Buscar

TRABALHO HERMENEUTICA JURIDICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Disciplina Projeto Integrados Hermenêutica Jurídica 
Professora Dr. Raimundo Oliveira Filho
TRABALHO DE PESQUISA – N1
Alunos: Fernanda Jesus da Silva
 Lara Gomes Lima
 Leandro Santos Araújo
 Leonardo Arcanjo Ferreira
 Marcelo Rodolfo Gonçalves
Interpretação e ordem jurídica 
Interpretar é fixar o verdadeiro sentido e alcance da norma jurídica, é aprender ou compreender os sentidos implícitos das normas jurídicas, é indagar a vontade atual da norma jurídica e fixar o seu campo de incidência.
Os elementos da interpretação jurídica
I.	Revelar o sentido ou sentidos da norma jurídica: descobrir a finalidade
II.	Fixar o seu alcance (Determinar o seu alcance, a que categoria a norma se dirige).
III.	Norma jurídica (A interpretação jurídica se volta para a norma jurídica. Norma jurídica é um conceito amplo, pode ser uma lei, os itens de um contrato, os costumes).
Necessidade da Interpretação
A interpretação sempre é necessária, mesmo quando as palavras da lei/norma jurídica sejam claras ou obscuras.
1ª razão: O conceito de clareza é extremamente subjetivo e relativo: o que parece claro para alguém pode ser obscuro para outrem.
2ª razão: Uma palavra pode ser clara de acordo com a linguagem comum e ter, no entanto, um significado específico ou técnico diferente do seu sentido vulgar.
3ª razão: No caso brasileiro, o art. 5º da lei de introdução ao código civil repele o brocardo de que na clareza cessa a interpretação pelo fato deste artigo determinar que toda e qualquer aplicação das leis devamos conformar-se “aos fins sociais e às exigências do bem comum”
 Espécies de Interpretação
• Autêntica: emana do próprio poder que produziu o ato normativo e cujo sentido e alcance ele mesmo declara por meio de outro ato normativo.
• Judicial: resultante das decisões prolatadas pela justiça por meio de sentenças, acórdãos, súmulas (vinculantes ou não).
• Administrativa: cuja fonte elaboradora é a própria administração pública direta ou indireta por meio de seus órgãos mediante pareceres, despachos, decisões, circulares, portarias.
• Doutrinária: realizada cientificamente pelos doutrinadores e juristas em suas obras e pareceres.
 Quanto à Natureza
• Literal ou Gramatical: exegese literal. Toma como ponto de partida o significado e alcance de cada palavra da norma jurídica. É calcada no pé da letra. É muito utilizada.
• Lógico-Sistemática: busca descobrir o sentido e o alcance da norma situando-a no conjunto do sistema jurídico. Busca compreendê-la como parte integrante de um todo em conexão com normas jurídicas e/ou princípios que com ela se articulam logicamente.
• Histórica: indaga acerca das condições de meio e de momento da elaboração da norma jurídica, bem como de causas pretéritas da solução dada pelo legislador (origo legis e occasio legis).
• Teleológica: busca o fim que a norma jurídica tenciona servir ou tutelar.
 
Quanto aos Resultados 
• Extensiva: intérprete conclui que o alcance da norma é mais amplo do que indicam os seus termos. Nesse caso afirma-se que o legislador escreveu menos do que queria dizer (“minus scripsit quam voluit”). O intérprete, alargando o campo de incidência da norma, irá aplicá-la a situações não previstas expressamente em sua letra, mas que se encontram virtualmente nela incluída.
• Restritiva: aquela em que o intérprete restringe o sentido da norma ou limita sua incidência, para concluir que o legislador escreveu mais do que queria escrever (“plus scripsit quam voluit”), eliminando o intérprete desta maneira a amplitude das palavras.
• Declarativa ou Especificadora: limita a declarar ou esclarecer o pensamento expresso na norma jurídica sem estendê-la nem restringi-la em acepções e alcance. É aquela em que o intérprete conclui que as palavras da lei expressam de forma exata o espírito da lei.
Ex: normas tributárias.
• Analogia: somente ocorre quando uma cláusula genérica se segue a uma fórmula casuística (minuciosa), devendo entender-se que aquela somente inclui os casos análogos mencionados por esta. Aplica-se interpretação analógica quando a própria lei determina que seus preceitos sejam complementados pela analogia.
- Nos casos de obscuridade: o interprete deve preferir o sentido mais verossímil e o mais prático.
- Nos casos de dúvida: em que a lei for suscetível de diversos sentidos, deve o interprete adotar o que for mais conforme a letra da lei ou o que for mais benigno.
- Nos casos em que a lei é silenciosa: o interprete pode aplicá-la a casos não previstos por ela, uma vez que nestes se verifiquem os mesmos motivos fundamentais, de acordo com:
1) que a parte se contenha no todo;
2) que o gênero compreenda a espécie;
3) que a mesma razão pressuponha a mesma disposição.
Na aplicação da lei
O juiz atenderá aos fins sociais a que ela se destina e às exigências do bem comum:
a) repulsa à interpretação puramente literal e à aplicação mecânica da lei;
b) repulsa ao sistema interpretativo da intenção ou vontade do legislador, substituído por aquele da razão e do fim da lei;
c) repulsa ao brocardo “in claris cessat interpretatio”, pois, se em todas as leis o intérprete não poderá deicar de considerar “os fins sociais e as exigências do bem comum”, todas as leis necessitam de interpretação, sem embaro de sua aparente clareza;
d) predomínio do caráter teleológico-valorativo da interpretação.
Fontes: https://jucamposs24.jusbrasil.com.br
Formulação geral e genérica do tipo normativo 
 Lei complementar:
 É uma lei criada para dar mais informações sobre o modo funcionamento de direitos ou obrigações (normas) que são definidos na Constituição Federal.
O projeto de lei complementar é o documento que inicia o processo legislativo para que uma lei complementar seja criada ou alterada.
A proposta de uma nova lei complementar pode ser feita:
•	Pelo presidente da República,
•	Pelos senadores,
•	Pelos deputados federais,
•	Pelos deputados estaduais,
•	Pelas comissões da Câmara dos deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional,
•	Pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
•	Por outros Tribunais,
•	Pelo procurador-geral da República.
Os cidadãos também podem propor um projeto de lei complementar. Quando o projeto é apresentado pelos cidadãos é chamado de iniciativa popular.
Para que um projeto de lei complementar seja aprovado e se torne uma lei deve ser votado e aprovado nas duas Casas que formam o Congresso Nacional: a Câmara dos deputados e o Senado Federal. A aprovação deve ser por maioria absoluta, ou seja, pela maioria do total do número de deputados federais ou senadores.
No Senado a votação acontece em um turno único. Como o Senado tem 81 senadores é preciso que pelo menos 41 senadores votem a favor do projeto de lei complementar.
Já na Câmara dos deputados a votação acontece em dois turnos. Para que o projeto seja aprovado é preciso no mínimo 257 votos a favor, do total de 513 deputados.
A lei complementar sempre trata de temas que foram definidos na Constituição Federal. Como o nome diz, ela complementa as informações sobre o modo de funcionamento de um direito, por exemplo.
A Constituição define que um direito existe e a lei complementar estabelece todos os outros detalhes sobre o seu funcionamento. É a própria Constituição que informa quando um assunto deve ser regulamentado por uma lei complementar.
Já a lei ordinária trata de outras matérias que não são definidas por uma lei complementar. Esses assuntos são chamados de matéria residual.
Em relação à votação para a aprovação de um projeto de lei a diferença é que a lei complementar deve ser aprovada por maioria absoluta e a lei ordinária por maioria simples.
A maioria absoluta é a maioria em relação ao número total de deputados ou senadores, sendo contados mesmo os que não estiverem presentes na votação. Já a maioria simples é a maioria dos parlamentares que estiverem no dia da votação do projeto de lei.
Assuntos que obrigatoriamente devem regulamentados por uma lei complementar:
•	Criação e divisão de territórios federais, estados e municípios,
•	Passagemde Forças Armadas estrangeiras pelo território do Brasil,
•	Casos de inelegibilidade de políticos,
•	Procedimentos de avaliação de servidores públicos,
•	Regras de cooperação entre a União e os estados, o Distrito Federal e os municípios,
•	Funções do vice-presidente da República,
•	Organização e funcionamento das Forças Armadas,
•	Criação de leis,
•	Organização do Ministério Público e da Advocacia-Geral da União,
•	Critérios para a cobrança de tributos,
•	Normas do Sistema Financeiro Nacional.
Lei ordinária:
Lei ordinária é a espécie normativa mais comum prevista na Constituição Federal e que edita normas de forma geral e abstrata.
As leis ordinárias podem dispor sob qualquer matéria, com exceção das que estão reservadas às leis complementares e aos assuntos internos do Congresso Nacional, que devem ser regulados por decretos e resoluções.
As leis ordinárias são consideradas atos normativos primários, ou seja, criam, modificam e extinguem direitos seguindo um processo legislativo e preceitos expressos diretamente na Constituição Federal.
A lei complementar tem seu campo de atuação determinado na Constituição Federal de forma taxativa, ou seja, algumas matérias só podem ser reguladas através desse tipo de lei. Isso ocorre em matérias que já estão previstas na Constituição de forma superficial e necessitam de complemento.
A lei ordinária dispõe sobre as chamadas matérias residuais, ou seja, todas que não são reservadas às leis complementares, decretos legislativos ou resoluções.
