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RJAF_LFERNANDO2015-01-14 12-53-163148

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Curso Básico de Radioproteção pag. 1 
1. INTRODUÇÃO 
 
As propriedades das radiações ionizantes são de tal modo valiosas como ferramenta 
industrial na agricultura, na pesquisa e na medicina, mas também envolvem riscos 
de danos à saúde dos seres vivos em caso de uso indevido. Para que o uso da 
energia das radiações ionizantes seja uma ferramenta efetivamente segura, medidas 
devem ser adotadas para a proteção individual contra os seus efeitos danosos. 
 
A Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, através de suas Normas e 
regulamentos, e a INFRAERO por meio de procedimentos de radioproteção, de 
operação e de emergência, auxiliam os trabalhadores no uso seguro da radiação, 
mas é o empregado que tem a última responsabilidade. 
 
O empregado deve ter conhecimento e consciência da sua segurança e de seus 
assemelhados. 
 
Este curso é planejado para apresentar as informações necessárias para esse 
esforço. Pretende dar a todos os trabalhadores que, de alguma forma, participam de 
ações integradas em fiscalizações e emergências aeronáuticas, trânsito de cargas, 
operação de equipamentos, etc., os conhecimentos necessários para a segurança 
radiológica, não só a si próprio, mas também às instalações, aos seus colegas de 
trabalho e a coletividade. 
 
O Plano de Radioproteção deste Aeroporto é uma ferramenta básica para apoio. 
Conhecer o seu conteúdo é fundamental para que um membro da “Equipe de 
Radioproteção” possa exercer de forma hábil a Radioproteção nos Aeroportos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 2 
2. PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pripyat
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 3 
 
3. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA RADIOPROTEÇÃO 
 
 PRINCÍPIO DA JUSTIFICAÇÃO 
 
“QUALQUER ATIVIDADE ENVOLVENDO RADIAÇÃO OU EXPOSIÇÃO DEVE SER 
JUSTIFICADA EM RELAÇÃO A OUTRAS ALTERNATIVAS E PRODUZIR UM 
BENEFÍCIO LÍQUIDO POSITIVO PARA A SOCIEDADE.” 
 
 
 PRINCÍPIO DA OTIMIZAÇÃO 
 
“O PROJETO, O PLANEJAMENTO DO USO E A OPERAÇÃO DE INSTALAÇÃO E DE 
FONTES DE RADIAÇÃO DEVEM SER FEITOS DE MODO A GARANTIR QUE AS 
ESPOSIÇÕES SEJAM TÃO REDUZIDAS QUANTO RAZOAVELMENTE EXEQUÍVEL, 
LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO FATORES SOCIAIS E ECONÔMICOS.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 4 
 
4. DESCOBERTA DA RADIAÇÃO 
 
 RAIOS X 
 Willian Conrad ROENTGEN - NOVEMBRO 1.895 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Descoberta da Radiação 
 
Raios X 
 
Em 1885, o Wehleem Konrad Roentgen constatou, pela primeira vez, a 
existência de certa radiação que, como a luz, era capaz de sensibilizar 
chapas fotográficas e provocar florescência em certas substâncias. 
 
No fim da tarde de 8 de novembro de 1895, quando todos haviam 
encerrado a jornada de trabalho, o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen 
(1845-1923) continuava no seu pequeno laboratório, sob os olhares 
atentos do seu servente. Enquanto Roentgen, naquela sala escura, se 
ocupava com a observação da condução de eletricidade através de um 
tubo de Crookes, o servente, em alto estado de excitação, chamou-lhe a 
atenção: "Professor, olhe a tela!". 
 
Nas proximidades do tubo de vácuo havia uma tela coberta com 
platinocianeto de bário, sobre a qual projetava-se uma inesperada 
luminosidade, resultante da fluorescência do material. Foi então que 
resolveu colocar sua mão na frente do tubo, vendo seus ossos projetados 
na tela. Roentgen observava, pela primeira vez, aquilo que passou a ser 
denominado raios X. 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 5 
Vários trabalhos relacionados com a descoberta de Roentgen foram 
apresentados na Academia nas primeiras sessões de 1896. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RADIOATIVIDADE NATURAL 
 
 Henry BECQUEREL - 1.896 
 
 PIERRE CURIE E MARIE CURIE - 1.896 
 (CASAL CURIE) - 1.896 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marie Sklodowska 
(Mme. Curie) Pierre Curie 
 
 
Em 1889, o casal Pierre e Marie Curie descobriu um elemento 400 vezes mais 
radioativo que o urânio, eles obtiveram êxito em separar 1 grama de uma 
substância radioativa a partir de uma tonelada de minério. Com essa substância 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 6 
conhecida como o polônio, em homenagem a Marie, que era polonesa, chegaram a 
um elemento mais radioativo: o rádio. 
Em abril de 1898, ambos publicaram a descoberta de que o tório emitia radiações, 
como o urânio. 
 
 
 
ANTOINE HENRI BECQUEREL 
Antoine Henri Becquerel nasceu na França, em 1852. Ele era doutor em Ciências e 
professor de física aplicada. 
 
 
 
 
 
 
 
Herdou da família o interesse pela Física. O avô realizara trabalhos na área da 
eletroquímica e o pai pesquisara os fenômenos da fluorescência e da 
fosforescência. Aos 40 anos, Becquerel também viria a ocupar, no Museu de 
História Natural de Paris, um posto que fora do pai e do avô. As pesquisas por ele 
realizadas transformariam a concepção que se tinha sobre a estrutura da matéria. 
Em 1895, Roentgen descobriu que os raios X podiam provocar fluorescência em 
certos materiais. Becquerel ficou então curioso para saber se o contrário também 
era possível: se uma substância fluorescente emitiria raios X. Para verificar essa 
possibilidade, envolveu uma chapa fotográfica com papel preto, colocou sobre ele 
cristais de um material fluorescente (um composto de urânio) e expôs o conjunto à 
luz solar. Caso a luz provocasse fluorescência nos cristais e eles passassem a emitir 
raios X, a chapa seria impressionada. Isso de fato ocorreu. Procurou então repetir a 
experiência nos dias seguintes, mas eles foram todos nublados. Na última tentativa, 
desmontou o conjunto e resolveu revelar a chapa assim mesmo. Surpreso, verificou 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 7 
que ela fora intensamente impressionada. A radiação que atingira não dependera, 
então, da incidência de luz solar nos cristais. Eles emitiam radiações por si 
mesmos! Isso ocorreu em 1896. Dois anos depois, Marie Curie daria a essa nova 
forma de radiação o nome de raios de Becquerel e, depois, de radioatividade. 
Becquerel desenvolveu trabalhos no campo da luz polarizada, fenômenos da 
fosforescência, absorção de luz por cristais e magnetismo terrestre. Em 1896, 
Becquerel resolve investigar se há alguma relação entre a radiação-X, recentemente 
descoberta, e o fenômeno da fosforescência natural. Ele verifica que todos os sais 
de urânio, quando colocados próximos a um filme fotográfico, marcam-os. A partir 
disso, conclui-se que este fenômeno é relativo ao átomo de urânio. A radiação 
emitida dos átomos de urânio não era radiação-X, como provou Becquerel, pois ela 
sofria desvios, quando submetida, a um campo elétrico. Em 1903, junto como 
casal Curie, ganha o prêmio Nobel de Física pela descoberta da radiação natural. 
Em 1908, na Grã Bretanha, Becquerel morre. 
O Casal Curie notabilizou-se pela descoberta do que chamou radioatividade, e 
assim seu nome está mais ligado a descoberta das radiações do urânio. Verificou 
também que, além de luminosidade, as radiações emitidas pelo urânio eram capazes 
de penetrar a matéria. Criou, então, a unidade de medida de radioatividade definida 
como a atividade de um material radioativo no qual se produz uma desintegração 
nuclear por segundo. E ainda demonstrou experimentalmente que um feixe de 
raios, canalizados por um anteparo de chumbo, subdividem-se, sob a ação de um 
campo magnético, em três feixes distintos, dois dos quais se desviam em sentidos 
opostos, enquanto o terceiro mantém a direção primitiva. Rutherford denominou 
alfa, beta e gama os três raios emitidos pelos corpos radioativos. 
Durante muito tempo, porém, os raios gama foram conhecidos como raios de 
Becquerel. Tornou-se membro do Instituto da França e da Academie des Sciences 
(1889) e dividiu o Prêmio Nobel de Física (1903), com Pierre (1859-1906) e Marie 
Curie (1867-1934), com quem mantinha estreita colaboração, por sua descoberta da 
radioatividade natural. Foi nomeado secretário-perpétuo da Academia de Ciências 
de Paris (1908) e morreu em Croisic, na Bretanha. 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 8 
5. A ESTRUTURA DA MATÉRIA 
 
