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DELEGADO DE POLÍCIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Material de Peças Práticas CORPO DOCENTE ........................................................................................................... 2 PORTARIA ......................................................................................................................... 3 MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA ................................................................... 7 REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO PREVENTIVA .............................................................. 10 REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO TEMPORÁRIA ............................................................. 22 REPRESENTAÇÃO PELA INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS ... 28 REPRESENTAÇÃO PELA APREENSÃO DE ADOLESCENTE ............................................ 32 REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO ........................................... 37 REPRESENTAÇÃO PELA EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO ...... 40 REPRESENTAÇÃO DO DELEGADO DE POLÍCIA PELA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA AO MINISTÉRIO PÚBLICO (LEI 13. 431/2017) ................................................ 50 REPRESENTAÇÃO POR INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL .... 54 RELATÓRIO POLICIAL FINAL ......................................................................................... 58 CORPO DOCENTE Aline Medeiros Pinheiro (@prof.alinemedeiros): Delegada de Polícia Civil do Estado do Ceará. Ex-Delegada de Polícia Civil do Estado de Santa Catarina. Graduada pela Universidade Federal do Ceará. Pós-graduada em Direito Constitucional Aplicado pela Faculdade Damásio de Jesus. Eduardo Franco Defaveri (@del.eduardodefaveri): Delegado de Polícia Civil do Estado de Santa Catarina. Aprovado em todas as fases jurídicas do concurso de Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará, além de outros concursos de procuradorias municipais. Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Estado do Rio Grande do Sul. Pós-Graduado lato-sensu em Ciência Penais pela Universidade Anhanguera. Pós- graduando em Direito Constitucional e em Direitos Humanos e Ressocialização pela Universidade Cândido Mendes. Felipe Blos Orsi (@del.felipeorsi): Delegado de Polícia do Estado de Santa Catarina. Aprovado para Delegado de Polícia no Paraná. Ex- agente de Polícia Civil no DF. Graduado pela Universidade Feevale. Pós-graduado em Ciências Penais pela Universidade Cândido Mendes. PORTARIA I. PEÇA INAUGURAL Como o próprio título do tópico sugere, a Portaria é uma das peças, juntamente com o auto de prisão em flagrante, que inicia a persecução penal no âmbito de inquérito policial. A Portaria, em verdade, pode ser definida como a peça, redigida pela autoridade policial, em que se ordena a instauração de inquérito policial e em que se veicula a forma inicial da investigação criminal pré-processual, estabelecendo as diretrizes iniciais da atividade da polícia judiciária. Frisa-se, por oportuno, que o delegado de polícia não está obrigado a fazer menção de absolutamente todas as diligências investigatórias, mas pelo menos deve mencionar aquelas iniciais e obrigatórias para o início da elucidação criminal do fato. Inclusive, é de bom tom constar ao final que algo no sentido de que após serem realizadas as diligências requeridas, retornem-se os autos à autoridade policial, a fim de se analisar a necessidade de novas diligências. II. DA ESTRUTURA DA PORTARIA a) Da referência ao órgão policial responsável pelo procedimento policial É de bom tom iniciar a portaria mencionando a instituição e o delegado responsável pela instauração daquele procedimento. É algo simples e objetivo. Ex: A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ, por intermédio do Delegado de Polícia (nome), lotado na Delegacia (XXX), no uso de suas atribuições legais. (...) b) Dos “Considerandos” relativos à fundamentação da atividade policial Tradicionalmente, não se incluía os chamados “considerandos” na Portaria. Entretanto, o posicionamento e reconhecimento de que os delegados de polícia integram a chamada classe das carreiras jurídicas é de bom tom reforçar este entendimento, trazendo os fundamentos constitucionais e legais que respaldam as atribuições, notadamente de polícia judiciária, do delegado de polícia. Ex: (...) CONSIDERANDO que às Polícias Civis, dirigidas por Delegados de Polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de Polícia Judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares, conforme inteligência do § 4º do art. 144 da Constituição Federal; CONSIDERANDO que a Polícia Judiciária será exercida pelas autoridades policiais - no caso, exclusivamente, por Delegado de Polícia de carreira - no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria; CONSIDERANDO que os Delegados de Polícia são profissionais de carreira jurídica do Estado, com autonomia funcional e operacional para o exercício exclusivo das suas atribuições constitucionais e legais; (...) b) Da menção dos fatos que embasaram a instauração do procedimento policial A Portaria, apesar de apresentar o formato e o “toque especial” de cada delegado de polícia, deve preencher alguns requisitos, quais sejam, indicações de materialidade e de autoria, salientando como àquela informação chegou ao conhecimento da autoridade policial. É necessário que indique, minimamente, onde os fatos ocorreram, a fim de mostar que é da atribuição daquela delegacia de polícia, bem como contextualizar a infração penal em tese ocorrida. Neste aspecto, é necessário apontar, ainda que em uma análise preliminar e não-vinculante, a tipificação legal referente à situação apresentada ao delegado de polícia. Ex: Considerando que os fatos noticiados no boletim de ocorrência de n. XXX sugerem a possível ocorrência de crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A, do CP, perpetrado por XXX em detrimento de XXXX, criança de 8 (oito) anos, uma vez que, em tese, teria passado as mãos nas partes íntimas da criança, bem como teria praticado outros atos libidinosos, no interior da residência do suspeito, localiza à Rua XXX, nº, XXX, na cidade de Quixadá-CE, no período compreendido entre maio e julho de 2018. d) Da menção ao artigo 5º, do CPP É de fundamental importância constar no texto da Portaria o art. 5º, do CPP, pois, ainda que o referido dispositivo não mencione expressamente o termo “portaria”, este é o artigo que fundamenta a instauração do procedimento pela autoridade policial. Ex: CONSIDERANDO que o crime relatado no supracitado boletim de ocorrência é de ação penal pública incondicionada e o Inquérito Policial pode ser instaurado de ofício pelo Delegado de Polícia, consoante previsão do art. 5º, I, do Código de Processo Penal; e) Da necessidade de requerer o registro e a autuação A Portaria somente após ser registrada e autuada terá o condão de efetivamente respaldar a instauração do inquérito policial, de modo que é de suma importância que a autoridade policial mencione expressamente, no bojo desta peça inaugural, a necessidade de se proceder com seu registro e autuação. Ex: Considerando (...) INSTAURA Inquérito Policial com a finalidade de apurar os fatos. E em face do exposto, DETERMINO: 1. Registro e autuação do presente procedimento investigatório; (...) III. DO MODELO A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ, por intermédio do Delegado de Polícia (nome), lotado na Delegacia (XXX), no uso de suas atribuições legais. CONSIDERANDO que às Polícias Civis, dirigidas por Delegados de Polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de Polícia Judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares, conforme inteligência do § 4º do art. 144 da Constituição Federal; CONSIDERANDO que a Polícia Judiciária será exercida pelas autoridades policiais - no caso, exclusivamente, por Delegado de Polícia de carreira - no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria; CONSIDERANDO que os Delegados de Polícia são profissionais de carreira jurídica do Estado, com autonomia funcional e operacional para o exercício exclusivo das suas atribuições constitucionais e legais; CONSIDERANDO os fatos noticiados no boletim de ocorrência de n. XXXX sugerem a possível ocorrência de crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A, do CP, perpetrado por XXXX em detrimento de XXX, criança de 8 (oito) anos, uma vez que, em tese, teria passado as mãos nas partes íntimas da criança, bem como teria praticado outros atos libidinosos no interior da residência do suspeito, localiza à Rua XXX, nº, XXX, na cidade de Quixadá-CE, no período compreendido entre maio e julho de 2018. CONSIDERANDO (resumir