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Kátia - Trabalho praia final

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ
ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL
DANIEL LUCCA RIBEIRO
HELENA KIRA
THAYANE GUILHERME LINS
DEMOCRACIA E ESPAÇO PÚBLICO: A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES NA PRAIA
Rio de Janeiro – RJ
Fevereiro/ 2016
Introdução
Este trabalho tem o objetivo problematizar a função do espaço público, no caso a praia de Itacoatiara (localizada na região oceânica do município de Niterói – RJ), a partir da observação, pesquisa em campo, entrevistas realizadas com os frequentadores dessa praia e bibliografias estudadas.
Diante de uma perspectiva menos superficial e generalizante, essa observação nos impôs uma alteração no modo de observar a praia, pois antes éramos apenas frequentadores, como todos aqueles que usufruem desse espaço, porém tivemos que abandonar nosso olhar já acostumado (e, por isso, vários elementos que compõem a nossa pesquisa passavam despercebidos) para um olhar mais observador, crítico, atento nos detalhes e que enxerga além dos estereótipos pré-impostos nos indivíduos e pelo senso comum, ou seja, “observando o familiar”, como Gilberto Velho bem apresenta.
A partir disso, utilizamos a popular frase “a praia é o espaço mais democrático” – democracia, aqui, utilizada como liberdade de associação e de expressão, no qual não existem distinções ou privilégios de classe hereditários ou arbitrários - e investigamos por que, apesar dela ser gratuita, sem catracas, ou grades, deve ser problematizada. 
Portanto, nossa observação se fundamentou em elementos que compunham (ou excluem) um espaço de ser considerado democrático, e, ao final, percebemos que, como vários outros espaços públicos e teoricamente democráticos, a praia de Itacoatiara não se insere nessa democratização, onde apresenta preconceito, exclusão e desigualdade.
Atrelando o conceito de identidade cultural com a democratização do espaço público estudado, percebemos que o indivíduo, inserido na sociedade, se identifica através de suas vivências, suas escolhas pessoais e também pelos aspectos estruturais da sociedade de classes que incidem diretamente e indiretamente com a sua identificação cultural. Entendemos também que existe um conflito inerente entre identificações culturais diferentes que se reflete no que foi observado na pesquisa de campo junto com o que foi adquirido na bibliografia de Patrícia Farias (em "Pegando uma cor na praia: Relações Raciais e Classificação de Cor na Cidade do Rio de Janeiro"). O que podemos extrair disso é o exemplo de como se faz a inserção de pessoas não-locais com os locais (que no texto se refere como os "habitues"): o processo de inserção funciona normalmente por intermédio de indivíduos que já são locais e existe um estranhamento entre as diferentes identidades culturais que dividem esse espaço na praia. Normalmente temos muitas pessoas mais mulatas, em sua maioria no espaço da praia trabalhando das mais diversas formas, enquanto outros indivíduos, em sua maioria de pele branca ou mais clara, estão no seu momento de lazer. Porém isso não tira o fato de você ver muitas pessoas com diferentes identificações raciais e culturais compartilhando o mesmo espaço público. Esse contraste entre diferentes identidades culturais e de classe também é mais evidente em diferentes pontos mais específicos da praia que refletem o perfil sócio econômico das pessoas que predominam nessas áreas, um exemplo dessa observação a concentração das poucas pessoas negras (ou mulatas) na outra extremidade da praia, a chamada “Prainha”. Na bibliografia temos relatos de pessoas que frequentam esses espaços que são oriundas de outras partes da cidade e sentem uma tensão em habitar esse espaço demonstrando o conflito de classes estrutural da sociedade.
Metodologia
Pesquisa bibliográfica
Pesquisa de campo
Entrevista
Características/observações da praia de Itacoatiara
- Jovens e adultos de, em média, 30 anos 
- Crianças e bebês focalizados em uma região da praia, a “Prainha” (onde o mar é mais calmo)
- Na “Prainha”, também se concentra uma classe mais popular
- Levam cadeiras e guarda-sol
- Chegam de carro (a maioria luxuosos)
- Além de curtir a praia, exploram as trilhas e sobem nas pedras
- Jogam “altinha” (tipo de jogo com a bola de futebol)
- 9 entre 10 pessoas já subiram o “Costão”
- Serviços oferecidos com preços altos
Entrevistas
A fim de investigar a opinião da população frequentadora da praia e de descobrir novos elementos que poderiam compor nossa análise sobre a democratização desse espaço público, realizamos quatro entrevistas com morados de diferentes bairros de classe média e média-alta, com a faixa etária entre 21 e 27 anos (no período da tarde – entre 13h e 17h - aos sábados ensolarados), onde duas estavam próximas ao “Costão” e as outras duas na “Prainha”. 
Independente dos locais onde eles frequentavam da praia, ou onde residiam no município de Niterói, todos os entrevistados abordaram as temáticas sobre a disparidade e a não democratização do espaço público investigado.
