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Proc Penal na Justiça Militar da União

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AUDITORIA DE T.I 
PROCESSO PENAL NA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO 
 
 
 
Faculdade de Minas 
2 
 
 SUMÁRIO 
 
 
1.1 PROCESSOS PENAIS NA JUSTIÇA Militar da União aspectos 
introdutorios. .............................................................................................................. 4 
1.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL MILITAR ............................ 6 
1.3 AÇÃO PENAL MILITAR ....................................................................... 10 
1.4 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA ......................................................... 19 
1.5 INQUÉRITO POLICIAL MILITAR ......................................................... 30 
REFERENCIAS ............................................................................................. 37 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
3 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo 
de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
4 
 
1.1 PROCESSOS PENAIS NA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO 
ASPECTOS INTRODUTORIOS. 
 
Em 1969 entraram em vigor o Código Penal Militar (Decreto-lei 1.001/1969) e 
o Código de Processo Penal Militar (Decreto-lei 1.002/1969). Épocas também foram 
preparadas novas normas penais gerais, mas estas, apesar de publicadas, nunca 
entraram realmente em vigor. O resultado é que as normas penais militares que 
utilizamos hoje são velhas, mas as normas penais gerais só ainda mais antigas, e por 
isso tem incompatibilidades entre o Direito Processual Penal e o Direito Processual 
Penal Militar. 
A finalidade do Direito Processual é estudar os atos praticados pelo Estado 
quando uma lide é levada sua apreciação. O Estado detém o monopólio da violência 
legítima, e somente o Poder Judiciário tem a competência de dizer o direito aplicável 
a cada caso concreto. 
No Direito Processual Penal Militar estudaremos a série de atos concatenados 
que devem ser praticados no ‚âmbito da Justiça Militar, para que o Estado possa 
determinar o Direito objetivo aplicável a cada caso. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
5 
 
 FONTE: Google imagens – acesso em 25/10/2020 
A lei processual penal militar também disciplina as atividades da polícia 
judiciária militar e a condução do inquérito policial militar, que é a pela informativa que 
fornece subsídios ao Ministério Público Militar para oferecer a denúncia e promover o 
processo penal militar. No Direito Processual Penal Militar também são observados 
diversos princípios aplicáveis ao Direito Processual Penal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
6 
1.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL MILITAR 
 
 
 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
 
Art. 5º/CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: (...) LIV - ninguém será privado da liberdade 
ou de seus bens sem o devido processo legal; 
 
Devem respeitar todas as formalidades previstas na legislação para que o Estado 
possa aplicar a lei no caso concreto com a possibilidade de cerceamento da liberdade 
(sentido amplo) e para que sejam garantidos os seus direitos perante o Estado 
acusador e punitivo. É o princípio fundamental do ordenamento jurídico 
processual. Todos os outros derivam dele. 
 
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL 
 
Art. 5º/CF. (...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente; (...) XXXVII - não haverá 
juízo ou tribunal de exceção; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
7 
 PRINCÍPIO DO ESTADO DE INOCÊNCIA 
 
É diferente de presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF). 
 
Admite medidas cautelares privativas da liberdade de natureza cautelar. Enquanto 
não houver condenação definitiva, presume-se o réu inocente: sua prisão antes do 
trânsito em julgado só pode ser admitida a título de cautela. 
 
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA 
 
Art. 5º/CF. (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
 
Supõe conhecimento dos atos processuais pelo acusado e seu direito de resposta e 
de reação. Não se confunde com o devido processo legal, integra-o. Está previsto 
na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José de Costa 
Rica). Consuetudinário lógico do sistema acusatório, em que as partes devem possuir 
plena igualdade. O acusado deve ter ciência da acusação para poder responder, dar 
a sua versão dos fatos. Decorrência audiatur et altera pars – a parte contrária deve 
também ser ouvida. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
8 
 
PRINCÍPIO DA VERDADE REAL 
 
Investigação dos fatos como se passaram na realidade (verdade material), 
possibilitando ao juiz determinar diligências de ofício, para melhor esclarecimento dos 
fatos investigados. O processo faz o “caminho do crime”, (re)constrói os fatos como 
se deram. Faz a história de como o crime ocorreu (realidade) para a correta aplicação 
da lei. 
 
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
 
Pode ser geral (popular) ou especial (para as partes do processo). 
 
Art. 5º/CF. (...) LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos 
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem; 
 
 
Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o 
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) IX - todos os 
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas 
as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados 
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais 
a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o 
interesse público à informação; A publicidade dos atos processuais integra o devido 
processo legal. No Direito pátrio vigora o princípio da publicidade absoluta, como 
regra. As audiências, as sessões e a realização de outros atos processuais são 
franqueadas ao público em geral, ressalvados os casos específicos em lei. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
9 
 
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE 
 
Presentes as condições da ação penal militar, o MPM é obrigado a oferecer denúncia. 
PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE 
 
O MPM é o exclusivo titular da ação penal militar, que é sempre pública, ressalvada 
a possibilidade da ação privada subsidiária da pública. Art. 129/CF. São funções 
institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
PRINCÍPIO DA INICIATIVA DAS PARTES E DO IMPULSO OFICIAL 
 
O juiz não pode dar início ao processo sem a provocação da parte legítima. Cabe à 
parte provocar a prestação jurisdicional. Háalgumas situações em que este princípio 
é mitigado; a concessão de habeas corpus de ofício, decretação de ofício da prisão 
preventiva e produção de provas (verdade real). 
 
