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LÍNGUA ESPANHOLA II

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LÍNGUA ESPANHOLA II 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 VERBOS .............................................................................................................. 4 
1.1 Aspecto verbal ........................................................................................ 4 
1.2 Tipos de aspecto ..................................................................................... 5 
1.3 O aspecto verbal e a sua relação com outras categorias ....................... 7 
1.4 Modos verbais ......................................................................................... 9 
1.5 Modo e modalidade .............................................................................. 10 
1.6 Temporalidade verbal: uma importante categoria ................................. 13 
1.7 Modo indicativo: tempos verbais ........................................................... 13 
1.8 Modo subjuntivo: tempos verbais .......................................................... 16 
2 ARTIGOS ........................................................................................................... 17 
2.1 Artigos definidos ................................................................................... 17 
2.2 Artigos indefinidos ................................................................................. 21 
2.3 Artigos e cacofonia ............................................................................... 23 
3 ADJETIVOS E ADVÉRBIOS .............................................................................. 27 
3.1 Adjetivos ............................................................................................... 27 
3.2 Adjetivos e substantivos: uma linha tênue ............................................ 28 
3.3 Advérbios .............................................................................................. 29 
3.4 Tipologia adverbial ................................................................................ 31 
3.5 Advérbio de tempo ................................................................................ 32 
3.6 Advérbio de modo ................................................................................. 33 
3.7 Advérbio de lugar .................................................................................. 34 
3.8 Advérbio de afirmação .......................................................................... 35 
3.9 Advérbio de negação ............................................................................ 35 
3.10 Advérbio de dúvida ............................................................................ 35 
3.11 Advérbio de quantidade ..................................................................... 35 
3.12 Relações semânticas contextuais ...................................................... 37 
4 PRONOMES ...................................................................................................... 39 
4.1 Pronomes pessoais .............................................................................. 39 
4.2 Colocação pronominal .......................................................................... 42 
4.3 Pronomes relativos ............................................................................... 45 
4.4 As funções sintáticas dos relativos ....................................................... 47 
 
3 
 
4.5 Pronomes interrogativos e exclamativos ............................................... 49 
4.6 Aspecto frasal ....................................................................................... 52 
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 VERBOS 
O verbo representa uma classe de palavras que funciona como o núcleo de uma 
sentença, da qual ele pode ser o único elemento, sem a necessidade de outras 
unidades. A flexão verbal expressa dois tipos de informação. A primeira remete ao 
número e à pessoa, que vem imposta pelo sujeito com quem o verbo concorda (ou não). 
A segunda remete ao tempo, ao aspecto e ao modo verbal, os quais caracterizam o 
verbo em relação ao seu conjunto (SPESSATO, 2018). 
O tempo verbal é uma categoria dêitica, pois permite relacionar os 
acontecimentos com o momento em que se fala. O aspecto verbal, por sua vez, informa 
sobre a organização interna das situações em relação ao tempo, ou seja, indica que 
uma oração passada não remete apenas à ideia de passado (SPESSATO, 2018). 
1.1 Aspecto verbal 
O sistema verbal é uma ferramenta usada pelo falante para atribuir determinado 
estatuto ao que ele diz, convertendo fatos extralinguísticos em elementos de um 
discurso construído. De acordo com Alarcos Llorach (1994), o verbo associa um signo de 
referência lexical e um signo complexo de referência gramatical, os quais, integrados, 
são atualizados no campo do discurso. 
Segundo Esteves (2004), alguns estudiosos têm criticado a rigidez e a excessiva 
hierarquia com a qual o sistema verbal do espanhol tem sido descrito. Este se apresenta 
apenas com base em três macrocategorias — tempo, modo e aspecto 
— e se destaca o fato de que nem todas funcionam para todas as unidades do 
sistema. 
Comparando dois grandes gramáticos da língua espanhola, Esteves (2004) 
chega à conclusão de que os estudos verbais são muito superficiais. Por exemplo, Rojo 
(1990), na tentativa de resolver as contradições em relação às noções extralinguísticas 
de passado, presente e futuro, não dá a devida importância para a noção de 
temporalidade aspectual no verbo. Anteriormente, Bello (1988) havia apenas listado os 
verbos em relação aos seus tempos e modos. Esteves (2004) afirma que os estudos 
linguísticos consideraram, no passado, que os fatores temporais que atuam no verbo 
estavam ligados somente às noções extralinguísticas de passado, presente e futuro. 
O aspecto verbal, de acordo com a Real Academia Española (RAE) (2011), é a 
categoria que informa o comportamento do verbo em relação às situações e ao tempo 
 
5 
 
em que este se insere. Ele indica, por exemplo, se a situação começa, é durativa ou 
está em desenvolvimento. Além disso, pode indicar se o passado é acabado e pontual 
ou acabado e repetitivo. O aspecto, ao contrário do tempo verbal, não proporciona 
informação dêitica. 
Essa categoria gramatical expressa a representação do emissor do "processo 
comunicativo" em relação à sua duração, ao seu desenvolvimento ou à sua terminação. 
Em outras palavras, o aspecto verbal representa o conjunto de categorias ligadas pela 
sua relação com a ação verbal tomada em si, como a categoria de repetição, visão 
temporal ou realização (SPESSATO, 2018). 
1.2 Tipos de aspecto 
Estudar o aspecto verbal implica analisar as possíveis relações temporais como 
anteriores, simultâneas ou subsequentes à origem. Além disso, ele se subdivide em três 
classes: aspecto morfológico, aspecto léxico e aspecto sintático (SPESSATO, 2018). 
O aspecto morfológico (AM) se manifesta por meio das desinências verbais. Ele 
permite expressar uma situação acabada (aspecto perfectivo) ou inacabada (aspecto 
imperfectivo) — caso a ação tenha uma durabilidade, será considerada imperfectiva 
(SPESSATO, 2018): 
María cantó una música. (Aspecto perfectivo) María cantaba en la iglesia. 
(Aspecto imperfectivo) 
No primeiro exemplo, temos o aspecto perfectivo, pois é certo que a ação cantó é 
acabada e pontual no passado. Já no segundo, temos o aspecto imperfectivo, uma vez 
que trata de uma ação que tem uma durabilidade no passado. 
Para Coan, Freitag e Pontes (2013), o AM perfectivo é caracterizado pela 
perspectiva global da situação, formando uma unidade ou um conjunto cuja 
constituição interna não interessa referir. Já o AM imperfectivo expressa diferentesnuances da temporalidade interna: que se desenrola, que indica o tempo interno (inicial, 
medial, final) ou que expressa estados resultantes. 
Costuma-se distinguir três modalidades do AM imperfectivo: progressiva, 
interativa ou cíclica e contínua (SPESSATO, 2018). 
A modalidade progressiva indica um ponto ou intervalo do desenvolvimento da 
ação, como as alternâncias entre pinta e está pintando (SPESSATO, 2018). Observe os 
exemplos: 
María pinta bien. 
 
6 
 
María está pintando bien. 
A modalidade conhecida como interativa ou cíclica faz referência a uma série 
aberta de situações que se repetem ao longo de certo intervalo de tempo, de forma 
aparentemente frequente ou durativa, como ocorre nos seguintes exemplos 
(SPESSATO, 2018): 
María se levanta temprano. María se levantaba temprano. 
A terceira modalidade do aspecto imperfectivo é conhecida como contínua. Ela se 
caracteriza por salientar uma situação que persiste ao longo do tempo ou que teve certa 
durabilidade (SPESSATO, 2018): 
Cuando era niño jugaba fútbol en la escuela. 
O aspecto léxico (AL), também chamado de modo ou qualidade da ação, 
depende do significado dos predicados e das ações que o constroem. De acordo com o 
AL, os predicados se classificam em quatro grupos: atividades, realizações, 
concretizações ou conquistas e estados (SPESSATO, 2018). 
 
Exemplo: 
 Atividades: 
 Trabajar Llover 
 Conducir un ómnibus Vender algo 
 Realizações: 
 Comer una pizza Limpiar la casa Cantar una música 
 Concretizações ou conquistas: 
 Alcanzar un empleo Perder las llaves Salir temprano 
 Estados: 
 Merecer un premio Tener dinero 
 Estar feliz 
 Residir en una ciudado 
Os predicados verbais dessas classes, de acordo com a RAE (2011), 
caracterizam-se pela presença ou ausência de algumas características, como durativas, 
limitadas ou dinâmicas. Os processos durativos se estendem em relação ao tempo, e 
uma de suas marcas é a presença de elementos como durante. Os processos 
delimitados se caracterizam por possuir um término ou um fim, e são introduzidos por 
 
7 
 
alguns marcadores, como a preposição en. Já os processos dinâmicos se caracterizam 
por uma progressão ou uma situação em curso. 
O primeiro grupo (atividades) caracteriza-se por representar predicados durativos 
(llovió durante horas), não delimitados (*llovió en tres horas) ou dinâmicos (siguió 
lloviendo). O segundo grupo (realizações) são predicados durativos (cantó una 
música durante tres minutos), delimitados (escribió um texto en tres minutos) e 
dinâmicos (continua cantando aquella música). O terceiro grupo (concretizações) não 
contém aspecto de durabilidade (saldrá de la casa durante una hora), mas se apresenta 
de maneira limitada (llegará a casa durante media hora). Por fim, o quarto grupo 
(estados) necessita de limite, é durativo, mas não se caracteriza como uma atividade 
dinâmica (SPESSATO, 2018). 
O aspecto sintático se manifesta por meio das perífrases verbais, conhecidas 
como locuções verbais no português. Elas se formam com as formas verbais impessoais 
de infinitivo e gerúndio, mas não com particípio (SPESSATO, 2018). 
Em algumas perífrases de infinitivo, de acordo com a RAE (2011), predominam 
algumas características temporais, como de posterioridade (vas a salir) ou de repetição 
(Suelen dormir temprano). Em outras, há o significado de processo, como as seguintes 
construções: empezar por + infinitivo; acabar por + infinitivo; terminar por + infinitivo; venir 
a + infinitivo; llegar a + infinitivo, entre outras. 
As perífrases de gerúndio são oficialmente aspectuais, pois mostram uma ação, um 
processo ou um estado de coisas em curso. Inclusive, a maioria dos verbos em 
gerúndio, quando têm valor verbal, carregam significado independente, como verbos de 
movimento ou verbos auxiliares. As principais construções são: estar + gerúndio; ir + 
gerúndio; venir + gerúndio; e andar + gerúndio. 
1.3 O aspecto verbal e a sua relação com outras categorias 
Quando analisamos as questões de tempo, modo e aspecto, precisamos 
compreender o papel de cada categoria, para que não haja nenhum tipo de confusão 
em relação aos seus papeis no que se refere aos contrastes existentes no sistema 
verbal. Por exemplo, o modo de ação se diferencia do aspecto no sentido de que, 
embora seja de natureza gramatical, tem um caráter semântico: o verbo ver pode 
expressar a ideia de um processo durativo ou imperfeito, o qual contrasta com o verbo 
nascer, que é claramente perfeito e acabado. Nesse ponto, o valor modal apenas 
caracteriza o fato do verbo estar no infinitivo (SPESSATO, 2018). 
 
