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Direito tributário @Guriado.direito Noções introdutórias O direito tributário é um ramo do direito publico A doutrina diverge sobre o conceito de direito tributário, em suma podemos conceituar da seguinte forma: É a ciência que estuda o conjunto de regras e princípios inerentes à criação, arrecadação e fiscalização dos tributos. O conceito legal de tributo está expresso no art. 3º do CTN, que traz que: Tributo é toda a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela possa exprimir, que não constitua ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Podemos então resumi-la no seguinte quadro: Natureza jurídica do tributo = O tributo é uma prestação instituída prevista em lei (fato gerador) que surge de uma obrigação de pagar tributo. A natureza jurídica do tributo é determinada no art. 4º do CTN, para ele somente o fato gerador é quem determina a natureza jurídica do tributo. O CTN segue a teoria tripartite, que traz somente 3 espécies de tributos (art. 5º): impostos, taxas e contribuições de melhoria. As definições desses tipos de tributos estão elencadas no CTN, vejamos a seguir: Impostos (art. 16) Taxa (art. 77) Contribuições de melhoria (art. 81) A CF/1988 trouxe mais duas espécies de tributos: Contribuições especiais (art. 149 e 149-A da CF) Empréstimos compulsórios (art. 148 da CF) Assim, a Constituição passou a adotar a teoria pentapartida que adota as espécies do CTN e da CF. A finalidade do tributo na sociedade é obrigacional = significa dizer que se refere a relação de credito e debito entre os sujeitos: De um lado o polo ativo como credor (pessoas jurídicas de direito publico interno os tributantes) e no polo passivo o contribuinte (as pessoas físicas ou jurídicas). Competência tributária = somente a CF entregará poderes para que seus respectivos entes (União, Estados, DF e Municípios) venham a criar as espécies tributárias. Características da competência tributária: Indelegável = nenhum ente poderá transferir a sua competência de criar, majorar, reduzir ou extinguir tributo (art. 7 do CTN) Facultativa = o ente competente somente criará o tributo de sua competência se assim desejar (art. 145 da CF) Irrenunciável = nenhum ente poderá abrir mão e/ou renunciar a competência tributaria para outro ente ou para pessoas jurídicas de direito privado. Inalterável = a competência tributaria não pode ser alterada por norma infraconstitucional, somente por emenda à constituição. Classificação dos tributos Quanto a finalidade = fiscal, extrafiscal e parafiscal Fiscal = Quando a principal razão da sua instituição é a arrecadação, a Direito Tributário I Direito tributário @Guriado.direito obtenção de recursos para os cofres públicos Extrafiscal = Quando a principal função do tributo instituído for regular algum setor econômico ou social, influenciando o comportamento dos contribuintes Parafiscal = Quando a principal função do tributo é de arrecadação, fiscalização e administração da quantia a uma entidade ou órgão relevante a sociedade e não ao Estado. Quanto ao destino da arrecadação = vinculada ou não vinculada Vinculada = são as destinadas a determinada atividade que possua instituição legal. Ex.: empréstimos compulsórios (art. 148, par. único/CF) Não vinculada = são aqueles que são arrecadados e têm seus valores utilizados pelo poder público livremente para custeio dos seus gastos Quanto a hipótese de incidência = vinculado ou não vinculado: Vinculado = o fato gerador de um tributo está vinculado a alguma ação realizada pelo poder público relativa ao contribuinte. Está vinculado a um fato do Estado. Não vinculado = nascem independentemente de qualquer atuação estatal. Está relacionado com o contribuinte. Espécies tributárias As espécies tributárias decorrem do fato gerador que os determine. São 5 espécies tributárias: Impostos Taxas Contribuições de melhoria Contribuições especiais Empréstimos compulsórios Cada espécie tributaria tem seus requisitos e caso não os preencha é considerado inconstitucional. O que determina a natureza jurídica do tributo é o fato gerador não o nome dele Impostos Conceito = são tributos que incidem sobre revelações de riquezas do contribuinte cujo fato gerador são situações relacionadas ao contribuinte e não ao Estado. Os impostos municipais estão previstos na CF, não podendo o município criar outro imposto. Os principais impostos municiais são: IPTU, ITBI, ISS A união pode criar outros impostos