 
 
Art. 5º/CF. (...) LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos; São ilícitas as provas obtidas 
mediante a prática de algum ilícito, seja penal, civil ou 
administrativo, da parte daquele encarregado de produzi-las. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
10 
1.3 AÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
Ação penal é o direito público subjetivo que tem o Estado de buscar a concretização 
do ius puniendi e tem como seu titular o Ministério Público Militar. 
 
Para Loureiro Neto1 ação nada mais é do que invocar a jurisdição do juiz, a fim de 
que o Poder Judiciário aplique o direito objetivo a determinado caso concreto. 
Consiste no direito de se pedir ao Estado Juiz a aplicação do Direito Penal Militar 
objetivo. O Código Penal Militar e o Código de Processo Penal Militar contêm regras 
sobre ação penal perante a justiça militar. 
 
A natureza jurídica da ação penal é processual. A ação penal pode ser pública, e se 
subdivide em: ação penal pública incondicionada e ação penal pública condicionada, 
por sua vez condicionada à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da 
Justiça; e ação penal privada e ação penal privada subsidiária da pública. A ação 
penal militar é pública e somente pode ser promovida por denúncia do Ministério 
Público Militar (art. 29, CPPM). Vale ressaltar, que há possibilidade de ação penal 
privada subsidiária da pública na justiça militar. 
 
Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 (hostilidade contra país estrangeiro, 
provocação a país estrangeiro, ato de jurisdição indevida, violação de território 
estrangeiro, entendimento para empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra, 
entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil) do Código Penal Militar, 
a ação penal é pública condicionada; quando o agente for militar ou assemelhado, 
 
 
 
Faculdade de Minas 
11 
depende de requisição, que será feita ao procurador-geral da Justiça Militar, pelo 
Ministério a que o agente estiver subordinado; no caso do art. 141, CPM, quando o 
agente for civil e não houver coautor militar, a requisição será do Ministério da Justiça 
(art. 31, CPPM). 
 
A requisição é uma condição de procedibilidade, tem natureza jurídica de um ato 
administrativo, discricionário e irrevogável, e não vincula a atuação do Ministério 
Público que é titular da ação penal. 
No Processo Penal Militar não se admite a ação penal privada, exceto a subsidiária 
da pública, consoante o disposto no art. 5º, LIX, CF, nem a pública condicionada à 
representação, ocorrendo apenas a hipótese da ação penal pública incondicionada e 
a da condicionada à requisição do Ministério Militar (Comandante Militar da Arma) se 
o agente for militar, ou do Ministério da Justiça se o agente for civil. Não há ação 
penal exclusiva privada na Justiça Militar. Há outra possibilidade de ação penal 
pública condicionada: quando comandante do teatro de operações cometer crime, 
responderá a processo perante o Superior Tribunal Militar, condicionada a 
instauração da ação penal à requisição do Presidente da República (art. 95, parágrafo 
único, Lei de Organização da Justiça Militar da União). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
12 
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
 
PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE 
 
Art. 129/CF. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
Art. 29/CPPM. A ação penal é pública e somente pode ser promovida por denúncia 
do Ministério Público Militar. 
 
A CF dá atribuição privativa para ação penal pública ao Ministério Público, e o CPPM 
diz que somente o Ministério Público Militar pode promover a ação penal militar, salvo 
privada subsidiária da Pública. 
 
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE 
 
Art. 30/CPPM. A denúncia deve ser apresentada sempre que houver: a) prova de fato 
que, em tese, constitua crime; b) indícios de autoria. Havendo crime em tese, aferindo 
apenas a tipicidade, prova da materialidade e indícios de autoria, o Ministério Público 
Militar está obrigado a ofertar a denúncia. Para o oferecimento da denúncia deve-se 
utilizar o in dubio pro societatis, sendo o fato típico, o Ministério Público Militar deverá 
oferecer a denúncia. 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
13 
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE 
 
Art. 32/CPPM. Apresentada a denúncia, o Ministério Público Militar não poderá 
desistir da ação penal. A indisponibilidade é que, uma vez proposta a ação penal, 
mediante o oferecimento da denúncia e recebimento dessa, há uma ação penal 
tramitando, a partir daí o Ministério Público Militar não pode desistir da ação, não pode 
desistir do processo. Ressalta-se que o Promotor Militar tem independência funcional 
e, sopesando a prova contida nos autos, convence-se de que não é caso de 
condenação e postula a absolvição. Essa hipótese não é de disposição (desistência) 
da ação penal militar, pois o seu requerimento não vincula o órgão julgador que pode 
condenar, mesmo com a postulação de absolvição do titular da ação penal. 
O processo inicia-se com o recebimento da denúncia pelo juiz, efetiva-se com 
a citação do acusado e extingue-se no momento em que a sentença definitiva se torna 
irrecorrível, quer resolva o mérito quer não. A competência para decidir sobre o 
recebimento da denúncia é do Juiz-Auditor monocraticamente, a quem é endereçada. 
A partir deste momento passa a atuar o Conselho de Justiça Permanente (acusado 
civil ou praça) ou Conselho Especial de Justiça (acusado oficial e/ou civil ou praça em 
concurso com oficial). 
 
 CASOS DE SUSPENSÃO DO PROCESSO 
 
O Processo Penal Militar suspende-se e extingue-se nos casos previstos no Código 
de Processo Penal Militar. 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
14 
 NO CASO DE CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA 
 
O relator do feito poderá ordenar, desde logo, que se suspenda o andamento do 
processo, até a decisão final. 
 