8 
 
No que se refere ao uso do verbo, o tempo e o aspecto possuem uma relação 
interessante. De acordo com Ferraro e López (2002), as formas verbais, em uma análise 
temporal, também podem ser absolutas ou relativas. Aqueles que marcam uma 
relação direta com o ponto de referência ou origem são absolutos — por exemplo, yo comí. 
Já as relativas marcam uma relação indireta com o ponto de referência ou origem, ou 
seja, estão ligadas por meio de outra ação, relacionando-se assim com a sua origem — 
por exemplo, yo comía ou yo había comido. 
Nesse sentido, há uma relação temporal, e não aspectual, pois o tempo carrega um 
valor dêitico, diferentemente do aspecto. Para Rojo (1990), enquanto a temporalidade é 
uma categoria dêitica, o aspecto é uma categoria não dêitica que reflete o 
desenvolvimento interno da situação sem relacioná-la a nada externo a ela. De acordo 
com Di Tullio (1997), o aspecto — diferentemente do tempo, que é uma categoria de 
dêitica — retrata o tempo interno do acontecimento. Isso significa que ele não se localiza 
em relação ao ponto da fala, mas sim especifica a sua estrutura interna. 
A fim de contribuir com o conceito de temporalidade verbal, as suas relações com 
a noção de aspecto e a sua incidência explicativa sobre o sistema verbal, Rojo (1990) 
reformula o conceito de temporalidade e a destaca como um componente essencial na 
análise de formas verbais em espanhol. Para o autor, as noções de anterioridade, 
simultaneidade e posterioridade são muito diferentes daquelas de passado, presente e 
futuro habituais, que são totalmente inadequadas, na medida em que ligam uma noção 
gramatical a categorias do mundo extralinguístico. 
Nesse contexto, é importante notar que não há, na temporalidade linguística, 
nenhuma indicação da posição exata de determinado acontecimento temporal. Porém, 
ela atua como uma serialização de sentido, orientando de um ponto relativo a outro 
(SPESSATO, 2018). 
Para Esteves (2004), ao examinar uma forma verbal, é importante distinguir entre 
a relação temporal primária que ela expressa e o ponto com respeito a ela. Isso resulta 
em uma organização do sistema verbal bem diferente da tradicional, que é organizada 
em torno de formas de passado, presente ou futuro, ou em torno de formas simples e 
compostas. Nessa nova visão do processo verbal, a conexão entre certas formas 
verbais aparece de maneira muito mais explícita, como entre canto e cantaba ou entre 
cantaré e cantaria. As duas primeiras são formas de simultaneidade que diferem no 
ponto segundo o qual ela é expressa; já os outros dois, embora trabalhem da mesma 
maneira, expressam um momento mais tarde. 
 
9 
 
De maneira geral, cabe destacar que, de acordo com Gutiérrez Araus (2000), o 
conjunto de categorias gramaticais que integrariam o sistema verbal do espanhol atual 
é formado por pessoa/número, temporalidade, perspectiva discursiva, aspecto verbal, 
modo verbal e modalidade. Em outras palavras, é inviável olhar para a forma e não 
buscar compreender o sentido que determinado verbo carrega em um contexto 
específico. 
Saiba mais: 
Você sabia que o futuro simples possui um sinônimo direto? Trata-se da perífrase 
verbal de futuro, a qual é apresentada pelo verbo ir + a + infinitivo. 
Logo, podemos fazer a seguinte associação: 
 Cantaré= Voy a cantar 
 Hablarás = Vas a hablar 
 Será = Va a ser 
 Comeremos = Vamos a comer 
 Iréis = Vais a ir 
 Escribirán = Van a escribir 
1.4 Modos verbais 
Os procedimentos gramaticais que denotam a atitude do falante em relação ao 
que é dito constituem as variações mórficas do verbo conhecidas como modo verbal. 
Alarcos Llorach (1994) afirma que é comum distinguir entre o dictum (ou conteúdo do 
que é comunicado) e o modus (ou modo de apresentá-lo de acordo com nossa atitude 
psíquica). Para Gili Gaya (1981), os modos verbais são apenas meios expressivos e 
gramaticais que denotam a atitude do falante. 
A visão sobre modo verbal já evoluiu muito desde a primeira gramática da língua 
espanhola, com Antonio de Nebrija (1492). Considerando apenas o século XX, em 1931, 
em sua edição revisada da gramática da língua espanhola, a Real Academia Española 
dividiu os modos verbais em cinco: infinitivo, indicativo, potencial, subjuntivo e imperativo. 
Em 1973, o seu Esbozo apresentou, ainda que sem caráter oficial, uma nova divisão 
modal, com algumas alterações terminológicas dos tempos verbais. 
No ha cambiado el orden sucesivo de las formas (tras las de presente, las del 
imperfecto; tras del indicativo, el subjuntivo, etc.); pero se sustituye la división 
en cinco grupos llamados modos que se hacía de todas ellas por otra división 
en dos grupos fundamentales, más atenida a la realidad morfológica: formas 
impersonales y formas personales, según que carecen o no de morfemas de 
persona. Desaparece, por lo tanto, el llamado modo infinitivo (amar) y 
 
10 
 
desaparece también el modo condicional (amaría), que se incorpora, como un 
tiempo más, al modo indicativo (RAE, 1995, p. 260). 
Os modos verbais do espanhol são três: indicativo, subjuntivo e imperativo. Por 
fim, A RAE confirmou em 2010 o que havia sido escrito em 1973: o modo potencial ou 
condicional — tanto as formas simples e como as compostas (amaría, habría amado) 
— foi suprimido e agregado ao indicativo. O antigo modo infinitivo não existe mais; 
o infinitivo, o gerúndio e o particípio são as formas não pessoais do verbo, de acordo 
com a terminologia proposta por Samuel Gili Gaya (1981). 
Conforme a RAE (2010), o modo verbal apresenta a atitude do emissor em 
relação ao que é dito. Em essência, ele manifesta o estado com que os discursos são 
apresentados. Dessa maneira, segundo Alarcos Llorach (1994), as formas verbais do 
infinitivo, do gerúndio e do particípio, além de nunca assumirem o papel de núcleo 
sentencial, carecem de tal variação e não podem ser chamadas de modos. 
Cada modo verbal assume determinadas características, posto que as suas 
manifestações determinam se o discurso representa algo real, imaginário, possível, 
desejável, ou até mesmo se é uma ordem. Por exemplo, de acordo com Torrego (2007), 
o modo indicativo expressa fatos reais (ou a ideia de certeza), o modo subjuntivo 
apresenta desejos e possibilidades, e o modo imperativo representa ordem. Veja os 
seguintes exemplos: 
Ana estudia inglés. 
Quizás Ana estudie inglés. 
Ana, estudia inglés. 
Na primeira sentença, temos um fato real, ou seja, é certo que Ana estuda inglês; 
logo, trata-se do modo indicativo. O segundo exemplo não expressa uma certeza, mas 
sim uma hipótese (inclusive, o advérbio de dúvida quizás indica uma incerteza); desse 
modo, trata-se de um verbo no modo subjuntivo. Já no último exemplo, você pode 
perceber a presença do vocativo, apresentando-se uma ordem ou um pedido; portanto, 
trata-se de um verbo no modo imperativo (SPESSATO, 2018). 
Para Di Tullio (1997), ainda que o conceito de modo verbal seja importante, é 
necessário perpassar a sua definição e relacioná-la à noção semântica 
chamada de modalidade. 
1.5 Modo e modalidade 
Como vimos, a definição de modo representa uma categoria que expressa as 
atitudes ou opiniões dos falantes em relação ao conteúdo enunciado. Dessa forma, se 
pensamos em algo irreal, provavelmente buscaremos como referência o modo 
 
11 
 
subjuntivo; contudo, para Di Tullio (1997), essa noção não se relaciona ao subjuntivo de 
maneira suficiente. Veja o seguinte exemplo: 
Creo que Marco dijo la verdad. 
Me entristece que Juan no haya dicho la verdad. 
No primeiro exemplo, temos uma oração que indica uma possibilidade, mas o 
verbo dijo está no modo indicativo. Já no segundo, temos um fato que aconteceu, mas 
haya dicho está no modo subjuntivo. De fato, dependendo do verbo, há padrões que às 
vezes são expressos com orações indicativas. Além disso, o subjuntivo é associado com 
a pressuposição de verdade quando depende de um verbo afetivo (como no segundo 
exemplo), em que não há um sujeito ativo ou agente, mas um experimentador que fala 
sobre as suas emoções, ideias, preferências ou os seus interesses (SPESSATO, 2018). 
Na verdade, para López (1990), há três tipos de abordagem para os valores 
modais verbais do espanhol: (1) como uma atitude modal; (2) modo como modalidade; e 
(3) modo como coerência modal. Esses três diferentes conceitos estão inter- 
relacionados: o primeiro representa o tipo de sentença de acordo com o ato de fala que 
o falante pretende realizar; o segundo retrata a ocorrência do evento; o terceiro configura 
a relação entre o acontecimento e os seus participantes segundo a estimativa do falante. 
1. A abordagem modal é a abordagem subjacente aos modos verbais em 
espanhol. Essa abordagem é definida como uma posição do emissor a respeito 
de sua declaração ou sobre o assunto em relação ao interlocutor. Em outras 
palavras, quando a percepção se concentra no emissor para que seja obtida, 
usa-se o subjuntivo, mas quando se centra no receptor, usa-se o imperativo. 
Segundo Di Tullio (1997), o imperativo é uma forma defeituosa, pois está sujeita 
a uma série de restrições: necessariamente precisa de um emissor e um receptor 
— caso eles não existam, é inviável conjugá-lo. Além disso, há situações em que 
ele pode ser substituído pelo subjuntivo; contudo, sabendo das suas 
particularidades, é conveniente classificá-lo como modo independente. 
Que lo disfrutes con tus amigos. (Oração em subjuntivo) Disfrútalo con tus 
amigos. (Oração imperativa) 
2. O modo como modalidade repercute na ocorrência do evento, em que 
corresponde ao grau de comprometimento que o falante adota em relação à 
realidade que ele atribui ao acontecimento. Trata-se da relação do falante com 
aquilo que ele diz. Esse discurso pode ser explícito ou forte por meio de verbos 
que denotem afirmação, ou implícito com verbos que denotem verificação ou 
 
