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DNA LIXO - BIOLOGIA - 24 03

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DNA LIXO: NOÇÕES GERAIS
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Desde a descoberta do DNA, no ano de 1953, a biologia molecular passou por muitas transformações, as quais foram ainda mais auxiliadas pelo desenvolvimento da própria tecnologia. Dessa forma, permitiu-se que fossem analisados, também, todos os elementos presentes no DNA, bem como suas segmentações e suas peculiaridades. Dentre as peculiaridades do DNA, está a sua aparente divisão de funções, na qual parte dele não desempenha função aparente alguma, sendo esta parte chamada de “DNA-lixo”, ou, cientificamente, introns. Estes foram descobertos por meio de estudos desenvolvidos nas últimas três décadas e atualmente são objetos de diversos outros que buscam definir ao certo qual sua finalidade.
De maneira geral, no processo se transcrição, uma molécula de RNA polimerase utiliza uma molécula de DNA como molde para a produção de outras fitas de RNA complementar, a partir da qual é formada uma molécula de RNA mensageiro e, por fim, este é traduzido em proteínas. Ocorre que, durante a produção do RNA mensageiro, ocorre um processo chamado de splicing, no qual são retirados do pré-RNA mensageiro as regiões não codificadoras, quais sejam, os Íntrons, causando descontinuidades no DNA.
Esse fenômeno foi descoberto no ano de 1977, por David Glover e David Hogness, e foi aprofundado nos anos seguintes. Estes cientistas foram os primeiros a identificarem que os genes eucarióticos codificadores de RNA’s ribossomais são interrompidos, ou seja, não apresentam forma contínua, como nas bactérias (EL-HANI; JOAQUIM, 2010). 
À época, existiam muitas dúvidas acerca da utilidade dessas regiões não-codificantes. Por isso, muitos cientistas acreditavam que se tratava de DNA-lixo. Uma curiosidade identificada era que apenas 1,2% do genoma humano era composto por éxons (regiões codificadoras) enquanto o restante era apenas composto por introns EL-HANI; JOAQUIM, 2010). 
Em 2002, o projeto ENCODE (Encyclopedia of DNA Elements) surgiu com o fito de determinar que aquele DNA não codificado de fato exercia alguma função ou não. Como resultado, em 2012 foram publicados estudos que demonstravam que cerca de 80% do DNA humano exercia alguma função (PIERCE, 2016). Ou seja, concluiu-se que os introns, apesar de não codificados, não eram completamente inúteis. Isso serviu como um divisor de águas nos estudos dos introns. 
O tamanhos dos introns é extremamente variável, podendo ir de 50 a milhares de pares de nucleotídeos de comprimento. Além disso, novas pesquisas indicam que esses elementos contêm algumas sequências que são capazes de regular a expressão gênica, tanto de maneira positiva quanto de maneira negativa. Alguns deles, por sua vez, contém promotes tecido-específicos alternativos, ou sequencias que promovem o acumulo de transcritos (SNUSTAD; SIMMONS, 2017). 
Snustad e Simmons (2017) reforçam uma importante característica dos introns, qual seja a possibilidade de conferir uma vantagem seletiva devido ao aumento da frequência com que as sequencias codificadoras em diferentes éxons de um gene consegue se recombinar, acelerando, assim, o processo de evolução.
Muitos estudos fizeram a associação dos genes não codificadores com os genes codificadores como resultado da evolução de novos genes por meio da fusão de genes ancestrais ininterruptos, sendo os introns, nessa hipótese, resíduos do processo evolutivo (SNUSTAD; SIMMONS, 2017). Nesse mesmo sentido, discorre (MENCK, 2017), o qual destaca o acúmulo de sequencias não codificadoras de proteínas nos genomas ao longo do processo evolutivo das espécies, o que reforça a correlação existente entre o aumento na quantidade de introns e a complexidade biológica.
Outra descoberta interessante é que grande parte das regiões que anteriormente eram chamadas de “DNA-lixo” exercem uma função regulatória por meio da transcrição de RNA não codificante. Tais regiões passaram a ser chamadas de transcriptionally active regions (EL-HANI; JOAQUIM, 2010).
Além disso, ainda existem os chamados transposable elements, os quais são
 (MENK, 2017).
Os seres vivos transmitem suas características para as próximas gerações por meio da informação genética, mantendo a integridade das espécies. Em função disso, pode-se imaginar que os cromossomos são estruturas estáticas e imutáveis, de modo a manter as características que são passadas para a geração seguinte. De fato, por muito tempo, foi o que se imaginou. No entanto, conforme as descobertas científicas foram avançando, foi possível notar que havia genes capazes de se mover de uma posição a outra dentro do genoma de uma célula. Tais genes, ou entidades genéticas, foram então denominados elementos de transposição (TE, do inglês, transposable elements).
PIERCE, Benjamin A. Genética - Um Enfoque Conceitual, 5ª edição. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016. 9788527729338. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527729338/. Acesso em: 24 mar. 2022.
SNUSTAD, D P.; SIMMONS, Michael J. Fundamentos de Genética, 7ª edição. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2017. 9788527731010. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527731010/. Acesso em: 24 mar. 2022.
MENCK, Carlos F M. Genética Molecular Básica. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2017. 9788527732208. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527732208/. Acesso em: 24 mar. 2022.

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