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Material de Pecas Praticas Policiais

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DELEGADO DE POLÍCIA 
DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 
 
Material de Peças Práticas 
 
CORPO DOCENTE ........................................................................................................... 2 
PORTARIA ......................................................................................................................... 3 
MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA ................................................................... 7 
REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO PREVENTIVA .............................................................. 10 
REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO TEMPORÁRIA ............................................................. 22 
REPRESENTAÇÃO PELA INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS ... 28 
REPRESENTAÇÃO PELA APREENSÃO DE ADOLESCENTE ............................................ 32 
REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO ........................................... 37 
REPRESENTAÇÃO PELA EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO ...... 40 
REPRESENTAÇÃO DO DELEGADO DE POLÍCIA PELA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE 
PROVA AO MINISTÉRIO PÚBLICO (LEI 13. 431/2017) ................................................ 50 
REPRESENTAÇÃO POR INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL .... 54 
RELATÓRIO POLICIAL FINAL ......................................................................................... 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CORPO DOCENTE 
 
Aline Medeiros Pinheiro (@prof.alinemedeiros): Delegada de Polícia Civil 
do Estado do Ceará. Ex-Delegada de Polícia Civil do Estado de Santa 
Catarina. Graduada pela Universidade Federal do Ceará. Pós-graduada 
em Direito Constitucional Aplicado pela Faculdade Damásio de Jesus. 
Eduardo Franco Defaveri (@del.eduardodefaveri): Delegado de Polícia 
Civil do Estado de Santa Catarina. Aprovado em todas as fases jurídicas 
do concurso de Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará, além de 
outros concursos de procuradorias municipais. Graduado pela Pontifícia 
Universidade Católica do Estado do Rio Grande do Sul. Pós-Graduado 
lato-sensu em Ciência Penais pela Universidade Anhanguera. Pós-
graduando em Direito Constitucional e em Direitos Humanos e 
Ressocialização pela Universidade Cândido Mendes. 
Felipe Blos Orsi (@del.felipeorsi): Delegado de Polícia do Estado de Santa 
Catarina. Aprovado para Delegado de Polícia no Paraná. Ex- agente de 
Polícia Civil no DF. Graduado pela Universidade Feevale. Pós-graduado 
em Ciências Penais pela Universidade Cândido Mendes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTARIA 
 
I. PEÇA INAUGURAL 
Como o próprio título do tópico sugere, a Portaria é uma das peças, juntamente 
com o auto de prisão em flagrante, que inicia a persecução penal no âmbito 
de inquérito policial. 
A Portaria, em verdade, pode ser definida como a peça, redigida pela 
autoridade policial, em que se ordena a instauração de inquérito policial e em 
que se veicula a forma inicial da investigação criminal pré-processual, 
estabelecendo as diretrizes iniciais da atividade da polícia judiciária. 
Frisa-se, por oportuno, que o delegado de polícia não está obrigado a fazer 
menção de absolutamente todas as diligências investigatórias, mas pelo menos 
deve mencionar aquelas iniciais e obrigatórias para o início da elucidação 
criminal do fato. 
Inclusive, é de bom tom constar ao final que algo no sentido de que após serem 
realizadas as diligências requeridas, retornem-se os autos à autoridade policial, 
a fim de se analisar a necessidade de novas diligências. 
 
II. DA ESTRUTURA DA PORTARIA 
a) Da referência ao órgão policial responsável pelo procedimento policial 
É de bom tom iniciar a portaria mencionando a instituição e o delegado 
responsável pela instauração daquele procedimento. É algo simples e objetivo. 
Ex: 
A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ, por intermédio do Delegado de Polícia 
(nome), lotado na Delegacia (XXX), no uso de suas atribuições legais. (...) 
 
b) Dos “Considerandos” relativos à fundamentação da atividade policial 
Tradicionalmente, não se incluía os chamados “considerandos” na Portaria. 
Entretanto, o posicionamento e reconhecimento de que os delegados de 
polícia integram a chamada classe das carreiras jurídicas é de bom tom reforçar 
 
 
 
 
 
 
este entendimento, trazendo os fundamentos constitucionais e legais que 
respaldam as atribuições, notadamente de polícia judiciária, do delegado de 
polícia. 
Ex: (...) 
CONSIDERANDO que às Polícias Civis, dirigidas por Delegados de Polícia de 
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de Polícia 
Judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares, conforme 
inteligência do § 4º do art. 144 da Constituição Federal; 
CONSIDERANDO que a Polícia Judiciária será exercida pelas autoridades 
policiais - no caso, exclusivamente, por Delegado de Polícia de carreira - no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das 
infrações penais e da sua autoria; 
CONSIDERANDO que os Delegados de Polícia são profissionais de carreira 
jurídica do Estado, com autonomia funcional e operacional para o exercício 
exclusivo das suas atribuições constitucionais e legais; 
(...) 
 
b) Da menção dos fatos que embasaram a instauração do procedimento 
policial 
A Portaria, apesar de apresentar o formato e o “toque especial” de cada 
delegado de polícia, deve preencher alguns requisitos, quais sejam, indicações 
de materialidade e de autoria, salientando como àquela informação chegou 
ao conhecimento da autoridade policial. 
É necessário que indique, minimamente, onde os fatos ocorreram, a fim de 
mostar que é da atribuição daquela delegacia de polícia, bem como 
contextualizar a infração penal em tese ocorrida. 
Neste aspecto, é necessário apontar, ainda que em uma análise preliminar e 
não-vinculante, a tipificação legal referente à situação apresentada ao 
delegado de polícia. 
Ex: 
Considerando que os fatos noticiados no boletim de ocorrência de n. XXX 
sugerem a possível ocorrência de crime de estupro de vulnerável, previsto no 
 
 
 
 
 
 
art. 217-A, do CP, perpetrado por XXX em detrimento de XXXX, criança de 8 
(oito) anos, uma vez que, em tese, teria passado as mãos nas partes íntimas da 
criança, bem como teria praticado outros atos libidinosos, no interior da 
residência do suspeito, localiza à Rua XXX, nº, XXX, na cidade de Quixadá-CE, 
no período compreendido entre maio e julho de 2018. 
 
d) Da menção ao artigo 5º, do CPP 
É de fundamental importância constar no texto da Portaria o art. 5º, do CPP, 
pois, ainda que o referido dispositivo não mencione expressamente o termo 
“portaria”, este é o artigo que fundamenta a instauração do procedimento 
pela autoridade policial. 
Ex: 
CONSIDERANDO que o crime relatado no supracitado boletim de ocorrência é 
de ação penal pública incondicionada e o Inquérito Policial pode ser 
instaurado de ofício pelo Delegado de Polícia, consoante previsão do art. 5º, I, 
do Código de Processo Penal; 
 
e) Da necessidade de requerer o registro e a autuação 
A Portaria somente após ser registrada e autuada terá o condão de 
efetivamente respaldar a instauração do inquérito policial, de modo que é de 
suma importância que a autoridade policial mencione expressamente, no bojo 
desta peça inaugural, a necessidade de se proceder com seu registro e 
autuação. 
Ex: 
Considerando (...) 
INSTAURA Inquérito Policial com a finalidade de apurar os fatos. 
E em face do exposto, 
DETERMINO: 
1. Registro e autuação do presente procedimento investigatório; 
(...) 
 
 
 
 
 
 
 
III. DO MODELO 
A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ, por intermédio do Delegado de Polícia 
(nome), lotado na Delegacia (XXX), no uso de suas atribuições legais. 
CONSIDERANDO que às Polícias Civis, dirigidas por Delegados de Polícia de 
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de Polícia 
Judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares,
conforme 
inteligência do § 4º do art. 144 da Constituição Federal; 
CONSIDERANDO que a Polícia Judiciária será exercida pelas autoridades 
policiais - no caso, exclusivamente, por Delegado de Polícia de carreira - no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das 
infrações penais e da sua autoria; 
CONSIDERANDO que os Delegados de Polícia são profissionais de carreira 
jurídica do Estado, com autonomia funcional e operacional para o exercício 
exclusivo das suas atribuições constitucionais e legais; 
CONSIDERANDO os fatos noticiados no boletim de ocorrência de n. XXXX 
sugerem a possível ocorrência de crime de estupro de vulnerável, previsto no 
art. 217-A, do CP, perpetrado por XXXX em detrimento de XXX, criança de 8 
(oito) anos, uma vez que, em tese, teria passado as mãos nas partes íntimas da 
criança, bem como teria praticado outros atos libidinosos no interior da 
residência do suspeito, localiza à Rua XXX, nº, XXX, na cidade de Quixadá-CE, 
no período compreendido entre maio e julho de 2018. 
CONSIDERANDO (resumir objetivamente o apurado – dinâmica criminosa 
apurada) 
CONSIDERANDO que o crime relatado no supracitado boletim de ocorrência é 
de ação penal pública incondicionada e o Inquérito Policial pode ser 
instaurado de ofício pelo Delegado de Polícia, consoante previsão do art. 5º, I, 
do Código de Processo Penal; 
INSTAURA Inquérito Policial, com a finalidade de apurar os fatos. 
E em face ao exposto, 
DETERMINA: 
1. Registrar e autuar o presente procedimento investigatório; 
 
 
 
 
 
 
2. Juntar o boletim de ocorrência nº xxx e demais peças que lhe acompanham; 
3. Expedir guia de exame de corpo de delito; 
4. Intimar e reduzir a termo o depoimento das testemunhas elencadas no 
boletim de ocorrência supracitado e outras que forem posteriormente 
descobertas; 
5. Intimar e reduzir a termo as declarações da vítima; 
6. Intimar, pregressar e reduzir a termo o interrogatório do investigado, nos 
termos do art. 185 do Código de Processo Penal. 
CUMPRA-SE. 
Em seguida, volvam-se os autos conclusos para ulteriores deliberações. 
Quixadá, (data) 
_________________________________________ 
Delegado(a) de Polícia Civil 
 
MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA 
 
I. BREVE NOTAS 
Normalmente, a pessoa que recebe, ou melhor, o titular da notificação 
comparece espontaneamente ao órgão policial. Este, inclusive, é o 
comportamento esperado. 
Entretanto, diante da ausência injustificada da vítima ou da testemunha, o 
Código de Processo Penal dispõe: 
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e 
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou 
presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-
se por termo as suas declarações. 
 