12 
 
suposição. Em relação a isso, o modo verbal será determinado pela atitude do 
emissor. 
Atitude neutra: ocorre quando não há questionamento sobre o acontecimento. 
Nessa situação, o emissor usa o modo indicativo: 
La clase de español ha recibido muchos elogios de la directora. 
 Afirmação modalizada: acontece quando o emissor expressa incerteza quanto 
à sua realidade, atribui um caráter irreal ao fato ou pressupõe uma afirmação de 
maneira incerta. Todos esses aspectos se manifestam pelo modo subjuntivo: 
Si la clase de español hubiera recibido elogios de la directora, habría mucho 
más interesados. 
Me alegra que la clase de español haya recibido muchos elogios de la directora. 
3. A coerência modal é o critério que considera o modo principalmente como 
resultado da expressão sintática exercida pelo verbo principal sobre o 
subordinado. Na sentença Marco disse que viene, podemos ver que viene é 
conjugado no indicativo em função do verbo introdutório. Já o exemplo dudo que 
venga, o verbo venga é conjugado no subjuntivo, uma vez que esse verbo duvida do 
verbo regente. Como vimos, na língua espanhola, os modos que competem 
diretamente são apenas dois: o modo indicativo e o modo subjuntivo. Para saber 
qual modo usar, é necessário que se analisem os aspectos semântico, sintático 
e pragmático. O aspecto semântico, como já vimos anteriormente, relaciona-seao grau de comprometimento do falante em relação ao acontecimento. Em 
relação ao aspecto sintático, devemos saber que o modo subjuntivo normalmente 
aparece em orações subordinadas: 
María estudia a fin de que apruebe en la prueba de matemáticas. 
 
1. Em relação ao aspecto pragmático, o subjuntivo também pode expressar 
noções como cortesia ou o caráter discursivamente irrelevante de um evento em 
relação à afirmação expressa: 
Quisiera pedirle un favor. 
Aunque seas mi mejor amiga, no dejaré de señalarte el error. 
 
 
 
 
13 
 
1.6 Temporalidade verbal: uma importante categoria 
Os tempos verbais são as formas de conjugação que expressam 
gramaticalmente as informações de tempo, modo e aspecto. De acordo com a RAE 
(2011), cada tempo verbal possui um paradigma reflexivo e se classifica de acordo com 
os seguintes critérios: modo, estrutura morfológica, aspecto e tempo de ancoragem. Em 
relação ao modo verbal, para a RAE (2010), temos formas pessoais e impessoais. Os 
modos impessoais são infinitivo, gerúndio e particípio; os pessoais são indicativo, 
subjuntivo e imperativo. Sobre a estrutura morfológica, dividimos os tempos verbais em 
simples e compostos. No que se refere ao aspecto, separamos os verbos em tempos 
perfectivos e imperfectivos, e em referência ao ponto de ancoragem, distinguimos os 
tempos em relativos ou absolutos. 
Ao pensarmos na relação existente entre a temporalidade verbal e a dêixis, cabe 
analisar a teoria de Reichenbach (1947), que estabelece três pontos: ponto de evento 
(S), momento do evento (E) e ponto de referência (R), que pode ser independente ou 
não. A interação desses três pontos descreve e diferencia os tempos presentes nas 
línguas. Dessa forma, o tempo perfecto simple (Marco salió) seria definido pela fórmula 
E, R_S, em que a vírgula significa simultaneidade e o underline, sequência temporal. A 
fórmula E, R_S, portanto, indica que o evento (E), que coincide temporalmente com o 
ponto de referência (R), é anterior ao momento da fala (S). 
Em resumo, a interpretação tradicional dos tempos verbais tem relação com a 
noção dêitica temporal. Logo, os tempos verbais seriam morfemas que seriam 
interpretados em relação aos pontos de referência temporal (um dos quais seria o 
momento da enunciação) e as relações entre esses pontos de referência (SPESSATO, 
2018). 
1.7 Modo indicativo: tempos verbais 
No presente do indicativo, Bello (1988) reconhece, em primeiro lugar, que o seu 
significado temporal é o resultado da coexistência do atributo, ou seja, da situação 
designada e do momento da fala. O presente não exige que ambos sejam coextensivos: 
basta um momento de convivência para ser usado. Assim, o predicado pode ter 
começado muito antes ou continuar muito depois do momento da fala, ou pode ter uma 
duração indefinida ou até ser eterna. A partir dessa caracterização puramente temporal, 
 
14 
 
o uso do presente deriva de orações genéricas — uso que hoje tende a ser associado, 
em vez disso, com propriedades de aspecto temporal. 
A RAE (2011) subdivide o presente em seis subgrupos: presente pontual (PP), 
genérico (PG), habitual (PH), caracterizador (PC) e gnômico (PG). O PP apresenta a 
situação designada simultaneamente ao momento da fala. Essa coincidência pode ser 
pontual (En este instante sale el tren de Ana) ou mais ampla. O PG apresenta uma 
situação que se entende tanto que se torna uma propriedade permanente (los sábados 
voy al parque); o PH exibe ações repetidas (todos los días me despierto temprano); o 
PC representa situações estáveis (Buenos Aires es capital de Argentina); o PG 
caracteriza enunciados normativos (el cielo es azul). Essas variedades não representam 
diferentes tempos, mas sim diferentes interpretações de um mesmo tempo verbal. 
Inclusive, é possível usar o presente do indicativo com outros valores temporais: de 
passado e de futuro. Quando apresentado como passado, é chamado de presente 
histórico (Nebrija hace la primera gramática de la lengua española em 1492); quando 
apresentado com valor de futuro, é chamado de presente prospectivo (María llega 
mañana). 
O presente, de acordo com Alarcos Llorach (1994), não informa estritamente o 
presente cronológico, mas serve para denotar qualquer época, pois o contexto em que 
está inserido e a situação de fala em que é utilizado determinam e fixam o lugar ocupado 
pelos eventos comunicados no curso temporário. Dessa forma, esse tempo não indica 
um momento específico, mas refere-se à ocorrência dos fatos de maneira indeterminada 
e vaga. 
No português, temos o pretérito perfeito do indicativo (eu amei), mas esse tempo 
é representado na língua espanhola por dois diferentes tempos: o pretérito perfecto 
simple ou pretérito indefinido e o pretérito perfecto compuesto. Tanto o primeiro (yo 
amé) quanto o segundo (yo he amado) têm exatamente a mesma tradução para o 
português: eu amei. A diferença é que o primeiro representa um passado acabado e 
pontual, enquanto o segundo apresenta um passado que ainda mantém relação com o 
presente (SPESSATO, 2018). Veja: 
Mi abuela murió. 
Mi abuela ha muerto. 
A diferença entre as duas orações se dá em relação ao sentimento do falante em 
relação à morte de sua avó. Caso o falante já tenha superado a morte, usa (em teoria) 
o primeiro exemplo; no entanto, se o falante ainda sofre com a morte de sua avó, usa 
o segundo exemplo. Para Alarcos Llorach (1994), as duas formas não se opõem 
 
15 
 
diretamente, mas usufruem dessa distinção por meio do presente. Além disso, o uso 
verbal dependerá da perspectiva (temporal ou psicológica) que o falante adota. Contudo, 
ainda que essa diferença esteja dentro da abordagem gramatical formal, cabe 
lembrar que a língua é viva e mutável. Nos países latinos, por exemplo, usa-se o 
pretérito indefinido em praticamente todos os momentos; já nas cidades espanholas, 
usa-se o pretérito perfecto compuesto. Portanto, a RAE (2011), além de apresentá-los 
em diferentes perspectivas temporais, também os apresenta como sinônimos. Assim, 
é possível afirmar que amé é sinônimo de he amado, e han hecho é sinônimo de 
hicieron. 
O pretérito indefinido habló e o pretérito imperfecto hablaba coincidem em 
seu valor modal de perspectiva indicativa e temporal do pretérito. Alarcos Llorach (1994), 
baseando-se em Bello (1988), afirma que habló é um pretérito e hablaba é um copretérito, 
o que sugere que seria a referência das duas formas coincidentes na zona temporal. 
Entretanto, a forma hablaba é mais ampla e engloba em seu percurso os momentos 
denotados pelo pretérito habló. Dessa forma, pode-se afirmar que hablaba tem um 
significado imperfeito ou durativo, enquanto habló é perfeito ou pontual. Em outras 
palavras, o primeiro é não terminativo e o segundo é terminativo e indica a consumação 
da noção designada pela raiz verbal. Para esse tipo de distinções, o termo de aspecto 
é geralmente aplicado, de modo que se evite informar diferenças cronológicas. 
O pretérito pluscuamperfecto não apresenta somente uma situação passada: 
designa uma situação ocorrida anteriormente ao momento da fala. Em outras palavras, 
trata-se de um tempo que informa o passado de algo que já foi expresso como passado 
(SPESSATO, 2018): 
María llegó después que Carlos había salido. 
O futuro simple (hablará) significa que o predicado é depois do momento da fala. 
Esses três tempos (presente, passado e futuro) são absolutos e determinados 
considerando-se apenas dois momentos: o do predicado (da situação ou da enunciação) 
ou do momento da fala (SPESSATO, 2018). 
O condicional simple, de acordo com a RAE (2011), situa um estado de coisas em 
uma situação não atual, seja passada ou hipotética. No primeiro caso, designa, assim 
como o pretérito pluscuamperfecto, uma situação anterior a outra no passado (me avisó 
que cantaría hoy en el bar). No segundo caso, temos como exemplo Yo que tú no haría 
eso. Além disso, é um tempo verbalque pode ser usado para cortesia, como em 
¿Podrías traerme un té?. 
 