Segundo o STF, não existe hierarquia entre leis complementares e leis ordinárias. No entanto, a reserva de matéria tem as seguintes conseqüências: uma lei materialmente complementar não pode ser revogada por lei ordinária, (considerando que esta não pode legislar sobre aqueles assuntos), mas uma lei complementar sempre pode revogar uma lei ordinária.
A votação para aprovação de uma lei ordinária ocorre por maioria simples, ou seja, a maioria dos parlamentares que estiverem presentes no dia da votação do projeto de lei.
As leis formalmente complementares (aprovadas por maioria absoluta mas que não versam sobre matérias exclusivas de leis complementares) podem ser revogadas por leis ordinárias.
Segundo o artigo 61 da Constituição Federal, a iniciativa das leis ordinárias cabe:
•	A qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados
•	A qualquer membro do Senado Federal ou do Congresso Nacional
•	Ao Presidente da República,
•	Ao Supremo Tribunal Federal,
•	Aos Tribunais Superiores,
•	Ao Procurador-Geral da República
•	E aos cidadãos, através de iniciativa popular, sendo necessária a assinatura de, no mínimo, 1% do eleitorado do país, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.
Leis delegadas: 
As leis delegadas são leis elaboradas pelo Presidente da República após autorização do Congresso Nacional, que deverá especificar o conteúdo e os termos da delegação.
Segundo o artigo 68, §1º da Constituição Federal, as leis delegadas não podem legislar sobre:
•	Atos de competência exclusiva do Congresso Nacional;
•	Matéria reservada à lei complementar;
•	Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
•	Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
•	Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
Após aprovação da lei delegada pelo Congresso Nacional, ela entra no ordenamento jurídico com status de lei ordinária.
Medidas provisórias:
É espécie de ato normativo editado pelo Chefe do Executivo em caso de urgência e relevância. As medidas provisórias terão força de lei e deverão ser submetidas de imediato à apreciação do Congresso Nacional. O Plenário de cada uma das casas do Congresso verificará se os pressupostos constitucionais de urgência e relevância da medida foram observados, sendo que em caso afirmativo a medida será transformada em lei.
Fundamentação:
Art. 62 da CF
Decreto:
O decreto-lei é espécie de ato normativo que foi substituído na Constituição de 1988 pela medida provisória. De acordo com o artigo 55, da Constituição Federal de 1967, com redação dada pela EC nº 1/69, "o Presidente da República, em casos de urgência ou de interesse público relevante, e desde que não haja aumento de despesa, poderá expedir decretos-leis sobre as seguintes matérias: I - segurança nacional; II - finanças públicas, inclusive normas tributárias; e III - criação de cargos públicos e fixação de vencimentos". Hoje prevê a Constituição Federal, em seu artigo 62, que "em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional".
Fundamentação:
Art. 62 da CF
Regulamento:
O regulamento é um normativo legal criado para garantir a correta aplicação de determinada lei ou conjunto de leis. É garantido através de atos normativos do Poder Executivo.
Eles diferenciam-se dos atos legislativos porque no caso deste último há a necessidade da participação do Legislativo.
De maneira geral, os regulamentos são atos oriundos da própria Administração Pública estão sempre limitados pelo ato normativo do qual foram editados.
Tipos de Regulamento
Em relação a seus limites, os regulamentos são classificados em:
•	Regulamentos de Execução (também chamados de regulamento restrito);
•	Regulamentos Delegados (também chamado de regulamento autorizado);
•	Regulamentos Autônomos e
•	Regulamentos Independentes.
O regulamento serve para detalhar a execução de uma lei. Não pode de forma alguma impor ou restringir direitos nem mesmo criar direitos e/ou obrigações.
Gerados mediante o exercício do poder regulamentar, os formatos mais comuns de regulamentos são os chamados decretos regulamentares (que são normas jurídicas expedidas pelo chefe do Poder Executivo com o intuito de pormenorizar as disposições da lei).
Assim, os regulamentos são considerados atos administrativos que entram em vigência por decreto, especificando a lei ou provendo situações que ainda não foram devidamente discriminadas na referida lei.
 Seus regimentos são atos administrativos normativos de abrangência interna (assim como o aviso circular), pois se destinam unicamente a regrar o funcionamento dos diversos órgãos colegiados e também das corporações legislativas.
Agora, as resoluções são consideradas também atos administrativos normativos e são expedidas somente por altas autoridades do Poder Executivo, mas não exatamente pelo chefe deste.
Os regulamentos são elegivelmente superiores às resoluções normativas ou as individuais.
Regimento:
Nos tribunais, o regimento interno determina como é o procedimento para o julgamento de um processo que é levado à apreciação do tribunal. Sendo muito deles compostos por muitos magistrados (dezenas e até mesmo centenas), um processo submetido a julgamento não é apreciado por todos os integrantes do tribunal. É o regimento interno que determinará quem e como será o julgamento.
É comum em um regimento interno a previsão da divisão dos magistrados em grupos menores, que geralmente são denominados turmas ou câmaras, especializadas em algum ramo do direito (turmas cíveis, criminais, de direito público ou ainda mais especializadas). Muitas vezes o conjunto de turmas de determinada matéria são agrupadas em grupos maiores, chamados seções, que podem ser incumbidas de uniformizar o entendimento do tribunal a respeito de uma matéria (caso algumas turmas entendam que uma lei é aplicável em um caso específico e outras entendam que não é aplicável, o caso pode ser levado a um conjunto maior de magistrados do tribunal que julgam o mesmo assunto para tentar harmonizar o entendimento).
Resolução 
 Resolução é norma jurídica destinada a disciplinares assuntos do interesse interno do Congresso Nacional, no caso do Brasil. Também é elaborado e finalizado no âmbito legislativo, a exemplo da norma examinada anteriormente, mas esta trata de questões do interesse nacional. Os temas da resolução mais corriqueiros referem-se à concessão de licençasou afastamentos de deputados ou senadores, a atribuição de benefícios, etc. O quorum exigido para a sua aprovação é a maioria simples (Art. 47, CF/88), sendo que a sua sanção, promulgação e publicação ficam a cargo do presidente do respectivo órgão que a produziu (do Congresso, do Senado ou da Câmara dos Deputados).
Hermenêutica e interpretação da lei 
O ser humano encontra-se em um perene estado interpretativo. Todos os fatos e atos ocorridos ao seu redor são alvo de interpretação, ainda que esta não se dê de forma consciente. A interpretação proporciona o conhecimento, ao passo que este, sedimentado, integra a pré-compreensão, base para novas interpretações.
A interpretação, portanto, vai muito além da exata compreensão dos textos. Ela tem lugar em cada decisão que tomamos, em cada momento vivido, o que a torna particularmente importante para as ciências humanas.
No Direito, assim como na teologia, na filosofia, entre outros ramos do saber, procurou-se desenvolver uma hermenêutica, ou seja, um conjunto de regras e métodos que regessem o ato de interpretar.
Aqui já se pode vislumbrar a diferença entre hermenêutica e interpretação: aquela é a ciência, o conjunto de regras aceitáveis acerca desta, a interpretação, que é o ato prático de extração/imputação de sentido.
Embora haja diversos métodos para a hermenêutica jurídica e, especialmente, para a constitucional, deve-se reconhecer o consenso de que aquela ampara a interpretação das normas jurídicas aplicáveis a um caso concreto, fornecendo-lhe instrumentos seguros e predeterminados, de modo a assegurar o máximo de objetividade, neutralidade e cientificidade possível.
Interpretação:
Sabe-se que cada intérprete guarda conceitos e ideologias próprios, o que interfere nos juízos que emite. Por tal razão, não é de se estranhar que duas pessoas cultas e bem intencionadas possam divergir quanto à solução de uma causa a elas submetida. O mesmo fenômeno acontece com as interpretações divergentes operadas pelos tribunais pátrios.
A interpretação como veste, é uma atividade prática. Grande parte da doutrina permanece reproduzindo ensinamento vicioso segundo o qual a interpretação seria a arte de descobrir ou desvelar os verdadeiros significados de um texto. Tais afirmações, há longo tempo já rechaçadas pelos estudiosos alheios ao ramo do Direito, ainda permanecem com um inarredável vigor.
Solução justa:
 A argumentação jurídica é a grande ferramenta do neoconstitucionalismo. Esta interpretação constitucional se inspira numa concepção pós-positivista do direito. Tem como base e fundamento qualificação das regras, e a distinção com relação aos princípios. O direito não pode ser estudado apenas como um produto acabado, criado por uma ação legislativa, mas como processo no qual se analisa como se chega à decisão judicial. O processo de decisão precisa ser fundado em uma ótica racional do conjunto de idéias que o compõe para oferecer respostas aos operadores do Direito. O TAJ, para a solução dos casos difíceis, utiliza a técnica da ponderação, quanto houver choques de princípios fundamentais. A jurispru-dência do Supremo Tribunal Federal incorporou essa técnica à roti¬na de seus pronunciamentos. O intérprete deverá fazer concessões recíprocas entre os valores e interesses em disputa, preservando o máximo pos¬sível de cada um deles. Situações haverá, no entanto, em que será impossível a compatibilização. Nesses casos, o intérprete precisará fazer escolhas, determi-nando, in concreto, o princípio ou direito que irá prevalecer. Para tanto, utilizando-se das técnicas da Teoria da Argumentação Jurídica, entraremos resultados satisfatórios, condizentes com o Estado Democrático de Direito.
CONCEITO DE INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA
De acordo com a interpretação autêntica ou legislativa, ninguém sabe melhor a lei do que quem a criou como é o caso do poder legislativo. Levam-se em consideração os trabalhos preparatórios do legislador, a realidade social e contexto em que a lei foi criada, e os objetivos fundamentais que possibilitaram o surgimento da determinada lei.
