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Direitos Humanos MECANISMOS CONVENCIONAIS NÃO CONTENCIOSOS Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos das Nações Unidas, que formam o Sistema Convencional, podem ser listados a partir da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966) e seus protocolos facultativos, do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966) e seu protocolo facultativo, da Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (1979) e seu protocolo facultativo, da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984) e seu protocolo facultativo, da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e seus protocolos facultativos, da Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e suas Famílias (1990), da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) e da Convenção para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimentos Forçados (2006). Como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais já foram objeto de análise, verificaremos os demais tratados que compõem os mecanismos convencionais não contenciosos do Sistema Internacional de Proteção aos Direitos Humanos. Diante dos termos da Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, o Estado Parte responsabiliza-se internacionalmente pelos atos racistas praticados e pela imissão em apurar os casos de discriminação racial por particulares. CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL Para tanto, endente-se por discriminação racial, de acordo com o art. 1º da Convenção (Brasil, 1969): qualquer distinção, exclusão restrição ou preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano ( em igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida pública. Direitos Humanos Para o monitoramento da proteção e a garantia dos direitos assegurados nessa convenção, instituiu-se o Comitê para Eliminação da Discriminação Racial e adotaram-se os mecanismos de relatórios, comunicações interestatais e petições individuais. Em um primeiro momento, a convenção previa apenas como formas de monitoramento dos seus termos a instituição do Comitê para Eliminação da Discriminação contra as Mulheres e o mecanismo de relatórios. Contudo, posteriormente, por meio de protocolo facultativo, foi instituído o sistema de petições individuais para que qualquer mulher vítima de violação aos seus direitos pudesse denunciar o caso perante o comitê. A Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela ONU em 1984, designou como tortura, em seu art. 1º (Brasil, 1991), CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES Diante dos termos estabelecidos por essa convenção, os Estados têm o dever de adotar medidas de cunho administrativo, legislativo e judicial para impedir a prática de atos de tortura em toda a extensão de sua jurisdição. Não é possível, portanto, a alegação de qualquer circunstância excepcional, como ameaça ou estado de guerra, instabilidades políticas internas etc. qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. A Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher descreve como discriminação contra a mulher , em seu art. 1º (Brasil, 2002), CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo. Direitos Humanos Para o monitoramento desse tratado, quatro mecanismos podem ser utilizados – o Comitê contra Tortura, os relatórios periódicos dos Estados, as comunicações interestatais e as petições individuais. O monitoramento do cumprimento dos termos dessa convenção pode ser realizado pelo Comitê para os direitos das crianças e pelo mecanismo de relatórios periódicos dos Estados Partes. A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e suas Famílias foi adotada pela ONU em 1990, por meio da Resolução n. 45/158 (Fachin, 2019), em virtude da consciência da comunidade internacional quanto à situação de vulnerabilidade que frequentemente os trabalhadores migrantes e membros de suas famílias enfrentam no Estado onde conseguem um emprego. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES MIGRANTES E SUAS FAMÍLIAS A Convenção sobre os Direitos da Criança (Fachin, 2019), adotada pela ONU em 1989, considera criança toda pessoa menor de 18 anos, salvo quando atingida por meio da legislação nacional a maioridade antes, impondo aos Estados a adoção de medidas administrativas, legislativas e outras que se fizerem necessárias para a implementação dos direitos reconhecidos nesse tratado, sempre observando o interesse da criança. CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA A convenção conta ainda com três protocolos facultativos, um que trata do envolvimento de crianças em conflitos armados (2000), outro que se refere a venda de crianças, prostituição e pornografia infantil (2000) e, por fim, o que diz respeito ao procedimento de comunicações (2011). Há, portanto, dispositivos que buscam a proteção dos direitos desses trabalhadores e de suas famílias independentemente da sua situação migratória, no sentido de dispor acerca da não discriminação, dos direitos de todos os trabalhadores migrantes, dos direitos adicionais de migrantes documentados, das disposições aplicáveis a categorias especiais de trabalhadores migrantes e membros de suas famílias, da promoção de condições saudáveis, equitativas, dignas e legais no que se refere à migração internacional destes, entre outras situações. Direitos Humanos O monitoramento dessa convenção conta com a atuação do Comitê sobre os direitos das pessoas com deficiência, os relatórios periódicos e, por meio de protocolo facultativo, com o sistema de petições individuais. A Convenção para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimentos Forçados (Fachin, 2019) dispõe que nenhuma pessoa será submetida a essa prática e não admite qualquer justificativa para isso. O desaparecimento forçado constitui a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer outra forma de privação da liberdade perpetrada pelo Estado por meio de seus agentes ou diante de seu apoio e a recusa em admitir tal ato ou declarar o paradeiro da pessoa desaparecida. CONVENÇÃO PARA A PROTEÇÃO DE TODAS AS PESSOAS CONTRA DESAPARECIMENTOS FORÇADOS A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência busca promover, proteger e assegurar o exercício plenoe equitativo de todos os direitos humanos para pessoas com deficiência e promover o devido respeito pela sua dignidade, que lhe é inerente. Para tanto, entende como pessoas com deficiência aquelas que “têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas” (Brasil, 2009). CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Para monitoramento da observância dessa convenção, não há previsão de relatórios periódicos, mas o comitê pode requerer informações sempre que entender necessário. Ademais, é possível que este receba comunicações individuais ou interestatais de eventuais violações aos direitos humanos protegidos por esse tratado.