16 
 
1.8 Modo subjuntivo: tempos verbais 
O presente do subjuntivo, segundo a RAE (2011), aborda tanto o presente, com 
valor hipotético ou não, quanto o futuro. Os advérbios temporais permitem determinar 
qual é o seu valor em cada caso. Nos exemplos a seguir, temos um valor hipotético na 
primeira sentença. Nos dois exemplos seguintes, expressamos futuro; no último 
exemplo, há um valor de presente, mas dentro de uma negação. 
Quizás comamos chocolate. 
En cuanto termine la clase, nos vamos para casa. 
Me gusta que mañana viajes conmigo. 
No quiero que salgas temprano. 
O pretérito imperfecto aborda uma ação passada hipotética que não ocorreu. 
Além disso, contém duas formas, que são hablara e hablase ou comiera e comiese. Não 
há forma mais correta ou incorreta: ambas sempre serão sinônimas (SPESSATO, 2018). 
Si yo pudiera dormiría más. / Si yo pudiese dormiría más. 
Si ella tuviera dinero, cambiaría su coche. / Si ella tuviese dinero cambiaría su 
coche. 
 
Fique atento: 
 
 
17 
 
Os nativos americanos de língua espanhola normalmente falam apenas o 
pretérito indefinido, enquanto os espanhois usam o pretérito perfecto para as mesmas 
situações (SPESSATO, 2018). 
Por esse motivo, aceita-se a equivalência na maioria dos casos. Portanto, é 
possível afirmar que o pretérito perfeito e o indefinido são sinônimos em diversas 
situações (SPESSATO, 2018). 
Pretérito indefinido Pretérito perfecto 
He visto Vi 
Has comprado Compraste 
Ha dicho Dijo 
Hemos ido Fuimos 
Habéis hecho Hicisteis 
Han comido Comieron 
 
2 ARTIGOS 
Os artigos são pequenas palavras que normalmente acompanham os 
substantivos. Mas qual é o seu papel em uma oração? Que relações existem entre os 
artigos e outras classes gramaticais? Como aplicá-los adequadamente? 
2.1 Artigos definidos 
Os artigos formam uma classe gramatical que auxilia na determinação do grupo 
nominal do qual fazem parte. Os artigos fornecem a primeira menção para apresentar 
uma nova informação na oração (BIZELLO, 2018). Veja um exemplo: 
Escribí los varios textos que mi jefe pidió. 
Mi sobrino leyó unos pocos libros que me gustan. 
Note que, nas duas orações, o artigo é a primeira informação do grupo nominal. 
Esse grupo gramatical costuma ser classificado em determinados (ou definidos) e 
indeterminados (ou indefinidos). Os definidos masculinos são el e los, e os femininos 
são la e las. Os indefinidos masculinos são un, uno, unos, e os femininos, una e unas 
(BIZELLO, 2018). 
Assim, como é possível saber quando aplicar cada um desses tipos? Para 
começar, o artigo determinado refere-se a pessoas ou objetos que supostamente podem 
 
18 
 
ser identificados no contexto. Essa informação compartilhada entre os interlocutores é 
denominada información consabida, de acordo com a Real Academia Española (2010, p. 
268): 
[…] alude esta información al complejo sistema de conocimientos 
enciclopédicos, contextuales y situacionales, así como de inferencias que se 
pueden deducir a partir de la información disponible. Aunque, en sentido 
estricto, dicha información no es siempre compartida por el receptor, el 
artículo determinado indica que el emisor la presenta como tal. 
Há também a possibilidade de a informação necessária à identificação aparecer 
após o artigo e o objeto determinado (BIZELLO, 2018). Veja: 
María queria el zapato que había visto en la tienda de la cuñada. 
Note que a oração subordinada adjetiva contém a informação que permite realizar 
uma relação endofórica (BIZELLO, 2018). Observe a seguinte frase: 
Javier se quedó nervioso con la prueba de lunes. 
Note que o artigo la permite que o ouvinte identifique a prova de que se está 
tratando nesse caso. Isso não significa que não haja outras provas na segunda-feira, e 
sim que, para esse contexto, não há outras possibilidades que respondam a essa 
indicação (BIZELLO, 2018). 
A Real Academia Española (RAE) (2010) assinala três usos do artigo 
determinado: dêitico, anafórico e endofórico. O uso dêitico refere-se à sinalização dada 
pelo artigo sobre o domínio de definição, isto é, quando ele indica a qual objeto 
corresponde a fala dos interlocutores. Veja: 
¡Mira el libro! 
No exemplo, o artigo el indica que o livro de que se trata nesse enunciado é um 
que está perto dos interlocutores. Esse uso é comum em mensagens como Prohibido 
bajar del tren en marcha; No cruces el semáforo en rojo. Nesses casos, faz-se relação 
com o espaço; logo, justifica-se o uso temporal do artigo (BIZELLO, 2018). Veja: 
feira.) 
Mi hijo llegará el viernes. (O verbo no futuro indica que será na próxima sexta- 
Mi hijo llegó el vienes. (O verbo no passado indica que foi na sexta-feira 
anterior.) 
Essas possibilidades são específicas dos dias da semana. Assim, o artigo fixa o 
seu sentido, embora dependa do tempo verbal da oração (BIZELLO, 2018). 
 
 
 
19 
 
Fique atento: 
Não se usa artigo na frente de dias da semana no gênero textual carta. 
Os artigos definidos são fundamentais também para as expressões partitivas 
(BIZELLO, 2018). Veja: 
La mayoría de los alumnos no vino hoy. El 20% de los profesores está de huelga. 
Note que os artigos permitem que os objetos referidos sejam identificados nas 
expressões partitivas. Um tipo particular de expressão partitiva é formado pelos grupos 
nominais superlativos relativos (BIZELLO, 2018). Observe: 
Francisco es el estudiante más aplicado del grupo. 
El libro más conocido de este escritor es... 
Perceba que o artigo auxilia na confirmação do referente, determinando-o. Outra 
característica importante dos artigos definidos é o seu valor possessivo e o 
estabelecimento de uma relação de pertencimento (BIZELLO, 2018). Observe: 
Me duele la cabeza. Mordió los labios. 
Levantaron las manos. 
Todos rompieron los brazos. 
Note que, em todos os exemplos, há partes do corpo humano. Essa relação de 
posse é expressa na língua espanhola por meio do artigo definido. De acordo com a 
RAE (2010, p. 272), esses exemplos correspondem ao “[...] uso posesivo del artículo 
determinado [...] entre el poseedor y lo poseído se da una relación de pertinencia”. 
A importância do artigo definido aumenta nas construções de grupos nominais 
com substantivos ocultos. Observe: 
Encontré mis libros. Lo de español estaba en el armario de la escuela. 
Note que não é necessário repetir a palavra libro para que o enunciado tenha 
sentido. Esse tipo de construção pode surgir de uma relação anafórica (La primera 
película de Roberto me ha gustado más que la última), de uma relação catafórica (El de 
cuentos es el mejor libro de Juan), de interpretação dêitica (El que acabas de hojear es 
muy interesante), de uma relação endofórica na construção partitiva (Una novela de las 
mejores de José es...), de uma interpretação de pessoa (Los que han hecho el trabajo) 
(BIZELLO, 2018). 
O uso anafórico dos artigos definidos ocorre pela referência a um elemento que 
apareceu anteriormente no discurso. Assim, o artigo retoma a palavra já mencionada, 
 
20 
 
revelando que ela não é uma novidade, ou seja, o ouvinte já a conhece e pode realizar as 
conexões (BIZELLO, 2018). Observe: 
Mi hijo pidió unas pelotas coloridas. Los juguetes son buenos para que hable 
los colores en inglés. 
Note que los demonstra que juguetes associa-se a uma palavra já conhecida no 
contexto desse discurso. Embora juguetes seja uma palavra que designa o mesmo ser 
(pelota), a evidência dessa relação é confirmada pelo uso do artigo definido. Essa 
mesma relação pode ser realizada com as partes de um objeto mencionado antes 
(BIZELLO, 2018). Veja: 
Compré un libro. Las páginas parecen de periódicos viejos. 
Perceba que as páginas constituem o livro; logo, podem ser tratadas como um 
objeto já conhecido e com um referente específico. Dessa forma, o uso do artigo definido 
las é permitido. 
Na língua espanhola, além dos artigos definidos la,las, el e los, há o artigo neutro 
lo. De forma geral, ele é utilizado diante de adjetivos, advérbios e formas nominais do 
verbo. Entretanto, o seu uso mostra construções que revelam diferenças sintáticas e 
semânticas importantes. Por exemplo, lo pode funcionar como referencial. Nesse caso, 
há três variantes: absoluta (Me gusta lo dulce), relativa (Lo interesante de una pasión es 
el comienzo) e atributiva (Lo difícil del curso lo hizo abandonar). Observe que o lo 
referencial não se refere a seres animados, e sim a coisas, lugares e acontecimentos 
(BIZELLO, 2018). 
Além disso, o artigo neutro também aparece em contextos anafóricos. Verifique a 
afirmação da RAE (2010, p. 278): 
Los grupos nominales neutros están imposibilitados, en virtud de su género, 
para mantener relaciones directas de correferencia con antecedentes 
nominales. En cambio, la naturaleza abstracta de su designación los convierte 
em adecuados para asociarse anafóricamente a contenidos de valor 
proposicional expresados anteriormente en el discurso. 
Dessa forma, os artigos determinados espanhóis cumprem a sua função de 
determinantes; porém, assumem outros papéis, que contribuem com a construção do 
significado das orações. Como veremos a seguir, os artigos indeterminados também 
assumem funções específicas (BIZELLO, 2018). 
 
 
 
 
21 
 
2.2 Artigos indefinidos 
A primeira noção que diferencia o artigo determinado do indeterminado seria a 
possibilidade de identificação do objeto referido ou não (BIZELLO, 2018). Veja: 
Quiero un bolígrafo para firmar estos documentos. 
 