A interpretação autêntica, desta forma, é a primeira interpretação da lei, dada pelo poder legislativo que a elaborou, o poder da interpretação autêntica advém daquele que a cria, assim como por exemplo uma interpretação através de doutrina será uma interpretação doutrinaria. 
Porém o legislador não e necessariamente uma pessoa que tem conhecimento técnico científico para a elaboração da Lei. Ela inicia-se com uma justificativa do real motivo para a criação da referida lei. 
AUTENTICIDADE MAIOR DA INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA
A interpretação autêntica se processa mediante a elaboração de leis interpretativas, ou seja, leis que têm por finalidade a determinação do sentido de uma norma jurídica, segundo Kelsen ela separa claramente a interpretação autêntica, levada em consideração única e exclusivamente por um órgão aplicador do direito de todo outro tipo de interpretação que, não sendo autêntica, não cria direito. Só o órgão aplicador do direito cria direito. 
“pode produzir uma norma que se situe completamente fora da moldura que a norma a aplicar representa” (KELSEN: 1984; 471)
ORIGEM DA PALAVRA DOUTRINÁRIA
A etimologia da palavra e de suma importância para a sua aplicação, ainda mais quando se trata do mundo jurídico, e sabido que a semântica ou fonética interpretada de forma erronia pode representar um prejuízo ao requerente ou outras partes arroladas no iter processual. A Palavra Doutrinária é muito ouvida no âmbito jurídico, contudo de onde está palavra advém. De acordo com os livros e estudiosos a palavra e uma forma derivada da palavra DOUTRINA, na qual se da origem no idioma considerado a língua morta o Latim, para os adeptos do “Juridiques” ela é de suma importância para a edificação do pensamento e expressão jurídica.
Definição de Doutrina
'do latim doctrina, “ensino, formação teórica, arte, ciência, doutrina, teoria, método, ensinamento ou conjunto de ensinamentos”; de DOCTOR, “aquele que ensina”, de DOCERE, “ensinar” Reunião dos fundamentos e/ou ideias que, por serem essenciais, devem ser ensinadas.
Classe gramatical: substantivo feminino
Flexão do verbo doutrinar na: 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo
Separação silábica: dou-tri-na
Plural: doutrinas
INTERPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA
É a interpretação de quem estuda a lei, isto é, não daquele que a elaborou, mas de quem tem o conhecimento técnico, científico e jurídico para saber o real sentido e alcance da lei. Realizada pelos cientistas do direito, juristas e doutrinadores, pessoas de relevância acadêmica e de forte poder de formulação de opinião, ainda contam com a formulação abstrata de uma proposição jurídica 
Cabe nesta forma de interpretação a edição de conteúdo literário dos quais tem forte emprego para auxílio nas demais interpretações subsequentes. 
Interpretação gramatical
A interpretação gramatical também é chamada de interpretação filológica ou literal, uma vez que visa estabelecer o sentido jurídico da norma com base nas próprias palavras que expressam.
A interpretação gramatical teve seu apogeu na Escola de Bolonha, no século XI, com o trabalho dos glosadores e pós-glosadores, que emitam comentários interpretativos sobre textos do direito romano. Esses comentários, nos quais prevalecia o sentido filológico, literal, eram postos em notas marginais ou apostas entre linhas, denominadas glosas. A partir do século XVI tais textos comentados passaram a serem denominados de corpus júris civilis.
A hermenêutica jurídica atual, portanto, atribui à interpretação gramatical importância relativa, considerando que outros elementos de natureza histórica, sociológica, ideológica e filosófica, devem complementar o sentido aparente que a interpretação literal de início revela.
 O método da interpretação gramatical é aquele que tem como ponto de partida o próprio significado das palavras. Contudo, importante dizer que em casos de dúvida entre os vários significados da frase ou palavra, o intérpretegramatical deve levar em consideração o significado comum.
 A interpretação gramatical, atualmente, é insuficiente para conduzir o intérprete a um resultado conclusivo, pois, pode haver textos ambíguos, anfibológicos ou até mesmo a imprecisão do legislador ao elaborar o texto da lei, por isso, é necessário que os elementos por ela fornecidos sejam articulados com os demais, proporcionados pelas outras espécies de interpretação. Posto isso esse método de interpretação atualmente é bastante criticado não sendo interessante ser utilizado isoladamente.
 O método gramatical nada mais é do que uma atividade preliminar da interpretação que busca descobrir ou fixar qual deve ou pode ser o sentido de uma frase, dispositivo ou norma jurídica, dotado de obscuridade, mediante a indagação do significado literal das palavras, tomadas não só isoladas, mas em sua recíproca conexão. Ele serve apenas como meio de se tomar um primeiro contato com o texto interpretado, não se presta a se extrair o sentido completo que a norma pode oferecer.
Interpretação jurisprudencial 
A jurisprudência é, em poucas palavras, o conjunto de decisões dos tribunais sobre uma matéria que apresente similaridades entre diferentes disputas judiciais.
Trata-se, portanto, de decisões sobre um tema específico, que acabam refletindo o pensamento desses tribunais acerca do assunto. Essa interpretação comum, então, é a base para que as decisões sejam relativamente similares entre si, quando tratem de um problema em comum.
A jurisprudência se mostra importante para a garantia da segurança jurídica, possibilitando algum tipo de previsibilidade dos resultados do julgador à aquele que procura o Poder Judiciário para resolução de problemas.
Além disso, ela possibilita que os tribunais criem consensos a respeito da forma de julgar casos que sejam parecidos, diminuindo a possibilidade de que dois casos similares tenham desfechos muito diferentes.
Embora a jurisprudência tenha nascido no direito romano, foi o direito inglês, especificamente a commow law, que surgiu na Inglaterra durante o século XIII, que a jurisprudência se tornou um dos princípios mais importantes do direito.
Com o objetivo de uniformizar os julgamentos que ocorriam nas diferentes regiões do país, o rei enviava juízes que não vivessem na área para julgar disputas importantes baseados em um código de lei único, que fosse além dos costumes daquele lugar.
Os casos, então, eram julgados a partir dessas leis comuns e de casos similares aos julgados, os quais eram utilizados de base pelos juízes, com o objetivo de aplicar sentenças similares, preservando a equidade do sistema judiciário da época.
A partir de então, a análise de decisões de julgadores por seus pares se tornou uma importante ferramenta, para que as decisões judiciais sejam tomadas baseadas em uma interpretação mais ampla e homogênea das leis, garantindo uma aplicabilidade mais coerente com a época e com casos similares.
Assim, a jurisprudência se mostra uma ferramenta indispensável para que decisões judiciais similares tenham coerência entre si e para que a interpretação das leis pelos julgadores seja semelhante.
Posto isso, pode-se afirmar que a existência dela e a sua aplicação no direito possibilitam que a justiça seja uniforme e que as leis sejam universalmente aplicadas de forma não unilateral, impedindo que julgadores interpretem as leis de formas distintas.
A jurisprudência se diferencia do precedente na sua própria forma. Ela é abstrata, pois aponta como um tribunal decide sobre matérias específicas. O precedente é objetivo, pois trata de uma decisão judicial específica, que tenha ocorrido no caso citado.
Embora a jurisprudência tenha como objetivo apontar qual é o pensamento de um tribunal acerca de temas específicos, ela nem sempre é aplicada da mesma forma em diferentes ramos do direito.
No direito civil, por exemplo, ela mostra o direcionamento dos tribunais acerca de decisões voltadas aos casos de responsabilidade civil. Já no direito tributário, ela se divide entre a jurisprudência administrativa e a judicial.
É importante que o profissional do direito que procure fundamentar petições e recursos com jurisprudência tenha ciência de analisar as decisões condizentes com o fato específico da disputa judicial, para que se tenha uma compreensão melhor do pensamento do tribunal, sem equívocos.
Interpretação judicial
As técnicas de interpretação judicial da lei variam conforme a ideologia que guia a atividade do juiz e o modo como esse concebe o seu papel e a sua missão, a concepção dele do direito e suas relações com o poder legislativo.
No entanto, é certo que o juiz deve sempre aplicar o parâmetro normativo preexistente e para ele indisponível.
O papel do juiz, porém, foi concebido de maneiras bastante diversas através dos tempos. Montesquieu, em seu clássico O espírito das leis, lecionava que "se os tribunais não devem ser fixos, devem-nos os julgamentos. A tal ponto que não sejam estes jamais senão um texto preciso da lei.". Por essa razão, dos três poderes, é o Poder de Julgar, de certo modo, nulo, sendo os juízes apenas a boca que pronuncia as palavras da lei, seres inanimados que não lhe podem moderar nem a força, nem o rigor
As doutrinas contemporâneas sobre interpretação e argumentação jurídica abandonaram essa posição, de modo que, hoje, o debate resume-se a uma discussão mais concreta: o problema dos valores.
A ideologia estática da interpretação jurídica tem como valores básicos a certeza, a estabilidade e a previsibilidade, que são os chamados valores estáticos. Segundo esses valores, a norma jurídica deve possuir um significado imutável, determinado pela vontade do legislador, de modo que se deve utilizar somente as interpretações sistemática e literal, já que o conteúdo da norma é aquele positivado, que não pode sofrer alterações em nome da garantia dos mencionados valores.
Os métodos de interpretação judicial podem ser formais ou substantivos. Aqueles buscam meramente o sentido literal das palavras; esses valorizam considerações extra normativas como a moral dominante, questões de política jurídica e valores institucionais, além da busca da vontade do legislador. A própria eleição de um método constitui juízo de valor do intérprete, já que as técnicas de interpretação estão intimamente ligadas com a ideologia que guia a atividade do juiz e a maneira como ele concebe seu papel no sistema de divisão de poderes.