objetivamente o apurado – dinâmica criminosa apurada) CONSIDERANDO que o crime relatado no supracitado boletim de ocorrência é de ação penal pública incondicionada e o Inquérito Policial pode ser instaurado de ofício pelo Delegado de Polícia, consoante previsão do art. 5º, I, do Código de Processo Penal; INSTAURA Inquérito Policial, com a finalidade de apurar os fatos. E em face ao exposto, DETERMINA: 1. Registrar e autuar o presente procedimento investigatório; 2. Juntar o boletim de ocorrência nº xxx e demais peças que lhe acompanham; 3. Expedir guia de exame de corpo de delito; 4. Intimar e reduzir a termo o depoimento das testemunhas elencadas no boletim de ocorrência supracitado e outras que forem posteriormente descobertas; 5. Intimar e reduzir a termo as declarações da vítima; 6. Intimar, pregressar e reduzir a termo o interrogatório do investigado, nos termos do art. 185 do Código de Processo Penal. CUMPRA-SE. Em seguida, volvam-se os autos conclusos para ulteriores deliberações. Quixadá, (data) _________________________________________ Delegado(a) de Polícia Civil MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA I. BREVE NOTAS Normalmente, a pessoa que recebe, ou melhor, o titular da notificação comparece espontaneamente ao órgão policial. Este, inclusive, é o comportamento esperado. Entretanto, diante da ausência injustificada da vítima ou da testemunha, o Código de Processo Penal dispõe: Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando- se por termo as suas declarações. § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública. Em que pese tais artigos serem referidos à fase judicial, e não pré-processual, maioria da doutrina entende que os citados dispositivos podem ser aplicados de forma analógica ao Inquérito Policial. II. INCOMPATIBILIDADE DO MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA PARA INTERROGATÓRIO COM A ATUAL CF O Código de Processo Penal prevê, em seu art. 260, a possibilidade de condução coercitiva do réu do processo quando de sua ausência injustificada: Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicável. Entretanto, em recente decisão, o STF entendeu que esta previsão afronta a atual ordem jurídica constitucional, seja por ofender à liberdade de locomoção, seja por ofender à presunção de não-culpabilidade. Além de violar, também, a própria dignidade da pessoa humana. Recomenda-se o estudo dos seguintes julgados ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, cujas decisões foram veiculadas no Informativo 906, do STF. III. MODELO DE MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA INQUÉRITO POLICIAL Nº: VÍTIMA: INVESTIGADO: TIPO PENAL: O(A) Excelentíssimo(a) Sr.(a) XXXX, Delegado(a) de Polícia, matrícula nº XXX, lotado na Delegacia de Polícia XXX, em face da aplicação analógica dos arts. 201, §1º e 218,, do CPP à fase de investigação policial, expede ORDEM DE CONDUÇÃO COERCITIVA em desfavor de: (nome) (qualificação) (endereço) Ordenando-se aos inspetores/agentes/investigadores (a depender do cargo ostentado) XXX e YYY, lotados nesta delegacia de polícia, conduzam imediatamente o indivíduo supraqualificado, o qual configura como (VÍTIMA OU TESTEMUNHA), a este órgão policial, para o fim de (especificar a finalidade, ex: realizar oitiva). Fica determinado também aos inspetores/agentes/investigadores que realizarem a referida condução que informem o motivo da ocorrência desta, qual seja o não-comparecimento anterior a esta delegacia de polícia, configurando hipótese de ausência ijustificada apta a ensejar a presente condução coercitiva (informar o número da notificação/ofício realizado). Cumpra-se. (loca), (data). Delegado(a) de Polícia REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO PREVENTIVA I. ENDEREÇAMENTO O endereçamento é o destino que sua representação deverá atingir. Para tanto, devem ser levadas em consideração as regras processuais penais de competência. Só direcione a sua representação se houver informações suficientes sobre a comarca e a vara indicada. Do contrário, utilize-se de um endereçamento genérico, nos moldes demonstrados abaixo: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL (em princípio) DA COMARCA DE... Logo depois, indicamos que o aluno insira os dados sobre o inquérito policial, capitulação legal do caso, autor do fato e vítima, conforme demonstrado abaixo, desde que não tenha indicações no próprio texto: IP nº... Incidência penal: arts... Autor... Vítima... II. PREÂMBULO No preâmbulo, coloque sempre a legitimação do Delegado de Polícia para representar, levando em consideração os arts. 311 c/c 282, §2º, CPP c/c art. 13, IV, CPP: A autoridade de polícia judiciária subscritora, no desempenho de suas atribuições de polícia judiciária, com fundamento nos arts. 144, §4º, da Constituição Federal, combinado com os arts. 13, IV, 311 e 282, §2º, todos do Código de Processo Penal (legitimação – colocar a fonte legal para o delegado representar por uma prisão preventiva ou outras medidas cautelares, no caso aqui para preventiva) vem, perante Vossa Excelência, representar pela DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA de FULANO DE TAL, pelos fatos e fundamentos a seguir enunciados: III. FUNDAMENTAÇÃO Deveremos estruturar a preventiva de acordo com sua estrutura técnica que são: Hipóteses de admissibilidade ou de cabimento (art. 313, CPP); Requisitos da prisão preventiva (art. 312, CPP) – fumus comissi delicti e periculum libertatis; Insuficiência de aplicação de medidas cautelares pessoais diversas da prisão (necessidade no caso concreto). A. Hipóteses de admissibilidade da prisão preventiva): Só é possível representar por essa medida cautelar se ela for admissível e juridicamente possível. Primeiramente, é necessário trabalhar com o art. 313 do Código de Processo Penal, pois é neste dispositivo que estão as possibilidades da prisão preventiva. Lembre-se que basta apenas uma das hipóteses da prisão preventiva para que seja possível a decretação da prisão preventiva. O aluno deverá encaixar o caso concreto em alguns dos incisos do art. 313 ou em seu parágrafo único. _____________________________________________________________________________ Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; Perceba que este dispositivo afasta: Crimes culposos; Contravenções penais Crimes dolosos punidos com pena máxima igual ou inferior a 4 anos. Mas não é só, o crime doloso deve ser punido com pena máxima superior a 04 anos. Portanto, é imprescindível que haja CRIME DOLOSO E PENA MAIOR DO QUE 04 (QUATRO) ANOS. Não se pode pensar em preventiva nos crimes de furto simples, pois este crime possui pena de 1 a 4 anos de reclusão. Lembre-se que não se deve considerar atenuantes e agravantes, as quais ficam contidas nos limites abstratos da pena. Por outro lado, são consideradas causas de aumento e as causas de diminuição da pena, visto que alteram a pena mínima e máxima em abstrato, razão pela qual devem ser levadas em consideração. No furto simples, em princípio, não admite a prisão preventiva. Por outro lado, se o furto for praticado durante o repouso noturno será admitida a prisão preventiva na medida em que a pena máxima subiria de 4 para 5 anos e quatro meses. Já na tentativa, deve ser reduzida a pena de 1/3 a 2/3 da pena. Por exemplo, o crime de peculato tem pena máxima de doze anos e, portanto, admitiria prisão preventiva. A diminuição em um terço levaria a pena máxima em 8 anos, mas se adotar o redutor de 2/3, a pena máxima ficaria em 4 anos e portanto não caberia a preventiva. Deve ser sempre aplicado o maior aumento possível quando se referir a pena máxima, como no caso da prisão preventiva. Em se tratando de concurso de crimes (material/formal e continuado), este deve ser considerado tanto para avaliar a prisão preventiva como para fixar a fiança, salvo no caso da prescrição, quando devem ser analisados isoladamente. Para os casos de concurso material, previsto no art. 69 do CP, o juiz deve aplicar a pena mediante cumulação das penas máximas dos crimes componentes do concurso e encontrar o resultado. O importante é o resultado da soma. Se o resultado supera 4 anos será admitido a prisão preventiva, e não será possível fixação de fiança pelo Delegado. Ex: Desacato + dano qualificado pelo patrimônio público (2 anos + 3 anos = 5 anos). No caso de concurso formal (art. 70 do CP) pressupõe uma unificação, levando em consideração a exasperação. Será utilizada a pena máxima (do crime mais grave) aumentada pela metade (1/2) (maior aumento). Por exemplo, o crime com pena máxima 3 anos não possibilita a prisão preventiva, mas se praticado em concurso formal será admitida a preventiva. A regra tem a mesma aplicabilidade em relação ao concurso formal impróprio, aplicando a solução do art. 69 do CP. No caso de crime continuado ou continuidade delitiva (art. 71 do