 
Quiero el bolígrafo para firmar estos documentos. 
Qual a diferença de sentido entre as duas frases? Na primeira, supõe-se que o 
ouvinte não tem condições de identificar a que caneta se refere o falante, ou o falante 
deseja uma caneta qualquer. Já na segunda, os interlocutores têm a caneta específica em 
seu pensamento. 
Além desse aspecto, o artigo indefinido costuma manter relações com outros 
elementos, como o pronome indefinido uno/una e o numeral un/una (BIZELLO, 2018). 
Analise a seguinte frase para verificar como isso ocorre: 
¿Comprarás una carpeta o ya tienes una? 
Note que a palavra una que acompanha carpeta está indeterminando o 
substantivo e introduz o grupo nominal. Já a palavra una que encerra a frase refere- se 
a todo o grupo nominal (una carpeta) e funciona como um pronome. Entretanto, há outras 
maneiras de diferenciar o pronome indefinido do artigo indefinido. Uma delas diz respeito 
ao fato de o artigo não permitir subordinadas relativas, substantivas, grupos 
preposicionales, nem construções partitivas (BIZELLO, 2018): 
Un que él quería... Un que tú hiciste... 
Quiero uno sin azúcar. 
Un de ellos será ayudante. 
Outra oposição importante entre o artigo e o pronome é que o primeiro não forma 
grupo sozinho, enquanto o segundo sim: 
Un alumno llegó. (artigo) Llegaron unos. (pronome) 
A oposição entre o artigo e o numeral pode depender do contexto. Observe a 
frase: 
Estos objetos no caben en una caja. 
Se a intenção do falante é expressar que uma caixa apenas não é suficiente para 
guardar todos os objetos, una é um numeral. Entretanto, se a ideia era mostrar que os 
objetos não cabem em nenhuma caixa, una é um artigo. Nesse sentido, as formas 
 
22 
 
uno/una/unos/unas não podem expressar quantidade, a menos que seja a imprecisão 
de uma quantidade, como em Hay en la sala unos diez alumnos (BIZELLO, 2018). 
Um traço que diferencia os artigos indefinidos dos definidos é que os primeiros 
não são empregados para uma relação anafórica direta, pois o ouvinte estaria em 
condições de identificar um referente já mencionado. Contudo, o artigo indefinido é 
compatível com a anáfora associativa quando a parte não cumpre com o requisito de 
unidade contextual típica do artigo determinado (BIZELLO, 2018). Observe: 
Le falta a este libro una página. 
Note que o substantivo libro é retomado de forma associativa pela palavra página. 
Nesse caso, pode-se usar um artigo indefinido, conforme o exemplo. O seu emprego é 
comum também nas expressões partitivas (BIZELLO, 2018): 
Un jugador del equipo de fútbol de la escuela vivirá en outra ciudad. 
No entanto, ao contrário do que ocorre com os artigos determinados, os 
indeterminados não admitem o seu emprego em grupos nominais superlativos 
(BIZELLO, 2018): 
Un mejor jugador de fútbol... 
Além disso, costuma-se empregar o artigo indefinido quando há um adjetivo de 
avaliação (BIZELLO, 2018): 
Fue una presentación formidable. 
Note que a ausência do adjetivo tornaria a frase estranha (Fue una presentación), 
e a ausência do artigo indefinido ou a substituição por um definido também provocariam 
ruídos na comunicação (Fue presentación formidable; Fue la presentación formidable). 
Essa mesma construção ocorre quando há o desejo de enfatizar algo (BIZELLO, 2018). 
Observe: 
¡María habla unas cosas! 
Note que a intenção não é indefinir a palavra cosas, e sim enfatizá-la, isto é, 
insinuar que são estranhas. Entretanto, pode-se aplicar o indefinido apenas para 
identificar uma pessoa (BIZELLO, 2018): 
Juan es un ingeniero que conocí en aquel viaje. 
Nos predicados que indicam existência ou localização, podem aparecer artigos 
indefinidos. Esse é o caso das construções com o verbo haber impessoal (BIZELLO, 
2018). Veja: 
 
23 
 
¿Hay promoción? 
¿Hay promociones en esta tienda? 
¿Hay una promoción? 
¿Hay unas promociones en esta tienda? 
Isso não ocorre com os artigos determinados, pois eles estão associados a um 
efeito de definição. Observe como soaria mal o uso do artigo definido (BIZELLO, 2018): 
¿Hay la promoción? 
¿Hay las promociones en esta tienda? 
Contudo, esses artigos podem surgir em construções com o verbo haber quando 
fazem parte de um grupo nominal de valor quantitativo (BIZELLO, 2018). Observe: 
Hay aquí el doble de personas invitadas. 
Outra oposição existente entre artigos determinados e indeterminados refere- se 
à introdução de grupos nominais genéricos. Para que se use o definido, os grupos podem 
estar no singular e denotar uma entidade única (El perro es el mejor amigo del hombre), 
no plural e denotar a classe a partir dos membros (Los docentes hicieron huelga), e no 
plural ou no singular em combinação com predicados que denotam propriedades 
caracterizadoras (La naranja/Las naranjas son ricas en vitamina C) (BIZELLO, 2018). 
Já os artigos indeterminados aceitam participar da introdução de um grupo 
nominal genérico quando equivalem a qualquer ou todo (BIZELLO, 2018): 
Un libro me ayudará a olvidar los problemas. 
Uma peculiaridade dos artigos indefinidos é o emprego genérico que alude a 
qualquer tipo de indivíduo (BIZELLO, 2018): 
Cada uno sabe lo que quiere. 
Em síntese, os artigos indefinidos são utilizados para referência a uma entidade 
não específica e opõem-se aos numerais e aos pronomes indefinidos, por não 
expressarem quantidade exata nem substituírem os nomes (BIZELLO, 2018). 
2.3 Artigos e cacofonia 
Os artigos formam uma classe gramatical que define ou indefine um substantivo. 
Portanto, são palavras que sempre acompanham outra palavra. Esse acompanhamento 
pode gerar, na fala, efeitos sonoros desagradáveis. O nome que se dá a esse fenômeno 
é cacofonia. De acordo com o dicionário on-line da Real Academia Española (2018, 
documento on-line), cacofonia é “Disonancia que resulta de la inarmónica combinación 
 
24 
 
de los elementos acústicos de la palabra”. Veja a seguir os sons que a língua espanhola 
tenta evitar: 
1. Coincidência de dos sonidos vocálicos iguales consecutivos a a, e e, i i, o o, u u 
en dos palabras distintas; 
2. Las formas pronominales mí, ti, sí precedidas por una preposición (con, de, para, 
por, sin); 
3. Coincidencia de dos o más adverbios de modo acabados en -mente; 
4. incorrecciones que han de ser evitadas; 
5. póngase especial atención: 
 El arma, un arma; 
 Esta arma, esa arma, aquella arma; 
 Otrahabla, mucha agua; 
 La otra arma, una vieja arma; 
 La ayuda, una ayuda; 
 La ana, la águeda, la ángela, la arias, la álvarez, la haya; 
 La a, la hache; 
 El asia, el áfrica; 
 La ácida naranja, la árida estepa. 
Evidencia-se, portanto, que os artigos recebem especial atenção para que o som 
da vogal a não se misture ao som da vogal a inicial da palavra que esse artigo determina. 
Dessa forma, com substantivos femininos no singular que começam pela letra a tônica, 
usa-se o artigo el (BIZELLO, 2018). Veja: 
El agua 
El hada 
Note que, embora as palavras agua e hada sejam femininas, estão 
acompanhadas pelo artigo masculino el. Contudo, quando essas palavras estão 
flexionadas no plural, o artigo que as acompanha é las — afinal, não há risco de 
cacofonia em função do som produzido pela letra s (BIZELLO, 2018): 
Las aguas 
 Las hadas 
Analise as seguintes frases: 
a) Bebí el agua de la botella verde. 
b) Las aguas de la lluvia lavaron las calles. 
 
25 
 
c) El agua estaba helada. 
d) Un hada surgió en la escena final. 
e) Unas hadas surgieron en la escena final. 
Veja que o substantivo agua está determinado pelo artigo el apenas na frase a. 
Isso ocorre porque la agua levaria à repetição do fonema vocálico tônico. No plural, 
portanto, não se faz essa troca de artigo, porque não há risco de cacofonia e, com isso, 
agua permanece sendo um substantivo feminino. 
Aliás, a frase c reforça essa ideia, pois apresenta outro determinante do 
substantivo agua: helada. Observe que o adjetivo está no feminino, pois se refere a um 
substantivo feminino. 
Como o fenômeno da cacofonia está associado ao som ruim, e não à escrita, as 
palavras iniciadas por ha e tônicas também obedecem à regra de troca do artigo. Esse 
é o caso da palavra hada, que, conforme o exemplo d, sofre alteração de gênero do artigo. 
O exemplo evidencia que a troca ocorre tanto com artigos definidos quanto com 
indefinidos. Já o exemplo e ilustra uma flexão no plural em que não há necessidade de 
trocar o gênero do artigo. 
Desses exemplos, ratifica-se a regra: com substantivos femininos no singular que 
começam com a ou ha tônica, usa-se o artigo el. A mesma regra se aplica para artigo 
indeterminado. Embora essa regra tenha um motivo relacionado à oralidade (ao som), a 
sua obediência ocorre também na escrita. Veja um exemplo no trecho de uma reportagem 
do jornal El País: 
La rebelión de las águilas en Alaska 
[...] Estamos acostumbrados a ver el ave nacional de Estados Unidos 
como el gran héroe en los documentales de naturaleza, pescando salmón en 
ríos inmaculados, en el reverso de los billetes de dólar y en todos los sellos de 
los organismos federales, desde la CIA y la Agencia Nacional de Seguridad 
(NSA) hasta el gabinete del presidente (BRAITMAN, 2017, documento on- 
line). 
Perceba que, na manchete, a palavra águia está no plural (las águilas); logo, fica 
evidente que o gênero desse substantivo é feminino. Mais adiante, aparece a expressão 
no singular (el águia). O uso do artigo masculino ratifica a necessidade de 
evitar a cacofonia. O mesmo ocorre com a palavra alga nos fragmentos do 
texto a seguir: 
La inexplicable marea de algas que ahoga al pez volador 
 