Desse modo, a partir dos relatos obtidos, é possível descrever a praia como um lugar de ascensão social e desigualdade, simultaneamente, como explicita essa fala: “Difícil acesso através do transporte público (pois é necessário realizar um trecho consideravelmente grande a pé) e esta localizada em um bairro de classe média alta, o público torna-se restritivo” e outro entrevistado complementa dizendo: “os produtos e serviços oferecidos são caros, é rodeada por casas grandes e carros luxuosos. É interessante ressaltar que há um espaço chamado ‘Prainha‘ [pequena faixa de areia localizada entre duas pedras, ao final da praia], que é o anexo da praia de Itacoatiara, onde é frequentado por um público mais popular”. Outra temática abortada em uma das entrevistas é a ideia de que esse espaço público se tornou um local de representatividade social, ou seja, um lugar onde identidades sociais são construídas e afirmadas, como um deles diz: “a praia tem se tornado um espaço de competição entre as pessoas para mostrar que tem o corpo mais bonito e quem possui dinheiro para poder adquirir os serviços caros oferecidos”. Por fim, a dificuldade de implantação de práticas de administração no espaço público conclui as diversas temáticas encontradas nas entrevistas, quando o entrevistado expõe que “falta muito investimento do governo para que a praia seja um espaço democrático, como a criação de novas linhas de ônibus para facilitar o acesso à praia” e que “todos necessitam se sentir bem e sem sofrer nenhum tipo de preconceito, racial, de classe social ou pelo bairro onde mora, como tem ocorrido”. 
Considerações finais do grupo 
A praia é realmente um lugar democrático? Para analisarmos tal questionamento começamos pela definição de espaço público do texto da professora da UFRJ Kátia Mello Sofrimento e ressentimento: dimensões da descentralização de políticas públicas de segurança no município de Niterói, ao citar Boltanski, define o espaço público como algo que “se constitui em torno de causas que são instituídas a partir de deslocamentos de posições e representações dos fenômenos sociais por este espectador”. Dessa forma, por ser público e possuir essa noção de representatividade social, seria necessário uma política de conscientização da população desses espaços para que todos possam usufruí-los livres de preconceitos ou categorização social, como é o caso da praia de Itacoatiara. Entretanto, isto não se torna uma tarefa fácil, pois foi diante concepções excludentes, preconceituosas e racistas que nossa sociedade foi desenvolvida, como Kátia conclui “É possível compreender a dificuldade de implantação de práticas de administração de conflitos com base em princípios universais e includentes, conforme proposto nas diretrizes nacionais para a ordenação do espaço público, uma vez que isto requer a desconstrução contínua das normas e valores que fazem parte de um esquema de classificação arraigado na sociedade brasileira, través do qual o espaço público se apresenta estruturado segundo a complementariedade dos modelos particularistase holistas (Kant de Lima, 2001 e 2004 e Cardoso de Oliveira, 2002)”.
Outro elemento que notamos, à luz do texto de Patrícia Farias “Pegando uma cor na praia: Relações Raciais e Classificação de Cor na Cidade do Rio de Janeiro. Capitulo IV Interagindo na Praia”, é que as pessoas de pele morena acham de sua inserção pessoal na praia com os “habitues”. A origem geográfica influencia na inserção, por exemplo, morador do bairro de Itacoatiara se sente mais em casa do que aqueles moradores que moram mais afastados e necessitam se deslocar para chegar ao local.
Então, vemos que a inserção dos indivíduos numa praia mais burguesa, como, por exemplo, a praia de Itacoatiara, se dá também vindo dos lugares mais diversos de Niterói e, quanto mais longe da praia, há um maior deslumbramento com o local, pois não o visitam com tanta frequência tanto quanto aquelas pessoas que moram próximas à praia.
 A maioria dos frequentadores desse local vem de uma classe média alta, porém se considera uma burguesia “anti-burguesia” por cultivar ideais que discordam e criticam o pensamento hegemônico burguês da atualidade, entretanto, apesar disso, continuam tendo dinheiro para gastar a vontade com comidas e bebidas bem caras oferecidas.
Pessoalmente, ir á praia consta em um processo de construção subjetivo, ainda mais quando se vai sozinho, porém a inserção depende da sua cor, assim, quando se vai sozinho pode ser mais difícil de que quando apresentado ao grupo local por um amigo. É interessante ressaltar que as pessoas negras ou mulatas são sempre vistas de forma suspeita pelos agentes de segurança do local, como os guardas municipais e a polícia militar e isso demonstra claramente o racismo institucional presente nesses locais, todavia, como a praia de Itacoatiara é majoritariamente elitizada, não se observa a presença de policias, apenas a guarita na entrada da praia (como há em outras praias do município).
Então o que podemos concluir é que a localização geográfica da praia vai influenciar em que perfil social ocupa tal lugar e, dependendo do perfil social, existe uma polícia de prontidão sempre desconfiada das pessoas de pele mais escura, ou uma exclusão por parte dos frequentadores locais a essas pessoas que não fazem parte dessa elite praiana. Isso demonstra que a praia não é completamente democrática, não no sentido do livre acesso, mas da capacidade de inserção social com os locais.
Referências bibliográficas
MELLO, Kátia. Sofrimento e ressentimento: dimensões da descentralização de políticas públicas de segurança no município de Niterói. Departamento de Antropologia, Faculdade de filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo – FFLCH. Revista de Antropologia USP. Vol. 53 (2). Rio de Janeiro: 2010
FARIAS, Patrícia Silveira de. Pegando uma cor na praia: Relações Raciais e Classificação de Cor na Cidade do Rio de Janeiro. Capitulo IV Interagindo na Praia. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal da cultura, 2003.
VELHO, Gilberto. Observando o familiar. Capítulo 9. In: Individualismo e Cultura. Rio de Janeiro, Zahar, 1981

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