 
 
 
 
 
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem 
motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da 
autoridade. 
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de 
comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à 
autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja 
conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da 
força pública. 
Em que pese tais artigos serem referidos à fase judicial, e não pré-processual, 
maioria da doutrina entende que os citados dispositivos podem ser aplicados 
de forma analógica ao Inquérito Policial. 
II. INCOMPATIBILIDADE DO MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA PARA 
INTERROGATÓRIO COM A ATUAL CF 
O Código de Processo Penal prevê, em seu art. 260, a possibilidade de 
condução coercitiva do réu do processo quando de sua ausência injustificada: 
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o 
interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem 
ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar 
conduzi-lo à sua presença. 
Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de 
condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for 
aplicável. 
Entretanto, em recente decisão, o STF entendeu que esta previsão afronta a 
atual ordem jurídica constitucional, seja por ofender à liberdade de locomoção, 
seja por ofender à presunção de não-culpabilidade. Além de violar, também, 
a própria dignidade da pessoa humana. 
Recomenda-se o estudo dos seguintes julgados ADPF 395/DF e ADPF 
444/DF, cujas decisões foram veiculadas no Informativo 906, do STF. 
 
III. MODELO DE MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA 
 
MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA 
 
 
 
 
 
 
INQUÉRITO POLICIAL Nº: 
VÍTIMA: 
INVESTIGADO: 
TIPO PENAL: 
O(A) Excelentíssimo(a) Sr.(a) XXXX, Delegado(a) de Polícia, matrícula nº XXX, 
lotado na Delegacia de Polícia XXX, em face da aplicação analógica dos arts. 
201, §1º e 218,, do CPP à fase de investigação policial, expede ORDEM DE 
CONDUÇÃO COERCITIVA em desfavor de: 
(nome) (qualificação) (endereço) 
Ordenando-se aos inspetores/agentes/investigadores (a depender do cargo 
ostentado) XXX e YYY, lotados nesta delegacia de polícia, conduzam 
imediatamente o indivíduo supraqualificado, o qual configura como (VÍTIMA OU 
TESTEMUNHA), a este órgão policial, para o fim de (especificar a finalidade, ex: 
realizar oitiva). 
Fica determinado também aos inspetores/agentes/investigadores que 
realizarem a referida condução que informem o motivo da ocorrência desta, 
qual seja o não-comparecimento anterior a esta delegacia de polícia, 
configurando hipótese de ausência ijustificada apta a ensejar a presente 
condução coercitiva (informar o número da notificação/ofício realizado). 
Cumpra-se. 
(loca), (data). 
Delegado(a) de Polícia 
 
 
 
 
 
 
 
 
REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO PREVENTIVA 
 
I. ENDEREÇAMENTO 
O endereçamento é o destino que sua representação deverá atingir. Para 
tanto, devem ser levadas em consideração as regras processuais penais de 
competência. 
Só direcione a sua representação se houver informações suficientes sobre a 
comarca e a vara indicada. Do contrário, utilize-se de um endereçamento 
genérico, nos moldes demonstrados abaixo: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL (em 
princípio) DA COMARCA DE... 
Logo depois, indicamos que o aluno insira os dados sobre o inquérito policial, 
capitulação legal do caso, autor do fato e vítima, conforme demonstrado 
abaixo, desde que não tenha indicações no próprio texto: 
IP nº... 
Incidência penal: arts... 
Autor... 
Vítima... 
 
II. PREÂMBULO 
No preâmbulo, coloque sempre a legitimação do Delegado de Polícia para 
representar, levando em consideração os arts. 311 c/c 282, §2º, CPP c/c art. 13, 
IV, CPP: 
A autoridade de polícia judiciária subscritora, no desempenho de suas 
atribuições de polícia judiciária, com fundamento nos arts. 144, §4º, da 
Constituição Federal, combinado com os arts. 13, IV, 311 e 282, §2º, todos do 
Código de Processo Penal (legitimação – colocar a fonte legal para o delegado 
representar por uma prisão preventiva ou outras medidas cautelares, no caso 
aqui para preventiva) vem, perante Vossa Excelência, representar pela 
DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA de FULANO DE TAL, pelos fatos e 
fundamentos a seguir enunciados: 
 
 
 
 
 
 
 
III. FUNDAMENTAÇÃO 
Deveremos estruturar a preventiva de acordo com sua estrutura técnica que 
são: 
 Hipóteses de admissibilidade ou de cabimento (art. 313, CPP); 
 Requisitos da prisão preventiva (art. 312, CPP) – fumus comissi delicti e 
periculum libertatis; 
 Insuficiência de aplicação de medidas cautelares pessoais diversas da 
prisão (necessidade no caso concreto). 
A. Hipóteses de admissibilidade da prisão preventiva): 
Só é possível representar por essa medida cautelar se ela for admissível e 
juridicamente possível. 
Primeiramente, é necessário trabalhar com o art. 313 do Código de Processo 
Penal, pois é neste dispositivo que estão as possibilidades da prisão preventiva. 
Lembre-se que basta apenas uma das hipóteses da prisão preventiva para que 
seja possível
a decretação da prisão preventiva. 
O aluno deverá encaixar o caso concreto em alguns dos incisos do art. 313 ou 
em seu parágrafo único. 
_____________________________________________________________________________ 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da 
prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior 
a 4 (quatro) anos; 
Perceba que este dispositivo afasta: 
 Crimes culposos; 
 Contravenções penais 
 Crimes dolosos punidos com pena máxima igual ou inferior a 4 anos. 
Mas não é só, o crime doloso deve ser punido com pena máxima superior a 04 
anos. 
 
 
 
 
 
 
Portanto, é imprescindível que haja CRIME DOLOSO E PENA MAIOR DO QUE 04 
(QUATRO) ANOS. 
Não se pode pensar em preventiva nos crimes de furto simples, pois este crime 
possui pena de 1 a 4 anos de reclusão. 
Lembre-se que não se deve considerar atenuantes e agravantes, as quais ficam 
contidas nos limites abstratos da pena. 
Por outro lado, são consideradas causas de aumento e as causas de diminuição 
da pena, visto que alteram a pena mínima e máxima em abstrato, razão pela 
qual devem ser levadas em consideração. 
No furto simples, em princípio, não admite a prisão preventiva. Por outro lado, 
se o furto for praticado durante o repouso noturno será admitida a prisão 
preventiva na medida em que a pena máxima subiria de 4 para 5 anos e quatro 
meses. 
Já na tentativa, deve ser reduzida a pena de 1/3 a 2/3 da pena. Por exemplo, 
o crime de peculato tem pena máxima de doze anos e, portanto, admitiria 
prisão preventiva. A diminuição em um terço levaria a pena máxima em 8 anos, 
mas se adotar o redutor de 2/3, a pena máxima ficaria em 4 anos e portanto 
não caberia a preventiva. Deve ser sempre aplicado o maior aumento possível 
quando se referir a pena máxima, como no caso da prisão preventiva. 
Em se tratando de concurso de crimes (material/formal e continuado), este 
deve ser considerado tanto para avaliar a prisão preventiva como para fixar a 
fiança, salvo no caso da prescrição, quando devem ser analisados 
isoladamente. 
Para os casos de concurso material, previsto no art. 69 do CP, o juiz deve aplicar 
a pena mediante cumulação das penas máximas dos crimes componentes do 
concurso e encontrar o resultado. O importante é o resultado da soma. Se o 
resultado supera 4 anos será admitido a prisão preventiva, e não será possível 
fixação de fiança pelo Delegado. Ex: Desacato + dano qualificado pelo 
patrimônio público (2 anos + 3 anos = 5 anos). 
No caso de concurso formal (art. 70 do CP) pressupõe uma unificação, levando 
em consideração a exasperação. Será utilizada a pena máxima (do crime mais 
grave) aumentada pela metade (1/2) (maior aumento). Por exemplo, o crime 
com pena máxima 3 anos não possibilita a prisão preventiva, mas se praticado 
em concurso formal será admitida a preventiva. A regra tem a mesma 
 
 
 
 
 
 
aplicabilidade em relação ao concurso formal impróprio, aplicando a solução 
do art. 69 do CP. 
No caso de crime continuado ou continuidade delitiva (art. 71 do CP) aplicar-
se-á a mesma lógica. Utiliza-se a pena máxima mais grave dentre os crimes que 
será exasperada em 2/3. 
_____________________________________________________________________________ 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da 
prisão preventiva: 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em 
julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
O art. 313, inciso II independe das regras estabelecidas no inciso I. 
Basta demonstrar que o investigado: 
 Já tenha condenação anterior transitada em julgado; 
 O crime seja doloso; e 
 Essa condenação seja apta a gerar reincidência. 
Lembre-se que não pode ter decorrido o período depurador ou purificador de 
cinco anos, contados da extinção ou cumprimento da pena anterior. Ou seja, 
não interessa a data do trânsito em julgado, nos termos do art. 64, I do CP. 
Perceba que, se o indivíduo que cometer um crime doloso, qualquer que seja a 
pena, dentro do período de 05 anos contados da extinção da pena ou do 
cumprimento da pena anterior, estará sujeito a esta hipótese de prisão 
preventiva. 
Ex: Prisão por furto simples do réu reincidente: é possível a preventiva, pois, 
embora o furto simples de forma isolada não se enquadre no inciso I, a 
reincidência por outro crime doloso possibilita a preventiva. 
Em suma: CRIME DOLOSO (sem limite de pena) + REINCIÊNCIA EM CRIME 
DOLOSO. 
_____________________________________________________________________________ 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da 
prisão preventiva: 
 