ao contrário dos municípios ou estados de acordo com o art. 154 da CF. A CF traz um imposto de competência residual o que significa que a lei federal pode criar outro imposto desde que não seja igual ao anterior e nem possua o mesmo fato gerador Os sujeitos da relação tributária de impostos são: os entes políticos (sujeito ativo) e a pessoa física ou jurídica (sujeito passivo) Os impostos são classificados da seguinte forma: Direito tributário @Guriado.direito Impostos diretos É aqueles impostos que o contribuinte sabe que está pagando. Ex: IR, IPVA, IPTU, ITR, ITBI Impostos indiretos são aqueles que o contribuinte não sabe que está pagando. Ex: IOF, ICMS. Impostos pessoais levam em consideração as características do contribuinte. Ex: IR Impostos reais levam em consideração as coisas (res = coisa). Ex: IPVA, IPTU, ITR, ITBI. Impostos seletivos ligado a essencialidade, seletividade, significa dizer que os produtos mais essenciais devem ter as alíquotas (percentuais) menores. Quanto mais essencial, mais necessário a alíquota é menor e vice versa. Ex: IPI, ICMS Impostos progressivos relativo as alíquotas, trata-se da técnica de variação de alíquota, de acordo com o aumento da base de cálculo ou para cumprimento da função social da propriedade. Existe 4 impostos progressivos no Brasil: IR, IPTU, ITR e o ITCD/ITCMD. Nesse tipo de imposto as alíquotas são variáveis, ou seja, à medida que vai aumentando a base de calculo vai aumentando a alíquota isso significa dizer que quanto maior a área e menor o grau de utilização maior a alíquota Impostos proporcionais É aqueles que possuem a alíquota fixa Taxas As taxas são tributos vinculados a ação estatal, são tributos bilaterais e somente são legitimas de cobrança quando houver algo em troca. Exemplo = taxas de custas processuais Sujeito ativo para cobrança de taxas: qualquer um dos entes políticos Sujeito passivo para a cobrança de taxas: PF e PJ Fato gerador: prestação de serviço ou exercício regular do poder de policia As taxas não podem ter base de calculo própria de impostos conforme estabelece o art. 145,§2º da CF para vedar a bitributação. Conforme entendimento jurisprudencial da sumula vinculante num 29 do STF pode haver apenas 1 elemento de base de calculo provinda dos impostos desde que não seja idêntico. Exemplo: taxa de lixo e TRU. Espécies de taxas: Taxa de fiscalização (ou taxa de policia) Taxa de serviço A primeira é a cobrança em virtude da fiscalização pelos órgãos públicos no interesse da coletividade Já a segunda é cobrada em virtude da prestação de um serviço publico. Para ser cobrada uma taxa de serviço é necessário o preenchimento de alguns requisitos, são eles: Especificidade Divisibilidade Para que ocorra o preenchimento do primeiro requisito é necessário identificar o usuário que irá ser beneficiado com esse serviço e para preenchimento do segundo requisito, é necessário que você consiga quantificar o benefício. Ou seja, em resumo, você precisa identificar o beneficiário e quanto ele irá receber No que tange a luz publica, existe a sumulavinculante numero 41 que diz ser inconstitucional a taxa sob essa iluminação, pois não se pode individualizar a pessoa que recebeu. A taxa de serviço publico também precisa ser de utilização efetiva ou de utilização potencial. A utilização efetiva é dizer se o serviço foi concretamente prestado a coletividade, já a utilização potencial significa dizer que sendo de utilização obrigatória e for colocado a disposição do usuário contribuinte sem utilização Contribuição de melhoria A contribuição de melhoria esta prevista no CTN (arts. 81 e 82) e na CF (art. 145, III) e está relacionada a obra pública e a valoração imobiliária, p.ex.: asfalto. A contribuição de melhoria é considerada por alguns autores como um tributo especial pois depende de atividade estatal especifica. Sujeito ativo = qualquer um dos entes politicos (união, estados, DF e municipios) pode cobrar desde que realize a obra publica Sujeito passivo = o proprietario do imovel beneficiado com a obra publica Elementos quantitativos Ex.: TRU (taxa rodoviária única) que tenha como base o valor do veículo é inconstitucional pois já existe um imposto que usa isso para calculo de seu valor Direito tributário @Guriado.direito Emp. Compulsório Atender despesas extraordinárias Guerra externa ou sua iminência Calamidade pública Investimento público Sujeitos da relação Sujeito passivo Contribuinte Ag. Tributário Sujeito ativo Fato gerador = é a