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MÓDULO III – DAS SOCIEDADES EMPRESARIAIS INTRODUÇÃO A sociedade constitui-se através de um contrato entre duas ou mais pessoas, que se obrigam a combinar esforços ou recursos para atingir fins comuns. O que mais diferencia as sociedades comerciais umas das outras é a forma de responsabilidade de seus sócios, pois, conforme o tipo de sociedade, respondem eles ou não com os seus bens particulares pelas obrigações sociais (responsabilidade limitada ou ilimitada). Lembrando que a atividade empresarial organizada articula 4 fatores de produção: capital; mão de obra; insumos; tecnologia. Se não tem algum desses, não é empresa. O empresário pode ser pessoa física ou jurídica. A pessoa jurídica pode ser: 1) Associações 2) Fundações 3) Sociedades (simples ou empresariais) 4) Partidos Políticos 5) Organizações Religiosas As sociedades diferenciam-se pelo objeto, pois ambas têm intuito lucrativo. O objeto explorado sem “empresarialidade” (sem profissionalismo e sem organizar os fatores de produção) sempre será simples (ex: sociedade de advogados, sociedade rural etc.). Há apenas duas exceções (dadas pela lei): sociedade por ações (é sempre empresária) e cooperativa (é sempre simples). As sociedades empresariais devem constituir-se por um dos tipos societários regulados; a sociedade simples pode constituir-se por um desses tipos e, não o fazendo, subordina-se às normas próprias. Os tipos de sociedade previstos: sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples; sociedade limitada; sociedade anônima; sociedade em comandita por ações. São todas empresárias. Outro ponto de distinção entre os diversos tipos de sociedades comerciais é a formação do nome. Por isso, com exceção da sociedade anônima, que é mais complexa e exige maiores detalhes, vamos concentrar nosso estudo nestas duas características essenciais das sociedades: a responsabilidade dos sócios e a formação do nome. CARACTERÍSTICAS GERAIS O quadro abaixo resume as características gerais da sociedade empresarial. ● Constitui-se por contrato, entre duas ou mais pessoas; ● nasce com o registro do contrato ou estatuto no Registro do Comércio, a cargo das Juntas Comerciais; ● tem por nome uma firma (também chamada razão social) ou uma denominação; ● extingue-se pela dissolução: por expirado o prazo de duração ajustado, por iniciativa de sócios, por ato de autoridade, pela falta de pluralidade dos sócios etc.; ● é uma pessoa (pessoa jurídica), com personalidade distinta das pessoas dos sócios; ● tem vida, direitos, obrigações e patrimônio próprios; ● é representada por quem o contrato ou estatuto designar; ● empresária é a sociedade e não os sócios; ● o patrimônio é da sociedade e não dos sócios; ● responde sempre ilimitadamente pelo seu passivo (responsabilidade limitada pode ser dos sócios); ● pode modificar sua estrutura, por alteração no quadro social ou por mudança de tipo; ● a formação do nome da sociedade e a responsabilidade dos sócios variam conforme o tipo de sociedade; ● classifica-se em "sociedade de pessoas" quando os sócios são escolhidos preponderantemente por suas qualidades pessoais, ou "sociedade de capital" quando é indiferente a pessoa do sócio, como na sociedade anônima; ● é nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração (art. 1.126 CC). Pode ter sócios estrangeiros, mas se em sede no país, é nacional; ● nas empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, só pode participar capital estrangeiro até o limite de 30% (art. 222 da CF, na redação da Emenda Constitucional n. 36, de 28.5.2002. V. L 10.610, de 20.12.2002). O NOME O nome tem característica patrimonial (diferente do nome da pessoa física). Não se confunde com a marca (identifica produto ou serviço), nome de domínio (identifica a página na rede mundial de computadores) e título do estabelecimento (identifica o ponto, geralmente formado por elemento fantasia). O nome possui proteção penal (Lei da Propriedade Intelectual), mas não possui proteção cível específica, recaindo, portanto, na lei geral dos atos ilícitos cíveis. A sociedade tem por nome uma firma (também chamada razão social ) ou uma denominação social . Ou seja, o nome é o que identifica o empresário, tendo duas espécies: firma ou denominação social. É a lei, em cada caso, que determina quando devemos usar uma ou outra, conforme o quadro abaixo: O nome empresarial, diferentemente do nome civil, pode ser alterado: por vontade dos sócios ou pela retirada de um dos sócios; alienação do estabelecimento; lesão ao direito de outros empresário (proteção ao nome); etc. Só pode usar denominação Podem usar tanto denominação como razão social (firma0 Só podem usar razão social (firma) Sociedade Limitada Sociedade em nome coletivo Sociedade Anônima (regulada por Estatuto em função da proteção ao interessa social coletivo) EIRELI Sociedade em comandita simples Sociedade Comandita por ações Empresário individual Obs: Sociedade em conta de participação está proibida de usar nome empresarial devido sua natureza secreta. Sociedade simples pode usar firma ou razão social. FIRMA OU RAZÃO SOCIAL A firma ou razão social deve ser formada por uma combinação dos nomes e/ou prenomes dos sócios. Pode ser formada pelos nomes de todos os sócios, de vários deles, ou de um somente. Mas, se for omitido o nome de um ou mais sócios, deve-se acrescentar "& Cia.", por extenso ou abreviadamente. Digamos que José Pereira, Manuel Gonçalves e Abílio Peixoto organizaram uma sociedade do tipo em que se deve empregar firma ou razão social. O nome da sociedade poderá, então, ser formado da seguinte