 
 
 
 
 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, 
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a 
execução das medidas protetivas de urgência; 
Também admite-se a prisão preventiva, independentemente dos incisos 
anteriores, quando o crime envolver violência doméstica e familiar contra 
pessoas presumidamente vulneráveis. 
Independe dos anteriores, não interessa a pena e não interessa se o agente já 
tenha sido condenado por crime anterior. 
Essa preventiva alcança não somente a mulher, mas também outros grupos 
considerados vulneráreis, seja qual for o gênero, como a criança, adolescente, 
idoso, enfermo ou pessoas com deficiência (de qualquer idade). Isso por si só 
admite a preventiva, sem qualquer tipo de relação com a pena cominada ou 
com eventual reincidência. 
É aqui que se admite a representação por uma prisão preventiva por crime de 
lesão corporal leve qualificada por violência doméstica ou familiar (art. 129, §9º 
do CP). A pena cominada é de detenção de três meses a três anos. 
Obs.: Há quem entenda que esse inciso somente seria cabível quando houvesse 
o descumprimento da medida protetiva de urgência, ou seja, para a 
decretação da prisão seria imprescindível a anterior determinação de medida 
protetiva. Todavia, esta posição é doutrinária (isso não é pacifico). Tem que 
pensar que diante da análise do caso em concreto, poderá haver situações 
que se vislumbra a aplicação de medidas protetivas de urgência + 
representação da preventiva (ex: marido enfia o cano da arma na boca da 
mulher ameaçando de morte no caso dela procurar a polícia). 
Quem entende dessa forma é o Prof. Renato Brasileiro. Para ele, este inciso 
objetiva garantir a execução das medidas protetivas de urgência, nos crimes 
que envolvem violência doméstica e familiar contra determinados grupos 
vulneráveis, taxativamente previstos em lei. No entanto, este posicionamento é 
minoritário. 
_____________________________________________________________________________ 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da 
prisão preventiva: 
 
 
 
 
 
 
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver 
dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer 
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado 
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese 
recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Nesta hipótese, em tese, poderia haver a decretação de prisão preventiva em 
crime culposo ou em contravenção, pois o parágrafo único não especifica o 
tipo de infração penal. 
Essa situação admite a prisão preventiva para fins de obtenção da 
identificação do sujeito na hipótese em que não haja identificação civil da 
pessoa ou quando não fornece dados para se identificar. Diante disso, é cabível 
a representação pela preventiva para identificação do sujeito. 
Com o sujeito preso preventivamente, este será submetido à identificação 
criminal. 
Portanto, identificado criminalmente e
sabendo quem é efetivamente o sujeito, 
cessou o motivo da prisão, razão pela qual deverá ser colocado imediatamente 
em liberdade, salvo se outro fundamento qualquer justificar a preventiva. 
ATENÇÃO: SE O CRIME NÃO ESTIVER ENQUADRADO EM NENHUMA DAS HIPÓTESES 
DO ART. 313 DO CPP, NÃO CABERÁ PRISÃO PREVENTIVA! 
Depois de analisado o artigo 313, sendo possível a prisão preventiva, parte-se 
para a análise dos requisitos cautelares do art. 312. 
B. Requisitos da cautelar (art. 312, CPP); 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem 
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para 
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do 
crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso 
de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras 
medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Esses requisitos serão buscados no art. 312 do CPP. 
 
 
 
 
 
 
Deverá ser acrescentando o art. 282, que é norma geral das cautelares pessoais. 
Esse dispositivo possui uma fundamentação pontual para fins de investigação 
criminal. 
Esses requisitos da cautelar deverão sempre ser divididos em dois: 
I. Fumus commissi delicti (aparência de cabimento): 
Fumus commissi delicti é a aparência do cometimento de um crime. Para se 
falar em fumus commissi delicti, a lei exige basicamente dois requisitos 
cumulativos (deverão ser demonstrados na peça prática onde que estão 
situados esses requisitos, pois se tratam de elementos informativos): 
 Indício suficiente de autoria ou participação nas hipóteses em que 
admitem a preventiva (autoria); 
 Prova da existência da infração penal (materialidade). 
Obs.: não basta indicar que há autoria e materialidade, devendo indicar 
elementos concretos que lhe deu o enunciado de onde que está a autoria e 
onde está a existência do fato. Dizer, por exemplo, que a existência do fato está 
comprovada pelas declarações da ofendida, a qual disse ter sido roubada 
mediante violência. 
II. Periculum libertatis: 
Periculum libertatis é o perigo da liberdade indivíduo. O periculum é o 
fundamento que indica a necessidade da prisão no caso concreto. Ter 
periculum é ter a urgência de prisão no caso concreto. 
Quando se fala em periculum libertatis significa dizer que “a decretação da 
prisão preventiva é necessária para um destes três fins” (há quem entenda que 
são 04 finalidades): 
 Garantia da ordem pública e garantia da ordem econômica, 
 Conveniência da instrução criminal; 
 Assegurar a aplicação da lei penal. 
No periculum libertatis, é necessário que o aluno reforce a fundamentação, até 
porque a redação do outro artigo é muito mais técnica. Portanto, no periculum 
libertatis (art. 312 do CPP), deverá ser combinado com os fundamentos do art. 
282, inciso I, do CPP, que é norma geral das cautelares. Esse dispositivo traz 
exatamente fundamentos correspondentes a essas três finalidades do art. 312. 
 
 
 
 
 
 
Aliás, o inciso I vai explicar e esclarecer o que é a ordem pública, instrução 
criminal e aplicação da lei penal. 
Em prisão cautelar não se deve usar fumus boni iuris ou periculum in mora. 
Todavia, esses termos serão utilizados para fins de cautelares de natureza 
probatória. Na interceptação, por exemplo, admite-se a utilização dos termos 
fumus boni iuris ou periculum in mora. 
 Garantia da ordem pública ou da ordem econômica: 
Quando é que se pode falar em necessidade para garantia da ordem pública? 
Segundo os Tribunais Superiores, não se pode decretar prisão preventiva para 
garantia da ordem pública com base exclusivamente em comoção social ou 
de clamor público (prender para saciar o anseio social por justiça). 
O fundamento correto para garantia da ordem pública é no sentido de EVITAR 
NOVAS INFRAÇÕES PENAIS. Portanto, garante-se a ordem pública para evitar 
novas infrações, cuja prática seja altamente provável e não apenas possível. 
Ex: Festa de rodeio que ocorre uma tentativa de homicídio e posteriormente 
nova tentativa de homicídio contra a mesma vítima em um lapso bem estreito. 
Além disso, o réu ainda disse que iria continuar tentando matar a vítima até 
conseguir. Nesse caso, a prisão é mais que necessária para evitar a prática de 
nova infração penal, tendo em vista a probabilidade de que haja nova 
tentativa de homicídio. 
Onde está o fundamento legal para representar pela preventiva para evitar 
novas infrações? 
Está no art. 282, inciso I, do CPP. Este dispositivo repete os três fundamentos, mas 
não fala em ordem pública, pois esta será trocada pela expressão “evitar novas 
infrações”. 
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas 
observando-se a: 
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução 
criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações 
penais; 
 
 
 
 
 
 
Portanto, a parte final do inciso I do art. 282 esclarece o fim de evitar novas 
infrações, corporificando o fundamento do art. 312, caput, qual seja, a garantia 
da ordem pública. 
Fundamentação: art. 312, caput + art. 282, I, ambos do CPP; 
 Conveniência da instrução criminal: 
Instrução significa produção de provas. O problema é que o termo instrução é 
normalmente usado para designar qual tipo de prova? A produção de prova 
durante o inquérito ou durante o processo? 
Instrução de prova, em regra, remete ao processo. É exatamente aqui que 
surge o problema. 
Para este fundamento ser utilizado na representação do delegado de polícia, 
deverá ser explicado na própria peça de que o legislador utilizou a expressão 
“INSTRUÇÃO” EM SENTIDO AMPLO, que seria a coleta de material probatório 
tanto na investigação quanto na ação penal. 
Da mesma maneira que o requisito anterior, a representação por prisão 
preventiva irá utilizar também o art. 282, inciso I, do CPP. 
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas 
observando-se a: 
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução 
criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações 
penais; 
Atenção: O art. 282, inciso I, do CPP esclarece que a medida cautelar pode ser 
utilizada para fins de investigação ou instrução criminal, motivo pelo qual deve 
ser inserido com o art. 312. 
Fundamentação: art. 312, caput + art. 282, I, ambos do CPP. 
Com isso, o examinando demonstra o conhecimento de que o art. 282 do CPP 
traz normas gerais de cautelares de natureza pessoal, que também irradiam 
efeitos sobre a prisão preventiva, demonstrando o conhecimento do sistema de 
cautelar pessoal no processo. 
 Necessidade para aplicação da lei penal: 
 
 
 
 
 
