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Castelo - Prova I

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Centro de Ciências Humanas
Escola de Serviço Social
Disciplina: Formação social, política e econômica do Brasil
Prof. Castelo
Prova I 
Aluno(a): Helena Kira 
	A formação social, política e econômica do Brasil acarreta inúmeras mudanças, entretanto a conservação de características arcaicas permanece. Desse modo, podemos dizer que o “novo (moderno) nasce sempre das entranhas do velho (arcaico)”, mesmo que este sofra modificações ao longo do tempo. 	
A acumulação primitiva do capital, ocorrida na Europa entre os séculos XVI e XVIII, permitiu inéditas transformações econômicas que teve como marco a Revolução Industrial. É importante afirmar que, ao contrário dos demais países, a industrialização do Brasil não nasce para negar o anterior, mas sim para escoar capital, a partir da construção de auxílios para o transporte, por exemplo, como vias ferroviárias. Segundo Karl Marx, para haver tal acumulação, o sistema econômico deveria deixar de ser feudal e se tornar capitalista – transição que se iniciou na Europa ocidental ao norte, ou seja, setentrional, que teve duração de cinco séculos -, pois assim a conjetura da acumulação primitiva passaria a existir: o antagonismo de classe da sociedade industrial capitalista, a burguesia e o proletariado. Para Jacob Gorender, assim como Caio Prado, um dos métodos para essa acumulação e domínio do território feito a partir da colonização. Deste modo, era necessário dominar o território para dominar os recursos naturais e a população, escravizando os nativos, explorando força de trabalho e de recursos naturais.
Com isso, a Coroa se torna dependente da colônia para atender a demanda do capital externo, levando a dívida externa. A partir da metade do século XVIII, o Brasil torna-se componente básico da economia lusitana, definida como uma metrópole decaída pela crise do sistema colonial e submissa aos interesses do capitalismo britânico. Com isso, burguesia colonial ganha liberdade e gera capital a partir do mercado interno, realizado através da atividade mineradora. 
Pode-se dizer também que a colonização, iniciada no século XVI, foi fruto da aliança entre a burguesia e o Estado, que tinham o objetivo de conquistar o território devido à necessidade de exploração e acumulação de recursos naturais. “Na Inglaterra, em fins do século XVII, são resumidos sistematicamente no sistema colônia, no sistema de divida publica, no moderno sistema tributário e no sistema protecionista (..) Todos [os quatro métodos], porém utilizam o poder do Estado, a violência concentrada e organizada da sociedade, para ativar artificialmente o processo de transformação do modo feudal de produção em capitalista e para abreviar a transição” [endnoteRef:1]. (Pg. 256: MARX, Karl. O capital: crítica da economia política, livro I, vol.II. Capítulo XXIV, seção 6) Ou seja, no sistema colonial, primeiramente, a estratégia utilizada se baseava no roubo de nativos e na escravização, de modo que fossem explorados para a produção de mercadorias a partir da, também, exploração de recursos naturais. Com isso, a coroa possuindo o monopólio comercial, cria uma nova civilização junto a barbárie, banhada por assassinatos, violência e opressões aos nativos; em relação a dívida pública, o crédito se refere a dívida que o Estado tem com a burguesia, o título é usado como moeda de troca em juros, assim, há o aparecimento de classes rentistas; o sistema tributário alude os juros que são frutos dos créditos solicitados pelo Estado, que passa a pagar os bancos através de tributos na forma de trabalho, já que os trabalhadores são uma classe politicamente fraca; por fim, a técnica do protecionismo e do monopólio de mercado e de território também é parte do processo de transição do modelo feudal para o capitalismo, a partir da violência centralizada e estabelecida da sociedade. [1: 
Bibliografia:
GORENDER, Jacob. A burguesia brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1981. p.37-69.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política, livro I, vol.II. São Paulo: Abril Cultural, [1867] 1982. p. 284-292 (capítulo XXIV, seção 6)
MAZZEO, Antonio Carlos. Burguesia e capitalismo no Brasil. 2ª edição. São Paulo: Ática, 1995. p. 5-22; p. 23-34.
PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil contemporâneo: colônia. 23ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.19-32 (capítulo 1, Sentido da colonização).
RIBEIRO, Darcy. Os brasileiros: teoria do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1981. p.43-59.] 
Desse modo, relação entre as civilizações indígenas e europeias são caracterizadas, primeiramente, pelo eurocentrismo por parte dos ocidentais, pois acreditavam que havia uma raça superior, no caso a europeia, e as demais teriam que ser dizimadas ou transformadas a partir do modelo europeu. Com isso, o encontro entre esses dois povos foi marcado por um enorme extermínio por parte dos ocidentais, processos de submissão dos indígenas e genocídio. Houve também a imposição cultural, etnocídio, ou seja, a imposição da cultura europeia sobre a cultura indígena. Assim sendo, o colonizador europeu aplicou métodos que acabaram com qualquer forma expressão da herança indígena, substituída pela europeia.
A chegada da família Real, no início do século XVIII, a econômica brasileira se torna base do reino português. Entretanto, com a divergência entre a burguesia e a metrópole houve ruptura, portanto a independência, em que ocorreu a manutenção econômica e social.
O Brasil realizava o processo prussiana colonial, que consistia em um caráter capitalista e pré capitalista, reforçando a ideia da relação entre o novo e o velho. Nos anos 30 do século XIX, o café se torna base da estrutura agrícola e toma lugar de outras culturas. Neste sentido, a cultura do café se torna elemento central para a aceleração econômica, iniciada no Rio de Janeiro por ser a principal cidade industrial brasileira e atinge seu auge. Contudo, com a industrialização, a produção aumenta e, consequentemente, a mão de obra e o espaço necessitam aumentar, assim o preço do produto cai. Em 1822, o Brasil torna-se independente de Portugal e instaura-se a república, porém as bases sociais não se alteraram. 
Contudo, em 1929, a crise econômica internacional eclode e a produção cafeeira brasileira sofre consequências da Grade Depressão, também entrando em crise. Desse modo, começou a pior crise econômica da história do sistema capitalista. No ano seguinte, ocorre o golpe de Estado denominado como Revolução de 30, que pôs fim à república brasileira devido ao cenário degradante tanto na da política, quanto na econômica e no âmbito social. Assim, o governo, perante a insatisfação popular, cai facilmente e Getúlio Vargas assume o poder a partir de um governo provisório.
Por tanto, a formação do Brasil envolve aspectos sociais, políticos e econômicos sempre relacionados às raízes arcaicas, mas também adequadas para o contexto que está inserido, adaptadas as mudanças ocorridas ao longo do tempo.

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