Os filósofos Gregos achavam que o universo abrangia somente quatro “elementos” 
básicos: terra, água, fogo e ar. Todas as coisas no universo eram feitas com a 
combinação desses quatro “elementos” básicos. Essa filosofia foi predominante 
durante dezoito séculos. 
Com o tempo, algumas descobertas foram feitas. Um químico Francês, Antoine 
Lavoisier, provou em 1.774, que o ar não era um “elemento”, mas sim formado por 
duas substâncias simples, oxigênio e nitrogênio. Em 1.789, um químico Inglês, 
Henry Cavendich, descobriu que outro “elemento” básico, água, era realmente um 
composto de hidrogênio e oxigênio. 
Essas descobertas dos cientistas iriam dar origem às propriedades fundamentais das 
substâncias químicas. Um elemento foi determinado por ser uma substância que 
não podia ser quimicamente dividida em substância simples. Exemplos de 
elementos simples são; o ferro, cobalto, nitrogênio, etc. Substâncias que podem ser 
separadas em substâncias simples, por meios químicos são chamados de 
compostos. A água é um composto, tendo em vista que é uma combinação química 
dos elementos oxigênio e hidrogênio. 
Cientistas voltaram suas pesquisas para descobrirem mais elementos, e essas 
descobertas revolucionaram a química. Durante os anos de 1.860, um cientista 
Russo chamado Dmitri Mendeleev, verificou que, quando elementos são arranjados 
em ordem de suas unidades de massa, uma repetição ou periodicidade das 
propriedades químicas existia. Ele formou uma tabela ilustrando esse 
descobrimento que é conhecida como Tabela Periódica dos Elementos. Alguns 
vazios que existem em sua tabela Mendeleev havia previsto, com grande certeza, as 
propriedades dos elementos que ainda não haviam sido descobertos. Sua previsão 
foi provada com a descoberta desses elementos faltantes. 
Noventa elementos foram achados que existiam na natureza, contudo quinze 
elementos adicionais foram produzidos artificialmente. Alguns elementos 
diferentes foram descobertos, e os cientistas achavam maravilhoso como os 
elementos eram diferentes entre si. John Dalton, inglês, estudou que um elemento 
era compreendido de minúsculos, construindo submicroscópicos blocos conhecidos 
como átomos e que todos os átomos de um elemento tem as mesmas propriedades . 
Um átomo é a parte básica do elemento no qual tem todas as propriedades do 
elemento. Cientistas sabiam que diferentes elementos continham átomos com 
diferentes propriedades; a questão era “como os átomos eram diferentes uns dos 
outros?” E para entender, isso teve que aprender como o átomo era composto. 
Uma descoberta que aprenderam para o desenvolvimento de teoria atômica era a 
emissão dos “raios catódicos”. Esta ocorrência era bem conhecida, que quando a 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 9 
eletricidade passava através de um gás a baixa pressão, luz era emitida. Lâmpadas 
fluorescentes e sinais de néon são bons exemplos desse fenômeno. 
 
A ESTRUTURA DO ÁTOMO 
 
Todas as coisas existentes na natureza são constituídas de átomos ou suas 
combinações. 
Atualmente, sabemos que o átomo é a menor estrutura da matéria que apresenta as 
propriedades de um elemento químico. 
A estrutura de um átomo é semelhante à do sistema solar, consistindo em um 
núcleo, onde fica concentrada a massa, como o Sol, e em partículas girando em seu 
redor, denominadas elétrons, equivalentes aos planetas. 
Como o sistema solar, o átomo possui grandes espaços vazios, que podem ser 
atravessados por partículas menores do que ele. 
O núcleo do átomo é formado, basicamente, por partículas de carga positiva, 
chamadas prótons, e de partículas de mesmo tamanho, mas sem carga, 
denominadas nêutrons. 
O número de prótons (ou número atômico) identifica um elemento químico, 
comandando seu comportamento em relação aos outros elementos. 
O elemento natural mais simples, o hidrogênio, possui apenas um próton; o mais 
complexo, o urânio, tem 92 prótons, sendo o elemento químico natural mais 
pesado. 
 
ÁTOMO 
 
A menor unidade na qual a matéria pode ser dividida, mantendo suas propriedades 
e características. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Elétron (e
-
) 
(partícula com carga negativa) 
Núcleo 
Próton (p
+
) 
(partícula de carga positiva) 
Neutron (n
o
) 
(partícula sem carga) 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 10 
 
 
RELAÇÃO DE MASSA 
 
A massa de um próton é 1.860 vezes maior do que a massa de um elétron 
 
 
TUBO GEISSLER 
 
Um físico inglês, chamado Joseph Thompson, descobriu que esses “raios 
catódicos” eram realmente partículas carregadas com cargas elétricas. Essas 
partículas eram sempre idênticas ao material do catodo ou do tipo de gás utilizado. 
Thompson estudou mais tarde, que a mesma partícula com a mesma carga elétrica 
era produzida por vários outros modos, tal como a luz ultravioleta de certos 
materiais (o princípio do olho eletrônico). 
Essas partículas, posteriormente conhecidas como elétrons eram carregadas com 
uma carga elétrica elementar. A partir desta descoberta, Thompson acreditava que 
todos os átomos continham elétrons, contudo em diferentes números. Porque 
átomos eram eletricamente neutros, deveriam conter uma carga positiva igual à 
carga de seus números de elétrons. Embora o modelo do átomo de Thompson 
estivesse errado, seu conceito de elétrons em combinação com cargas positivas de 
um átomo estavam corretas, e isso serviu para mais tarde descobrirem e estrutura 
do átomo. 
Em 1906, Ernest Rutherford realizou experiências por bombardeio de partículas 
alfa em finas folhas de ouro. (Partículas alfa são emitidas por certos radioisótopos, 
ocorrendo naturalmente; será discutido nos capítulos subsequentes). 
Ele achava que a maioria das partículas passava direto através da fina folha do 
metal em sua direção original. Porém, algumas partículas foram desviadas, 
retornando no sentido em que elas vinham. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteçãopag. 11 
 
Isto levou Rutherford a duas importantes descobertas acerca da estrutura do átomo, 
mas concentradas em um pequeno volume. Isto levou ao desenvolvimento do 
modelo atômico que é aceito até hoje. Um átomo consiste de um núcleo que tem o 
diâmetro de 10 
–5
 do átomo. O núcleo contém a carga positiva do átomo. Ao redor 
do núcleo giram um número de elétrons, da mesma maneira que os planetas giram 
ao redor do sol. 
 
Os elétrons ocupam níveis ou camadas de energia, e o espaçamento desses níveis 
causa o grande tamanho do átomo em comparação com o núcleo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desde que a carga elementar que é do elétron, e a carga do núcleo é igual à soma da 
carga eletrônica contida nas camadas, cientistas começaram a verificar que a 
partícula que tinha a unidade de carga positiva estava no núcleo. Eles acharam que 
o mais leve elemento, hidrogênio, continha somente um elétron na camada. O 
núcleo, então, tinha uma carga. Determinaram que o núcleo de hidrogênio fosse 
uma partícula fundamental, sendo chamado de próton. Descobriram que os átomos 
de todos os elementos continham prótons, sendo diferenciados pelo número de 
prótons contidos. 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 12 
Cada um teve fixado um número, baseado no número de prótons no núcleo. A 
ordem dos elementos foi instituída para ser a mesma de tabela periódica de 
Mendeleev. 
Cientistas conheciam agora que um átomo consistia de um núcleo contendo um 
número de prótons e uma nuvem eletrônica com igual número de elétrons. Contudo 
eles estavam confusos, pelo fato do átomo de hélio (número atômico 2) pesar 
quatro vezes mais do que o átomo de hidrogênio, do que duas vezes mais. 
Irregularidades no peso persistiram, através da tabela periódica. Predisseram 
algumas teorias para o acontecido, mais a confusão terminou em 1932, quando 
James Chadwick, físico inglês descobriu uma partícula chamada nêutron. Essa 
partícula tinha uma massa igual à do próton, porém não tinha carga. As 
irregularidades na massa sumiram quando estava estudando que no núcleo continha 
nêutrons. Para descrever esta nova propriedade, cientistas alegaram o número de 
massa, número de partículas (prótons e nêutrons) no núcleo. 
Descrevendo o átomo, o núcleo de massa seria escrito com um número superior no 
símbolo químico. 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 13 
 
 
 
Além disso, medidas determinaram que todos os átomos de um elemento não 
tinham o mesmo número de massa. Esses átomos, com o mesmo número atômico, 
porém diferente número de nêutrons são conhecidos como isótopos. Os isótopos de 
um elemento podem ter muitas propriedades nucleares diferentes, como serão 
vistos em capítulos subsequentes. 
 
ISÓTOPOS, ISÓTONOS E ISÓBAROS 
 
Os números de nêutrons no núcleo podem ser variáveis, pois eles não têm carga 
elétrica. Com isso, um mesmo elemento químico pode ter massas diferentes. 
Átomos de um mesmo elemento químico com massas diferentes são denominados 
isótopos. 
 
 
Distribuição 
 Eletrônica 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 14 
O hidrogênio tem 3 isópotos: o hidrogênio, o deutéro e o trício (ou trítio). 
 
 
 
 
 
 
 
 
O urânio, que possui 92 prótons no núcleo, existe na natureza na forma de 3 
isótopos: 
 
 U 
234
, com 142 nêutrons (em quantidade desprezível na crosta terrestre) 
 U 
235
, com 143 nêutrons, usado em reatores nucleares, após enriquecido 
(0,7%); 
 U 
238
, com 146 nêutrons no núcleo (99,3%). 
 
 
Hidrogênio (H-1) 
(estável) 
Deutério 
(H-2) 
(estável) 
Tritium (H-3) 
(instável - radioativo) 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 15 
 
 
 A 
 X 
 Z 
 
 
A = Massa atômica – é a soma do número de prótons e número de nêutrons no 
núcleo do átomo 
 
Z = Número atômico – é o número de prótons existentes no núcleo do átomo 
 
 
 
 
 
LEMBRETE: O número de prótons (Z) existente no núcleo de um átomo é 
equivalente ao número de elétrons (e) existente na sua eletrosfera. 
 
 
Exemplos: 
 
192 
 Ir (Irídio com A= 192 (P + N) e 77 Prótons) 
 77 
 
nº nêutrons = A – Z logo, N = 192 – 77 = 115 
 
 60 
 Co (Cobalto com A= 60 (P + N) e 27 Prótons) 
 27 
 
 nº nêutrons = 
 
 
 
 
ONDE: 
 
 X = Elemento químico 
 A = Número de massa atômica 
 Z = Número atômico 
Nº neutros = A - Z 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 16 
 
 
 133 
 Xe (Xenônio com A= 133 (P + N) e 54 Prótons 54) 
 54 
 
 nº nêutrons = 
 
 
ISÓTOPOS 
 
 São elementos químicos que, embora diferentes entre si, possuem igual 
número atômico (Z) 
ISÓBAROS 
 
 São elementos químicos que, embora diferentes entre si, possuem igual 
massa atômica (A) 
 
ISÓTONOS 
 
 São elementos químicos que, embora diferentes entre si, possuem igual 
número de nêutrons (N) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 17 
EXERCÍCIOS: 
 
 
 
1) Existem 3 radionuclídeos X, Y e Z. 
Sabe-se que Y tem número atômico 77, Z tem 192 prótons e Nêutrons e X 
massa atômica 191. 
Sabe-se ainda que X e Y são isótopos, Y e Z são isóbaros e X e Z são 
isótonos. 
Assim sendo, determine os números de massa e número atômico dos 
elementos X, Y e Z? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) São dados 3 nuclídeos, X, Y e Z, tais que X e Y são isótopos, Y e Z são 
isóbaros e X e Z são isótonos. Sabendo que Y tem 57 nêutrons e que Z tem 
número de massa 99 e um próton a mais que X. 
Calcule o número atômico e o número de massa de X, Y e Z. 
 