 EM QUESTÕES PREJUDICIAIS 
 
O juiz poderá suspender o processo e aguardar a solução, pelo juízo cível, de questão 
prejudicial que não se relacione com o estado civil das pessoas, desde que: tenha 
sido proposta ação civil para dirimi-la; seja ela de difícil solução e não envolva direito 
ou fato cuja prova a lei civil limite. 
NA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO OU IMPEDIMENTO 
 
O juiz sustará a marcha do processo, mandará juntar aos autos o requerimento do 
recusante com os documentos que o instruam e, por despacho, se declarará suspeito, 
ordenando a remessa dos autos ao substituto. 
 
 NA EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA 
 
Se o arguente não puder apresentar a prova da alegação, o juiz poderá conceder-lhe 
prazo para que o faça, ficando-lhe, nesse caso, à discrição, suspender ou não o curso 
do processo. 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
15 
 EM INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL 
 
Sustará o processo quanto à produção de prova em que seja indispensável a 
presença do acusado submetido ao exame pericial. 
 
NO CASO DE DOENÇA MENTAL SUPERVENIENTE 
 
Caso a doença mental sobrevier ao crime, o inquérito ou o processo ficará suspenso, 
se já iniciados, até que o indiciado ou acusado se restabeleça, sem prejuízo das 
diligências que possam ser prejudicadas com o adiamento. 
 
NO INCIDENTE DE FALSIDADE DE DOCUMENTO 
O juiz poderá sustar o feito até a apuração da falsidade, se imprescindível para 
a condenação ou absolvição do acusado, sem prejuízo, entretanto, de outras 
diligências que não dependam daquela apuração. 
 
CASO DE EXTINÇÃO DO PROCESSO 
 
Pelo reconhecimento das causas extintivas da punibilidade previstas no art. 123 do 
Código Penal Militar. 
 
NA EXISTÊNCIA DE COISA JULGADA 
Se o juiz reconhecer que o feito sob seu julgamento já foi, quanto ao fato principal,definitivamente julgado por sentença irrecorrível, mandará arquivar a nova denúncia, 
declarando a razão por que o faz. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
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INAPLICABILIDADE DA LEI 9.099/95 NO ÂMBITO DA JUSTIÇA CASTRENSE 
 
A aplicabilidade dos benefícios da Lei n. 9.099/95 no âmbito da Justiça Militar foi 
vedada pela legislador com o advento da Lei n. 9.839/99, o qual criou o art. 90-A 
inserido na primeira lei (“As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça 
Militar”), todavia, vem se observando que muitos Juízes têm reconhecido a 
inconstitucionalidade dessa vedação e continuam aplicando a mencionada Lei que 
disciplina o tratamento das infrações de pequeno potencial ofensivo e assim dispõe 
da ação penal pública condicionada para os delitos de lesão corporal dolosa leve e 
de lesão culposa, além da suspensão condicional do processo. Para Damásio de 
Jesus, no que tange aos delitos militares próprios, ainda poderia ser defensável a lei 
nova, uma vez que são regidos pelas regras da hierarquia e disciplina. No que diz 
respeito aos delitos militares impróprios, contudo, é de flagrante inconstitucionalidade, 
ferindo os princípios de isonomia e da proporcionalidade. Abriu-se uma discussão no 
STF da possível aplicabilidade da Lei n. 9.099/95 aos civis que cometessem crimes 
militares. O Plenário denegou habeas corpus impetrado em favor de militar 
condenado, pela prática do crime de deserção (art. 187, CPM), à pena de 6 meses 
de detenção. A defesa solicitava que fosse declarada a inconstitucionalidade da Lei 
n. 9.839/99, que dispõe sobre a inaplicabilidade da Lei dos Juizados Especiais no 
âmbito da justiça militar. 
 
Os Ministros Luiz Fux, Ayres Britto e Celso de Mello também denegaram o writ, 
em razão de o paciente ser militar, mas declararam, obter dictum, que se ele fosse 
civil deveria ser excluído do âmbito de incidência da lei restritiva. O Min. Luiz Fux 
afirmou, com ênfase no princípio da isonomia, haver casos em que particulares 
 
 
 
