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INTRODUÇÃO AO SERVIÇO SOCIAL Os direitos e deveres do assistente social, expressos no Código de Ética de 1993, oferecem elementos para uma atuação estratégica frente aos desafios ético-políticos contemporâneos, decorrentes da sociedade capitalista. É importante conhecer as particularidades da habilitação e da fiscalização do exercício profissional, competência exclusiva do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), para que o assistente social possa não apenas recorrer aos seus direitos profissionais, como também buscar elementos que fundamentem a sua prática de acordo com os princípios éticos defendidos pela profissão. Bons estudos! AULA 07 OS ÓRGÃOS DE REPRESENTAÇÃO DA CATEGORIA PROFISSIONAL A habilitação e a fiscalização do exercício profissional do assistente social é responsabilidade exclusiva dos conselhos da categoria, sendo o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) os fornecedores de elementos teóricos, éticos, políticos e jurídicos necessários à atuação profissional, conforme o Projeto Ético-político defendido pelo Serviço Social. Para poder alcançar esses conhecimentos, são objetivos desta aula: • Identificar as competências da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social – ENESSO. • Reconhecer as competências do Conselho Federal de Serviço Social e dos Conselhos Regionais de Serviço Social _ CFESS/CRESS. • Examinar as competências da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS. 7 O CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL E OS CONSELHOS REGIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL – CFESS/ CRESS O Conselho Federal de Serviço Social é uma instituição de nível superior, instituída pela Lei nº 8.662/93, conforme se depreende do teor da Portaria 8 reproduzida abaixo: Art. 8º Compete ao Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), na qualidade de órgão normativo de grau superior, o exercício das seguintes atribuições: I – Orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício da profissão de Assistente Social, em conjunto com o CRESS; II – Assessorar os CRESS sempre que se fizer necessário; III – aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS; IV – Aprovar o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais juntamente com os CRESS, no fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS; V – Funcionar como Tribunal Superior de Ética Profissional; VI – julgar, em última instância, os recursos contra as sanções impostas pelos CRESS; VII – Estabelecer os sistemas de registro dos profissionais habilitados; VIII – Prestar assessoria técnico-consultiva aos organismos públicos ou privados, em matéria de Serviço Social; IX – (Vetado) (BRASIL, 1993). Assim, o CFESS é uma pessoa jurídica de direito público na forma de autarquia, ou seja, tem jurisdição sobre uma categoria profissional. Sediada em Brasília, a diretoria formada por 18 assistentes sociais de todo o Brasil, é eleita por um período de três anos sem remuneração, dos quais têm direito à reeleição e têm garantia de renovação por dois anos. Já os Conselhos Regionais de Assistência Social (CRESS) são órgãos executivos de primeiro grau nas áreas de sua competência e cuja titularidade se dá na Lei nº 8.662/93: I – Organizar e manter o registro profissional dos Assistentes Sociais e o cadastro das instituições e obras sociais públicas e privadas, ou de fins filantrópicos; II – Fiscalizar e disciplinar o exercício da profissão de Assistente Social na respectiva região; III – expedir carteiras profissionais de Assistentes Sociais, fixando a respectiva taxa; IV – Zelar pela observância do Código de Ética Profissional, funcionando como Tribunais Regionais de Ética Profissional; V – Aplicar as sanções previstas no Código de Ética Profissional; VI – Fixar, em assembleia da categoria, as anuidades que devem ser pagas pelos Assistentes Sociais; VII – Elaborar o respectivo Regimento Interno e submetê-lo a exame e aprovação do fórum máximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS (BRASIL, 1993). Em 1960, foram instituídos conselhos regionais de assistência social nas diferentes regiões do Brasil. Nesse período também foram criadas delegacias, que passaram a ser denominadas departamentos ou núcleos do Conselho Regional do NUCRESS (NUCRESS) pela Lei nº 8.662/93. O NUCRESS tem como objetivo aproximar os profissionais e facilitar a comunicação entre o órgão e a categoria, que ocorre principalmente por meio de eventos