 
 
A Z N 
X 
 
 
Y 
 
 
Z 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 18 
 
 
 
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA COM A MATÉRIA 
 
Vimos que os elétrons de um átomo ocupam certos níveis energéticos. Se suficiente 
energia é transmitida a esses elétrons, eles podem ser expulsos do átomo, 
tornando-se elétrons livres. Ai processo de retirara elétrons de um átomo é 
conhecido como ionização. Esse processo pode mudar drasticamente as 
propriedades químicas do átomo. Radiação gama e X possuem energia suficiente 
para causarem essas ionizações. Para o limite de energia comumente utilizado em 
radiografia, o processo de ionização ocorre de dois modos. Um efeito é aquele que 
toda a energia dos raios gama ou X é transmitida para o elétron. Os raios gama ou 
X deixam de existir e os elétrons deixam o átomo com certa energia cinética. Esse 
efeito é predominante para baixas energias gama ou X sendo conhecido como 
Efeito Fotoelétrico. Um outro efeito maior é quando os raios gama ou X, 
chocam-se com o elétron, livrando-o com uma energia cinética um raio gama ou X 
com menor energia emergente (conseqüentemente com maior freqüência). Esse 
efeito predomina em altas energias gama ou X, sendo conhecido como Efeito 
Compton. 
Ambos osefeitos resultam em um átomo ionizado, criando assim, diferentes 
propriedades químicas no átomo. 
 
 
6. RADIAÇÃO E RADIOATIVIDADE – PRINCÍPIOS 
BÁSICOS 
 
6.1.DESINTEGRAÇÕES RADIOATIVAS NATURAIS E 
ARTIFICIAIS 
 
NATURAIS: 
 ALFA – α 
 BETA – β 
 GAMA – γ 
 
ARTIFICIAL: 
 RADIAÇÃO X 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 19 
6.1.2. PARTÍCULAS RADIOATIVAS 
 
6.1.2.1. PARTÍCULA ALFA 
 
Um dos processos de estabilização de um núcleo com excesso de energia é o da 
emissão de um grupo de partículas positivas, constituídas por dois prótons e dois 
nêutrons, e da energia a elas associada. São as radiações alfa ou partículas alfa, 
núcleos de hélio (He), um gás chamado,nobre, por não reagir quimicamente com os 
demais elementos. 
 
A partícula alfa tem massa igual a quatro vezes a massa do próton (cerca de 7000 
vezes a massa do elétron), duas unidades de carga elétrica positiva (+2e
-
) e seus 
constituintes estão fortemente ligados (alta energia de ligação). 
 
As partículas alfa têm energia na faixa de 3 à 7 MeV e como têm velocidades de ~ 
0,1c (c = velocidade da luz) não são considerados efeitos relativísticos 
 
 São constituídas de 2 prótons e 2 nêutrons ( 4 He 2 ); 
 São características de elementos pesados ( Z > 82 ); 
 São partículas de alta energia; 
 Possuem pequeno poder de penetração na matéria (podem ser blindadas 
por uma folha de papel) e são facilmente absorvidas em poucos 
centímetros de ar. 
 Em seu trajeto ela arranca elétrons das moléculas do ar, ionizando-as. Dos 
três tipos de radiação nuclear, a partícula alfa é a que apresenta o maior 
poder de ionização. 
 É uma partícula relativamente grande; 
 
 Esquema da desintegração alfa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ei
Ef E
Y
N-2
A-4
Z-2
X
A
Z N
E
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 20 
6.1.2.2. PARTÍCULA BETA 
 
Partículas de alta energia, com origem do núcleo, massa igual à de um elétron e 
carrega uma unidade de carga elétrica. Possuem um poder de penetração bem 
superior que a radiação alfa, sendo absorvida por alguns centímetros de acrílico ou 
plástico. 
Outra forma de estabilização, quando existe no núcleo um excesso de nêutrons em 
relação a prótons, é através da emissão de uma partícula negativa, um elétron, 
resultante da conversão de um nêutron em um próton. É a partícula beta negativa 
ou, simplesmente, partícula beta. 
No caso de existir excesso de cargas positivas (prótons), emitida uma partícula beta 
positiva, chamada pósitron, resultante da conversão de um próton em um nêutron. 
Portanto, a radiação beta é constituída de partículas emitidas por um núcleo, 
quando da transformação de nêutrons em prótons (partículas beta) ou de prótons 
em nêutrons (pósitrons). 
Se a carga elétrica for negativa ( e - ) chama-se Beta menos (β - ) se for positiva 
chama-se Beta mais ou Pósitron ( e + ) . 
 
Pode ser de dois tipos: 
 
 Beta Negativa - Resultado da desintegração de um nêutron. 
 Beta Positiva - Resultado da desintegração de um próton. 
 A partícula beta tem poder de ionização inferior e poder de penetração superior 
ao da partícula alfa, mas seu alcance é ainda reduzido (~1 cm no alumínio ou 
~1mm no chumbo). Com velocidades de ~0,99c (c=velocidade da luz) os efeitos 
relativísticos têm que ser considerados. 
 São capazes de penetrar alguns mm no Al. 
 É uma partícula negativamente carregada. 
 Tem a mesma massa e a mesma carga dos elétrons. 
 Necessita de alguns milímetros de material sólido ou líquido, ou alguns metros 
de ar para ser freada. 
 Produzem uma ionização menos intensa que as partículas alfa. 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 21 
 
 
 
Esquema da desintegração beta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
66..11..22.3. RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA GAMA e X 
 
 É um espectro que se movimenta com a velocidade da luz (300.000 Km/seg); 
 São muito mais penetrantes que as partículas alfa e beta; 
 Podem atravessar vários cm de chumbo e percorrem grandes distâncias no ar; 
 Produzem poucas ionizações por unidade de comprimento em sua trajetória, 
em relação às partículas alfa e beta; 
 Propagam-se em linha reta 
 Ionizam os gases 
 Não sofre desvio de campos magnéticos ou campo elétrico 
 
 
 
Radiação Gama = onda eletromagnética = fóton 
 
 
E
n p e u
0
1 1 0
+ +
-+ _
Ei
Ef
E
Y
N-1
A
Z+1
X
A
Z N
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 22 
6.2 ELETROMAGNETISMO E ONDAS 
ELETROMAGNÉTICAS 
 
Geralmente, após a emissão de uma partícula alfa ou beta, o núcleo resultante desse 
processo, ainda com excesso de energia, procura estabilizar-se, emitindo esse 
excesso em forma de onda eletromagnética, da mesma natureza da luz, denominada 
radiação gama. 
RADIAÇÃO GAMA PARTÍCULAS E ONDAS 
 
Ondas Eletromagnéticas. 
Ondas eletromagnéticas consistem em oscilações de campos elétricos e magnéticos, 
conseqüentemente, o nome. Elas são geralmente representadas como uma simples 
onda senoidal 
Elas são caracterizadas por seus comprimentos de ondas (distância de um ponto do 
ciclo até o mesmo ponto do próximo ciclo) e sua freqüência (número de osculações 
por segundo). Todas as ondas eletromagnéticas viajam com a velocidade da luz(c). 
O comprimento de onda ( λ ) e a freqüência ( δ ) são relacionados pela equação: λ . 
δ =c. Isto é, verdade para toda radiação eletromagnética. 
Radiação eletromagnética é conhecida por vários nomes, e esses tipos diferem pela 
freqüência. A energia dessas ondas é relacionada pele freqüência pela equação: E 
= h . δ, onde h é constante de Planck, quanto maior é freqüência de onda, maior é a 
sua energia. 
 