Faculdade de Minas 
17 
cometem crimes subsumidos ao CPM que possuem figuras assemelhadas no âmbito 
da legislação comum. Sublinhou que, na hipótese de crimes comuns, eles teriam 
direito ao benefício da suspensão condicional. Frisou que o fato de esse diploma 
proibir o sursis processual, mas, ao mesmo tempo, garantir a suspensão condicional 
da pena, seria um paradoxo. 
Consignou que a arguição de que as organizações militares são engendradas 
com fundamento na disciplina não seria compatível com a CF, visto que a ordem 
constitucional teria surgido para imprimir disciplina nas relações jurídicas entre os 
cidadãos, mas o descumprimento voluntário do Direito seria um fenômeno histórico e 
a razão de ser da sanção correspondente. Acrescentou que a Constituição tem a 
dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República, bem como 
estabelece que o país é pacífico e que as Forças Armadas têm papel notadamente 
preventivo. 
Destacou que o mesmo raciocínio deveria ser aplicado no caso de lex mitior, 
que teria de incidir em crime militar. O Min. Celso de Mello lembrou que a lei 
impugnada teria surgido como uma reação da justiça castrense em face de decisões 
do STF que firmaram entendimento no sentido da plena aplicabilidade da Lei n. 
9.099/95 ao processo penal militar, inclusive quanto aos institutos despenalizadores 
por ela criados. Asseverou, também, que civis, notadamente em tempos de paz, não 
estariam sujeitos à hierarquia e à disciplina militar. Por fim, os Ministros Cármen Lúcia, 
Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, Presidente, denegaram a ordem, porém não 
se manifestaram acerca da constitucionalidade ou não, do preceito discutido, 
considerado o contexto fático do processo: 
EMENTA: PENAL 
MILITAR. HABEAS CORPUS. DESERÇÃO – CPM, ART. 187. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
18 
CRIME MILITAR PRÓPRIO. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO 
PROCESSO - ART. 90-A, DA LEI N. 9.099/95 – LEI DOS 
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS. 
INAPLICABILIDADE, NO ÂMBITO DA JUSTIÇA MILITAR. 
CONSTITUCIONALIDADE, FACE AO ART. 98, INCISO I, § 1º, 
DA CARTA DA REPÚBLICA. OBITER DICTUM: 
INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA EM RELAÇÃO À 
CIVIL PROCESSADO POR CRIME MILITAR. O art. 90-A, da n. 
9.099/95 - Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais -, com 
a redação dada pela Lei n. 9.839/99, não afronta o art. 98, inciso 
I, § 1º, da Carta da República no que veda a suspensão 
condicional do processo ao militar processado por crime militar. 
In casu, o pedido e a causa de pedir referem-se apenas a militar 
responsabilizado por crime de deserção, definido como delito 
militar próprio, não alcançando civil processado por crime 
militar. Obiter dictum: inconstitucionalidade da norma que veda 
a aplicação da Lei n. 9.099 ao civil processado por crime militar. 
Ordem denegada. (HC 99743/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, 
red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 6.10.2011.) Já está sinalizando 
pela aplicabilidade apenas na Justiça Militar da União quando o 
réu for civil. Frisa-se, não há decisão específica sobre o tema, 
apenas na fundamentação do acórdão colacionado acima. 
Entendemos pela aplicabilidade dos institutos despenalizadores 
aos crimes militares impróprios cometidos por civis ou militares, 
pois não pode a lei dar um tratamento desigual a um 
determinado fato-crime, por exemplo, furto julgado na justiça 
comum e furto julgado na justiça militar com a possibilidade de 
suspensão condicional de processo em uma justiça em outra 
não. Ainda, pelo princípio da igualdade, deve-se tratar os 
desiguais de maneira desigual e nos casos autorizados pela 
Constituição Federal, que não é o caso. Os Tribunais de Justiça 
Militar dos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul 
comungam do entendimento e também decidem pela 
inaplicabilidade da Lei n. 9.099/95 aos militares estaduais. Há 
decisões no TJMG pela aplicação dos institutos da transação 
penal e suspensão condicional do processo. Entendem que a 
vedação do art. 90-A refere-se apenas à Justiça Militar da 
União. Ressalta-se que os juízes de direito da Justiça Militar de 
MG aplicam os institutos e algumas decisões são reformadas 
pelo tribunal mineiro e outras confirmadas. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
19 
1.4 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
Jurisdição é a função estatal exercida com exclusividade pelo poder judiciário, 
consistente na aplicação de normas da ordem jurídica a um caso concreto, com a 
consequente solução do litígio. É o poder de julgar um caso concreto, de acordo com 
o ordenamento jurídico, por meio do processo. 
. 
A competência é a delimitação do poder jurisdicional (fixa limites dentro dos quais o 
juiz pode prestar jurisdição); aponta quais os casos que podem ser julgados pelo 
órgão do poder judiciário. É, portanto, uma verdadeira medida da extensão do poder 
de julgar. 
 
ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA 
 
a) Ratione materiae: em razão da matéria, do crime praticado. Os crimes militares 
estão previstos nos arts. 9º e 10º do Código Penal Militar. Na legislação especial 
militar, adota-se o critério ex vis legis para saber se o crime é militar. 
 
b) Ratione personae: em razão de uma qualidade da pessoa ou da função exercida, 
seriam os foros por prerrogativa de função que, enquanto o sujeito estiver 
desempenhando alguma atividade que a lei determine que seus integrantes 
responderão em foro privilegiado. A prerrogativa é em razão do cargo ocupado. 
 
c) Ratione loci, que seria determinada, de modo geral, pelo lugar da infração, pela 
residência ou domicílio do acusado. 
 
 
 
Faculdade de Minas 
20 
DIVISÃO JUDICIÁRIA MILITAR 
 
A delimitação da jurisdição, ou seja, a competência para facilitar a aplicação da lei 
penal, é delimitada em comarcas na Justiça Estadual, seção e subseção na Justiça 
Federal e circunscrição na Justiça Militar. A Justiça Militar divide-se em Justiça Militar 
da União, com competência para processar e julgar os integrantes das Forças 
Armadas e os civisque venham a praticar crimes militares, e Justiça Militar Estadual, 
com competência para processar e julgar os policiais militares e bombeiros militares 
que venham a cometer crimes militares. 
 
DAS CIRCUNSCRIÇÕES JUDICIÁRIAS MILITARES 
 
Diz o art. 2º da Lei n. 8.457/92 (Lei de Organização da Justiça Militar da União): 
Art. 2º. Para efeito de administração da Justiça Militar em tempo de paz, o território 
nacional divide-se em doze Circunscrições Judiciárias Militares, abrangendo: a) 1ª - 
Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (quatro Auditorias); b) 2ª - Estado de São 
Paulo ( duas Auditorias); c) 3ª - Estado do Rio Grande do Sul (três Auditorias); d) 4ª - 
Estado de Minas Gerais; e) 5ª - Estados do Paraná e Santa Catarina; f) 6ª - Estados 
da Bahia e Sergipe; g) 7ª - Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e 
Alagoas; h) 8ª - Estados do Pará, Amapá e Maranhão; i) 9ª - Estados do Mato Grosso 
do Sul e Mato Grosso;j) 10ª - Estados do Ceará e Piauí;l) 11ª - Distrito Federal e 
Estados de Goiás e Tocantins (duas Auditorias); m) 12ª - Estados do Amazonas, Acre, 
Roraima e Rondônia. 
A Justiça Militar é dividida em Circunscrições Judiciárias, para efeito de 
competência. A cada Circunscrição Judiciária Militar corresponde uma Auditoria, com 
 
 
 
Faculdade de Minas 
21 
exceção da 1ª, que tem quatro Auditorias, da 2ª com duas Auditorias, da 3ª, com três 
Auditorias e da 11ª, com duas Auditorias, embora ainda não tenha sido instalada a 2ª 
Auditoria da 11ª CJM. Por sua vez, cada Auditoria tem um juiz-auditor e um juiz-
auditor substituto, além dos funcionários constantes do quadro previsto em lei. 
 