26 
 
La creciente presencia de masas de sargazo, de la que aún se busca 
origen y explicación, dificulta la vida de unos pequeños pescadores caribeños 
ya de por sí vulnerables 
[…] 
Las primeras referencias a esta alga marina marrón se remontan a la 
primera expedición americana de Cristóbal Colón (1492), cuando las 
carabelas cruzaron lo que se conoce como Mar de los Sargazos, frente a la 
costa de lo que hoy es Estados Unidos y en torno al triángulo de las Bermudas. 
Los marineros portugueses que pasaron más tarde bautizaron el alga al 
comparar aquellos bosques oceánicos con un arbusto al que llamaban 
sargaço (Cistus monspeliensis). Durante siglos, la zona fue temida y 
considerada un cementerio de barcos, porque la densidad de la vegetación 
marina y su capacidad para flotar dificultaban la navegación (LAORDEN, 
2018, documento on-line). 
Observe agora a seguinte frase: 
La avenida principal de la ciudad es muy amplia. 
Embora o substantivo avenida comece com a letra a, a sílaba tônica da palavra é 
ni. Portanto, não deve haver troca do artigo la pelo artigo el. Essa percepção é ratificada 
na escrita jornalística. Observe a manchete de uma reportagem do jornal El País: 
 
El algodón sí engaña: esta materia prima que antaño representó 
prosperidad, hoy es pobreza. Su producción fue la base de la independencia 
de India. Hoy, las deudas, el cambio climático y las leyes inadecuadas 
desangran a los campesinos y destruyen sus cosechas (MARTÍNEZ 
CANTERA, 2017, documento on-line). 
Analise outro exemplo: 
El árbol de mi casa está lleno de flores. 
Por que o artigo que determina a palavra árbol está no masculino? Será porque 
árbol começa com a tônica? Não! Tome cuidado: em espanhol, árbol é uma palavra 
masculina. Aliás, ela faz parte da lista de heterogenéricos. No exemplo, o gênero 
masculino é ratificado pelo uso do adjetivo lleno, também flexionado no masculino. 
Assim, o plural seria los árboles (BIZELLO, 2018). 
Essa regra de troca de artigo, porém, não vale para a referência à letra a, 
embora valha para a letra h: 
La a es la primera letra del alfabeto. 
El hache española no tiene sonido sola. 
 
 
27 
 
Essa regra também não vale para nomes próprios: 
La Ana es mi amiga. 
La Ángela se casó con Bernardo. 
O artigo masculino indefinido também pode ser alterado diante de palavras 
masculinas: 
Uno Un hombre salió de la tienda. 
A esse fenômeno dá-se o nome de apócope. Segundo o dicionário on-line da 
RAE (2018), apócope é “Supresión de algún sonido al final de un vocablo, como en 
primer por primero”. Assim, o artigo uno sofre uma alteração no som. Veja o lide de uma 
reportagem do jornal El País, em que esse fenômeno aparece: “Si lee, no conduzca. Un 
repaso por la ficción muestra el papel determinante que el coche ha tenido siempre en 
la imaginación literaria” (PRON, 2018, documento on-line). 
3 ADJETIVOS E ADVÉRBIOS 
3.1 Adjetivos 
Os adjetivos são palavras que concordam em gênero e número com o substantivo 
que eles acompanham. Segundo Di Tullio e Malcuori (2012), o adjetivo foi definido como 
a palavra culta da língua. Ao contrário do substantivo ou do verbo, não é uma palavra 
essencial: a sua ausência não altera substancialmente o conteúdo da mensagem — 
embora a precisão, as nuances ou características estilísticas sejam perdidas. 
Torrego (2007) afirma que os adjetivos pertencem a uma classe aberta, isto é, a 
qualquer momento pode surgir um novo adjetivo, como cibernético. Além disso, eles 
nunca aparecem acompanhados por determinantes; quando isso ocorre, é porque foram 
substantivados, ou seja, deixaram de ser adjetivos e passaram a ser substantivos. 
Para Di Tullio e Malcuori (2012), os adjetivos são modificadores restritivos dos 
substantivos quando delimitam um subconjunto dentro da classe designada pelo 
substantivo, atribuindo-lhes alguma propriedade (calle ancha) ou classificando-os em 
relação a algum domínio (planta medicinal). 
No que se refere aos seus aspectos semânticos, os adjetivos podem se subdividir 
nos seguintes grupos (SPESSATO, 2015). 
 Qualificativos: malo, bueno. 
 Adjetivos de relação ou de pertencimento: linguístico, musical, social, cultural. 
 Gentílicos: madrileño, canario, ruso. 
 
28 
 
 Profissões: albañil, modelo, etc. 
 Semideterminativos: siguiente, último, anterior, postrero. 
 Determinativos: este libro, nuestra casa. 
Toda palavra que acompanha o substantivo, tanto para qualificá-lo como para 
determiná-lo (exceto o artigo), assume o papel de adjetivo. De acordo com Burgos et al. 
(2010), os adjetivos podem se subdividir em duas classes: determinativos ou 
qualificativos. Nos determinativos, temos os demonstrativos, possessivos, numerais, 
indefinidose relativos. Esse grupo de adjetivos determina e especifica, posicionando- se 
necessariamente na frente do substantivo. Os qualificativos, por sua vez, indicam 
qualidade ou característica, aceitando qualquer posição na sentença. 
Vale lembrar que, conforme a RAE (2010), ainda que o artigo compartilhe 
algumas das características do grupo dos determinativos, não se inclui a ele. No entanto, 
os adjetivos determinativos são mais semelhantes aos artigos do que ao grupo dos 
qualificativos. Em função disso, segundo Di Tullio (1997), alguns gramáticos 
(re)estabeleceram a classificação em determinantes — que engloba os adjetivos 
determinativos e os artigos — e adjetivos qualificadores. 
3.2 Adjetivos e substantivos: uma linha tênue 
A fronteira entre adjetivos e substantivos é muito instável em espanhol. Para 
Torrego (2007), há palavras que podem ser tanto substantivos quanto adjetivos, de 
acordo com o contexto que aparecem. De acordo com Di Tullio e Malcuori (2012), muitos 
adjetivos assumem dois papeis, tanto de adjetivos como de substantivos, como você pode 
ver a seguir: 
El joven siempre es muy osado. 
Marco está muy joven con esta ropa. 
Nessas orações, temos a palavra joven em dois contextos diferentes: na primeira, 
é um substantivo; na segunda, um adjetivo. Como é possível perceber, o artigo que 
acompanha a primeira oração não é neutro, ou seja, ele não está substantivando a 
palavra joven, apenas concordando em gênero (masculino) e número (singular). Já na 
segunda, é possível perceber que o vocábulo cumpre o seu papel qualitativo. Outra forma 
de diferenciá-los é lembrar que o substantivo é o núcleo de um sintagma nominal, ou seja, 
ao colocá-lo no plural, por exemplo, toda a oração precisará ser modificada. Assim, 
temos Los jovenes siempre son muy osados. No entanto, o mesmo processo não é 
 
29 
 
possível com a segunda oração, pois o núcleo do sintagma nominal é Marco, e não 
joven: *Marco está muy jovenes con esta ropa (SPESSATO, 2015). 
Em espanhol, é muito frequente essa correspondência de palavras entre adjetivos 
e substantivos. Nesses casos, segundo Di Tullio e Malcuori (2012), ocorre um processo 
chamado de conversão, que consiste em um processo de derivação que não é indicado 
explicitamente por meio de afixos. Os adjetivos que indicam propriedades — qualidade 
física (pelo rubio) ou psíquica; idade (joven); condição (inmigrante); estado físico, mental 
(embarazada, enfermo) ou civil (casado); religião, ideologia ou partido político (católicos, 
judíos); ocupação (profesora); nacionalidade ou origem (mexicano) — têm a 
particularidade de assumirem também o papel de substantivos, que denotam as classes 
de pessoas que são caracterizadas por um ou outro desses traços. 
Cabe ressaltar que, o processo de conversão, no qual novos substantivos são 
formados por adjetivos, não é possível para todos os adjetivos. Por exemplo, a palavra 
bonito é um adjetivo avaliativo, que não leva à conversão. Se essa palavra assumir o 
papel de substantivo, não será pela conversão, mas sim pela substantivação. Em zapato 
bonito, por exemplo, bonito é um adjetivo; já em Lo bonito del día es el sol, bonito é um 
substantivo, uma vez que foi substantivado pelo artigo neutro Lo, e não pela conversão 
(SPESSATO, 2015). 
3.3 Advérbios 
O grupo adverbial é bastante heterogêneo. Os seus integrantes são invariáveis 
(não possuem gênero, nem número), e o papel que cumprem foi evoluindo com o passar 
do tempo (SPESSATO, 2018). 
De acordo com estudos gramaticais, o critério semântico lógico-objetivo 
caracteriza o advérbio como a classe de palavras que normalmente modificam o verbo. 
É possível perceber a evolução da análise do papel do advérbio nas gramáticas de língua 
espanhola: a sua abordagem iniciou de maneira mais básica com Nebrija e foi se 
especificando com o passar dos séculos. 
Para Nebrija (1992), o advérbio é só uma das dez classes de palavras, e o seu 
papel principal é mudar o valor do verbo, uma vez que, assim como o adjetivo atribui 
valor ao substantivo, o advérbio atribui valor ao verbo. Segundo Villalón (1971), o 
advérbio muda o significado do verbo e da ideia que a oração busca passar. De acordo 
com Correas (1954), além de modificar o verbo, o advérbio denota alguma circunstância 
 
30 
 
e — indo ao encontro da afirmação de Nebrija — assume para o verbo o mesmo papel 
que o adjetivo assume para o substantivo. 
Estudos sobre esse grupo foram se aprofundando e evoluindo com o passar do 
tempo. Em 1796, para a Gramática da Real Academia Española (RAE), o advérbio 
modificava o significado do verbo e era uma partícula invariável. Além disso, a RAE 
(2001) justificava outras construções que podiam ocorrer com ele, como quando ele se 
une a outras partes da oração. Contudo, a ideia inicial de ser em função do verbo se 
mantinha. 
Estudos mais atuais não contradizem o papel do advérbio, apenas agregam mais 
informações. Para Alarcos Llorach (1999), o advérbio designa uma classe de palavras 
invariáveis em seu significante e frequentemente indecomponíveis em signos menores, 
destinadas, em princípio, a cumprir por si o papel de adjacente circunstancial do verbo. 
No entanto, de acordo com o autor, essa função não impede que, dentro de um grupo 
unitário nominal, o advérbio seja apresentado como adjacente a um adjetivo ou outro 
advérbio. 
Para a RAE (2011), os advérbios correspondem a uma classe que se caracteriza 
por dois fatores: um morfológico e outro sintático. A ausência de flexão é característica 
morfológica, e o papel sintático se dá pela sua capacidade de estabelecer uma relação 
de modificação com outros grupos sintáticos correspondentes a diferentes categorias. 
De fato, os advérbios modificam o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, como você pode 
ver nos exemplos a seguir: 
Juan canta bien. 
Ana es muy simpática. 
Vivo tan lejos de la capital. 
No primeiro exemplo, temos o advérbio bien que modifica o verbo cantar. No 
segundo, temos um advérbio muy que intensifica o adjetivo simpática. Já no terceiro, o 
advérbio tan modifica o advérbio de lugar lejos (SPESSATO, 2018). 
Além das classes esperadas, a RAE (2011) afirma que certos advérbios podem 
modificar outros grupos nominais, pronominais, preposicionais ou até oracionais. Veja os 
seguintes exemplos: 
Van a ir todos, incluso tus vecinos. 
No fueron muchos a la fiesta, solo yo. 
Hicimos las tareas de matemáticas prácticamente sin esfuerzo. 
Quizás viajemos a Chile este año. 
Na primeira oração, temos o advérbio incluso, que modifica o sintagma nominal tus 
vecinos. Na segunda, o advérbio solo modifica o pronome de sujeito yo. No terceiro 
 
31 
 
exemplo, temos o advérbio prácticamente modificando a preposição sin, enquanto no 
último temos o advérbio quizás modificando a oração inteira viajemos a Chile este año 
(SPESSATO, 2018). 
 
