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ANDRÉ LUIZ DA CONCEIÇÃO 
 
 
Royalties petrolíferos, desenvolvimento 
econômico local e qualidade de vida no Litoral 
Norte Paulista. 
 
 
 
 
93/2014 
 
 
CAMPINAS 
2014 
 
 i 
 ii
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA 
 
ANDRÉ LUIZ DA CONCEIÇÃO 
 
Royalties Petrolíferos, Desenvolvimento 
Econômico Local e Qualidade de Vida no 
Litoral Norte Paulista. 
Orientadora: Profa. Dra. Sônia Regina da Cal Seixas 
 Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade 
Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutor em Planejamento de Sistemas 
Energéticos. 
 
 
 
 
Campinas 
2014 
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 iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 iv
 
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Dedicatória 
Dedico este trabalho à minha querida esposa, Ana Luíza de Britto Arvigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Agradecimentos 
 
Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais presto meus 
agradecimentos: 
Aos meus pais e irmão, pelo incentivo em todos os momentos da minha vida. 
À minha orientadora, Profa. Dra. Sônia Regina da Cal Seixas, que me mostrou os caminhos a 
serem seguidos, sempre com muita seriedade, profissionalismo e competência. 
Ao grupo de pesquisa do Laboratório de Estudos Qualidade de Vida, Ambiente e Subjetividade 
(CNPq-NEPAM/UNICAMP), que muito contribuiu com críticas e sugestões durante o 
desenvolvimento do trabalho. 
À professora Isabel Cristina Alvares de Souza, pela revisão ortográfica do trabalho. 
À colega de grupo de pesquisa Gabriela Farias Asmus, pelo auxílio na redação do Abstract. 
A todos os professores, colegas e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Planejamento 
de Sistemas Energéticos - PSE da Faculdade de Engenharia Mecânica – FEM da Universidade 
Estadual de Campinas – UNICAMP, que ajudaram de forma direta e indireta na realização deste 
trabalho. 
Aos professores André Tosi Furtado, do Instituto de Geociências – IG da UNICAMP, e Carla 
Kazue Nakao Cavaliero, da Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP, pela participação 
e valiosas considerações durante a qualificação. 
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela concessão de 
bolsa de estudos durante todo o período da realização do Doutoramento, e à Fundação de Amparo 
à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pelos recursos para a realização do trabalho de 
campo, por meio dos processos nº 2008/58159-7 (período 2010-2011) e nº 11/20803-5 (período 
2011-2013). 
 
 
 
 
 
 
ix 
 vii
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Suba o primeiro degrau com fé. 
Não é necessário que você veja toda a escada. 
Apenas dê o primeiro passo. 
Martin Luther King 
xi 
 viii 
RESUMO 
 
No início do século XXI, o Brasil intensificou sua exploração e produção de petróleo e gás 
natural na plataforma continental, incluindo a descoberta de novas e expressivas reservas na 
camada do pré-sal, ocasionando impactos às regiões e municípios litorâneos envolvidos na cadeia 
produtiva da indústria petrolífera. Um desses impactos foi a maior arrecadação financeira pelos 
municípios costeiros, por meio dos royalties petrolíferos, que representam uma participação 
governamental sobre a renda dessa indústria, impactando positivamente os indicadores 
econômicos de certos municípios e regiões litorâneas no Brasil. Assim, este estudo teve como 
objetivo analisar, basicamente a partir de 1999, as condições de desenvolvimento econômico 
local e qualidade de vida da população dos municípios do Litoral Norte Paulista – LNP 
(Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba) frente a esse processo recente e atual de 
maior arrecadação de royalties petrolíferos pela região. Para isso, adotou-se o método quali-
quantitativo, que envolveu a obtenção e análise de dados qualitativos e quantitativos sobre a 
realidade local, por meio de índices e indicadores de desenvolvimento municipal, trabalhos de 
campo e aplicação de questionários a moradores e representantes públicos dos municípios do 
LNP. Os resultados obtidos apontaram para a melhora nos índices de desenvolvimento municipal 
e nos indicadores de crescimento socioeconômico e de qualidade de vida nos últimos anos na 
região, entretanto, num patamar inferior às melhorias registradas pelo estado de São Paulo, 
evidenciando que a região objeto de estudo ainda apresenta carências socioeconômicas que 
precisam ser solucionadas. Nessa perspectiva, a intensificação da atividade petrolífera na região, 
contando com maior arrecadação financeira, pode se tornar uma grande oportunidade para a 
região melhorar ainda mais seu padrão de desenvolvimento socioeconômico, podendo tornar-se 
um exemplo nacional de adequada aplicação das receitas oriundas dos royalties do petróleo e gás 
natural. Portanto, é fundamental considerar para o LNP a implantação de uma política de 
desenvolvimento regional que integre a diversificação das atividades produtivas com a melhoria 
da qualidade de vida da população, dando a oportunidade para que os moradores participem dos 
processos de tomada de decisão sobre as perspectivas futuras de aplicação dos royalties 
petrolíferos. 
Palavras-Chave: Litoral Norte Paulista. Qualidade de Vida. Desenvolvimento. Royalties. 
Petróleo. 
xiii 
 ix
ABSTRACT 
 
Since the beginning of the XXI century Brazil has intensified exploration and production of oil 
and natural gas, reflecting the discovery of expressive pre-salt layer reserves in its continental 
shelves. As a consequence, many impacts are felt by the coastal regions and municipalities 
involved with the oil production chain. One of these impacts was the greater financial collection 
by the municipalities due to oil royalties, which represent a governmental participation on the oil 
revenues, then positively impacting the economic indicators from certain municipalities and 
coastal regions from Brazil. This study aimed to analyze, especially after 1999, the local 
economic development conditions and life quality from the population living at the four 
municipalities from the north coast of São Paulo – NCSP (Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião 
and Ubatuba), facing this recent process of increasing oil royalties collection in the region. It was 
adopted both qualitative and quantitative methodsin order to obtain and analyze data on the local 
reality, including gathering indexes and indicators of municipal development, field work and 
questionnaire application to locals and public representatives from the NCSP municipalities. The 
results pointed out the improvement in the municipal development indexes and also the growth of 
socioeconomic and quality of life indicatorsin the region in these last years. However, such 
development occurs beyond the baselines observed at São Paulo state, evidencing that the studied 
region has socioeconomic deficiencies that still need to be solved. From this perspective, the 
intensification of oil and gas activities in the region - counting on the greater financial collection -
represents a huge opportunity to the improvement in its socioeconomic development standards, 
turning the region into a national example of competence in the application of the incomes 
originated from oil and gas royalties. Thus, it is fundamental to consider the implementation of 
regional development policies that can integratethe diversification of productive activities with 
the population quality of life developmentin the NCSP, by the creation of opportunities for social 
participation in the decision making processes on future perspectives for oil and gas royalties’ 
application. 
 