 
Este fundamento é normalmente utilizado para os casos de RISCOS DE FUGA, 
porém é necessária uma suspeita concreta. 
O mesmo fundamento é encontrado no art. 282, inciso I, do CPP. 
Fundamentação: art. 312, caput + art. 282, I, ambos do CPP. 
Para representar ao juiz por uma prisão preventiva será sempre necessário 
verificar os seguintes requisitos para sua decretação: 
 Fumus commissi delicti: indícios de autoria ou participação (autoria) + 
prova da existência da infração penal (materialidade); 
 Periculum libertatis: garantia da ordem pública ou econômica OU 
garantia da instrução criminal OU necessidade de aplicação da lei 
penal. 
Portanto, com os dois requisitos do fumus e mais qualquer um dos periculum, 
será admitida a prisão preventiva. 
Além das condições de admissibilidade, bem como dos requisitos do art. 312, É 
necessário que o delegado também demonstre que não é possível aplicar uma 
cautelar mais branda. 
Portanto, diante da insuficiência de outras medidas cautelares mais brandas, a 
prisão preventiva ser torna ABSOLUTAMENTE
NECESSÁRIA, pois ela é a última 
medida pela qual o delegado irá representar. 
C. Insuficiência a aplicação de medidas cautelares pessoais diversas da prisão 
(necessidade no caso concreto): 
Estão previstas nos arts. 319 e 320 do CPP. 
Mas por que é necessário demonstrar a insuficiência de medidas cautelares 
diversas da prisão? 
É necessário demonstrar, pois a prisão é a ultima ratio, razão pela qual onde 
cabe medida cautelar diversa da prisão, por óbvio, não cabe prisão. 
Essa insuficiência se baseia no que estabelece o art. 282, §6º, do CPP: “§ 6º A 
prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição 
por outra medida cautelar (art. 319)”. 
Por exemplo, João está ameaçando as testemunhas, o que, em regra, geraria 
o fundamento de garantia da conveniência da instrução criminal ou 
 
 
 
 
 
 
necessidade para a investigação criminal, pois o agente está atrapalhando a 
investigação por intimidar a testemunha. 
Todavia, uma intimidação qualquer não justifica a preventiva. A intimidação 
gera, em regra, uma cautelar pessoal, mas qual cautelar? 
Existem restrições de intensidades diferentes, isso vai depender da intensidade 
ou ameaça praticada. Se a ameaça for pequena, então a cautelar for 
pequena. Todavia, se a ameaça é grave, então será possível, em último caso, 
a aplicação da prisão preventiva. 
Uma intimidação nem sempre demonstra a necessidade de uma prisão 
preventiva, deverá ser analisado o caso concreto para aferir o grau da 
intimidação e a necessidade da decretação da preventiva. 
Ex 1: O sujeito está ameaçando uma testemunha, e quando esta sai para ir ao 
trabalho o sujeito está do outro lado da rua, de braços cruzados, fitando 
fixamente a testemunha, porém sem dizer nenhuma palavra. Nesse caso, não 
se justifica a imposição de prisão preventiva, aplicando-se o art. 319, III do CP. 
O juiz fixará a proibição de contato pela distância de 200 metros da 
testemunha. Se o mais brando resolve, não se justifica o mais intenso. 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela 
permanecer distante; 
Ex 2: O indiciado/investigado não fica somente olhando, e quando a vítima sai 
do portão para fora, ele a imobiliza, aponta uma arma e afirma que matará a 
vítima e toda sua família. Nesse caso, diante de uma ameaça grave, a cautelar 
diversa da prisão seria insuficiente. A prisão nesse caso é imprescindível. 
IV. PEDIDO: 
Ante o exposto, e demonstradas as condições de admissibilidade, requisitos 
cautelares e insuficiência de medidas alternativas, REPRESENTA pela 
decretação da prisão preventiva em desfavor do já qualificado FULADO DE TAL 
(com fundamento no art. 312, CPP, que norteia a preventiva), pelos crimes 
previstos no art... do Código Penal, expedindo-se o respectivo mandado para 
a sua execução (ou cumprimento). 
Local, data 
 
 
 
 
 
 
(Prestar muita atenção no preenchimento da data. É muito comum os 
candidatos colocarem sua comarca ou a capital do Estado quando não é 
necessário; é mais correto escrever apenas “Local e data”.) 
________________________________________________ 
Autoridade Policial ou Delegado de Polícia 
(Lembrar para não se identificar de qualquer forma, a identificação acarreta 
a anulação da peça prática processual). 
 
REPRESENTAÇÃO POR PREVENTIVA ORIGINÁRIA 
1) Endereçamento 
2) Preâmbulo (arts. 311 c/c 282, §2º, CPP c/c art. 13, IV, CPP - legitimação 
delegado) 
3) Fundamentação 
 a) Admissibilidade (artigo 313) 
 b) Requisitos cautelares (artigo 312/282) 
 c) Insuficiência das medidas cautelares pessoais diversas da 
prisão (319/ 320/282) 
4) Pedido 
 
 
 
 
 
 
 
 
REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO TEMPORÁRIA 
 
I. ENDEREÇAMENTO 
O endereçamento é o destino que sua representação deverá atingir. Para 
tanto, devem ser levadas em consideração as regras processuais penais de 
competência. 
Só direcione a sua representação se houver informações suficientes sobre a 
comarca e a vara indicada. Do contrário, utilize-se de um endereçamento 
genérico, nos moldes demonstrados abaixo: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL (em 
princípio) DA COMARCA DE... 
Logo depois, indicamos que o aluno insira os dados sobre o inquérito policial, 
capitulação legal do caso, autor do fato e vítima, conforme demonstrado 
abaixo, desde que não tenha indicações no próprio texto: 
IP nº... 
Incidência penal: arts... 
Autor... 
Vítima... 
 
II. PREÂMBULO 
No preâmbulo, coloque sempre a legitimação do Delegado de Polícia para 
representar, levando em consideração o art. 2º, caput, da Lei 7.960/89 c/c art. 
13, IV, CPP: 
A autoridade de polícia judiciária subscritora, no desempenho de suas 
atribuições de polícia judiciária, com fundamento nos arts. 144, §4º, da 
Constituição Federal, combinado com o art. 2º, caput, da Lei 7.960/891 
(legitimação – colocar a fonte legal para o delegado representar por uma 
prisão preventiva ou outras medidas cautelares, no caso aqui para preventiva) 
 
1 Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou 
de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso 
de extrema e comprovada necessidade. 
 
 
 
 
 
 
vem, perante Vossa Excelência, representar pela DECRETAÇÃO DA PRISÃO 
TEMPORÁRIA de FULANO DE TAL, pelos fatos e fundamentos a seguir enunciados: 
 
III. FUNDAMENTAÇÃO 
Deveremos estruturar a temporária de acordo com sua estrutura técnica que 
são: 
 Presença de uma das condições de admissibilidade ou cabimento da 
prisão temporária (art. 1º, III, Lei 7.960/89); 
 Requisitos da cautelar (arts. 1º, incisos I a III, da Lei 7.960/89): 
o Fumus comissi delicti; 
o Periculum libertatis; 
A. Presença de uma das condições de admissibilidade ou cabimento da prisão 
temporária (art. 1º, III, Lei 7.960/89) 
 Inciso III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova 
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos 
seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); b) sequestro 
ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. 157, caput, 
e seus §§ 1°, 2° e 3°); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); e) extorsão 
mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); f) estupro (art. 213, 
caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); g) 
atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, 
caput, e parágrafo único); h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o 
art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (art. 267, 
§ 1°); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou 
medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) 
quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1°, 2° 
e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de suas formas 
típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); 
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986); p) 
crimes previstos na Lei de Terrorismo. 
Verificar se o crime admite ou não prisão temporária. Este rol é um rol taxativo, 
devendo ser demonstrado que o crime está contido no art. 1º, inciso III, da Lei 
7.960/89 ou da Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos). 
 
 
 
 
 
 
Quais são os crimes que não estão no rol e nunca poderão ensejar a prisão 
temporária, mas somente uma prisão preventiva? 
São eles: furto (qualquer modalidade), apropriação indébita, estelionato e 
receptação. Todavia, seria possível a prisão preventiva no crime de furto, desde 
que se dê
na sua modalidade qualificada ou com a causa de aumento de 
pena; o estelionato cabe preventiva, pois sua punição é de 1 a 5 anos, mas não 
caberia temporária. 
Para pedir uma prisão temporária para o crime de furto, a saída é tentar 
cumular o furto com o crime de associação criminosa (art. 288), pois este consta 
do rol (art. 1º, inciso III, “l”, Lei 7.960/89). Neste caso, o único fundamento para o 
cabimento da admissibilidade da prisão temporária seria o art. 288 do Código 
Penal, artigo este que consta do art. 1º, III, “l”. 
A lei dos crimes hediondos também passou a admitir prisão temporária para 
aqueles crimes lá constantes, motivo pelo qual se deve conjugar o art. 1º, inciso 
III, da Lei 7.960/89 com o art. 2º, §4º, da Lei 8.072/90 e para os assemelhados a 
hediondo (Tortura, Tráfico e Terrorismo). 
Portanto, há crimes que não constam da Lei de Prisão Temporária, mas somente 
no rol da Lei dos Crimes Hediondos, tais como a alteração de remédios, mas 
que admite temporária. 
O rol de crimes que admite a prisão temporária é taxativo, ou seja, exige 
expressa previsão legal, que decorre da conjugação do art. 1, III da lei 7.960/89 
e do art. 2, parágrafo 4, da lei 8.072/90. 
Obs.: não se trata de rol exaustivo, pois é possível encontrar crimes que admitem 
a temporária fora deste rol. 
B. Requisitos da cautelar (arts. 1º, incisos I a III, da Lei 7.960/89); 
 Art. 1º, incisos I a III, da Lei 7.960/89: 
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; 
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos 
necessários ao esclarecimento de sua identidade; 
Inciso III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova 
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos 
seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); b) sequestro 
 