 
Além dos advérbios, também temos as locuções adverbiais, as quais são 
unidades léxicas constituídas por duas ou mais palavras que exercem função sintática 
correspondente à função adverbial. Veja o quadro a seguir (SPESSATO, 2018). 
Espan
hol 
Portug
uês 
Todavía (advérbio de tempo) Ainda 
Sin embargo (conjunção 
adversativa) 
Todavia, entretanto, no entanto 
Entretanto (advérbio de tempo) Enquanto 
En cuanto (advérbio de tempo) Assim que 
Así que (conjunção ilativa) Portanto 
 
3.4 Tipologia adverbial 
Os advérbios são classificados de acordo com características mais ou menos 
formais. De acordo com Torrego (2007), é possível expor dois grupos adverbiais 
específicos: os advérbios relativos e os advérbios interrogativos. 
O primeiro grupo corresponde aos advérbios que se relacionam com um 
antecedente explícito ou implícito. Temos como exemplo desse grupo os advérbios 
donde, cuando, como e cuanto. Esses advérbios são átonos e funcionam como 
complementos circunstanciais dos verbos da oração e, simultaneamente, como nexos 
introdutores de orações relativas. Por exemplo:Canoas es la ciudad donde nací. 
No segundo grupo, os advérbios interrogativos são utilizados para perguntas 
sobre a noção de lugar, modo, tempo ou quantidade. Temos como exemplos desse 
grupo os advérbios dónde, cuándo, cómo e cuánto. De acordo com Torrego (2007), 
alguns gramáticos julgam o segundo grupo apenas como uma variante do primeiro. Por 
exemplo: 
 
32 
 
¿Dónde fuiste? 
¿Cómo estás? 
Embora tenhamos analisado dois grupos de advérbios, a classificação mais 
tradicional é a que considera o valor semântico adverbial, ou seja, o seu significado. 
Nessa classificação, de acordo com a RAE (2011), temos os advérbios de tempo, 
aspecto, modo, lugar, afirmação, negação, dúvida e quantidade. 
Para analisar os tipos de advérbios, veja a seguir o texto de Gustavo Taretto 
(2011, documento on-line) sobre o filme Las medianeras. 
Las medianeras solo existen en Buenos Aires 
Buenos Aires llama muchísimo la atención en el exterior. En Europa 
me pidieron como condición que nombre Buenos Aires en el subtítulo. A pesar 
de mostrar sus desaciertos, la gente me dice que la ciudad les genera mucha 
curiosidad. Las medianeras son una particularidad de acá. En ningún lugar 
tienen una única palabra que defina las medianeras. No existen. Ni siquiera 
en España entienden rápido el concepto”, cuenta Gustavo Taretto, un 
apasionado de la arquitectura. 
“Es una película muy original que, más allá de esa cosa muy porteña 
del principio que nos remite a Buenos Aires, tiene algo que te identifica en 
cualquier ciudad que estés. La gente vive encerrada peor que acá. Em casi 
todo el mundo viven en menos metros. Nosotros todavía tenemos um poco 
más de espacio, pero es cierto que la ciudad se fue construyendo al revés y 
le dimos la espalda al río”, reflexiona Peterson. 
“Cuando era chico no quería una bicicleta. Quería una cámara de fotos. 
Como no quería interrumpir a desconocidos por la calle, empecé a sacarles 
fotos a los edificios. Y se volvió una obsesión sacarle fotos también a la 
ciudad. Y con el tiempo empecé a pensar la relación de la ciudad con la 
gente”, recuerda Taretto sobre los orígenes del filme. 
3.5 Advérbio de tempo 
Por indicarem tempo, a RAE (2011) afirma que se costuma classificar esses 
advérbios em de referência temporal, de duração e de frequência. 
Os advérbios de referência costumam responder à pergunta cuando. Eles 
localizam o tempo na ação, no processo ou no estado, denotando bem o tempo 
gramatical do predicado sobre o qual incidem (llegaré después), ou a partir do tempo 
que demarca o seu complemento (llegaré después de las ocho). Essas relações podem 
ser de anterioridade (antes, anteriormente), de posterioridade (después) ou de 
coincidência (mientras) (SPESSATO, 2018). 
 
33 
 
Alguns advérbios de referência são os seguintes: hoy, mañana, ayer, anoche, 
actualmente, antaño, hogaño, mientras, a la vez, entretanto, luego, pronto, presto. Os de 
aspecto correspondem a ya, todavía, aún. (SPESSATO, 2018). 
Os advérbios de duração expressam o tempo de duração de determinada 
situação denotada pelo predicado. Para que se expresse esse tempo, é necessário que 
se responda à seguinte questão: quanto tempo? (SPESSATO, 2018). 
Alguns advérbios e locuções adverbiais de duração são brevemente, largamente, 
siempre, nunca. Por indicarem tempo, a RAE (2011) afirma que se costuma classificá-
los em advérbios de referência temporal, de duração e de frequência. As perguntas que 
assinalam os advérbios de tempo são as seguintes: 
 ¿cuándo? 
 ¿cuánto tiempo? 
 ¿con qué frecuencia? 
 ¿para cuándo? 
 ¿desde cuándo? 
 ¿hasta cuándo? 
 
 Formas simples 
Ahora, anoche, anteayer, hoy, ayer, mañana, temprano, tarde, inmediato, presto, 
pronto, en cuanto, luego, después, antes, ya, matutino, vespertino, aún, todavía, recién, 
mientras, a la vez, entre tanto, en tanto que, jamás, nunca, antaño, hogaño, a menudo, 
frecuentemente, súbitamente. 
 Formas compostas 
Dentro de poco, en breve, de aquí adelante, de vez en cuando, en el futuro, al 
rato, para rato, de pronto, de presto, de golpe, de un tirón. 
Veja o exemplo a seguir, retirado do texto anterior. 
Nosotros todavía tenemos un poco más de espacio, pero es cierto que la ciudad 
se fue construyendo al revés y le dimos la espalda al río. 
3.6 Advérbio de modo 
A RAE (2011) afirma que pertencem a essa classe o demonstrativo así (No 
megusta que hables así), os adjetivos com o sufixo -mente e muitas outras expressões 
adverbiais. As perguntas que assinalam os advérbios de tempo são as seguintes: 
 
34 
 
 ¿cómo? 
 ¿de qué manera? 
 Formas simples 
Así, deprisa, despacio, bien, mal, buenamente, malamente, sólo, solamente, 
únicamente, peor, mejor, como, según, fácilmente, injustamente, aun, incluso. 
 Formas compostas 
Al por mayor, al por menor, en efectivo, al contado, a diestro y siniestro, al fin y al 
cabo, con pies de plomo, en cambio, a cambio, a sabiendas, de veras, de balde, en vano, 
adrede, en un santiamén, rápidamente, al azar, acaso. 
Veja o exemplo a seguir: 
Hoy no sería extraño escuchar que los ataques de pánico se propagan más 
rápido que la gripe. 
3.7 Advérbio de lugar 
De acordo com a RAE (2011), nesse grupo temos os advérbios demonstrativos e 
os de relação locativa. Os primeiros são aquí, acá, ahí, allí, allá; os segundos são 
delante, adelante, detrás, cerca, lejos, fuera, dentro, adentro. As perguntas que eles 
respondem são as seguintes: 
 ¿dónde? 
 ¿adónde? 
 ¿desde dónde? 
 
 Formas simples 
Aquí, acá, allá, allí, acullá, ahí, alrededor, cerca, lejos, arriba, abajo, fuera, afuera, 
dentro, adentro, delante, detrás, atrás, enfrente, encima, debajo, aquende, allende. 
 Formas compostas 
Allá arriba, aquí abajo, por todas las partes. 
Veja os exemplos a seguir, ainda do texto de Gustavo Taretto (2011): 
En un vagón de metro hay cien personas que vuelven del trabajo 
indiferentes entre sí. Lejos de tranquilizarnos, estar rodeados de gente nos 
inquieta profundamente. La gente vive encerrada peor que acá. 
[…] 
Es una película muy original que, más allá de esa cosa muy porteña 
del principio que nos remite a Buenos Aires […]. 
 