O espectro Eletromagnético. 
Espectro electromagnético é o intervalo completo da radiação eletromagnética, 
que contém desde as ondas de rádio, as microondas, o infravermelho, a luz visível, 
os raios ultravioleta, os raios X, até a radiação gama. 
Uma carga em repouso cria à sua volta um campo radial e uniforme que se estende 
até ao infinito. Se esta carga for acelerada haverá uma variação do campo eléctrico 
no tempo, que irá induzir um campo magnético também variável no tempo (estes 
dois campos são perpendiculares entre si). Estes campos em conjunto constituem 
uma onda electromagnética (a direcção de propagação da onda é perpendicular às 
direcções de vibração dos campos que a constituem). Uma onda electromagnética 
propaga-se mesmo no vácuo. 
Quando Maxwell comparou a velocidade da luz com a velocidade das outras ondas 
electromagnéticas, concluiu que a luz visível é constituida por ondas 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Radia%C3%A7%C3%A3o_eletromagn%C3%A9tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ondas_de_r%C3%A1dio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microondas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Infravermelho
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luz_vis%C3%ADvel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Raios_ultravioleta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Raios_X
http://pt.wikipedia.org/wiki/Radia%C3%A7%C3%A3o_gama
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 23 
electromagnéticas, em tudo análogas às restantes, com a única diferença na 
frequência e comprimento de onda. 
Deacordo com a frequência e comprimento de onda das ondas electromagnéticas 
pode-se definir um espectro com várias zonas (podendo haver alguma sobreposição 
entre elas). 
Radiação gama: emitida por materiais radioativos e pelo Sol. Localiza-se no 
espectro eletromagnético antes dos raios X, ou seja, aquém de 1 ângstrom. Possui 
altas freqüências e, por isso, é muito penetrante (alta energia). Na prática, tem 
aplicações na medicina (radioterapia) e em processos industriais, principalmente na 
conservação de alimentos. 
Raios X: radiações cujas freqüências de onda estão acima das da radiação 
ultravioleta, ou seja, possuem comprimentos de onda menores. Esta denominação 
foi dada por seu descobridor, o físico alemão Wilhelm R6ntgen, em 1895, por não 
conhecer suas trajetórias. Os raios X surgem do interior da eletrosfera do átomo, 
por rearranjos eletrônicos. São muito usados em radiografias e em estudos de 
estruturas cristalinas de sólidos. Os raios X provenientes do Sol são absorvidos 
pelos gases na alta atmosfera. 
Radiação ultravioleta (UV): conjunto de radiações compreendidas na faixa 
espectral de 0,01 a 0,40).lm. Estas radiações são muito produzidas durante as 
reações nucleares no Sol. Entretanto, ao atingir o topo da atmosfera terrestre, são 
quase totalmente absorvidas pelo gás ozônio (03), O espectro do UV é dividido em 
três bandas: UV próximo (0,32 a 0,40 ).lm), UV distante (0,28 a 0,32 ).lm) e UV 
máximo (0,1 a 0,28 ).lm). 
Radiação visível (luz): conjunto de radiações eletromagnéticas compreendidas 
entre 0,39 e 0,70 ).lm. As radiações contidas nesta faixa de comprimento de onda, 
ao incidirem no sistema visual humano, são capazes de provocar uma sensação de 
cor
2
 no cérebro. 
 
Isaac Newton provou que a radiação solar poderia ser separada (dispersa) em 
um espectro colorido, como acontece num arco-íris. Sua teoria foi mais tarde 
demonstrada ao decompor a luz branca através de um prisma. Além disso, as 
experiências também provaram que determinada cor
1
 é constituída por várias 
energias de comprimento de onda diferentes. Por exemplo, todas as energias do 
espectro eletromagnético, com comprimentos de ondas entre 0,446 e 0,500 ).lm (ou 
446 e 500 nm) provocam, no sistema visual humano, a sensação de cor azul. No 
entanto, há um comprimento de onda centrado em 0,450).lm (450 nm) que o azul 
mais puro (100%). 
Por outro lado, não existe um limite rígido entre duas cores do espectro 
visível. Os limites tabulados apresentados na literatura são apenas teóricos, para 
fins didáticos. Este fato é bem ilustrado na Figura 1.1, onde se percebe claramente 
que a transição entre duas cores é difusa. 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Básico de Radioproteção pag. 24 
Radiação infravennelha (IV): conjunto de radiações eletromagnéticas cujos 
comprimentos de onda variam de 0,7 a 1.000 mm. Situam-se no espectro 
eletromagnético entre a luz vermelha e as microondas; às vezes recebem a 
denominação de radiação térmica. Esta radiação é dividida em três faixas 
espectrais: IV próximo (0,7 a 1,1 fim), IV médio (1,1 a 3,0 fim) e IV distante (3,0 a 
1.000 fim). 
 
Microondas: radiações eletromagnéticas que se estendem pela região do espectro 
de 1.000 fim até cerca de 1 x 10-
6
 fim (1 m). São mais comumente referenciadas 
em Hertz e seus múltiplos, estando, neste caso, compreendidas entre 300 GHz a 
300 MHz. 
 
Ondas de rádio: conjunto de radiações com freqüências menores que 300 MHz 
(comprimento de onda maior que 1 m). Estas ondas são utilizadas principalmente 
em telecomunicação e radiodifusão. 
 
O conjunto de todas estas radiações, desde os raios gama até as ondas de 
rádio, forma o espectro eletromagnético, que nada mais é do que a ordenação destas 
radiações em função do comprimento de onda e da freqüência. 
 
 
OO EESSPPEECCTTRROO EELLEETTRROOMMAAGGNNÉÉTTIICCOO 
 
OO eessppeeccttrroo eelleettrroommaaggnnééttiiccoo éé aa ddiissttrriibbuuiiççããoo ddaa iinntteennssiiddaaddee ddaa rraaddiiaaççããoo 
eelleettrroommaaggnnééttiiccaa ccoomm rreellaaççããoo aaoo sseeuu ccoommpprriimmeennttoo ddee oonnddaa oouu 
ffrreeqqüüêênncciiaa.. 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 25 
 
O tipo de radiação eletromagnética que mais interessa para a radiografia é a 
radiação gama ou raio – X . Como se pode ser facilmente visto, essas radiações são 
muito mais energéticas do que as ondas de radio e a luz visível. E é essa energia 
relativamente alta que faz os raios gama e X , ferramentas úteis na radiografia e 
potenciais riscos em proteção radiológica. 
 
Conforme foi descrito, as radiações nucleares podem ser de dois tipos: 
a) partículas, possuindo massa, carga elétrica e velocidade, esta dependente do 
valor de sua energia; 
b) ondas eletromagnéticas, que não possuem massa e se propagam com a 
velocidade de 300.000 km/s, para qualquer valor de sua energia. São da mesma 
natureza da luz e das ondas de transmissão de rádio e TV. A identificação desses 
tipos de radiação foi feita utilizando-se uma porção de material radioativo, com o 
feixe de radiações passando por entre duas placas polarizadas com um forte campo 
elétrico. 
 
6.3. PENETRAÇÃO DA RADIAÇÃO 
 
 
EEnneerrggiiaa NNuucclleeaarr 
 PPeenneettrraaççããoo ddaa RRaaddiiaaççããoo 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 26 
 
 
 
 
 
6.4. SIMBOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alcance relativo das radiações 
nucleares na matéria
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 27 
Novo símbolo de perigo da radiação adotado pela A.I.E.A. 
 
 
 
O símbolo deverá ser usado para fontes categoria 1, 2 e 3 da A.I.E.A., definidas 
como fontes perigosas capazes de causar mortes ou ferimentos sérios, incluindo os 
irradiadores de alimentos, irradiadores para tratamento do câncer e unidades de 
radiografia industrial. O Símbolo deve ser colocado no dispositivo que contém a 
fonte, como um aviso para que o equipamento não seja desmontado ou para que 
não se aproxime do mesmo. O símbolo não será colocado em portas de acesso a 
sala do equipamento, embalagens para transporte ou em containeres. Muitos 
fabricantes de fontes planejam usar o símbolo nas novas fontes de grande 
intensidade. 
 
6.5. RESUMO 
 
RADIAÇÃO 
 Energia que se desloca através do espaço ou da matéria. 
 
RADIAÇÃO IONIZANTE 
 Decorre de partícula ou onda eletromagnética que, ao interagir com a 
matéria, torna instável a carga elétrica (direta ou indiretamente) de seus 
átomos ou moléculas. 
 
A energia da radiação: 
 
• Tem origem nuclear; 
 
• A desintegração pode ser: 
 Por partículas de alta velocidade 
 Por radiação eletromagnética 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 28 
 
• NATURAL (Radiação alfa (α), Beta (β) e gama (γ); 
 
 ARTIFICIAL (Radiação X); 
 
• As radiações naturais são espontâneas; 
 
• O átomo busca sua estabilidade 
 
7. GRANDEZAS E UNIDADES DE RADIAÇÃO 
 
7.1. ATIVIDADE 
 
Bequerel é a quantidade de material radioativo que sofre uma desintegração por 
segundo ou ainda que 1 Bq é equivalente a 1 átomo se desintegrando por segundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE INTERNACIONAL: 
 
 
BECQUEREL - (Bq) 
1Bq = 1 dps 
 
 
Dps – desintegração por segundo 
 
UNIDADE DE REFERENCIA: 
 
 
CURRIE - (Ci) 
11 CCii == 3377 GGBBqq 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 29 
8. APLICAÇÃO DAS RADIAÇÕES IONIZANTES NA 
INDÚSTRIA E NA MEDICINA 
 
 INSPEÇÃO DE SOLDAS 
 MEDIÇÃO DE DESGASTES, ESPESSURA, DENSIDADE E NÍVEL 
 DETECÇÃO DE VAZAMENTOS 
 CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS 
 ESTERILIZAÇÃO DE MATERIALCIRURGICO E DE USO 
 DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS 
 RADIOTERAPIA (TELETERAPIA, BRAQUITERAPIA) 
 OTIMIZAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS (MUTAÇÕES GENÉTICAS, 
TRAÇAGEM DE NUTRIENTES, CONTROLE / ELIMINAÇÃO DE 
INSETOS) 
 ANÁLISE LABORATORIAL (CONSTITUIÇÃO DE AMOSTRAS, 
PERÍCIA POLICIAL, ANÁLISE MINERALÓGICA) 
 ESTUDOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 
 COLORAÇÃO DE CRISTAIS 
 DATAÇÃO ( C14 , U238 ) 
 TERMOLUMINESCÊNCIA 
 PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Diagnóstico com uso de radioisótopo 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 30 
 
 RADIOTERAPIA (TELETERAPIA CO60 ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UUssoo ddee MMaatteerriiaaiiss RRaaddiiooaattiivvooss 
EEnneerrggiiaa EEllééttrriiccaa 
IInnddúússttrriiaa ee 
AAggrriiccuullttuurraa 
MMeeddiicciinnaa ee PPeessqquuiissaa 
74 a 296 TBq 
 = 5 anos 
 e  
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 31 
9. DECAIMENTO RADIOATIVO OU MEIA VIDA 
FÍSICA 
 
É o tempo necessário para que a atividade de uma fonte radioativa caia pela 
metade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vimos que certos isótopos eram submetidos ao decaimento radioativo, pela 
emissão de partículas do núcleo. Eles são conhecidos como radioisótopos. Cada 
radioisótopo tem uma propriedade definida de desintegração com função do tempo. 
A medida do decaimento é proporcional à constante de decaimento e também ao 
número de átomos que estão presentes nesse radioisótopo. 
A partir dessa constante de decaimento, um termo conhecido como meia vida 
radioativa pode ser determinada matematicamente. A Meia Vida, T (1/2) é definida 
como o tempo requerido para que a metade dos átomos de uma amostra radioativa 
decaia ou desintegre. 
Por exemplo, certa amostra contem uma grama de Ir
192
. A meia vida desse isótopo 
é aproximadamente da 75 dias. Após 75 dias restará na amostra 0,5 grama de Ir 
192
. 
Após 150 dias da data inicial, somente 0,25 gramas de Ir
192 
 restará. Após um 
período de dez meias vida, a quantidade de isótopo remanescente será desprezível 
em comparação com a amostra inicial. 
A Atividade de uma amostra é o termo utilizado para descrever a medida do 
decaimento. A unidade da Atividade é o Becquerel (Bq), sendo definida como 
desintegração por segundo 444 GBq de uma fonte de Ir serão submetidos a 444 
bilhões de desintegrações em um segundo. Um miolo de fonte com essa atividade 
será 1,6 mm de diâmetro e 1,6 mm de altura. 
 