Keywords: North Coast of São Paulo. Life Quality. Development. Royalties. Oil. 
xv 
 x
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1: Localização dos municípios do litoral paulista.............................................................p.1 
Figura2: Unidades territoriais da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral 
Norte..............................................................................................................................................p.4 
Figura 3: Infraestrutura das instalações offshore da indústria de petróleo e gás no Litoral Norte 
Paulista...........................................................................................................................................p.7 
Figura 4: Píer do Terminal Aquaviário de São Sebastião – TASS, que passará por 
ampliação.......................................................................................................................................p.8 
Figura 5: Localização e extensão dos campos de exploração do pré-sal...................................p.10 
Figura 6: Macrofluxo da indústria do petróleo e do gás natural do Brasil no início do século 
XXI............................................................................................................................................. p.15 
Figura 7: Reservas provadas de petróleo do Brasil, 1997-2012 (pó bilhões de 
barris)...........................................................................................................................................p.16 
Figura 8: Reservas provadas de gás natural do Brasil, 1997-2012 (por trilhões de 
m3)...............................................................................................................................................p.16 
Figura 9: Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo, por Unidades da Federação 
– UF, 2012...................................................................................................................................p.17 
Figura 10: Produção de petróleo do Brasil, 1997-2012 (por mil barris/dia)..............................p.18 
Figura 11: Produção de gás natural do Brasil, 1997-2012 (por bilhões de m3).........................p.19 
Figura 12: Municípios participantes da OMPETRO..................................................................p.49 
Figura 13: Fluxograma de representação da metodologia da pesquisa......................................p.53 
xvii 
 xi
Figura 14: Perímetro de entrevistas em Caraguatatuba (bairros Benfica, Jardim Primavera e 
Centro).........................................................................................................................................p.65 
Figura 15: Perímetro de entrevistas em Ubatuba (bairro Centro)..............................................p.65 
Figura 16: Perímetro de entrevistas em São Sebastião (bairros Praia Grande, Varadouro e 
Centro).........................................................................................................................................p.65 
Figura 17: Perímetro de entrevistas em Ilhabela (bairro Centro)...............................................p.65 
Figura 18: Reservas provadas de petróleo no estado de São Paulo, 1997-2013 (por milhões de 
barris)...........................................................................................................................................p.71 
Figura 19: Reservas provadas de gás natural no estado de São Paulo, 1997-2013 (por milhões de 
m3)...............................................................................................................................................p.71 
Figura 20: Produção de petróleo no estado de São Paulo, 1997-2013 (por mil barris)..............p.73 
Figura 21: Produção de gás natural no estado de São Paulo, 1997-2013 (por mil 
barris)...........................................................................................................................................p.73 
Figura 22: Atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural na Bacia de 
Santos...........................................................................................................................................p.74 
Figura 23: Arrecadação de royalties pelo estado de São Paulo, 1999-2013 (por milhões de 
R$)...............................................................................................................................................p.76 
Figura 24: Localização da UTGCA, em Caraguatatuba-SP......................................................p.82 
Figura 25: Fotografia aérea do Terminal Aquaviário de São Sebastião, em São Sebastião-
SP.................................................................................................................................................p.83 
Figura 26: Arrecadação de royalties de Campos dos Goytacazes (RJ), do Litoral Norte 
Fluminense e dos municípios do LNP, 1999-2013 (bilhões de R$)............................................p.88 
xviii 
 xii
Figura 27: Projeção dos limites territoriais por meio de linhas geodésicas ortogonais à 
costa.............................................................................................................................................p.90 
Figura 28: Projeção dos limites territoriais por meio de linhas de bases retas (paralelos 
geográficos).................................................................................................................................p.91 
Figura 29: Confrontação dos campos de Merluza e Lagosta (ortogonais – Bertioga e paralelos – 
Cananéia).....................................................................................................................................p.92 
Figura 30: Critério geográfico vigente em São Sebastião para arrecadação dos royalties e 
participações especiais.................................................................................................................p.94 
Figura 31: Critério geográfico vigente em Ilhabela para arrecadação dos royalties e participações 
especiais.......................................................................................................................................p.96 
Figura 32: Critério geográfico vigente em Caraguatatuba para arrecadação dos royalties e 
participações especiais.................................................................................................................p.98 
Figura 33: Critério geográfico vigente em Ubatuba para arrecadação dos royalties e 
participações especiais...............................................................................................................p.100 
Figura 34: Local da Associação de pescadores em São Sebastião-SP.....................................p.102 
Figura 35: PIB do Litoral Norte Paulista (por milhões de R$), 1999-2011.............................p.104 
Figura 36: Domicílios ligados à rede de água e esgoto no LNP, 2010....................................p.109 
Figura 37: PIB per capita do Litoral Norte Paulista (R$), 1999-2010.....................................p.110 
Figura 38: Rendimento médio no total dos trabalhadores com vínculo empregatício no LNP 
(R$), 1999-2012.........................................................................................................................p.111 
Figura 39: Empregos formais por setor econômico no LNP, 2012 (%)...................................p.112 
Figura 40: Receita tributária do Litoral Norte Paulista (R$), 2000-2010................................p.114 
xix 
 xiii 
Figura 41: Número de casos e coeficiente de incidência de Leishmaniose Tegumentar 
Americana, municípios do LNP, 1992-2005.............................................................................p.125 
Figura 42: Média da esperança de vida ao nascer (em anos) no LNP e no Estado de São Paulo, 
1991-2010..................................................................................................................................p.128 
Figura 43: Média da mortalidade até um ano de idade (por mil nascidos vivos) no LNP e no 
Estado de São Paulo, 1991-2010...............................................................................................p.129Figura 44: Taxa de homicídios (doloso e culposo) em Caraguatatuba e São Sebastião, a cada 100 
mil habitantes, de 2000 a 2007..................................................................................................p.135 
Figura 45: Audiência pública em Caraguatatuba-SP, 2012.....................................................p.141 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xx 
 xiv
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Caracterização demográfica e territorial dos municípios do Litoral Norte 
Paulista...........................................................................................................................................p.5 
Tabela 2: Critérios para a exploração petrolífera brasileira em terra.........................................p.32 
Tabela 3: Critérios para a exploração petrolífera brasileira na plataforma continental..............p.33 
Tabela 4: Receitas originárias da renda do petróleo (excluindo tributos indiretos), em milhões de 
R$.................................................................................................................................................p.35 
Tabela 5: Taxa de crescimento da população na Zona Costeira Paulista, 1970-2010 (% 
a.a.)..............................................................................................................................................p.38 
Tabela 6: Critérios de distribuição dos royalties no Brasil e no mundo.....................................p.42 
Tabela 7: Síntese das atividades desenvolvidas.........................................................................p.56 
Tabela 8: Dimensões e indicadores socioeconômicos do IDH-M..............................................p.59 
Tabela 9: Perfil dos entrevistados, Caraguatatuba-SP, 2013......................................................p.64 
Tabela 10: Perfil dos entrevistados, São Sebastião-SP, 2011....................................................p.65 
Tabela 11: Perfil dos entrevistados, Ilhabela-SP, 2013..............................................................p.66 
Tabela 12: Perfil dos entrevistados, Ubatuba-SP, 2013.............................................................p.67 
Tabela 13: Comparativo de perda potencial pelos municípios do litoral do estado de São Paulo, 
devido às alterações propostas no marco regulatório..................................................................p.78 
Tabela 14: Arrecadação de royalties pelos municípios do LNP, 1999-2012 (R$).....................p.81 
xxi 
 xv
Tabela 15: Arrecadação de royalties anuais em valores correntes pelos municípios do Litoral 
Norte Fluminense, 1999-2013 (milhões de R$)..........................................................................p.85 
Tabela 16: Total de domicílios particulares permanentes no Litoral Norte Paulista, 1980-
2010...........................................................................................................................................p.105 
Tabela 17: Total de habitantes do Litoral Norte Paulista, 1980-2013......................................p.106 
Tabela 18: Saldo migratório anual no LNP, 1991-2010...........................................................p.107 
Tabela 19: Projeção do número de domicílios totais no LNP, 2009-2040...............................p.108 
Tabela 20: Classificação das atividades de E&P do petróleo e gás natural no LNP (%), 
2013...........................................................................................................................................p.115 
Tabela 21: Participações dos royalties nas receitas dos municípios da Região Norte Fluminense 
(%), 1997-2002..........................................................................................................................p.119 
Tabela 22: Participação dos royalties nas receitas dos municípios do LNP, 2004-
2011...........................................................................................................................................p.120 
Tabela 23: Evolução do IDH-M dos municípios do LNP, 1991-2010.....................................p.120 
Tabela 24: Evolução do IFDM dos municípios do LNP, 2000-2010.......................................p.121 
Tabela 25: Nível de satisfação com os bens básicos para a qualidade de vida no LNP, 2013 
(%).............................................................................................................................................p.123 
Tabela 26: Evolução do indicador Longevidade do IDH-M, 1990-2010.................................p.127 
Tabela 27: Evolução do indicador Educação do IDH-M, 1990-2010......................................p.131 
Tabela 28: Taxa de analfabetismo da população de 15 anos e mais (%), 1991-2010..............p.132 
Tabela 29: Nível de satisfação com as atividades de cultura e lazer do LNP (%), 
2013...........................................................................................................................................p.137 
xxii 
 xvi
Tabela 30: Número de espaços e equipamentos públicos para a complementação da qualidade de 
vida no LNP, 2003.....................................................................................................................p.138 
Tabela 31: Participação dos moradores do LNP em causas coletivas (%), 2013.....................p.139 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xxiii 
 xvii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ALESP – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo 
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 
CESPEG – Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural do Estado de São Paulo 
CNUDM – Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar 
COMFARP – Conselho Municipal de Fiscalização das Aplicações dos Royalties do Petróleo 
E&P – Exploração e Produção 
FAAT – Faculdades Atibaia 
FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo 
FE – Fundo Especial 
FEP – Fundo Especial do Petróleo 
FPM – Fundo de Participação dos Municípios 
FPP – Fundo Paulista de Petróleo 
FS – Fundo Social 
FSB – Fundo Soberano do Brasil 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano 
IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 
IFCH – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas 
IFDM – Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal 
LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias 
LNF – Litoral Norte Fluminense 
LNP – Litoral Norte Paulista 
LTA – Leishmaniose Tegumentar Americana 
MP – Material Particulado 
NEPAM – Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais 
NES – Núcleo de Estudos em Sustentabilidade 
NOx – Óxido de Enxofre 
NT – Nota Técnica 
OMPETRO – Organização dos Municípios Produtores de Petróleo 
xxv 
 xviii 
ONIP – Organização Nacional da Indústria do Petróleo 
ONU – Organização das Nações Unidas 
OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo 
PCA – Principal Component Analysis 
PE – Participação Especial 
PESM – Parque Estadual da Serra do Mar 
PIB – Produto Interno Bruto 
PL – Projeto de Lei 
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
PPSA – Petróleo Pré-Sal S.A. 
RAIS – Relatórios Anuais de Informações Sociais 
REPLAN – Refinaria de Paulínia 
RMBS – Região Metropolitana da Baixada Santista 
RMC – Região Metropolitana de Campinas 
RMSP – Região Metropolitana de São Paulo 
RMVPLN – Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte 
RPS – Região Petrolífera Sergipana 
SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados 
SECAD – Secretaria de Administração 
SUS – Sistema Único de Saúde 
TASS – Terminal Aquaviário de São Sebastião 
TC – Tribunal de Contas 
UCAM – Universidade Candido Mendes 
UF – Unidade da Federação 
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas 
UTGCA – Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato 
VOC – Volatile Organic Compounds (Compostos Orgânicos Voláteis) 
 