Interpretação: origem, desenvolvimento e solução
A princípio, é preciso compreender que onde há uma vida humana pensante, existe a capacidade de interpretar. Seja o entendimento dos sinais, expressões, ou até mesmo da leitura, todos devemos necessariamente interpretar para chegar à compreensão de certa situação, e firmar um entendimento sobre aquilo. 
A interpretação se faz necessária para a busca por mudanças, pois ao compreender o procedimento ou a situação, o homem, pensante como é, terá a possibilidade de buscar inovar, transformar ou até mesmo melhorar alguma situação, método ou processo.
Pode-se entender que a interpretação deve necessariamente ultrapassar as barreiras da literalidade e voltar seus olhos para todo o contexto, de modo a chegar a uma conclusão ampla e dinâmica, considerando todos os fatos e situações envolvidas direta e indiretamente com o tema.
  No Direito, ao interpretar uma norma, o raciocínio deve começar na sua origem. Na teoria de Miguel Reale, temos o Fato, o Valor e a Norma. É impossível a interpretação do Direito sem analisar o valor e o fato jurídico que originou a norma, pois assim a compreensão da intenção do legislador será atingida e sua aplicabilidade será plena, pois o fará exclusivamente nos casos anteriormente pensados pelo legislador.
A interpretação traz ao ser humano diversas possibilidades e desafios, pois a todo momento em seu dia a dia ele se depara com a necessidade de compreender certas coisas, ainda que de maneira subconsciente. Dessa forma entende-se a sua importância, pois se ela está presente em todos os momentos, até mesmo de maneira subconsciente,fica evidenciada a sua importância para as ciências humanas.
  De origem grega, a Hermenêutica é tida como filosofia da interpretação, sendo associada ao deus grego Hermes, que traduzia tudo o que a mente humana não compreendesse, sendo chamado de “deus-intérprete”. Possui alguns significados diferentes de acordo com o tempo, passando de “compreender o significado do mundo” e chegando “ é a teoria científica da arte de interpretar”.       
     A norma jurídica seria o fenômeno, tendo em vista que norma é algo que para ser conhecido, no sentido da interpretação, tem de haver uma construção desse conhecimento. Isso significa que o conhecimento da norma passa pela compreensão da mesma, não como um exercício de mera apreensão da dogmática jurídica, mas da interpretação criativa, critica, onde o sujeito, determinado por sua cultura será capaz de dar conta da interpretação/hermenêutica como processo de compreensão do direito. Nesse sentido, podemos dizer que a Hermenêutica Jurídica e a arte da interpretação jurídica
            Deste modo, ao interpretar uma norma jurídica, o jurista terá compreensão desse fenômeno jurídico, mediante um instrumento que irá proporcionar essa compreensão. Tal instrumento é a linguagem, que possibilita a interpretação da norma jurídica.
A ciência da interpretação teve origem na teologia pagã de algumas civilizações da Idade Antiga. Dentre elas, podemos destacar a civilização grega. Nos templos helênicos, era comum a existência de feiticeiros e adivinhos que abriam o ventre de animais mortos na tentativa de realizar previsões acerca do destino das pessoas.
Segundo o professor Glauco Barreira, “esse procedimento estava em sintonia com a concepção cosmológica e determinista que se tinha do mundo. Desse modo, a crença no destino ‘tornava’ os acontecimentos futuros inevitáveis.
Neste contexto, a hermenêutica era utilizada em duas situações distintas. Na primeira, ela era usada pelos feiticeiros e adivinhos para interpretarem as mensagens referentes ao destino das pessoas. Na segunda, pelos próprios assistentes destes feiticeiros, que precisavam interpretar os pronunciamentos destes adivinhos, visto que eles faziam previsões com uma linguagem demasiadamente abstrata.
Com a ascensão do cristianismo, a hermenêutica passou a ser utilizada para a interpretação da Bíblia. Surgiram, nessa época, os primeiros intérpretes do livro sagrado cristão. Após a confecção do Novo Testamento, foram criadas várias ramificações do cristianismo original e, com elas, várias formas de se interpretar a Bíblia.
Durante a Idade Média, surgiram alguns célebres intérpretes do livro sagrado cristão, como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, que deram grandes contribuições para a hermenêutica teológica cristã. Após isso, com o advento da Reforma Protestante, cresceu o número de igrejas independentes da Igreja Católica e, com isso, aumentou o número de interpretações diferentes da Bíblia.
Tal fato propiciou um desenvolvimento, nunca antes visto, da hermenêutica bíblica e o surgimento de vários filósofos que eram estudiosos do livro sagrado cristão. Podemos perceber, pois, que a introdução da hermenêutica no campo da Filosofia era somente questão de tempo.
A ciência da interpretação foi introduzida na Filosofia por Friedrich Schleiermacher. Tal fato ocorreu devido à forma de interpretação da Bíblia que este filósofo sustentava. 
Importância atual da interpretação gramatical
Interpretação jurídica 
 A norma jurídica sempre necessitara de interpretação. A clareza de um texto legal é coisa relativa. Uma mesma disposição pode ser clara em sua aplicação aos casos mais imediatos e pode ser duvidosa quando se aplica a outras relações que nela possam se aplicar e às quais não se referem diretamente, e a outras questões que, na prática, em sua atuação, podem sempre surgir.
 Assim, a interpretação tem o caráter concreto, seguindo uma via preestabelecida, em caráter abstrato, pela Hermenêutica. Pode-se dizer que a interpretação somente se dá em confronto com o caso concreto a ser analisado e decidido pelo judiciário. A Hermenêutica, ao contrário é totalmente abstrata, isto é, não tem em foco qualquer caso a resolve. 
 Neste caso não se espera do intérprete a sua opinião, mas sim que ele seja capaz de oferecer o conteúdo da norma jurídica de acordo com o enunciado ou formas de raciocínios explícitos, previamente traçados e aceitos de maneira mais ou menos geral, advindos de determinadas ciência, mas sem necessariamente com isto estar-se fazendo ciência. ”
 Assim vemos interpretação é a aplicação ao caso concreto de enunciados já estabelecidos pela ciência da Hermenêutica. Uma coisa é interpretar a norma geral, outra coisa é refletir e criar as formas pelas quais serão feitas as interpretações jurídicas. Interpretar é descobrir o sentido de determinada norma jurídica ao aplicá-la ao caso concreto. A vaguidade, ambiguidade do texto, imperfeição, falta da terminologia técnica, má redação, obrigam o operador do direito, a todo instante, interpretar a norma jurídica visando a encontrar o seu real significado, antes de aplicá-la a caso sub jugamento. Mas não é só isso. A letra da lei permanece, mas seu sentido deve, sempre, adaptar-se às mudanças que o progresso e a evolução cultural do vocábulo são apresentados à sociedade. Interpretar é, portanto, explicar, esclarecer, dar o verdadeiro significado da lei, extrair da norma tudo o que nela se contém, revelando seu sentido apropriado para a vida real e conducente a uma decisão justa.
Característica da Interpretação 
 É a busca do significado e alcance das normas jurídicas. Permite ao intérprete encontrar a solução mais adequada para aplicação do Direito e fornecer-lhe argumentos “válidos e plausíveis” para sustentar sua decisão; é o argumento gramatical. A análise deve envolver todos os princípios contidos na norma, e não apenas um isoladamente. Quase sempre a doutrina fala em métodos, processos, elementos ou formas de interpretação, para referir-se às ferramentas hermenêuticas. Todo fato e Normas são passíveis de interpretação, considerando tratar-se de fenômenos sociais e jurídicos. A compreensão dos sistemas de ideias a respeito da interpretação do Direito. 
Definição de interpretação racional (ou lógica)
Interpretação racional
O método de interpretação racional ou lógica baseia-se na investigação da ratio legis (da razão da lei) e exige um pressuposto lógico para a sua utilização. Dessa forma, utiliza argumentos lógicos para descobrir o sentido da lei sem o auxílio de qualquer elemento externo senão a própria norma e sua racionalidade. Busca estudar o pensamento expresso na norma em sua estrutura formal. Este método pode ser analisado em 5 componentes diferentes: mens legis, mens legislatoris, occasio legis, contrario sensu, a fortiori.
Mens legis
Significa espírito da lei, a vontade da lei. É a análise do que foi dito pelo legislador sem considerar suas intenções.
Mens legislatoris
A vontade do legislador, a verdadeira intenção do legislador, independente do que foi escrito. 
A contrario sensu
Pode ser visto como o real componente da interpretação lógica. A partir daquilo que não está expressamente permitido ou proibido, é possível definir direitos ou determinar proibições. A conclusão é obtida através da exclusão. Ou seja, tudo que não é proibido é permitido. 
Exemplos: Se o voto é obrigatório para os adultos entre 18 e 70 anos, conclui-se que não é obrigatório para os menores de 18 anos e nem para os maiores de 70 anos. Dessa forma, o voto é facultativo nessas idades, sendo que não é autorizado para os menores de 16 anos.
Além disso, existe o exemplo do crime de peculato, estabelecido no art. 312 do CP: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”. Assim, por a contrario sensu, aquele que não for funcionário público, não responde por este crime.
A fortiori
Parte de uma premissa básica de quem podeo mais pode o menos. Se o direito te deu um direito maior, aquele direito acessório segue o principal, isto é, o direito menor é englobado. Não confunda o sentido do "acessório seguir o principal" com o sentido da mesma fala aplicada ao direito das coisas! 