 
 
 
EXEMPLO: 
 
FONTE = 100 GBq 
1ª MV = 50 GBq 
2ª MV = 25 GBq 
3ª MV = 12,5 GBq 
4ª MV = 6,25 GBq 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 32 
É difícil obter-se uma amostra de isótopo puro por diversas razões. Entretanto, uma 
outra unidade é utilizada para descrevê-la, a Atividade Específica da fonte 
radioativa. Ela é a razão da Atividade da amostra pela massa sendo dada em 
unidade de Becquerel por grama. Um exemplo de alta Atividade Específica do 
Co
60 
 seria 14,43 TBq/g 
 
Meia-vida, portanto, é o tempo necessário para a atividade de um elemento 
radioativo ser reduzida à metade da atividade inicial. Isso significa que, para cada 
meia-vida que passa, a atividade vai sendo reduzida à metade da anterior, até 
atingir um valor insignificante, que não permite mais distinguir suas radiações das 
do meio ambiente. Dependendo do valor inicial, em muitas fontes radioativas 
utilizadas em laboratórios de análise e pesquisa, após 10 (dez) meias vida, atinge-
se esse nível. Entretanto, não se pode confiar totalmente nessa receita. E sim numa 
medida com um detector apropriado, pois, nas fontes usadas na indústria e na 
medicina, mesmo após 10 meias-vidas, a atividade da fonte ainda é geralmente 
muito alta. 
 
UM EXEMPLO PRÁTICO 
Vejamos o caso do iodo-131, utilizado em Medicina Nuclear para exames de 
tireóide, que possui a meia-vida de oito dias. Isso significa que, decorridos 8 dias, 
atividade ingerida pelo paciente será reduzida à metade. Passado mais 8 dias, cairá 
à metade desse valor, ou seja, ¼ da atividade inicial e assim sucessivamente. Após 
80 dias (10 meias vida), atingirá um valor cerca de 1000 vezes menor. Entretanto, 
se for necessário aplicar-se uma quantidade maior de iodo-131 no paciente, não se 
poderia esperar por 10 meias-vidas (80 dias), para que a atividade na tireóide 
tivesse um valor desprezível. Isso inviabilizaria os diagnósticos que utilizam 
material radioativo, tendo em vista que o paciente seria uma fonte radioativa 
ambulante e não poderia ficar confinado durante todo esse período. Para felicidade 
nossa, o organismo humano elimina rápida e naturalmente, via fezes, urina e suor, 
muitas das substâncias ingeridas. Dessa forma, após algumas horas, o paciente 
poderá ir para casa, sem causar problemas para si e para seus familiares. Assim, ele 
fica liberado, mas o iodo-131 continua seu decaimento normal na urina 
armazenada no depósito de rejeito hospitalar, até que possa ser liberado para o 
esgoto comum. 
Na natureza existem elementos radioativos que realizam transmutações ou 
desintegrações sucessivas, até que o núcleo atinja uma configuração estável. Isso 
significa que, após um decaimento radioativo, o núcleo não possui, ainda, uma 
organização interna estável e, assim, ele executa outra transmutação para 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 33 
melhorá-la e, ainda não conseguindo, prossegue, até atingir a configuração de 
equilíbrio. Em cada decaimento, os núcleos emitem radiações dos tipos alfa, beta 
e/ou gama e cada um deles é mais organizado que o núcleo anterior. Essas 
seqüências de núcleos são denominadas séries radioativas. 
 
No estudo da radioatividade, constatou-se que existem apenas 3 séries ou famílias 
radioativas naturais, conhecidas como: A Série do Actínio, na realidade, inicia-se 
com o urânio-235 e tem esse nome, porque se pensava que ela começava pelo 
actínio-227. 
 
As três séries naturais terminam em isótopos estáveis do chumbo, respectivamente. 
Os principais elementos das séries acima mencionadas são apresentados no quadro 
a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 34 
 
DESINTEGRAÇÃO OU TRANSMUTAÇÃO RADIOATIVA 
 
 
Cada elemento radioativo, seja natural ou obtido artificialmente, se transmuta (se 
desintegra ou decai) a uma velocidade que lhe é característica. Para se acompanhar 
a duração (ou a .vida.) de um elemento radioativo foi preciso estabelecer uma 
forma de comparação. Por exemplo, quanto tempo leva para um elemento 
radioativo ter sua atividade reduzida à metade da atividade inicial? Esse tempo foi 
denominado meia-vida do elemento. 
 
Alguns elementos radioativos têm meia-vida muito longa, como, por exemplo, os 
elementos iniciais de cada série radioativa natural (urânio-235, urânio-238 e tório-
232). 
 
Dessa forma, é possível explicar, porque há uma porcentagem tão baixa de urânio-
235 em relação à de urânio-238. Como a meia-vida do urânio-235 é de 713 
milhões de anos e a do urânio-238 é de 4,5 bilhões de anos, o urânio-235 decai 
muito mais rapidamente e, portanto, é muito mais consumido que o urânio-238. 
Com o desenvolvimento de reatores nucleares e máquinas aceleradoras de 
partículas, muitos radioisótopos puderam ser fabricados, utilizando-se isótopos 
estáveis como matéria prima. Com isso, surgiram as Séries Radioativas Artificiais, 
algumas de curta duração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 35 
9.1. SÉRIES RADIOATIVAS NATURAIS 
 
SÉRIE DO URÂNIO SÉRIE DO ACTÍNIO SÉRIE DO TÓRIO 
 
Urânio-238 Urânio-235 Tório-232 
4,5 bilhões de anos 713 milhões de anos 13,9 bilhões de anosTório-234 Tório-231 Rádio-228 
24,6 dias 24,6 horas 5,7 anos 
 
 
Protactínio-234 Protactínio-231 Actínio-228 
1,4 minutos 32.000 anos 6,13 horas 
 
 
Urânio-234 Actínio-227 Tório-228 
270.000 anos 13,5 anos 13,5 anos 1,9 anos 
 
α 
 
Tório-230 Frâncio-223 Tório-227 Rádio-224 
83.000 anos 21 min 18,9 dias 3,6 dias 
 
α 
 
Rádio-226 Rádio-223 Radônio-220 
1.600 anos 11,4 dias 54,5 segundos 
Radônio-222 Radônio-219 . . . 
3,8 dias 3,9 segundos 
 
α 
. . . . . . Polônio-212 
 0,0000003 segundos 
 
 
Polônio-210 Polônio-211 
140 dias 0,005 segundos 
α 
 
Chumbo-206 Chumbo-207 Chumbo-208 
 estável estável estável 
α 
α 
 
α 
 
α 
 
α 
 
 α 
 
α 
 
 α 
 
 α 
 
α 
 
α 
 
α 
 
 α 
 
α 
 
β 
β 
β β 
β 
β 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 36 
9.2. ELEMENTOS RADIOATIVOS – INFORMATIVO DE 
MEIA VIDA 
 
 
ELEMENTO NOME PRINCIPAL 
EMISSOR 
MEIA VIDA 
Am-241 Amerício ALFA 433 anos 
Cd-109 Cádmio GAMA ou X 462,6 dias 
Ca-45 Cálcio BETA 163 dias 
Cf-252 Califórnio ALFA 2,65 anos 
C-14 Carbono BETA 5.730 anos 
Cs-137 Césio BETA e GAMA ou X 30,2 anos 
Co-57 Cobalto GAMA ou X 272 dias 
Co-60 Cobalto GAMA ou X 5,27 anos 
Kr-85 Criptônio BETA e GAMA ou X 10,7 anos 
Cr-51 Cromo GAMA ou X 27,7 dias 
S-35 Enxofre BETA 87,5 dias 
Sr-90 Estrôncio BETA 28,2 anos 
Fe-55 Ferro GAMA ou X 2,68 anos 
P-32 Fósforo BETA 14,3 dias 
I-125 Iodo GAMA ou X 59,9 dias 
I-131 Iodo BETA e GAMA ou X 8,0 dias 
Ir-192 Irídio GAMA ou X 73,8 dias 
Mo-99 Molibdênio BETA 2,75 dias 
Au-198 Ouro GAMA ou X 2,7 dias 
Po-210 Polônio ALFA 138,4 dias 
K-42 Potássio BETA 12,4 horas 
Pm-147 Promécio BETA 2,6 anos 
Ra-226 Rádio ALFA 1.600 anos 
Na-24 Sódio BETA e GAMA ou X 15 horas 
Ti-201 Tálio GAMA ou X 3,04 dias 
Ti-204 Tálio BETA 3,8 anos 
Tc-99m Tecnécio GAMA ou X 6,0 horas 
H-3 Trício BETA 12,3 anos 
 
 
9.3. CÁLCULO DA MEIA VIDA: 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 37 
 
Método convencional: 
 
 
 A = A0 . e
λ . t 
 
 
 
 
ln2 
 
t(1/2)
 