 
 
 
xxvi 
 xix
SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... p.1 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................................. p.12 
2.1 Petróleo e gás natural: origem e definições...........................................................................p.12 
2.2 Indústria do petróleo e gás natural.........................................................................................p.13 
2.3 Desenvolvimento econômico local........................................................................................p.20 
2.4 Qualidade de vida..................................................................................................................p.23 
2.5 Arrecadação e distribuição dos royalties petrolíferos............................................................p.28 
2.6 Controle Social e gestão dos recursos...................................................................................p.45 
2.7 Royalties petrolíferos no Brasil e controle social..................................................................p.47 
3 METODOLOGIA...................................................................................................................p.52 
3.1 Atividades desenvolvidas......................................................................................................p.58 
3.1.1 Primeira etapa....................................................................................................................p.59 
3.1.2 Segunda etapa.....................................................................................................................p.61 
3.1.3 Terceira etapa.....................................................................................................................p.68 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................................................................p.70 
4.1 Atividade petrolífera no estado de São Paulo........................................................................p.70 
4.2 Arrecadação e aplicação dos royalties petrolíferos no LNP..................................................p.80 
4.3 Indicadores de desempenho socioeconômico no LNP........................................................p.102 
xxvii 
 xx
4.4 Indicadores de Desenvolvimento Humano Municipal e Qualidade de Vida no 
LNP............................................................................................................................................p.120 
4.5 Bens básicos da qualidade de vida......................................................................................p.122 
4.5.1 Saúde: indicadores e nível de satisfação da população...................................................p.122 
4.5.2 Educação: indicadores e nível de satisfação da população.............................................p.130 
4.5.3 Transporte: indicadores e nível de satisfação da população...........................................p.133 
4.5.4 Segurança: indicadores e nível de satisfação da população...........................................p.134 
4.6 Bens complementares para a qualidade de vida: indicadores e nível de 
satisfação...................................................................................................................................p.136 
4.7 Bens ético-políticos para a qualidade de vida.....................................................................p.139 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................p.143 
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................p.148 
APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos moradores do Litoral Norte Paulista durante os 
trabalhos de campo....................................................................................................................p.173 
APÊNDICE B – Questionário aplicado junto às secretarias de Fazenda e Finanças dos 
municípios do LNP....................................................................................................................p.182
xxviii 
1 
 
1 INTRODUÇÃO 
O litoral paulista, área pertencente à zona costeira brasileira, é formado por 16 municípios 
(Cananéia, Iguape, Ilha Comprida, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Caraguatatuba, Ilhabela, São 
Sebastião, Ubatuba, Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Santos e São Vicente), que podem 
ser divididos e agrupados em três regiões (litoral sul, litoral norte e baixada santista), conforme a 
Figura 1. 
 
 
Figura 1: Localização dos municípios do litoral paulista. 
Fonte: Seixas et al. (2012). 
 
 2
Moraes (2007, p. 31) lembra que a localização litorânea possui uma série de atributos 
singulares que a qualificam como uma “situação geográfica ímpar”, do ponto de vista econômico 
(terrenos raros em relação às terras emersas), natural (quadros naturais de alta riqueza e 
relevância ecológica) e de fluxos de circulação, onde o litoral aparece como área estratégica em 
função da importância dos fluxos oceânicos no mundo contemporâneo. 
Vale ressaltar que um dos principais elementos representativos da riqueza natural do Litoral 
Norte Paulista – LNP é o Parque Estadual da Serra do Mar – PESM. Criado em 1997 com o 
objetivo de garantir a conservação de remanescentes de mata atlântica e toda sua diversidade 
biológica, histórica, cultural e geográfica, o PESM ocupa parte de 23 municípios paulistas numa 
área de 315.390 hectares. Na porção norte do litoral paulista, o PESM abrange 78,27% do 
município de Caraguatatuba, 59,28% de São Sebastião e 79,58% de Ubatuba (SÃO PAULO, 
SMA/IF, 2006). 
Segundo o censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 
(2010), a população do litoral paulista é de 1.994.957 habitantes, o que equivale a 4,83% da 
população total do estado de São Paulo, que é de 41.252.160 habitantes. O litoral de São Paulo 
ocupa área de 7.748km2, contando, portanto, com densidade demográfica de 257,14hab./km2, 
ficando acima da concentração populacional do estado, que é de 166,20hab./km2. Considerando 
alguns municípios da baixada santista, a densidade demográfica chega a ser superior a dois mil 
hab./km2, como é o caso de Guarujá (2.032,21hab./km2) e São Vicente (2.231,03hab./km2). Por 
outro lado, municípios do litoral sul apresentam baixas densidades demográficas, como é o caso 
de Cananéia (9,83hab./km2) e Iguape (14,58hab./km2). No litoral norte, a densidade demográfica 
varia entre 81hab./km2 (Ilhabela) e 208hab./km2 (Caraguatatuba), caracterizando-se como uma 
região de alta concentração populacional quando comparado com os dados nacionais, que são de 
23hab./km2. Carmo, Marques e Miranda (2012) explicam que um fator de grande contribuição 
para a elevada densidade demográfica do LNP é o acelerado ritmo de crescimento populacional 
da região, que é maior em comparação ao Litoral Sul e à Baixada Santista. De certa forma, isso 
demonstra o potencial da região em continuar crescendo e concentrada demograficamente. 
Do ponto de vista econômico, o litoral paulista caracteriza-se como uma região periférica, 
polarizada pelo município de São Paulo, onde coexistem de maneira desigual diferentes espaços 
 3
geoeconômicos1 (CARMO; MARQUES; MIRANDA, 2012), onde se destacam atividades como 
o turismo, a pesca, a E&P do petróleo e gás natural, entre outras. Moraes (2007) destaca que o 
litoral pode ser definido como uma zona de usos múltiplos, pois em sua extensão é possível 
encontrar diversificadas formas de ocupação do solo e a manifestação das mais diferentes 
atividades humanas, podendo, inclusive, levar a situações conflituosas relacionadas ao processo 
de uso e ocupação do solo. Cunha (2003) exemplifica uma situação conflituosa no LNP 
envolvendo o debate sobre a expansão do porto de SãoSebastião no município de mesmo nome 
quanto aos possíveis impactos no espaço marinho e ao tráfego e armazenagem de cargas. 
O Produto Interno Bruto – PIB do litoral paulista, segundo dados do IBGE (2010), 
encontra-se em torno de R$53 bilhões, o que representa pouco mais de 4% do PIB do estado. 
Santos é o que detém o maior PIB entre os dezesseis municípios do litoral, com pouco mais de 
R$ 27bilhões, seguido por Cubatão (cerca de R$6,2 bilhões), Guarujá (cerca de R$4,1 bilhões) e 
São Vicente (cerca de R$3,2 bilhões), todos da Região Metropolitana da Baixada Santista – 
RMBS, configurando-se como a região economicamente mais dinâmica do litoral paulista. Jakob 
(2003) explica que tal dinamismo justifica-se basicamente pelo fato da RMBS possuir elementos 
econômicos de atração populacional, tais como o polo petroquímico de Cubatão e o porto de 
Santos e suas praias. Outro fator relevante para o dinamismo econômico da RMBS, segundo 
Young (2008), é a proximidade com a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, responsável 
pela intensificação dos fluxos materiais (mercadorias, pessoas etc.) e imateriais (informação, 
transações financeiras etc.) intrametropolitanos. 
Como uma das regiões integrantes da zona litorânea e objeto de estudo desta pesquisa, o 
Litoral Norte Paulista está localizado na porção leste do estado de São Paulo, na divisa com o 
estado do Rio de Janeiro (Figura 1), e caracteriza-se por uma área serrana (Serra do Mar), que se 
estende continuamente paralela ao mar, e outro trecho plano (planície costeira), relativamente 
estreito intercalado com praias e esporões rochosos que avançam mar adentro (AMARAL; 
NALLIN, 2011). 
 
