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1 LÍNGUA ESPANHOLA II 2 SUMÁRIO 1 VERBOS .............................................................................................................. 4 1.1 Aspecto verbal ........................................................................................ 4 1.2 Tipos de aspecto ..................................................................................... 5 1.3 O aspecto verbal e a sua relação com outras categorias ....................... 7 1.4 Modos verbais ......................................................................................... 9 1.5 Modo e modalidade .............................................................................. 10 1.6 Temporalidade verbal: uma importante categoria ................................. 13 1.7 Modo indicativo: tempos verbais ........................................................... 13 1.8 Modo subjuntivo: tempos verbais .......................................................... 16 2 ARTIGOS ........................................................................................................... 17 2.1 Artigos definidos ................................................................................... 17 2.2 Artigos indefinidos ................................................................................. 21 2.3 Artigos e cacofonia ............................................................................... 23 3 ADJETIVOS E ADVÉRBIOS .............................................................................. 27 3.1 Adjetivos ............................................................................................... 27 3.2 Adjetivos e substantivos: uma linha tênue ............................................ 28 3.3 Advérbios .............................................................................................. 29 3.4 Tipologia adverbial ................................................................................ 31 3.5 Advérbio de tempo ................................................................................ 32 3.6 Advérbio de modo ................................................................................. 33 3.7 Advérbio de lugar .................................................................................. 34 3.8 Advérbio de afirmação .......................................................................... 35 3.9 Advérbio de negação ............................................................................ 35 3.10 Advérbio de dúvida ............................................................................ 35 3.11 Advérbio de quantidade ..................................................................... 35 3.12 Relações semânticas contextuais ...................................................... 37 4 PRONOMES ...................................................................................................... 39 4.1 Pronomes pessoais .............................................................................. 39 4.2 Colocação pronominal .......................................................................... 42 4.3 Pronomes relativos ............................................................................... 45 4.4 As funções sintáticas dos relativos ....................................................... 47 3 4.5 Pronomes interrogativos e exclamativos ............................................... 49 4.6 Aspecto frasal ....................................................................................... 52 5 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 57 4 1 VERBOS O verbo representa uma classe de palavras que funciona como o núcleo de uma sentença, da qual ele pode ser o único elemento, sem a necessidade de outras unidades. A flexão verbal expressa dois tipos de informação. A primeira remete ao número e à pessoa, que vem imposta pelo sujeito com quem o verbo concorda (ou não). A segunda remete ao tempo, ao aspecto e ao modo verbal, os quais caracterizam o verbo em relação ao seu conjunto (SPESSATO, 2018). O tempo verbal é uma categoria dêitica, pois permite relacionar os acontecimentos com o momento em que se fala. O aspecto verbal, por sua vez, informa sobre a organização interna das situações em relação ao tempo, ou seja, indica que uma oração passada não remete apenas à ideia de passado (SPESSATO, 2018). 1.1 Aspecto verbal O sistema verbal é uma ferramenta usada pelo falante para atribuir determinado estatuto ao que ele diz, convertendo fatos extralinguísticos em elementos de um discurso construído. De acordo com Alarcos Llorach (1994), o verbo associa um signo de referência lexical e um signo complexo de referência gramatical, os quais, integrados, são atualizados no campo do discurso. Segundo Esteves (2004), alguns estudiosos têm criticado a rigidez e a excessiva hierarquia com a qual o sistema verbal do espanhol tem sido descrito. Este se apresenta apenas com base em três macrocategorias — tempo, modo e aspecto — e se destaca o fato de que nem todas funcionam para todas as unidades do sistema. Comparando dois grandes gramáticos da língua espanhola, Esteves (2004) chega à conclusão de que os estudos verbais são muito superficiais. Por exemplo, Rojo (1990), na tentativa de resolver as contradições em relação às noções extralinguísticas de passado, presente e futuro, não dá a devida importância para a noção de temporalidade aspectual no verbo. Anteriormente, Bello (1988) havia apenas listado os verbos em relação aos seus tempos e modos. Esteves (2004) afirma que os estudos linguísticos consideraram, no passado, que os fatores temporais que atuam no verbo estavam ligados somente às noções extralinguísticas de passado, presente e futuro. O aspecto verbal, de acordo com a Real Academia Española (RAE) (2011), é a categoria que informa o comportamento do verbo em relação às situações e ao tempo 5 em que este se insere. Ele indica, por exemplo, se a situação começa, é durativa ou está em desenvolvimento. Além disso, pode indicar se o passado é acabado e pontual ou acabado e repetitivo. O aspecto, ao contrário do tempo verbal, não proporciona informação dêitica. Essa categoria gramatical expressa a representação do emissor do "processo comunicativo" em relação à sua duração, ao seu desenvolvimento ou à sua terminação. Em outras palavras, o aspecto verbal representa o conjunto de categorias ligadas pela sua relação com a ação verbal tomada em si, como a categoria de repetição, visão temporal ou realização (SPESSATO, 2018). 1.2 Tipos de aspecto Estudar o aspecto verbal implica analisar as possíveis relações temporais como anteriores, simultâneas ou subsequentes à origem. Além disso, ele se subdivide em três classes: aspecto morfológico, aspecto léxico e aspecto sintático (SPESSATO, 2018). O aspecto morfológico (AM) se manifesta por meio das desinências verbais. Ele permite expressar uma situação acabada (aspecto perfectivo) ou inacabada (aspecto imperfectivo) — caso a ação tenha uma durabilidade, será considerada imperfectiva (SPESSATO, 2018): María cantó una música. (Aspecto perfectivo) María cantaba en la iglesia. (Aspecto imperfectivo) No primeiro exemplo, temos o aspecto perfectivo, pois é certo que a ação cantó é acabada e pontual no passado. Já no segundo, temos o aspecto imperfectivo, uma vez que trata de uma ação que tem uma durabilidade no passado. Para Coan, Freitag e Pontes (2013), o AM perfectivo é caracterizado pela perspectiva global da situação, formando uma unidade ou um conjunto cuja constituição interna não interessa referir. Já o AM imperfectivo expressa diferentesnuances da temporalidade interna: que se desenrola, que indica o tempo interno (inicial, medial, final) ou que expressa estados resultantes. Costuma-se distinguir três modalidades do AM imperfectivo: progressiva, interativa ou cíclica e contínua (SPESSATO, 2018). A modalidade progressiva indica um ponto ou intervalo do desenvolvimento da ação, como as alternâncias entre pinta e está pintando (SPESSATO, 2018). Observe os exemplos: María pinta bien. 6 María está pintando bien. A modalidade conhecida como interativa ou cíclica faz referência a uma série aberta de situações que se repetem ao longo de certo intervalo de tempo, de forma aparentemente frequente ou durativa, como ocorre nos seguintes exemplos (SPESSATO, 2018): María se levanta temprano. María se levantaba temprano. A terceira modalidade do aspecto imperfectivo é conhecida como contínua. Ela se caracteriza por salientar uma situação que persiste ao longo do tempo ou que teve certa durabilidade (SPESSATO, 2018): Cuando era niño jugaba fútbol en la escuela. O aspecto léxico (AL), também chamado de modo ou qualidade da ação, depende do significado dos predicados e das ações que o constroem. De acordo com o AL, os predicados se classificam em quatro grupos: atividades, realizações, concretizações ou conquistas e estados (SPESSATO, 2018). Exemplo: Atividades: Trabajar Llover Conducir un ómnibus Vender algo Realizações: Comer una pizza Limpiar la casa Cantar una música Concretizações ou conquistas: Alcanzar un empleo Perder las llaves Salir temprano Estados: Merecer un premio Tener dinero Estar feliz Residir en una ciudado Os predicados verbais dessas classes, de acordo com a RAE (2011), caracterizam-se pela presença ou ausência de algumas características, como durativas, limitadas ou dinâmicas. Os processos durativos se estendem em relação ao tempo, e uma de suas marcas é a presença de elementos como durante. Os processos delimitados se caracterizam por possuir um término ou um fim, e são introduzidos por 7 alguns marcadores, como a preposição en. Já os processos dinâmicos