e grupos de estudos. O Serviço Social passa a fazer parte das várias profissões que atuam nas políticas sociais, sendo instituições assistenciais que servem como mercado de trabalho aos assistentes sociais. Possuem funções e atribuições no âmbito da elaboração, execução e avaliação de políticas sociais, bem como na coordenação de movimentos sociais e populares. Pautando-se especificamente na assistência social, conforme se explicita em itens anteriores do estudo, os assistentes sociais desde sua origem, intervêm em meio social, na garantia de direitos, cidadania e por sua vez, a política de assistência social preconiza ações de melhoria da qualidade de vida dos usuários e no enfrentamento das desigualdades sociais. Sendo assim, a política de assistência social, estabeleceu uma relação, uma ligação entre os usuários, proporcionando o bem estar social. Para ilustrar e demonstrar a importância do NUCRESS, destacamos o CRESS Região 10, que possui 35 polos no estado do Rio Grande do Sul com os seguintes registros (CONSLEHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL – 10ª REGIÃO, 2017): • Trabalhar em parceria com o CRESS dinamizando as ações de interesse com vista à defesa do exercício profissional e da qualidade do serviço prestado à sociedade. Divulgar e zelar pela observância do Código de Ética do/a Assistente Social, da Lei de Regulamentação da Profissão e do Projeto Ético- Político profissional. Promover debates sobre assuntos ligados ao Serviço Social e de interesse dos/as assistentes sociais. • Repassar informações sistemáticas ao CRESS 10ª Região das irregularidades constatadas na região referente ao exercício profissional. • Garantir os direitos e deveres do/a assistente social e divulgar a profissão junto à sociedade. • Incentivar o aprimoramento teórico, técnico e político dos/as assistentes sociais. • Participar representando o CRESS em Conselhos de Direitos e Políticas Sociais nos municípios e instâncias regionais em defesa das políticas públicas e de direitos; eleger e atualizar as indicações de assistentes sociais para representar o CRESS nos Conselhos de Políticas Públicas e de Direitos e encaminhamento de seus nomes ao CRESS. • Comprometer-se em participar das reuniões de Conselho Pleno Ampliado, que ocorrem duas vezes por ano, e atender às Resoluções do CRESS 10ª Região que dizem respeito aos NUCRESS e representação. O principal evento oferecido hoje pelo CRESS para a categoria profissional é um fórum de discussão muito importante organizado em conexão com o “Dia do Assistente Social”, que é comemorado anualmente no dia 15 de maio. Muitos temas relacionados ao trabalho profissional são discutidos nessas salas, como os que foram tratados em reuniões de assistentes sociais no Rio Grande do Sul: • Dever da classe de proteger as liberdades democráticas e os direitos sociais; • Dez anos de encontros: duas décadas de diretrizes curriculares da ABEPSS e oito décadas de serviços sociais brasileiros; • Assistentes sociais: qualificação, validade e proteção de políticas públicas; • Serviço social de proteção à cidade em relação a megaeventos; • Serviço social contra a exploração da vida laboral; • A educação que queremos para o mundo que queremos; Além de promover o acesso de especialistas e o processode formação contínua dos profissionais de serviço social, o CRESS é um órgão que fiscaliza o cumprimento das orientações éticas profissionais, de forma a garantir o direito de os cidadãos brasileiros usufruírem de serviços de qualidade viabilizados pelos assistentes sociais, nos diferentes espaços ocupacionais. Na categoria profissional, o CFESS e o CRESS são supervisores profissionais e promotores do aperfeiçoamento contínuo do conhecimento nos campos de atuação, tendo fundamental importância na estruturação política e na identidade profissional dos assistentes sociais. No âmbito desta tarefa, procura-se transmitir essa importância para a sociedade, que é assegurada pelas normas legais dos especialistas em serviço social e pelos pressupostos teórico-metódicos, técnico-funcionais e sócio-históricos que os ligam ao sociotécnico e a divisão de trabalho (CFESS, 2009). 