valorização imobiliária que decorre de uma obra pública. Quem tem que pagar a contribuição de melhoria? O cidadão que foi beneficiado com a contribuição de melhoria Base de cálculo = é a valorização do imóvel antes e depois da obra publica No que tange a base de calculo há dois limites que influenciam no processo de cobrança: Limite total Limite individual O primeiro é o teto de cobrança que demarca um ponto acima do qual não se pode arrecadar sob pena de transformar a contribuição em enriquecimento ilícito para o Estado. O limite total para a cobrança da contribuição de melhoria é o valor total da despesa realizada pelo poder publico na obra. O segundo limite trata-se de um limite do contribuinte que deve ser tributado apenas no limite do valor total da obra publica. Empréstimo Compulsório Os empréstimos compulsórios tem previsão no art. 148 da CF e a partir deste artigo podemos entender que o empréstimo compulsório possui competência exclusiva da união. Considerando-o de forma semelhante a qualquer outro empréstimo contratado no setor privado, essa espécie tributária se caracteriza pela necessidade de posterior devolução da arrecadação para aqueles que lhes custearam. A instituição de empréstimo compulsório dependerá da edição de Lei complementar, com aprovação pelo quórum da maioria absoluta, e ele se dará apenas em 3 momentos Calamidade pública: relacionada a eventos de casos fortuitos ou de força maior (enchentes, maremotos, terremotos etc.), atrelados a imprevisíveis eventos naturais ou de atuação humana; Guerra externa ou sua iminência: conflitos bélicos na esfera internacional, tendo na União nossa primeira fonte de proteção. Para essa autorização não será necessário o efetivo início da guerra, bastando a sua iminência; Investimento público: a autorização para instituição nessa modalidade seria o caráter urgente e de relevante interesse nacional do investimento. Configura-se como modalidade de difícil conceituação pela doutrina, face elevado grau de subjetivismo (o que pode ser relevante e urgente para um governo, pode não ser para outro). O parágrafo único do art. 148 da CF determina que os valores arrecadados com essa espécie tributária já estariam previamente vinculados para as despesas que fundamentaram sua instituição (arrecadação vinculada). Como já mencionado, os empréstimos compulsórios também se destacam das demais espécies tributárias pelo fato de serem devolvidos pela União aos contribuintes, tratando-se de mero empréstimo forçado que não perde a natureza jurídica de tributo. Pois bem, o prazo e forma de devolução de tais valores serão definidos na sua lei instituidora (art. 15, parágrafo único, do CTN), devendo esse montante ser devolvido na mesma forma em que foi arrecadado. Relação jurídico-tributária Dentro da relação jurídico-tributária tem-se as figuras dos sujeitos da relação, dessa forma, tem- se: Direito tributário @Guriado.direito H.I. F.G. O.T. C.T. Obirgação tributária Principal Pagamento Acessória Fiscalização O fiscal tributário é uma terceira pessoa que, mesmo não sendo o contribuinte, tem o dever de pagar o tributo em razão de disposição de lei Da relação entre esses dois polos surge uma obrigação tributária que ocorre da seguinte forma: quando a hipótese de incidência tributária for praticada no mundo real por algum sujeito passivo externando o fato gerador, nascendo ao sujeito ativo o poder de exigir o crédito tributário. As obrigações tributárias nascem com a realização do fato gerador e ela se divide em dois tipos: Obrigação principal Obrigação acessória A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e se extingue juntamente com o crédito dela decorrente. Segundo o art. 114 do CTN, o fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos tendo por fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal Ao que tange ao fato gerador pode-se dizer que ele é a concretização efetiva da hipótese de incidência. Ou seja, o fato gerador é quando se concretiza a essência do comando legal, por exemplo a declaração de imposto de renda, só vai declarar imposto de renda quem auferir renda mensal igual ou superior ao valor estipulado em lei E que ele possui uma interpretação objetiva dos entendimentos jurisprudenciais que é relacionada a existência do fato gerador em casos de ilicitude, para esses casos a regra é clara se acontecer o fato gerador se enquadra, independentemente de licitude ou ilicitude.
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