Exemplos: Se a lei concede um benefício a um delito mais grave, deve conceder o mesmo benefício a um crime menos grave, portanto, se desapropriação acarreta indenização, interferência ilegal de autoridade em propriedade alheia também implicará. Outro exemplo é, se o crime culposo deve ser punido, tanto mais o crime doloso.
Occasio legis
É a ocasião da lei, isto é, entender o conjunto de circunstâncias que foram determinantes para a formatação daquela norma jurídica é imprescindível. A interpretação será realizada a partir do contexto em que a lei foi criada, quanto aos os fatores conjunturais de ordem política, social e econômica que motivaram a medida legislativa em causa.
Exemplo: A agressão que a Maria da Penha, e muitas outras mulheres, sofriam no âmbito doméstico fizeram o contexto de criação da Lei Maria da Penha. O Estatuto do Idoso também é uma lei que foi criada num contexto de expressivo número populacional dessa faixa etária e de exigência da garantia de seus direitos específicos.
 Princípios (ou itens) componentes da interpretação racional (ou lógica)
 Interpretação lógica
A interpretação lógica também é utilizada para solucionar problemas sintáticos com os quais se depara o interprete da norma jurídica, procurando descobrir o sentido da lei mediante a aplicação dos princípios científicos da lógica, enfrentando, portanto, questões lógicas da interpretação.
No contexto da hermenêutica clássica, a aplicação da interpretação lógica pode ocorrer no plano da lógica formal e da lógica material. Vejamos.
 Lógica formal
No que diz respeito à lógica formal, alguns são os princípios que podem ser utilizados para interpretar uma norma jurídica, dentre os quais são:
(a) Princípio da identidade – segundo o qual “o que é, é, o que não é, não é”. Isto significa que uma coisa é idêntica a si mesma e não ao seu contrário;
(b) Princípio da contradição – formulado a contrário sensu do princípio anterior, enuncia que “o contrário do que é verdadeiro é falso”; “a mesma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo”;
(c) Princípio do terceiro excluído – também formulado a partir do princípio da identidade, pode ser chamado de princípio da exclusão do meio, enunciando: “duas coisas contraditórias: uma deve ser verdadeira, a outra falsa”. De acordo com esse princípio lógico formal, “não há outra opção entre o que é verdadeiro e o que é falso”;
(d) Princípio da razão suficiente – segundo a qual “nada ocorre sem que haja uma causa determinante, isto é, tudo o que é tem sua razão de ser, todo o real é racional”. Este princípio, por sua vez, fundamenta os princípios da metodologia científica: 
(d.1) princípio da causalidade, segundo o qual toda mudança pressupõe uma causa; 
(d.2) princípio do determinismo natural, enunciando que sob idênticas circunstancias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos; 
(d.3) princípio da finalidade, que pressupõe que toda atividade se dirige a um fim;
 Princípio do silogismo ou da tríplice identidade – incluído na lógica formal por Lalande, em substituição ao princípio da razão suficiente. Aplicando o princípio do silogismo temos que: “se A é B e B é C, então C é A. Neste contexto temos uma premissa maior, uma premissa menor e a solução do silogismo.
Tais princípios lógicos formais constroem a base da interpretação realizada por meio dos seguintes argumentos:
(a) A fortiori ratione (com maior razão) – argumento baseado nos princípios da identidade e da contradição. Pode ser empregado de dois modos: 
(1) a maiori ad minus (quem pode mais pode menos) – que autorizada interpretar norma jurídica, que tem abrangência sobre coisas menos importantes, no sentido de que ela se refere àquelas coisas que o interprete reputa como menos importantes que estão implícitas. Segundo esse argumento, quem pode doar, pode vender; quem pode vender, pode hipotecar; 
(2) a minori ad maius – segundo o qual se a lei proíbe uma conduta, estão implícitas nesta proibição as condutas menos importantes que a que foi expressamente proibida. Este argumento, contudo, encontra limites no princípio da legalidade, que exige a tipificação das condutas ilícitas. Em outras palavras: “não há crime sem lei anterior que o defina”;
(b) A contrario sensu – “tudo o que não está expressamente proibido pelo direito está juridicamente permitido”. Este argumento deriva da suposição de que há uma plenitude hermética no ordenamento jurídico, também podendo expressar que “a inclusão de um no texto da lei implica a exclusão dos demais”. Como por exemplo: Lei do divórcio, art. 36, parágrafo único: “A contestação só pode fundar-se em: - falta do decurso de 1 (um) ano da separação judicial; II - descumprimento das obrigações assumidas pelo requerente na separação”. A utilização da partícula “só” exclui do rol qualquer outra razão alegada.
(c) A simili – refere-se ao raciocínio analógico, pelo qual se aplica a lei a situações não previstas, tendo em vista a semelhança delas com as situações expressamente previstas.
Além dos argumentos derivados da lógica formal, o interprete também faz uso de procedimentos argumentativos paralógicos, que não possuem o caráter inquestionável dos argumentos lógicos, dentre os quais destacamos:
(d) A rubrica – através do qual se utiliza o título ou súmula de norma para investigar o sentido da lei;
(e) Ab auctoritate – aqui o interprete faz referência à doutrina, à decisões de juízes e Tribunais, para enfatizar o significado que se atribui à norma interpretada;
(f) Pro subjecta materia – tem estreita correlação com a interpretação sistemática, uma vez que consiste em enfatizar qual seria a vontade do legislador, investigada nos trabalhos preparatórios à elaboração da norma. Sendo também utilizado para revelar o sentido oculto da lei no contexto da lei maior em que se insere ou do gistema como um todo;
(l) Ratio legis stricta – que significa: “em razão exclusiva da lei”, enfatiza o princípio segundo o qual, na clareza da lei, não haveria necessidade de interpretação;
(m) A generali sensu – é um argumento que amplia a extensão da lei, possibilitando uma interpretação extensiva desta.
Lógica material
Diferentemente da lógica formal, que se baseia em princípios tidos por universais, a lógica material preocupa-se com o conteúdo da norma, utilizando-se de um processo científico para buscar meios extra-lógicos, como por exemplo, o sentido social e humano do direito (Coelho, 1981).
Quero dizer com isso que o procedimento lógico material vai além do texto que se quer interpretar, investigando a ratio legis (razão que fundamenta e justifica o preceito normativo), a vis legis (a virtude normativa do preceito), bem como o occasio legis (particular circunstancia do momento histórico que determinou a criação do preceito) (Coelho, 1981).
Como perceberemos na leitura do texto acima, prevalece na hermenêutica tradicional a utilização da lógica formal, com objetivos mais retóricos de demonstrar a validade formal da argumentação. Já na hermenêutica crítica prevalece a lógica material, enfatizando-se a busca do sentido social da norma.
Mens legislatori e mens legis
Mens legis é um termo jurídico que se refere ao "espírito da lei", é a interpretação da lei da forma que ela foi escrita, desconsiderando suas intensões. Ela vai levar em consideração a interpretação da lei.
Exemplo: Paulo foi condenado a 14 anos de prisão por homicídio qualificado. Na sentença condenatória, o juiz seguiu a aplicação “mens legis” do Código Penal para embasar sua decisão.
 Mens legislatori que diz respeito à intenção do legislador ao criar uma nova norma legal. Este sim, busca a verdadeira intensão do legislador ao editar a norma, independente do que foi efetivamente escrito.
Exemplo: Utilização pelo Ministério Público das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha parao caso de um idoso que sofria agressões de um rapaz que morava com ele. Como essa lei foi editada para proteger a vulnerabilidade da mulher dentro do âmbito doméstico, a vítima deveria ser uma mulher. Entretanto, o Ministério Público utilizou a lei para proteger um homem. Pela mens legislatoris, intenção do legislador, este criou a lei para proteger o sexo feminino e portanto, não seria possível aplicá-la ao caso. Entretanto, se levar em consideração o espírito da lei, mens legis, é possível utilizar a mesma lei para proteger outras pessoas em caso de vulnerabilidade, como no caso, um idoso.
É por essa razão que a norma deve ser interpretada não pela sua literalidade, mas com vistas a salvaguardar os valores protegidos e/ou o alcance pretendido com a lei.
Por tanto o Mens legis e mens legislatoris são duas expressões que ocupam lugar de relevo na ciência hermenêutica.
Interpretação e aplicação da norma jurídica na 
Teoria Pura do Direito (hans Kelsen) 
A interpretação jurídica segundo Kelsen 
Kelsen conceitua interpretação com “uma operação mental que acompanha o processo de aplicação do Direito no seu progredir de um escalão superior para um escalão inferior”. Esse sentido pode ser qualificado de específico, porque, como se verá, abrange somente a denominada interpretação autêntica. 
No seu sentido geral, por interpretação “deve-se entender o processo intelectual que se traduz na averiguação do conteúdo de uma disposição jurídica.” 
Para Kelsen, como destaca Isabel Lifante Vidal, a interpretação jurídica deve realizar-se em todos os casos: para todos os sujeitos que se valham das normas, sejam públicos ou privados, e para todas as normas jurídicas, gerais ou individuais, superiores ou inferiores. 
Assim, interpretam-se leis, a Constituição, tratados internacionais ou normas de Direito internacional geral consuetudinário e normas individuais, sentenças judiciais, ordens administrativas, negócios jurídicos, enfim, todas as normas jurídicas, sempre que devam ser aplicadas. 
Também os indivíduos, para observarem-nas e a ciência jurídica, para descrever o direito positivo, interpretam normas. 
Kelsen distingue, com base nessas duas categorias, entre interpretação autêntica e não-autêntica. A primeira é realizada pelo órgão aplicador (“’órgãos’ encarregados ‘burocraticamente’ da tarefa de ‘aplicar’ o direito”), enquanto a segunda, por uma pessoa privada, que não seja um órgão jurídico, e pela ciência jurídica (“destinatários não especializados afetados pelas normas jurídicas” e os juristas – definição por exclusão: a não realizada por aplicadores do direito). 