7.1 A associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS Fundada em 1946, a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) é uma associação que coordena e estrutura o ensino como projeto educacional em serviço social para alunos de graduação e pós-graduação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL, 2010). A ABEPSS é dividida em seis regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Leste, Sul II e Sul I. Cada região define suas prioridades, as quais são levadas a discussão com o intuito de desenvolver medidas para solucionar os problemas. Ao longo de sua existência, a unidade criou diversos espaços de articulação e atuação para fortalecer a educação profissional. Abaixo, você irá conferir as principais ferramentas da ABEPSS na luta pela educação profissional de qualidade. O primeiro instrumento são as diretrizes curriculares dos cursos de serviço social. Os pressupostos que nortearam a nova concepção de formação profissional discutida pela Associação Brasileira de Escolas em Serviço Social (ABESS) em 1994 -1996 foram: separação do serviço social nas relações de produção e reprodução da vida social, transformações das configurações estruturais e conjunturais da questão social e das formas históricas de enfrentá-la com a reestruturação do capital e do trabalho e a reestruturação produtiva do Brasil sob os signos da ideologia neoliberal (ABESS/CEDEPSS, 1996). O segundo instrumento é a política nacional de treinamento, documento elaborado pela ABEPSS em 2010, que caracteriza o treinamento da seguinte forma: [...] instrumento fundamental na formação da análise crítica e da capacidade interventiva, propositiva e investigativa do(a) estudante, que precisa apreender os elementos concretos que constituem a realidade social capitalista e suas contradições, de modo a intervir, posteriormente como profissional, nas diferentes expressões da questão social, que vem se agravando diante do movimento mais recente de colapso mundial da economia, em sua fase financeira, e de desregulamentação do trabalho e dos direitos sociais (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL, 2010, p. 11). O terceiro instrumento é um projeto da ABEPSS Móvel, que visa promover a formação em Serviço Social de acordo com os currículos dos cursos de Serviço Social, considerando o crescimento das escolas públicas e privadas no contexto da contrarreforma neoliberal. A ABEPSS móvel tem a forma de um curso de atualização e teve início em 2011 com a ideia de fortalecer a lógica de ensino do currículo, fortificando a ontologia das questões sociais e do trabalho como parte central da formação dos assistentes sociais. O quarto instrumento é o monitoramento de fóruns. Os fóruns são desenvolvidos em todos os níveis (local, regional, regional e nacional). Os fóruns promovem "[...] a defesa de uma educação crítica, de qualidade, com orientação ideológica social, espiritual e estratégica, que integre organicamente a educação e a prática profissional" (GUIRALDELLI; ALMEIDA, 2016, p. 399). O quinto instrumento é um fórum de coordenadores de pós-graduação para discutir a formação em serviço social na pós-graduação. Ocorre em todos os níveis (local, regional, regional e nacional) e tem como base o documento “Contribuição da ABEPSS para o Fortalecimento dos Programas de Pós-Graduação em Serviço Social no Brasil”, criado na Gestão ABEPSS 2013/2014. O sexto instrumento é um Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social (ENPESS), que é um fórum para discussão da pesquisa em serviço social. O ENPESS anterior foi organizado em 2016 no estado de São Paulo e teve como tema as metas que perpassam o processo de educação profissional, levando em consideração os desafios do processo empresarial da educação superior no Brasil e o fortalecimento de princípios e valores que constam no Projeto de ética Político profissional. O sétimo instrumento é a TV ABEPSS, que está disponível no site da ABEPSS e permite ao usuário participar de reuniões, discussões, palestras e utilizar outras formas de comunicação sobre temas relacionados à educação profissional. O oitavo instrumento é a Revista Temporalis, semestral, de cunho científico, que articula o objetivo central da ABPESS que é associar os objetivos da graduação e da pós-graduação e a importância da pesquisa e do desenvolvimento teórico em Serviço Social. Agora que você já conhece os objetivos da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Trabalho Social e todas as suas ferramentas para comunicar e discutir questões relacionadas à educação profissional, percebe a extrema importância dessa instituição nesse campo de atuação. A ABEPSS tem como objetivo específico garantir que a formação acadêmica obedeça às normas vigentes e nunca se desconecte do contexto de um problema social e, portanto, da estrutura e conjuntura do sistema capitalista. Já