 
 
 
Método simplificado: 
 
 
 A0 
 
 2
t / t(1/2) 
 
 
 
onde: 
 
A – Atividade final da fonte radioativa 
 
A0 – Atividade inicial da fonte radioativa 
 
t – Tempo decorrido 
 
t (1/2) – Meia vida da fonte radioativ 
9.4. EXERCÍCIOS: 
 A = 
= 
 
λ
 = 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 38 
 
1) Qual a atividade de uma fonte de Ir 
192
, que a 150 dias tinha atividade de 
100 Ci? 
Dado: t (1/2) do Ir
192
 = 75 dias 
 
 
a) Resolução: Método Bom senso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Resolução: Método Convencional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) Resolução: Método Simplificado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) Qual será a atividade de uma fonte de Cs
137
 daqui a 1 século e meio, 
sabendo-se que hoje ela está com atividade de 320 TBq? 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 39 
Dado: t (1/2) Cs
137
 = 30 anos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3) Qual será a atividade de uma fonte de I
131 
 daqui a 960 horas, sabendo 
que hoje ela tem uma atividade de 64 KCi? 
Dado: t(1/2) I
131
 = 8 dias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4) Qual seria a atividade de uma fonte de P
32 
que em 14.07. 2007 estava 
com 50MBq, em 14.12.2007? 
 Dado: t(1/2) P
32
 = 15 Dias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 40 
10. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM ORGANISMOS 
VIVOS 
 
 CONTAMINAÇÃO 
 
 IRRADIAÇÃO 
 
Por outro lado, a descontaminação consiste em retirar o contaminante (material 
indesejável) da região onde se localizou. A partir do momento da remoção do 
contaminante, não há mais irradiação. 
Importante: a irradiação por fontes de Césio-137, Cobalto-60 e similares não torna 
os objetos ou o corpo humano radioativos. 
 
Irradiação não contamina, mas contaminação irradia. 
 
10.1. IRRADIAÇÃO 
 
A irradiação é a exposição de um objeto ou um corpo à radiação, o que pode 
ocorrer a alguma distância, sem necessidade de um contato íntimo. 
Irradiar, portanto, não significa contaminar. Contaminar com material radioativo, 
no entanto, implica em irradiar o local, onde esse material estiver. 
 
 
 
10.2. CONTAMINAÇÃO 
 
A contaminação com materiais radioativos se dá pela incorporação da fonte no 
organismo, podendo ocorrer da seguinte forma: 
 
a) Ingestão 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 41 
 
b) Inalação c) Absorção pelo corpo 
 
 
 
 
 
 
 
11. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
CCoonnttrroollee ddaa CCoonnttaammiinnaaççããoo oouu eexxppoossiiççããoo 
 
 
 Seguir os procedimentos sempre 
 
 Treinamento e Procedimento 
 
 Equipamento de Proteção Individual 
 
 Monitorar continuamente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Kit de emergência para atendimento 
 
 
 
 Basicamente composto por: 
 
 Cones 
 Fitas zebradas 
 Placas de sinalização 
 Lanterna 
 Mega fone 
 Apito 
 Barreiras de blindagem 
 
 
 
 
 
 
Proteção contra a Irradiação Interna
Proteção Contra Contaminação Interna e Externa
EPI´S de Corpo Inteiro
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 43 
 
12. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE PROTEÇÃO 
CONTRA AS IRRADIAÇÕES: 
 
 TEMPO DE EXPOSIÇÃO 
 
 
 
 
 
 DISTÂNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 BLINDAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 44 
13. TAXA DE EXPOSIÇÃO E DOSE – CONCEITOS E 
CÁLCULOS 
 
13.1. TAXA DE EXPOSIÇÃO (X) 
 
AUMENTO DA EXPOSIÇÃO NA UNIDADE DE TEMPO - X = dx / dt 
 
X =  . A 
 d
2
 
 
onde: 
 = gamão (vide tabela l) 
A = atividade da fonte (Ci ou Bq) 
d = distância (m) 
 
Tabela de valores de gamão 
 
RRAADDIIOONNUUCCLLÍÍDDEEOO CC xx MM22 // KKgg xx BBqq xx hh RR xx mm22 // CCii xx hh TT ½½ 
CÉSIO 137 2,30 x 10
-15
 0,33 30,0 anos 
COBALTO 60 9,19 x 10
-15
 1,32 5,3 anos 
IODO 125 4,87 x 10
-16
 0,07 60,2 dias 
IODO 131 1,53 x 10
-15
 0,22 8,0 dias 
IRÍDIO 192 3,34 x 10
-15
 0,48 75 dias 
 
13.2. DOSE ABSORVIDA (D) 
 
Quando a radiação atinge o corpo, ela deposita uma quantidade de energia. A 
energia depositada é medida em termos de dose absorvida. 
 
D = X . t 
 
Onde: 
X = taxa de exposição 
t = tempo 
 
Unidade 
R/h ou Rem/h 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 45 
14. INSTRUMENTOS PARA MONITORAÇÃO DAS 
RADIAÇÕES 
 
14.1. MONITORAÇÃO INDIVIDUAL 
 
Técnicas oficiais de controle: 
- Filme dosimétrico 
- Dosímetro Termoluminescente (TLD) 
- Anel dosimétrico 
- Pulseira dosimétrica 
 
 Técnica de controle não oficial: 
- Caneta dosimétrica 
 
Filme dosimétrico 
 
É uma película de filme, não revelado, alojado em um receptáculo flexível e 
resistente, que protege contra a incidência de raios luminosos. 
Por ser sensível quando exposto a energia da radiação, o filme “vela”, uma vez 
revelado, tornar-se-á mais ou menos escuro de acordo com o nível de radiação 
exposta. 
A leitura calibrada da luminosidade que transpassa o filme revelado, determinará a 
dose de radiação a que esteve exposto o indivíduo dosimetrado. 
 
Dosímetro Termoluminescente (TLD) 
 
Geralmente constituído de cristais de fluoreto de lítio ou Fluoreto de Cálcio para 
medir a exposição de radiação. Sobre a ação de exposição da radiação, o TLD 
armazena energia nas camadaseletrônicas dos átomos. Sobre a ação de 
aquecimento do material, a energia é liberada em forma de luz visível. A 
quantidade de luz emitida é proporcional a quantidade de exposição da radiação. O 
TLD tem excelente resposta de energia sobre ampla faixa. A desvantagem do TLD 
é que se lendo a dose, destrói-se a informação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 46 
 
 
 
Dosímetro de bolso ou caneta dosimétrica 
 
Outro tipo de instrumento para medida da radiação é necessário para auxiliar na 
minimização da exposição pessoal. O filme dosimétrico e dosímetro de bolso 
determina a quantidade de radiação que uma pessoa recebe, mas não é prático para 
determinar níveis de radiação diária. É importante conhecer os níveis de radiação 
de área, por diversas razões. Uma pessoa pode normalmente desejar trabalhar na 
área com menor nível de radiação, monitorando a área ele poderá escolher o 
melhor local para trabalhar. Instrumentos de medida devem também ser utilizado 
para determinar se uma fonte de radiação está em posição de armazenamento. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 47 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 48 
 
14.2. MONITORAÇÃO DE ÁREA 
 
 DETETORES DE IONIZAÇÃO A GÁS; 
 
 CÂMARA DE IONIZAÇÃO; 
 
 CINTILÔMETRO; 
 
 CONTADOR GEIGER-MULLER; 
 
 DETETOR PROPORCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 49 
Os dois principais tipos de instrumentos de levantamento radiométricos disponíveis 
são o contrator GEIGER MULLER e a Câmara de Ionização. 
 
Câmara de Ionização: Possui uma câmara de gás confinado com dois elétrons 
que são usados para criar um campo elétrico dentro da câmara. A radiação entre 
tanto na câmara, cria um íon par e esses íons carregados positivamente são atraídos 
pelo eletrodo oposto. Isto cria um pequeno fluxo de corrente através do circuito do 
medidor. Quando essa corrente é ampliada pelo circuito, pode ser medida e 
contada a quantidade de radiação entrando na câmara. 
Eles são disponíveis em modelos portáteis. O tempo de resposta é suficientemente 
pequeno para que o medidor possa dar uma quase imediata leitura do nível de 
radiação. Algumas câmaras de radiação vêm com a janela para “Beta”. Mas, para o 
uso em radiografia industrial, como a principal radiação é gama ou X, as mesmas 
facilmente penetram a caixa da câmara. As câmaras de ionização mais comuns são 
capazes de medir níveis de 2,58. 10
-7
 C/kg até 2,58. 10
-4
 C/kg. Alguns modelos 
medem níveis de até 0,129C/kg. h. 
 
Contador Geiger Muller (GM): Outro principal instrumento medidor é o 
contador GM. 
Também possui uma câmara de gás confinado com dois eletrodos, mas opera com 
princípio ligeiramente diferente. Ionização ocorre dentro de câmara, mas quando 
os íons são atraídos para os elétrodos, eles são acelerados, e na colisão com outras 
moléculas, criam mais íons. Esse processo é chamado de multiplicação do gás e 
acoplado a amplificação eletrônica, fornece a leitura do nível de radiação. Esses 
medidores também são disponíveis em modelos portáveis, portáveis, porém são 
mais eficientes para baixos níveis de radiação. 
 
Aferição: Instrumentos medidores devem ser aferidos no mínimo em dois pontos 
de cada escala. A aferição é realizada pela colocação do instrumento em um campo 
de radiação conhecido, assegurando que o instrumento esteja lendo corretamente. 
No instrumento deve-se ler mais ou menos 20% do nível real para ser considerado 
funcional. 
A aferição pode ser realizada usando-se uma só fonte, utilizando-se a lei do 
inverso do quadrado da distância, Uma fonte de 3,7. 10
10
 Bq de Ir 
192
 têm uma 
intensidade de 129 μC/kgh a um metro. Colocando-se u instrumento a um metro 
dessa fonte, a leitura no medidor será de 129 μC/kgh. Usando-se a lei do inverso 
do quadrado, o nível de radiação a 10 metros será de 1,29μC/kgh. No medidor 
deve-se ler mais ou menos 20% desse valor. 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 50 
Se um medidor não puder ser lido entre dos limites especificados e deverá ser 
corrigido por um menor ajuste. Se isto não for possível, o medidor deverá ser 
enviado para manutenção e posterior manutenção. 
 