COMPETÊNCIA E SUA DETERMINAÇÃO 
 
A função jurisdicional, que é uma só, é atribuída abstratamente a todos os 
órgãos do Poder Judiciário, passa por um processo gradativo de concretização, até 
chegar-se à determinação do juiz competente para o processo, por meio de regras 
constitucionais e legais que atribuem a cada órgão o exercício da jurisdição com 
referência a dada categoria de causa (regras de competência), e excluem os demais 
órgãos jurisdicionais para que só aquele deva exercê-la em concreto.4 Para se chegar 
à competência militar, pode-se fazer o seguinte caminho: No primeiro momento tem-
se que saber se trata-se de crime militar (legislação especial) em razão da matéria 
(art. 9º, CPM). Sendo crime militar, se é crime militar estadual ou federal. Se é crime 
militar estadual, saber se é competência do juiz de direito ou do conselho de justiça 
permanente ou conselho de justiça especial (competência interna). Se é crime militar 
federal, saber se é o conselho permanente de justiça ou conselho especial que julga 
(competência interna) ou qual o órgão jurisdicional hierarquicamente competente, 
caso o acusado tenho foro por prerrogativa de função. Respondendo a essas 
questões, por fim, saber o lugar da infração ou residência ou domicílio do acusado e, 
não sendo possível utilizar a regra da prevenção para determinar qual a circunscrição 
judiciária competente, saber qual auditoria militar que irá julgar (competência ratione 
 
 
 
Faculdade de Minas 
22 
loci). E por fim, pela distribuição ou prevenção, saber qual o juiz competente dessa 
auditoria militar. 
 
DO FORO MILITAR (ARTS. 82 A 84, CPPM) 
 
Diz o art. 82, 
 
CPPM: Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes 
dolosos contra a vida praticados contra civil, a ele estão sujeitos, 
em tempo de paz: 
I - nos crimes definidos em lei contra as instituições militares ou 
a segurança nacional: 
a) os militares em situação de atividade e os assemelhados na 
mesma situação; 
 b) os militares da reserva, quando convocados para o serviço 
ativo; 
 c) os reservistas, quando convocados e mobilizados, em 
manobras, ou no desempenho de funções militares; 
 d) os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bombeiros, 
Militares, quando incorporados às Forças Armadas. 
 
 
Nos crimes funcionais contra a administração militar ou contra a administração da 
Justiça Militar, os auditores, os membros do Ministério Público, os advogados de 
ofício e os funcionários da Justiça Militar. 
 
O fôro militar se estenderá aos militares da reserva, aos reformados e aos civis, nos 
crimes contra a segurança nacional ou contra as instituições militares, como tais 
definidas em lei. 
Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará 
os autos do inquérito policial militar à justiça comum. 
 
 
 
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23 
 
FORO MILITAR EM TEMPO DE GUERRA 
 
O foro militar, em tempo de guerra, poderá, por lei especial, abranger outros casos 
além dos previstos, desde que tenham previsão legal anterior, respeitando o princípio 
da legalidade e da vedação do julgamento por tribunal de exceção, ou seja, a previsão 
tem que ser anterior ao fato. 
 
COMPETÊNCIA DO FORO MILITAR 
 
A competência do foro militar será determinada: 
 
a) pelo lugar da infração (arts. 88 a 92, CPPM) (forum commissi delicti). A 
competência será, em regra, determinada pelo lugar da infração; e, no caso de 
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Para a fixação da 
competência pelo lugar da infração, o Código de Processo Penal Militar adotou a 
teoria do resultado. Não há conflito com a regra do Código Penal Militar que adota 
quanto ao local do crime a teoria da ubiquidade ou mista. Este regramento é utilizado 
para os crimes à distância, ou seja, aqueles cujo início da execução se deu em um 
país estrangeiro e a consumação se deu no Brasil, ou o início da execução se deu no 
Brasil e consumação se deu no estrangeiro. Para os crimes militares perpetrados no 
Brasil, utiliza-se a teoria do resultado. Na tentativa também é utilizada a teoria do 
resultado. Deve-se atentar para o iter criminis (caminho do crime, cogitação, 
preparação, execução e não chega à consumação por circunstâncias alheias à 
vontade do agente) sendo competente o local onde foi praticado o último ato de 
execução. 
 
