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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 1 | P á g i n a Sumário Introdução ................................................................................. Erro! Indicador não definido. Aula 01 – Processo Penal Militar e sua Aplicação. ................................................................. 2 1. Introdução ........................................................................................................................... 2 2. Princípios Aplicáveis ao Processo Penal Militar .................................................................. 2 3. Sistema do Processo Penal Militar ...................................................................................... 5 4. Aplicação da Lei Processual Penal Militar ........................................................................... 5 5. Aplicação à Justiça Militar Estadual .................................................................................... 6 6. A Justiça Militar na Constituição Federal de 1988 .............................................................. 6 Exercícios ................................................................................................................................. 10 Aula 02 – Polícia Judiciária Militar: Exercício e Competência. .............................................. 11 1. Policia Judiciária Militar .................................................................................................... 11 Exercícios ................................................................................................................................. 17 Aula 03 – Processo Penal Militar e sua Aplicação. ............................................................... 18 1. Inquérito Policial Militar - IPM .......................................................................................... 18 Exercícios ................................................................................................................................. 24 Aula 04 – O Inquérito Policial Militar (IPM). ........................................................................ 25 1. Encarregado do IPM – Art. 15 CPPM ................................................................................ 25 Exercícios ................................................................................................................................. 29 Aula 05 – Processo Penal Militar e sua Aplicação. ............................................................... 30 1. Prisão em Flagrante .......................................................................................................... 30 Exercícios ................................................................................................................................. 34 Aula 06 – Ação Penal Militar e seu Exercício. ...................................................................... 35 1. Conceito de Ação Penal Militar ......................................................................................... 35 2. Princípios da Ação Penal Militar ....................................................................................... 35 3. Condições da Ação Penal Militar ...................................................................................... 36 4. Espécies de Ação Penal Militar ......................................................................................... 36 5. Denúncia ........................................................................................................................... 37 Exercícios ................................................................................................................................. 38 file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/LEG%20PROC%20PENAL%20MILITAR%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc451443978 file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/LEG%20PROC%20PENAL%20MILITAR%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc451443981 file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/LEG%20PROC%20PENAL%20MILITAR%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc451443984 file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/LEG%20PROC%20PENAL%20MILITAR%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc451443988 file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/LEG%20PROC%20PENAL%20MILITAR%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc451443991 file:///G:/SSEVP-Comum/Superintendência%20de%20Educação/2016/5_COORD_FORMAÇÃO/ATUALIZAÇÃO%20CURRICULAR/PMERJ/CFSD/Material%20Diagramado/LEG%20PROC%20PENAL%20MILITAR%20-%20VANIA%20-%20ATUALIZADO.docx%23_Toc451443998 LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 2 | P á g i n a Aula 01 – Processo Penal Militar e sua Aplicação. 1. Introdução O Estado é o verdadeiro titular do jus puniendi, o ato de punir se materializa através do Poder Legislativo, na medida em que se inicia a elaboração das leis penais militares e consequentemente as sanções por elas cominadas. Ocorre que, o ato de punir poderá levar o militar a ser submetido à privação de sua liberdade. Por certo, a própria Constituição da República, alicerçada no Estado Democrático de Direito, determinou que a aplicação do Direito Penal Militar devesse por si só obedecer ao devido processo legal. Sobre o tema, precisa é a lição do Cícero Robson Coimbra Neves 1 : “[...] O processo penal militar constitui-se em um conjunto de atos coordenados, estabelecedores de uma relação jurídica entre juiz e partes, que tem escopo de compor justamente uma lide, esta caracterizada, de um lado, pela intenção do Estado em exercer seu direito de punir o autor de um crime militar, e, de outro, pela resistência do pretenso autor do fato a essa intenção”. Por fim, é de suma importância consignar que a lide ora apresentada no Processo Penal Militar, deverá assegurar ao militar acusado, a plena aplicação dos Direitos e Garantias Fundamentais, sem que ocorra a efetividade do Sistema Processual Penal Militar para a segurança coletividade, a manutenção dos princípios da hierarquia e disciplina e a aplicação da lei penal militar. 