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FICHAMENTOS - DIREITO

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FICHAMENTOS
- Aluno
CAPÍTULOS I E V DO LIVRO “TEORIA PURA DO DIREITO”, DE HANS KELSEN
I. O DIREITO E NATUREZA
A Teoria Pura do Direito é uma das teorias mais importantes da história do Direito, representando um marco para o positivismo jurídico. Na visão de Kelsen, se trata de uma teoria geral do Direito, que fornece uma teoria de interpretação geral, não uma interpretação particular de normas jurídicas. 
Ao denominar tal teoria como pura, o autor quis destacar se tratar de uma teoria que buscou afastar conceitos da filosofia e da sociologia, focando apenas na aplicação do Direito. Assim, ela se propôs a garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto. Logo, o objetivo principal de Kelsen era isolar o Direito dos fatores políticos, sociais e filosóficos.
Isso ocorreu porque, segundo o autor, durante os séculos XIX e XX, havia uma confusão entre a ciência jurídica tradicional, a psicologia, a sociologia, a ética e a teoria política. 
Contudo, para que fosse efetivada a separação entre as grandezas, era necessário entender a natureza da ciência jurídica: se natural ou social. Na visão de Kelsen, entretanto, essa dicotomia não era tanto relevante, tendo em vista que a sociedade, quando entendida como a real ou efetiva convivência entre homens, pode ser pensada como parte da vida em geral e, portanto, como parte da natureza. Dessa forma, as ciências naturais e as ciências humanas não eram tão diferentes na medida em que deveriam estudar os fatos que estavam acontecendo na época. 
O Direito, por exemplo, uma resolução parlamentar, um ato administrativo, uma sentença judicial, um negócio jurídico, um delito, etc. Podemos distinguir dois elementos: primeiro, um ato que se realiza no espaço e no tempo, sensorialmente perceptível, ou uma série de tais atos, uma manifestação externa de conduta humana; segundo, a sua significação jurídica, isto é, a significação que o ato tem do ponto de vista do Direito. Tais atos terá dois objetos, um objetivo e um subjetivo, sendo o objetivo a interpretação oficial dada pelo Direito ao ato e sendo subjetivo aquela compreensão dadas pelos outros indivíduos. Entretanto, tal ato apenas passa a fazer parte dos direitos quando é dotado de significação jurídica. 
Normalmente, a significação jurídica passa a ser dada a partir da norma. Esta, por sua vez, funciona como um esquema de interpretação, por outras palavras: juízo em que se enuncia que um ato de conduta humana constitui um ato jurídico é o resultado de uma interpretação especifica, a saber, de uma interpretação normativa. A norma, par ao autor, quer dizer algo que deve ser ou acontecer, especialmente que um homem se deve conduzir de determinada maneira. Segundo Kelsen, os ordenamentos jurídicos são formados por uma ordem hierárquica, na qual predomina a norma fundamental sobre as demais normas, de forma que as normas inferiores possuam fundamento na norma fundamental. Assim, a norma é um dever-ser e ato de vontade de que ela constitui o sentido é um ser. 
Sob essa perspectiva, os fatos jurídicos são compostos por atos que obtém a sua significação pela norma e esta significação é sempre arbitrária, fruto da convenção humana, não há uma necessidade ou uma determinação normativa, ou seja, uma norma jurídica não decorre necessariamente de uma característica da natureza, que os homens conseguem aprender através da razão ou pelo designo divino, como apresentam diversas versões do jusnaturalismo. 
Assim, o Direito deveria se desvincular da sociologia e da filosofia por que as normas que o compõem constituem um arbítrio humano, não cabendo à ciência jurídica a análise dos valores consagrados nas normas. 
V. DINÂMICA JURÍDICA
Hans Kelsen se dedica a estudar sobre o fundamento de validade de uma ordem. Para autor, se o Direito é concebido como uma normativa, como um sistema de normas que regulam a conduta de homens, surge o questionamento acerca do que seria uma norma determinada que pertence a determinada ordem. O fundamento de validade de uma norma, na verdade, apenas pode ser a validade de outra norma apenas pode ser a validade de uma outra norma, uma norma superior. 
Sob a ótica do Direito Internacional, essa norma fundamental seria aquela formada a partir do pacto entre os países. 