CP) aplicar- se-á a mesma lógica. Utiliza-se a pena máxima mais grave dentre os crimes que será exasperada em 2/3. _____________________________________________________________________________ Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; O art. 313, inciso II independe das regras estabelecidas no inciso I. Basta demonstrar que o investigado: Já tenha condenação anterior transitada em julgado; O crime seja doloso; e Essa condenação seja apta a gerar reincidência. Lembre-se que não pode ter decorrido o período depurador ou purificador de cinco anos, contados da extinção ou cumprimento da pena anterior. Ou seja, não interessa a data do trânsito em julgado, nos termos do art. 64, I do CP. Perceba que, se o indivíduo que cometer um crime doloso, qualquer que seja a pena, dentro do período de 05 anos contados da extinção da pena ou do cumprimento da pena anterior, estará sujeito a esta hipótese de prisão preventiva. Ex: Prisão por furto simples do réu reincidente: é possível a preventiva, pois, embora o furto simples de forma isolada não se enquadre no inciso I, a reincidência por outro crime doloso possibilita a preventiva. Em suma: CRIME DOLOSO (sem limite de pena) + REINCIÊNCIA EM CRIME DOLOSO. _____________________________________________________________________________ Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; Também admite-se a prisão preventiva, independentemente dos incisos anteriores, quando o crime envolver violência doméstica e familiar contra pessoas presumidamente vulneráveis. Independe dos anteriores, não interessa a pena e não interessa se o agente já tenha sido condenado por crime anterior. Essa preventiva alcança não somente a mulher, mas também outros grupos considerados vulneráreis, seja qual for o gênero, como a criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoas com deficiência (de qualquer idade). Isso por si só admite a preventiva, sem qualquer tipo de relação com a pena cominada ou com eventual reincidência. É aqui que se admite a representação por uma prisão preventiva por crime de lesão corporal leve qualificada por violência doméstica ou familiar (art. 129, §9º do CP). A pena cominada é de detenção de três meses a três anos. Obs.: Há quem entenda que esse inciso somente seria cabível quando houvesse o descumprimento da medida protetiva de urgência, ou seja, para a decretação da prisão seria imprescindível a anterior determinação de medida protetiva. Todavia, esta posição é doutrinária (isso não é pacifico). Tem que pensar que diante da análise do caso em concreto, poderá haver situações que se vislumbra a aplicação de medidas protetivas de urgência + representação da preventiva (ex: marido enfia o cano da arma na boca da mulher ameaçando de morte no caso dela procurar a polícia). Quem entende dessa forma é o Prof. Renato Brasileiro. Para ele, este inciso objetiva garantir a execução das medidas protetivas de urgência, nos crimes que envolvem violência doméstica e familiar contra determinados grupos vulneráveis, taxativamente previstos em lei. No entanto, este posicionamento é minoritário. _____________________________________________________________________________ Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Nesta hipótese, em tese, poderia haver a decretação de prisão preventiva em crime culposo ou em contravenção, pois o parágrafo único não especifica o tipo de infração penal. Essa situação admite a prisão preventiva para fins de obtenção da identificação do sujeito na hipótese em que não haja identificação civil da pessoa ou quando não fornece dados para se identificar. Diante disso, é cabível a representação pela preventiva para identificação do sujeito. Com o sujeito preso preventivamente, este será submetido à identificação criminal. Portanto, identificado criminalmente e sabendo quem é efetivamente o sujeito, cessou o motivo da prisão, razão pela qual deverá ser colocado imediatamente em liberdade, salvo se outro fundamento qualquer justificar a preventiva. ATENÇÃO: SE O CRIME NÃO ESTIVER ENQUADRADO EM NENHUMA DAS HIPÓTESES DO ART. 313 DO CPP, NÃO CABERÁ PRISÃO PREVENTIVA! Depois de analisado o artigo 313, sendo possível a prisão preventiva, parte-se para a análise dos requisitos cautelares do art. 312. B. Requisitos da cautelar (art. 312, CPP); Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Esses requisitos serão buscados no art. 312 do CPP. Deverá ser acrescentando o art. 282, que é norma geral das cautelares pessoais. Esse dispositivo possui uma fundamentação pontual para fins de investigação criminal. Esses requisitos da cautelar deverão sempre ser divididos em dois: I. Fumus commissi delicti (aparência de cabimento): Fumus commissi delicti é a aparência do cometimento de um crime. Para se falar em fumus commissi delicti, a lei exige basicamente dois requisitos cumulativos (deverão ser demonstrados na peça prática onde que estão situados esses requisitos, pois se tratam de elementos informativos): Indício suficiente de autoria ou participação nas hipóteses em que admitem a preventiva (autoria); Prova da existência da infração penal (materialidade). Obs.: não basta indicar que há autoria e materialidade, devendo indicar elementos concretos que lhe deu o enunciado de onde que está a autoria e onde está a existência do fato. Dizer, por exemplo, que a existência do fato está comprovada pelas declarações da ofendida, a qual disse ter sido roubada mediante violência. II. Periculum libertatis: Periculum libertatis é o perigo da liberdade indivíduo. O periculum é o fundamento que indica a necessidade da prisão no caso concreto. Ter periculum é ter a urgência de prisão no caso concreto. Quando se fala em periculum libertatis significa dizer que “a decretação da prisão preventiva é necessária para um destes três fins” (há quem entenda que são 04 finalidades): Garantia da ordem pública e garantia da ordem econômica, Conveniência da instrução criminal; Assegurar a aplicação da lei penal. No periculum libertatis, é necessário que o aluno reforce a fundamentação, até porque a redação do outro artigo é muito mais técnica. Portanto, no periculum libertatis (art. 312 do CPP), deverá ser combinado com os fundamentos do art. 282, inciso I, do CPP, que é norma geral das cautelares. Esse dispositivo traz exatamente fundamentos correspondentes a essas três finalidades do art. 312. Aliás, o inciso I vai explicar e esclarecer o que é a ordem pública, instrução criminal e aplicação da lei penal. Em prisão cautelar não se deve usar fumus boni iuris ou periculum in mora. Todavia, esses termos serão utilizados para fins de cautelares de natureza probatória. Na interceptação, por exemplo, admite-se a utilização dos termos fumus boni iuris ou periculum in mora. Garantia da ordem pública ou da ordem econômica: Quando é que se pode falar em necessidade para garantia da ordem pública? Segundo os Tribunais Superiores, não se pode decretar prisão preventiva para garantia da ordem pública com base exclusivamente em comoção social ou de clamor público (prender para saciar o anseio social por justiça). O fundamento correto para garantia da ordem pública é no sentido de EVITAR NOVAS INFRAÇÕES PENAIS. Portanto, garante-se a ordem pública para evitar novas infrações, cuja prática seja altamente provável e não apenas possível. Ex: Festa de rodeio que ocorre uma tentativa de homicídio e posteriormente nova tentativa de homicídio contra a mesma vítima em um lapso bem estreito. Além disso, o réu ainda disse que iria continuar tentando matar a vítima até conseguir. Nesse caso, a prisão é mais que necessária para evitar a prática de nova infração penal, tendo em vista a probabilidade de que haja nova tentativa de homicídio. Onde está o fundamento legal para representar pela preventiva para evitar novas infrações? Está no art. 282, inciso I, do CPP. Este dispositivo repete os três fundamentos, mas não fala em ordem pública, pois esta será trocada pela expressão “evitar novas infrações”. Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; Portanto, a parte final do inciso I do art. 282 esclarece o fim de evitar novas infrações, corporificando o fundamento do art. 312, caput, qual seja, a garantia da ordem pública. Fundamentação: art. 312, caput + art. 282, I, ambos do CPP; Conveniência da instrução criminal: Instrução significa produção de provas. O problema é que o termo instrução é normalmente usado para designar qual tipo de prova? A produção de prova durante o inquérito ou durante o processo? Instrução de prova, em regra, remete ao processo. É exatamente aqui que surge o problema. Para este fundamento ser utilizado na representação do delegado de polícia, deverá ser explicado na própria peça de que o legislador utilizou a expressão “INSTRUÇÃO” EM SENTIDO AMPLO, que seria a coleta de material probatório tanto na investigação quanto na ação penal. Da mesma maneira que o requisito anterior, a representação por prisão preventiva irá utilizar também o art. 282, inciso I, do CPP. Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; Atenção: O art. 282, inciso I, do CPP esclarece que a medida cautelar pode ser utilizada para fins de investigação ou instrução criminal, motivo pelo qual deve ser inserido com o art. 312. Fundamentação: art. 312, caput + art. 282, I, ambos do CPP. Com isso, o examinando demonstra o conhecimento de que o art. 282 do CPP traz normas gerais de cautelares de natureza pessoal, que também irradiam efeitos sobre a prisão preventiva, demonstrando o conhecimento do sistema de cautelar pessoal no processo. Necessidade para aplicação da lei penal: Este fundamento é normalmente utilizado para os casos de RISCOS DE FUGA, porém é necessária uma suspeita concreta. O mesmo fundamento é encontrado no art. 282, inciso I, do CPP. Fundamentação: art. 312, caput + art. 282, I, ambos do CPP. Para representar ao juiz por uma prisão preventiva será sempre necessário verificar os seguintes requisitos para sua decretação: Fumus commissi delicti: indícios de autoria ou participação (autoria) + prova da existência da infração penal (materialidade); Periculum libertatis: garantia da ordem pública ou econômica OU garantia da instrução criminal OU necessidade de aplicação da lei penal. Portanto, com os dois requisitos do fumus e mais qualquer um dos periculum, será admitida a prisão preventiva. Além das condições de admissibilidade, bem como dos requisitos do art. 312, É necessário que o delegado também demonstre que não é possível aplicar uma cautelar mais branda. Portanto, diante da insuficiência de outras medidas cautelares mais brandas, a prisão preventiva ser torna ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA, pois ela é a última medida pela qual o delegado irá representar. C. Insuficiência a aplicação de medidas cautelares pessoais diversas da prisão (necessidade no caso concreto): Estão previstas nos arts. 319 e 320 do CPP. Mas por que é necessário demonstrar a insuficiência de medidas cautelares diversas da prisão? É necessário demonstrar, pois a prisão é a ultima ratio, razão pela qual onde cabe medida cautelar diversa da prisão, por óbvio, não cabe prisão. Essa insuficiência se baseia no que estabelece o art. 282, §6º, do CPP: “§ 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319)”. Por exemplo, João está ameaçando as testemunhas, o que, em regra, geraria o fundamento de garantia da conveniência da instrução criminal ou necessidade para a investigação criminal, pois o agente está atrapalhando a investigação por intimidar a testemunha. Todavia, uma intimidação qualquer não justifica a preventiva. A intimidação gera, em regra, uma cautelar pessoal, mas qual cautelar? Existem restrições de intensidades diferentes, isso vai depender da intensidade ou ameaça praticada. Se a ameaça for pequena, então a cautelar for pequena. Todavia, se a ameaça é grave, então será possível, em último caso, a aplicação da prisão preventiva. Uma intimidação nem sempre demonstra a necessidade de uma prisão preventiva, deverá ser analisado o caso concreto para aferir o grau da intimidação e a necessidade da decretação da preventiva. Ex 1: O sujeito está ameaçando uma testemunha, e quando esta sai para ir ao trabalho o sujeito está do outro lado da rua, de braços cruzados, fitando fixamente a testemunha, porém sem dizer nenhuma palavra. Nesse caso, não se justifica a imposição de prisão preventiva, aplicando-se o art. 319, III do CP. O juiz fixará a proibição de contato pela distância de 200 metros da testemunha. Se o mais brando resolve, não se justifica o mais intenso. Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; Ex 2: O indiciado/investigado não fica somente olhando, e quando a vítima sai do portão para fora, ele a imobiliza, aponta uma arma e afirma que matará a vítima e toda sua família. Nesse caso, diante de uma ameaça grave, a cautelar diversa da prisão seria insuficiente. A prisão nesse caso é imprescindível. IV. PEDIDO: Ante o exposto, e demonstradas as condições de admissibilidade, requisitos cautelares e insuficiência de medidas alternativas, REPRESENTA pela decretação da prisão preventiva em desfavor do já qualificado FULADO DE TAL (com fundamento no art. 312, CPP, que norteia a preventiva), pelos crimes previstos no art... do Código Penal, expedindo-se o respectivo mandado para a sua execução (ou cumprimento). Local, data (Prestar muita atenção no preenchimento da data. É muito comum os candidatos colocarem sua comarca ou a capital do Estado quando não é necessário; é mais correto escrever apenas “Local e data”.) ________________________________________________ Autoridade Policial ou Delegado de Polícia (Lembrar para não se identificar de qualquer forma, a identificação acarreta a anulação da peça prática processual). REPRESENTAÇÃO POR PREVENTIVA ORIGINÁRIA 1) Endereçamento 2) Preâmbulo (arts. 311 c/c 282, §2º, CPP c/c art. 13, IV, CPP - legitimação delegado) 3) Fundamentação a) Admissibilidade (artigo 313) b) Requisitos cautelares (artigo 312/282) c) Insuficiência das medidas cautelares pessoais diversas da prisão (319/ 320/282) 4) Pedido REPRESENTAÇÃO POR PRISÃO TEMPORÁRIA I. ENDEREÇAMENTO O endereçamento é o destino que sua representação deverá atingir. Para tanto, devem ser levadas em consideração as regras processuais penais de competência. Só direcione a sua representação se houver informações suficientes sobre a comarca e a vara indicada. Do contrário, utilize-se de um endereçamento genérico, nos moldes demonstrados abaixo: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL (em princípio) DA COMARCA DE... Logo depois, indicamos que o aluno insira os dados sobre o inquérito policial, capitulação legal do caso, autor do fato e vítima, conforme demonstrado abaixo, desde que não tenha indicações no próprio texto: IP nº... Incidência penal: arts... Autor... Vítima... II. PREÂMBULO No preâmbulo, coloque sempre a legitimação do Delegado de Polícia para representar, levando em consideração o art. 2º, caput, da Lei 7.960/89 c/c art. 13, IV, CPP: A autoridade de polícia judiciária subscritora, no desempenho de suas atribuições de polícia judiciária, com fundamento nos arts. 144, §4º, da Constituição Federal, combinado com o art. 2º, caput, da Lei 7.960/891 (legitimação – colocar a fonte legal para o delegado representar por uma prisão preventiva ou outras medidas cautelares, no caso aqui para preventiva) 1 Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. vem, perante Vossa Excelência, representar pela DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA de FULANO DE TAL, pelos fatos e fundamentos a seguir enunciados: III. FUNDAMENTAÇÃO Deveremos estruturar a temporária de acordo com sua estrutura técnica que são: Presença de uma das condições de admissibilidade ou cabimento da prisão temporária (art. 1º, III, Lei 7.960/89); Requisitos da cautelar (arts. 1º, incisos I a III, da Lei 7.960/89): o Fumus comissi delicti; o Periculum libertatis; A. Presença de uma das condições de admissibilidade ou cabimento da prisão temporária (art. 1º, III, Lei 7.960/89) Inciso III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de suas formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986); p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. Verificar se o crime admite ou não prisão temporária. Este rol é um rol taxativo, devendo ser demonstrado que o crime está contido no art. 1º, inciso III, da Lei 7.960/89 ou da Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos). Quais são os crimes que não estão no rol e nunca poderão ensejar a prisão temporária, mas somente uma prisão preventiva? São eles: furto (qualquer modalidade), apropriação indébita, estelionato e receptação. Todavia, seria possível a prisão preventiva no crime de furto, desde que se dê na sua modalidade qualificada ou com a causa de aumento de pena; o estelionato cabe preventiva, pois sua punição é de 1 a 5 anos, mas não caberia temporária. Para pedir uma prisão temporária para o crime de furto, a saída é tentar cumular o furto com o crime de associação criminosa (art. 288), pois este consta do rol (art. 1º, inciso III, “l”, Lei 7.960/89). Neste caso, o único fundamento para o cabimento da admissibilidade da prisão temporária seria o art. 288 do Código Penal, artigo este que consta do art. 1º, III, “l”. A lei dos crimes hediondos também passou a admitir prisão temporária para aqueles crimes lá constantes, motivo pelo qual se deve conjugar o art. 1º, inciso III, da Lei 7.960/89 com o art. 2º, §4º, da Lei 8.072/90 e para os assemelhados a hediondo (Tortura, Tráfico e Terrorismo). Portanto, há crimes que não constam da Lei de Prisão Temporária, mas somente no rol da Lei dos Crimes Hediondos, tais como a alteração de