 
 
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24 
Este critério é utilizado para facilitar a colheita da prova, bem como foi o local 
em que ocorreu a quebra dos princípios da disciplina e hierarquia. Por ser uma 
competência territorial, é competência relativa que admite prorrogação, ressaltando-
se que apenas entre órgãos da Justiça Militar, tendo em vista que se trata de uma 
justiça especial prevista constitucionalmente, logo competência absoluta, que não se 
prorroga e que pode ser alegada a qualquer tempo. Assim, a competência 
constitucional atribuída à Justiça Militar é absoluta, não pode ser modificada, podendo 
ser alegada a qualquer tempo pelas partes e ser declarada de oficio pelo juiz. Já a 
competência territorial é relativa, admite prorrogação entre os juízos militares 
competentes constitucionalmente, sob pena de preclusão, isto é, se não for alegada 
em momento oportuno pelas partes, considera-se sanada e pode também ser 
declarada de ofício pelo juiz. 
b) A bordo de navio (art.89, CPPM) Os crimes cometidos a bordo de navio ou 
embarcação sob comando militar ou militarmente ocupado em porto nacional, nos 
lagos e rios fronteiriços ou em águas territoriais brasileiras serão, nos dois primeiros 
casos, processados na Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente a cada 
um daqueles lugares; e, no último caso, na Capital Federal, Brasília, 11ª Circunscrição 
Judiciária Militar. 
c) A bordo de aeronave (art. 90, CPPM) Os crimes cometidos a bordo de 
aeronave militar ou militarmente ocupada, dentro do espaço aéreo correspondente ao 
território nacional, serão processados pela Auditoria da Circunscrição em cujo 
território se verificar o pouso após o crime; e se este se efetuar em lugar remoto ou 
em tal distância que torne difíceis as diligências, a competência será da Auditoria da 
Circunscrição de onde houver partido a aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos 
 
 
 
Faculdadede Minas 
25 
óbices, caso em que a competência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se na 
Circunscrição houver mais de uma. 
d) Crimes fora do território nacional (arts. 91 e 92, CPPM) Os crimes 
militares cometidos fora do território nacional serão, em regra, processados em 
Auditoria da Capital da União. No caso de crime militar somente em parte cometido 
no território nacional, se iniciada a execução em território estrangeiro, o crime se 
consumar no Brasil, será competente a Auditoria da Circunscrição em que o crime 
tenha produzido ou devia produzir o resultado. Iniciada a execução no território 
nacional, o crime se consumar fora dele, será competente a Auditoria da 
Circunscrição em que se houver praticado o último ato ou execução. 
Em tempo de guerra, a competência do foro militar reger-se-á, por norma, pelo critério 
ratione loci cabendo o processo e julgamento do feito à auditoria existente no teatro 
de operações (art. 94, LOJMU). Exceção se faz ao crime praticado pelo comandante 
do teatro de operações de guerra, cuja competência será do STM, por prerrogativa 
de função (art. 95, Parágrafo único, LOJMU)5. 
 
 
 
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26 
 
RESIDÊNCIA OU DOMICÍLIO DO ACUSADO OU PELA SEDE DO LUGAR DO 
SERVIÇO (ARTS. 93 E 96, CPPM) 
 
É critério subsidiário em relação ao local da infração. Se não for conhecido o lugar da 
infração, a competência regular-se-á pela residência ou domicílio do acusado, salvo 
para o militar em situação de atividade. Nestes casos, o lugar da infração, quando 
este não puder ser determinado, será o da unidade, navio, força ou órgão onde estiver 
servindo, não lhe sendo aplicável o critério da prevenção, salvo entre Auditorias da 
mesma sede. 
 
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO (ARTS. 94 E 95, CPPM) 
 
A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois ou mais 
juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles tiver 
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este 
relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia. A competência pela 
prevenção pode ocorrer: 
 
 quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou 
mais jurisdições; 
 quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições; 
 quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território 
de duas ou mais jurisdições; 
 
 
 
Faculdade de Minas 
27 
 quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou 
forem vários os acusados e com diferentes residências. 
 
É um critério subsidiário de determinação da competência que vai ser utilizado 
quando os critérios anteriores (lugar da infração e domicílio ou residência do réu) não 
forem suficientes para dirimir a dúvida de qual juiz será o competente. A antecedência 
de algum ato no processo tem que ter cunho decisório, tais como, homologação da 
prisão em flagrante e seu relaxamento, a decretação da prisão preventiva e sua 
liberdade provisória, a concessão ou não de menagem, quebra de sigilo bancário e 
fiscal. Deve-se observar desta maneira se ato tem conteúdo decisório, assim, atos de 
investigação no inquérito policial militar em que o juiz apenas remete os autos do 
inquérito da autoridade judiciária militar para o Ministério Público Militar não previne 
o juiz. 
 
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO (ART. 98, CPPM) 
 
Quando, na sede de Circunscrição, houver mais de uma Auditoria com a 
mesma competência, esta se fixará pela distribuição. A distribuição realizada em 
virtude de ato anterior à fase judicial do processo prevenirá o juízo. 
Com a utilização dos critérios anteriores, já estará fixada a Circunscrição 
Judiciária Militar. Ocorre que é possível que tenha mais de um juiz igualmente 
competente para o caso. Se algum deles adiantar-se aos demais na prática de algum 
ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da 
denúncia passe a ser o único competente mediante prevenção. Se não houver 
prevenção, será feita a distribuição. 
 
 
 
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28 
 
 
 
PRERROGATIVA DE POSTO E FUNÇÃO (ART.108, CPPM) 
 
Em face da relevância do cargo ou da função exercida por determinadas pessoas, 
são elas julgadas originariamente por órgãos superiores da jurisdição e não pelos 
órgãos comuns. A denúncia deve ser oferecida pelo órgão do Ministério Público Militar 
em atuação com o Superior Tribunal Militar. Estende-se a competência do Superior 
Tribunal Militar sobre seu jurisdicionado qualquer que tenha sido o local da prática do 
delito. 
 
A competência por prerrogativa do posto ou da função decorre da sua própria 
natureza e não da natureza da infração, e regulam-se estritamente pelas normas 
expressas na legislação especial. Compete ao Superior Tribunal Militar processar e 
julgar originariamente os oficiais generais das Forças Armadas, nos crimes militares 
definidos em lei (art. 6º, I, “a”, Lei n. 8.457/92), como os oficiais generais das três 
forças: Marinha, Exército e Aeronáutica, isto é, Almirantes, na Marinha, Brigadeiros 
na Aeronáutica e Generais no Exército. 
 
