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CIDOSO2023B_ 3 15 Perda de apetite e emagrecimento

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Cuidador de Idoso - Turma 2023B
3.15 Perda de apetite e emagrecimento
A maioria dos idosos não modifica seu peso por períodos de cinco a dez anos. Entretanto, mudanças
podem ocorrer. De fato, com o processo de envelhecimento, várias mudanças podem ocorrer.
As mudanças no corpo das pessoas são sinais claros de envelhecimento. Não só os sinais externos, como as
rugas, os cabelos brancos, mas também mudanças internas indicam que a idade avança.
Acontece uma diminuição dos músculos, o que é chamado de sarcopenia. Quanto menos os músculos
são usados, mais eles se atrofiam e menor é a necessidade de energia. Isto pode reduzir o apetite e a
quantidade necessária de alimentos.
A água corporal também diminui e a gordura aumenta, acumulando-se principalmente no tronco,
tornando-se mais visível na barriga.
Com a redução da água e dos músculos, e aumento da gordura no corpo, as pessoas idosas podem se
tornar mais frágeis e com maiores possibilidades de adquirir doenças.
Outra modificação importante é a diminuição da massa óssea, conhecida por osteopenia e osteoporose,
quando os ossos ficam enfraquecidos e mais sujeitos a fraturas. A partir dos 40 anos de idade, isso já
começa acontecer, principalmente entre as mulheres, por causa das alterações hormonais decorrentes
da menopausa. Essas alterações ósseas contribuem para uma diminuição da altura, em torno de um
centímetro a cada dez anos, a partir dos 40 anos. 
Todas essas modificações podem ser menores entre as pessoas que não se contentam em ficar paradas.
As atividades físicas podem retardar a velocidade dessas mudanças e até melhorar, como no caso da
atrofia dos músculos e da fraqueza dos ossos.
As alterações corporais das pessoas idosas, juntamente com outras do funcionamento do organismo,
devem ser conhecidas a ponto de se avaliar se o peso da pessoa idosa está adequado.
Como saber se o peso está adequado?
Existe uma medida denominada Índice de Massa Corporal (IMC) que é calculada pela divisão do peso
da pessoa idosa pela sua altura ao quadrado, da seguinte forma: 
IMC = Peso (kg)/Altura (em metros).
Os valores obtidos, de acordo com as mudanças do corpo das pessoas idosas, são diferentes daqueles
usados para verificar se o adulto jovem está normal, magro ou obeso. Assim, de acordo com a Norma
Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), recomenda-se que se registrem as
medidas chamadas antropométricas na caderneta da pessoa idosa, a cada seis meses, o que permite o
acompanhamento do seu estado nutricional. Além disso, pode-se avaliar aumento ou perda de peso,
que podem indicar variações do estado de saúde. Dessa forma, os valores estabelecidos para as pessoas
idosas são:
IMC menor que ou igual a 22 = Baixo peso
IMC maior que 22 e menor que 27 = Adequado ou eutrófico
IMC maior que ou igual a 27 = Sobrepeso
2
O acompanhamento desses valores é importante principalmente para observar se a pessoa idosa está
emagrecendo, sem causa aparente, o que é chamado de perda involuntária de peso. A perda de peso
é observada principalmente pelos familiares e cuidadores. O cuidador pode notar, por exemplo, que as
roupas começam a ficar mais folgadas, o que pode ser um sinal de emagrecimento. Quando o IMC for
de 22 ou menos, o emagrecimento mostra que alguma coisa séria está acontecendo na pessoa idosa,
como, por exemplo, desnutrição.
Por que a perda involuntária de peso é preocupante?
O grande problema do emagrecimento sem que este seja desejado (ou seja, quando obtido por meio de
dieta ou exercícios), é a sua relação com aumento de doenças e até da possibilidade de morrer.
A perda involuntária de peso pode acelerar a redução da musculatura (sarcopenia), diminuindo a
resistência a doenças, tanto infecciosas, quanto degenerativas (câncer, por exemplo), pode causar
depressão e aumentar complicações de doenças já existentes. Uma pessoa idosa emagrecida tem mais
riscos de ter doenças. Por sua vez, as doenças podem provocar mais emagrecimento e, assim, a morte
pode ser uma possibilidade, obviamente indesejável.
Quando a pessoa idosa tem doenças e toma muitos medicamentos (polifarmácia), o diagnóstico de
perda involuntária de peso fica mais complicado. Da mesma forma, isso acontece com as pessoas idosas
com problemas cognitivos, como no caso das demências.
Atenção maior também deve ser dada a pessoas idosas residentes em instituições de longa permanência
(ILPI), porque os estudos mostram que o risco de morrer é maior, em situações de perda involuntária de
peso entre essas pessoas. Se elas tiverem úlceras por pressão, que consomem muito das reservas do
organismo, os riscos de emagrecimento também aumentam.
Como se define perda involuntária de peso?
Quando houver emagrecimento de 5% do peso habitual em 1 mês, ou 10% em 6 meses.
Por exemplo, se o peso usual ou habitual da pessoa idosa for de 60kg e dentro de um ano ele passa a
pesar 57kg ou 54kg, é preciso se preocupar com as possíveis causas desse emagrecimento.