 
 
 
 
 
ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. 157, caput, 
e seus §§ 1°, 2° e 3°); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); e) extorsão 
mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); f) estupro (art. 213, 
caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); g) 
atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, 
caput, e parágrafo único); h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o 
art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (art. 267, 
§ 1°); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou 
medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) 
quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1°, 2° 
e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas 
típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); 
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986). 
Não se trata de requisitos alternativos, tampouco cumulativos, mas deve haver 
uma combinação entre os incisos. 
 “Fumus commissi delicti” (art. 1º, inciso III): É pacífico que o fumus 
commissi delicti se encontra no inciso III do art. 1º. Esse requisito são 
indícios de autoria (razões fundadas) de autoria ou participação nos 
crimes que admitem prisão temporária (rol da prisão temporária + rol dos 
crimes hediondos + crimes equiparados a hediondo). 
 “Periculum libertatis” (art. 1º, incisos I ou II): o periculum significa a 
necessidade ou a imprescindibilidade da prisão temporária para as 
investigações. O periculum decorre do inciso I ou do inciso II do art. 1º da 
Lei 7.960/89. 
Inciso I: A imprescindibilidade para as investigações lembra muito a 
conveniência para a investigação criminal (disposta no art. 312). O inciso I é o 
mais utilizado na prática. Neste caso, a prisão temporária visa coletar provas e 
obter elementos de informação para a investigação. 
Por exemplo, no caso de um crime de roubo há a necessidade de se fazer um 
reconhecimento pessoal, porém o sujeito está em princípio foragido e não há 
fotografia dele em banco de dados policial. Para se obter a autoria é necessário 
fazer o reconhecimento das vítimas ou das testemunhas desse roubo. 
Diante desse caso, é possível representar pela prisão temporária, pois esta seria 
imprescindível para as investigações policiais, na medida em que a presença 
dele é indispensável para se fazer o reconhecimento pessoal ou por foto. 
 
 
 
 
 
 
Inciso II: Existem dois fundamentos diversos: 
a) Caberá a prisão temporária quando o investigado não tiver residência fixa: 
visa prevenir a fuga. 
b) Caberá a prisão temporária quando houver dúvida em relação à identidade: 
serve para não ter dúvidas sobre a identidade para uma futura ação penal. 
Portanto, o periculum libertatis se dá por: 
 imprescindibilidade das investigações; 
 investigado não tiver residência fixa; 
 houver dúvidas quanto à identidade do investigado. 
Conclusão: deve sempre ter o inciso III + o inciso I ou inciso II. 
Prazo: 
 05 dias: Quanto ao prazo, o prazo em regra é cinco dias prorrogáveis por 
mais cinco dias nos casos de crimes comuns. 
 30 dias: O prazo será excepcionalmente 30 dias, prorrogáveis por mais 30 
dias, nos crimes hediondos e equiparados (art. 2º, §4º, Lei 8.072/90). 
Obs.: Não se pede a renovação da prisão temporária na primeira 
representação pela prisão temporária. 
 
IV. CONCLUSÃO 
Ante o exposto, e diante da presença das condições de admissibilidade e dos 
requisitos cautelares, REPRESENTA PELA DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA de 
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos ou qualificação completa, depois de 
ouvido o Ministério Público por força do art. 2, §1 da Lei 7.960/89 e inaudita altera 
parte (sem ouvir a outra parte) em face da urgência e risco de ineficácia da 
medida, nos termos do art. 282, §3 do CPP, pelo prazo de 5 (rol da prisão 
temporária) ou 30 dias (caso dos crimes hediondos), expedindo o respectivo 
mandado para sua execução ou cumprimento. 
Esclarecimentos: 
 Oitiva do MP: o art. 2º, §1º, da Lei 7.960/89 (§ 1° Na hipótese de 
representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o 
Ministério Público). 
 
 
 
 
 
 
 inaudita altera parte: Em cautelares pessoais, o CPP manda o juiz intimar 
a outra parte. Todavia, na hipótese de urgência e de risco da ineficácia 
da medida justificam que o juiz não ouça o investigado primeiro, motivo 
pelo qual deverá ser requerido que o juiz não ouça o investigado, ou seja, 
“inaudita altera parte”, conforme art. 282, §3º, CPP. 
 Prazo: a prisão temporária deverá ser requerida pelo prazo de 05 dias 
(crimes não hediondos ou equiparados) ou 30 dias (crimes hediondos ou 
equiparados). 
 
 
 
 
 
 
 
 
REPRESENTAÇÃO PELA INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES 
TELEFÔNICAS 
 
Lembre-se de que o que é interceptado não é a telefonia, e sim as 
comunicações telefônicas. 
Ao contrário da prisões, que são medidas cautelares de natureza pessoal, a 
representação por interceptação é classificada como medida cautelar 
probatória ou instrutória, uma vez que objetiva a obtenção de prova, visando 
instruir o processo ou a investigação criminal. 
Assim como outras medidas gravosas, a interceptação deve ser utilizada como 
a última medida, em razão da sua evidente restrição ao direito individual de 
sigilo das comunicações telefônicas. É com base na urgência é que torna essa 
medida como sendo uma cautelar de natureza probatória. 
 
I. ENDEREÇAMENTO 
Da mesma forma que as demais representações, a representação por 
interceptação das comunicações telefônicas possui a mesma regra de dirigir 
ao juízo criminal, quando não for o caso de vara única. 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL (em 
princípio) DA COMARCA DE... 
 
II. PREÂMBULO 
No preâmbulo, é importante colocar a legitimação do Delegado de Polícia 
para representar pela medida probatória de interceptação,
prevista no art. 3º, 
inciso I, da Lei 9.296/96. 
 
A autoridade de polícia judiciária subscritora, no desempenho de suas 
atribuições de polícia judiciária, com fundamento nos art. 3º, inciso I, da Lei 
9.296/96 (legitimação – colocar a fonte legal para o delegado representar pela 
interceptação telefônica) vem, perante Vossa Excelência, representar pela 
 
 
 
 
 
 
DECRETAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA de FULANO DE TAL, pelos fatos e 
fundamentos a seguir enunciados: 
 
III. FUNDAMENTAÇÃO 
 
A estrutura técnica dessa representação obedece às regras básicas de todas 
as representações: 
A) Hipóteses de cabimento da interceptação telefônica (art. 2º, III, da Lei 
9.296/96); 
B) Requisitos da cautelar (arts. 2º, I, e parágrafo único [fumus boni iuris] + art. 2º, 
II, e art. 4º, caput, todos da Lei 9.296/96 [periculum in mora]); 
 I. Fumus boni iuris; 
 II. Periculum in mora. 
 
A. Hipóteses de cabimento da interceptação telefônica (art. 2º, III, da Lei 
9.296/96); 
O art. 2º, III da lei 9.296/96, afirma quando não cabe interceptação telefônica. 
Sendo assim, não cabe interceptação telefônica quando o crime for punido 
até a pena de detenção, ou seja, em tese somente permite a interceptação 
em crimes punidos com a pena de reclusão, pouco importando a pena em 
abstrato, mas a sua modalidade. 
Neste caso, o candidato deve dizer na peça, por exemplo, que o crime X é um 
punido com reclusão e, portanto, em tese, seria admitida a interceptação 
telefônica. 
Como neste caso estamos diante de uma cautelar de natureza probatória, não 
mais estamos falando em cautelar pessoal, motivo pelo qual podemos nos 
referir a “fumus boni iuris e periculum in mora”. 
 
B. Requisitos da cautelar (arts. 2º, I, e parágrafo único [fumus boni iuris] + art. 2º, 
II, e art. 4º, caput, todos da Lei 9.296/96 [periculum in mora]); 
 
 
 
 
 
 
I. Fumus boni iuris 
O art. 2º traz o fumus boni iuris em seu inciso I do art. 2º c/c art. 2º, parágrafo 
único, ambos da Lei 9.296/96. 
Esse dispositivo exige que haja indícios de autoria e participação em crime 
punido com reclusão que admite a interceptação de comunicação telefônica, 
possibilitando essa cautelar probatória. 
O parágrafo único estabelece ser preciso indicar o nome e a qualificação de 
quem são os investigados, salvo impossibilidade. Pode ser utilizada a expressão 
do civil, já que não mais está em jogo a liberdade de locomoção. 
Portanto, quando falar na autoria, deve-se também indicar quem é o indivíduo, 
qualificando-o. 
 
II. Periculum in mora 
O periculum in mora decorre do art. 2º, inciso II, c/c art. 4º, caput, ambos da Lei 
9.296/96. 
Esse dispositivo diz que não caberá a interceptação se for possível obter a prova 
de outro meio. Portanto, significa que a interceptação será cabível quando não 
houver outros meios de obtenção de prova. 
Como ela é a última prova, e não a primeira, é necessário o delegado 
demonstrar que houve a tentativa de obtenção de provas por outros meios não 
invasivos. E ao não conseguir por outros meios, ela se tornou urgente e 
absolutamente necessária. 
Dessa forma, deve-se demonstrar que a prova do fato investigado não pode 
ser obtida por outro meio menos invasivo. 
O art. 4º fala que é necessária a realização (urgência) da interceptação, isto é 
o periculum in mora. Trata-se da necessidade de realizar a prova. 
Importante: a representação deve indicar o prazo para interceptação, sempre 
pedido no teto, que será o prazo de 15 dias que pode ser renovado 
sucessivamente pelo mesmo prazo, caso necessário, cada uma limitada a mais 
15 dias, segundo entendimento dos Tribunais Superiores. 
 