remédios, mas que admite temporária. O rol de crimes que admite a prisão temporária é taxativo, ou seja, exige expressa previsão legal, que decorre da conjugação do art. 1, III da lei 7.960/89 e do art. 2, parágrafo 4, da lei 8.072/90. Obs.: não se trata de rol exaustivo, pois é possível encontrar crimes que admitem a temporária fora deste rol. B. Requisitos da cautelar (arts. 1º, incisos I a III, da Lei 7.960/89); Art. 1º, incisos I a III, da Lei 7.960/89: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; Inciso III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986). Não se trata de requisitos alternativos, tampouco cumulativos, mas deve haver uma combinação entre os incisos. “Fumus commissi delicti” (art. 1º, inciso III): É pacífico que o fumus commissi delicti se encontra no inciso III do art. 1º. Esse requisito são indícios de autoria (razões fundadas) de autoria ou participação nos crimes que admitem prisão temporária (rol da prisão temporária + rol dos crimes hediondos + crimes equiparados a hediondo). “Periculum libertatis” (art. 1º, incisos I ou II): o periculum significa a necessidade ou a imprescindibilidade da prisão temporária para as investigações. O periculum decorre do inciso I ou do inciso II do art. 1º da Lei 7.960/89. Inciso I: A imprescindibilidade para as investigações lembra muito a conveniência para a investigação criminal (disposta no art. 312). O inciso I é o mais utilizado na prática. Neste caso, a prisão temporária visa coletar provas e obter elementos de informação para a investigação. Por exemplo, no caso de um crime de roubo há a necessidade de se fazer um reconhecimento pessoal, porém o sujeito está em princípio foragido e não há fotografia dele em banco de dados policial. Para se obter a autoria é necessário fazer o reconhecimento das vítimas ou das testemunhas desse roubo. Diante desse caso, é possível representar pela prisão temporária, pois esta seria imprescindível para as investigações policiais, na medida em que a presença dele é indispensável para se fazer o reconhecimento pessoal ou por foto. Inciso II: Existem dois fundamentos diversos: a) Caberá a prisão temporária quando o investigado não tiver residência fixa: visa prevenir a fuga. b) Caberá a prisão temporária quando houver dúvida em relação à identidade: serve para não ter dúvidas sobre a identidade para uma futura ação penal. Portanto, o periculum libertatis se dá por: imprescindibilidade das investigações; investigado não tiver residência fixa; houver dúvidas quanto à identidade do investigado. Conclusão: deve sempre ter o inciso III + o inciso I ou inciso II. Prazo: 05 dias: Quanto ao prazo, o prazo em regra é cinco dias prorrogáveis por mais cinco dias nos casos de crimes comuns. 30 dias: O prazo será excepcionalmente 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, nos crimes hediondos e equiparados (art. 2º, §4º, Lei 8.072/90). Obs.: Não se pede a renovação da prisão temporária na primeira representação pela prisão temporária. IV. CONCLUSÃO Ante o exposto, e diante da presença das condições de admissibilidade e dos requisitos cautelares, REPRESENTA PELA DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA de FULANO DE TAL, já qualificado nos autos ou qualificação completa, depois de ouvido o Ministério Público por força do art. 2, §1 da Lei 7.960/89 e inaudita altera parte (sem ouvir a outra parte) em face da urgência e risco de ineficácia da medida, nos termos do art. 282, §3 do CPP, pelo prazo de 5 (rol da prisão temporária) ou 30 dias (caso dos crimes hediondos), expedindo o respectivo mandado para sua execução ou cumprimento. Esclarecimentos: Oitiva do MP: o art. 2º, §1º, da Lei 7.960/89 (§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público). inaudita altera parte: Em cautelares pessoais, o CPP manda o juiz intimar a outra parte. Todavia, na hipótese de urgência e de risco da ineficácia da medida justificam que o juiz não ouça o investigado primeiro, motivo pelo qual deverá ser requerido que o juiz não ouça o investigado, ou seja, “inaudita altera parte”, conforme art. 282, §3º, CPP. Prazo: a prisão temporária deverá ser requerida pelo prazo de 05 dias (crimes não hediondos ou equiparados) ou 30 dias (crimes hediondos ou equiparados). REPRESENTAÇÃO PELA INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS Lembre-se de que o que é interceptado não é a telefonia, e sim as comunicações telefônicas. Ao contrário da prisões, que são medidas cautelares de natureza pessoal, a representação por interceptação é classificada como medida cautelar probatória ou instrutória, uma vez que objetiva a obtenção de prova, visando instruir o processo ou a investigação criminal. Assim como outras medidas gravosas, a interceptação deve ser utilizada como a última medida, em razão da sua evidente restrição ao direito individual de sigilo das comunicações telefônicas. É com base na urgência é que torna essa medida como sendo uma cautelar de natureza probatória. I. ENDEREÇAMENTO Da mesma forma que as demais representações, a representação por interceptação das comunicações telefônicas possui a mesma regra de dirigir ao juízo criminal, quando não for o caso de vara única. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL (em princípio) DA COMARCA DE... II. PREÂMBULO No preâmbulo, é importante colocar a legitimação do Delegado de Polícia para representar pela medida probatória de interceptação, prevista no art. 3º, inciso I, da Lei 9.296/96. A autoridade de polícia judiciária subscritora, no desempenho de suas atribuições de polícia judiciária, com fundamento nos art. 3º, inciso I, da Lei 9.296/96 (legitimação – colocar a fonte legal para o delegado representar pela interceptação telefônica) vem, perante Vossa Excelência, representar pela DECRETAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA de FULANO DE TAL, pelos fatos e fundamentos a seguir enunciados: III. FUNDAMENTAÇÃO A estrutura técnica dessa representação obedece às regras básicas de todas as representações: A) Hipóteses de cabimento da interceptação telefônica (art. 2º, III, da Lei 9.296/96); B) Requisitos da cautelar (arts. 2º, I, e parágrafo único [fumus boni iuris] + art. 2º, II, e art. 4º, caput, todos da Lei 9.296/96 [periculum in mora]); I. Fumus boni iuris; II. Periculum in mora. A. Hipóteses de cabimento da interceptação telefônica (art. 2º, III, da Lei 9.296/96); O art. 2º, III da lei 9.296/96, afirma quando não cabe interceptação telefônica. Sendo assim, não cabe interceptação telefônica quando o crime for punido até a pena de detenção, ou seja, em tese somente permite a interceptação em crimes punidos com a pena de reclusão, pouco importando a pena em abstrato, mas a sua modalidade. Neste caso, o candidato deve dizer na peça, por exemplo, que o crime X é um punido com reclusão e, portanto, em tese, seria admitida a interceptação telefônica. Como neste caso estamos diante de uma cautelar de natureza probatória, não mais estamos falando em cautelar pessoal, motivo pelo qual podemos nos referir a “fumus boni iuris e periculum in mora”. B. Requisitos da cautelar (arts. 2º, I, e parágrafo único [fumus boni iuris] + art. 2º, II, e art. 4º, caput, todos da Lei 9.296/96 [periculum in mora]); I. Fumus boni iuris O art. 2º traz o fumus boni iuris em seu inciso I do art. 2º c/c art. 2º, parágrafo único, ambos da Lei 9.296/96. Esse dispositivo exige que haja indícios de autoria e participação em crime punido com reclusão que admite a interceptação de comunicação telefônica, possibilitando essa cautelar probatória. O parágrafo único estabelece ser preciso indicar o nome e a qualificação de quem são os investigados, salvo impossibilidade. Pode ser utilizada a expressão do civil, já que não mais está em jogo a liberdade de locomoção. Portanto, quando falar na autoria, deve-se também indicar quem é o indivíduo, qualificando-o. II. Periculum in mora O periculum in mora decorre do art. 2º, inciso II, c/c art. 4º, caput, ambos da Lei 9.296/96. Esse dispositivo diz que não caberá a interceptação se for possível obter a prova de outro meio. Portanto, significa que a interceptação será cabível quando não houver outros meios de obtenção de prova. Como ela é a última prova, e não a primeira, é necessário o delegado demonstrar que houve a tentativa de obtenção de provas por outros meios não invasivos. E ao não conseguir por outros meios, ela se tornou urgente e absolutamente necessária. Dessa forma, deve-se demonstrar que a prova do fato investigado não pode ser obtida por outro meio menos invasivo. O art. 4º fala que é necessária a realização (urgência) da interceptação, isto é o periculum in mora. Trata-se da necessidade de realizar a prova. Importante: a representação deve indicar o prazo para interceptação, sempre pedido no teto, que será o prazo de 15 dias que pode ser renovado sucessivamente pelo mesmo