2. Princípios Aplicáveis ao Processo Penal Militar 2.1 Devido Processo Legal 1 NEVES, Cicero Robson Coimbra. Manual de Direito Processual Penal Militar. São Paulo: Saraiva 2014, p. 77. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 3 | P á g i n a A Constituição da República de 1988, em seu Art. 5°, inciso LIV estabeleceu que para a existência de privação da liberdade ou de um bem, tais comprometimentos deveriam ocorrer mediante ao Devido Processo Legal. Desta forma, o presente Princípio é um limitador do Poder Estatal, abarcando outras garantias fundamentais, tais como: ampla defesa, contraditório, imparcialidade do juiz, razoável duração do processo, presunção de inocência etc. 2.2. Contraditório Em consonância ao Art. 5°, inciso LV CRFB/88 “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Umas das características marcantes nesse princípio é a participação dialética das partes, a fiscalização, a informação e a contrariedade dos atos praticados no curso do processo. Como se percebe, as partes devem ter ciência da demanda e dos argumentos da parte contraria. Parte da Doutrina denomina o Contraditório como Paridade das Armas. 2.3 Ampla Defesa O Princípio da Ampla Defesa também se encontra no Art. 5°, inciso LIV CRFB/88, no entanto elesnão se confundem, uma vez que o contraditório se manifesta em ambas as partes, já a ampla defesa somente ao réu ou acusado. Verifica-se, então, que a ampla defesa é a condição do réu de levar à baila todas as provas legais a esclarecer os fatos, omitir-se ou se prevalecer do silêncio. O acusado, pode levar as provas necessárias a demostrar a verdade real. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal se manifestou, como se pode observar do Acórdão do HABEAS CORPUS - 1ª TURMA - DJ. 15/08/1997 - RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES. 2.4 Duplo Grau de Jurisdição O duplo grau de jurisdição é postulado constitucional, consectário do devido processo legal. Consiste na possibilidade de impugnar-se a decisão judicial para que seja reexaminada pelo mesmo ou por outro órgão jurisdicional de grau superior em decisão colegiada, que visa reformar (mudar) ou coadunar com a decisão emitida em primeiro grau. 2.5 Presunção de Inocência (ou Não Culpabilidade): LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 4 | P á g i n a Com a Constituição da República de 1988, a Presunção de Inocência ganhou status constitucional, uma vez que no Art. 5°, inciso LVII CRFB/88 diz: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Esse direito faz com que, o acusado ou o réu seja, culpado após o devido processo legal, onde ele tenha utilizado todos os meios de prova para a sua defesa e ainda desconstruir a tese acusatória. Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o artigo 283 do Código de Processo Penal (CPP) não impede o início da execução da pena após condenação em segunda instância e indeferiu liminares pleiteadas nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44. Julgamento do Habeas Corpus (HC) 126292. Por se tratar de matéria constitucional, não vinculada apenas ao CPP, a aplicação será levada ao CPPM também certamente, já que o segundo grau da AJMERJ, é o TJRJ. 2.6 Publicidade O acesso a todos aos atos praticados no curso do processo eleva a credibilidade, a transparência e a fiscalização dos atos dos juízes e das partes. Nesse contexto, o Art. 93, inciso IX CRFB/88 “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. 2.7 Dignidade da Pessoa Humana Além de ser um dos princípios fundamentais da República (Art. 1°, inciso III CRFB/88) e ainda dos direitos e garantias fundamentais (Art.5° CRFB/88), a sua aplicação no Direito Processual Penal Militar esta relacionada ao status libertatis do militar, optando assim em medidas menos nocivas ao militar.·. André Nicolitt 2 observar que, como dito, a dignidade é o fim do próprio Estado, dessa maneira, toda atividade estatal deve estar sempre voltada à tutela, à realização e ao respeito à dignidade humana, o que não exclui a atividade persecutória do Estado, seja através da investigação criminal, seja no exercício da ação penal, seja no curso do processo. 2 NICOLITT, André. Manual de Processo Penal. São Paulo: RT, 2014, p. 117. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 5 | P á g i n a 3. Sistema do Processo Penal Militar O Processo Penal Militar adotou o Sistema Acusatório, caracterizado pela presença de um Juiz, Ministério Público e a Defesa. De modo que as partes (MP e Defesa) sejam responsáveis pela a produção de provas e cabendo ao magistrado a imparcialidade e a garantia da liberdade e do direito fundamental. Por fim, existem ainda outros Sistemas que são o Inquisitorial e o Misto. 4. Aplicação da Lei Processual Penal Militar 4.1 Fontes do Código de Processo Penal Militar As fontes do Código de Processo Penal Militar são a Constituição da República e a Lei Processual Penal Comum. Nota-se ainda que o CPPM no Art. 1° § 1° consolidou que as Convenções e os Tratados, no qual o Brasil foi signatário, prevaleceram em detrimento ao CPPM. Como por exemplo, o Pacto São José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil em 1992, através do Decreto n° 687, que no n° 2 do Art. 8 estabelece a igualdade entre as partes na fase do processo (paridade das armas). 4.2 Suprimento dos Casos Omissos do Código de Processo Penal Militar A omissão do CPPM é dirimida pela interpretação do Art. 3°, uma vez que traz o rol de condicionantes para sanar a lacuna existente. Sendo elas: a legislação processual penal comum (Código de Processo Penal), jurisprudência, usos e costumes militares, princípios gerais do direito e analogia. No que tange a Legislação Processual Penal Comum, cabe aqui relatar que, sua utilização não poderá trazer prejuízo ao processo penal militar, como por exemplo, a aplicação da Lei 9099/95, no qual seus institutos não são aplicáveis na Justiça Militar, por força da vedação da Lei 9839/99. 