Assim, retornamos ao conceito trazido por Kelsen de pirâmide e hierarquia de normas. A norma fundamental, nesse caso, seria uma fonte comum, na qual todas as outras normas do ordenamento se fundam. A Constituição, nesse sistema, seria o escalão de Direito positivo mais elevado, entendida num sentido material.
De acordo com a natureza do fundamento de validade, pode-se distinguir dois tipos diferentes de sistemas de normas: um tipo estático e um tipo dinâmico. No sistema jurídico estático, a conduta dos indivíduos é determinada por força do conteúdo das normas que o compõem, por a validade vai ser conduzida a uma norma cujo conteúdo pode ser subsumido o conteúdo das normas que formam o ordenamento, sendo ela a norma fundamental. 
No geral, entretanto, os sistemas adotam uma posição dinâmica, na qual uma norma jurídica não vale porque tem um determinado conteúdo, mas sim em razão da forma como foi fixada no ordenamento. Nesse contexto, a norma fundamental de uma ordem jurídica não é uma norma material que, por o seu conteúdo ser havido como imediatamente evidente, seja pressuposto como a norma mais elevada da qual possam ser deduzidas como o particular geral. As normas de uma ordem jurídica têm de ser produzidas através de um ato especial de criação. Se tratam de normas já postas, positivas, elementos de uma ordem consolidada. 
Na medida em que só através da pressuposição da norma fundamental se torna possível interpretar o sentido subjetivo do fato constituinte e dos fatos postos de acordo com a Constituição como seu sentido objetivo, quer dizer, como normas objetivamente válidas, pode a norma fundamental, na sua descrição pela ciência jurídica e se é licito aplicar por analogia um conceito da teoria do conhecimento de Kant, ser designada como a condição logica transcendental desta interpretação. Assim como Kant pergunta: como é possível uma interpretação, alheia a toda a metafisica, dos fatos dados aos nossos sentidos nas leis naturais formuladas pela ciência da natureza. 
Como a norma fundamental é o funcionamento é fundamento de validade de todas as normas pertencentes a uma e mesma ordem jurídica, ela constitui a unidade na pluralidade destas normas. Esta unidade também se exprime na circunstância de uma ordem jurídica poder ser descrita em proposições jurídicas que se não contradizem. Assim, surge o problema do conflito entre as normas. 
O conflito de normas surge quando uma norma determina de certa conduta como devida e outra norma determinada também como devida outra conduta, inconciliável com aquela. Uma norma, porém, não é verdadeira nem falsa, mas válida ou inválida. 
As normas que estão em conflito umas com as outras podem ser postas ao mesmo tempo, assim que sucede quando uma a mesma lei se encontram duas disposições que contrariam uma à outra, dessa forma então haveria as seguintes possibilidades de resolver o conflito, ou se entende as duas disposições no sentido em que é deixada ao órgão competente para aplicação da lei, a um tribunal, por exemplo, ou quando no segundo exemplo as duas normas só parcialmente se contradizem que uma norma limita a validade da outra. 
Um conflito também pode existir entre normas individuais, entre duas decisões judiciais, particularmente quando as duas normas foram postas por órgãos diferentes. Uma lei pode conferir competências de um dos tribunais para decidir o mesmo caso, sem emprestar à decisão de um dos tribunais o poder de anular a decisão do outro. 
No que tange à legitimidade e efetividade da norma, Kelsen aponta que as normas de uma ordem jurídica valem enquanto a sua validade não termina, de acordo com o preceitos dessa ordem jurídica. Na medida em que uma ordemjurídica regula a sua própria criação e aplicação, ela determina o começo e o fim da validade das normas jurídicas que a integram. Trata-se de um principio apenas aplicável a uma ordem jurídica estatal com uma limitação muito importante nos casos de revolução, em que não se encontra qualquer aplicação. Ou seja, o princípio da legitimidade é limitado pelo princípio da efetividade.
Já sob o aspecto da validade e da eficácia, destaca-se que, assim como na norma de dever-ser, como sentido do ato de ser que a põe, se não identifica com este ato, assim a validade de dever-ser de uma norma jurídica se não identifica com a sua eficácia da ordem do ser; a eficácia da ordem jurídica como um todo e a eficácia de uma norma jurídica singular são tal como o ato que estabelece a norma condição da validade. 