prazo, caso necessário, cada uma limitada a mais 15 dias, segundo entendimento dos Tribunais Superiores. IV. CONCLUSÃO Ante o exposto, e diante da presença das condições de admissibilidade e dos requisitos cautelares, REPRESENTA PELA DECRETAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS (especificar o terminal ou linha telefônica de acesso) do terminal número/linha de acesso______________, pelo prazo de 15 dias, e expedindo-se ofício à operadora de telefonia tal para cumprimento ou execução desta medida, dando ainda ciência ao representante do Ministério Público (art. 6º, “caput” da lei 9.296/96). Local, data. Delegado de Polícia. De acordo com o art. 6º, não é condição procedimental a oitiva do MP antes que seja decretada a interceptação telefônica, isto é, a oitiva é posterior ao deferimento. Caberá ao Delegado dar ciência ao MP. Na prática, o juiz ouve primeiro o MP antes de expedir o ofício para a operadora de telefonia. REPRESENTAÇÃO PELA APREENSÃO DE ADOLESCENTE I. ENDEREÇAMENTO O endereçamento é o destino que sua representação deverá atingir. Para tanto, devem ser levadas em consideração as regras processuais penais de competência. Via de regra, em caso de representação para apreensão de adolescente infrator, a peça deve ser direcionada ao juiz da Vara da Infância e Juventude: EXMO. SENHOR DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE XXX - RR A seguir, fazer a identificação do número do procedimento, nome dos envolvidos e objeto da peça, sempre cuidando para não identificar a peça. II. PREÂMBULO Não difere das demais peças quanto à forma, mas se faz importante incluir dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente atinentes ao tema, conforme abaixo. A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por intermédio deste Delegado de Polícia que ora subscreve, no uso de suas atribuições legais previstas no art. 144, §4°, da Constituição Federal de 1988, art. 6, III, do Código de Processo Penal, vem à presença de V. Exa., com fundamento no art. 106 e art. 122, inciso I, ambos do Estatuto de Criança e do Adolescente, REPRESENTAR PELA INTERNAÇÃO CAUTELAR do adolescente JEAN MAIER DE SOUZA, RG n.º 6.168.923, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos: III. DOS FATOS Aqui é trazida uma síntese dos fatos, bem como elementos informativos até então colhidos. Ressalta-se, mais uma vez, para ser breve nesta síntese. DOS FATOS E ELEMENTOS INFORMATIVOS Consoante se depreende dos elementos colhidos na presente ocorrência policial, a vítima XXXX, de 19 anos de idade, estava voltando do trabalho no dia, horário e local citados na ocorrência, quando, a 100 metros, aproximadamente, de sua residência, percebeu um indivíduo a perseguindo. Ato seguinte, este indivíduo avançou e tentou arrancar o aparelho celular – Samsung J7 Prime - da mão da vítima, que tentou segurar o seu bem; então, o autor desferiu um golpe na boca da vítima, que ocasionou um corte nos lábios, assim como derrubou ela no chão. Com a vítima caída no chão, o autor tentou puxá-la para dentro de um matagal, que fica ao lado da estrada de chão em que a vítima vinha caminhando; neste momento, a vítima resistiu e começou a gritar, de forma desesperada, o que fez com que o autor a soltasse por um momento, possibilitando que ela levantasse. No entanto, logo após, o autor voltou a tentar arrancar o aparelho celular da vítima, que resistiu, manteve luta corporal com o autor por um período e continuou a gritar, o que fez com que o indivíduo desistisse de consumar o delito e empreendesse fuga para dentro do matagal. A vítima salientou que a todo o momento o autor exigia a entrega do celular, mediante ameaças e agressões. Aduziu, ainda, que pagou no seu aparelho celular o valor de R$ 1.300,00. Com efeito, a perícia médica constatou escoriações e equimose no joelho direito da ofendida, mesmo tendo a vítima comparecido para realizar a perícia somente 5 dias após o fato. Neste sentido, a ofendida relatou que demorou a ir fazer a perícia em razão de que o IGP estava fechado, sendo esse o motivo de o perito não ter constatado lesão no seu lábio posteriormente, apesar de ter constatado outras lesões decorrentes do fato. Na ocasião do registro da ocorrência, a vítima suspeitou que o indivíduo se chamava XXXX. Então, foram apresentadas fotos de possíveis autores à ofendida, a qual reconheceu XXXX como sendo, indubitavelmente, o autor do fato análogo à tentativa de roubo. Salienta-se, inicialmente, a extrema violência utilizada para tentar perpetrar o delito, causando na vítima inúmeras lesões de ordem física e psicológica, porquanto, mesmo tendo realizado a perícia somente 5 dias após a ocorrência dos fatos, ainda assim foram constatadas as lesões. Ademais, o fato de o indivíduo ter tentado arrastar a vítima para o matagal causa perplexidade, haja vista que, caso a vítima não tivesse reagido e gritado, poderia ter ocorrido uma progressão criminosa para outros delitos ainda mais graves, ou seja, poder-se-ia ter um desfecho trágico. Por outro lado, ressalta-se que o delito foi praticado às 15h, vale dizer, à luz do dia, denotando que o adolescente não tem qualquer limite quanto a sua atuação infracional. VI. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS Este é o tópico que mais costuma pontuar nos espelhos de correção. O ideal é sempre iniciar a fundamentação jurídica pela CRFB, para após tratar da legislação, das súmulas e da jurisprudência. No caso presente, faz-se indispensável fundamentar a apreensão do menor nos incisos do art. 122 do ECA, bem como no seu art. 106, conforme abaixo: DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS Inicialmente, dispõe a Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXI, que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. Na mesma linha, preceitua o Estatuto da Criança e do Adolescente que o adolescente autor de ato infracional só pode ter a sua liberdade restringida em duas hipóteses: apreensão em flagrante ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, nos termos do art. 106 do ECA. Ademais, segundo o art. 122 do ECA, a medida de internação só poderá ser aplicada quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. Neste contexto, verifica-se “in casu” a incidência do inciso I, diante da violência perpetrada no roubo tentado ora noticiado. Salienta-se que o STF e o STJ têm entendimento no sentido que incide o inciso I, do art. 122, do ECA mesmo que o adolescente não tenha antecedentes de atos infracionais, o que, aliás, não ocorre no caso presente. Assim, verifica-se a presença do fumus comissi actus infracional, vale dizer, há indícios suficientes de autoria, porquanto a vítima reconheceu o adolescente infrator, bem como prova da materialidade, diante dos relatos detalhados da vítima e do exame de corpo de delito. Outrossim, a medida é imposta ainda que o delito seja tentado, sobretudo no caso presente, em que houve violência demasiada contra a jovem vítima, que voltava de um dia normal de trabalho. Desta sorte, verifica-se imperiosa a necessidade de imposição da medida cautelar ora pleiteada, em razão da extrema gravidade do delito, praticado à luz do dia, mediante violência e grave ameaça, e que poderia ter evoluído – caso não tivesse a vítima reagido incansavelmente e gritado – para um ato infracional de maior gravidade ainda. V. DA REPRESENTAÇÃO Aqui se faz efetivamente a representação. Ressalta-se que não se fala em prática de crime pelo menor, mas sim, em ato infracional análogo ao crime de roubo. Igualmente, deve se usar o termo “adolescente infrator”. Por fim, não é pedida a prisão, mas sim, a “internação cautelar” do adolescente. Registre-se, por derradeiro, que crianças (menores de 12 anos de idade), não se submetem à medidas socioeducativas, mas apenas à medidas de proteção, ficando tais situações a cargo do Conselho Tutelar. DA REPRESENTAÇÃO Assim, diante dos elementos acima expostos, REPRESENTO, com fulcro no art. 106 e no art. 122, inciso I, ambos do Estatuto de Criança e do Adolescente, pela INTERNAÇÃO CAUTELAR de XXXX, pela prática de ato infracional cometido com violência e grave ameaça à vítima. Local, data. DELEGADO DE POLÍCIA Atenção para não identificar a peça. REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO I. ENDEREÇAMENTO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE XXXX II. DADOS DO PROCEDIMENTO Inquérito Policial: 0000 Natureza: art. XXX Investigados/representados: XXX, YYY e WWW III. PREÂMBULO A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA, neste ato representada por seu Delegado de Polícia signatário, REPRESENTA pela QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO em desfavor de XXX, YYY e WWW, todos qualificados no procedimento anexo, pelos fatos e motivos a seguir expostos. IV. FATOS Local destinado a descrição fática. Cumpre mencionar que este ponto não deve ser trabalhado de forma exaustiva, porquanto não costuma pontuar em provas; portanto, faça uma breve síntese. 