4.3 Territorialidade e Extraterritorialidade O Art. 4° CPPM adotou o princípio da territorialidade, onde todo e qualquer processo penal militar que teve origem no território nacional deve ser equacionado a luz do Código de Processo Penal Militar, salvo as convenções, tratados e regras de direito internacional, como por exemplo, a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo Decreto Legislativo n° 103/64, e promulgada pelo Decreto n° 56.435/65. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 6 | P á g i n a Com a exceção a territorialidade, a extraterritorialidade sobre a aplicação a lei processual penal militar fora do território brasileiro nos crimes contra as instituições militares. 5. Aplicação à Justiça Militar Estadual Pela interpretação do Art. 6°, o Código de Processo Penal Militar se aplica nas Justiças Militares Estaduais, nota-se que a própria Constituição da República de 1988 já estabeleceu em seu Art. 125, § 3° essa possibilidade, na medida em que os Estados poderão criar o Tribunal de Justiça Militar Estadual. No caso em comendo, o Estado do Rio de Janeiro não possui o Tribunal de Justiça Militar, tão somente uma Vara Especializada denominada Auditoria de Justiça Militar/AJMERJ. 6. A Justiça Militar na Constituição Federal de 1988 A construção acerca do foro militar é de vital importância para o entendimento da Competência das Justiças Militares, visto que no Art. 82 CPPM o foro militar é especial, salvo os crimes dolosos contra a vida praticados contra civil (Lei 9299/96). Estabelecendo assim, as pessoas que estarão sujeitas a jurisdição militar, sendo elas: militares em situação de atividade, militares da reserva convocados ao serviço ativo, reservistas e os Oficiais e Praças das Policiais Militares e Corpos de Bombeiros. O texto constitucional estabeleceu a competência Criminal para a Justiça Militar da União (Art.124 CRFB/88) e dos Estados/Distrito Federal (Art. 125, § 4° CRFB/88), para tanto, a presente competência é julgar e processar os crimes militares (grifo). 6.1 Justiça Militar da União A Justiça Militar da União pertence ao Poder Judiciário (Art. 92 CRFB/88), estabelecendo que os Órgãos da Justiça Militar serão compostos pelo Superior Tribunal Militar/STM e os Tribunais e Juízes Militares (Art. 122 CRFB/88). Para tanto, possui competência para processar e julgar os crimes militares definidos em lei, tendo como agentes os Militares das Forças Armadas e Civis (Art. 124 CRFB/88), salvos os crimes dolosos contra a vida praticados contra civil (lei 9299/96), de competência do Tribunal do Júri. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 7 | P á g i n a Em relação à organização da Justiça da Justiça Militar da União, a Lei 8457/92 estabeleceu a regulamentaçãoe o seu funcionamento. 6.1.1 Primeira Instância da Justiça Militar da União Os Órgãos de Primeira Instância são as 12 (doze) Circunscrições Judiciárias Militares, espalhas no território nacional, onde cada Circunscrição possui pelo menos 01(uma) Auditoria. As auditorias são divididas em Órgãos Julgadores (Conselhos de Justiça): Conselho Permanente de Justiça: Constituído pelo Juiz Auditor (Juiz de Direito), por um Oficial Superior, que será o Presidente, e 03(três) Oficiais de posto até capitão- tenente ou capitão, esses Juízes Militares. A composição do presente Conselho funcionará durante 03 (três) meses consecutivos, ou podendo ser prorrogado. Tem competência para processar e julgar Praças e Civis Conselho Especial de Justiça: Constituído pelo Juiz Auditor (Juiz de Direito) e 04(quatro) Juízes Militares, sob a presidência, dentre estes, de um Oficial General ou Oficial Superior, de posto mais elevado que o dos demais juízes. Os Juízes Militares serão de posto superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. A composição do Conselho Especial é constituída para cada processo, e dissolvido após conclusão dos seus trabalhos. Tem competência para processar e julgar os Oficiais das Forças Armadas, exceto Oficiais Generais, que cuja competência é originaria do STM. Observação: Em caso de concurso de agentes envolvendo oficiais e praças, a competência para processar e julgar o feito será do Conselho Especial de Justiça. 6.1.2 Segunda Instância da Justiça Militar da União O Superior Tribunal Militar/STM é o Órgão de Segunda Instância da Justiça Militar da União, com sede no Distrito Federal e jurisdição em todo território nacional. A composição do STM é assim disposta: 03 (três) Oficiais Generais da Marinha, 04 (quatro) Oficiais Generais do Exército, 03 (três) Oficiais Generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado, e ainda 03 (três) advogados, 1 (um) Juiz Auditor e 01(um) Membro do Ministério Publico Militar, perfazendo 15 (quinze) Ministros. 6.2 Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal e Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 8 | P á g i n a A Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal pertence ao Poder Judiciário (Art. 125 CRFB/88), estabelecendo, a critério do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual, construída, em primeiro grau, pelos Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça, e de segundo grau os Tribunais Militares ou pelos Tribunais de Justiça, em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. O Estado do Rio de Janeiro não possui um Tribunal de Justiça Militar, no entanto os crimes militares serão julgados e processados por uma Vara Especializada, denominada Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ juntamente com os Conselhos de Justiça. A AJMERJ e os Conselhos de Justiça possuem competência para processar e julgar os crimes militares praticados pelos Militares Estaduais, salvo os crimes dolosos contra a vida praticados contra civil (lei 9299/96), de competência do Tribunal do Júri. Já nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, podemos constar a existência do Tribunal de Justiça Militar (órgão de segunda instância) e as Auditorias Militares (órgão de primeira instância). 