se caracterizam por uma progressão ou uma situação em curso. O primeiro grupo (atividades) caracteriza-se por representar predicados durativos (llovió durante horas), não delimitados (*llovió en tres horas) ou dinâmicos (siguió lloviendo). O segundo grupo (realizações) são predicados durativos (cantó una música durante tres minutos), delimitados (escribió um texto en tres minutos) e dinâmicos (continua cantando aquella música). O terceiro grupo (concretizações) não contém aspecto de durabilidade (saldrá de la casa durante una hora), mas se apresenta de maneira limitada (llegará a casa durante media hora). Por fim, o quarto grupo (estados) necessita de limite, é durativo, mas não se caracteriza como uma atividade dinâmica (SPESSATO, 2018). O aspecto sintático se manifesta por meio das perífrases verbais, conhecidas como locuções verbais no português. Elas se formam com as formas verbais impessoais de infinitivo e gerúndio, mas não com particípio (SPESSATO, 2018). Em algumas perífrases de infinitivo, de acordo com a RAE (2011), predominam algumas características temporais, como de posterioridade (vas a salir) ou de repetição (Suelen dormir temprano). Em outras, há o significado de processo, como as seguintes construções: empezar por + infinitivo; acabar por + infinitivo; terminar por + infinitivo; venir a + infinitivo; llegar a + infinitivo, entre outras. As perífrases de gerúndio são oficialmente aspectuais, pois mostram uma ação, um processo ou um estado de coisas em curso. Inclusive, a maioria dos verbos em gerúndio, quando têm valor verbal, carregam significado independente, como verbos de movimento ou verbos auxiliares. As principais construções são: estar + gerúndio; ir + gerúndio; venir + gerúndio; e andar + gerúndio. 1.3 O aspecto verbal e a sua relação com outras categorias Quando analisamos as questões de tempo, modo e aspecto, precisamos compreender o papel de cada categoria, para que não haja nenhum tipo de confusão em relação aos seus papeis no que se refere aos contrastes existentes no sistema verbal. Por exemplo, o modo de ação se diferencia do aspecto no sentido de que, embora seja de natureza gramatical, tem um caráter semântico: o verbo ver pode expressar a ideia de um processo durativo ou imperfeito, o qual contrasta com o verbo nascer, que é claramente perfeito e acabado. Nesse ponto, o valor modal apenas caracteriza o fato do verbo estar no infinitivo (SPESSATO, 2018). 8 No que se refere ao uso do verbo, o tempo e o aspecto possuem uma relação interessante. De acordo com Ferraro e López (2002), as formas verbais, em uma análise temporal, também podem ser absolutas ou relativas. Aqueles que marcam uma relação direta com o ponto de referência ou origem são absolutos — por exemplo, yo comí. Já as relativas marcam uma relação indireta com o ponto de referência ou origem, ou seja, estão ligadas por meio de outra ação, relacionando-se assim com a sua origem — por exemplo, yo comía ou yo había comido. Nesse sentido, há uma relação temporal, e não aspectual, pois o tempo carrega um valor dêitico, diferentemente do aspecto. Para Rojo (1990), enquanto a temporalidade é uma categoria dêitica, o aspecto é uma categoria não dêitica que reflete o desenvolvimento interno da situação sem relacioná-la a nada externo a ela. De acordo com Di Tullio (1997), o aspecto — diferentemente do tempo, que é uma categoria de dêitica — retrata o tempo interno do acontecimento. Isso significa que ele não se localiza em relação ao ponto da fala, mas sim especifica a sua estrutura interna. A fim de contribuir com o conceito de temporalidade verbal, as suas relações com a noção de aspecto e a sua incidência explicativa sobre o sistema verbal, Rojo (1990) reformula o conceito de temporalidade e a destaca como um componente essencial na análise de formas verbais em espanhol. Para o autor, as noções de anterioridade, simultaneidade e posterioridade são muito diferentes daquelas de passado, presente e futuro habituais, que são totalmente inadequadas, na medida em que ligam uma noção gramatical a categorias do mundo extralinguístico. Nesse contexto, é importante notar que não há, na temporalidade linguística, nenhuma indicação da posição exata de determinado acontecimento temporal. Porém, ela atua como uma serialização de sentido, orientando de um ponto relativo a outro (SPESSATO, 2018). Para Esteves (2004), ao examinar uma forma verbal, é importante distinguir entre a relação temporal primária que ela expressa e o ponto com respeito a ela. Isso resulta em uma organização do sistema verbal bem diferente da tradicional, que é organizada em torno de formas de passado, presente ou futuro, ou em torno de formas simples e compostas. Nessa nova visão do processo verbal, a conexão entre certas formas verbais aparece de maneira muito mais explícita, como entre canto e cantaba ou entre cantaré e cantaria. As duas primeiras são formas de simultaneidade que diferem no ponto segundo o qual ela é expressa; já os outros dois, embora trabalhem da mesma maneira, expressam um momento mais tarde. 9 De maneira geral, cabe destacar que, de acordo com Gutiérrez Araus (2000), o conjunto de categorias gramaticais que integrariam o sistema verbal do espanhol atual é formado por pessoa/número, temporalidade, perspectiva discursiva, aspecto verbal, modo verbal e modalidade. Em outras palavras, é inviável olhar para a forma e não buscar compreender o sentido que determinado verbo carrega em um contexto específico. Saiba mais: Você sabia que o futuro simples possui um sinônimo direto? Trata-se da perífrase verbal de futuro, a qual é apresentada pelo verbo ir + a + infinitivo. Logo, podemos fazer a seguinte associação: Cantaré= Voy a cantar Hablarás = Vas a hablar Será = Va a ser Comeremos = Vamos a comer Iréis = Vais a ir Escribirán = Van a escribir 1.4 Modos verbais Os procedimentos gramaticais que denotam a atitude do falante em relação ao que é dito constituem as variações mórficas do verbo conhecidas como modo verbal. Alarcos Llorach (1994) afirma que é comum distinguir entre o dictum (ou conteúdo do que é comunicado) e o modus (ou modo de apresentá-lo de acordo com nossa atitude psíquica). Para Gili Gaya (1981), os modos verbais são apenas meios expressivos e gramaticais que denotam a atitude do falante. A visão sobre modo verbal já evoluiu muito desde a primeira gramática da língua espanhola, com Antonio de Nebrija (1492). Considerando apenas o século XX, em 1931, em sua edição revisada da gramática da língua espanhola, a Real Academia Española dividiu os modos verbais em cinco: infinitivo, indicativo, potencial, subjuntivo e imperativo. Em 1973, o seu Esbozo apresentou, ainda que sem caráter oficial, uma nova divisão modal, com algumas alterações terminológicas dos tempos verbais. No ha cambiado el orden sucesivo de las formas (tras las de presente, las del imperfecto; tras del indicativo, el subjuntivo, etc.); pero se sustituye la división en cinco grupos llamados modos que se hacía de todas ellas por otra división en dos grupos fundamentales, más atenida a la realidad morfológica: formas impersonales y formas personales, según que carecen o no de morfemas de persona. Desaparece, por lo tanto, el llamado modo infinitivo (amar) y 10 desaparece también el modo condicional (amaría), que se incorpora, como un tiempo más, al modo indicativo (RAE, 1995, p. 260). Os modos verbais do espanhol são três: indicativo, subjuntivo e imperativo. Por fim, A RAE confirmou em 2010 o que havia sido escrito em 1973: o modo potencial ou condicional — tanto as formas simples e como as compostas (amaría, habría amado) — foi suprimido e agregado ao indicativo. O antigo modo infinitivo não existe mais; o infinitivo, o gerúndio e o particípio são as formas não pessoais do verbo, de acordo com a terminologia proposta por Samuel Gili Gaya (1981). Conforme a RAE (2010), o modo verbal apresenta a atitude do emissor em relação ao que é dito. Em essência, ele manifesta o estado com que os discursos são apresentados. Dessa maneira, segundo Alarcos Llorach (1994), as formas verbais do infinitivo, do gerúndio e do particípio, além de nunca assumirem o papel de núcleo sentencial, carecem de tal variação e não podem ser chamadas de modos. Cada modo verbal assume determinadas características, posto que as suas manifestações determinam se o discurso representa algo real, imaginário, possível, desejável, ou até mesmo se é uma ordem. Por exemplo, de acordo com Torrego (2007), o modo indicativo expressa fatos reais (ou a ideia de certeza), o modo subjuntivo apresenta desejos e possibilidades, e o modo imperativo representa ordem. Veja os seguintes exemplos: Ana estudia inglés. Quizás Ana estudie inglés. Ana, estudia inglés. Na primeira sentença, temos um fato real, ou seja, é certo que Ana estuda inglês; logo, trata-se do modo indicativo. O segundo exemplo não expressa uma certeza, mas sim uma hipótese (inclusive, o advérbio de dúvida quizás indica uma incerteza); desse modo, trata-se de um verbo no modo subjuntivo. Já no último exemplo, você pode perceber a presença do vocativo, apresentando-se uma ordem ou um pedido; portanto, trata-se de um verbo no modo imperativo (SPESSATO, 2018). Para Di Tullio (1997), ainda que o conceito de modo verbal seja importante, é necessário perpassar a sua definição e relacioná-la à noção semântica chamada de modalidade. 