Como órgãos aplicadores do direito, Kelsen identifica o legislativo, que aplica a constituição e as normas superiores, o judicial, ao proferir sentenças, e o administrativo, na tarefa de editar resoluções administrativas em cumprimento de sentenças. 
Quanto ao objeto da atividade interpretativa, Kelsen utiliza o termo “normas”, bi-unívoco, sem especificar se por ele entende “textos legais” ou o resultado da interpretação, o “texto interpretado”. 
Segundo Adrian Sgarbi, apesar de Kelsen não denotar realmente qualquer preocupação nesse sentido, trechos de sua obra deixam transparecer que está a se referir a textos legais, quando utiliza o termo “normas”. Um exemplo disso vê-se ao tratar sobre a questão da moldura que representa o Direito, figura de linguagem que usa para 
afirmar que se compreendem dentro do sentido do texto legal diversos significados ou diversas maneiras de interpretar, igualmente possíveis, ou adequáveis àquela moldura. 
Na já referida relação de supra-infra-ordenação entre a as normas de escalão superior e inferior, dentro da estrutura escalonada da ordem jurídica visualizada por Kelsen, ele afirma que a relação entre Constituição e lei, ou entre lei e sentença judicial é uma relação de determinação ou vinculação: a Constituição é determinada pelas leis, e essas, por sua vez, são determinadas pelas sentenças, que serão, então, determinadas por sua execução. 
“A norma do escalão superior regula – como já se mostrou – o ato através do qual é produzida a norma do escalão inferior, ou o ato de execução, quando já deste apenas se trata; ela determina não só o processo em que a norma inferior ou o ato de execução são postos, mas também, eventualmente, o conteúdo da norma a estabelecer ou do ato de execução a realizar.” 
Todavia, consoante afirma, essa determinação nunca é completa, sendo inviável à norma de escalão superior vincular totalmente a do escalão inferior, prevendo todas as possibilidades de sua aplicação. É aí que surge a figura mencionada do quadro ou moldura que a norma de escalão superior significa para a de escalão inferior, que poderá preenchê-lo discricionariamente (essa escolha é um ato político-ideológico). 
Com base nessa premissa, Kelsen define a indeterminação intencional e a indeterminação não-intencional do ato de aplicação do Direito. A indeterminação pode se referir tanto ao fato, que constitui o pressuposto condicionante, como à conseqüência condicionada. 
Como exemplo de indeterminação intencional, cita o caso da lei de sanidade que prevê a tomada de certas providências por parte dos cidadãos, ante à manifestação de uma epidemia, sob pena de multa. Caberá à autoridade administrativa especificar quais atitudes deverão ser tomadas, em consonância com o tipo de doença manifestado. Esse é um exemplo de indeterminação quanto ao pressuposto condicionante. Com relação à indeterminação da conseqüência condicionada, exemplifica com a lei penal que estabelece, para um delito, pena pecuniária ou privativa de liberdade, deixando a cargo do juiz a decisão pela aplicação de uma ou de outra. 
A indeterminação não-intencional pode, segundo Kelsen, ser ocasionada, em primeiro lugar, pela pluralidade de significados de uma palavra ou de uma seqüência de palavras em que a norma se exprime (ambigüidade). Pode originar-se, também, da discrepância entre a expressão verbal da norma e a vontade da autoridade legisladora (discrepância normativa). Essa discrepância pode ser completa ou parcial, que ocorre quando a vontade do legislador (ou a intenção das partes num negócio jurídico) corresponde a pelo menos uma das possíveis interpretações da expressão verbal da norma. Por fim, a indeterminação do ato jurídico pode derivar do fato de duas normas, que pretendem valer simultaneamente, contradizerem-se total ou parcialmente (contradições normativas). 
“Note-se que o defeito (1) amplia, sobremaneira, os significados possíveis da norma; o defeito (2) a dissociação entre o pretendido e o efetivamente logrado (questão que se encontra no setor do que John L. Austin designou de ‘perlocutivo’); o defeito (3) gera instabilidade no conjunto normativo e dificuldades de intelecção da parte do destinatário. O que pode comprometer sua visão do que ‘é devido’ e do que ‘não é’.” 
Para Kelsen, qualquer interpretação que se mantenha dentro do quadro ou da moldura posta pela norma de escalão superior é conforme ao Direito, tendo igual valor. A sentença que se funda na lei não configura a norma individual, mas uma das normas individuais que podem ser produzidas dentro daquela moldura da norma geral. Rechaça, assim, as teorias que defendem que à interpretação é possível a fixação de uma única solução correta para cada caso concreto posto a exame, e que somente esta solução se ajustaria à lei. 
“Configura o processo desta interpretação como se se tratasse tão-somente de um ato intelectual de clarificação e de compreensão, como se o órgão aplicador do Direito apenas tivesse que pôr em ação o seu entendimento (razão), mas não a sua vontade, e como se, através de uma pura atividade de intelecção, pudesse realizar-se, entre as possibilidades que se apresentam, uma escolha que correspondesse ao Direito positivo, uma escolha correta (justa) no sentido do Direito positivo.” 
Com base na sua Teoria Pura, contudo, não há como se preferir uma interpretação à outra – desde que se encontrem todas dentro da “moldura” prefixada pela norma superior –, tarefa da ciênciapolítica e não da teoria do Direito. Para Kelsen, todos os métodos interpretativos conduzem, no máximo, a uma interpretação possível, jamais à única interpretação correta. No caso do conflito entre a expressão verbal da norma e a vontade do legislador, por exemplo, a opção por uma ou por outra, têm igual valor, sob a ótica do Direito positivo. Do mesmo modo, os critérios do argumentum a contrario e da analogia, que conduzem a resultados opostos, não havendo qualquer critério que faça prevalecer um sobre o outro. Com relação à teoria da ponderação de interesses, afirma: 
“Não fornece a medida ou critério objetivo segundo o qual os interesses contrapostos possam ser entre si comparados e de acordo com o qual possam ser dirimidos os conflitos de interesses. Especialmente, tal critério não pode ser retirado da norma interpretada, da lei que a contém ou da ordem jurídica global (…).” 
Kelsen pondera que, assim como não se pode extrair da Constituição, através da interpretação, as únicas leis corretas, também não há como, com base na lei, por interpretação, obterem-se as únicas sentenças corretas. A diferença entre as duas situações é que o legislador é muito mais livre materialmente que o juiz, ainda que esse último também possa ser considerado um criador do direito. 
“Na medida em que, na aplicação da lei, para além da necessária fixação da moldura dentro da qual se tem de manter o ato a pôr, possa ter ainda lugar uma atividade cognoscitiva do órgão aplicador do Direito, não se tratará de um conhecimento do Direito positivo, mas de outras normas que, aqui, no processo da criação jurídica, podem ter sua incidência: normas de Moral, normas de Justiça, juízos de valor sociais que costumamos designar por expressões correntes como bem comum, interesse do Estado, progresso, etc. Do ponto de vista do Direito positivo, nada se pode dizer sobre a sua validade e verificabilidade. Deste ponto de vista, todas as determinações desta espécie apenas podem ser caracterizadas negativamente: são determinações que não resultam do próprio Direito positivo. Relativamente a este, a produção do ato jurídico é livre, isto é, realiza-se segundo a livre apreciação do órgão chamado a produzir o ato.” 
O ato de vontade do aplicador do direito na escolha do sentido da norma a aplicar ou na escolha do conteúdo da norma jurídica a produzir distingue-o do cientista jurídico, em sua interpretação, já que cabe a esse último apenas descrever os possíveis sentidos da norma interpretada, sem manifestar-se favoravelmente a nenhum deles – atividade descritiva e não prescritiva. 
Mesmo os aplicadores do direito sempre promovem essa interpretação científica preliminarmente ao ato decisório, com o que sua atividade é caracterizada como cognoscitivo-volitiva: “primeiro há o desenho do quadro interpretativo que evidencia as possibilidades de sentido; depois, a escolha por uma delas.” A interpretação científica constitui um momento ou um pressuposto da interpretação autêntica, mas nem sempre essa interpretação prévia não-autêntica será realizada por um cientista jurídico, podendo o próprio aplicador lhe fazer as vezes, caso ainda não haja qualquer consideração a respeito da norma a ser aplicada pela doutrina, ou mesmo se não quiser levar em conta as interpretações já levadas a cabo. 
Kelsen ressalta, aliás, que a atividade criativa do intérprete autêntico pode produzir inclusive uma norma que se situe fora da moldura que a norma a ser aplicada representa, desde que deste ato já não caiba mais recurso, que não possa mais ser anulado, que tenha transitado em julgado. 
A interpretação levada a cabo por um indivíduo particular não é autêntica, no sentido utilizado por Kelsen, porque não cria direito novo, não vincula o órgão aplicador. Se o indivíduo, ao interpretar uma norma que deve observar, julga correta certa ação sua, isso não o livra de ser condenado por essa mesma ação, caso o aplicador a considere criminosa, com base em interpretação diversa. 
A atividade interpretativa de um advogado, na defesa de seu cliente, ou de um escritor, que se posiciona a favor de determinado sentido da norma, não é autêntica, não cria direito. Eles não realizam uma função jurídico-científica, mas uma função jurídico-política, de política jurídica. 