6.2.1 Competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar em processar e julgar os crimes militares contra civis e as ações contra atos disciplinares. No que se refere às ações judiciais contra atos disciplinares militares, mesmo por força do Art. 125 § 4° e 5° CRFB/88, com redação da EC n° 45/04, que determina a competência da Justiça Militar, na pessoa do Juiz de Direito do Juízo Militar; no Estado do Rio de Janeiro esta realidade é bem diferente, visto a Súmula n° 131 TJRJ combinado com o Art. 97 § 9° Código de Organização e Divisão Judiciária do Estado do Rio de Janeiro (CODJERJ), transferiu esta atribuição para as Varas de Fazenda Pública. Nesse diapasão, o Art. 125 § 5° CRFB/88 estabeleceu a competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar, em processar e julgar os crimes militares cometido contra civis, e os demais crimes militares cabendo os Conselhos de Justiça. 6.2.2 Primeira Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ. O Órgão de Primeira Instância que julga e processa os crimes militares praticados por integrantes da PMERJ e do CBMERJ é a Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ através dos Conselhos de Justiça, conforme preceitua o Art. 152 CODJERJ. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 9 | P á g i n a Nesse compasso, a AJMERJ é constituída pelos Conselhos Permanentes e Especiais de Justiça, e seus funcionamentos são regulados Lei 8457/92. Conselho Permanente de Justiça: Constituído pelo Juiz de Direito do Juízo Militar (Presidente do Conselho), por 01(um) Oficial Superior e 03(três) Oficiais de posto até capitão, esses Juízes Militares. A composição do presente Conselho funcionará durante 03(três) meses consecutivos, ou podendo ser prorrogado. Tem competência para processar e julgar Praças. Conselho Especial de Justiça: Constituído pelo Juiz de Direito do Juízo Militar (Presidente do Conselho) e 04(quatro) Oficiais. Os Juízes Militares serão de posto superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. A composição do Conselho Especial é constituída para cada processo, e dissolvido após conclusão dos seus trabalhos. Tem competência para processar e julgar os Oficiais. 6.2.3 Segunda Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ O Órgão de Segunda Instância da Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ é o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, conforme preceitua o Art. 125 § 3° CRFB/88 combinado com o Art. 153 CODJERJ. Cabendo a este decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. SAIBA MAIS... A reforma da Justiça Militar em face da Emenda Constitucional n° 45. http://www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads/docs/inovacoesemenda.pdf Os limites da Perda do posto e da patente http://www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads/docs/limitesperdapatente.pdf http://www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads/docs/inovacoesemenda.pdf http://www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads/docs/limitesperdapatente.pdf LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 10 | P á g i n a Exercícios 1- Mérvio que é Policial Militar, foi condenado na AJMERJ com uma pena de reclusão de 03(três) anos, pela prática do crime de aliciação para motim ou revolta (art. 154 CPM). Inconformado com a sentença condenatória, o referido Policial Militar deseja recorre em segunda instância. Qual o Órgão Jurisdicional competente para analisar o feito: a) Superior Tribunal Militar. b) Superior Tribunal de Justiça. c) Supremo Tribunal Federal. d) Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – TJERJ. 2- A Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro - AJMERJ é competente para julgar os crimes militares definidos em lei, praticados por: a) Policial Militar, Bombeiro Militares e Integrantes das Forças Armadas. b) Policial Militar e Bombeiro Militar. c) Policiais Militar e Integrantes das Forças Armadas. d) Bombeiros Militares e Integrantes das Forças Armadas. 3- Tírcio e Mérvio, ambos Policiais Militares de serviço na UPP MERCÚRIO, após uma discussão intensa entre eles, Ticio saca a pistola e efetua disparos contra cabeça de Mervio, que cai ao solo sem vida. A quem compete julgar o Policial Militar: a) Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro - AJMERJ. b) Superior Tribunal Militar. c) Justiça Comum – Tribunal do Júri. d) Qualquer Vara Criminal. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 11 | P á g i n a Aula 02 – Polícia Judiciária Militar: Exercício e Competência.1. Policia Judiciária Militar Inicialmente, o Poder de Policia do Estado encontra-se dividido em duas funções: Polícia Administrativa e Polícia Judiciária. A primeira possui a função preventiva já a segunda a apuração dos fatos que já ocorreram. Dito isto, agora no plano constitucional, as Forças Armadas possuem funções e Policia Administrativa no que se refere ao Art. 142 CRFB/88 (Defesa da Pátria e garantia dos Poderes Constitucionais) combinado com a Lei Complementar 97/99, regulamentado pelo Dec. 3897/01, que instituiu a aplicação das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No que tange as Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, segundo o Art. 144, §5° CRFB/88, realizam também função predominante de policia administrativa, uma vez que a Policia Militar consiste no policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública e o Corpo de Bombeiros a defesa civil. Não se afastando dessas premissas, essas Instituições exercem atividade de Policia Judiciária Militar, uma no plano Federal (Marinha, Exercito e Aeronáutica) e no plano Estadual/Distrital (Policiais Militares e Corpos de Bombeiros Militares), no momento em que ocorre um crime militar, conforme o Código de Processo Penal Militar no Título II - Capítulo Único da Policia Judiciária Militar, nos Artigos 7° e 8. Ademais, de suma Policia Administrativa e Judiciária Sobre o tema nos ensina Célio Lobão: Em função de suas atribuições, a policia das corporações militares federais são administrativas e judiciárias. A primeira previne e reprime o crime militar, no âmbito das respectivas corporações, e excepcionalmente fora dela [...]