1.5 Modo e modalidade Como vimos, a definição de modo representa uma categoria que expressa as atitudes ou opiniões dos falantes em relação ao conteúdo enunciado. Dessa forma, se pensamos em algo irreal, provavelmente buscaremos como referência o modo 11 subjuntivo; contudo, para Di Tullio (1997), essa noção não se relaciona ao subjuntivo de maneira suficiente. Veja o seguinte exemplo: Creo que Marco dijo la verdad. Me entristece que Juan no haya dicho la verdad. No primeiro exemplo, temos uma oração que indica uma possibilidade, mas o verbo dijo está no modo indicativo. Já no segundo, temos um fato que aconteceu, mas haya dicho está no modo subjuntivo. De fato, dependendo do verbo, há padrões que às vezes são expressos com orações indicativas. Além disso, o subjuntivo é associado com a pressuposição de verdade quando depende de um verbo afetivo (como no segundo exemplo), em que não há um sujeito ativo ou agente, mas um experimentador que fala sobre as suas emoções, ideias, preferências ou os seus interesses (SPESSATO, 2018). Na verdade, para López (1990), há três tipos de abordagem para os valores modais verbais do espanhol: (1) como uma atitude modal; (2) modo como modalidade; e (3) modo como coerência modal. Esses três diferentes conceitos estão inter- relacionados: o primeiro representa o tipo de sentença de acordo com o ato de fala que o falante pretende realizar; o segundo retrata a ocorrência do evento; o terceiro configura a relação entre o acontecimento e os seus participantes segundo a estimativa do falante. 1. A abordagem modal é a abordagem subjacente aos modos verbais em espanhol. Essa abordagem é definida como uma posição do emissor a respeito de sua declaração ou sobre o assunto em relação ao interlocutor. Em outras palavras, quando a percepção se concentra no emissor para que seja obtida, usa-se o subjuntivo, mas quando se centra no receptor, usa-se o imperativo. Segundo Di Tullio (1997), o imperativo é uma forma defeituosa, pois está sujeita a uma série de restrições: necessariamente precisa de um emissor e um receptor — caso eles não existam, é inviável conjugá-lo. Além disso, há situações em que ele pode ser substituído pelo subjuntivo; contudo, sabendo das suas particularidades, é conveniente classificá-lo como modo independente. Que lo disfrutes con tus amigos. (Oração em subjuntivo) Disfrútalo con tus amigos. (Oração imperativa) 2. O modo como modalidade repercute na ocorrência do evento, em que corresponde ao grau de comprometimento que o falante adota em relação à realidade que ele atribui ao acontecimento. Trata-se da relação do falante com aquilo que ele diz. Esse discurso pode ser explícito ou forte por meio de verbos que denotem afirmação, ou implícito com verbos que denotem verificação ou 12 suposição. Em relação a isso, o modo verbal será determinado pela atitude do emissor. Atitude neutra: ocorre quando não há questionamento sobre o acontecimento. Nessa situação, o emissor usa o modo indicativo: La clase de español ha recibido muchos elogios de la directora. Afirmação modalizada: acontece quando o emissor expressa incerteza quanto à sua realidade, atribui um caráter irreal ao fato ou pressupõe uma afirmação de maneira incerta. Todos esses aspectos se manifestam pelo modo subjuntivo: Si la clase de español hubiera recibido elogios de la directora, habría mucho más interesados. Me alegra que la clase de español haya recibido muchos elogios de la directora. 3. A coerência modal é o critério que considera o modo principalmente como resultado da expressão sintática exercida pelo verbo principal sobre o subordinado. Na sentença Marco disse que viene, podemos ver que viene é conjugado no indicativo em função do verbo introdutório. Já o exemplo dudo que venga, o verbo venga é conjugado no subjuntivo, uma vez que esse verbo duvida do verbo regente. Como vimos, na língua espanhola, os modos que competem diretamente são apenas dois: o modo indicativo e o modo subjuntivo. Para saber qual modo usar, é necessário que se analisem os aspectos semântico, sintático e pragmático. O aspecto semântico, como já vimos anteriormente, relaciona-seao grau de comprometimento do falante em relação ao acontecimento. Em relação ao aspecto sintático, devemos saber que o modo subjuntivo normalmente aparece em orações subordinadas: María estudia a fin de que apruebe en la prueba de matemáticas. 1. Em relação ao aspecto pragmático, o subjuntivo também pode expressar noções como cortesia ou o caráter discursivamente irrelevante de um evento em relação à afirmação expressa: Quisiera pedirle un favor. Aunque seas mi mejor amiga, no dejaré de señalarte el error. 13 1.6 Temporalidade verbal: uma importante categoria Os tempos verbais são as formas de conjugação que expressam gramaticalmente as informações de tempo, modo e aspecto. De acordo com a RAE (2011), cada tempo verbal possui um paradigma reflexivo e se classifica de acordo com os seguintes critérios: modo, estrutura morfológica, aspecto e tempo de ancoragem. Em relação ao modo verbal, para a RAE (2010), temos formas pessoais e impessoais. Os modos impessoais são infinitivo, gerúndio e particípio; os pessoais são indicativo, subjuntivo e imperativo. Sobre a estrutura morfológica, dividimos os tempos verbais em simples e compostos. No que se refere ao aspecto, separamos os verbos em tempos perfectivos e imperfectivos, e em referência ao ponto de ancoragem, distinguimos os tempos em relativos ou absolutos. Ao pensarmos na relação existente entre a temporalidade verbal e a dêixis, cabe analisar a teoria de Reichenbach (1947), que estabelece três pontos: ponto de evento (S), momento do evento (E) e ponto de referência (R), que pode ser independente ou não. A interação desses três pontos descreve e diferencia os tempos presentes nas línguas. Dessa forma, o tempo perfecto simple (Marco salió) seria definido pela fórmula E, R_S, em que a vírgula significa simultaneidade e o underline, sequência temporal. A fórmula E, R_S, portanto, indica que o evento (E), que coincide temporalmente com o ponto de referência (R), é anterior ao momento da fala (S). Em resumo, a interpretação tradicional dos tempos verbais tem relação com a noção dêitica temporal. Logo, os tempos verbais seriam morfemas que seriam interpretados em relação aos pontos de referência temporal (um dos quais seria o momento da enunciação) e as relações entre esses pontos de referência (SPESSATO, 2018). 1.7 Modo indicativo: tempos verbais No presente do indicativo, Bello (1988) reconhece, em primeiro lugar, que o seu significado temporal é o resultado da coexistência do atributo, ou seja, da situação designada e do momento da fala. O presente não exige que ambos sejam coextensivos: basta um momento de convivência para ser usado. Assim, o predicado pode ter começado muito antes ou continuar muito depois do momento da fala, ou pode ter uma duração indefinida ou até ser eterna. A partir dessa caracterização puramente temporal, 14 o uso do presente deriva de orações genéricas — uso que hoje tende a ser associado, em vez disso, com propriedades de aspecto temporal. A RAE (2011) subdivide o presente em seis subgrupos: presente pontual (PP), genérico (PG), habitual (PH), caracterizador (PC) e gnômico (PG). O PP apresenta a situação designada simultaneamente ao momento da fala. Essa coincidência pode ser pontual (En este instante sale el tren de Ana) ou mais ampla. O PG apresenta uma situação que se entende tanto que se torna uma propriedade permanente (los sábados voy al parque); o PH exibe ações repetidas (todos los días me despierto temprano); o PC representa situações estáveis (Buenos Aires es capital de Argentina); o PG caracteriza enunciados normativos (el cielo es azul). Essas variedades não representam diferentes tempos, mas sim diferentes interpretações de um mesmo tempo verbal. Inclusive, é possível usar o presente do indicativo com outros valores temporais: de passado e de futuro. Quando apresentado como passado, é chamado de presente histórico (Nebrija hace la primera gramática de la lengua española em 1492); quando apresentado com valor de futuro, é chamado de presente prospectivo (María llega mañana). O presente, de acordo com Alarcos Llorach (1994), não informa estritamente o presente cronológico, mas serve para denotar qualquer época, pois o contexto em que está inserido e a situação de fala em que é utilizado determinam e fixam o lugar ocupado pelos eventos comunicados no curso temporário. Dessa forma, esse tempo não indica um momento específico, mas refere-se à ocorrência dos fatos de maneira indeterminada e vaga. No português, temos o pretérito perfeito do indicativo (eu amei), mas esse tempo é representado na língua espanhola por dois diferentes tempos: o pretérito perfecto simple ou pretérito indefinido e o pretérito perfecto compuesto. Tanto o primeiro (yo amé) quanto o segundo (yo he amado) têm exatamente a mesma tradução para o português: eu amei. A diferença é que o primeiro representa um passado acabado e pontual, enquanto o segundo apresenta um passado que ainda mantém relação com o presente (SPESSATO, 2018). Veja: Mi abuela murió. Mi abuela ha muerto. A diferença entre as duas orações se dá em relação ao sentimento do falante em relação à morte de sua avó. Caso o falante já tenha superado a morte, usa (em teoria) o primeiro exemplo; no entanto, se o falante ainda sofre com a morte de sua avó, usa o segundo exemplo. Para Alarcos Llorach (1994), as duas formas não se opõem 15 diretamente, mas usufruem dessa distinção por meio do presente. Além disso, o uso verbal dependerá da perspectiva (temporal ou psicológica) que o falante adota. Contudo, ainda que essa diferença esteja dentro da abordagem gramatical formal, cabe lembrar que a língua é viva e mutável. Nos países latinos, por exemplo, usa-se o pretérito indefinido em praticamente todos os momentos; já nas cidades espanholas, usa-se o pretérito perfecto compuesto. Portanto, a RAE (2011), além de apresentá-los em diferentes