Tal eficácia é condição no sentido de que uma ordem jurídica como um todo e uma norma jurídica singular já não são consideradas como válidas quando cessam de ser eficazes. Mas também a eficácia de uma ordem jurídica não é tampouco como o fato que a estabelece, fundamento da validade.
Há uma clara dicotomia entre a teoria pura do Direito e a doutrina do direto natural. O que ocorre é que, enquanto teoria positivista, nenhuma ordem jurídica positivista pode ser considerada como não conforme à sua norma fundamental, e, portanto, como não válida. O conteúdo de uma ordem jurídica positiva é completamente independente da sua norma fundamental. Toda ordem coerciva globalmente eficaz pode ser pensada como ordem normativa objetivamente válida. A ordem jurídica positiva pode se recusar a validade por causa do conteúdo das suas normas. 
Dado que a norma fundamental, como norma pensada ao fundamentar a validade do direito positivo, é apenas a condição logica-transcendental desta interpretação normativa, ela não exerce qualquer função ético-politica mas tão somente uma função teórico-gnosiológica. 
Como a teoria pura do Direito, enquanto teoria jurídica positiva, não fornece, com a norma fundamental do Direito positivo por ela definida, qualquer critério para apreciação da justiça ou injustiça daquele Direito e, por isso também não fornece qualquer justificação ético-política do mesmo, ela é mutas vezes considerada como insatisfatória. 
Um problema identificado por Kelsen com relação aos direitos naturais é que os representantes do Direito natural não proclamam em único direitos naturais e sim vários direitos naturais, muitos, segundo o autor, diversos entre si e contraditórios uns com os outros. 
CAPÍTULOS 2.1 A 2.3 DO LIVRO “TEORIA GERAL DOS PRINCÍPIOS”, DE HUMBERTO ÁVILA
1. DISTINÇÕES IMPORTANTES
Humberto Ávila foi um dos grandes pensadores da Teoria Geral dos Princípios. Neste texto, o autor apresenta algumas distinções importantes para o entendimento da matéria. 
A primeira distinção que trazida é dos conceitos de texto e norma. Para o autor, as normas são frutos da interpretação sistemática dos textos e dos dispositivos. Nesse caso, não existe correspondência entre norma e dispositivo, de modo que nem sempre que houver um dispositivo, haverá uma norma. Da mesma forma, uma norma pode existir mesmo que não haja qualquer dispositivo que sirva como suporte. Ou seja, onde houve rum, não necessariamente haverá outro.
Outra distinção apresentada é entre os termos descrição, construção e reconstrução. Segundo Humberto Avila, essa distinção em especial é importante porque levam ao entendimento de que a atividade do intérprete não consiste em meramente descrever o significado previamente existente dos dispositivos. Assim, não é plausível o entendimento de que a aplicação do direto envolve uma atividade de subsunção entre conceitos prontos antes mesmo do processo de aplicação. Na verdade, o que ocorre é que o interprete reconstrói o sentido apresentado, tendo em vista a existência de significados incorporados ao uso linguístico e construídos na comunidade do discurso. Trata-se do processo de interpretação, o qual implica na construção de algo a partir de outro algo. 
Essa perspectiva implica na desconstrução do entendimento de que o interprete meramente descreve os significados da norma em detrimento da perspectiva na qual o interpreta reconstrói os sentidos, somando as conexões ao caso em julgamento. 
2. PANORAMA DA EVOLUÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE PRINCÍPIOS E REGRAS
Após trazer as distinções que entendeu importantes, o autor nos apresenta um panorama acerca da evolução da distinção entre princípios e regras. 
Inicialmente, destacou que a definição para regras e princípios já havia sido apresentada por outros autores. Logo, o seu trabalho se restringiu à descrição dos fundamentos dos trabalhos mais importantes sobre o tema e, ainda, analisar os critérios de distinção adotados, de forma objetiva e critica. 
Para Josef Esser, princípios são aquelas normas que estabelecem fundamentos para que determinado mandamento seja encontrado. Seguindo o mesmo caminho, Karl Larenz aponta que os princípios são como normas de grande relevância para o ordenamento jurídico, estabelecendo fundamentos normativos para a interpretação e aplicação do Direito, deles decorrendo normas de comportamento. Já para Canaris, os princípios se diferenciam das regras, em primeiro lugar, porque possuem um conteúdo axiológico, e, em segundo lugar porque há um modo de interação específico com outras normas, vez que recebem seu conteúdo de sentido somente por meio de um processo dialético de complementação e limitação. Para Alexy, por sua vez, os princípios jurídicos consistem apenas em uma espécie de normas jurídicas por meio da qual são estabelecidos deveres de otimização aplicáveis em vários graus, sendo as possibilidades normativas e fáticas. 