. A Polícia Judiciária tem como atribuição apurar as infrações penais militares, a fim de oferecer elementos destinados a propositura da ação pena l[...]. Lobão, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 45. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 12 | P á g i n a importância consignar, que existe uma vedação expressa no texto constitucional no que se refere à apuração dos crimes militares pela Policia Civil, no Art. 144, § 4° CRFB/88. André Nicolitt 3 preceitua que, por fim, a função de policia judiciária, muito embora não figure expressamente no capitulo das funções essenciais à justiça (Arts. 127 a 135, CF/1988), implicitamente trata-se de função essencial à justiça em razão de fortalecimento do sistema acusatório na medida em que o juiz está despido da função de investigar o que esta entregue ao órgão próprio para tanto. 1.1 Exercício da Policia Judiciária Militar (Art. 7° CPPM). O Artigo em análise destina-se a indicação das Autoridades de Policia Judiciária Militar (APJM), assim mencionada: a. Pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro; b. Pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição; c. Pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e unidades que lhes são subordinados; d. Pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando; e. Pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios; f. Pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados; g. Pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; 3 NICOLITT, André. Manual de Processo Penal. São Paulo: RT, 2014, p. 172. SAIBA MAIS... - Garantia da Lei e da Ordem (GLO) http://www.defesa.gov.br/arquivos/File/doutrinamilitar/listadepublicacoesEMD/md 33_m_10_glo_1_ed2013.pdf http://www.defesa.gov.br/arquivos/File/doutrinamilitar/listadepublicacoesEMD/md33_m_10_glo_1_ed2013.pdf http://www.defesa.gov.br/arquivos/File/doutrinamilitar/listadepublicacoesEMD/md33_m_10_glo_1_ed2013.pdf LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 13 | P á g i n a h. Pelos comandantes de forças, unidades ou navios. Em relação às APJM das Policias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, nos ensina Cícero Robson Coimbra Neves 4 : No âmbito das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, esse paralelismo também deve ser procurado, sendo autoridades originariamente competentes para medida de policia judiciária militar, in exemplis, o Comandante-Geral, o Subcomandante da PM e os Comandantes de Unidade. Em suma, os Comandantes, Chefes e Diretores de Organizações Policiais Militares (OPM), serão a APJM no âmbito da PMERJ, tendo como simetria o Artigo em comento. 1.1.2 Delegação do exercício de Policia Judiciária Militar. Os parágrafos do Art. 7° CPPM enumeram as possibilidades de delegação, por tempo limitado, das atividades de Policia Judiciária Militar aos Oficiais da ativa, no entanto tais circunstâncias deverão obedecer aos seguintes requisitos: a. Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado. b. Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo. c. Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a antiguidade de posto. d. Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência de outro oficial da ativa nas condições do § 3º, caberá ao ministro competente à designação de oficial da reserva de posto mais elevado para a instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, para tomar essa providência. 1.2 Competências da Policia Judiciária Militar (Art. 8° CPPM). As competências estabelecidas no rol do Art. 8° CPPM são meramente exemplificativas, na medida em que o legislador infraconstitucional não teve a intenção de esgotar toda a matéria. 4 NEVES, Cicero Robson Coimbra. Manual de Direito Processual Penal Militar. São Paulo: Saraiva 2014, p. 210. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 14 | P á g i n a Nesse sentido são as lições de Cícero Robson Coimbra Neves 5 quando diz: Essas atribuições numeradas no rol do Art. 8° do CPPM, rol que dever se considerado exemplificativo, e não taxativo, ao contrário do que entendem alguns autores. Essa conclusão note-se, decorre da amplitude inerente à apuração de um fato e da conclusão de que a conjunção de provas pela policia judiciária militar é precária, ou seja, será refeito sempre que possível, no curso do processo penal militar constitucional, após o recebimento da denúncia, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. Em decorrência do Art. 8° CPPM, passamos agora a analisar as competências da Policia Judiciária Militar, a saber: a. Apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria: Inicialmente, deverá ficar demonstrado a existência de indícios de uma infração penal militar, e que consequentemente, tais delitos militares deverão estar consignados no Código Penal Militar (Dec. Lei 1.001/69). No que se refere à Lei Especial, não, mas de coadula com os dispositivos constitucionais, na medida em que o Art.30 da Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional)não recepcionado pela CRFB/88. b. Prestar informações do Poder Judiciário e ao Ministério Público: São informações e diligências requisitadas pelo Juiz ou pelo Ministério Público, na fase inquisitorial ou na fase processual. A fim de exemplificar, podemos citar: oitiva de testemunhas, juntada de documentos, reprodução simulada e entre outras. c. Cumprir mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar: Essa competência poderá ser estendida, também, para as Autoridades Judiciárias da Justiça Comum. 