1 Entende-se por espaços geoeconômicos, segundo Egler (2013), as extensões territoriais em diferentes escalas 
geográficas (local, regional, nacional e global) onde interagem grandes aglomerados econômicos e pequenos 
produtores familiares que expandem a fronteira de negócios, podendo esta superar os limites do território nacional. 
 4
Além disso, os municípios do LNP são integrantes da Região Metropolitana do Vale do 
Paraíba e Litoral Norte – RMVPLN, criada pela Lei Estadual Complementar nº 166 de 9 de 
janeiro de 2012 (Figura 2), com os objetivos de promover: (1) o planejamento regional para o 
desenvolvimento socioeconômico e a melhoria da qualidade de vida; (2) a cooperação entre 
diferentes níveis de governo, mediante a descentralização, articulação e integração de seus órgãos 
e entidades da administração direta e indireta com atuação na região, visando ao máximo 
aproveitamento dos recursos públicos a ela destinados; (3) a utilização racional do território, dos 
recursos naturais e a proteção do meio ambiente, dos bens culturais materiais e imateriais; (4) a 
integração do planejamento e da execução das funções públicas de interesse comum aos entes 
públicos atuantes na região; e (5) a redução das desigualdades regionais. 
 
 
Figura 2: Unidades territoriais da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. 
Fonte: SÃO PAULO, EMPLASA (2012). 
 5
O LNP totaliza 281 mil habitantes (IBGE, 2010), dispostos numa área territorial de 
1.944km², representando uma concentração demográfica regional em torno de 145hab./km², 
ficando pouco abaixo da média estadual (166hab./km²) e bem acima da média nacional 
(23hab./km²), conforme pode ser observado nos dados da Tabela 1. Conforme Panizza (2004), ao 
longo dos últimos 30 anos a região tem sofrido um processo intenso de urbanização ligado 
essencialmente à exploração turística desse espaço de uso múltiplo. De acordo com Moraes 
(2007), em termos globais, a atividade turística é um dos setores produtivos que mais cresce na 
zona costeira na atualidade, revelando uma velocidade de instalação exponencial. 
 
Tabela 1: Caracterização demográfica e territorial dos municípios do Litoral Norte Paulista. 
Municípios 
População 
(habitantes) 
Área 
territorial 
(km2) 
Densidade 
demográfica 
(hab./km2) 
Caraguatatuba 100.899 485 212,1 
Ilhabela 28.176 348 80,9 
São Sebastião 73.833 400 184,5 
Ubatuba 78.870 711 110,9 
Total do LNP 281.778 1.944 144,9 
Estado de São Paulo 41.262.199 248.222 166,2 
Brasil 190.755.799 8.515.767 22,4 
Fonte: Adaptado do IBGE (2010). 
 
Formada pelos municípios de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba, a região 
vem apresentando nos últimos anos acelerado crescimento de seus indicadores econômicos, em 
parte relacionado à questão energética, visto que a região possui infraestrutura de armazenamento 
 6
e transporte de petróleo, derivados e gás natural, além de ser detentora de áreas confrontantes2 
com campos de exploração e produção do petróleo e gás natural, como o Campo de Mexilhão 
(Figura 3), localizado na Bacia de Santos, a 165km da costa de Caraguatatuba (RENK, 2010; 
CONCEIÇÃO; SEIXAS, 2012). Aliado a este fator, a indústria petrolífera brasileira vem 
apresentando nas últimas décadas um rápido padrão de desenvolvimento, contando com a 
descoberta de novos campos de exploração e a incorporação de novas tecnologias de produção 
concentradas, sobretudo, na plataforma continental3, junto à região litorânea do país. Conforme a 
Organização Nacional da Indústria do Petróleo – ONIP (2000), a partir da segunda metade da 
década de 1990, diversas transformações estruturais e institucionais criaram um novo ambiente 
econômico para a indústria brasileira de petróleo, derivados e gás natural, impactando direta e 
indiretamente a expansão do setor petrolífero na economia brasileira nos aspectos de produção, 
renda, emprego, arrecadação tributária, balança comercial e meio ambiente (emissão de 
poluentes). 
 
 
 
 
 
 
 
2 A Lei nº 7.525, de 22 de julho de 1986, define essa categoria de beneficiários confrontantes como os “estados, 
territórios e municípios contíguos à área marítima delimitada pelas linhas de projeção dos respectivos limites 
territoriais até a linha de limite da plataforma continental, onde estiverem situados os poços” (SERRA, 2007). 
3 A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – CNUDM, de 1982, define que: “A plataforma 
continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu 
mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da 
margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a 
largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância” (apud 
CAVALCANTI, 2011). 
 7
 
Figura 3: Infraestrutura das instalações offshore da indústria de petróleo e gás no Litoral Norte 
Paulista 
Fonte: Hogan (2008). 
 
Um dos responsáveis pelo rápido crescimento dos indicadores econômicos dos municípios 
do LNP é a arrecadação de royalties petrolíferos, que possui relação direta com o volume 
produzido de petróleo, portanto, quanto mais se produz hidrocarbonetos, maior é a arrecadação 
por parte dos municípios (CONCEIÇÃO; SEIXAS; GAVIRA, 2012). É importante esclarecer 
que os royalties do petróleo representam uma compensação financeira devida ao Estado pelas 
empresas que exploram e produzem petróleo e gás natural (BRASIL, ANP, 2001). 
Estão em andamento no LNP megaprojetos, representados por grandes empreendimentos 
de infraestrutura com orçamentos superiores a um bilhão de dólares, relacionados à cadeia 
 8
produtiva do petróleo e gás natural e às atividades de expansão portuária e rodoviária. Este fato 
mudaria a vocação regional de área de conservação ambiental e turismo para atividades cada vez 
mais industriais (TEIXEIRA et al., 2012). A Figura 4 representa um desses megaprojetos em 
andamento no LNP, relacionado à ampliação do terminal marítimo de São Sebastião-SP. 
 
 
Figura 4: Píer do Terminal Aquaviário de SãoSebastião – TASS, que passará por ampliação 
Fonte: Petrobras (2006). 
 
Nessa perspectiva de mudanças socioeconômicas e territoriais recentes, os municípios do 
LNP, contando com maior arrecadação financeira, teriam melhores condições para investir no 
desenvolvimento econômico local por meio da diversificação dos processos produtivos e da 
diminuição gradativa da dependência do setor petrolífero em longo prazo. Entretanto, o que se 
 9
observa é que a maior arrecadação financeira pelos poderes locais não reflete em melhores 
condições de desenvolvimento econômico local e qualidade de vida para a população. Tal 
constatação ocorre de maneira mais evidente e expressiva em municípios do litoral do estado do 
Rio de Janeiro, que apresentam elevadas taxas de arrecadação financeira e, ao mesmo tempo, 
sérias deficiências em âmbito socioeconômico, tais como os baixos índices de desenvolvimento 
humano (GUTMAN; LEITE, 2003; PACHECO; MACHADO, 2008; NOGUEIRA, 2010; 
MENEZES, 2012). 
Numa perspectiva de aumento da exploração e produção de petróleo nas reservas do pré-
sal, a tendência é que os municípios litorâneos aumentem ainda mais sua arrecadação financeira. 
Vale esclarecer que, segundo Silva e Porto Filho (2012), o termo pré-sal refere-se a uma faixa 
que se estende abaixo do nível do mar, em profundidades que superam os sete mil metros, ao 
longo de 800 quilômetros entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, com potencial para 
a geração e acúmulo de petróleo, englobando basicamente três bacias sedimentares: a bacia do 
Espírito Santo, a bacia de Campos e a bacia de Santos, como pode ser observado na Figura 5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10
 
Figura 5: Localização e extensão dos campos de exploração do pré-sal 
Fonte: Lima (2011). 
 
Assim, o objetivo principal desta pesquisa foi identificar e analisar a arrecadação e 
aplicação dos royalties do petróleo e gás natural pelos municípios do LNP, estabelecendo 
relações com os indicadores socioeconômicos da região, numa perspectiva histórica, atual, crítica 
e reflexiva. 
 11
A presente tese é parte integrante de uma série de estudos mais abrangentes desenvolvidos 
nos últimos anos sobre o LNP, a partir de diferentes abordagens (economia, sociedade, ambiente, 
saúde, percepção de riscos e energia), por meio do desenvolvimento de projetos de pesquisa 
apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP.4 
Esta tese está estruturada em quatro capítulos, sendo apresentadas no presente capítulo 
(Introdução), as características gerais do litoral paulista, bem como e principalmente dos 
municípios que integram o LNP. No capítulo 2 (Revisão da literatura), a discussão gira em torno 
da fundamentação teórica e conceitual de sustentação desta tese, com apresentação e análise de 
alguns dos principais estudos e pesquisas de referência na área. No capítulo 3 (Metodologia), o 
foco foi expor como a pesquisa foi conduzida ao longo do tempo e as principais estratégias 
metodológicas utilizadas, com destaque para as entrevistas junto aos moradores do LNP, como 
um diferencial do ponto de vista teórico-metodológico em estudos dessa natureza. O capítulo 4 
(Royalties petrolíferos e indicadores de desenvolvimento e qualidade de vida) apresenta os 
principais resultados alcançados durante o estudo, com destaque para as ações de controle social 
e participação da sociedade nos processos de tomada de decisão relacionados ao uso de recursos 
provenientes dos royalties. Por fim, seguem-se as Considerações finais, as Referências e os 
Apêndices. 
 