Alexy e Dworkin apontavam que os princípios, ao contrario das regras, possuem dimensão de peso, demonstrável na hipótese de colisão entre princípios. A diferença entre as teorias dos dois autores é que a distinção elaborada por Dworkin não consiste numa distinção de grau, mas numa diferenciação quanto à estrutura lógica, baseada em critérios classificatórios, em vez de comparativos, como afirma Alexy. Este autor, por sua vez, apontava que os princípios eram deveres de otimização, cuja aplicação no caso concreto construía a norma. 
3. CRITÉRIO DE DISTINÇÃO ENTRE PRINCÍPIOS E REGRAS
A partir das definições apontadas ao logo da história a respeito do que seriam os princípios, Avila foi capaz de identificar uma série de critérios utilizados. 
O primeiro deles é o critério hipotético-condicional, que se fundamenta no fato de as regras possuírem uma hipótese e uma consequência que predeterminam a decisão, enquanto os princípios apenas indicam o fundamento a ser utilizado pelo aplicador para futuramente encontrar a regra para o caso concreto. O critério diferenciador referente ao caráter hipotético-condicional é relevante na medida em que permite verificar que as regras possuem um elemento frontalmente descritivo, ao passo que os princípios apenas estabelecem uma diretriz. Esse critério não é, porém, infenso a críticas, segundo Avila, tendo em vista ser impreciso.
O segundo critério é o modo final de aplicação, que se sustenta no fato de as regras serem aplicadas de modo absoluto tudo ou nada, ao passo que os princípios são aplicados de modo gradual mais ou menos.
Em terceiro lugar, o critério do relacionamento normativo, que se fundamenta na ideia de a antinomia entre as regras consubstanciar verdadeiro conflito, solucionável com a declaração de invalidade de uma das regras ou com a criação de uma exceção, ao passo que o relacionamento entre os princípios consiste num imbricamento, solucionável mediante ponderação que atribua uma dimensão de peso a cada um deles. Em quarto lugar, há o critério do fundamento axiológico, que considera os princípios, ao contrário das regras, como fundamentos axiológicos para a decisão a ser tomada.
FICHAMENTO DO TEXTO “A POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS NO SISTEMA JURÍDICO”, DE NIKLAS LUHMANN
Inicialmente, o autor aponta que a posição dos Tribunais no sistema jurídico é determinada preponderantementepela distinção entre legislação e jurisdição, sendo esta distinção vista como um instrumento de autodisciplina do sistema jurídico. 
Trata-se de uma diferenciação que ganhou maior destaque a partir do séc. XVIII, vez que anteriormente existia um jogo de um princípio de significação apenas limitada, necessário apenas para efeitos de técnica de regulamentação. A partir do período mencionado, os homens passaram a aceitar, sob a proteção do Direito natural e do Direito da razão, a ideia de que todo e qualquer Direito é Direito Positivo segundo a substancia das normas e a efetividade; somente com isso a ideia da autolimitação se agudiza. 
Tal diferenciação permite uma série de consequências, principalmente no que tange aos campos ideológico, político e jurídico: i) possibilidade de incluir os fundamentos da vigência do Direito no próprio sistema jurídico na forma de uma lei constitucional; ii) os fundamentos da vigência legislativa podem ser ampliados; iii) a tradicional função administrativa local dos Tribunais como órgãos das instancias centrais é limitada significativamente e finalmente delegada integralmente às autoridades administrativas especialmente criadas para tal fim; e iv) concede-se gradativamente também à vontade privada um poder de disposição cada vez maior sobre o símbolo “vigência do Direito”, e isso na forma de uma liberdade contratual isenta de toda e qualquer coação de tipos, o que gera efeitos também nas noções de liberdade política e a separação estrita de legislação e jurisprudência desde o séc. XIX, criando a possibilidade de sujeitar um lado à vontade política e o outro à vontade privada. 