perspectivas temporais, também os apresenta como sinônimos. Assim, é possível afirmar que amé é sinônimo de he amado, e han hecho é sinônimo de hicieron. O pretérito indefinido habló e o pretérito imperfecto hablaba coincidem em seu valor modal de perspectiva indicativa e temporal do pretérito. Alarcos Llorach (1994), baseando-se em Bello (1988), afirma que habló é um pretérito e hablaba é um copretérito, o que sugere que seria a referência das duas formas coincidentes na zona temporal. Entretanto, a forma hablaba é mais ampla e engloba em seu percurso os momentos denotados pelo pretérito habló. Dessa forma, pode-se afirmar que hablaba tem um significado imperfeito ou durativo, enquanto habló é perfeito ou pontual. Em outras palavras, o primeiro é não terminativo e o segundo é terminativo e indica a consumação da noção designada pela raiz verbal. Para esse tipo de distinções, o termo de aspecto é geralmente aplicado, de modo que se evite informar diferenças cronológicas. O pretérito pluscuamperfecto não apresenta somente uma situação passada: designa uma situação ocorrida anteriormente ao momento da fala. Em outras palavras, trata-se de um tempo que informa o passado de algo que já foi expresso como passado (SPESSATO, 2018): María llegó después que Carlos había salido. O futuro simple (hablará) significa que o predicado é depois do momento da fala. Esses três tempos (presente, passado e futuro) são absolutos e determinados considerando-se apenas dois momentos: o do predicado (da situação ou da enunciação) ou do momento da fala (SPESSATO, 2018). O condicional simple, de acordo com a RAE (2011), situa um estado de coisas em uma situação não atual, seja passada ou hipotética. No primeiro caso, designa, assim como o pretérito pluscuamperfecto, uma situação anterior a outra no passado (me avisó que cantaría hoy en el bar). No segundo caso, temos como exemplo Yo que tú no haría eso. Além disso, é um tempo verbalque pode ser usado para cortesia, como em ¿Podrías traerme un té?. 16 1.8 Modo subjuntivo: tempos verbais O presente do subjuntivo, segundo a RAE (2011), aborda tanto o presente, com valor hipotético ou não, quanto o futuro. Os advérbios temporais permitem determinar qual é o seu valor em cada caso. Nos exemplos a seguir, temos um valor hipotético na primeira sentença. Nos dois exemplos seguintes, expressamos futuro; no último exemplo, há um valor de presente, mas dentro de uma negação. Quizás comamos chocolate. En cuanto termine la clase, nos vamos para casa. Me gusta que mañana viajes conmigo. No quiero que salgas temprano. O pretérito imperfecto aborda uma ação passada hipotética que não ocorreu. Além disso, contém duas formas, que são hablara e hablase ou comiera e comiese. Não há forma mais correta ou incorreta: ambas sempre serão sinônimas (SPESSATO, 2018). Si yo pudiera dormiría más. / Si yo pudiese dormiría más. Si ella tuviera dinero, cambiaría su coche. / Si ella tuviese dinero cambiaría su coche. Fique atento: 17 Os nativos americanos de língua espanhola normalmente falam apenas o pretérito indefinido, enquanto os espanhois usam o pretérito perfecto para as mesmas situações (SPESSATO, 2018). Por esse motivo, aceita-se a equivalência na maioria dos casos. Portanto, é possível afirmar que o pretérito perfeito e o indefinido são sinônimos em diversas situações (SPESSATO, 2018). Pretérito indefinido Pretérito perfecto He visto Vi Has comprado Compraste Ha dicho Dijo Hemos ido Fuimos Habéis hecho Hicisteis Han comido Comieron 2 ARTIGOS Os artigos são pequenas palavras que normalmente acompanham os substantivos. Mas qual é o seu papel em uma oração? Que relações existem entre os artigos e outras classes gramaticais? Como aplicá-los adequadamente? 2.1 Artigos definidos Os artigos formam uma classe gramatical que auxilia na determinação do grupo nominal do qual fazem parte. Os artigos fornecem a primeira menção para apresentar uma nova informação na oração (BIZELLO, 2018). Veja um exemplo: Escribí los varios textos que mi jefe pidió. Mi sobrino leyó unos pocos libros que me gustan. Note que, nas duas orações, o artigo é a primeira informação do grupo nominal. Esse grupo gramatical costuma ser classificado em determinados (ou definidos) e indeterminados (ou indefinidos). Os definidos masculinos são el e los, e os femininos são la e las. Os indefinidos masculinos são un, uno, unos, e os femininos, una e unas (BIZELLO, 2018). Assim, como é possível saber quando aplicar cada um desses tipos? Para começar, o artigo determinado refere-se a pessoas ou objetos que supostamente podem 18 ser identificados no contexto. Essa informação compartilhada entre os interlocutores é denominada información consabida, de acordo com a Real Academia Española (2010, p. 268): […] alude esta información al complejo sistema de conocimientos enciclopédicos, contextuales y situacionales, así como de inferencias que se pueden deducir a partir de la información disponible. Aunque, en sentido estricto, dicha información no es siempre compartida por el receptor, el artículo determinado indica que el emisor la presenta como tal. Há também a possibilidade de a informação necessária à identificação aparecer após o artigo e o objeto determinado (BIZELLO, 2018). Veja: María queria el zapato que había visto en la tienda de la cuñada. Note que a oração subordinada adjetiva contém a informação que permite realizar uma relação endofórica (BIZELLO, 2018). Observe a seguinte frase: Javier se quedó nervioso con la prueba de lunes. Note que o artigo la permite que o ouvinte identifique a prova de que se está tratando nesse caso. Isso não significa que não haja outras provas na segunda-feira, e sim que, para esse contexto, não há outras possibilidades que respondam a essa indicação (BIZELLO, 2018). A Real Academia Española (RAE) (2010) assinala três usos do artigo determinado: dêitico, anafórico e endofórico. O uso dêitico refere-se à sinalização dada pelo artigo sobre o domínio de definição, isto é, quando ele indica a qual objeto corresponde a fala dos interlocutores. Veja: ¡Mira el libro! No exemplo, o artigo el indica que o livro de que se trata nesse enunciado é um que está perto dos interlocutores. Esse uso é comum em mensagens como Prohibido bajar del tren en marcha; No cruces el semáforo en rojo. Nesses casos, faz-se relação com o espaço; logo, justifica-se o uso temporal do artigo (BIZELLO, 2018). Veja: feira.) Mi hijo llegará el viernes. (O verbo no futuro indica que será na próxima sexta- Mi hijo llegó el vienes. (O verbo no passado indica que foi na sexta-feira anterior.) Essas possibilidades são específicas dos dias da semana. Assim, o artigo fixa o seu sentido, embora dependa do tempo verbal da oração (BIZELLO, 2018). 19 Fique atento: Não se usa artigo na frente de dias da semana no gênero textual carta. Os artigos definidos são fundamentais também para as expressões partitivas (BIZELLO, 2018). Veja: La mayoría de los alumnos no vino hoy. El 20% de los profesores está de huelga. Note que os artigos permitem que os objetos referidos sejam identificados nas expressões partitivas. Um tipo particular de expressão partitiva é formado pelos grupos nominais superlativos relativos (BIZELLO, 2018). Observe: Francisco es el estudiante más aplicado del grupo. El libro más conocido de este escritor es... Perceba que o artigo auxilia na confirmação do referente, determinando-o. Outra característica importante dos artigos definidos é o seu valor possessivo e o estabelecimento de uma relação de pertencimento (BIZELLO, 2018). Observe: Me duele la cabeza. Mordió los labios. Levantaron las manos. Todos rompieron los brazos. Note que, em todos os exemplos, há partes do corpo humano. Essa relação de posse é expressa na língua espanhola por meio do artigo definido. De acordo com a RAE (2010, p. 272), esses exemplos correspondem ao “[...] uso posesivo del artículo determinado [...] entre el poseedor y lo poseído se da una relación de pertinencia”. A importância do artigo definido aumenta nas construções de grupos nominais com substantivos ocultos. Observe: Encontré mis libros. Lo de español estaba en el armario de la escuela. Note que não é necessário repetir a palavra libro para que o enunciado tenha sentido. Esse tipo de construção pode surgir de uma relação anafórica (La primera película de Roberto me ha gustado más que la última), de uma relação catafórica (El de cuentos es el mejor libro de Juan), de interpretação dêitica (El que acabas de hojear es muy interesante), de uma relação endofórica na construção partitiva (Una novela de las mejores de José es...), de uma interpretação de pessoa (Los que han hecho el trabajo) (BIZELLO, 2018). O uso anafórico dos artigos definidos ocorre pela referência a um elemento que apareceu anteriormente no discurso. Assim, o artigo retoma a palavra já mencionada, 20 revelando que ela não é uma novidade, ou seja, o ouvinte já a conhece e pode realizar as conexões (BIZELLO, 2018). Observe: Mi hijo pidió unas pelotas coloridas. Los juguetes son buenos para que hable los colores en inglés. Note que los demonstra que juguetes associa-se a uma palavra já conhecida no contexto desse discurso. Embora juguetes seja uma palavra que designa o mesmo ser (pelota), a evidência dessa relação é confirmada pelo uso do artigo definido. Essa mesma relação pode ser realizada com as partes de um objeto mencionado antes (BIZELLO, 2018). Veja: Compré un libro. Las páginas parecen de periódicos viejos. Perceba que as páginas constituem o livro; logo, podem ser tratadas como um objeto já conhecido e com um referente específico. Dessa forma, o uso do artigo definido las é permitido. Na língua espanhola, além dos artigos definidos la,las, el e los, há o artigo neutro lo. De forma geral, ele é utilizado diante de adjetivos, advérbios e formas nominais do verbo. Entretanto, o seu uso mostra construções que revelam diferenças sintáticas e semânticas importantes. Por exemplo, lo pode funcionar como referencial. Nesse caso, há três variantes: absoluta (Me gusta lo dulce), relativa (Lo interesante de una pasión es el comienzo) e atributiva (Lo difícil del curso lo hizo abandonar). Observe que o lo referencial não se refere a seres animados, e sim a coisas, lugares e acontecimentos (BIZELLO, 2018). Além disso, o artigo neutro também aparece em contextos anafóricos. Verifique a afirmação da RAE (2010, p. 278): Los grupos nominales neutros están imposibilitados, en virtud de su género, para mantener relaciones directas de correferencia con antecedentes nominales. En cambio, la naturaleza abstracta de su designación los convierte em adecuados para asociarse anafóricamente a contenidos de valor proposicional expresados anteriormente en el discurso. Dessa forma, os artigos determinados espanhóis cumprem a sua função de determinantes; porém, assumem outros papéis, que contribuem com a construção do significado das orações. Como veremos a seguir, os artigos indeterminados também assumem funções específicas (BIZELLO, 2018). 