A crença numa única interpretação correta, salienta Kelsen, é uma ficção de que se serve a jurisprudência tradicional para assegurar o ideal de segurança jurídica, mas esse ideal somente é aproximadamente realizável, ante a plurissignificação da maioria das normas jurídicas. Ainda que tal ficção apresente vantagens do ponto de vista político, consiste em um juízo de valor político, que não pode figurar numa exposição científica do Direito. 
A interpretação levada a efeito pelo cientista jurídico, que aponta todos os possíveis sentidos da norma, mesmo aqueles não desejados ou imaginados pelo legislador, tem ainda um efeito prático que supera a ficção da segurança jurídica, que é o de apontar à autoridade legislativa o equívoco de sua produção. Como constitui exigência técnico-jurídica de uma formulação normativa que ela seja o mais inequívoca possível, evitando-se ao máximo a pluralidade de significações, o papel do cientista do direito representa contribuição de enorme importância para a garantia da segurança jurídica. 
Isabel Lifante Vidal, afirma que, haja vista que a prática dos cientistas do direito apontarem o significado da norma que consideram mais correto ser incontestável, até mesmo para Kelsen, significa que ele propõe um modelo ideal de ciência jurídica (modelo prescritivo) e não descreve a ciência que realmente existe, como, segundo ele, deveria agir o verdadeiro cientista jurídico (modelo descritivo). 
Contra essa crítica, atribuída a Bobbio, Ruiz Manero, citado por Isabel Lifante Vidal, argumenta que existem dois níveis distintos de discurso: o da ciência jurídica e o da teoria da ciência jurídica, e que Kelsen prescreve quando trata da teoria da ciência jurídica e descreve ao cuidar da ciência jurídica. 
Subsistem, no entanto, vel, evitando-se ao meja o mais inequador, tem ainda um efeito a favor de determinado sentido da norma, ne deste ato j uma ecolcríticas acerca do caráter utópico dessa consideração de Kelsen sobre o labor neutro do cientista jurídico. Isabel Lifante Vidal ensina que, para Ross, 
“(…) la idea de una interpretación puramente lógica, libre de todo pragmatismo, es una ilusión y que la pureza de la ciencia no se perjudica si se destacan con claridad los límites entre ciencia y política. En este sentido considera que lo que debe hacerse es ser conscientes de las decisiones valorativas y las actitude emocionales implícitas en el trabajo científico, y presertarlas como presupuestos explícitos; del mismo modo, se deben exponer las conclusiones prácticas como recomendaciones y no como postulados.” 
 Forma Interpretativa Escalonada 
O jurista austríaco distingue a interpretação das normas jurídicas em duas espécies: autêntica, aquela é interpretada pelo órgão com competência para aplicá-la e não autêntica, interpretação realizada por pessoas estranhas ao órgão jurídico, quais sejam as pessoas em geral e a ciência jurídica. 
Por um lado, o jurista aponta que a interpretação autêntica do Direito é aquela realizada pelo órgão jurídico, ou seja, pelo aplicador do ordenamento jurídico, destacando-se dessa forma os Tribunais, órgãos legislativos, órgãos administrativos, dentre outros. Tal interpretação se funda na relação escalonada de normas, que ocorre entre as normas inferiores e superiores, que constitui a base da fundamentação da validade do sistema de normas jurídicas. Por outro, Kelsen entende que a interpretação não autêntica é aquela realizada por um órgão não jurídico, ou seja, “por uma pessoa privada, e, especialmente, pela Ciência Jurídica” (KELSEN, 2006, p. 388). 
Com efeito, compreende-se que o critério utilizado pela teoria Kelseniana para distinguir os tipos de interpretação é o dos sujeitos da atividade interpretativa, conforme seja órgão aplicador do direito, ou destinatário, oucientista do Direito. 
A diferença entre a interpretação autêntica e não autêntica refere-se à natureza do ato.A primeira é o exercício da competência jurídica, fonte formal do Direito; enquanto a segunda se realiza através de ato cognoscitivo, através do conhecimento, sem, contudo, criar uma norma jurídica, fonte material do Direito. 
Para o referido autor, a interpretação autêntica é a única capaz de criar o Direito, já que proveniente de órgão jurídico competente, estabelece-se a prerrogativa de produzir tanto normas gerais quanto individuais. 
Percebe-se a importância que o jurista austríaco confere à interpretação realizada pelo órgão aplicador do Direito, pois reconhece que somente esse tem a função de criar o direito, já que dotado de competência jurídica. 
Sobre a relevância da interpretação realizada pelo juiz, destaca-se o entendimento de Friede (1997, p. 124): 
É conveniente lembrar que, em essência, quem estuda em profundidade a doutrina jurídica não é propriamente o legislador, mas sim o jurista, que, por seu turno, conhece com a necessária profundidade, o Direito e pode, portanto, interpretar adequadamente as leis, amparado no seu conhecimento técnico-jurídico, que indiscutivelmente deve ser suficiente para resolver todas as dificuldades que se encontrem no caminho da interpretação. 
Já a respeito da interpretação da Ciência Jurídica, Kelsen discorre (2006, p. 395): 
A ideia de que é possível, através de uma interpretação simplesmente cognoscitiva, obter Direito novo, é o fundamento da chamada jurisprudência dos conceitos, que é repudiada pela Teoria Pura do Direito. A interpretação simplesmente cognoscitiva da ciência jurídica também é, portanto, incapaz de colmatar as pretensas lacunas do Direito. O preenchimento da chamada lacuna do Direito é uma função criadora de Direito que somente pode ser realizada por um órgão aplicador do mesmo e esta função não é realizada pela via da interpretação do Direito vigente. A interpretação jurídico-científica não pode fazer outra coisa senão estabelecer as possíveis significações de uma norma jurídica. 
Como se vê, ele entende que a interpretação realizada pela Ciência Jurídica se restringe à pura determinação do sentido da norma, é proibido estabelecer juízos de valor, inerentes aos fatores externos, e se limita, então, a extrair as possíveis significações do ordenamento jurídico positivado. 
 Forma Interpretativa Integral 
A atividade interpretativa é uma ciência de conhecimentos históricos, culturais e empíricos. Sem os devidos conhecimentos, não há que se falar em Hermenêutica e em sua utilidade no mundo jurídico. 
Na visão de Marmor (2004), um bom modo de criar uma noção útil de interpretação é dizer que ela é a atividade a que se dedica ao tentar encontrar o significado de algo. Para elucidar essa definição, devem considerar-se três perguntas: 
1. Que espécies de coisas e que coisas têm significado? 
2. A validade de uma interpretação consiste na descoberta de tais significados ou tal validade poderá existir mesmo se criados tais significados por meio da interpretação subjetiva?; e 
3. Por que alguém deve dedicar-se a essa atividade. 
Interpretar a norma é muito mais do que a simples aplicação normativa, é obter respostas para os anseios da sociedade atual, fazendo com que se apresente o Direito em um caso concreto. O intérprete da norma quando vai além do contexto fático da aplicação do texto, ele dá vida ao texto, para que venha à tona o Direito (KELSEN, 2015). 
A necessidade de uma interpretação normativa resulta justamente do fato de a norma ou o sistema das normas deixar várias possibilidades em aberto, ou seja, não conter ainda qualquer decisão sobre a questão de saber qual dos interesses em jogo é o de maior valor, mas deixar antes esta decisão, a determinação da posição relativa dos interesses, a um ato de produção normativa que ainda vai ser posto à sentença judicial. A interpretação normativa surge com o fato e se desenvolve com ele até a sentença do juiz o interprete final do Direito (KELSEN, 2015). 
Interpretar soma-se à teoria tridimensional do Direito, criada e idealizada por Reale (1986) (fato, fator e norma). Interpretar é uma nova dimensão para o Direito, é dar vida ao texto exteriorizado pelo legislador, para o cumprimento pela sociedade. A norma funciona como o primeiro passo em um esquema de interpretação. 
Por outras palavras: o juízo em que se anuncia que um ato jurídico (ou antijurídico) é o resultado de uma interpretação específica, a saber, de uma interpretação normativa, onde o fato é valorado e novamente interpretado para ser entregue à sociedade como direito (KELSEN, 2015). 
Vale ressalvar, porém, que o intérprete é capaz de ser neutro, pois a neutralidade ou a imparcialidade não existe e, se existe, é divina e, sendo divina, é somente encontrada em um poder divino, o poder de Deus (GRAU, 2005). 
O intérprete se aproxima desse poder quando se despe de todo o seu “eu” e aplica a norma, porque a interpretação cria a norma, e a norma ou o conjunto delas, é a interpretação aplicada em um caso concreto, trazendo à tona o Direito, não a justiça, pois a “justiça é Divina” (GRAU,2005). 
A interpretação é, portanto, uma operação mental que acompanha o processo de aplicação do direito no seu progredir de um escalão superior para um escalão superior. Na hipótese em que geralmente se pensa quando se fala de interpretação, na hipótese de interpretação da lei, deve responder se a questão de saber qual o conteúdo que se há de dar à norma individual de uma sentença judicial ou uma resolução administrativa, norma essa a deduzir da norma geral de lei na sua aplicação a um caso concreto (KELSEN, p.387, 2015). 
“Interpretar a norma jurídica significa obter o seu verdadeiro sentido e alcance” (GARCIA, 2012, p.35). A norma jurídica é criada pelo homem, tendo em vista fins, valores, ideologias e a realidade social significa a concretização dos valores e supõe uma finalidade, pois toda obra do homem é teleológica, daí se poder dizer que a norma jurídica pertence ao mundo da cultura (GUSMÃO, 1960, p.134). 
Expressando-se sobre a norma jurídica, Gusmão (1960, p.134) explana que a interpretação tem como objetivo a investigação dos sentidos da norma jurídica, sendo essa investigação calcada pelo sentido dado pelo legislador a uma situação que não mais existe, devendo ser interpretada pela situação histórico-social, ou seja, pela atualidade simultânea à aplicação. 
