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CIDOSO2023B_ 5 1 3 1 Cuidando de um Idoso com Demência


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Cuidador de Idoso - Turma 2023B
5.1.3.1 Cuidando de um Idoso com Demência
O avanço da demência é medido em estágios. Para o planejamento de cuidados diários, é comum
combinar os estágios abaixo, determinados pelo nível de perda funcional.
Esquecimento: Leve perda de memória e nenhuma perda funcional.
Confusional: Perda das Atividades de Vida Diária (AVDs) instrumentais.
Demencial: Perda das AVDs básicas.
Final: Não consegue movimentar-se sozinho para realizar um propósito.
Durante o estágio do esquecimento, a pessoa idosa sofre mudanças na memória de curto prazo, sente
frustração com as suas próprias falhas, porém procura mostrar a todos que está bem e que mantém a
autonomia. Acontece um “conflito interno”, porque a pessoa não reconhece as mudanças como sinais de
doença e é comum apresentar depressão. Em geral, recusa buscar ajuda ou tratamento nesta fase.
O marido reclama que a Esposa Cuidadora “pega no meu pé” e “me controla o tempo todo” e para os
filhos estes conflitos podem parecer problemas conjugais. A verdade é que o parceiro sadio que convive
24 horas com a pessoa doente percebe que ela/ele comete erros e que a sua memória de curto prazo
não é a mesma. Mudanças de humor e afetividade podem ser confundidas com desinteresse pelo
cônjuge e os sintomas serem vistos como sendo propositais.
São tarefas do Cuidador neste estágio:
Reconhecer as mudanças de personalidade;
Reconhecer o esquecimento;
Conversar com a pessoa doente sobre o problema;
Consultar profissionais de saúde;
Administrar os medicamentos;
Oferecer apoio emocional;
Supervisionar as compras;
Assumir a direção do carro (aos poucos);
Remover perigos da casa;
Pensar em informar os amigos;
Se identificar como Cuidador.
Ao longo do estágio confusional, o sentido de tempo é diminuído, a pessoa idosa não consegue lidar
bem com dinheiro ou fazer compras de maneira adequada. Caso tenha automóvel, pequenos acidentes
são comuns e dirigir não é mais recomendável.
A participação social pode ficar prejudicada, ou porque a pessoa idosa não quer que os amigos
percebam as suas falhas e se recolhe em casa, ou porque amigos e familiares não entendem os seus
comentários os convites para participar de eventos diminuem. No caso do casal, isto pode gerar conflitos,
pois o cônjuge sadio vê estes comportamentos como sendo propositais e egoístas.
O cuidador deve:
Reconhecer as perdas na pessoa idosa;
Procurar um diagnóstico formal;
Fazer planejamento legal e financeiro;
Procurar informações sobre a doença;
Informar o resto da família;
Procurar formas de descansar;
Procurar compreender o que provoca certos comportamentos;
Estruturar o ambiente;
Aprender técnicas de comunicação na demência;
Administrar os medicamentos;
Oferecer apoio emocional;
Supervisionar as compras;
Assumir a direção do carro (aos poucos);
Remover perigos da casa;
Pensar em informar os amigos;
Se identificar como Cuidador.
Podem ressurgir velhos conflitos entre a pessoa idosa e o seu Cuidador informal, causados pela mudança
de papéis especialmente quando este Cuidador era quem recebia antes os cuidados, como no caso da
esposa do marido autoritário, dominador. A pessoa idosa se recusa a entregar responsabilidades que não
mais sabe cumprir com medo do estigma e perda de prestígio e vê o seu Cuidador como “controlador”.
Dica para o Cuidador informal nessa situação: buscar o apoio dos filhos (caso seja cônjuge cuidador) para
que eles participem mais e assumam algumas destas responsabilidades.
Surgem também conflitos entre o Cuidador informal familiar e outros familiares neste estágio. Alguns negam
que os sintomas indicam demência. Outros não concordam com o tratamento dispensado e querem levá-
lo a outro médico. Uns acreditam que seja hora de contratar um acompanhante, outros discordam.
Podem haver discussões entre filhos sobre dinheiro e herança.
Dica para o Cuidador informal nessa situação: marcar reuniões regulares dos membros da família, com a
presença de um moderador, para planejar os cuidados.
Por muitas razões o estágio demencial é o mais trabalhoso e o mais difícil. A pessoa idosa, já com maior
grau de dependência, requer ajuda para a sua higiene e cuidados pessoais, porém muitas vezes recusa e
resiste agressivamente ao auxílio do cuidador. O aumento do egoísmo faz com que ela considere cada
vez menos o outro. O medo faz com que o portador de demência se apegue ao cuidador, solicitando sua
atenção a toda hora.
Surgem ideias de institucionalização que alguns familiares veem como “falhar”, ou “vergonha” e ainda
outros como “impensável”. Pode haver uma sensação de perda de controle da situação causada pelo
desgaste. Pesquisas mostram que mais de 10 horas por dia são dedicados aos cuidados, sem
remuneração, sem folga ou férias, o que obviamente terá um efeito negativo na saúde e bem-estar do
Cuidador Principal.
Como agir:
Contratar acompanhantes, se possível dividir o papel de Cuidador;
Cuidar da própria saúde;
Insistir na divisão das tarefas com outros familiares, no caso de um cuidador informal familiar;
Desenvolver atividades independentes;
Usar serviços de um Centro de Convivência, se possível;
Dar atenção aos gatilhos de distúrbios de comportamento;
Aprender mais sobre a progressão da doença;
Administrar todos os medicamentos;
Ser o elo entre a pessoa idosa e os familiares e profissionais de saúde.
O declínio na linguagem verbal, especialmente no caso da demência fronto-temporal requer muita
paciência e boa vontade do cuidador para interpretar as necessidades da pessoa.  Os familiares se
encontram em fases diferentes de compreensão e a situação pode trazer sofrimento e dor para a família.
O estágio final é caracterizado por:
Perda total da capacidade de movimentar-se sozinho para realiza algo proposto;
Perda da comunicação verbal;
Dependência total nas atividades da vida diária;
Não reconhecer familiares;
Imobilidade;
Complicações clínicas;
Perda de peso;
Irritações de pele;
Infecções repetidas;
Aspiração, podendo levar à pneumonia;
Volta aos reflexos primitivos de sugar, andar sem parar, distúrbios de sono com aumento de atividades
noturnas, e também por um estado vegetativo.
Este material foi baseado em:
ROBBE, Judy; O cuidador principal e sua relação com os demais cuidadores. In: Born, Tomiko. Cuidar
Melhor e Evitar a Violência - Manual do Cuidador da Pessoa Idosa. Brasília : Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2008.
Última atualização: quarta, 1 mar 2023, 17:29
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