A análise histórica das causas, que forneceram à distinção entre legislação e jurisprudência o seu significado atual, explica ao mesmo tempo determinadas fraquezas da descrição teórica dessa distinção. A sua posição central enquanto armação estrutural para o processamento de questões jurídicas quase não é negada e é questionada 'criticamente' apenas de longe e sem consideração de outras possibilidades. 
É, na verdade, a vigência de uma Constituição em termos de Direito Positivo que faz com que a hierarquização da relação entre a legislação e a jurisprudência se torne questionável. Ou seja, a simples existência das Cortes Constitucionais suscita dúvidas sobre se a descrição hierárquica da relação entre legislação e jurisprudência faz justiça ao problema ou se ela representa apenas uma solução de emergência, à qual recorremos por ela nos parecer, num primeiro momento, apropriada para dissolver a circularidade autorreferencial do sistema jurídico diferenciado ,que é a sua própria fonte de direito.
No mundo fático, o sistema jurídico orienta-se com vistas a um mundo contingente. O que ocorre é que, para o autor, essa contingência corresponde ao fato de que o sistema deve implementar a sua própria autopoieses num mundo circundante, cuja complexidade ele não pode abarcar. Em razão disso, não existem lacunas do Direito, mas sim problemas de decisão não regulamentados por leis. Entretanto, não se pode negar o fato de que os programas do sistema jurídico não podem determinar completamente as decisões dos Tribunais. Assim, para Luhmann, os Tribunais devem, queiram ou não e independentemente da existência ou não-existência de uma motivação em termos de politica jurídica, interpretar, construir e, se for o caso, distinguir os casos, para que possam formular novas regras de decisão e testá-las quanto à sua consistência frente ao Direito vigente. E isso resulta da proibição da recusa da Justiça. 
Assim, o autor aponta que não se pode mais compreender a legislação como uma instância hierarquicamente superior à administração da Justiça, como uma instância que dá instruções a serem seguidas pelos Tribunais. Inclusive, a própria política não pode ser ordenada hierarquicamente. Trata-se, logo, de mais uma diferença entre a legislação e a jurisdição. 
Por fim, Luhmann aponta que a descrição da teoria sistêmica oferece, em contrapartida, a vantagem de poder conceber a unidade do sistema como reprodução 'autopoiética' e de poder compreender todas as distinções, com as quais essa unidade pode ser observada e descrita, como formas que apresentam sempre dois lados - seja como sistema e mundo circundante, seja como centro e periferia, seja como Direito e não-Direito. Toda a observação e descrição da unidade de uma multiplicidade ou da unidade de uma distinção fundamenta-se em última instância num paradoxo. Mas ela pode ao mesmo tempo tornar plausível a ideia de que trata apenas de um problema de observação e de que nenhum sistema chega à paralisação através da lógica. Devemos atentar apenas para a maneira pela qual o sistema dissolve o paradoxo da sua autorreferência; e uma possibilidade consiste em delegar essa tarefa a um centro do sistema, para o qual não há alternativas, portanto não há concorrência dentro do sistema.
FICHAMENTO DO TEXTO “CONSEQUENCIALISMO JURÍDICO, RACIONALIDADE DECISÓRIA E MALANDRAGEM” DE LUIS FERNANDO SCHWARTZ
Neste texto, o autor aponta algumas considerações importantes a respeito do consequencialismo. Na verdade, o texto se ocupa em identificar as condições de adequação de decisões judicantes orientada sem consequências, e com a investigação dos efeitos resultantes do confronto entre as referidas condições e as restrições informacionais que, segundo Schwartz, afetam os processos decisórios de aplicação do direito por autoridades judicantes. 
Primeiramente, o autor aponta que compreende em sua obra como consequencialista tanto a posição que reserva à valoração das consequências da decisão um papel residual no referido juízo de adequação, quanto aquela que admite, ao lado da análise consequencialista e com um peso maior ou menor no processo decisório, formas diferentes de argumentação. 
Para ele, “o valor em se adotar esse entendimento mais amplo a respeito do consequencialismo está na possibilidade de releitura de um universo significativo de opiniões de juristas e decisões de juízes como expressões de posições consequencialistas diferenciadas e de submissão desse universo de opiniões e decisões a um conjunto comum de condições universais de racionalidade. Isso porque é decisor o dever argumentativo no sentido da validação erga omnes dos juízos de fato que relacionam causalmente decisões e consequências”. 