35 
 
3.8 Advérbio de afirmação 
Os advérbios de afirmação servem para reforçar (ou às vezes suavizar) uma 
declaração (SPESSATO, 2018). 
 Formas simples e compostas 
Sí, claro, seguro, seguramente, cierto, por supuesto, desde luego, también, 
evidentemente, en efecto. 
Veja o exemplo a seguir: 
Como no quería interrumpir a desconocidos por la calle, empecé a sacarles fotos a los edificios. 
Y se volvió uma obsesión sacarle fotos también a la ciudad. 
3.9 Advérbio de negação 
Os advérbios de negação servem para negar declarações (SPESSATO, 2018). 
 Formas simples 
No, jamás, nunca, tampoco, apenas. 
 Formas compostas 
De ningún modo, en absoluto, ni por asomo. 
Veja o exemplo a seguir: 
Las medianeras son una particularidad de acá. En ningún lugar tienen una única 
palabra que defina las medianeras. No existen. 
3.10 Advérbio de dúvida 
Os advérbios de dúvida indicam dúvida ou incertezas (SPESSATO, 2018). 
 Formas simples e compostas 
Acaso, probablemente, posiblemente, quizá(s), tal vez, a lo mejor. 
3.11 Advérbio de quantidade 
De acordo com a RAE (2011), esse grupo adverbial expressa quantidade, grau ou 
intensidade. Além disso, são os únicos advérbios que podem modificar os adjetivos ou 
outros advérbios. A pergunta que eles respondem é ¿cuánto/a? 
 Formas simples e compostas 
 
36 
 
Mucho, muy, bastante, demasiado, harto, algo, menos, poco, nada, casi, todo, 
más, tanto, tan, mitad, totalmente, parcialmente, al menos, poco más, poco a poco, a lo 
sumo. 
Veja o exemplo a seguir: 
Es una película muy original que, más allá de esa cosa muy porteña del principio 
que nos remite a Buenos Aires, tiene algo que te identifica en cualquier ciudad 
que estés. 
Saiba mais: 
Uma dúvida comum entre os aprendizes de espanhol é sobre o usode muy e 
mucho. Muy sempre será um advérbio, ou seja, é invariável, modificando o adjetivo e o 
advérbio (SPESSATO, 2018): 
 Carlos es muy simpático. 
 Fabio canta muy bien. 
Mucho pode ser adjetivo, pronome ou advérbio. Quando é adjetivo ou pronome, ele 
é variável, ou seja, modifica ou substitui o substantivo; quando é um advérbio, é 
invariável. Como advérbio, ele modifica o verbo (SPESSATO, 2018): 
 ¿Tienes muchas historias de tus vacaciones? (adjetivo – variável) 
 Sí, tengo muchas. (pronome – variável) 
 Ana baila mucho. (advérbio – invariável) 
Atenção: antes de antes/después (advérbios), más/menos (advérbios), 
mayor/menor (adjetivos) e peor/mejor (adjetivos) não se usa muy. Nesses oito casos, 
sempre se usa mucho. 
Veja o quadro a seguir. 
 Muy Mucho 
Uso Antes de adjetivos e 
advérbios 
Depois de verbos 
Exemplos Estoy muy feliz. 
Vivo muy cerca de acá. 
Llovió mucho. 
Exceções Antes/Después 
(advérbios) Más/Menos 
(advérbios) Mayor/Menor 
(adjetivos) 
Peor/Mejor (adjetivos) 
 
37 
 
 
3.12 Relações semânticas contextuais 
Sabe-se que há muitas situações em que ocorre o contraste no uso dos advérbios 
— em alguns casos, são homônimos, em outros são sinônimos. Saber o significado dos 
advérbios e compreender as relações que podem ser feitas dentro das sentenças é tarefa 
fundamental para qualquer professor de língua espanhola (SPESSATO, 2018). 
Os advérbios de tempo possuem alguns grupos sinônimos. Por exemplo, o 
advérbio todavía é sinônimo do advérbio aún, e ambos significam ainda em português. 
Entretanto, aún contrasta com aun: enquanto aún é um advérbio de tempo, aun é um 
advérbio de modo. Assim como aún corresponde a todavía, aun corresponde a hasta ou 
incluso (SPESSATO, 2018). Analise os seguintes exemplos: 
Te lo venderemos, pero aún no tenemos el precio. Todos vinieron, aun los que 
no fueron invitados. 
O primeiro exemplo contém o advérbio de tempo aún e pode ser reescrito sem 
alteração de sentido da seguinte maneira: Te lo venderemos, pero todavia no tenemos 
el precio. Já o segundo, com o advérbio de modo aun pode ser parafraseado de duas 
maneiras: Todos vinieron, incluso los que no fueron invitados e Todos vinieron, hasta 
los que no fueron invitados (SPESSATO, 2018). 
O mesmo ocorre com os advérbios que indicam simultaneidade: mientras, a la 
vez, en tanto que e entre tanto são todos sinônimos; além disso, contrastam com o 
advérbio en cuanto do espanhol, que significa assim que em português (SPESSATO, 
2018). Portanto, veja os seguintes exemplos: 
Ella bailaba mientras cantaba. 
En cuanto termine la clase, nos vamos para casa. 
Na primeira sentença, é possível substituir o advérbio mientras por a la vez, en 
tanto que e entre tanto sem alteração de sentido. O mesmo ocorre com o segundo 
exemplo, que tem como sinônimo de en cuanto o advérbio apenas (SPESSATO, 2018). 
Ao pensarmos nos advérbios de lugar mais comuns, como aquí, acá, allí e allá, é 
importante ressaltarmos que o sistema linguístico do espanhol não é composto apenas 
de elementos que terminam em -í, como aquí e allí; também há vocábulos terminados 
em -á, como acá e allá. No entanto, ainda que aquí e acá e allí e allá sejam usados em 
circunstâncias muito parecidas, nem sempre eles serão sinônimos (SPESSATO, 2018). 
 
38 
 
As formas terminadas em -i são estáticas, locativas, indicam um lugar absoluto 
e se referem a lugares mais precisos. As formas terminadas em -a indicam um lugar 
relativo e se referem a lugares imprecisos. Além disso, mostram a direção ou o 
movimento em direção a algo (SPESSATO, 2018). 
Cabe ressaltar que existe, no uso da língua, uma neutralização das diferenças 
entre as formas terminadas em -í e em -á. Os falantes geralmente escolhem as formas 
que desejam usar seguindo normas regionais e geográficas, e não regras linguísticas. Há 
casos também em que uma forma considerada direcional é usada com valor locativo, e 
outros em que observamos a situação oposta (SPESSATO, 2018). 
A neutralização mencionada anteriormente torna os marcadores aquí e acá em 
muitos contextos sinônimos: 
Sal de aquí. Sal de acá 
O marcador allá, assim como allí, designa um lugar fora da conversa e longe. Em 
alguns contextos, ambos podem ser considerados como sinônimos, especialmente 
quando usados como direcionais (SPESSATO, 2018): 
Vaya allí = vaya allá 
No entanto, o oposto dificilmente será possível: normalmente allá não é usado 
como locativo. 
Em relação aos advérbios de lugar, como donde e adonde, dentro e adentro, 
fuera e afuera, é importante ressaltar que a presença da preposição a no advérbio indica 
movimento. Inclusive, é possível afirmar que adentro é sinônimo de para dentro 
(SPESSATO, 2018). Veja os seguintes exemplos: 
Mis cosas están dentro del bolso. 
¿Dónde estás? ¡Adentro! 
Em relação aos advérbios de quantidade, vale ressaltar algumas peculiaridades. 
O advérbio harto é sinônimo de abundantemente e transmite a ideia de conter mais do 
que o necessário. Já o advérbio demasiado é sinônimo de excessivamente. Além 
desses dois, há ainda um advérbio que se encaixa no grupo dos indefinidos: algo. Este, 
quando apresenta valor adverbial, corresponde a un poco (SPESSATO, 2018). Veja os 
seguintes exemplos: 
 
 Comí mucho. Estoy harto. 
 La gente nunca está feliz y reclama demasiado. 
 Nosotros estamos algo agotados. 
 
39 
 
Ainda que tenhamos estudado diversos advérbios, você deverá prestar especial 
atenção a um advérbio específico: o apenas. Esse advérbio pode indicar tempo, modo 
ou negação. No primeiro caso, tem como sinônimo o advérbio en cuanto e é traduzido ao 
português como assim que. Se indicar modo, os seus sinônimos serão solo, sólo ou 
solamente, e a sua tradução será somente. No contexto em que esse advérbio expressa 
uma negação, terá como sinônimo o advérbio casi no (SPESSATO, 2018) 
4 PRONOMES 
4.1 Pronomes pessoais 
Os pronomes podem referir-se a qualquer entidade (pessoas, animais, objetos, 
sentimentos), e os pessoais têm um traço diferencial: apresentam características 
gramaticais de pessoa. Assim, designam as pessoas do discurso (BIZELLO, 2018). 
Isso significa que eles são fundamentais para a determinação de quem são os 
interlocutores, isto é, de quem ou do que se está falando (BIZELLO, 2018). Observe: 
Nosotros pedimos un postre muy dulce para comer después del almuerzo. 
O pronome nosotros indica claramente o falante desse discurso. Essa 
característica, segundo a Real Academia Española (2010, p. 299), “[…] reduce 
considerablemente su contenido léxico y los convierte además en categorias deícticas. 
La forma que adoptan es diferente según se refieran al hablante (yo), al oyente (tú) o a 
ninguno de los dos (él, ella) […]”. 
Além dessas características, os pronomes pessoais são definidos e aceitam 
poucos modificadores restritivos. Essa propriedade acompanha todos os pronomes 
pessoais: nominativo ou recto, acusativo, dativo, preposicionado ou oblíquo. Veja no 
quadro os casos pessoais (BIZELLO, 2018). 
Caso Persona 
gramatical 
1ª persona 2ª persona 3ª persona 
Nominativo 
o recto 
Singular Yo Tú Él 
Plural Nosotros, 
nosotras 
Vosotros, 
vosotra 
Ellos 
Acusativo Singular Me Te Lo, la, se 
Plural Nos Os Los, las, 
se 
Dativo Singular Me Te Le, se 
 
40 
 
Plural Nos Os Les, se 
Preposicional 
o oblicuo 
Singular Mí, 
conmigo 
Ti, vos, 
contigo 
Él, ella, 
ello, 
sí, 
consigo 
Plural Nosotros
, 
nosotras 
Vosotros
, 
vosotras 
Ellos, 
ellas, sí, 
consigo 
 
Fonte: Adaptado de Real Academia Española (2010, p. 300). 
 
Além dos exemplos apresentados, há algumas formas nominais que concordam 
com o verbo na terceira pessoa, mas se referem ao ouvinte, ou seja, a uma segunda 
pessoa. Esse é o caso de usted (BIZELLO, 2018): 
¡Buenos días, profesora! ¿Usted quieres hablar conmigo? 
Essa mesma situação ocorre com formas nominais de tratamento, seja para 
expressar cortesia ou respeito, seja

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