Calibração: Instrumentos medidores devem ser calibrados em intervalos que não 
excedam a um ano ou após cada manutenção, por intuições devidamente 
autorizadas pela CNEN. Registro da mais recente calibração deverá ser mantido 
pela empresa. Aconselha-se que os medidores sejam etiquetados com a data da 
calibração mais recente, para que os trabalhadores possam identificar a validade de 
uso. 
 
 
15. A PRODUÇÃO DE RAIOS X 
 
 
 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO 
 
 RAIO X DE INSPEÇÃO DE BAGAGENS 
 
 
 
15.1. RAIOS X, PRODUÇÃO E PRINCÍPIO DE 
FUNCIONAMENTO 
 
 
 
Os raios X utilizados nas aplicações técnicas são produzidos por dispositivos 
denominados de tubos de raios X, que consistem, basicamente, em um filamento 
que produz elétrons por emissão termoiônica (catodo), que são acelerados 
fortemente por uma diferença de potencial elétrica (kilovoltagem) até um alvo 
metálico (anodo), onde colidem. A maioria dos elétrons acelerados são absorvidos 
ou espalhados, produzindo aquecimento no alvo. Cerca de 5% dos elétrons sofrem 
reduções bruscas de velocidade, e a energia dissipada se converte em ondas 
eletromagnéticas, denominadas de raios X. Os eletrodos estão contidos numa 
ampola de vidro onde se fez vácuo, para evitar a sua oxidação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 51 
Devido ao processo como são produzidos, são também denominados de radiação 
de freamento (bremsstrahlung), é bom observar que, ao se desligar uma máquina 
de raios X, ela não produz mais radiação e, portanto, não constitui um equipamento 
radioativo, mas um gerador de radiação. Qualquer material irradiado por raios X, 
para as aplicações mais conhecidas, não fica e nem pode ficar radioativo. Muito 
menos os locais onde são implementadas, como consultórios dentários, salas de 
radiodiagnóstico ou radioterapia. 
Raios X de alta energia podem ser obtidos por freamento de feixes de elétrons de 
alta energia, produzidos por aceleradores de partícula, ao colidirem com alvos 
metálicos. Para radiações acima de 10 MeV, efeitos de 
ativação de materiais podem ocorrer, devido a ocorrência de reações nucleares. 
Neste caso, a instalação deve ser bem blindada e os cuidados com a radioproteção 
mais intensificados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DENTRE AS NOTIFICAÇÕES QUE CHEGAM A CNEN, GRANDE PARTE 
DIZ RESPEITO A APARELHOS DE RAIOS-X. OS CASOS MAIS COMUNS 
REFEREM-SE AO SEU ABANDONO EM FERROS-VELHOS, SUSPEITA DE 
MÁ OPERAÇÃO OU, AINDA, DESCONFIANÇA DE QUE OS MESMOS 
ESTARIAM “VAZANDO” RADIAÇÃO. ISSO OCORRE PORQUE AS 
PESSOAS JULGAM, ERRONEAMENTE QUE ESSES EQUIPAMENTOS 
POSSUAM EM SEU INTERIOR UMA FONTE CONTENDO MATERIAL 
RADIOATIVO, CAPAZ DE EMITIR RADIAÇÃO ININTERRUPTAMENTE. 
 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 53 
 
 APARELHOS DE RAIOS-X NÃO POSSUEM FONTE RADIOATIVA; 
 
 SÃO ALIMENTADOS POR CORRENTE ELÉTRICA, NECESSITAM 
DE ALTA TENSÃO E CORRENTE APLICADA AO TUBO PARA QUE 
HAJA DISPONIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE RAIOS-X; 
 
 DESLIGADO O APARELHO NÃO EMITE QUALQUER TIPO DE 
RADIAÇÃO. 
 
15.2. PERCENTAGENS DE CONVERSÃO DE ENERGIA 
DE RAIOS X EM CALOR 
 
VOLTAGEM DE 
OPERAÇÃO 
% DE CALOR % DE RAIOS X 
 
60 KV 
 
99,5 
 
0,5 
 
200KV 
 
99,0 
 
1,0 
 
4 MV 
 
60,0 
 
40,0 
 
20 MV 
 
30,0 
 
70,0 
 
 
15.3. TABELA DE RENDIMENTO DE RAIOS X 
 
 
TENSÃO 
 
CORRENTE ENERGIA QDE RAIOS X 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 54 
16. O SCANNER DE INSPEÇÃO DE BAGAGENS 
 
 BAGAGENS MANUAIS (ACOMPANHADAS) 
 BAGAGENS DESACOMPANHADAS (DESPACHADAS) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FFEEIIXXEE CCOOLLIIMMAADDOO DDEE RRAAIIOOSS XX 
ANOTAÇÕES 
 
............................................................................................................................................................ 
 
............................................................................................................................................................ 
 
............................................................................................................................................................ 
 
............................................................................................................................................................ 
 
............................................................................................................................................................ 
 
............................................................................................................................................................ 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 56 
17. O ACIDENTE EM GOIÂNIA 
 
O acidente de Goiânia envolveu uma contaminação radioativa, isto é, existência de 
material radioativo em lugares onde não deveria estar presente. 
 
Uma fonte radioativa de Césio-137 era usada em uma clínica da cidade de Goiânia, 
para tratamento de câncer. Nesse tipo de fonte, o césio-137 fica encapsulado, na 
forma de um sal, semelhante ao sal de cozinha, e guardado. em um recipiente de 
chumbo, usado como uma blindagem contra as radiações. Após vários anos de uso, 
a fonte foi desativada, isto é, não foi mais utilizada, embora sua atividade 
radioativa ainda fosse muito elevada, não sendo permissível a abertura do 
invólucro e o manuseio da fonte sem cuidados especiais. 
 
Qualquer instalação que utilize fontes radioativas, na indústria, centros de 
pesquisa, medicina nuclear ou radioterapia, deve ter pessoas qualificadas em 
Radioproteção, para que o manuseio seja realizado de forma adequada. Locais 
destinados ao armazenamento provisório de fontes ou rejeitos devem conter tais 
fontes ou rejeitos com segurança, nos aspectos físicos e radiológicos, até que 
possam ser removidos para outro local, com aprovação da CNEN. 
 
A Clínica foi transferida para novas instalações, mas o material radioativo não foi 
retirado, contrariando a Norma da CNEN. Toda firma que usa material radioativo, 
ao encerrar suas atividades em um local, deve solicitar o cancelamento da 
autorização para funcionamento (operação), informando o destino a ser dado a esse 
material. A simples comunicação do encerramento das atividades não exime a 
empresa da responsabilidade e dos cuidados correspondentes, até o recebimento 
pela CNEN. 
 
Duas pessoas retiraram sem autorização. o equipamento do local abandonado, que 
servia de abrigo e dormitório para mendigos. 
 
A blindagem foi destroçada, deixando à mostra um pó azul brilhante, muito bonito, 
principalmente no escuro. E o pozinho brilhante foi distribuído para várias pessoas, 
inclusive crianças. 
 
O material que servia de blindagem foi vendido a um ferro velho. O material 
radioativo foi-se espalhando pela vizinhança e várias pessoas foram contaminadas. 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 57 
A CNEN foi chamada a intervir e iniciou um processo de descontaminação de 
ruas, casas, utensílios e pessoas. 
 
O acidente radioativo de Goiânia resultou na morte de quatro pessoas, dentre 249 
contaminadas. As demais vítimas foram descontaminadas e continuaram em 
observação, não tendo sido registrados, até o momento, efeitos tardios 
provenientes do acidente. Um dos atingidos, uma senhora, deu à luz uma criança 
perfeitamente sadia. 
 
É importante esclarecer a diferença entre contaminação radioativa e irradiação. 
Uma contaminação, radioativa ou não, caracteriza-se pela presença indesejável de 
um material em determinado local, onde não deveria estar. 
 
17.1. FILME – CÉSIO 137 O PESADELO EM GOIÂNIA 
 
Comentários: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 58 
17.2. A DESCONTAMINAÇÃO EM GOIÂNIA 
 
Como foi mencionado, o pó brilhante foi distribuído para várias pessoas, inclusive 
crianças, o que resultou em irradiação dos envolvidos. Móveis, objetos pessoais, 
casas (pisos e paredes) e até parte da rua foram contaminados com césio-137. 
No caso das pessoas, procedeu-se a um processo de descontaminação, interna e 
externamente, o que foi feito com sucesso, com exceção das 4 vítimas fatais 
imediatas. 
Aquele que poderia ser a quinta vítima, por ter sido altamente contaminado (e que 
foi descontaminado), morreu de cirrose hepática e não em decorrência do acidente. 
Quanto aos objetos (móveis, eletrodomésticos etc.), foram tomadas providências 
drásticas, em razão da expectativa altamente negativa e dos temores da população. 
Móveis e utensílios domésticos foram considerados rejeitos radioativos e como tal 
foram tratados. 
Casas foram demolidas e seus pisos, depois de removidos, passaram também a ser 
rejeitos radioativos. Parte da pavimentação das ruas foi retirada. Estes rejeitos 
radioativos sólidos foram temporariamente armazenados em embalagens 
apropriadas, enquanto se aguardava a construção de um repositório adequado. 
 