Entretanto, ressalta-se que o alcance universal da pretensão de validade que necessariamente acompanha todo juízo consequencialista restringe-se, no entanto, à sua dimensão descritiva. O autor aponta que, do componente normativo do juízo, pode-se destacar a consistência interna desses critérios e a sua compatibilização externa com normas e práticas aceitas como devidas pelos integrantes de uma comunidade jurídica particular. 
O autor ainda aponta que “as divergências relativas a valores também podem ser discutidas de maneira racional, com algum dos participantes sendo racionalmente convencido a adotar as preferencias expressadas por outros”. Tais dissensos, contudo, não são tratados como problemáticos do ponto de vista do autor. Pelo contrário, se apresentam como dados estruturalmente inseparáveis dos processos de formação da vontade política e produção das normas do direito positivo na sociedade moderna. 
Além disso, aponta-se que “juízos consequencialistas exibem uma estrutura dual”. Esta característica é importante para a formulação de diferenciações conceituais relevantes e pesquisas empíricas acerca de padrões de decisão mais recorrentes no âmbito do Poder Judiciário brasileiro. 
Uma das criticas internas do consequencialismo se trata do argumento dos “efeitos perversos”. O autor aponta que o argumento dos efeitos perversos usa uma tática condicionalmente consequencialista. Para fins de argumentação, há uma modificação na ordem de preferencias daquele contra quem o argumento se dirige, mostrando que a decisão por este escolhida, em vez de promover a realização do estado de coisas desejado, resulta no seu oposto. Para Schwartz, o problema como a utilização deste argumento é que aidentificação das consequências geradas pela decisão é mais complexa do que se pode supor. Isso porque os limites desse campo não costumam ser perfeitamente visíveis nem mesmo no momento da tomada de decisão. 
FICHAMENTO DO TEXTO “UM MANIFESTO PRAGMÁTICO”, DE RICHARD A. POSNER
Richard Posner busca avaliar criticamente o direito norte-americano. Para isso, utiliza como bases a preocupação com a autonomia do raciocínio jurídico, com a objetividade e até mesmo com a resposta à questão jurídica mais controversa. Para o autor, a criação de um judiciário independente envolve a substituição da legitimidade politica pelo profissionalismo e experiencia prática, deflagrando uma tensão entre direito e politica no desempenho da função jurisdicional. 
Para o autor, do ponto de vista do juiz, assemelham-se mais a diretrizes ou práticas do que a ordens. Isso porque a figura possui um papel de investigação limitado em parte devido à orientação e tradição, mas em parte, também, devido a características fundamentais do empreendimento jurídico, em particular o valor corretamente atribuído à estabilidade, certeza e previsibilidade das obrigações jurídicas. Assim, “incapazes, nos casos complicados, de fundamentar a decisão ou na lógica ou na ciência, os juízes são forçados a recuar para o saco de surpresas dos métodos informais de raciocínio”, que o autor chama de razão prática. 
“O direito procura uma lógica da justificação, e não mera ou basicamente uma lógica da descoberta”. A partir dessa frase, Posner explica a importância do precedente. Para ele, os precedentes de evidente relevância têm, de fato, autoridade num tribunal de justiça, mas sua autoridade é de caráter político e não epistêmico, os juízes seguem as decisões anteriores de seu tribunal quando estão de acordo com elas, ou quando consideram a estabilidade jurídica mais importante, naquelas circunstancias, do que a compreensão correta do direito. Entretanto, “os juízes criam em vez de descobrirem o direito, e usam como insumos tanto as regras formuladas por legislaturas e tribunais anteriores quanto suas próprias preferencias éticas e sobre políticas públicas”. 
Nesse sentido, nem a epistemologia, nem a ontologia e tampouco a hermenêutica são capazes de preservar a objetividade e a autonomia do direito. Segundo Posner, nem a teoria interpretativa em geral, nem a literatura sobre a intepretação jurídica irão subscrever as interpretações objetivas do common law, das leis ou da Constituição. 
“O direito natural enquanto nome das considerações éticas e sobre politicas publicas que têm a ver com o exercício da discricionariedade dos juízos – considerações como aquelas condensadas nas máximas de equidade encontra-se em boa forma.” Mas essa perspectiva é inútil em uma sociedade heterogênea moralmente como a nossa.
