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Castelo - Estudos prova II

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Estudos prova II Castelo – 13/12
1. Dependência e os padrões de dominação externa
- Dependência e dependência externa
2. O papel do Estado na acumulação capitalista
- A manutenção da ordem burguesa no Brasil
1) O Brasil, desde o processo de colonização, foi subordinado aos países de Primeiro Mundo. Esse processo de dominação externa da América Latina é uma das bases da acumulação do capital. Segundo Theotônio dos Santos “a realidade dos chamados países do Terceiro Mundo e particularmente da América Latina não se pode entender fora do processo de expansão do capitalismo europeu” (p. 13 Theotonio). 
Tal dominação é fragmentada em quatro formas. A primeira se refere ao colonialismo, que vai do século XVI até o fim do XVII. Theotônio expõe que o principal objetivo deste sistema era a obtenção de riquezas e lucros para os dominantes e Caio Prado Jr. caracteriza a colônia como o sentido fundamental da estrutura e a colonização como um processo que mantia um mercado voltado para o exterior, no qual o Estado atuava como uma forma de estabelecimento dos padrões europeus. Desse modo, para alcançar a independência seria necessário um novo tipo de mercado, opositor a esse, que desenvolvesse o país de forma interna, com iniciativas nacionais que atendesse internamente o país. Desse modo, o Brasil só se tornaria livre se criasse um mercado capaz de atender seus interesses de modo interno e não mais dependesse do comércio internacional. 
A segunda ocorre devido a crise do sistema colonial, no período do fim do século XVII à meados do XIX, dita como neocolonialismo. Nessa fase, a exploração nos países subordinados ao capital externo permaneceu, transformando-os em mercados de consumo manufaturados e, simultaneamente, fonte de matéria-prima, assim, “a dominação externa tornou-se largamente indireta” e “os efeitos estruturais e históricos dessa dominação foram agravados pelo fato de que os novos controles desempenhavam uma função reconhecida: a manutenção do status quo ante da economia, com apoio e a cumplicidade das ‘classes exportadoras (os produtores rurais) e os seus agentes ou comerciantes urbanos’” (p. 15 Florestan). 
A terceira forma, nomeada como imperialismo restrito, tem início em meados do século XIX até meados do XX. Ela surge como solução da sobreacumulação obtida através da segunda Revolução Industrial, que possibilitou a expansão do mercado consumidor e, consequentemente, o aumento na produtividade, assim acumulando uma ampla quantidade de capital, sendo esse investido em países periféricos. Essa forma surge também “como consequência da reorganização da economia mundial” (p 16). 
Por fim, a última forma de dominação externa se refere ao imperialismo total, contrário ao restrito, que teve início em meados do século XX e segue na modernidade. O capitalismo total “organiza a dominação externa a partir de dentro e em todos os níveis da ordem social” (p. 18 Florestan), ou seja, “os interesses privados externos estão emprenhados na exploração do subdesenvolvimento em termos de orientações de valor extremamente egoístas e particularistas” (p. 19 Florestan), ou seja, os interesses externos não deixaram de sobrepor os internos, mantendo a dependência internacional.
Desse modo, mais uma vez, é possível comprovar que o novo sempre nasce das entranhas do arcaico, vinculado com suas raízes, como também apresenta características exclusivas, simultaneamente.
2) O Estado, sempre atuou de forma a garantir os interesses da classe burguesa internacional, devido à dependência do capital estrangeiro. Pode-se dizer que a colonização, iniciada no século XVI, foi fruto da aliança entre a burguesia e o Estado, que tinha o objetivo de conquistar o território devido à necessidade de exploração e acumulação de recursos naturais. “Na Inglaterra, em fins do século XVII, são resumidos sistematicamente no sistema colônia, no sistema de divida publica, no moderno sistema tributário e no sistema protecionista (..) Todos [os quatro métodos], porém utilizam o poder do Estado, a violência concentrada e organizada da sociedade, para ativar artificialmente o processo de transformação do modo feudal de produção em capitalista e para abreviar a transição” [endnoteRef:1]. (MARX, Karl. O capital: crítica da economia política, livro I, vol.II. Capítulo XXIV, seção 6. Pg. 256) Todavia, desde o início da história o Estado brasileiro foi forte “o Brasil se caracterizou até recentemente pela presença de um Estado extremamente forte, autoritário, em contraposição a uma sociedade civil débil, primitiva, amorfa” (p. 176 Carlos Nelson Coutinho), a ditadura civil militar, iniciada em 1964, expandiu a estrutura e o poder do Estado na sociedade, a partir da prática do monopólio, ocasionando uma intensa força produtiva - que atendia aos interesses burgueses - e, consequentemente, reprodução do capital “a ditadura conseguiu fazer com que se desenvolvessem as forcas produtivas, as relações de produção e, em consequência, a reprodução do capital”. (Ianni p. 43). Desse modo, podemos dizer que o Estado em função da classe burguesa, garante os interesses do capital. [1: ] 
Segundo Antonio Gramsci, há o conceito do Estado Ampliado, no que se refere a divisão deste em dois tipos de sociedade, a política e a civil. A sociedade política é detentora dos aparelhos estatais de coerção, como a burocracia e judiciário; já a civil é formada por aparelhos privados de hegemonia que tem a função de transmitir as ideologias, como as escolas e mídia. É também antagônica, pelo fato desses aparelhos serem formados por diferentes classes sociais. Gramsci também diferencia dois tipos de Estado, um denominado oriental e o outro ocidental, mas não se referem a forma geografia. O primeiro é praticamente onipresente, ocupa todas as esferas da sociedade, de forma funcional e estrutural e faz uso da coerção, já que possui uma sociedade civil fraca. Por outro lado, o ocidental mantém uma relação equilibrada com a sociedade civil, por ela ser forte e é por isso que a Revolução passiva ocorre nesse Estado, ou seja, o que a caracteriza é a emergência do Estado Ampliado e a transição da sociedade a partir de uma modernização conservadora, na qual traz concordância por parte das classes a partir da construção da hegemonia. Como diz Carlos Nelson Coutinho, a “hegemonia é um modo de obter o consenso ativo dos governados para uma proposta abrangente formulada pelos governantes” (p.183) 
Assim, manutenção da ordem burguesa no Brasil se dá a partir de aparelhos hegemônicos e com o autoritarismo para garantir a ordem burguesa. A disparidade das classes é essencial, pois assim continuará havendo exploração por parte da burguesia e, consequentemente, produção de capital, de forma incentivada pelo Estado desde o início da história.

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