 
 
 
 
 
 
IV. CONCLUSÃO 
Ante o exposto, e diante da presença das condições de admissibilidade e dos 
requisitos cautelares, REPRESENTA PELA DECRETAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO DAS 
COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS (especificar o terminal ou linha telefônica de 
acesso) do terminal número/linha de acesso______________, pelo prazo de 15 
dias, e expedindo-se ofício à operadora de telefonia tal para cumprimento ou 
execução desta medida, dando ainda ciência ao representante do Ministério 
Público (art. 6º, “caput” da lei 9.296/96). 
Local, data. 
Delegado de Polícia. 
De acordo com o art. 6º, não é condição procedimental a oitiva do MP antes 
que seja decretada a interceptação telefônica, isto é, a oitiva é posterior ao 
deferimento. Caberá ao Delegado dar ciência ao MP. Na prática, o juiz ouve 
primeiro o MP antes de expedir o ofício para a operadora de telefonia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REPRESENTAÇÃO PELA APREENSÃO DE ADOLESCENTE 
 
I. ENDEREÇAMENTO 
O endereçamento é o destino que sua representação deverá atingir. Para 
tanto, devem ser levadas em consideração as regras processuais penais de 
competência. 
Via de regra, em caso de representação para apreensão de adolescente 
infrator, a peça deve ser direcionada ao juiz da Vara da Infância e Juventude: 
 
 
EXMO. SENHOR DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA 
COMARCA DE XXX - RR 
 
 
A seguir, fazer a identificação do número do procedimento, nome dos 
envolvidos e objeto da peça, sempre cuidando para não identificar a peça. 
 
 
II. PREÂMBULO 
Não difere das demais peças quanto à forma, mas se faz importante incluir 
dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente atinentes ao tema, 
conforme abaixo. 
 
A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por intermédio deste 
Delegado de Polícia que ora subscreve, no uso de suas atribuições legais 
previstas no art. 144, §4°, da Constituição Federal de 1988, art. 6, III, do Código 
de Processo Penal, vem à presença de V. Exa., com fundamento no art. 106 e 
art. 122, inciso I, ambos do Estatuto de Criança e do Adolescente, REPRESENTAR 
PELA INTERNAÇÃO CAUTELAR do adolescente JEAN MAIER DE SOUZA, RG n.º 
6.168.923, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos: 
 
 
 
 
 
 
 
III. DOS FATOS 
Aqui é trazida uma síntese dos fatos, bem como elementos informativos até 
então colhidos. 
Ressalta-se, mais uma vez, para ser breve nesta síntese. 
 
DOS FATOS E ELEMENTOS INFORMATIVOS 
Consoante se depreende dos elementos colhidos na presente ocorrência 
policial, a vítima XXXX, de 19 anos de idade, estava voltando do trabalho no 
dia, horário e local citados na ocorrência, quando, a 100 metros, 
aproximadamente, de sua residência, percebeu um indivíduo a perseguindo. 
Ato seguinte, este indivíduo avançou e tentou arrancar o aparelho celular – 
Samsung J7 Prime - da mão da vítima, que tentou segurar o seu bem; então, o 
autor desferiu um golpe na boca da vítima, que ocasionou um corte nos lábios, 
assim como derrubou ela no chão. 
Com a vítima caída no chão, o autor tentou puxá-la para dentro de um 
matagal, que fica ao lado da estrada de chão em que a vítima vinha 
caminhando; neste momento, a vítima resistiu e começou a gritar, de forma 
desesperada, o que fez com que o autor a soltasse por um momento, 
possibilitando que ela levantasse. 
No entanto, logo após, o autor voltou a tentar arrancar o aparelho celular da 
vítima, que resistiu, manteve luta corporal com o autor por um período e 
continuou a gritar, o que fez com que o indivíduo desistisse de consumar o delito 
e empreendesse fuga para dentro do matagal. A vítima salientou que a todo o 
momento o autor exigia a entrega do celular, mediante ameaças e agressões. 
Aduziu, ainda, que pagou no seu aparelho celular o valor de R$ 1.300,00. 
Com efeito, a perícia médica constatou escoriações e equimose no joelho 
direito da ofendida, mesmo tendo a vítima comparecido para realizar a perícia 
somente 5 dias após o fato. 
 
 
 
 
 
 
Neste sentido, a ofendida relatou que demorou a ir fazer a perícia em razão de 
que o IGP estava fechado, sendo esse o motivo de o perito não ter constatado 
lesão no seu lábio posteriormente, apesar de ter constatado outras lesões 
decorrentes do fato. 
Na ocasião do registro da ocorrência,
a vítima suspeitou que o indivíduo se 
chamava XXXX. Então, foram apresentadas fotos de possíveis autores à 
ofendida, a qual reconheceu XXXX como sendo, indubitavelmente, o autor do 
fato análogo à tentativa de roubo. 
Salienta-se, inicialmente, a extrema violência utilizada para tentar perpetrar o 
delito, causando na vítima inúmeras lesões de ordem física e psicológica, 
porquanto, mesmo tendo realizado a perícia somente 5 dias após a ocorrência 
dos fatos, ainda assim foram constatadas as lesões. 
Ademais, o fato de o indivíduo ter tentado arrastar a vítima para o matagal 
causa perplexidade, haja vista que, caso a vítima não tivesse reagido e gritado, 
poderia ter ocorrido uma progressão criminosa para outros delitos ainda mais 
graves, ou seja, poder-se-ia ter um desfecho trágico. 
Por outro lado, ressalta-se que o delito foi praticado às 15h, vale dizer, à luz do 
dia, denotando que o adolescente não tem qualquer limite quanto a sua 
atuação infracional. 
 
VI. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
Este é o tópico que mais costuma pontuar nos espelhos de correção. 
O ideal é sempre iniciar a fundamentação jurídica pela CRFB, para após tratar 
da legislação, das súmulas e da jurisprudência. 
No caso presente, faz-se indispensável fundamentar a apreensão do menor nos 
incisos do art. 122 do ECA, bem como no seu art. 106, conforme abaixo: 
 
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
 
 
 
 
 
 
Inicialmente, dispõe a Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXI, que 
“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. 
Na mesma linha, preceitua o Estatuto da Criança e do Adolescente que o 
adolescente autor de ato infracional só pode ter a sua liberdade restringida em 
duas hipóteses: apreensão em flagrante ou por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária competente, nos termos do art. 106 do ECA. 
Ademais, segundo o art. 122 do ECA, a medida de internação só poderá ser 
aplicada quando: 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a 
pessoa; 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente 
imposta. 
Neste contexto, verifica-se “in casu” a incidência do inciso I, diante da violência 
perpetrada no roubo tentado ora noticiado. 
Salienta-se que o STF e o STJ têm entendimento no sentido que incide o inciso I, 
do art. 122, do ECA mesmo que o adolescente não tenha antecedentes de atos 
infracionais, o que, aliás, não ocorre no caso presente. 
Assim, verifica-se a presença do fumus comissi actus infracional, vale dizer, há 
indícios suficientes de autoria, porquanto a vítima reconheceu o adolescente 
infrator, bem como prova da materialidade, diante dos relatos detalhados da 
vítima e do exame de corpo de delito. 
Outrossim, a medida é imposta ainda que o delito seja tentado, sobretudo no 
caso presente, em que houve violência demasiada contra a jovem vítima, que 
voltava de um dia normal de trabalho. 
Desta sorte, verifica-se imperiosa a necessidade de imposição da medida 
cautelar ora pleiteada, em razão da extrema gravidade do delito, praticado à 
luz do dia, mediante violência e grave ameaça, e que poderia ter evoluído – 
 
 
 
 
 
 
caso não tivesse a vítima reagido incansavelmente e gritado – para um ato 
infracional de maior gravidade ainda. 
 
V. DA REPRESENTAÇÃO 
Aqui se faz efetivamente a representação. 
Ressalta-se que não se fala em prática de crime pelo menor, mas sim, em ato 
infracional análogo ao crime de roubo. 
Igualmente, deve se usar o termo “adolescente infrator”. 
Por fim, não é pedida a prisão, mas sim, a “internação cautelar” do 
adolescente. 
Registre-se, por derradeiro, que crianças (menores de 12 anos de idade), não se 
submetem à medidas socioeducativas, mas apenas à medidas de proteção, 
ficando tais situações a cargo do Conselho Tutelar. 
 
DA REPRESENTAÇÃO 
Assim, diante dos elementos acima expostos, REPRESENTO, com fulcro no art. 106 
e no art. 122, inciso I, ambos do Estatuto de Criança e do Adolescente, pela 
INTERNAÇÃO CAUTELAR de XXXX, pela prática de ato infracional cometido com 
violência e grave ameaça à vítima. 
Local, data. 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
Atenção para não identificar a peça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO 
 
I. ENDEREÇAMENTO 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE XXXX 
 
II. DADOS DO PROCEDIMENTO 
Inquérito Policial: 0000 
Natureza: art. XXX 
Investigados/representados: XXX, YYY e WWW 
 
III. PREÂMBULO 
A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA, neste ato representada por 
seu Delegado de Polícia signatário, REPRESENTA pela QUEBRA DE SIGILO 
BANCÁRIO em desfavor de XXX, YYY e WWW, todos qualificados no 
procedimento anexo, pelos fatos e motivos a seguir expostos. 
 