o ENESSO é um espaço onde os alunos podem expressar suas opiniões e posicionamentos e participar efetivamente da construção de uma formação acadêmica diretamente relacionada aos problemas sociais atuais. Este é o movimento estudantil, [...] que proporciona a formação e prática política e organizativa de estudantes e a articulação deste com outros movimentos sociais e que vivenciar estes espaços refletirá na futura prática e atuação profissional bem como na luta em busca do modelo de sociedade que acreditamos. (ABESS/CEDEPSS, 1996). O primeiro encontro nacional de estudantes de serviço social ocorreu em 1978 na cidade de Londrina, Paraná, promovido pelo Centro Acadêmico da Universidade de Londrina (UEL). O encontro, que tratou do serviço social e da realidade do Brasil, contou com a presença de 2 escolas de serviço social do país. O ENESSO I, precisava pensar um novo currículo para a graduação do serviço social, levando em consideração as mudanças sociais provocadas pelo golpe militar na sociedade e principalmente na classe trabalhadora, e passando pelas mudanças provocadas pelo serviço social, traduzidas pelo movimento para repensar a profissão. Assim, nos últimos anos da década de 1970, junto com a crise da ditadura militar, aumentou-se a discussão na classe dos assistentes sociais sobre a necessidade de reforma curricular do curso de serviço social (ABESS/CEDEPSS, 1996). Assim, a Associação Brasileira de Educação do Serviço Social (ABESS) propôs um currículo mínimo em 1979, que foi aprovado pelo Conselho Federal de Educação em 1982 e implantado naquele período. O principal objetivo da reforma curricular era criar uma categoria considerada necessária entre o serviço social e os movimentos sociais. Além disso, foi proposto um projeto sobre teoria, metodologia e história do serviço social (ABESS/CEDEPSS, 1996). Esta nova proposta substituiu a anterior, que confirmava a divisão dos serviços sociais em caso, grupo e comunidade. Assim, o Currículo II (como era chamado) transformou o sentido social da profissão: o assistente social, queem seu trabalho é visto como uma especialização do trabalho coletivo, é incluído na divisão social e técnica do trabalho e integrado à sociedade de classes. Nesse contexto, outras formas de participação dos estudantes de serviço social surgiram na busca de uma estrutura coletiva para melhorar a formação e, assim, a prática do trabalho. Dessa forma, foram criados encontros regionais de estudantes de serviço social para dividir as discussões por região e definir as especificidades de cada localidade. Após a conclusão do ERESS, comitês nomeados regionalmente dentro do Conselho Nacional de Comunidades Estudantis (CONESS) se reúnem para determinar o tópico a ser coberto pelo ENESS (ABESS/CEDEPSS, 1996). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABESS/CEDEPSS. Caderno ABESS. n. 07. Caderno Especial: Formação Profissional: trajetórias e desafios. Cortez, São Paulo: 1996. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL. Política Nacional de Estágio da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Brasília: ABEPSS, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL. Quem somos. Brasília: ABEPSS, 2017. BRASIL. LEI Nº 8.662, DE 7 DE JUNHO DE 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1993. CFESS. Conselho Federal em Serviço Social. Parâmetro para atuação de Assistência Social na política de saúde. Brasília, 2009. CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL – 10ª REGIÃO. Nucress. Porto Alegre: Nucress. 2017. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM SERVIÇO SOCIAL, 15., 2016, Ribeirão Preto. Anais [...]. Ribeirão Preto: ABEPSS, 2016. Tema: Ousadia e Sonhos em Tempos de Resistencia. EXECUTIVA NACIONAL DE ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL. Coordenação pnacional da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social: quebrando pedras e construindo resistências: gestão 2016/2017. ENESSO, 2016. EXECUTIVA NACIONAL DE ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL. Estatuto da ENESSO. ENESSO. 2016. EXECUTIVA NACIONAL DE ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL. História da ENESSO. ENESSO, 2014. GUIRALDELLI, R.; ALMEIDA, J. L. A construção dos Fóruns de supervisão de estágio em serviço social. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 19, n. 3. p. 42, 2016. NETTO, J. P. III CBAS: Algumas referências para a sua contextualização. CFESS. 2009.
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