A lei menciona crimes militares, assim, os oficiais generais por crimes militares são 
julgados pelo Superior Tribunal Militar. Todavia, se um oficial general pratica qualquer 
outro crime comum, doloso contra a vida contra civil, de trânsito, será julgado pelo 
tribunal do júri ou juízo comum no lugar da infração. A prerrogativa da função dos 
oficiais generais é somente para os crimes militares, no Superior Tribunal Militar. O 
comandante do teatro de operações responderá a processo perante o Superior 
 
 
 
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29 
Tribunal Militar, condicionada a instauração da ação penal à requisição do Presidente 
da República (art. 95, parágrafo único, da Lei n. 8.457/92). 
Nesta situação, o legislador ressalta na hipótese a função que o acusado exerce, e 
não o fato de ele ser oficial-general, mesmo porque tal função não será, 
necessariamente, privativa do oficialato máximo, ou até mesmo de militar. 
Condiciona-se ainda a instauração da ação penal à requisição do Presidente da 
República, exceção que se faz à norma geral da ação penal militar pública 
incondicionada6. 
 
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente nas 
infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutico ressalvado o disposto no art. 52, I, que 
menciona competência privativa ao Senado Federal para processar e julgar o 
Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma 
natureza conexos com aqueles (art. 102, I, “c”, CF). 
 
Assim, os comandantes das três forças serão julgados pelos crimes comuns e de 
responsabilidade (infrações político-administrativas) perante o Supremo Tribunal 
Federal, salvo a última, quando conexa com o Presidente e o Vice-presidente da 
República; neste caso serão julgados pelo Senado Federal (jurisdição política). 
 
 
 
 
 
 
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30 
1.5 INQUÉRITO POLICIAL MILITAR 
 
Dispõe o: 
Art. 9 ° do Código de Processo Penal Militar que "O inquérito 
policial militar é a apuração sumária de fato que, nos termos 
legais, configure crime militar, e de sua autoria. 
 
Significa, portanto, que é o conjunto de diligências realizadas pela Polícia 
Judiciária Militar para apuração de infração penal militar e de sua autoria. - Natureza 
Jurídica A natureza jurídica deste sistema é administrativa, tendo em vista de que 
Corpo de Bombeiros Militar é um órgão da administração pública, que não está dotado 
de poder jurisdicional. 
 Finalidade 
Dispõe a segunda parte do mesmo dispositivo legal: “Tem o caráter de 
instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários 
a propositura da ação penal”. O IPMnão é indispensável, pois a denúncia pode ser 
oferecida com base em qualquer outra peça de informação, inclusive pelo auto de 
prisão em flagrante delito (art. 27 do CPPM). O inquérito poderá ser dispensado, 
inclusive, sem prejuízo de diligência requisitada pelo Ministério Público, quando o fato 
e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais e 
nos demais casos previstos no art. 28 do CPPM. 
 
 
 
 
 
 
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31 
Instauração 
O IPM é instaurado mediante portaria. A autoridade militar que exerce cargo 
de direção ou comando procederá ao inquérito ou delega a outro militar para, como 
Encarregado, elaborá-lo, na forma da legislação vigente. Neste caso, há a figura da 
autoridade delegante ( a que exerce cargo de direção ou comando em cujo âmbito de 
jurisdição ocorreu a infração penal) que, através ofício, designa o encarregado do 
IPM, fazendo-o acompanhar, conforme o caso, de "parte" ou "representação" e outros 
documentos ou elementos da infração penal. (CPPM, art. 10) 
Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria: 
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição 
ou comando haja ocorrido a infração penal, atendida a 
hierarquia do infrator; 
 b) por determinação ou delegação da autoridade militar 
superior, que, em caso de urgência, poderá ser feita por via 
telegráfica ou radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por 
ofício; 
c) em virtude de requisição do Ministério Público; 
 d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos têrmos do art. 
25; 
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a 
represente, ou em virtude de representação devidamente 
autorizada de quem tenha conhecimento de infração penal, cuja 
repressão caiba à Justiça Militar; 
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, 
resulte indício da existência de infração penal militar. 
 
 Encarregado: 
O Encarregado é a autoridade delegada, incumbida de proceder à apuração 
do fato delituoso. Quando um militar recebe um ofício ou portaria que lhe designou 
 
 
 
Faculdade de Minas 
32 
para, como Encarregado, proceder à apuração de um fato delituoso, deve, de 
imediato, baixar a portaria instaurando o IPM. 
O IPM é instaurado pela portaria do Encarregado e não pelo ofício ou portaria 
da autoridade delegante. Será encarregado do inquérito, sempre que possível oficial 
de posto não inferior a capitão, atendida a hierarquia do indiciado, se também for 
oficial; Se, no curso do inquérito, surgirem indícios contra oficial de posto superior, ou 
mais antigo que o encarregado, providenciará este junto à autoridade superior para 
que suas funções sejam delegadas a outro oficial. - Escrivão do IPM 
A designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo encarregado, 
se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu a delegação para aquele fim, 
recaindo a escolha em 1o ou 2o tenente, se o indiciado for oficial, e em sargento ou 
subtenente, nos demais casos. A lei não permite a nomeação de posto inferior ao de 
segundo-tenente como Escrivão do IPM quando o indiciado for oficial. O escrivão 
prestará compromisso de manter sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as 
determinações legais, no exercício das funções. 
Procedimentos 
“Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num só 
processado e datilografadas, em espaço dois, com folhas numeradas e rubricadas 
pelo escrivão." (art 21 CPPM) O inquérito é SIGILOSO, mas seu encarregado deve 
permitir que dele tome conhecimento o advogado do indiciado, caso este queira. Lei 
N° 8.906, de 04 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia) Art. 7 - São direitos do 
advogado: XIV - examinar, em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, 
autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à 
autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos; XV - ter vistas dos processo 
 