5 NEVES, Cicero Robson Coimbra. Manual de Direito Processual Penal Militar. São Paulo: Saraiva 2014, p. 215. Prisão Preventiva Sobre o tema nos ensina Célio Lobão: (...) Na Justiça Militar Estadual, aplica-se o exposto nos feitos da competência do colegiado. Nos crimes da competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar, a este compete decretar a prisão preventiva na fase pré- processual e durante a instrução criminal. Lobão, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 312. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 15 | P á g i n a d. Representar pela decretação da prisão preventiva e pelo reconhecimento de insanidade mental do indiciado: Inicialmente, há a necessidade de esclarecer o instituto da Prisão Preventiva no CPPM. Como se percebe, o Art. 254 CPPM retrata a competência e os requisitos desta medida cautelar, nesse compasso tal medida poderá ser decretada pelo Juiz de Direito do Juízo Militar ou pelo Conselho de Justiça (Especial ou Permanente), e ainda a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Encarregado do IPM. Para tanto, a Prisão Preventiva poderá ser decretada em qualquer fase, tanto no IPM ou no Processo Criminal. No que concerne aos requisitos: prova do fato delituoso (prova/certeza da existência do crime militar) e indícios suficientes de autoria (não se exige aqui a certeza, mas sim a probabilidade de autoria). Agora vejamos os fundamentos da Prisão Preventiva (Art. 255 CPPM): garantia da ordem pública (risco do agente solto praticar reiteradamente crimes militares), conveniência da instrução criminal (quando o agente solto poderá prejudicar a colheita de elementos de informação ou provas), periculosidade do indiciado ou acusado (atos que poderiam ameaças à coletividade e a paz social), segurança da aplicação da lei penal militar (perigo iminente de fuga do agente) e exigências da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares (na medida em que atos desafiadores e desrespeitosos são perpetrados pelo agente em desfavor de seus superiores hierárquicos). Finalmente, no que tange a insanidade mental do indiciado (Art. 156 § 2° c/c Art. 160, parágrafo único, ambos, CPPM), poderá ser ordenada pelo Juiz de Direito do Juízo Militar (ofício), a requerimento do MP, defensor, curador, cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do indiciado e ainda pelo encarregado do IPM. SAIBA MAIS... Prisão provisória na legislação processual penal militar. Uma visão crítica. http://www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads/docs/prprov-gorrilhas.pdf http://www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads/docs/prprov-gorrilhas.pdf LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 16 | P á g i n a a. Cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob a sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código: No caso em comendo, podemos fazer uma referência à Unidade Prisional da PMERJ- UP/PMERJ, onde seu Diretor ficará sujeito aos ditames da Justiça Militar (AJMERJ), bem como as referências da Lei de Execução Penal (Lei 7210/84). b. Solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo: O encarregado buscará em órgãos externos elementos de informação (documentos, certidões, filmagens) para elucidar a infração penal militar. c. Requisitar da Policia Civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários: A PMERJ possui o Centro de Criminalística, que muito embora seja referência nacional em perícia criminal, infelizmente alguns exames não são realizados por esta Unidade, como é o caso dos exames de corpo e delito e necropsia. Nesse sentido, será requisitado aos órgãos da Policia Civil o devido exame pericial, e que na inobservância desta requisição poderá o perito responder administrativamente e criminalmente. d. Atender pedidos de apresentação de militares à autoridade civil: Nesse dispositivo, a Autoridade de Policia Judiciária Militar deverá apresentar os Policiais Militares, a seu comando, às autoridades civis, sob pena de responsabilidade administrativa e criminal. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 17 | P á g i n a Exercícios 1- Sobre o exercício da Policia Judiciária Militar é CORRETO afirmar que: a) São exercidas pelos Comandantes, Chefes e Diretores de OPM. b) São exercidas pelos Comandantes e Chefes de seção do Estado Maior de Unidade. c) São Exercidas pelo Juiz de Direito da AJMERJ e pelos Comandantes de OPM. d) São exercidas pelos Comandantes de OPM e pelos Comandantes de Companhia. 2- Sobre a competência da Policia Judiciária Militar e INCORRETO afirmar que: a) Apurar as infrações penais militares. b) Cumprir os mandados de prisão expedidos pela justiça militar. c) Solicitar das autoridades civis informações. d) O rol de competências do art. 8° CPPM é taxativo. 3- São requisitos da Prisão Preventiva: a) Prova do fato delituoso e materialidade criminosa. b) Prova do fato delituoso e indícios suficientes de autoria. c) Indícios suficientes de autoria e garantia da lei e da ordem. d) Indícios suficientes de autoria e conveniência da instrução criminal. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 18 | P á g i n a Aula 03 – Processo Penal Militar e sua Aplicação. 1. Inquérito Policial Militar - IPM Uma das competências da Policia Judiciária Militar é a apuração das infrações penais militares (Art. 8°, alínea “a” CPPM), que se materializa através de um procedimento administrativo chamado Inquérito Policial Militar. Nesse sentido, assinala Paulo Rangel ·. O inquérito policial, portanto, é o instrumento de que se vale o Estado, através da polícia, órgão integrante da função executiva, para iniciar a persecução penal com controle das investigações realizadas do Ministério Público (cf, Art.129, VII, da CRFB). Nesse sentido, a doutrina afirma que o Inquérito Policial Militar é um mecanismo de se evitar abusos por parte do Estado, evitando assim que um cidadão responda a um processo criminal, sem que antes se apure as informações que lhe são imputadas, resguardando os direitos e garantias fundamentais do cidadão. 