1. DOS FATOS Conforme dispõe o procedimento inquisitorial em tela, verifica-se que existem fortes elementos que evidenciam a prática de apropriação indevida de valores que perteciam à falecida idosa AAA. Registre-se que a filha da falecida afirmou que sua mãe, em razão de sua hipervulnerabilidade (idosa maior de 80 anos), foi influenciada pelo corretor de imóveis XXX, a vender a sua casa. Neste particular, aduziu que parte do valor da venda da casa de sua mãe, cerca de R$ 113.000,00 (cento e treze mil reais), foi utilizado em uma aplicação financeira VGBL, no Banco Bradesco, Agência n. 0000, tendo como beneficiário desta aplicação, em caso de falecimento de sua mãe, o próprio corretor de imóveis em tela. Neste prisma, urge destacar que o corretor de imóveis XXX não possui nenhum grau de parentesco com a falecida, fato este que causou não apenas estranheza, mas, sobretudo, grande perplexidade por parte de sua filha. De mais a mais, convém incluir nestas anotações que a filha da idosa teve, ainda, conhecimento que o senhor XXX vinha se identificando como pessoa de confiança de sua mãe e com isso, mesmo não sendo da família, vinha influenciando a mãe dela a fazer transações financeiras em benefício dele. Valendo dos exemplos acima e ao analisar o caso com mais proximidade, denota-se ainda, que XXX contratou 02 (duas) pessoas para cuidar da mãe da comunicante, de nomes: YYY e WWW. Em razão das cuidadoras possuírem a senha do cartão da idosa, existem suspeitas de que, tanto YYY, quanto WWW, em conluio com XXX, dilapidaram o patrimônio da falecida idosa. Diante disso, faz-se mister o afastamento do sigilo bancário dos envolvidos, no desígnio de apurar mais elementos concernentes ao fato noticiado. V. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA Fundamentar com os dispositivos legais pertinentes, iniciando com as disposições Constitucionais para, a seguir, tratar da legislação que regulamenta a matéria; por fim, súmulas e jurisprudência, se for o caso. 2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS Nos dados bancários de uma pessoa física e jurídica constam, dentre diversas informações, as movimentações financeiras de depósitos, saques, transferências, pagamentos etc. Assim, uma forma muito eficaz de se conhecer a vida, a capacidade e os relacionamentos financeiros de uma pessoa física ou jurídica é, sem dúvida, através da sua movimentação bancária. Tais informações, além de já possuírem um valor individual importante à apuração, quando confrontadas entre si e com outros elementos investigatórios permitem verificar, por exemplo, se a movimentação financeira do investigado é compatível com os seus ganhos declarados e com a sua profissão. Contudo, as movimentações bancárias se encontram protegidas pelo sigilo de dados, conforme previsão inscrita no artigo 5º, inciso XII, da Constituição da República. Entretanto, tal direito não é absoluto, havendo a possibilidade do seu afastamento, conforme previsto na Lei Complementar Federal nº 105, de 10 de janeiro de 2001, que delimita a forma e as hipóteses de quebra do sigilo bancário, in verbis: Art. 1º (...) § 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e especialmente nos seguintes crimes: I – de terrorismo; II – de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; III – de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado a sua produção; IV – de extorsão mediante sequestro; V – contra o sistema financeiro nacional; VI – contra a Administração Pública; VII – contra a ordem tributária e a previdência social; VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores; IX – praticado por organização criminosa. Destarte, com base nos fatos anteriormente narrados, o acesso aos dados bancários dos investigados se torna uma medida imprescindível à necessidade de se reunir todos os elementos de investigação que permitam a realização de outras diligências investigatórias. VI. REPRESENTAÇÃO Como nas demais peças, este parágrafo final é usado para representar efetivamente pela medida, vale dizer, pela quebra de sigilo bancário dos investigados, devendo constar nome, CPF e período. Pelo exposto, representa-se, com fulcro na Lei Complementar 105/2001, pela quebra do sigilo bancário de todas as contas de depósitos, contas de poupança, contas de investimento e outros bens, direitos e valores mantidos em Instituições Financeiras, das pessoas físicas e jurídicas abaixo relacionadas, nos períodos também indicados no quadro a seguir, fixando-se o prazo de 30 dias para resposta, a contar do recebimento da comunicação do Banco Central: INVESTIGADOS, CPF e PERÍODO: XXX - 000.000.000-00, de 30.04.2018 a 26.10.2018 YYY - 000.000.000-00, de 30.04.2018 a 26.10.2018 WWW - 000.000.000-00, de 30.04.2018 a 26.10.2018 Local, data. Delegado de Polícia REPRESENTAÇÃO PELA EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO I. ENDEREÇAMENTO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE XXXX II. DADOS DO PROCEDIMENTO Inquérito Policial: 0000 Natureza: art. XXX Investigado: XXX III. PREÂMBULO Pouco difere das demais peças. Sempre é bom constar as disposições Constitucionais atinentes à carreira, bem como os dispositivos do Código de Processo Penal, para a seguir mencionar o artigo específico da representação respectiva; neste caso, o art. 240 do CPP, o qual é atinente à busca e apreensão. A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE RORAIMA, por intermédio deste Delegado de Polícia que ora subscreve, no uso de suas atribuições legais previstas no art. 144, §4°, da Constituição Federal de 1988, art. 6, III, do Código de Processo Penal e, a fim de instruir peças decorrentes do inquérito policial acima referido, vem à presença de V. Exa., com fundamento no art. 240 do CPP, REPRESENTAR PELA BUSCA E APREENSÃO nas possíveis residências do autor XXX, situadas nos endereços XXX e YYY, pelos seguintes fatos e fundamentos: IV. FATOS Local destinado a descrição fática. Cumpre mencionar que este ponto não deve ser trabalhado de forma exaustiva, porquanto não costuma pontuar em provas; portanto, faça uma breve síntese apenas. DOS FATOS Compulsando o presente inquérito policial, verifica-se que o autor teve uma relação amorosa com a vítima por 5 anos. Ocorre que, após a ruptura do relacionamento, o autor passou a perturbar a ofendida, vale dizer, ela é empresária e o investigado, além de ameaçá-la e injuriá-la, entrou em contato com clientes dela no desígnio de ofender a sua honra objetiva e subjetiva. A seguir, restaram criados perfis falsos no “facebook”, os quais eram usados para difamar e denegrir a imagem da vítima; sendo que, inicialmente, a vítima apenas desconfiava que se tratava do seu ex-companheiro. Registre-se que a vítima compareceu novamente a esta Delegacia especializada, ocasião em que aduziu ter sido ameaçada, pois o autor referiu que iria colocar fogo no escritório dela com a vítima dentro. Com efeito, a vítima apresentou representação e requerimento, no desígnio de continuarem as investigações. Outrossim, restaram acostadas mensagens enviadas pelo autor, dentre as quais verificou-se novas ameaças e injúrias. A seguir, restou inquirido WWW, o qual é funcionário da imobiliária da vítima. Ele relatou que o investigado XXX havia contado a ele que “jogou merda no ventilador”, pois postou ‘tudo’ no “facebook”, vale dizer, que a ofendida era uma “puta” e que era amante dos corretores. Ato seguinte, restaram deferidas medidas protetivas de urgência pelo Poder Judiciário. Sobreveio, então, petição do procurador da ofendida, o qual trouxe a “notitia criminis” de que o autor teria criado um perfil falso no “facebook” de nome “COBRADOR”, ocasião em que se fez passar pela vítima para entrar em contato com clientes da imobiliária. Ocorre que, de acordo com a conversa acostada, o número informado pelo autor [(099)99999999] confere com a fatura de telefone em nome de XXX, o que torna clara a autoria do delito do art. 307 do CP. Diante disso, compareceu a ofendida novamente a esta delegacia, acompanhada de seu advogado, relatando que o autor continua a persegui- la através de perfil falso no “facebook”, prejudicando a sua imagem e a imagem de sua empresa imobiliária. Foi peticionado pelo advogado, no sentido de se pleitear a quebra do sigilo do IP do computador do perfil do qual partiu as mensagens do autor. Nada obstante, o “facebook” não atendeu as ordens da justiça, motivo pelo qual se optou pela busca e apreensão dos computadores e aparelhos celulares do autor, no desígnio de corroborar a sua autoria. V. TÓPICOS EXTRAS A estrutura das peças, conquanto tenha formalidade mínima que deve ser observada, permite que o candidato crie tópicos “extras” para explicar melhor algum ponto, de modo a deixar