“Quanto mais diversificado for o judiciário, mais sólidas serão as decisões que exigem um forte apoio em seu interior – mas menos provável será que uma determinada decisão venha a exigir tal apoio, e tanto mais exposta ficará, portanto, a contingência da doutrina jurídica.”
“O conceito de direito que emergiu aqui pode ser resumido nas teses apresentadas a seguir. Primeiro, não existe nada que se possa chamar de raciocínio jurídico [...] Em parte devido à ênfase do direito na estabilidade, a atitude cientifica e a metodologia da ciência não se sentem à vontade no direito” [...] “Segundo, em parte pelo motivo acima exposto, em parte porque muitos métodos de razão prática são desarticulados, em parte porque o ‘prejulgamento’ em si, no sentido de resistência aos argumentos racionais que contradizem antecedentes fortes, é racional, em parte porque há pouco feedback no processo jurídico.” [...] “Terceiro, um aspecto bastante afim é que os casos jurídicos complicados raramente podem ser decididos de maneira objetiva-se a objetividade for aqui entendida como algo além da razoabilidade”. [...] “Quarto, as grandes mudanças no direito frequentemente acontecem em resultado de um processo não racional que se assemelha o da conversão” [...] “Quinto, o direito é uma atividade, não um conceito ou um grupo de conceitos. É impossível, a priori, determinar o que pode ou não ser considerado como argumento em direito”. [...] “Sexto, não há mais um sentido útil em que o direito seja interpretativo. Isso se aplica tanto ao direito legislado e constitucional quanto ao common law. [...] Não há interpretações logicamente corretas; a interpretação não é um processo lógico.” [...] “Sétimo, não existem conceitos abrangentes de justiça dos quais nosso sistema jurídico possa apoderar-se para dar um rumo a sua atividade.” [...] “Oitavo e último, o direito é funcional, não expressivo ou simbólico quer em aspiração, quer - na medida em que assim se afigura até o momento - em efeito. Portanto, nas áreas em que a função social é a alocação eficiente de recursos, o direito segue apropriadamente o exemplo da economia.”
“As ortodoxias tradicionais – e neotradicionalistas, e liberais, e radicais – da filosofia do direito deveriam ser descartadas, e o empreendimento jurídico reconcebido em termos pragmáticos.”
“O movimento pragmático deu ao realismo jurídico boa parte de sua forma e conteúdo intelectuais. Porém, com o advento da Segunda Guerra Mundial, tanto o pragmatismo filosófico quanto o realismo jurídico pareceram expirar, o primeiro superado pelo positivismo logico e outra filosofia analítica pesada, o segundo absorvido pelo establishment jurídico e, em particular, pela escola do processo jurídico que alcançaria seu apogeu na década de 1950.”
“O verdadeiro interesse do pragmatista não está de modo algum na verdade, mas na crença justificada pela necessidade social”. [...] “Do ponto de vista pragmático, a ciência é um empreendimento social”. Assim, as decisões devem ser tomadas com observância à realidade social. 
“[...] o pragmatismo significa olhar para os problemas concretamente, experimentalmente, sem ilusões, com plena consciência das limitações da razão humana, como consciência do ‘caráter local’ do conhecimento humano, da dificuldade das traduções entre culturas, da alcançabilidade da verdade, da consequente importância de manter abertos diferentes caminhos de investigação, do fato de esta última depender da cultura e das instituições sociais e, acima de tudo, da insistência em que o pensamento e a ação sociais sejam avaliados como instrumentos a serviço de objetivos humanos tidos em alto apreço, e não como fins em si mesmos [...] Há demasiada confiança e muito pouca curiosidade, além de um apreço insuficiente pelas contribuições de outras disciplinas.”
“O direito não é um texto sagrado, mas uma prática social monótona, vagamente ligada por convicções éticas e políticas. A solidez das interpretações jurídicas e de outras proposições jurídicas é mais bem dimensionada, portanto, através do exame de suas consequências para o universo dos fatos.” Assim, o autor afirma que o Direito somente se consolida a partir da observação de suas consequências reais. 
“Os juízes e advogados não dispõem do tempo necessário nem da formação para conduzir investigações sistemáticas sobre as causas e as consequências do direito. Esse é um trabalho que compete à academia.”

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