21 2.2 Artigos indefinidos A primeira noção que diferencia o artigo determinado do indeterminado seria a possibilidade de identificação do objeto referido ou não (BIZELLO, 2018). Veja: Quiero un bolígrafo para firmar estos documentos. Quiero el bolígrafo para firmar estos documentos. Qual a diferença de sentido entre as duas frases? Na primeira, supõe-se que o ouvinte não tem condições de identificar a que caneta se refere o falante, ou o falante deseja uma caneta qualquer. Já na segunda, os interlocutores têm a caneta específica em seu pensamento. Além desse aspecto, o artigo indefinido costuma manter relações com outros elementos, como o pronome indefinido uno/una e o numeral un/una (BIZELLO, 2018). Analise a seguinte frase para verificar como isso ocorre: ¿Comprarás una carpeta o ya tienes una? Note que a palavra una que acompanha carpeta está indeterminando o substantivo e introduz o grupo nominal. Já a palavra una que encerra a frase refere- se a todo o grupo nominal (una carpeta) e funciona como um pronome. Entretanto, há outras maneiras de diferenciar o pronome indefinido do artigo indefinido. Uma delas diz respeito ao fato de o artigo não permitir subordinadas relativas, substantivas, grupos preposicionales, nem construções partitivas (BIZELLO, 2018): Un que él quería... Un que tú hiciste... Quiero uno sin azúcar. Un de ellos será ayudante. Outra oposição importante entre o artigo e o pronome é que o primeiro não forma grupo sozinho, enquanto o segundo sim: Un alumno llegó. (artigo) Llegaron unos. (pronome) A oposição entre o artigo e o numeral pode depender do contexto. Observe a frase: Estos objetos no caben en una caja. Se a intenção do falante é expressar que uma caixa apenas não é suficiente para guardar todos os objetos, una é um numeral. Entretanto, se a ideia era mostrar que os objetos não cabem em nenhuma caixa, una é um artigo. Nesse sentido, as formas 22 uno/una/unos/unas não podem expressar quantidade, a menos que seja a imprecisão de uma quantidade, como em Hay en la sala unos diez alumnos (BIZELLO, 2018). Um traço que diferencia os artigos indefinidos dos definidos é que os primeiros não são empregados para uma relação anafórica direta, pois o ouvinte estaria em condições de identificar um referente já mencionado. Contudo, o artigo indefinido é compatível com a anáfora associativa quando a parte não cumpre com o requisito de unidade contextual típica do artigo determinado (BIZELLO, 2018). Observe: Le falta a este libro una página. Note que o substantivo libro é retomado de forma associativa pela palavra página. Nesse caso, pode-se usar um artigo indefinido, conforme o exemplo. O seu emprego é comum também nas expressões partitivas (BIZELLO, 2018): Un jugador del equipo de fútbol de la escuela vivirá en outra ciudad. No entanto, ao contrário do que ocorre com os artigos determinados, os indeterminados não admitem o seu emprego em grupos nominais superlativos (BIZELLO, 2018): Un mejor jugador de fútbol... Além disso, costuma-se empregar o artigo indefinido quando há um adjetivo de avaliação (BIZELLO, 2018): Fue una presentación formidable. Note que a ausência do adjetivo tornaria a frase estranha (Fue una presentación), e a ausência do artigo indefinido ou a substituição por um definido também provocariam ruídos na comunicação (Fue presentación formidable; Fue la presentación formidable). Essa mesma construção ocorre quando há o desejo de enfatizar algo (BIZELLO, 2018). Observe: ¡María habla unas cosas! Note que a intenção não é indefinir a palavra cosas, e sim enfatizá-la, isto é, insinuar que são estranhas. Entretanto, pode-se aplicar o indefinido apenas para identificar uma pessoa (BIZELLO, 2018): Juan es un ingeniero que conocí en aquel viaje. Nos predicados que indicam existência ou localização, podem aparecer artigos indefinidos. Esse é o caso das construções com o verbo haber impessoal (BIZELLO, 2018). Veja: 23 ¿Hay promoción? ¿Hay promociones en esta tienda? ¿Hay una promoción? ¿Hay unas promociones en esta tienda? Isso não ocorre com os artigos determinados, pois eles estão associados a um efeito de definição. Observe como soaria mal o uso do artigo definido (BIZELLO, 2018): ¿Hay la promoción? ¿Hay las promociones en esta tienda? Contudo, esses artigos podem surgir em construções com o verbo haber quando fazem parte de um grupo nominal de valor quantitativo (BIZELLO, 2018). Observe: Hay aquí el doble de personas invitadas. Outra oposição existente entre artigos determinados e indeterminados refere- se à introdução de grupos nominais genéricos. Para que se use o definido, os grupos podem estar no singular e denotar uma entidade única (El perro es el mejor amigo del hombre), no plural e denotar a classe a partir dos membros (Los docentes hicieron huelga), e no plural ou no singular em combinação com predicados que denotam propriedades caracterizadoras (La naranja/Las naranjas son ricas en vitamina C) (BIZELLO, 2018). Já os artigos indeterminados aceitam participar da introdução de um grupo nominal genérico quando equivalem a qualquer ou todo (BIZELLO, 2018): Un libro me ayudará a olvidar los problemas. Uma peculiaridade dos artigos indefinidos é o emprego genérico que alude a qualquer tipo de indivíduo (BIZELLO, 2018): Cada uno sabe lo que quiere. Em síntese, os artigos indefinidos são utilizados para referência a uma entidade não específica e opõem-se aos numerais e aos pronomes indefinidos, por não expressarem quantidade exata nem substituírem os nomes (BIZELLO, 2018). 2.3 Artigos e cacofonia Os artigos formam uma classe gramatical que define ou indefine um substantivo. Portanto, são palavras que sempre acompanham outra palavra. Esse acompanhamento pode gerar, na fala, efeitos sonoros desagradáveis. O nome que se dá a esse fenômeno é cacofonia. De acordo com o dicionário on-line da Real Academia Española (2018, documento on-line), cacofonia é “Disonancia que resulta de la inarmónica combinación 24 de los elementos acústicos de la palabra”. Veja a seguir os sons que a língua espanhola tenta evitar: 1. Coincidência de dos sonidos vocálicos iguales consecutivos a a, e e, i i, o o, u u en dos palabras distintas; 2. Las formas pronominales mí, ti, sí precedidas por una preposición (con, de, para, por, sin); 3. Coincidencia de dos o más adverbios de modo acabados en -mente; 4. incorrecciones que han de ser evitadas; 5. póngase especial atención: El arma, un arma; Esta arma, esa arma, aquella arma; Otrahabla, mucha agua; La otra arma, una vieja arma; La ayuda, una ayuda; La ana, la águeda, la ángela, la arias, la álvarez, la haya; La a, la hache; El asia, el áfrica; La ácida naranja, la árida estepa. Evidencia-se, portanto, que os artigos recebem especial atenção para que o som da vogal a não se misture ao som da vogal a inicial da palavra que esse artigo determina. Dessa forma, com substantivos femininos no singular que começam pela letra a tônica, usa-se o artigo el (BIZELLO, 2018). Veja: El agua El hada Note que, embora as palavras agua e hada sejam femininas, estão acompanhadas pelo artigo masculino el. Contudo, quando essas palavras estão flexionadas no plural, o artigo que as acompanha é las — afinal, não há risco de cacofonia em função do som produzido pela letra s (BIZELLO, 2018): Las aguas Las hadas Analise as seguintes frases: a) Bebí el agua de la botella verde. b) Las aguas de la lluvia lavaron las calles. 