 
 
Faculdade de Minas 
33 
judiciais e administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição 
competente, ou retirá-los nos prazos legais. 
Prazos do IPM 
O IPM deverá terminar dentro de vinte dias, se o indiciado estiver preso, 
contados a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de 
quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contado esse prazo da data da 
instauração do inquérito. Este prazo, estando o indiciado em liberdade poderá ser 
prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela autoridade superior, desde que os exames 
ou perícias não estejam concluídas, ou haja necessidade de diligências necessárias 
à elucidação dos fatos. 
Diligências 
No dicionário de Português, Diligência significa ter cuidado, atenção ou 
dedicação para realizar uma tarefa. Juridicamente falando, diligência é a investigação 
realizada, a fim de formar convicção acerca de determinado fato que não ficou 
totalmente comprovado, ou para dirimir algumas dúvidas sobre algum ponto relevante 
do processo. 
Os Artigos 12 e 13 do CPM, destacam as diligências que podem ser tomadas 
pelo encarregado do IPM Medidas preliminares ao inquérito Art. 12. Logo que tiver 
conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade 
a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível: 
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o 
estado e a situação das coisas, enquanto necessário; 
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham 
relação com o fato; 
 
 
 
Faculdade de Minas 
34 
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto. no art. 244; 
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do 
fato e suas circunstâncias. Formação do inquérito 
 
O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste: Atribuição do seu 
encarregado a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido; 
b) ouvir o ofendido; c) ouvir o indiciado; d) ouvir testemunhas; e) proceder a 
reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações; f) determinar, se fôr o caso, que 
se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e perícias; g) 
determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou 
danificada, ou da qual houve indébita apropriação; h) proceder a buscas e 
apreensões, nos têrmos dos arts. 172 a 184 e 185 a 189; i) tomar as medidas 
necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando 
coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a 
independência para a realização de perícias ou exames. 
 
 Relatório O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o 
encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados 
obtidos, com a indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em 
conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-
se neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do 
indiciado, nos termos legais. (CPPM, art. 22) 
O relatório será elaborado, de preferência, com o IPM já devidamente montado, 
facilitando sobremodo a sua feitura. O relatório deve ser estruturado da seguinte 
forma: 
 
 
 
Faculdade de Minas 
35 
1. Objetivo do IPM; 
2. Diligências realizadas; 
3. Resultados Obtidos: 
3.1 - Historiado Fato; 
3.2-Análise das Provas; 
3.3 - Posição Final. 
. Conclusão. - Solução Consoante o artigo 22 §§ 1º e 2º do CPPM, compete a 
autoridade delegante a solução do IPM homologando ou discordando da conclusão, 
avocando, nesta hipótese, o IPM e solucionando como entender de direito. Várias são 
as hipóteses de solução: - quando constituir crime (comum ou militar); - quando 
constituir, apenas, transgressão disciplinar; - quando não constituir crime nem 
transgressão disciplinar. Convém ressaltar que a solução da autoridade delegante 
não será definitiva, pois o IPM tem que ser encaminhado à apreciaçãoda Justiça 
Militar a quem caberá a decisão final. Ocorrem casos em que a autoridade delegante 
entende não haver crime e na Justiça é decidido de modo diverso e vice - versa. Na 
solução de um IPM a autoridade delegante deve recomendar todas as providências 
solicitadas pelo Encarregado que entender de direito: ratificar o pedido de prisão 
preventiva, caso não tenha sido decretada; ratificar o pedido de sequestro de bens, 
ou arresto, etc.. Enfim, salientar na solução as providências que julgar necessárias e 
legais que o caso requer. 
Remessa do IPM Os autos do inquérito sempre serão remetidos ao Juiz de 
Direito da Justiça Militar pela autoridade de polícia judiciária militar. A autoridade 
 
 
 
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36 
militar não poderá realizar o arquivamento do inquérito, somente o Juiz poderá fazê-
lo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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37 
REFERENCIAS 
 
ASSIS, Jorge César de. Código de processo penal militar anotado: 1° volume 
(artigos 1º a 169). 3.ed. Curitiba: Juruá, 2010. 
 
ASSIS, Jorge César de. Código de processo penal militar anotado: 2° volume 
(artigos 170 a 383). Curitiba: Juruá, 2008. 
 
BRASIL. Código Penal Militar, Decreto-Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969. 
 
BRASIL. Código de Processo Penal Militar, Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro 
de 1969. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Vade Mecum Acadêmico 
de Direito. 10ª ed. São Paulo: Editora Rideel, 2010. 
 
 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 14 ed. Saraiva, São Paulo, 2007, p. 
200. 3 Ibidem. p. 202. 
 
MIGUEL, Cláudio Amin; COLDIBELLI, Nelson. Elementos de Direito Processual 
Penal Militar. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 
 MIGUEL e COLDIBELLI, 2004, p. 80 
 
 
 
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38 
GRINOVER, Ada Pellegrine; FERNANDES, Antônio Scarance; GOMES FILHO, 
Antônio Magalhães. As Nulidades no Processo Penal, 7 ed., São Paulo, 2004, p.49. 
LOUREIRO NETO, José da Silva. Direito Penal Militar. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

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