Dessa forma, visualiza-se que a interpretação é necessária, mesmo nas normas mais claras, pois não exige obscuridade do preceito, resultando da necessidade de compreender o sentido da norma, posto que só interpretando é que pode saber se a norma é clara, não procedendo ao in claris non fit interpretatio. 
Unicamente por meio da interpretação, retira-se a norma da escuridão passada, trazendo a norma à luz da sociedade atual, em um contexto normativo amplo, como no da civil law (FERRAZ JÚNIOR, 2014). 
 Forma Interpretativa Sistêmica 
Primeiramente, o presente papel traz uma análise sistêmica, das diversas facetas do Sistema Jurídico e sua evolução. Primordialmente, verifica-se na análise de um Sistema Jurídico, das proposições filosóficas de textos Jurídicas que estes se engajam na batalha por uma constituição de um Sistema Jurídico que sane as expectativas humanas. Em um primeiro momento, serão trançados comentários sobre a Dinâmica jurídica de Kelsen, pois não há como falar de Sistema Jurídico sem citar o Sistema Normativo Jurídico Kelseniano. Este que, procurou incitar um sistema lógico e fechado ao direito. Verificar-se a através de uma abordagem sistêmica como esta se localiza, ou propõe-se dentro de uma Sociedade Complexa. E visto isso, em um segundo momento trar-se-á as novas perspectivas Sistêmicas da atualidade, através de Luhmann, Teubner, Rocha e Clam. Visto o sistema sobre o parâmetro destes autores e o que estes tem a contribuir para um redesenhar sistêmico ao Direito. E se através disso pode-se contribuir na plenitude da sociedade e de suas complexidades comunicacionais,na medida que o Direito resolve as divergências sociais. Este trabalho procura verificar a construção do direito como auto-recriação, e se isto se pode verificar em todas as teorias do direito. Espera-se que este enfoque possa possibilitar uma reflexão crítica sobre as expectativas humanas em relação ao Direito e estabeleça algumas quebras paradigmáticas importantes para a Evolução do Direito e da Sociedade Complexa. 
As normas jurídicas são o grande pano de fundo para a Teoria Pura do Direito, parafraseando Kelsen, o objeto da Ciência Jurídica é o Direito e que não tão evidente as normas jurídicas também o são[2], neste contexto perpassa a idéia de que este “Sistema de Normas” é um sistema fechado, e que a conduta humana somente adentra neste sistema quando se determina por normas jurídicas como pressuposto ou consequência[3], ademais, as relações inter-humanas para o autor supra citado, também se tornam objetos de um conhecimento da Ciência do Direito, enquanto relações jurídicas, isto é, estas relações são constituídas por meio de normas jurídicas[4]. 
Kelsen neste contexto tenta resgatar o Sistema Jurídico, dentro da normatividade, para que este não fique a mercê dos diversos meios que o influenciam, como o meio social, econômico e político. Dentro da Teoria Pura do Direito, Kelsen não foi ingênuo ao propor este tipo de mecanismo ao Sistema, tinha a presunção de criar um Sistema mais autônomo. Para o autor este “resgate”, ou ainda, a solução dos novos paradigmas criados pelo Sistema Jurídico deveria possuir um caráter mais objetivo, mais analítico, deveria unir o objetivo e o universal delineando uma intersubjetividade trazida primeiramente pelas idéias de Kant no século XVIII. Foi nesta conjuntura que a norma jurídica para o autor possuía um sentido objetivo de um ato de vontade, sendo que, o contexto subjetivo não se encontra centralizado em sua teoria só o será, quando este emergir ao mundo fático. Sopesando a realidade dos fatos ocorridos para então aplicar o princípio da causalidade, percebe-se que, toda ação possui uma reação, ou que toda causa gera algum efeito. Conclui-se que, daquela relação poderá surgir um enunciado e que este abarcará as decisões jurídicas sobre fatos similares. 
Proposições jurídicas são juízos hipotéticos que enunciam ou traduzem que, de conformidade com o sentido de uma ordem jurídica- nacional ou internacional- dada ao conhecimento jurídico sob certas condições ou pressupostos fixados por este ordenamento, devem intervir certas conseqüências pelo mesmo ordenamento determinadas. As normas jurídicas por seu lado, não são juízos, isto é, enunciados sobre um objeto dado ao conhecimento. Elas são antes de acordo com o seu sentido, mandamentos e, como tais, comandos, imperativos. Normas como mandamentos imperativos, mas não apenas comandos, mas permissões e atribuições de poder ou competência.[5] 
Seguindo por este viés de raciocínio, percebe-se que, a norma em Kelsen remete a ato de sansão, de poder emanada da autoridade que possua competência a instituí-la. Desvelando-se que, uma norma só é válida quando em conformidade a ato de autoridade competente, não tendo sido revogada. Contendo sua legitimidade de existência pela de autoridade competente o seu fundamento de validade. O fundamento de existência emana por outra via, segundo Kelsen, e não muito surpreendente, em outra norma, a norma hipotética fundamental. Dentro deste espectro, pode-se perceber que o positivismo buscou a “massificação” das decisões visto que, estas por estarem inseridas em uma lógica causal, tornariam o direito certo/previsível. Nesta linha Habermas elucida-nos sob a análise da expectativa, vejamos: 
O positivismo jurídico pretende, fazer jus à função da estabilização de expectativas, sem ser obrigado a apoiar a legitimidade da decisão jurídica na autoridade impugnável de tradições éticas. Ao contrário das escolas dos realistas, os teóricos Hans Kelsen e Hart elaboram o sentido normativo próprio das proposições jurídicas e a construção sistemática de um sistema de regras destinado a garantir a consciência de decisões ligadas a regras e tornar o direito independente da política.[6] 
Isto torna as decisões ligadas a regras e torna o direito autônomo, neste “sistema fechado”, para expectativas diferenciadas de sua linearidade, torna-o realmente adstrito a certas margens de possibilidades, que em uma sociedade hipercomplexa não possibilitam um Sistema Jurídico eficaz a sanar expectativas que fujam a um sistema de “subordinações precisas”. Continuamente, Habermas nos expõe que a regra básica, ou regra de conhecimento, de acordo com a qual, pode ser decidido quais normas pertencem ou não ao direito vigente, permite subordinações precisas. [7] 
A dinâmica jurídica ressalta exatamente isso, a linearidade de conexões que uma norma geral forma outra norma geral, ou uma norma individual se torna geral e em conformidade com a norma fundamental, em um sistema ininterrupto e restrito a expectativas fundadas em um “passado” de expectativas. 
À pretensão a legitimidade da ordem jurídica implica decisões, as quais não podem limitar-se a concordar com o tratamento de casos semelhantes no passado e com um sistema jurídico vigente, pois devem ser fundamentadas racionalmente, a fim de que possam ser aceitas como decisões racionais pelos membros do direito. Continuamente Habermas defende sua teoria de que, os julgamentos dos juízes, que decidem um caso atual, levando em conta também o horizonte de um futuro presente, pretendem validade à luz de regras e princípios legítimos. Deste modo, as fundamentações devem emancipar-se das contingências do contexto de surgimento.[8] Isto ressalta o sistema seguro que Kelsen tentou traçar unindo segurança à ideia de correção, porém atualmente essas idéias de coerção ligadas à segurança, já não garantem um sistema jurídico eficaz. A palavra segurança é assustadora na sociedade complexa, pois as possibilidades caóticas impedem um prosseguimento calcado em ideias de correspondência de expectativas pré-determináveis, afinal o mundo não é determinável. 
O direito nestes termos torna-se um conjunto de regras especialmente selecionadas para reger a ordem pública e consequentemente à decisão jurídica se submete ou se torna uma subsunção da regra correspondente a aquela determinada matéria em voga. Dentro disso, o positivismo jurídico sustenta que, a verdade das proposições jurídicas consiste em fatos a respeito de regras que foram adotadas por instituições sociais específicas e em nada mais do que isso.[9] 
Na ausência de uma regra jurídica válida, não existe obrigação jurídica[10]. Se eu disser que tenho uma obrigação jurídica significa dizer que, o caso se enquadra em uma regra jurídica válida que exija que ele faça ou abstenha de fazer alguma coisa. Com isto, evidencia-se a importância que Kelsen propõe ao sentido de imputação e da sanção. Isto tudo, está ligado à idéia de Estado, pois ele será o fator de coerção e que fará aplicar a regra jurídica. Como bem denota Rocha: “O Direito positivo é o Direito colocado de uma decisão política vinculante. Este Direito, portanto, colocando as próprias palavras deste autor é uma ‘metadecisão’ que dá controle as demais decisões, transformando-as em obrigatórias[11]”. E para que isto ocorra, é necessário um Sistema Jurídico normativista; baseado em normas; e hierarquizado; com uma norma superior-hipotética, onde irão basear-se as demais normas gerais, e que criará as outras a sua semelhança que também, tornar-se-ão regras gerais em consonância com a norma hipotética; possuindo um formato triangular, onde a partir deste topo surgirão todas as demais; projetadas ao centro e a partir dele, é o que Jean Clam denomina de diferenciação hierárquica, trazendo a ideia de uma sociedade centralizadora e enclausurada[12]. 
Toda teoria jurídica da modernidade é uma teoria ligada a uma forte noção de Estado, e esta racionalidade se desenvolveu, principalmente, numa dinâmica que se chama normativismo[13]. Isto corrobora a Dinâmica proposta por Kelsen em seu

Outros materiais