25 c) El agua estaba helada. d) Un hada surgió en la escena final. e) Unas hadas surgieron en la escena final. Veja que o substantivo agua está determinado pelo artigo el apenas na frase a. Isso ocorre porque la agua levaria à repetição do fonema vocálico tônico. No plural, portanto, não se faz essa troca de artigo, porque não há risco de cacofonia e, com isso, agua permanece sendo um substantivo feminino. Aliás, a frase c reforça essa ideia, pois apresenta outro determinante do substantivo agua: helada. Observe que o adjetivo está no feminino, pois se refere a um substantivo feminino. Como o fenômeno da cacofonia está associado ao som ruim, e não à escrita, as palavras iniciadas por ha e tônicas também obedecem à regra de troca do artigo. Esse é o caso da palavra hada, que, conforme o exemplo d, sofre alteração de gênero do artigo. O exemplo evidencia que a troca ocorre tanto com artigos definidos quanto com indefinidos. Já o exemplo e ilustra uma flexão no plural em que não há necessidade de trocar o gênero do artigo. Desses exemplos, ratifica-se a regra: com substantivos femininos no singular que começam com a ou ha tônica, usa-se o artigo el. A mesma regra se aplica para artigo indeterminado. Embora essa regra tenha um motivo relacionado à oralidade (ao som), a sua obediência ocorre também na escrita. Veja um exemplo no trecho de uma reportagem do jornal El País: La rebelión de las águilas en Alaska [...] Estamos acostumbrados a ver el ave nacional de Estados Unidos como el gran héroe en los documentales de naturaleza, pescando salmón en ríos inmaculados, en el reverso de los billetes de dólar y en todos los sellos de los organismos federales, desde la CIA y la Agencia Nacional de Seguridad (NSA) hasta el gabinete del presidente (BRAITMAN, 2017, documento on- line). Perceba que, na manchete, a palavra águia está no plural (las águilas); logo, fica evidente que o gênero desse substantivo é feminino. Mais adiante, aparece a expressão no singular (el águia). O uso do artigo masculino ratifica a necessidade de evitar a cacofonia. O mesmo ocorre com a palavra alga nos fragmentos do texto a seguir: La inexplicable marea de algas que ahoga al pez volador 26 La creciente presencia de masas de sargazo, de la que aún se busca origen y explicación, dificulta la vida de unos pequeños pescadores caribeños ya de por sí vulnerables […] Las primeras referencias a esta alga marina marrón se remontan a la primera expedición americana de Cristóbal Colón (1492), cuando las carabelas cruzaron lo que se conoce como Mar de los Sargazos, frente a la costa de lo que hoy es Estados Unidos y en torno al triángulo de las Bermudas. Los marineros portugueses que pasaron más tarde bautizaron el alga al comparar aquellos bosques oceánicos con un arbusto al que llamaban sargaço (Cistus monspeliensis). Durante siglos, la zona fue temida y considerada un cementerio de barcos, porque la densidad de la vegetación marina y su capacidad para flotar dificultaban la navegación (LAORDEN, 2018, documento on-line). Observe agora a seguinte frase: La avenida principal de la ciudad es muy amplia. Embora o substantivo avenida comece com a letra a, a sílaba tônica da palavra é ni. Portanto, não deve haver troca do artigo la pelo artigo el. Essa percepção é ratificada na escrita jornalística. Observe a manchete de uma reportagem do jornal El País: El algodón sí engaña: esta materia prima que antaño representó prosperidad, hoy es pobreza. Su producción fue la base de la independencia de India. Hoy, las deudas, el cambio climático y las leyes inadecuadas desangran a los campesinos y destruyen sus cosechas (MARTÍNEZ CANTERA, 2017, documento on-line). Analise outro exemplo: El árbol de mi casa está lleno de flores. Por que o artigo que determina a palavra árbol está no masculino? Será porque árbol começa com a tônica? Não! Tome cuidado: em espanhol, árbol é uma palavra masculina. Aliás, ela faz parte da lista de heterogenéricos. No exemplo, o gênero masculino é ratificado pelo uso do adjetivo lleno, também flexionado no masculino. Assim, o plural seria los árboles (BIZELLO, 2018). Essa regra de troca de artigo, porém, não vale para a referência à letra a, embora valha para a letra h: La a es la primera letra del alfabeto. El hache española no tiene sonido sola. 27 Essa regra também não vale para nomes próprios: La Ana es mi amiga. La Ángela se casó con Bernardo. O artigo masculino indefinido também pode ser alterado diante de palavras masculinas: Uno Un hombre salió de la tienda. A esse fenômeno dá-se o nome de apócope. Segundo o dicionário on-line da RAE (2018), apócope é “Supresión de algún sonido al final de un vocablo, como en primer por primero”. Assim, o artigo uno sofre uma alteração no som. Veja o lide de uma reportagem do jornal El País, em que esse fenômeno aparece: “Si lee, no conduzca. Un repaso por la ficción muestra el papel determinante que el coche ha tenido siempre en la imaginación literaria” (PRON, 2018, documento on-line). 3 ADJETIVOS E ADVÉRBIOS 3.1 Adjetivos Os adjetivos são palavras que concordam em gênero e número com o substantivo que eles acompanham. Segundo Di Tullio e Malcuori (2012), o adjetivo foi definido como a palavra culta da língua. Ao contrário do substantivo ou do verbo, não é uma palavra essencial: a sua ausência não altera substancialmente o conteúdo da mensagem — embora a precisão, as nuances ou características estilísticas sejam perdidas. Torrego (2007) afirma que os adjetivos pertencem a uma classe aberta, isto é, a qualquer momento pode surgir um novo adjetivo, como cibernético. Além disso, eles nunca aparecem acompanhados por determinantes; quando isso ocorre, é porque foram substantivados, ou seja, deixaram de ser adjetivos e passaram a ser substantivos. Para Di Tullio e Malcuori (2012), os adjetivos são modificadores restritivos dos substantivos quando delimitam um subconjunto dentro da classe designada pelo substantivo, atribuindo-lhes alguma propriedade (calle ancha) ou classificando-os em relação a algum domínio (planta medicinal). No que se refere aos seus aspectos semânticos, os adjetivos podem se subdividir nos seguintes grupos (SPESSATO, 2015). Qualificativos: malo, bueno. Adjetivos de relação ou de pertencimento: linguístico, musical, social, cultural. Gentílicos: madrileño, canario, ruso. 28 Profissões: albañil, modelo, etc. Semideterminativos: siguiente, último, anterior, postrero. Determinativos: este libro, nuestra casa. Toda palavra que acompanha o substantivo, tanto para qualificá-lo como para determiná-lo (exceto o artigo), assume o papel de adjetivo. De acordo com Burgos et al. (2010), os adjetivos podem se subdividir em duas classes: determinativos ou qualificativos. Nos determinativos, temos os demonstrativos, possessivos, numerais, indefinidose relativos. Esse grupo de adjetivos determina e especifica, posicionando- se necessariamente na frente do substantivo. Os qualificativos, por sua vez, indicam qualidade ou característica, aceitando qualquer posição na sentença. Vale lembrar que, conforme a RAE (2010), ainda que o artigo compartilhe algumas das características do grupo dos determinativos, não se inclui a ele. No entanto, os adjetivos determinativos são mais semelhantes aos artigos do que ao grupo dos qualificativos. Em função disso, segundo Di Tullio (1997), alguns gramáticos (re)estabeleceram a classificação em determinantes — que engloba os adjetivos determinativos e os artigos — e adjetivos qualificadores. 3.2 Adjetivos e substantivos: uma linha tênue A fronteira entre adjetivos e substantivos é muito instável em espanhol. Para Torrego (2007), há palavras que podem ser tanto substantivos quanto adjetivos, de acordo com o contexto que aparecem. De acordo com Di Tullio e Malcuori (2012), muitos adjetivos assumem dois papeis, tanto de adjetivos como de substantivos, como você pode ver a seguir: El joven siempre es muy osado. Marco está muy joven con esta ropa. Nessas orações, temos a palavra joven em dois contextos diferentes: na primeira, é um substantivo; na segunda, um adjetivo. Como é possível perceber, o artigo que acompanha a primeira oração não é neutro, ou seja, ele não está substantivando a palavra joven, apenas concordando em gênero (masculino) e número (singular). Já na segunda, é possível perceber que o vocábulo cumpre o seu papel qualitativo. Outra forma de diferenciá-los é lembrar que o substantivo é o núcleo de um sintagma nominal, ou seja, ao colocá-lo no plural, por exemplo, toda a oração precisará ser modificada. Assim, temos Los jovenes siempre son muy osados. No entanto, o mesmo processo não é 29 possível com a segunda oração, pois o núcleo do sintagma nominal é Marco, e não joven: *Marco está muy jovenes con esta ropa (SPESSATO, 2015). Em espanhol, é muito frequente essa correspondência de palavras entre adjetivos e substantivos. Nesses casos, segundo Di Tullio e Malcuori (2012), ocorre um processo chamado de conversão, que consiste em um processo de derivação que não é indicado explicitamente por meio de afixos. Os adjetivos que indicam propriedades — qualidade física (pelo rubio) ou psíquica; idade (joven); condição (inmigrante); estado físico, mental (embarazada, enfermo) ou civil (casado); religião, ideologia ou partido político (católicos, judíos); ocupação (profesora); nacionalidade ou origem (mexicano) — têm a particularidade de assumirem também o papel de substantivos, que denotam as classes de pessoas que são caracterizadas por um ou outro desses traços. Cabe ressaltar que, o processo de conversão, no qual novos substantivos são formados por adjetivos, não é possível para todos os adjetivos. Por exemplo, a palavra bonito é um adjetivo avaliativo, que não leva à conversão. Se essa palavra assumir o papel de substantivo, não será pela conversão, mas sim pela substantivação. Em zapato bonito, por exemplo, bonito é um adjetivo; já em Lo bonito del día es el sol, bonito é um substantivo, uma vez que foi substantivado pelo artigo neutro Lo, e não pela conversão (SPESSATO, 2015). 