 
 
 
 
 
 
4 “Urban growth, vulnerability and adaptation: social and ecological dimensions of climate change on the coast of 
São Paulo” (processo nº 2008/58159-7); “Mudanças ambientais globais, vulnerabilidade, risco e subjetividade: um 
estudo sobre o Litoral Norte Paulista” (processo nº. 2010/20811-5); e “Qualidade de Vida e Energia no Litoral Norte 
Paulista: implicações socioeconômicas e ambientais da indústria do petróleo e gás natural” (processo nº 11/20803-5). 
 12
2 REVISÃO DA LITERATURA 
Neste capítulo serão abordados de maneira crítica e reflexiva os principais pilares de 
sustentação teórica e conceitual da pesquisa, que passam necessariamente pela breve 
compreensão das características naturais do petróleo e gás natural, por uma abordagem sucinta 
sobre o funcionamento da indústria petrolífera, bem como pela apresentação de estrutura 
existente de arrecadação e distribuição dos royalties originários desses dois hidrocarbonetos, nos 
cenários internacional, nacional, regional e local. 
A relação existente entre a arrecadação, a distribuição e a aplicação dos royalties e as 
condições de desenvolvimento econômico local e qualidade de vida, aliada à compreensão do 
controle social enquanto estratégia de gestão participativa dos royalties petrolíferos, também faz 
parte das discussões, possibilitando maior fundamentação para as análises realizadas nos 
municípios do LNP. 
 
2.1 Petróleo e gás natural: origem e definições 
Conforme Bret-Rouzaut e Favennec (2011), ao longo dos séculos até a sociedade atual, o 
petróleo foi utilizado para vários fins, desde os usos médicos até como instrumento de guerra, 
indispensável ao setor de transportes. Sébille-Lopez (2006) lembra que após a Segunda Guerra 
Mundial, o petróleo tornou-se um recurso energético predominante e indispensável para a vida 
cotidiana. Leite (1997) destaca a versatilidade do petróleo e seus derivados, além da facilidade do 
seu manuseio e transporte como razões suficientes para a sua crescente importância relativa. 
Do ponto de vista energético, o petróleo e o gás natural caracterizam-se como sendo duas 
fontes não renováveis de energia5, fazendo parte do grupo dos combustíveis fósseis (TEIXEIRA 
et al., 2009) derivados de restos de plantas e animais soterrados juntamente com os sedimentos 
que formam as rochas sedimentares, que, por sua vez, dão origem aos reservatórios onde ocorrem 
as bacias sedimentares (BRET-ROUZAUT; FAVENNEC, 2011). Morelli (1966) complementa 
 
5 As fontes de energia não renováveis são aquelas que estão disponíveis na Terra em quantidades finitas e que se 
esgotam à medida que vão sendo utilizadas. Considera-se para isso a escala de tempo humana, pois, apesar de 
petróleo, gás e carvão mineral estarem continuamente se formando, levam milhões de anos para chegarem ao ponto 
de serem utilizados (TEIXEIRA, et al., 2009). 
 13
afirmando que tanto o petróleo quanto o gás são originários da decomposição da matéria 
orgânica, contando com a sobreposição de uma camada sedimentar sobre a outra, causando a 
compressão do líquido e do gás. 
Farah (2013) acrescenta, afirmando que o petróleo é uma mistura de gases, líquidos e 
sólidos cujas características variam significativamente de acordo com o campo produtor, sendo 
constituído basicamente de carbono e hidrogênio. 
O gás natural, também classificado como um hidrocarboneto, é resultante da 
decomposição da matéria orgânica durante milhões de anos, encontrado no subsolo, em rochas 
porosas separadas por uma camada impermeável (BRASIL, ANEEL, 2008). Campos e Moraes 
(2012) ressaltam as características do gás natural como um energético de alto poder calorífico por 
unidade de massa, que é encontrado na natureza praticamente pronto para consumo, produzindo 
baixos níveis de emissão de dióxido de carbono quando queimado, além dos baixos níveis de 
emissão de óxidos de nitrogênio e particulados, em função da sua composição predominante de 
metano e etano. 
Para Marinho Jr. (1970), ambos, tanto o gás natural e, principalmente, o petróleo, são 
responsáveis por constituir a indústria petrolífera, uma importante e vasta indústria envolvendo 
um complexo de muitas atividades, variando desde a pesquisa em seus depósitos naturais até a 
distribuição dos produtostransformados. 
 
2.2 Indústria do petróleo e gás natural 
Na perspectiva de Piquet (2011), a indústria petrolífera no Brasil, ao longo de seu 
histórico de atividades de exploração e produção, deixou marcas irreversíveis na paisagem 
econômica, social e ambiental dos territórios onde se implantou como é o caso do Norte 
Fluminense que, positivamente, entre outros impactos, registrou um aumento dos orçamentos 
municipais em função dos elevados repasses que o petróleo proporciona, contudo, tamanha 
abundância de recursos financeiros se torna um grande desafio a ser enfrentado, sobretudo pelos 
gestores e representantes públicos municipais. 
 14
Para a Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural do Estado de São Paulo – CESPEG 
(2010), a indústria de petróleo e gás natural, apesar de se caracterizar por lucros potencialmente 
muito altos, opera em um ambiente de riscos geológicos, tecnológicos e comerciais também 
muito elevados, cabendo o sucesso empresarial nesse mercado à capacidade de as empresas 
gerirem adequadamente tais riscos. Farah (2013) reforça que a exploração do petróleo, como uma 
das etapas inerentes à indústria petrolífera, configura-se como uma atividade dispendiosa e 
demorada para apresentar resultados, envolvendo levantamento de dados, estudos sísmicos e 
análises, em que se verifica a possibilidade de uma bacia sedimentar acumular petróleo. 
Tolmasquim e Pinto Jr. (2011) complementam afirmando que o desenvolvimento tecnológico 
envolvido na redução da dependência do suprimento energético inclui a superação dos desafios 
tecnológicos associados à exploração de áreas geológicas desfavoráveis, como as águas 
profundas e ultraprofundas no Brasil. 
Furtado e Muller (1995) entendem que a cadeia produtiva da indústria petrolífera é 
formada por uma gama variada de processos produtivos e heterogeneidade tecnológica, que 
abrange desde a prospecção até a distribuição de derivados ao consumidor, envolvendo 
exploração, produção, transporte, refino e distribuição. Para Piquet e Terra (2011), a indústria do 
petróleo convencionalmente é dividida em dois grandes segmentos: upstream (montante), 
envolvendo as fases de exploração, desenvolvimento e produção, e downstream (jusante), 
englobando as etapas de transporte, refino e distribuição. Reis, Fadigas e Carvalho (2005) 
reconhecem outro segmento intermediário inerente à indústria petrolífera, o middlestream, que 
corresponde ao refino do petróleo, pelo qual o óleo cru passa por uma série de beneficiamentos 
para obtenção de produtos determinados, denominados de derivados. 
Na perspectiva de Campos e Moraes (2012, p. 15) a indústria do petróleo e do gás natural 
pode ser representada conforme a Figura 6, onde se observa uma ampla e complexa cadeia de 
atividades em desenvolvimento e interação que, de maneira geral, inicia-se pelo mercado 
(fornecedores), passando pelos insumos (petróleo, gás, derivados etc.), processos (exploração, 
produção, refino, transporte etc.) e produtos (gasolina, diesel, óleo combustível etc.), finalizando 
novamente com o mercado, na perspectiva dos consumidores finais. Para Piquet e Terra (2011), 
para que o petróleo e seus derivados cheguem até o consumidor final, é necessário um sistema 
estruturado por diferentes segmentos industriais. 
 15
 
Figura 6: Macrofluxo da indústria do petróleo e do gás natural do Brasil, 2012. 
Fonte: Campos e Moraes (2012). 
 
Do ponto de vista tecnológico, Zamith (2001) explica que, no Brasil, os esforços mais 
recentes relacionados à indústria petrolífera estão concentrados no desenvolvimento de 
tecnologias offshore (no mar) em águas profundas e ultraprofundas, onde se encontram as 
maiores reservas petrolíferas do país, tanto que em 2012, segundo dados da Agência Nacional do 
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP (2013), as reservas provadas de petróleo do 
Brasil atingiram a marca de 15,3 bilhões de barris, representando um crescimento acumulado de 
53,6% em relação às reservas de 1997 (Figura 7), fato que colocou o país na 14º posição no 
ranking mundial de países com as maiores reservas provadas de petróleo. Quanto às reservas 
provadas de gás natural no Brasil, em 2012 o país possuía 0,23 trilhões de m3, representando 
aumento de 48,8% em relação às reservas provadas de 1997 (Figura 8), mas significando ainda 
uma participação tímida no cenário geopolítico internacional do gás natural, tanto que o país 
figura na 31ª colocação no ranking mundial de países com as maiores reservas de petróleo. 
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1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
B
il
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b
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rr
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Anos
Figura 7: Reservas provadas de petróleo do Brasil, 1997-2012 (por bilhões de barris) 
Fonte: Adaptado de ANP (1997); ANP (2013). 
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1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
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³
Anos
 Figura 8: Reservas provadas de gás natural do Brasil, 1997-2012 (por trilhões de m3) 
Fonte: Adaptado de ANP (1997); ANP (2013). 
 