maneira: PEREIRA, GONÇALVES & PEIXOTO JOSÉ PEREIRA & CIA. GONÇALVES, PEREIRA & CIA. A. PEIXOTO & CIA. No nome da firma pode ser incluído o ramo de atividade. Ex: André Ramos Cursos Empresariais LTDA. Uma última observação: a firma ou razão social é não só o nome, mas também a assinatura da sociedade. Assim, o José Pereira, sócio-gerente da empresa acima mencionada, ao emitir um cheque, lançará nele a assinatura coletiva (Gonçalves, Pereira & Cia.) e não a sua assinatura individual. DENOMINAÇÃO SOCIAL Na denominação social não se usam os nomes dos sócios, mais uma expressão qualquer, de fantasia, indicando facultativamente o ramo de atividade, como, por exemplo, Tecelagem Moinho Velho Ltda. ou PERNANBUCANAS (há um elemento fantasia mais a indicação do ramo de atividade). Poder-se-á usar até um nome próprio, de gente, sem que isso signifique, contudo, que exista no quadro social um sócio com esse nome. Ex.: Fiação Augusto Ribeiro S/A. Neste caso o nome próprio representa apenas uma homenagem a um fundador da empresa, ou a outra pessoa grata, equiparando-se ao nome de fantasia. A denominação social não se confunde com o “nome fantasia” da empresa. Ao contrário da firma ou razão social, a denominação é só nome, não podendo ser usada como assinatura. O administrador assinará com seu próprio nome. Assim, ao emitir um cheque, emnome da sociedade, o sócio gerente lançará a sua assinatura individual, como representante da sociedade. Qualquer sociedade empresária que esteja em Recuperação Judicial deve acrescer ao nome, em todos os atos, contratos e documentos, a expressão “em Recuperação Judicial”. *Esquema para lembrar: NOME EMPRESARIAL - 🡪 Expressão que identifica os empresários nas relações jurídicas que formalizam em decorrência da atividade empresarial. Pode ser: (1) FIRMA (RAZÃO SOCIAL) , que é o nome dos próprios sócios; (2) DENOMINAÇÃO SOCIAL , que é o elemento fantasia (qualquer expressão linguística) mais a indicação do objeto social (ramo de atividade). INTERLIGAÇÕES DAS SOCIEDADES Sociedades coligadas : quando uma participa, com 10% ou mais, do capital da outra, sem controlá-Ia (1.099 CC). Sociedade controladora : é a titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores da sociedade controlada. A controladora tem as mesmas obrigações que o acionista controlador (art. 246 combinado com os arts. 116 e 117 da Lei das S/A). Sociedade de simples participação : quando uma participa do capital da outra com menos de 10% do capital com direito a voto (art. 1.100 CC). Subsidiária integral : tem como único acionista uma outra sociedade, que deve ser brasileira (art. 251 da Lei das S/A). Grupo de sociedades 1 : é constituído pela controladora e suas controladas, combinando esforços ou recursos para empreendimentos comuns. A controladora ou "de comando de grupo" deve ser brasileira. Constitui-se por convenção aprovada pelas sociedades componentes. O grupo não tem nome, no sentido técnico do termo, pois não tem firma ou razão social, nem denominação social. Tem apenas uma "designação", na qual devem constar as palavras "Grupo de Sociedades" ou "Grupo" (art. 267 da Lei das S/A). O grupo não adquire personalidade jurídica. Mas pode ser representado perante terceiros por pessoa designada na convenção. Consórcio : é o contrato pelo qual duas ou mais sociedades, sob o mesmo controle ou não, se comprometem a executar em conjunto determinado empreendimento. O consórcio não tem personalidade jurídica e não induz solidariedade (arts. 278 e 279 da Lei das S/A). OBS: CARTÉIS E ANTITRUSTE Os cartéis são compostos pela união de empresas, de modo secreto, para combinação de preço e controle de mercado, evitando a concorrência. O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) zela pela concorrência, aprovando certas transações comerciais. É um sistema antitruste. 1 São as “holdings”. Ex. 1: Grupo Globo, que possui a Globo, Globo Sat, Época, Editora Globo, etc. Ex. 2: grupo Silvio Santos. O Holding é uma prática legal, são empresas controladoras de outra. A MICROEMPRESA (ME) E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP) E O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL A microempresa (receita bruta anual até R$ 360.000,), artigo 2°, inciso I e II, da Lei n° 9.317/96, na redação dada pelo artigo 33 da Lei n° 11.196/2005, acrescentará ao seu nome a expressão “Microempresa”, ou abreviadamente “ME”, como por exemplo, Livraria Camões Ltda. ME. A empresa de pequeno porte (receita bruta anual até R$ 4.600.000,00), acrescentará à sua qualificação por extenso, ou abreviadamente “EPP”, como por exemplo, Fábrica de Correntes Astro Ltda. EPP. O enquadramento como “ME” ou “EPP”, e o desenquadramento, faz-se por simples comunicação da empresa à Junta Comercial, ou se for o caso, ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas (Lei n° 9.841/99). Também há a figura do microempreendedor individual (MEI), que é a pessoa que trabalha por conta própria e tem receita bruta anual de R$ 81.000,00. Ele pode ter apenas um único empregado e não pode ser sócio ou titular de outra empresa. Não é todo tipo de atividade que pode ser MEI, existe a necessidade de consulta na respectiva tabela. O critério de diferenciação é a receita bruta para a EPP e a ME. Lembrando que tanto MEI quanto EPP e ME são tipos tributários, pois são classificações dentro de um sistema tributário simplificado, o do Simples Nacional. Por este regime, recolhe-se de uma única vez uma série de tributos, como o IRPJ, CSLL, COFINS, PIS/PASEP, ISS. Assim, nenhuma dessas classificações cria personalidade jurídica.
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