3.3 Advérbios O grupo adverbial é bastante heterogêneo. Os seus integrantes são invariáveis (não possuem gênero, nem número), e o papel que cumprem foi evoluindo com o passar do tempo (SPESSATO, 2018). De acordo com estudos gramaticais, o critério semântico lógico-objetivo caracteriza o advérbio como a classe de palavras que normalmente modificam o verbo. É possível perceber a evolução da análise do papel do advérbio nas gramáticas de língua espanhola: a sua abordagem iniciou de maneira mais básica com Nebrija e foi se especificando com o passar dos séculos. Para Nebrija (1992), o advérbio é só uma das dez classes de palavras, e o seu papel principal é mudar o valor do verbo, uma vez que, assim como o adjetivo atribui valor ao substantivo, o advérbio atribui valor ao verbo. Segundo Villalón (1971), o advérbio muda o significado do verbo e da ideia que a oração busca passar. De acordo com Correas (1954), além de modificar o verbo, o advérbio denota alguma circunstância 30 e — indo ao encontro da afirmação de Nebrija — assume para o verbo o mesmo papel que o adjetivo assume para o substantivo. Estudos sobre esse grupo foram se aprofundando e evoluindo com o passar do tempo. Em 1796, para a Gramática da Real Academia Española (RAE), o advérbio modificava o significado do verbo e era uma partícula invariável. Além disso, a RAE (2001) justificava outras construções que podiam ocorrer com ele, como quando ele se une a outras partes da oração. Contudo, a ideia inicial de ser em função do verbo se mantinha. Estudos mais atuais não contradizem o papel do advérbio, apenas agregam mais informações. Para Alarcos Llorach (1999), o advérbio designa uma classe de palavras invariáveis em seu significante e frequentemente indecomponíveis em signos menores, destinadas, em princípio, a cumprir por si o papel de adjacente circunstancial do verbo. No entanto, de acordo com o autor, essa função não impede que, dentro de um grupo unitário nominal, o advérbio seja apresentado como adjacente a um adjetivo ou outro advérbio. Para a RAE (2011), os advérbios correspondem a uma classe que se caracteriza por dois fatores: um morfológico e outro sintático. A ausência de flexão é característica morfológica, e o papel sintático se dá pela sua capacidade de estabelecer uma relação de modificação com outros grupos sintáticos correspondentes a diferentes categorias. De fato, os advérbios modificam o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, como você pode ver nos exemplos a seguir: Juan canta bien. Ana es muy simpática. Vivo tan lejos de la capital. No primeiro exemplo, temos o advérbio bien que modifica o verbo cantar. No segundo, temos um advérbio muy que intensifica o adjetivo simpática. Já no terceiro, o advérbio tan modifica o advérbio de lugar lejos (SPESSATO, 2018). Além das classes esperadas, a RAE (2011) afirma que certos advérbios podem modificar outros grupos nominais, pronominais, preposicionais ou até oracionais. Veja os seguintes exemplos: Van a ir todos, incluso tus vecinos. No fueron muchos a la fiesta, solo yo. Hicimos las tareas de matemáticas prácticamente sin esfuerzo. Quizás viajemos a Chile este año. Na primeira oração, temos o advérbio incluso, que modifica o sintagma nominal tus vecinos. Na segunda, o advérbio solo modifica o pronome de sujeito yo. No terceiro 31 exemplo, temos o advérbio prácticamente modificando a preposição sin, enquanto no último temos o advérbio quizás modificando a oração inteira viajemos a Chile este año (SPESSATO, 2018). Além dos advérbios, também temos as locuções adverbiais, as quais são unidades léxicas constituídas por duas ou mais palavras que exercem função sintática correspondente à função adverbial. Veja o quadro a seguir (SPESSATO, 2018). Espan hol Portug uês Todavía (advérbio de tempo) Ainda Sin embargo (conjunção adversativa) Todavia, entretanto, no entanto Entretanto (advérbio de tempo) Enquanto En cuanto (advérbio de tempo) Assim que Así que (conjunção ilativa) Portanto 3.4 Tipologia adverbial Os advérbios são classificados de acordo com características mais ou menos formais. De acordo com Torrego (2007), é possível expor dois grupos adverbiais específicos: os advérbios relativos e os advérbios interrogativos. O primeiro grupo corresponde aos advérbios que se relacionam com um antecedente explícito ou implícito. Temos como exemplo desse grupo os advérbios donde, cuando, como e cuanto. Esses advérbios são átonos e funcionam como complementos circunstanciais dos verbos da oração e, simultaneamente, como nexos introdutores de orações relativas. Por exemplo:Canoas es la ciudad donde nací. No segundo grupo, os advérbios interrogativos são utilizados para perguntas sobre a noção de lugar, modo, tempo ou quantidade. Temos como exemplos desse grupo os advérbios dónde, cuándo, cómo e cuánto. De acordo com Torrego (2007), alguns gramáticos julgam o segundo grupo apenas como uma variante do primeiro. Por exemplo: 32 ¿Dónde fuiste? ¿Cómo estás? Embora tenhamos analisado dois grupos de advérbios, a classificação mais tradicional é a que considera o valor semântico adverbial, ou seja, o seu significado. Nessa classificação, de acordo com a RAE (2011), temos os advérbios de tempo, aspecto, modo, lugar, afirmação, negação, dúvida e quantidade. Para analisar os tipos de advérbios, veja a seguir o texto de Gustavo Taretto (2011, documento on-line) sobre o filme Las medianeras. Las medianeras solo existen en Buenos Aires Buenos Aires llama muchísimo la atención en el exterior. En Europa me pidieron como condición que nombre Buenos Aires en el subtítulo. A pesar de mostrar sus desaciertos, la gente me dice que la ciudad les genera mucha curiosidad. Las medianeras son una particularidad de acá. En ningún lugar tienen una única palabra que defina las medianeras. No existen. Ni siquiera en España entienden rápido el concepto”, cuenta Gustavo Taretto, un apasionado de la arquitectura. “Es una película muy original que, más allá de esa cosa muy porteña del principio que nos remite a Buenos Aires, tiene algo que te identifica en cualquier ciudad que estés. La gente vive encerrada peor que acá. Em casi todo el mundo viven en menos metros. Nosotros todavía tenemos um poco más de espacio, pero es cierto que la ciudad se fue construyendo al revés y le dimos la espalda al río”, reflexiona Peterson. “Cuando era chico no quería una bicicleta. Quería una cámara de fotos. Como no quería interrumpir a desconocidos por la calle, empecé a sacarles fotos a los edificios. Y se volvió una obsesión sacarle fotos también a la ciudad. Y con el tiempo empecé a pensar la relación de la ciudad con la gente”, recuerda Taretto sobre los orígenes del filme. 3.5 Advérbio de tempo Por indicarem tempo, a RAE (2011) afirma que se costuma classificar esses advérbios em de referência temporal, de duração e de frequência. Os advérbios de referência costumam responder à pergunta cuando. Eles localizam o tempo na ação, no processo ou no estado, denotando bem o tempo gramatical do predicado sobre o qual incidem (llegaré después), ou a partir do tempo que demarca o seu complemento (llegaré después de las ocho). Essas relações podem ser de anterioridade (antes, anteriormente), de posterioridade (después) ou de coincidência (mientras) (SPESSATO, 2018). 33 Alguns advérbios de referência são os seguintes: hoy, mañana, ayer, anoche, actualmente, antaño, hogaño, mientras, a la vez, entretanto, luego, pronto, presto. Os de aspecto correspondem a ya, todavía, aún. (SPESSATO, 2018). Os advérbios de duração expressam o tempo de duração de determinada situação denotada pelo predicado. Para que se expresse esse tempo, é necessário que se responda à seguinte questão: quanto tempo? (SPESSATO, 2018). Alguns advérbios e locuções adverbiais de duração são brevemente, largamente, siempre, nunca. Por indicarem tempo, a RAE (2011) afirma que se costuma classificá- los em advérbios de referência temporal, de duração e de frequência. As perguntas que assinalam os advérbios de tempo são as seguintes: ¿cuándo? ¿cuánto tiempo? ¿con qué frecuencia? ¿para cuándo? ¿desde cuándo? ¿hasta cuándo? Formas simples Ahora, anoche, anteayer, hoy, ayer, mañana, temprano, tarde, inmediato, presto, pronto, en cuanto, luego, después, antes, ya, matutino, vespertino, aún, todavía, recién, mientras, a la vez, entre tanto, en tanto que, jamás, nunca, antaño, hogaño, a menudo, frecuentemente, súbitamente. Formas compostas Dentro de poco, en breve, de aquí adelante, de vez en cuando, en el futuro, al rato, para rato, de pronto, de presto, de golpe, de un tirón. Veja o exemplo a seguir, retirado do texto anterior. Nosotros todavía tenemos un poco más de espacio, pero es cierto que la ciudad se fue construyendo al revés y le dimos la espalda al río. 3.6 Advérbio de modo A RAE (2011) afirma que pertencem a essa classe o demonstrativo así (No megusta que hables así), os adjetivos com o sufixo -mente e muitas outras expressões adverbiais. As perguntas que assinalam os advérbios de tempo são as seguintes: 34 ¿cómo? ¿de qué manera? Formas simples Así, deprisa, despacio, bien, mal, buenamente, malamente, sólo, solamente, únicamente, peor, mejor, como, según, fácilmente, injustamente, aun, incluso. Formas compostas Al por mayor, al por menor, en efectivo, al contado, a diestro y siniestro, al fin y al cabo, con pies de plomo, en cambio, a cambio, a sabiendas, de veras, de balde, en vano, adrede, en un santiamén, rápidamente, al azar, acaso. Veja o exemplo a seguir: Hoy no sería extraño escuchar que los ataques de pánico se propagan más rápido que la gripe. 3.7 Advérbio de lugar De acordo com a RAE (2011), nesse grupo temos os advérbios demonstrativos e os de relação locativa. Os primeiros são aquí, acá, ahí, allí, allá; os segundos são delante, adelante, detrás, cerca, lejos, fuera, dentro, adentro. As perguntas que eles respondem são as seguintes: ¿dónde? ¿adónde? ¿desde dónde? Formas simples Aquí, acá, allá, allí, acullá, ahí, alrededor, cerca, lejos, arriba, abajo, fuera, afuera, dentro, adentro, delante, detrás, atrás, enfrente, encima, debajo, aquende, allende. Formas compostas Allá arriba, aquí abajo, por todas las partes. Veja os exemplos a seguir, ainda do texto de Gustavo Taretto (2011): En un vagón de metro hay cien personas que vuelven del trabajo indiferentes entre sí. Lejos de tranquilizarnos, estar rodeados de gente nos inquieta profundamente. La gente vive encerrada peor que acá. […] Es una película muy original que, más allá de esa cosa muy porteña del principio que nos remite a Buenos Aires […]. 