A CNEN estabeleceu, em 1993, uma série de procedimentos para a construção de 
dois depósitos com a finalidade de abrigar, de forma segura e definitiva, os rejeitos 
radioativos decorrentes do acidente de Goiânia. O primeiro, denominado Contêiner 
de Grande Porte (CGP), foi construído em 1995, dentro dos padrões internacionais 
de segurança, para os rejeitos menos ativos. 
O segundo depósito, visando os rejeitos de mais alta atividade, concluído em 1997, 
deverá ser mantido sob controle institucional da CNEN por 50 anos, coberto por 
um programa de monitoração ambiental, de forma a assegurar que não haja 
impacto radiológico no presente e no futuro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 59 
18. EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO 
 
 
 
CÉLULA TECIDO ÓRGÃO SISTEMA SER 
VIVO 
 
 
EFEITOS DA RADIAÇÃO 
 
 DIRETO: Afeta diretamente as células e tecidos 
 INDIRETO: Afeta a água, cujos radicais afetam as células e tecidos 
 
 
EXEMPLO: 
 
 
 
Água H2O 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTERAÇÕES: 
 
1º EFEITO FÍSICO 
 
2º EFEITO QUÍMICO 
 
3º EFEITO BIOLÓGICO 
 
 O ORGANISMO HUMANO NÃO POSSUI MECANISMO SENSORIAL 
PARA DETECTAR A RADIAÇÃO; 
H2 
O 
H2O2 
PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO 
(ÁGUA OXIGENADA) 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 60 
 
 OS EFEITOS BIOLÓGICOS SÃO FUNÇÃO: 
 DO PODER DE PENETRAÇÃO; 
 DA IONIZAÇÃO ESPECÍFICA; 
 DO TIPO DO TECIDO IRRADIADO. 
 
O corpo humano é constituído por trilhões de células. A célula é a unidade básica 
da vida. A vida média de uma célula é mais curta quando comparada com a vida de 
uma pessoa. Células se reproduzem entre si através do processo conhecido como 
“mitoses”, ou divisão de células. Células que morrem são substituídas por novas 
células, produzidas através desse processo.Algumas células, tais como: a célula do sangue vermelho, não passam pelo 
processo de “mitose”. Assim que essas células morrem, são substituídas por novas 
células que são produzidas na medula óssea. Esse processo de substituição de 
células continua através da vida, mas ocorrendo mais rapidamente na infância. 
 
As características das células, tanto quanto aqueles do organismo que elas 
constituem, estão contidas nos cromossomos. Cada célula contém vinte e três 
pares, ou quarenta e seis cromossomos. Como uma célula é submetida a “mitose”, 
poderá dobrar o número de cromossomos de tal modo que cada célula filha conterá 
um conjunto completo de vinte e três pares. É através desse processo que cada 
célula tem as mesmas características básicas. 
 
Cada cromossomo é feito de um cordão de “genes”. Esses “genes” são a causa das 
diferenças e isso cria diferenças no corpo humano. 
 
Mudanças na estrutura do cromossomo ou químicas podem produzir sérios 
resultados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 61 
Essas mudanças podem causar características que não existem previamente sendo 
conhecidas como mutações. Mutações que ocorrem nas células sexuais podem ser 
transmitidas para a geração próxima. Mutações que ocorrem em outras células são 
conhecidas como mutações somáticas e afetarão somente o indivíduo. 
A radiação danifica as células humanas principalmente por torná-las incapazes 
para produzirem-se. Notadamente, o corpo pode tolerar certa quantidade desse 
dano, desde que as células mortas sejam submetidas pelas filhas de outras células. 
O mecanismo através do qual esse dano ocorre é a ionização. Células são 
constituídas principalmente de água. 
 
A radiação pode causar ionização nas moléculas de água e produzir hidróxidos, 
dióxidos de hidrogênio e peróxido de hidrogênio. Essas são fortes bases químicas 
podendo ser muito reativas com outras moléculas nas células. A radiação pode 
causar danos para o controle das atividades da divisão de células de certas enzimas. 
Se células danificadas ocorrem em larga escala, o corpo pode ser capaz de 
tolerá-las e a substituição das células danificada não é realizada. Isto resulta na 
depreciação do organismo afetado e em muitos casos graves, resultando na morte. 
Os efeitos da radiação são considerados em duas partes; efeitos somáticos e efeitos 
genéricos. Efeitos somáticos são aqueles que se manifestam no próprio indivíduo; 
efeitos genéricos afetam as gerações. 
 
18.1. EFEITOS SOMÁTICOS 
 
 Queimaduras (Eritemas): 
- Somente com alta dose ou quando houver toque da fonte 
 
 Alteração do Hemograma: 
- Órgão crítico (tecidos hematopoiéticos) 
 
Efeitos Somáticos da radiação depende da quantidade de radiação recebida, a razão 
como foi recebida, e a parte do corpo que recebeu. Se uma pessoa recebe um nível 
de radiação relativamente baixa, através de um longo período de tempo, ainda que 
uma exposição total muito grande possa ser recebida, o corpo substituirá as células 
danificadas e não resultará em nenhum efeito observável. Uma pessoa pode 
receber uma dose de 50mSv por ano, durante 20 anos e as experiências não 
observaram nenhum efeito. Porém se ela receber esse 15v em uma exposição 
única, pode experimentar alguns sintomas de doença de radiação. 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 62 
Os efeitos somáticos devem ser tratados como resultado de exposição crônica ou 
exposição aguda. Exposição crônica é a exposição de nível relativamente baixo e 
recebido durante um longo período de tempo. Exposição ocupacional é desse tipo. 
Tem se observados poucos casos de danos somáticos de radiação, atribuídos à 
exposição crônica. Conseqüentemente, uma relação direta entre a quantidade de 
exposição recebida por pessoas e a quantidade de danos causados não tem sido 
determinado. Cientistas realizaram experiências em animais, e baseado nesses 
danos tem feito previsões da quantidade de radiação necessária para causar danos 
nas pessoas. 
A radiação afeta diferentes partes do corpo de diferentes maneiras. Pode danificar 
o sangue e a medula óssea, prejudica a habilidade da pessoa se alimentar, 
desperdiçando os produtos e fazendo com que o corpo fique mais susceptível as 
doenças. 
Grandes doses de radiação para pele e couro cabeludo podem resultar em câncer de 
pele e calvície. Exposição da radiação no sistema digestivo pode prejudicar a 
digestão do fluído digestivo, causando vômitos, diarréia e úlceras. 
Danos da radiação podem prejudicar a habilidade do fígado e da vesícula biliar, do 
sistema digestivo. Produz efeitos no pulmão, danificando os sacos de ar. Nos olhos 
pode promover o desenvolvimento de cataratas. 
Os limites de exposição estabelecidos pela CNEN são somente uma pequena 
fração da quantidade de radiação prevista para causar efeitos observados. 
Trabalhadores com radiação que controlarem suas exposições dentro desses limites 
nunca experimentaram nenhum dos efeitos prejudiciais da radiação. É importante 
lembrar, contudo, que são Limites Máximos. Qualquer quantidade de radiação 
pode causar danos em algumas células. Cada trabalhador com radiação deverá 
estar constantemente interessado em que sua exposição diminua, no mínimo, da 
quantidade de radiação recebida. 
 
Exposição aguda é o nível de radiação relativamente alta, recebida em curto 
intervalo de tempo. Cientistas têm sido capazes de observar os efeitos desses tipos 
de exposição em grande número de pessoas, tais como os sobreviventes das 
explosões nucleares de Hiroshima e Nagasaki. Dados dessas observações têm 
habilitado os cientistas a predizerem o tipo de dano esperado para vários níveis de 
exposição aguda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 63 
18.2. EFEITOS GENÉTICOS OU HEREDITÁRIOS 
 
Uma das maiores conseqüências de exposição da radiação é conhecida como efeito 
genérico. Esse dano causado nas células, cromossomos, e genes do sistema 
reprodutivo, causaram danos nas gerações futuras. 
 
Produção de mutações 
(OBS.: Doses de 50 Rem (0,5 Sv), dobra a probabilidade de ocorrer mutações) 
 
Efeitos sobre o feto 
 
- Síndorme de Down 
- Microcefalia 
- Leucemia 
- Má formação congênita 
- Etc. 
 
 
18.3. LEI DE BERGONIÉ E TRIBONDEAU: 
 
 
 
“A radiossensibilidade das células 
é diretamente proporcional a sua 
capacidade reprodutiva e 
inversamente proporcional 
ao seu grau de especialização” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 64 
18.4. LIMITES DE DOSES ESTABELECIDAS (Norma 
CNEN NN-3.01) 
 
 
 
 
INDIVÍDUO 
OCUPACIONALMENTE 
EXPOSTO 
 
DOSE MÁXIMA ANUAL 
Dose em Rem Dose em mRem Dose em mSv 
 
5 Rem / ano 
 
5.000 mRem/ano 
 
50 mSv/ano 
DOSE MÁXIMA EM 5 ANOS 
Dose em Rem Dose em mRem Dose em mSv 
 
10 Rem 
 
10.000 mRem 
 
100 mSv 
 
 
 
IND. PÚBLICO 
 
DOSE MÁXIMA ANUAL 
Dose em Rem Dose em mRem Dose em mSv 
 
0,1 Rem / ano 
 
100 mRem / ano 
 
1 mSv / ano 
 
 Em circunstâncias especiais a CNEN poderá autorizar um valor de dose 
eftiva de até 5mSv em um ano para indivíduos do público, desde que a 
dose efetiva média em um período de 5 anos consecutivos não exceda a 1 
mSv por ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO BÁSICO DE RADIOPROTEÇÃO 65 
18.5. DOSE PARA MULHERES (OCUPACIONALMENTE 
EXPOSTAS): 
 
 Para mulheres ocupacionalmente expostas = 1 mSv durante todo o restante 
do período da gestação, a partir da sua notificação 
 
 
18.6. DOSE DE EMERGÊNCIA: 
 
 Indivíduos com idade inferior a 18 anos não podem estar sujeitos a 
exposições ocupacionais; 
 
 Não existem limites de dose para exposição médica. 
 
 
18.7. LIMITES DERIVADOS DE TRABALHO 
 
INDIVÍDUOS OCPACIONALMENTE EXPOSTOS

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