IV. FATOS 
Local destinado a descrição fática. Cumpre mencionar que este ponto não 
deve ser trabalhado de forma exaustiva, porquanto não costuma pontuar em 
provas; portanto, faça uma breve síntese. 
 
1. DOS FATOS 
Conforme dispõe o procedimento inquisitorial em tela, verifica-se que existem 
fortes elementos que evidenciam a prática de apropriação indevida de valores 
que perteciam à falecida idosa AAA. 
Registre-se que a filha da falecida afirmou que sua mãe, em razão de sua 
hipervulnerabilidade (idosa maior de 80 anos), foi influenciada pelo corretor de 
imóveis XXX, a vender a sua casa. Neste particular, aduziu que parte do valor 
da venda da casa de sua mãe, cerca de R$ 113.000,00 (cento e treze mil reais), 
 
 
 
 
 
 
foi utilizado em uma aplicação financeira VGBL, no Banco Bradesco, Agência 
n. 0000, tendo como beneficiário desta aplicação, em caso de falecimento de 
sua mãe, o próprio corretor de imóveis em tela. 
Neste prisma, urge destacar que o corretor de imóveis XXX não possui nenhum 
grau de parentesco com a falecida, fato este que causou não apenas 
estranheza, mas, sobretudo, grande perplexidade por parte de sua filha. 
De mais a mais, convém incluir nestas anotações que a filha da idosa teve, 
ainda, conhecimento que o senhor XXX vinha se identificando como pessoa de 
confiança de sua mãe e com isso, mesmo não sendo da família, vinha 
influenciando a mãe dela a fazer transações financeiras em benefício dele. 
Valendo dos exemplos acima e ao analisar o caso com mais proximidade, 
denota-se ainda, que XXX contratou 02 (duas) pessoas para cuidar da mãe da 
comunicante, de nomes: YYY e WWW. 
Em razão das cuidadoras possuírem a senha do cartão da idosa, existem 
suspeitas de que, tanto YYY, quanto WWW, em conluio com XXX, dilapidaram o 
patrimônio da falecida idosa. 
Diante disso, faz-se mister o afastamento do sigilo bancário dos envolvidos, no 
desígnio de apurar mais elementos concernentes ao fato noticiado. 
 
V. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 
Fundamentar com os dispositivos legais pertinentes, iniciando com as 
disposições Constitucionais para, a seguir, tratar da legislação que regulamenta 
a matéria; por fim, súmulas e jurisprudência, se for o caso. 
2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
Nos dados bancários de uma pessoa física e jurídica constam, dentre 
diversas informações, as movimentações financeiras de depósitos, saques, 
transferências, pagamentos etc. 
Assim, uma forma muito eficaz de se conhecer a vida, a capacidade e 
os relacionamentos financeiros de uma pessoa física ou jurídica é, sem dúvida, 
através da sua movimentação bancária. 
Tais informações, além de já possuírem um valor individual importante à 
apuração, quando confrontadas entre si e com outros elementos investigatórios 
 
 
 
 
 
 
permitem verificar, por exemplo, se a movimentação financeira do investigado 
é compatível com os seus ganhos declarados e com a sua profissão. 
Contudo, as movimentações bancárias
se encontram protegidas pelo 
sigilo de dados, conforme previsão inscrita no artigo 5º, inciso XII, da Constituição 
da República. Entretanto, tal direito não é absoluto, havendo a possibilidade do 
seu afastamento, conforme previsto na Lei Complementar Federal nº 105, de 10 
de janeiro de 2001, que delimita a forma e as hipóteses de quebra do sigilo 
bancário, in verbis: 
 Art. 1º (...) 
§ 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para 
apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase do inquérito ou 
do processo judicial, e especialmente nos seguintes crimes: 
I – de terrorismo; 
II – de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; 
III – de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado 
a sua produção; 
IV – de extorsão mediante sequestro; 
V – contra o sistema financeiro nacional; 
VI – contra a Administração Pública; 
VII – contra a ordem tributária e a previdência social; 
VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores; 
IX – praticado por organização criminosa. 
 
Destarte, com base nos fatos anteriormente narrados, o acesso aos 
dados bancários dos investigados se torna uma medida imprescindível à 
necessidade de se reunir todos os elementos de investigação que permitam a 
realização de outras diligências investigatórias. 
 
VI. REPRESENTAÇÃO 
Como nas demais peças, este parágrafo final é usado para representar 
efetivamente pela medida, vale dizer, pela quebra de sigilo bancário dos 
investigados, devendo constar nome, CPF e período. 
 
 
 
 
 
 
Pelo exposto, representa-se, com fulcro na Lei Complementar 
105/2001, pela quebra do sigilo bancário de todas as contas de depósitos, 
contas de poupança, contas de investimento e outros bens, direitos e valores 
mantidos em Instituições Financeiras, das pessoas físicas e jurídicas abaixo 
relacionadas, nos períodos também indicados no quadro a seguir, fixando-se o 
prazo de 30 dias para resposta, a contar do recebimento da comunicação do 
Banco Central: 
 
INVESTIGADOS, CPF e PERÍODO: 
XXX - 000.000.000-00, de 30.04.2018 a 26.10.2018 
YYY - 000.000.000-00, de 30.04.2018 a 26.10.2018 
WWW - 000.000.000-00, de 30.04.2018 a 26.10.2018 
Local, data. 
Delegado de Polícia 
 
REPRESENTAÇÃO PELA EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE BUSCA E 
APREENSÃO 
 
I. ENDEREÇAMENTO 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE XXXX 
 
II. DADOS DO PROCEDIMENTO 
Inquérito Policial: 0000 
Natureza: art. XXX 
Investigado: XXX 
 
 
 
 
 
 
 
III. PREÂMBULO 
Pouco difere das demais peças. Sempre é bom constar as disposições 
Constitucionais atinentes à carreira, bem como os dispositivos do Código de 
Processo Penal, para a seguir mencionar o artigo específico da representação 
respectiva; neste caso, o art. 240 do CPP, o qual é atinente à busca e 
apreensão. 
 
A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE RORAIMA, por intermédio deste 
Delegado de Polícia que ora subscreve, no uso de suas atribuições legais 
previstas no art. 144, §4°, da Constituição Federal de 1988, art. 6, III, do Código 
de Processo Penal e, a fim de instruir peças decorrentes do inquérito policial 
acima referido, vem à presença de V. Exa., com fundamento no art. 240 do CPP, 
REPRESENTAR PELA BUSCA E APREENSÃO nas possíveis residências do autor XXX, 
situadas nos endereços XXX e YYY, pelos seguintes fatos e fundamentos: 
 
IV. FATOS 
Local destinado a descrição fática. Cumpre mencionar que este ponto não 
deve ser trabalhado de forma exaustiva, porquanto não costuma pontuar em 
provas; portanto, faça uma breve síntese apenas. 
 
DOS FATOS 
Compulsando o presente inquérito policial, verifica-se que o autor teve 
uma relação amorosa com a vítima por 5 anos. 
Ocorre que, após a ruptura do relacionamento, o autor passou a 
perturbar a ofendida, vale dizer, ela é empresária e o investigado, além de 
ameaçá-la e injuriá-la, entrou em contato com clientes dela no desígnio de 
ofender a sua honra objetiva e subjetiva. 
 
 
 
 
 
 
A seguir, restaram criados perfis falsos no “facebook”, os quais eram 
usados para difamar e denegrir a imagem da vítima; sendo que, inicialmente, 
a vítima apenas desconfiava que se tratava do seu ex-companheiro. 
Registre-se que a vítima compareceu novamente a esta Delegacia 
especializada, ocasião em que aduziu ter sido ameaçada, pois o autor referiu 
que iria colocar fogo no escritório dela com a vítima dentro. 
Com efeito, a vítima apresentou representação e requerimento, no 
desígnio de continuarem as investigações. 
Outrossim, restaram acostadas mensagens enviadas pelo autor, dentre 
as quais verificou-se novas ameaças e injúrias. 
A seguir, restou inquirido WWW, o qual é funcionário da imobiliária da 
vítima. Ele relatou que o investigado XXX havia contado a ele que “jogou merda 
no ventilador”, pois postou ‘tudo’ no “facebook”, vale dizer, que a ofendida era 
uma “puta” e que era amante dos corretores. 
Ato seguinte, restaram deferidas medidas protetivas de urgência pelo 
Poder Judiciário. 
Sobreveio, então, petição do procurador da ofendida, o qual trouxe a 
“notitia criminis” de que o autor teria criado um perfil falso no “facebook” de 
nome “COBRADOR”, ocasião em que se fez passar pela vítima para entrar em 
contato com clientes da imobiliária. 
Ocorre que, de acordo com a conversa acostada, o número informado 
pelo autor [(099)99999999] confere com a fatura de telefone em nome de XXX, 
o que torna clara a autoria do delito do art. 307 do CP. 
Diante disso, compareceu a ofendida novamente a esta delegacia, 
acompanhada de seu advogado, relatando que o autor continua a persegui-
la através de perfil falso no “facebook”, prejudicando a sua imagem e a 
imagem de sua empresa imobiliária. 
Foi peticionado pelo advogado, no sentido de se pleitear a quebra do 
sigilo do IP do computador do perfil do qual partiu as mensagens do autor. 
 
 
 
 
 
 
Nada obstante, o “facebook” não atendeu as ordens da justiça, motivo 
pelo qual se optou pela busca e apreensão dos computadores e aparelhos 
celulares do autor, no desígnio de corroborar a sua autoria. 
 