 17
Quanto à localização das reservas provadas de petróleo no Brasil, 94% estão no mar 
(offshore) e 6% em terra (onshore), irregularmente distribuídas entre as unidades federativas, em 
função da evidente concentração no Estado do Rio de Janeiro, conforme demonstrado na Figura 
9. 
 
79,7%
Rio de Janeiro
8,9%
Espírito Santo
8,8%
Outros 
2,6%
São Paulo
 
Figura 9: Distribuição percentual das reservas provadas de petróleo, por Unidades da Federação 
– UF, 2012 
Fonte: ANP (2013). 
 
Em termos da produção de petróleo do Brasil, em 2012 o país produziu 2.149 mil barris 
por dia, representando um aumento de 53,3% em relação à produção de 1997, fato que colocou o 
país na 13ª posição no ranking mundial de produtores de petróleo, conforme consta na Figura 10. 
 18
A produção anual de gás natural do Brasil em 2012 alcançou a marca de 17,4 bilhões de m3, 
representando um aumento de 62,6% em relação à produção de 1997, colocando o país na 34ª 
colocação do ranking mundial dos maiores produtores de gás natural (Figura 11). 
 
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600
1200
1800
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1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Anos
M
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is
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ia
Figura 10: Produção de petróleo do Brasil, 1997-2012 (por mil barris/dia) 
Fonte: Adaptado de ANP (1997); ANP (2013). 
 
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5
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1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
B
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³
Anos
Figura 11: Produção de gás natural do Brasil, 1997-2012 (por bilhões de m3) 
Fonte: Adaptado de ANP (1997); ANP (2013). 
 
Vale ressaltar que toda a atividade relacionada à cadeia produtiva do petróleo tem duas 
características fundamentais: o aspecto estratégico, em termos de segurança nacional e 
geopolítica, o que, muitas vezes, leva o Estado a controlar as atividades de exploração e 
prospecção, e o caráter de ser um setor que requer investimentos intensivos, conduzindo para 
uma situação em que poucas e grandes companhias verticalizadas são detentoras de todo o 
processo produtivo e dominam o mercado internacional (BRASIL, ANEEL, 2008). 
Tais constatações levaram Piquet (2007) a afirmar que os empreendimentos relacionados 
à cadeia produtiva da indústria petrolífera não são voltados à promoção do desenvolvimento 
regional, visto que as corporações que atuam no setor operam de modo globalizado, “[...] 
organizando o espaço de maneira seletiva e extrovertida” (PIQUET, 2007, p. 23). Entretanto, 
apesar das constatações anteriores, conforme a referida autora, nos últimos anos, os investimentos 
na indústria do petróleo vêm desempenhando um papel importante no processo de 
 20
desenvolvimento da economia brasileira, com reflexos diretos e indiretos sobre as perspectivas 
regional e local. 
Para Piquet e Terra (2011), a descoberta de grandes reservas de petróleo na camada pré-
sal na Bacia de Campos, em novembro de2007, iniciou uma nova etapa do setor petrolífero 
brasileiro, que vem proporcionando elevados efeitos multiplicadores na economia nacional. Um 
desses efeitos é o maior desenvolvimento de uma gama de setores direta e indiretamente 
relacionados à cadeia produtiva do petróleo, além da implantação e fortalecimento de centros de 
pesquisa tecnológica de ponta. 
O papel exercido pela indústria do petróleo, conforme afirmam Silva e França (2009), 
pode representar um enclave nas áreas onde se localiza, ou oferecer benefícios, dependendo do 
projeto de desenvolvimento do país e da região, além do comprometimento político quanto à 
criação de estratégias de desenvolvimento. 
Rappel (2011) complementa afirmando que o maior impacto econômico e social da 
produção nacional de petróleo proveniente do pré-sal virá da gama dos investimentos em projetos 
de engenharia, construção, montagem, instalação, logística e prestação de serviços altamente 
especializados, fato que proporcionará um efeito multiplicador na economia nacional, em termos 
de geração de valor, renda, emprego e conhecimento. 
 
2.3 Desenvolvimento econômico local 
Ampliando a discussão sobre o desenvolvimento econômico local, Oliveira (2001) 
salienta que o conceito, sobretudo relacionado à ideia de desenvolvimento local é polissêmico, 
portanto possui várias dimensões e formas diferenciadas de entendimento, das quais se destaca a 
noção de cidadania, que se refere ao indivíduo autônomo, crítico e reflexivo. A intenção é 
evidenciar que o cidadão deve ter papel central em um processo de desenvolvimento local, 
sobretudo através da participação em processos decisórios. 
Martins (2002) de certa forma também aborda a questão da cidadania e participação 
popular ao afirmar que o grande diferencial do desenvolvimento local não está em seus objetivos 
 21
(qualidade de vida, bem-estar, endogenia, sinergias etc.), mas na postura que atribui e assegura à 
comunidade o papel de agente e não apenas beneficiária do desenvolvimento. Isso reforça mais 
uma vez a função a ser desempenhada pela sociedade, não apenas como mera espectadora do 
desenvolvimento local, mas como protagonista, ou seja, atuante e participativa ao longo do 
processo. 
De certa forma, as colocações anteriores se aproximam da noção de capital social, 
entendido por Muls (2008) como o resultado de um consenso entre teorias econômicas e 
sociológicas manifestadas na ação das organizações sociais que facilitam a coordenação e 
cooperação em vista de um benefício mútuo, conseguindo acionar mecanismos que melhoram o 
desempenho das instituições e dos governos locais. 
Martins e Caldas (2009) destacam um caso empírico de desenvolvimento local que 
emanou da própria população, em Simplício Mendes, localizado no sertão do Piauí, onde um 
conjunto de comunidades de produtores de mel se reuniu em uma associação, configurando-se 
em entreposto para a comercialização de mel não parte de um governo nem de um grupo de 
empresários, mas de um padre, enquanto liderança religiosa e comunitária local. Os reflexos 
disso foram à melhoria da qualidade de vida, aquisição de bens de consumo durável, melhora da 
auto-estima, aumento da exigência da qualidade de produtos na figura de consumidor, 
consciência da necessidade de negociar e se reunir para organizar os esforços coletivos, e do 
ponto de vista mais mercadológico, abertura e conquista de mercados internacionais por meio do 
mercado internacional. 
Pires, Müller e Verdi (2006, p. 29), reforçam a necessidade de participação da sociedade 
na articulação entre os diferentes atores sociais em prol de um objetivo comum, isto é, a garantia 
de um “[...] desenvolvimento socioeconômico territorialmente equilibrado, socialmente justo e 
ambientalmente sustentável”. Desta forma, os autores acrescentam novos elementos a ideia de 
desenvolvimento, dos quais se destaca a perspectiva espacial a partir do conceito de território. 
Território é considerado por Llorens (2001, p. 29) como um “recurso” específico e um 
“ator” importante do desenvolvimento econômico, e não simplesmente um mero espaço ou marco 
de atividades econômicas ou sociais. De certa forma pode-se notar que o território representa a 
 22
materialização do desenvolvimento econômico em um determinado espaço, por meio de seus 
impactos socioeconômicos e ambientais, sejam eles positivos ou não. 
Franco (1998, p 7) expõe uma nova maneira de olhar o desenvolvimento com base no 
conceito de desenvolvimento local integrado sustentável, que pode ser compreendido como uma 
maneira de propiciar o desenvolvimento, de forma a possibilitar o surgimento de comunidades 
mais sustentáveis, aptas a suprirem suas necessidades emergenciais, potencializar suas vocações 
locais e fomentar o intercâmbio externo, além de representar um caminho possível para a 
melhoria da qualidade de vida das populações e para a conquista de modos de vida mais 
sustentáveis. Nesse sentido, a dimensão local ganha destaque como “alvo socioterritorial” das 
ações de melhorias socioeconômicas, visto que é na dimensão local onde os problemas são 
melhor identificados e, portanto, torna-se menos complexo encontrar a solução mais adequada. 
Novos paradigmas de desenvolvimento local pressupõem uma reformulação no papel do 
Estado, que segundo Amaral Filho (2001), deve pautar-se em processos e dinâmicas econômicas 
e sociais determinadas pelo comportamento dos atores, dos agentes e das instituições locais, visto 
que o poder local está mais bem situado em termos de proximidade com relação aos usuários 
finais dos bens e serviços, associado ao fato de que o poder local pode captar melhor as 
informações e manter uma interação, de maior proximidade, com produtores e consumidores 
finais. 
As discussões sobre a dimensão espacial e o papel do Estado no processo de 
desenvolvimento local reforçam a figura do município como espaço político específico 
socialmente construído e agente de promoção e ativação do desenvolvimento econômico, 
conforme explica Vitte (2006). 
Alburquerque (1998), também reforça a participação da administração pública, na 
articulação de estratégias para assegurar as condições básicas de formação de recursos 
estratégicos, assim como a identificar recursos potenciais endógenos. Entretanto, o autor ressalta 
o papel exercido pelo setor empresarial, onde a existência de capacidade empresarial inovadora 
em nível local é talvez, o elemento mais decisivo para liderar o processo de desenvolvimento 
local e mobilizar os recursos disponíveis objetivando elevar o nível de vida de toda a população 
numa perspectiva econômica, sócio-cultural e político-administrativa. 
 23
A noção de desenvolvimento econômico defendida por Maluf (2000, p. 71), resume-se a 
um “[...] processo sustentável de melhoria da qualidade de vida de uma sociedade, com os fins e 
os meios definidos pela própria sociedade que está buscando ou vivenciando este processo”. 
Assim, a guisa de um fechamento das considerações anteriores sobre o desenvolvimento 
econômico local, entende-se que o mesmo representa um enorme desafio no mundo 
contemporâneo, visto que depende da participação de uma sociedade cada vez mais individualista 
e menos participativa em questões de interesse coletivo, aliado a necessidade de um Estado 
(município) atuante em termos de iniciativas e melhorias públicas, que cada vez mais encontra-se 
refém da ação de agentes macroeconômicos que orquestram o desenvolvimento econômico local 
em benefícios próprios. Entretanto, apesar das evidentes e reais dificuldades a serem encontradas 
em prol de um desenvolvimento, seja ele econômico ou sustentável, local ou global, isso vai 
demandar a necessidade de uma mudança nos pilares que sustentam o modelo de 
desenvolvimento atual, que é insustentável e desigual territorialmente resultando nos inúmeros 
problemas de ordem socioeconômica e ambiental do mundo atual. Nessa perspectiva, à noção de 
qualidade devida merece uma discussão mais detalhada a ser apresentada na próxima seção, pois 
pode representar um norte em termos de políticas de desenvolvimento para a sociedade. 
 