A porcentagem da perda de peso pode ser calculada da seguinte forma:
% da perda de peso = (peso usual - peso atual) * 100 / peso usual
O emagrecimento das pessoas idosas pode ser pouco valorizado pela família e até mesmo por
profissionais que lidam com o envelhecimento. Entretanto, o cuidador deve ser muito observador e não
deixar de perceber se isso está acontecendo com a pessoa de quem está cuidando. Não se pode
esquecer que os estudos revelam que uma redução de 5% do peso em um ano ou de 10% entre cinco a
dez anos, aumenta muito o risco de doenças e de morte.
Quais são as causa mais comuns de perda involuntária de peso?
Em aproximadamente 25%, ou seja, um em cada quatro idosos pode apresentar perda involuntária de
peso, cujas causas desse emagrecimento ficam sem ser esclarecidas, apesar de serem muito estudadas.
Entre as diversas causas possíveis encontram-se as relacionadas a problemas psicossociais, tais como: a
perda do cônjuge, os problemas econômicos, a solidão, a desmotivação, a internação em uma instituição
de longa permanência, a depressão e as demências. Assinale-se, também, que pessoas idosas muito
dependentes para as atividades de vida diária podem correr maior risco de emagrecimento como, por
exemplo, as que apresentam sequelas de derrame ou outras doenças que prejudiquem os movimentos,
pois dificultam a sua alimentação. Outra causa que pode assumir importância é a diminuição da visão,
pois esta pode prejudicar a alimentação, tanto para fazer compras e preparar alimentos, como nos
momentos de se alimentar.
Deve ser assinalado que a própria idade avançada pode ser causa involuntária de perda de peso. Assim,
podem ser fundamentais a diminuição do paladar e do olfato, que podem reduzir o apetite, levando ao
emagrecimento.
Além de todos estes fatores, os hábitos de vida pouco saudáveis, como o sedentarismo (falta de exercícios
físicos), fumo (tabagismo) e alcoolismo são causas frequentes de emagrecimento. A alimentação merece
atenção especial. Problemas no preparo e tipo de alimentos, falta de apetite (anorexia) e os problemas
econômicos podem levar a uma alimentação inadequada, levando ao emagrecimento.
Como já foi dito, a pessoa idosa que toma muito remédio pode emagrecer por causa dos efeitos sobre a
nutrição. Assim, alguns medicamentos podem causar perda de apetite (anorexia), boca seca
(xerostomia), gosto ruim (disgeusia), problemas para engolir (disfagia), náuseas e vômitos.
O emagrecimento pode ser tão grave, que pode levar a pessoa idosa a uma desnutrição.
Abaixo estão listadas as causas mais comuns de perda involuntária de peso em pessoas idosas,
lembrando que em 25% dos casos, não se descobre porque a pessoa idosa emagrece:
Neoplasias (câncer);
Problemas psiquiátricos (principalmente depressão);
Problemas nutricionais ou alcoolismo;
Problemas neurológicos;
Doenças digestivas;
Doenças das glândulas (especialmente da tireoide);
Doenças do coração e da circulação;
Doenças respiratórias;
Doenças dos rins;
Infecções crônicas;
Medicamentos;
Problemas sociais;
Quando existe mais de uma dessascausas juntas, o risco de emagrecimento aumenta.
No caso de emagrecimento, o cuidador deverá, em primeiro lugar, observar a alimentação da pessoa
idosa, verificando seu apetite e qualquer alteração no seu hábito alimentar e digestivo (náuseas, vômitos,
diarreia, intestino preso, sangue nas fezes).
Modificações do comportamento (agressividade) ou do humor (tristeza) da pessoa idosa também devem
ser observadas.
O cuidador deverá sempre ter conhecimento de toda a medicação usada pela pessoa idosa, para
informar o profissional de saúde, para que ele possa avaliar se o emagrecimento está relacionado ao uso
de algum desses medicamentos.
As informações do cuidador ao profissional de saúde são muito importantes e podem ser resumidas a
seguir:
Observação do emagrecimento (notou se a roupa ficou larga, quantos quilos, em quanto tempo, ou
cálculo do IMC);
Informações sobre o paladar e olfato da pessoa idosa, condições da boca e dentição, se tem
alterações digestivas, qual a capacidade funcional da pessoa idosa (se come sozinha, por exemplo),
doenças;
Informações psicossociais isolamento (solidão), acesso ao alimento, pobreza, demência ou depressão);
Uso de remédios.
Depois da investigação das causas do emagrecimento pelo médico, ou por nutricionista, a importância da
observação e da ação do cuidador continua muito grande. Isto porque o cuidado com a atenção,
alimentação, medicação, exercícios físicos leves (caminhada) deverá ser feito conforme as orientações,
melhorando a qualidade de vida da pessoa idosa e evitando mais doenças e o risco de morte. Para isso
não se pode esquecer da boa comunicação e do respeito do cuidador para com a pessoa idosa,
sabendo ouvi-la e compreendê-la com a capacidade de se colocar no lugar dela.
Este material foi baseado em:
Born, Tomiko. Cuidar Melhor e Evitar a Violência - Manual do Cuidador da Pessoa Idosa. Brasília : Secretaria
Especial dos Direitos Humanos, Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2008.
Última atualização: terça, 14 fev 2023, 17:25
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