da internet, tais como a dinamicidade, a anonimização e a capacidade de interligação em grandes distâncias de forma ágil, ao mesmo tempo que significaram uma excelente ferramenta facilitadora da comunicação, acabaram por criar, paralelamente, um local propício para a violação dos direitos autorais. Diante disso, surge a seguinte pergunta: quem responsabilizar? 
Para responder a essa questão, devemos, em primeiro lugar, traçar quais são os agentes da rede. De forma simplificada podemos distingui-los entre provedores e usuários. Deste modo, limitamos a nossa pergunta a duas respostas, ou seja, será o provedor ou o usuário quem deve se responsabilizar, e essa decisão, evidentemente, variará de acordo com o caso concreto.
Quando o provedor será responsabilizado? E em que caso o usuário será responsabilizado? 
Responsabilidade do provedor.
O legislador, ao criar essa norma, provavelmente, compreendeu que não seria adequado punir o provedor, dada a sua incapacidade técnica de observar absolutamente cada ação que um usuário realiza e a ausência de nexo causal entre a ação de prover acesso e violar um direito. 
Todavia, o legislador, no art. 21 daquela lei, prevê a sua responsabilização se caso houver sido notificado nada fazer para mitigar a recorrência daquele incidente, pois aqui, sim, há relação casuística, ainda que indireta, entre a ação de prover indevidamente e a ação de violar. 
Mas, e o usuário? A nossa legislação não traz em específico nenhuma disposição sobre a violação dos direitos autorais na internet, contudo traz sanções e responsabilidades civis sobre a simples violação. Entende-se, portanto, que, até o momento, o desrespeito ao direito autoral no ordenamento jurídico brasileiro independe do meio em que se perfaz. Em outras palavras, a lei entende que a internet é apenas o instrumento para a consumação, para tanto deve-se observar o que dispõe a Lei nº 9.610/98, que traz no Título VII, Capítulo II, as sanções civis aos transgressores. 
De acordo com esta lei, o titular, cuja obra seja fraudulentamente reproduzida ou divulgada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (vide art. 102). 
Não obstante, aquele que já editou a obra sem autorização do titular perderá os exemplares que se apreenderem e, ainda, deverá pagar o preço dos que já tiver vendido (vide art. 103). E, caso não seja conhecida a quantidade vendida, deverá pagar a quantia de três mil exemplares, mais os apreendidos. Ainda nesta seara, o artigo art. 104 da Lei nº 9.610/98 define que:
Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior. (BRASIL, 1998, [s. p.])
Nesse sentido, aplicando ao cenário da internet, confira o precedente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o assunto:
Quem viabiliza tecnicamente, quem se beneficia economicamente e, ativamente, estimula a criação de comunidades e páginas de relacionamento na internet é tão responsável pelo controle de eventuais abusos e pela garantia dos direitos da personalidade de internautas e terceiros como os próprios internautas que geram e disseminam informações ofensivas aos valores mais comezinhos da vida em comunidade, seja ela real, seja virtual. (STJ, RECURSO ESPECIAL 1.117.633/RO. Relator: Ministro Herman Benjamin. 9-3-2010)
Ademais, todo o conteúdo transmitido ou retransmitido por qualquer meio deverá ser imediatamente suspenso ou interrompido, independentemente das sanções penais cabíveis. Sendo assim, é possível afirmar que, no caso da internet, haveria a remoção dos locais onde se encontram os conteúdos violadores. Contudo, neste ponto, cabe uma crítica pontual, de forma que a rápida disseminação e a facilidade do acesso dos usuários podem resultar em sua disponibilidade quase que eterna na rede.
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📝 Exemplificando
Imagine uma situação em que uma editora tenha seu livro recém-publicado, adquirido por um indivíduo que o digitaliza e, em seguida, o publica na internet. A rápida disseminação fará com que esse livro seja acessado no mundo todo e, mesmo após a ordem judicial para a remoção dos exemplares disseminados (o que é muito difícil), aqueles que fizeram o download do livro ainda o terão e poderão publicá-lo novamente, perpetuando o ciclo de violações.
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Tendo em vista essa dificuldade, ainda que não de forma específica para a internet, o legislador tentou tornar as sanções a essas violações bastante rígidas, a fim de desestimular tal prática, de modo que, conforme o art. 105 Lei nº 9.610/98, “[...] caso se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos dos titulares de direitos de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até o dobro”. 
E, ainda, a “sentença condenatória poderá determinar a destruição de todos os exemplares ilícitos, bem como as matrizes, moldes, negativos e demais elementos utilizados para praticar o ilícito civil [...]”.
Finalmente, pode-se concluir que ainda há muito em que se falar em violações dos direitos autorais na internet (um instrumento que, ao mesmo tempo, é uma ótima ferramenta de comunicação e um ambiente de risco para o direito autoral) e que, apesar do esforço do legislador em desestimular essas infrações por meio de sanções severas, elas ainda ocorrem e tendem a ocorrer.
Conclusão
É interessante formular uma resposta ao coordenador, no seguinte modelo:
"Prezado coordenador, uma vez aceito o convite feito por Vossa Senhoria, cumpre consignar algumas ponderações, com todo respeito.
Não se pode atribuir apenas uma teoria de natureza jurídica para o direito autoral. Na verdade, existem várias, e a discussão sobre qual a correta ainda continua nos campos acadêmicos, sendo um dos muitos conflitos a serem solucionados. 
Vejamos algumas das principais teorias sobre o assunto.
Inicialmente, surge a teoria da propriedade, uma concepção clássica dos direitos reais, em que a obra seria um bem móvel, e o criador, um titular de um direito real sobre a coisa. 
Depois, temos a teoria da personalidade, em que a obra se trata de uma extensão da pessoa do autor, cuja personalidade não pode ser dissociada do produto de sua inteligência. 
Não obstante, tem-se a teoria dos bens jurídicos imateriais, que, em suma, reconhece ao autor um direito absoluto sui generis sobre sua obra, de natureza real, existindo paralelamente o direito de personalidade, independente, que

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