2.4 Qualidade de vida 
Seidl e Zannon (2004) esclarecem que o conceito de qualidade de vida possui 
basicamente duas tendências, sendo uma mais genérica e outra relacionada à saúde. Na primeira, 
o conceito possui uma perspectiva mais ampla influenciada pela sociologia, enquanto que na 
segunda situação, a qualidade de vida implica em aspectos diretamente associados às 
enfermidades ou às intervenções em saúde. 
Como a intenção deste trabalho é discutir a noção de qualidade de vida numa perspectiva 
interdisciplinar pautada, sobretudo nas Ciências Sociais, torna-se válido citar Herculano (2000), 
que explica que a avaliação e mensuração sobre a qualidade de vida de uma população 
apresentam-se de duas maneiras: (1) aquela em que se examinam os recursos disponíveis e a 
capacidade efetiva de um grupo social par satisfazer suas necessidades; (2) ou por meio dos graus 
de satisfação e dos patamares desejados, isto é, “[...] pela diferença entre o que temos e o que 
 24
queremos tende a existir sempre”. Almeida e Gutierrez (2010) ampliam tal discussão ao afirmar 
que o conceito de qualidade de vida é multidimensional, apresentando uma organização 
complexa e dinâmica dos seus componentes, sendo diferente de pessoa para pessoa de acordo 
com seu ambiente/contexto e mesmo entre duas pessoas que fazem parte de um contexto similar. 
Para Vitte (2009), qualidade de vida é um conceito polissêmico, isto é, possui vários 
significados. Entre eles, uma definição mais abrangente é a que considera qualidade de vida 
como o grau de bem estar individual e em grupo, determinado pelas necessidades básicas da 
população. 
Galinha e Ribeiro (2005) explicam que o conceito de bem estar inicialmente esteve 
associado aos estudos da economia e referia-se a avaliação feita pelo indivíduo ao seu rendimento 
ou, de modo mais geral, à contribuição dos bens e serviços que o dinheiro pode comprar para o 
seu bem estar (Bem-estar material). Posteriormente, para além dos recursos materiais, outros 
aspectos passaram a determinar o nível de bem estar ou a qualidade de vida de um indivíduo, ou 
seja, as condições de saúde, as relações interpessoais, a satisfação com o trabalho, a liberdade 
política, entre outros, aproximando-se desta forma, de uma forma de compreensão do conceito de 
qualidade de vida. 
Nogueira (2002) afirma que o conceito de bem estar é recente nas ciências humanas e 
possui como referências iniciais a saúde física, felicidade e o prazer, denotando um estado 
subjetivo apreciado pela pessoa e também um conceito social, uma vez que necessidades são 
construções sociais, que pertencem ao domínio da sociologia, da antropologia, da ecologia e da 
economia. Comin (2012) explica que a noção de bem estar também esta associada ao campo do 
conhecimento da Psicologia e pode ser mensurado em cinco fatores: emoção positiva, 
engajamento, sentido, relacionamentos positivos e realização. 
Na perspectiva da psicologia, Barbosa (2006) relatou o caso do município de Paulínia-SP, 
localizado na Região Metropolitana de Campinas – RMC, que sofreu com inúmeras 
transformações territoriais e econômicas a partir dos anos 1970 com a instalação da Refinaria de 
Paulínia – REPLAN, da Petrobras, fato que desencadeou problemas complexos na qualidade 
socioambiental do município e de sua população, levando ao sofrimento psíquico, sobretudo 
depressão, em parcela significativa dos moradores do município. 
 25
A relação entre sofrimento psíquico e transformações socioambientais é reforçada em 
estudo realizado por Seixas, Hoeffel e Bianchi (2010), junto aos moradores de dois bairros rurais 
dos municípios de Nazaré Paulista-SP e Vargem-SP, que passaram a sofrer com casos de 
depressão, alcoolismo, ansiedade, transtorno de conduta, problemas emocionais, entre outros, 
devido às extraordinárias mudanças impostas à região. Foi constato que a construção do sistema 
de abastecimento de água para a cidade de São Paulo (Sistema Cantareira) e a ampliação das 
rodovias D. Pedro I e Fernão Dias promoveram intensa ruptura social, ambiental, econômica e 
cultural, alterando tanto o ambiente quanto a qualidade de vida da população. 
Voltando a discussão sobre o conceito de qualidade de vida, diretamente relacionado à 
temática que envolve a noção de bem estar, Minayo, Hartz e Buss (2000, p. 13), explicam que 
qualidade de vida representa “a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto da 
cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, 
padrões e preocupações”. 
A preocupação com a qualidade de vida é uma característica cada vez mais comum da 
sociedade contemporânea explica Pacione (2003), graças ao aumento proporcional com o 
progresso tecnológico e o aumento da renda. Pessoas em países desenvolvidos perceberam que a 
qualidade de vida não é necessariamente uma simples função da riqueza material. Isso levou a 
criação de indicadores que mostrem mais adequadamente a saúde social, política e ambiental de 
uma nação e o bem estar dos seus cidadãos. 
Barbosa (1996) complementa afirmando que a qualidade de vida está presente em tudo, 
desde na literatura especializada até em slogans de prefeituras municipais e em plataformas 
políticas em época de campanhas eleitorais, abrangendo as dimensões política, econômica e da 
vida pessoal. 
Além disso, Jampaulo Júnior (2014) reforça a qualidade de vida como um direito 
fundamental vinculado diretamente ao direito à vida, previsto no texto constitucional brasileiro 
(Constituição Brasileira de 1988), e em declarações e tratados internacionais (Conferência das 
Nações Unidas, 1972; Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
1992; Protocolo de Quioto etc.), demandando ações concretas e efetivas em termos de 
 26
planejamento e oferta adequada de serviços públicos essências à população como requisitos 
necessários para se alcançar a qualidade de vida. 
Em termos metodológicos para a análise da qualidade de vida, Nahas (2010) explica que a 
partir da década de 1960, o conceito de qualidade de vida ganhou novo significado, ou seja, o da 
sustentabilidade do desenvolvimento humano. Outra dimensão incorporada ao conceito de 
qualidade de vida foi a imaterial e intangível da vida humana. Essas novas dimensões conceituais 
permitiram o surgimento de experiências de mensuração da qualidade de vida com base em 
indicadores sociais e aspectos psicológicos da qualidade de vida (satisfação/insatisfação; 
felicidade/infelicidade), bem como a percepção da população acerca das condições objetivas da 
vida. Sendo assim, essa mensuração deve ter como objetivos, monitorar a qualidade de vida e 
servir de fundamento ao planejamento municipal na tomada de decisões que promovam a 
equidade na distribuição e no acesso da população a bens de cidadania. 
A dimensão ambiental também faz parte da definição de qualidade de vida de Herculano 
(2000), integrada com as demais dimensões que compõem o IDH, conforme se pode analisar na 
sequência: 
 
[...] a soma das condições econômicas, ambientais, científico-culturais e 
políticas coletivamente construídas e postas à disposição dos indivíduos 
para que estes possam realizar suas potencialidades: inclui a 
acessibilidade à produção e ao consumo, aos meios para produzir cultura, 
ciência e arte, bem como pressupõe a existência de mecanismos de 
comunicação, de informação, de participação e de influência nos destinos 
coletivos, através da gestão territorial que assegure água e ar limpos, 
higidez ambiental, equipamentos coletivos urbanos, alimentos saudáveis e 
a disponibilidade de espaços naturais amenos urbanos, bem como da 
preservação de ecossistemas naturais (HERCULANO, 2000, p. 22). 
 