35 3.8 Advérbio de afirmação Os advérbios de afirmação servem para reforçar (ou às vezes suavizar) uma declaração (SPESSATO, 2018). Formas simples e compostas Sí, claro, seguro, seguramente, cierto, por supuesto, desde luego, también, evidentemente, en efecto. Veja o exemplo a seguir: Como no quería interrumpir a desconocidos por la calle, empecé a sacarles fotos a los edificios. Y se volvió uma obsesión sacarle fotos también a la ciudad. 3.9 Advérbio de negação Os advérbios de negação servem para negar declarações (SPESSATO, 2018). Formas simples No, jamás, nunca, tampoco, apenas. Formas compostas De ningún modo, en absoluto, ni por asomo. Veja o exemplo a seguir: Las medianeras son una particularidad de acá. En ningún lugar tienen una única palabra que defina las medianeras. No existen. 3.10 Advérbio de dúvida Os advérbios de dúvida indicam dúvida ou incertezas (SPESSATO, 2018). Formas simples e compostas Acaso, probablemente, posiblemente, quizá(s), tal vez, a lo mejor. 3.11 Advérbio de quantidade De acordo com a RAE (2011), esse grupo adverbial expressa quantidade, grau ou intensidade. Além disso, são os únicos advérbios que podem modificar os adjetivos ou outros advérbios. A pergunta que eles respondem é ¿cuánto/a? Formas simples e compostas 36 Mucho, muy, bastante, demasiado, harto, algo, menos, poco, nada, casi, todo, más, tanto, tan, mitad, totalmente, parcialmente, al menos, poco más, poco a poco, a lo sumo. Veja o exemplo a seguir: Es una película muy original que, más allá de esa cosa muy porteña del principio que nos remite a Buenos Aires, tiene algo que te identifica en cualquier ciudad que estés. Saiba mais: Uma dúvida comum entre os aprendizes de espanhol é sobre o usode muy e mucho. Muy sempre será um advérbio, ou seja, é invariável, modificando o adjetivo e o advérbio (SPESSATO, 2018): Carlos es muy simpático. Fabio canta muy bien. Mucho pode ser adjetivo, pronome ou advérbio. Quando é adjetivo ou pronome, ele é variável, ou seja, modifica ou substitui o substantivo; quando é um advérbio, é invariável. Como advérbio, ele modifica o verbo (SPESSATO, 2018): ¿Tienes muchas historias de tus vacaciones? (adjetivo – variável) Sí, tengo muchas. (pronome – variável) Ana baila mucho. (advérbio – invariável) Atenção: antes de antes/después (advérbios), más/menos (advérbios), mayor/menor (adjetivos) e peor/mejor (adjetivos) não se usa muy. Nesses oito casos, sempre se usa mucho. Veja o quadro a seguir. Muy Mucho Uso Antes de adjetivos e advérbios Depois de verbos Exemplos Estoy muy feliz. Vivo muy cerca de acá. Llovió mucho. Exceções Antes/Después (advérbios) Más/Menos (advérbios) Mayor/Menor (adjetivos) Peor/Mejor (adjetivos) 37 3.12 Relações semânticas contextuais Sabe-se que há muitas situações em que ocorre o contraste no uso dos advérbios — em alguns casos, são homônimos, em outros são sinônimos. Saber o significado dos advérbios e compreender as relações que podem ser feitas dentro das sentenças é tarefa fundamental para qualquer professor de língua espanhola (SPESSATO, 2018). Os advérbios de tempo possuem alguns grupos sinônimos. Por exemplo, o advérbio todavía é sinônimo do advérbio aún, e ambos significam ainda em português. Entretanto, aún contrasta com aun: enquanto aún é um advérbio de tempo, aun é um advérbio de modo. Assim como aún corresponde a todavía, aun corresponde a hasta ou incluso (SPESSATO, 2018). Analise os seguintes exemplos: Te lo venderemos, pero aún no tenemos el precio. Todos vinieron, aun los que no fueron invitados. O primeiro exemplo contém o advérbio de tempo aún e pode ser reescrito sem alteração de sentido da seguinte maneira: Te lo venderemos, pero todavia no tenemos el precio. Já o segundo, com o advérbio de modo aun pode ser parafraseado de duas maneiras: Todos vinieron, incluso los que no fueron invitados e Todos vinieron, hasta los que no fueron invitados (SPESSATO, 2018). O mesmo ocorre com os advérbios que indicam simultaneidade: mientras, a la vez, en tanto que e entre tanto são todos sinônimos; além disso, contrastam com o advérbio en cuanto do espanhol, que significa assim que em português (SPESSATO, 2018). Portanto, veja os seguintes exemplos: Ella bailaba mientras cantaba. En cuanto termine la clase, nos vamos para casa. Na primeira sentença, é possível substituir o advérbio mientras por a la vez, en tanto que e entre tanto sem alteração de sentido. O mesmo ocorre com o segundo exemplo, que tem como sinônimo de en cuanto o advérbio apenas (SPESSATO, 2018). Ao pensarmos nos advérbios de lugar mais comuns, como aquí, acá, allí e allá, é importante ressaltarmos que o sistema linguístico do espanhol não é composto apenas de elementos que terminam em -í, como aquí e allí; também há vocábulos terminados em -á, como acá e allá. No entanto, ainda que aquí e acá e allí e allá sejam usados em circunstâncias muito parecidas, nem sempre eles serão sinônimos (SPESSATO, 2018). 38 As formas terminadas em -i são estáticas, locativas, indicam um lugar absoluto e se referem a lugares mais precisos. As formas terminadas em -a indicam um lugar relativo e se referem a lugares imprecisos. Além disso, mostram a direção ou o movimento em direção a algo (SPESSATO, 2018). Cabe ressaltar que existe, no uso da língua, uma neutralização das diferenças entre as formas terminadas em -í e em -á. Os falantes geralmente escolhem as formas que desejam usar seguindo normas regionais e geográficas, e não regras linguísticas. Há casos também em que uma forma considerada direcional é usada com valor locativo, e outros em que observamos a situação oposta (SPESSATO, 2018). A neutralização mencionada anteriormente torna os marcadores aquí e acá em muitos contextos sinônimos: Sal de aquí. Sal de acá O marcador allá, assim como allí, designa um lugar fora da conversa e longe. Em alguns contextos, ambos podem ser considerados como sinônimos, especialmente quando usados como direcionais (SPESSATO, 2018): Vaya allí = vaya allá No entanto, o oposto dificilmente será possível: normalmente allá não é usado como locativo. Em relação aos advérbios de lugar, como donde e adonde, dentro e adentro, fuera e afuera, é importante ressaltar que a presença da preposição a no advérbio indica movimento. Inclusive, é possível afirmar que adentro é sinônimo de para dentro (SPESSATO, 2018). Veja os seguintes exemplos: Mis cosas están dentro del bolso. ¿Dónde estás? ¡Adentro! Em relação aos advérbios de quantidade, vale ressaltar algumas peculiaridades. O advérbio harto é sinônimo de abundantemente e transmite a ideia de conter mais do que o necessário. Já o advérbio demasiado é sinônimo de excessivamente. Além desses dois, há ainda um advérbio que se encaixa no grupo dos indefinidos: algo. Este, quando apresenta valor adverbial, corresponde a un poco (SPESSATO, 2018). Veja os seguintes exemplos: Comí mucho. Estoy harto. La gente nunca está feliz y reclama demasiado. Nosotros estamos algo agotados. 39 Ainda que tenhamos estudado diversos advérbios, você deverá prestar especial atenção a um advérbio específico: o apenas. Esse advérbio pode indicar tempo, modo ou negação. No primeiro caso, tem como sinônimo o advérbio en cuanto e é traduzido ao português como assim que. Se indicar modo, os seus sinônimos serão solo, sólo ou solamente, e a sua tradução será somente. No contexto em que esse advérbio expressa uma negação, terá como sinônimo o advérbio casi no (SPESSATO, 2018) 4 PRONOMES 4.1 Pronomes pessoais Os pronomes podem referir-se a qualquer entidade (pessoas, animais, objetos, sentimentos), e os pessoais têm um traço diferencial: apresentam características gramaticais de pessoa. Assim, designam as pessoas do discurso (BIZELLO, 2018). Isso significa que eles são fundamentais para a determinação de quem são os interlocutores, isto é, de quem ou do que se está falando (BIZELLO, 2018). Observe: Nosotros pedimos un postre muy dulce para comer después del almuerzo. O pronome nosotros indica claramente o falante desse discurso. Essa característica, segundo a Real Academia Española (2010, p. 299), “[…] reduce considerablemente su contenido léxico y los convierte además en categorias deícticas. La forma que adoptan es diferente según se refieran al hablante (yo), al oyente (tú) o a ninguno de los dos (él, ella) […]”. Além dessas características, os pronomes pessoais são definidos e aceitam poucos modificadores restritivos. Essa propriedade acompanha todos os pronomes pessoais: nominativo ou recto, acusativo, dativo, preposicionado ou oblíquo. Veja no quadro os casos pessoais (BIZELLO, 2018). Caso Persona gramatical 1ª persona 2ª persona 3ª persona Nominativo o recto Singular Yo Tú Él Plural Nosotros, nosotras Vosotros, vosotra Ellos Acusativo Singular Me Te Lo, la, se Plural Nos Os Los, las, se Dativo Singular Me Te Le, se 40 Plural Nos Os Les, se Preposicional o oblicuo Singular Mí, conmigo Ti, vos, contigo Él, ella, ello, sí, consigo Plural Nosotros , nosotras Vosotros , vosotras Ellos, ellas, sí, consigo Fonte: Adaptado de Real Academia Española (2010, p. 300). Além dos exemplos apresentados, há algumas formas nominais que concordam com o verbo na terceira pessoa, mas se referem ao ouvinte, ou seja, a uma segunda pessoa. Esse é o caso de usted (BIZELLO, 2018): ¡Buenos días, profesora! ¿Usted quieres hablar conmigo? Essa mesma situação ocorre com formas nominais de tratamento, seja para expressar cortesia ou respeito, seja
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