mais organizada a resposta. Essa possibilidade pode ser adotada em qualquer peça, conforme exemplo abaixo, no qual se abre um tópico para tratar especificamente do tema “cyberstalking”. DA PRÁTICA DELITIVA POR MEIO DA INTERNET (“CYBERSTALKING”) “Cyberstalking”, do termo original da língua inglesa, ou “ciberperseguição”, é uma forma relativamente nova de crime eletrônico que afeta diretamente suas vítimas com razoável gravidade através de uma violência invisível. O termo “stalking” é uma palavra de origem inglesa derivada da tradução do verbo “to stalk”, o qual é traduzido como ficar à espreita, vigiar, espiar. O ordenamento penal brasileiro, tipifica a “perseguição” de forma genérica como contravenção de perturbação da tranquilidade, conforme descrito no artigo 65 da Lei de Contravenções Penais: “Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável. Pena prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa”. Desta forma, a perseguição está tipificada como uma infração penal de menor potencial ofensivo, mas com a possibilidade de aplicação das medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha caso a perseguição esteja relacionada ao gênero feminino, prevalecendo as relações domésticas, o que ocorre “in casu”. Importante destacarmos que na maioria dos casos de “cyberstalking”, o autor se aproveita do anonimato para ofender a vítima, divulgar informações falsas sobre ela ou praticar outros atos ilegais, o que permitirá que ele seja responsabilizado na esfera criminal, por crime contra a honra, bem como nas sanções previstas no Código Penal, artigo 307: “Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave”. Assim, mesmo com as medidas protetivas de urgência deferidas, dentre as quais, a de afastamento da vítima e não manter contato com ela, o autor, no desígnio de ludibriar a justiça, usa de anonimato para continuar a difamar e denegrir a imagem e a honra da ofendida, através de perseguição por intermédio da rede mundial de computadores. VI. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA Fundamentar com os dispositivos legais pertinentes, iniciando com as disposições Constitucionais para, a seguir, tratar da legislação que regulamenta a matéria; por fim, súmulas e jurisprudência, se for o caso. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS Diante do exposto, cumpre indicar a existência de indícios razoáveis da prática das diversas infrações penais já citadas, vale dizer, injúria, difamação, ameaça, perturbação da tranquilidade, falsa identidade, por diversas vezes, merecendo a apuração mais detalhada a fim de angariar provas quanto à materialidade delitiva e, com isso, desencadear a devida instrução do presente procedimento policial. Salienta-se que, ante a reiterada prática delitiva e, sobretudo por tentar ludibriar a justiça - que já havia deferido medidas protetivas de urgência - na residência do investigado podem haver computadores e aparelhos celulares, os quais, além de servir como prova, poderão prevenir a prática de outros delitos análogos aos ora narrados. Com efeito, a Constituição Federal em seu artigo 5º, XI, indica que: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Deriva de uma perspectiva de direito fundamental à intimidade (familiar e individual), que exige respeito a uma esfera mínima de desenvolvimento da personalidade humana, portanto, uma manifestação última da dignidade da pessoa humana. JOSÉ AFONSO DA SILVA assevera que a casa como asilo inviolável do indivíduo comporta o direito à vida doméstica livre de intromissão estranha, o que caracteriza a liberdade das relações familiares (a liberdade de viver junto sob o mesmo teto), as relações entre pais e filhos menores, as relações entre os dois sexos (intimidade sexual)2. Ainda, a Constituição da República faz menção do período diurno porque visa assegurar o preceito da inviolabilidade domiciliar dando maior “proteção à finalidade última do princípio constitucional que é a proteção do asilo inviolável, assegurando que o indivíduo tenha um local seguro de repouso durante a noite (…) a noite é o momento mais propício para arbitrariedades, pois provavelmente não haverá a fiscalização da sociedade sobre o ato”3. 2 Curso de Direito Constitucioal Positivo, 20ª Ed, São Paulo, Malheiros, 2002, p. 206. 3 ÁVILA, Thiago André Pierobom de. Pode a diligência de busca domiciliar estender -se durante a noite? Jus Navegandi. Teresina, ano 14 n 2280, 28/9/2009. Todavia, o “Supremo Tribunal Federal já decidiu que mesmo sendo a casa o asilo inviolável do indivíduo, não pode ser transformado em garantia de impunidade de crimes que, em seu interior se praticam”4. Isso porque, uma das características dos direitos e garantias fundamentais é a relatividade e limitação. Dessarte, “neste sentido, nenhum direito fundamental pode ser usado como garantia de impunidade para a prática de atividades ilícitas, razão pela qual os direitos fundamentais não são tidos como absolutos ou ilimitados”5. Assim, o artigo 6, inciso II, do Código de Processo Penal prevê como dever da autoridade policial “apreender os instrumentos e todos os objetos que tiverem relação com o fato”, bem como (inciso III) colher todas as provas necessárias para elucidação do fato e sua autoria, além de prender criminosos procurados pela Justiça. O artigo 240, §1° do mesmo diploma legislativo, dispõe que serão realizadas quando “fundadas razões a autorizem”. JÚLIO FABBRINI MIRABETE indica que para o deferimento basta a prova não plena, “uma probabilidade de procedência da alegação, suficiente para as medidas preliminares como arresto, sequestro, prisão preventiva, apreensão etc”6. Ainda, é a posição do Superior Tribunal de Justiça, indicando que o deferimento da ordem de Busca e Apreensão prescinde a instauração formal de Inquérito Policial: “STJ: a teor do artigo 6, inciso II, do CPP, pode a autoridade policial, ao tomar conhecimento de fato criminoso, determinar a busca e apreensão de 4 Moraes, Alexandre de, Direito Constitucional, Editora Atlas, 16ed, p. 83. 5 HOLTHE, Leo Van, Direito Constitucional, editora Juspodivm, ano 2010, p.350 6 Processo Penal, Atlas, 2004, p. 276 objetos relacionados com o mesmo, antes mesmo da instauração do respectivo inquérito policial” (RT 665/333). VII. REPRESENTAÇÃO Como nas demais peças, este parágrafo final é usado para representar efetivamente pela medida, vale dizer, pela quebra de sigilo bancário dos investigados, devendo constar nome, CPF e período. Isto posto, com base na situação fática apresentada e em razão dos fundamentos jurídicos esposados, tenho por necessário para a completa apuração dos fatos, ante a notícia do delito, representar por MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO, visando apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos (art. 240, §1º, b, do CPP), bem como descobrir objetos necessários à prova da infração (art. 240, §1º, e, do CPP), apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato (art. 240, §1º, f, do CPP) e colher qualquer elemento de convicção (art. 240, §1º, h, do CPP), no seguinte endereço: 1. nas possíveis residências do investigado XXX, situadas às Ruas xxx. Outrossim, solicitamos que Vossa Excelência especifique o critério do horário de cumprimento (caso se adote o critério horário) ou que seja efetuado até o crepúsculo, como também salientando que, conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial, com início da Busca e Apreensão durante o dia, é possível estender-se ao período noturno, caso seja indispensável para ultimar as diligências. Informo que, em caso de concessão, as diligências serão cumpridas por esta autoridade policial e/ou agentes policiais civis, salvaguardando os direitos fundamentais do investigado. Lá, com urbanidade, os agentes lerão e mostrarão o mandado ao morador (e/ou representante legal), convidando-o a entregar o objeto da procura, e em caso de recalcitrância do morador (e/ou representante legal), poderão ser arrombadas portas, janelas, cofres para encontrar o objeto da procura, tudo em consonância com a lei adjetiva. VIII. REPRESENTAÇÃO PARA ACESSO AOS DADOS CONSTANTES EM APARELHO CELULAR Embora existam decisões que dispensam autorização judicial para acesso aos dados de aparelhos celulares apreendidos, recomenda-se o candidato criar um pequeno tópico neste sentido no intuito de se resguardar caso apareça no espelho. DA REPRESENTAÇÃO PARA ACESSO AOS DADOS CONSTANTES EM EVENTUAL APARELHO DE TELEFONE CELULAR APREENDIDO É cediço que grande parte das atividades criminosas ocorrem via conteúdo telemático, mormente com a ampla difusão de programas de relacionamento e plataformas de mídia social, como facebook e whatapp. Desta feita, a despeito de entendimento de que o acesso aos dados cadastrais constantes em telefone celular apreendido em
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