 Tais colocações anteriores podem emergir umanova dimensão da qualidade de vida, ou 
seja, a urbana, que, na verdade engloba outros conceitos correlatos, tais como bem estar social, 
qualidade de vida, qualidade ambiental, desenvolvimento sustentável, entre outros tantos. Nesse 
sentido, Araújo e Cândido (2014), entendem que para avaliar a qualidade de vida urbana, 
 27
compatível com a sustentabilidade, é necessária a constituição de indicadores e índices para a 
mensuração de oferta de serviços e recursos urbanos, os quais servirão de ferramentas para a 
gestão e o planejamento de políticas públicas municipais. 
Assim, entende-se que a noção de qualidade de vida possui três características marcantes, 
ou seja, o fato de ser complexa, variável no tempo e no espaço e bastante subjetiva. A 
complexidade deriva dos fatores envolvidos no seu entendimento que perpassa pelo social, 
cultural, econômico, político e ambiental. Variável no tempo porque os parâmetros para a 
qualidade de vida hoje podem não ser os mesmos para as próximas gerações, assim como não 
foram os mesmos de gerações anteriores a esta. A variação da ideia de qualidade de vida também 
é variável conforme a localidade, fruto de uma sociedade global com níveis distintos de 
desenvolvimento socioeconômico, onde o que se tem de metas para a qualidade de vida em 
países desenvolvidos, muitas vezes, é diferente dos anseios de grande parcela da população de 
países menos desenvolvidos. Por fim, a noção de qualidade de vida também é subjetiva, uma vez 
que varia de pessoa para pessoa, dependendo de uma série de variáveis, tais como o local onde a 
pessoa reside, o seu nível de instrução, a sua história de vida, a sua perspectiva de mundo, entre 
outros. Podendo representar a luta por um sistema de saúde e educação melhores para 
determinada localidade, ou o aumento da capacidade de consumo individual de bens 
diferenciados. 
Independente de qual abordagem é mais ou menos válida para explicar a qualidade de 
vida, o importante é entender que o Estado, sobretudo na figura do município, possui papel de 
grande responsabilidade no dever de proporcionar melhores condições de vida para as pessoas, de 
forma que cada um tenha a oportunidade que traçar as suas próprias metas rumo aquilo que 
considera como qualidade de vida. Isso vai demandar a constante necessidade de gestão e 
planejamento municipal por meio de políticas públicas. Essas que são tão escassas ou deficientes 
em determinadas áreas ou setores da economia e sociedade no Brasil. Uma dessas áreas envolve a 
inexistência de políticas públicas específicas que atrelem a arrecadação de royalties petrolíferos a 
investimentos em equipamentos públicos em prol de melhorias na qualidade de vida da 
população, aspectos que serão mais bem trabalhados na sequência do trabalho. 
 
 28
2.5 Arrecadação e distribuição dos royalties petrolíferos 
Em decorrência das atividades de exploração e produção de petróleo no Brasil, surgem 
impactos, alguns positivos e outros negativos. Entre estes últimos, os mais expressivos são os 
ambientais, associados aos vazamentos de óleo e à alteração em ecossistemas marinhos, costeiros 
e terrestres, conforme afirmam Silva et al. (2008). Os danos causados por um derramamento de 
óleo vão das agressões ambientais ao comprometimento financeiro das pessoas, empresas e 
comunidades afetadas pela poluição gerada, destacam Aleixo, Tachibana e Casagrande (2007). 
Ugochukwu e Ertel (2008) salientam que os efeitos globais do derramamento de óleo na 
biota e saúde do ecossistema marinho são múltiplos, tais como a mortalidade direta de plantas e 
animais pelos componentes tóxicos presentes no óleo bruto. Os referidos autores ainda lembram 
que entre 1976 e 1997, houve 5.334 casos de derramamento, liberando em torno de 2,8 milhões 
de barris de petróleo em águas costeiras da Nigéria, sobretudo na região do delta do rio Níger. 
De acordo com Souza Filho (2006), no Brasil, os incidentes envolvendo derramamento de 
óleo com volume igual ou superior a 6.000m3 ocorreram com petroleiros, oleodutos e plataformas 
de exploração e produção, sendo que o primeiro registro existente foi a explosão de um navio-
tanque na costa brasileira em dezembro de 1960. Conforme Poffo, Xavier e Serpa (2001), entre 
1974 e 2000, foram registradas 232 ocorrências de vazamentos de óleo no LNP, promovendo 
interferências diretas e indiretas nas seguintes atividades: pesca, maricultura, turismo, esportes 
náuticos e balneabilidade das praias. 
Apesar dos riscos e danos ambientais atrelados à atividade petrolífera, é necessário 
esclarecer que os royalties não representam uma compensação por dano ambiental ou por 
qualquer tipo de impacto socioeconômico, tanto que outras atividades econômicas 
potencialmente poluidoras não dão direito ao recebimento de royalties pelo cedente. Isso não 
significa que parte da receita de royalties não possa ser direcionada aos projetos ambientais 
estaduais e/ou municipais. Sachs (2007) defende que os royalties possam ser parcialmente 
utilizados para financiar as energias renováveis e o desenvolvimento sustentável, a partir de uma 
agenda de debate sobre a transição ordenada da era do petróleo à do pós-petróleo. 
 29
Do ponto de vista econômico, os royalties representam um dos principais impactos 
positivos oriundos da atividade petrolífera. Leal e Serra (2003, p.164) explicam que o royalty, 
“[...] usualmente designa o fluxo de pagamentos ao proprietário de um ativo não renovável 
(material ou imaterial) que o cede para ser explorado, usado ou comercializado por outras 
empresas ou indivíduos”. Na sequência (2003, p. 164), os autores comentam que, 
especificamente em relação ao petróleo, o termo royalty designa o “instrumento de capturar 
rendas diferenciais da indústria petrolífera”. 
Afonso e Gobetti (2008) explicam que, na literatura econômica, os royalties são tratados 
como uma forma de renda. Já no contexto brasileiro, o termo royalty é utilizado para designar as 
participações governamentais sobre a renda petrolífera, tendo sido empregado pela primeira vez 
na Lei nº 9.478, de 1997 (Lei do Petróleo). Até então, empregavam-se os termos “indenização” e 
posteriormente, “compensação financeira”. 
O histórico dos royalties no Brasil teve início em 1953, com a Lei n° 2.004 que 
estabeleceu o monopólio da Petrobras na exploração e produção de petróleo e gás natural, 
condição que persistiu até 1995. Nesse período o pagamento dos royalties ocorreu, sendo 4% 
destinados aos estados e 1% aos municípios em cujo território se realizasse a lavra destes 
hidrocarbonetos. Essa distribuição se referia à exploração e produção do petróleo em terra, visto 
que a exploração marítima passou a ocorrer somente na segunda metade da década de 1980 
(LEITE; GUTMAN, 2003; PIZZOL; FERRAZ, 2010). 
Com o início da exploração e produção marítima do petróleo, foi criada a Lei nº 7.453, de 
27 de dezembro de 1985, que estabeleceu a obrigatoriedade do pagamento dos royalties no 
percentual de 5%, distribuídos entre estados e municípios produtores (1,5% cada), o Ministério 
da Marinha (1%) e um fundo especial (1%). Queiroz e Postali (2010) lembram que o Fundo 
Especial – FE representava os recursos do Fundo Especial do Petróleo – FEP, que são 
distribuídos para todos os municípios brasileiros, independentemente de serem produtores de 
hidrocarbonetos. O município de Campinas-SP, por exemplo, mesmo não sendo um produtor 
petrolífero, recebeu em 2012, R$ 714.893,11 referentes à transferência do Fundo Especial dos 
royalties, conforme estabelecido pela Lei nº 7.525, de 22 de julho de 1986. 
 30
Num contexto mais recente, de acordo com Leite e Gutman (2003), a legislação brasileira 
define formas diferenciadas de distribuição dos royalties provenientes da produção do petróleo 
em terra e na plataforma continental. Além disso, a legislação também prevê duas parcelas 
diferentes. Uma de 5%, conforme a Lei nº 7.990/89 regulamentada pelo Decreto

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