V. TÓPICOS EXTRAS 
A estrutura das peças, conquanto tenha formalidade mínima que deve ser 
observada, permite que o candidato crie tópicos “extras” para explicar melhor 
algum ponto, de modo a deixar mais organizada a resposta. 
Essa possibilidade pode ser adotada em qualquer peça, conforme exemplo 
abaixo, no qual se abre um tópico para tratar especificamente do tema 
“cyberstalking”. 
 
DA PRÁTICA DELITIVA POR MEIO DA INTERNET (“CYBERSTALKING”) 
“Cyberstalking”, do termo original da língua inglesa, ou 
“ciberperseguição”, é uma forma relativamente nova de crime eletrônico que 
afeta diretamente suas vítimas com razoável gravidade através de uma 
violência invisível. 
O termo “stalking” é uma palavra de origem inglesa derivada da tradução do 
verbo “to stalk”, o qual é traduzido como ficar à espreita, vigiar, espiar. 
O ordenamento penal brasileiro, tipifica a “perseguição” de forma 
genérica como contravenção de perturbação da tranquilidade, conforme 
descrito no artigo 65 da Lei de Contravenções Penais: “Molestar alguém ou 
perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável. Pena prisão 
simples, de quinze dias a dois meses, ou multa”. 
Desta forma, a perseguição está tipificada como uma infração penal de 
menor potencial ofensivo, mas com a possibilidade de aplicação das medidas 
protetivas previstas na Lei Maria da Penha caso a perseguição esteja 
relacionada ao gênero feminino, prevalecendo as relações domésticas, o que 
ocorre “in casu”. 
 
 
 
 
 
 
 Importante destacarmos que na maioria dos casos de “cyberstalking”, 
o autor se aproveita do anonimato para ofender a vítima, divulgar informações 
falsas sobre ela ou praticar outros atos ilegais, o que permitirá que ele seja 
responsabilizado na esfera criminal, por crime contra a honra, bem como nas 
sanções
previstas no Código Penal, artigo 307: 
“Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter 
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui 
elemento de crime mais grave”. 
Assim, mesmo com as medidas protetivas de urgência deferidas, dentre 
as quais, a de afastamento da vítima e não manter contato com ela, o autor, 
no desígnio de ludibriar a justiça, usa de anonimato para continuar a difamar e 
denegrir a imagem e a honra da ofendida, através de perseguição por 
intermédio da rede mundial de computadores. 
VI. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 
Fundamentar com os dispositivos legais pertinentes, iniciando com as 
disposições Constitucionais para, a seguir, tratar da legislação que regulamenta 
a matéria; por fim, súmulas e jurisprudência, se for o caso. 
 
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
Diante do exposto, cumpre indicar a existência de indícios razoáveis da 
prática das diversas infrações penais já citadas, vale dizer, injúria, difamação, 
ameaça, perturbação da tranquilidade, falsa identidade, por diversas vezes, 
merecendo a apuração mais detalhada a fim de angariar provas quanto à 
materialidade delitiva e, com isso, desencadear a devida instrução do presente 
procedimento policial. 
 
 
 
 
 
 
Salienta-se que, ante a reiterada prática delitiva e, sobretudo por tentar 
ludibriar a justiça - que já havia deferido medidas protetivas de urgência - na 
residência do investigado podem haver computadores e aparelhos celulares, 
os quais, além de servir como prova, poderão prevenir a prática de outros 
delitos análogos aos ora narrados. 
Com efeito, a Constituição Federal em seu artigo 5º, XI, indica que: “a 
casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou 
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. 
Deriva de uma perspectiva de direito fundamental à intimidade (familiar 
e individual), que exige respeito a uma esfera mínima de desenvolvimento da 
personalidade humana, portanto, uma manifestação última da dignidade da 
pessoa humana. 
JOSÉ AFONSO DA SILVA assevera que a casa como asilo inviolável do 
indivíduo comporta o direito à vida doméstica livre de intromissão estranha, o 
que caracteriza a liberdade das relações familiares (a liberdade de viver junto 
sob o mesmo teto), as relações entre pais e filhos menores, as relações entre os 
dois sexos (intimidade sexual)2. 
Ainda, a Constituição da República faz menção do período diurno 
porque visa assegurar o preceito da inviolabilidade domiciliar dando maior 
“proteção à finalidade última do princípio constitucional que é a proteção do 
asilo inviolável, assegurando que o indivíduo tenha um local seguro de repouso 
durante a noite (…) a noite é o momento mais propício para arbitrariedades, 
pois provavelmente não haverá a fiscalização da sociedade sobre o ato”3. 
 
2 Curso de Direito Constitucioal Positivo, 20ª Ed, São Paulo, Malheiros, 2002, p. 206. 
3 ÁVILA, Thiago André Pierobom de. Pode a diligência de busca domiciliar estender -se durante a noite? Jus Navegandi. Teresina, 
ano 14 n 2280, 28/9/2009. 
 
 
 
 
 
 
Todavia, o “Supremo Tribunal Federal já decidiu que mesmo sendo a 
casa o asilo inviolável do indivíduo, não pode ser transformado em garantia de 
impunidade de crimes que, em seu interior se praticam”4. 
Isso porque, uma das características dos direitos e garantias 
fundamentais é a relatividade e limitação. 
Dessarte, “neste sentido, nenhum direito fundamental pode ser usado 
como garantia de impunidade para a prática de atividades ilícitas, razão pela 
qual os direitos fundamentais não são tidos como absolutos ou ilimitados”5. 
Assim, o artigo 6, inciso II, do Código de Processo Penal prevê como dever 
da autoridade policial “apreender os instrumentos e todos os objetos que 
tiverem relação com o fato”, bem como (inciso III) colher todas as provas 
necessárias para elucidação do fato e sua autoria, além de prender criminosos 
procurados pela Justiça. 
O artigo 240, §1° do mesmo diploma legislativo, dispõe que serão 
realizadas quando “fundadas razões a autorizem”. 
JÚLIO FABBRINI MIRABETE indica que para o deferimento basta a prova 
não plena, “uma probabilidade de procedência da alegação, suficiente para 
as medidas preliminares como arresto, sequestro, prisão preventiva, apreensão 
etc”6. 
Ainda, é a posição do Superior Tribunal de Justiça, indicando que o 
deferimento da ordem de Busca e Apreensão prescinde a instauração formal 
de Inquérito Policial: 
“STJ: a teor do artigo 6, inciso II, do CPP, pode a autoridade policial, ao 
tomar conhecimento de fato criminoso, determinar a busca e apreensão de 
 
4 Moraes, Alexandre de, Direito Constitucional, Editora Atlas, 16ed, p. 83. 
 
5 HOLTHE, Leo Van, Direito Constitucional, editora Juspodivm, ano 2010, p.350 
6 Processo Penal, Atlas, 2004, p. 276 
 
 
 
 
 
 
objetos relacionados com o mesmo, antes mesmo da instauração do respectivo 
inquérito policial” (RT 665/333). 
 
VII. REPRESENTAÇÃO 
Como nas demais peças, este parágrafo final é usado para representar 
efetivamente pela medida, vale dizer, pela quebra de sigilo bancário dos 
investigados, devendo constar nome, CPF e período. 
 
Isto posto, com base na situação fática apresentada e em razão dos 
fundamentos jurídicos esposados, tenho por necessário para a completa 
apuração dos fatos, ante a notícia do delito, representar por MANDADO DE 
BUSCA E APREENSÃO, visando apreender coisas achadas ou obtidas por meios 
criminosos (art. 240, §1º, b, do CPP), bem como descobrir objetos necessários à 
prova da infração (art. 240, §1º, e, do CPP), apreender cartas, abertas ou não, 
destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o 
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato (art. 240, 
§1º, f, do CPP) e colher qualquer elemento de convicção (art. 240, §1º, h, do 
CPP), no seguinte endereço: 
1. nas possíveis residências do investigado XXX, situadas às Ruas xxx. 
Outrossim, solicitamos que Vossa Excelência especifique o critério do horário de 
cumprimento (caso se adote o critério horário) ou que seja efetuado até o 
crepúsculo, como também salientando que, conforme entendimento 
doutrinário e jurisprudencial, com início da Busca e Apreensão durante o dia, é 
possível estender-se ao período noturno, caso seja indispensável para ultimar as 
diligências. 
Informo que, em caso de concessão, as diligências serão cumpridas por esta 
autoridade policial e/ou agentes policiais civis, salvaguardando os direitos 
fundamentais do investigado. Lá, com urbanidade, os agentes lerão e 
 
 
 
 
 
 
mostrarão o mandado ao morador (e/ou representante legal), convidando-o a 
entregar o objeto da procura, e em caso de recalcitrância do morador (e/ou 
representante legal), poderão ser arrombadas portas, janelas, cofres para 
encontrar o objeto da procura, tudo em consonância com a lei adjetiva. 
 
VIII. REPRESENTAÇÃO PARA ACESSO AOS DADOS CONSTANTES EM APARELHO 
CELULAR 
Embora existam decisões que dispensam autorização judicial para acesso aos 
dados de aparelhos celulares apreendidos, recomenda-se o candidato criar um 
pequeno tópico neste sentido no intuito de se resguardar caso apareça no 
espelho. 
 
DA REPRESENTAÇÃO PARA ACESSO AOS DADOS CONSTANTES EM EVENTUAL 
APARELHO DE TELEFONE CELULAR APREENDIDO 
É cediço que grande parte das atividades criminosas ocorrem via conteúdo 
telemático, mormente com a ampla difusão de programas de relacionamento 
e plataformas de mídia social, como facebook e whatapp. 
Desta feita, a despeito de entendimento de que o acesso aos dados cadastrais 
constantes em telefone celular apreendido em

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