1.1 Conceito O Inquérito Policial Militar é um procedimento administrativo de característica inquisitorial, cujo encarregado exerce as funções de Autoridade de Policia Judiciária Militar, no qual desenvolve diligências objetivando a coleta de elementos de informação, indicando o autor (se possível) e possibilitando o oferecimento da peça acusatória por parte do Ministério Público. 1.2 Natureza Jurídica Por se tratar de um procedimento administrativo, o Inquérito Policial Militar não contempla a ampla defesa e o contraditório, consagrados no Art. 5°, inciso LVI CRFB/88, pelo simples motivo de não ser um Processo Judicial ou Administrativo. Por derradeiro, o IPM é considerado pela doutrina e pela jurisprudência uma mera peça informativa (elementos de informação), e que eventuais irregularidades no curso deste procedimento não tem o condão de contaminar o processo penal militar, mas sim a retirada dessa prova dos autos do processo. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 19 | P á g i n a 1.3 Finalidade A finalidade do Inquérito Policial Militarencontra-se disciplinada no Art. 9° CPPM, que em síntese atribui ao IPM à apuração sumária de fato, que configure crime militar e sua autoria. Possui caráter de instrução provisória, cuja finalidade é ministra elementos necessários para à propositura da ação penal. a. Procedimento escrito De acordo com o Art. 21 CPPM, todas as peças serão, por ordem cronológica, reunidas num só processado e datilografado, com folhas numeradas e rubricadas pelo escrivão. b. Procedimento inquisitorial O entendimento da doutrina e jurisprudência é que o Inquérito Policial Militar possui caráter inquisitorial, não abarcando os princípios do contraditório e da ampla defesa. Essa natureza inquisitorial, esta ligada a não comunicação dos atos investigatórios ao indiciado, fazendo com que, esse procedimento seja eficiente e eficaz, no que concerne a identificação do autor do crime militar. Convém destacar, que embora o IPM seja inquisitorial, tal característica não afasta a possibilidade do indiciado propor a formulação de quesitos nas pericias e exames, conforme preceitua o Art. 316 CPPM. c. Procedimento sigiloso O sigilo do IPM está consagrado no Art. 16 CPPM, momento em que o encarregado pode permitir o acesso dos autos do IPM ao advogado do indiciado. Esta “faculdade” do encarregado, não encontra respaldo legal na nova ordem jurídica, na medida em que a Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB) no seu Art. 7°, inciso XIV, atribui o direito ao advogado de ter acesso os autos do flagrante e dos inquéritos, combinado com a SV n° 14. No que tange as demais pessoas, se faz necessário o sigilo, pelo simples motivo de que o IPM visa investigar as infrações penais militares, buscando assim os elementos de informação para a identificação da autoria e a materialidade. Por certo a divulgação da investigação poderá interferir na efetividade das ações de policia judiciária militar. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 20 | P á g i n a d. Procedimento dispensável Sendo o Ministério Público o titular da ação penal, poderá ele, dispor do IPM quando obtiver informações mínimas para o oferecimento da denúncia. Essas informações constam nos seguintes Artigos do CPPM, a saber: - Art. 27 CPPM: Quando o Auto de Prisão em Flagrante for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria; - Art. 28 CPPM: No momento em que o fato e autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas matérias, nos crimes contra a honra (escritos ou publicados e seu autor identificado) e nos crimes do Art. 341 (desacato) e Art. 349 (desobediência de decisão judicial), ambos do Código Penal Militar. e. Procedimento Oficial Incumbe a Autoridade de Policia Judiciária Militar (Marinha, Exercito, Aeronáutica, Policia Militar e Corpo de Bombeiros Militares) a presidência do IPM. f. Procedimento oficioso A Autoridade de Policia Judiciária Militar que tomar conhecimento de uma noticia crime, ela é obrigada a agir de oficio, independente de provocação da vitima ou de qualquer outra parte. g. Procedimento indisponível Uma vez instaurado o IPM, a Autoridade de Policia Judiciária Militar não poderá arquivar esse procedimento, visto que compete ao titular da ação penal propor ao Juiz de Direito o arquivamento do feito. Súmula Vinculante N° 14 É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de policia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 21 | P á g i n a 1.4 Formas de Instauração do IPM A instauração do IPM é mediante Portaria, lavrada pela Autoridade de Policia Judiciária Militar, conforme preceitua o Art. 10 CPPM. 1.4.1 Instauração de Ofício – Art. 10, alínea (a) CPPM. É quando a Autoridade de Policia Judiciária Militar conhece diretamente os fatos que noticiam a infração penal militar. 1.4.2 Instauração por determinação ou delegação - Art. 10, alínea (b) CPPM. A Autoridade de Policia Judiciária Militar Superior irá determinar ou delegar para outra Autoridade, de condição inferior (subordinada) a instauração de IPM. 1.4.3 Instauração por requisição do Ministério Público - Art. 10, alínea (c) CPPM. O Ministério Público irá requisitar diretamente a Autoridade de Policia Judiciária Militar a instauração do IPM. Cabe ainda consignar, que a própria Constituição da República de 1988 atribui essa competência ao Parquet, conforme Art. 129, VIII CRFB/88. 1.4.4 Instauração por decisão do Superior Tribunal Militar - Art. 10, alínea (d) CPPM. Aplicando a simetria aos Estados, no caso em comendo o Estado do Rio de Janeiro, onde o Órgão de Segunda Instância da AJMERJ é o Tribunal de Justiça, este, NOTITIA CRIMINIS Nesse sentido aponta Renato Brasileiro de Lima: Notitia Criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato delituoso. Subdivide-se em: a. Espontânea: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meios de suas atividades rotineiras (...). b. Provocada: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da infração penal através de um expediente escrito (...). c. Coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do individuo preso em flagrante. DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 143 e 144. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 22 | P á g i n a poderá decidir em remeter os autos ao Ministério Público para fins de instauração do Inquérito Policial Militar. 1.4.5 Instauração por requerimento do ofendido, do seu representante legal ou por uma pessoa que tenha conhecimento de uma infração penal militar - Art. 10, alínea (e) CPPM. Os fatos que constituem indícios de infração penal militar, que são narrados pelo ofendido, seu representante legal ou qualquer cidadão, deve a Autoridade de Policia Judiciária Militar apurar os fatos através do IPM. 1.4.6 Instauração através de Sindicância - Art. 10, alínea (f) CPPM. Este meio investigatório pode ser interpretado de forma extensiva, na medida em que outros meios como, por exemplo, a averiguação, irá ensejar em elementos indiciários para a instauração do IPM. 1.5 Superior ou Igualdade de Posto do Infrator - Art. 10, § 1° CPPM. Quando o infrator for superior ou de igual posto da Autoridade de Policia Judiciária Militar, em cujo local tenha ocorrido à infração penal militar, deverá este, comunicar o fato ao seu superior para fins de delegação. 1.6 Providências antes do IPM - Art. 10, § 2° CPPM C/C Art. 12 CPPM. A autoridade de Policia Judiciária Militar ou qualquer outro militar que tenha conhecimento de uma infração penal militar, adotará as seguintes providências, a saber: - Dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário; - Apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato; - Efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no Art. 244 CPPM; - Colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias. 1.7 Infração de Natureza não Militar - Art. 10, § 3° CPPM. Se a infração penal não constituir natureza militar, deverá ser comunicado os fatos a Autoridade de Policia Judiciária e se for o caso apresentar o infrator. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 23 | P á g i n a 1.8 Indícios Contra |Oficial de Posto Superior ou mais Antigo no Curso do IPM - Art. 10, § 3° CPPM. Se no curso do IPM, o encarregado verificar a existência de indícios de infração penal militar, em desfavor de oficial de posto superior ou mais antigo ao seu,deverá delegar suas atribuições a outro oficial de posto superior ou mais antigo do que o indiciado. SAIBA MAIS... - O Supremo Tribunal Federal proíbe a instauração de Inquérito Policial baseando exclusivamente em denúncia anônima, devendo o Órgão Policial apurar as informações através procedimentos preliminares, no julgamento do HC n° 99.490/SP, Relator Ministro Joaquim Barbosa, 23/11/10. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=618126 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28HC+95% 2E244%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/z5m2ms4 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=618126 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28HC+95%2E244%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/z5m2ms4 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28HC+95%2E244%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/z5m2ms4 LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 24 | P á g i n a Exercícios 1- Em relação ao IPM é CORRETO afirmar que: a) Admite-se em fase de IPM o contraditório e a ampla defesa. b) É proibido ao advogado o acesso às peças do IPM. c) O IPM é indispensável para a propositura da ação penal. d) O indiciado poderá propor a formulação de quesitos nas pericias e exames. 2- No que se refere à instauração do IPM é INCORRETO afirmar que: a) A Autoridade de Policia Judiciária Militar poderá instaurar de oficio o IPM. b) O Ministério Público não tem competência para requerer a instauração de IPM. c) O Ofendido pode requerer a instauração de IPM. d) O IPM é iniciado mediante portaria. 3- Qual é a finalidade do IPM? LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 25 | P á g i n a Aula 04 – O Inquérito Policial Militar (IPM). 1. Encarregado do IPM – Art. 15 CPPM O encarregado do IPM será, sempre que possível (grifo nosso), oficial de posto não inferior ao de capitão. No entanto a referida locução grifada, não impede que um oficial subalterno (segundo ou primeiro tenente) exerça as atividades de policia judiciária militar, por tratar-se de uma clausula discricionária da Autoridade de Policia Judiciária Militar. 1.1 Suspeição do Encarregado do IPM – Art. 142 CPPM Não se admite a suspeição do encarregado por parte do indiciado ou pelo seu advogado, cabendo tão somente ao encarregado do IPM declarar-se suspeito quando ocorrer motivos que impliquem em sua imparcialidade na condução das investigações. 1.2 Atribuições do Encarregado do IPM – Art. 13 CPPM Além das medidas do Art. 12 CPPM (item 10.7) o encarregado deverá também adotas as seguintes atribuições, a saber: Ouvir o ofendido; Ouvir o indiciado; Ouvir testemunhas; Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações; Determinar se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e perícias; Determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação; Proceder a buscas e apreensões e Tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de perícias ou exames. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 26 | P á g i n a 1.3 Escrivão – Art. 11 CPPM A designação do escrivão será de competência do encarregado do IPM, caso não tenha sido feita pela autoridade que delegou o feito. Nos casos em que o indiciado seja oficial, recairá sob segundo ou primeiro tenente, e nos demais casos o escrivão será sargento ou subtenente. 1.3.1 Compromisso legal – Art. 11, parágrafo único CPPM. O escrivão deverá prestar o compromisso de manter o sigilo do IPM e de cumprir as determinações do CPPM. 1.3.2 Atribuições do escrivão – Art. 21 CPPM Datilografar (digitar) as peças do IPM; Numerar e rubricar as folhas; Alocar as peças em ordem cronológica; Lavrar juntada de documentos e; Lavar o recebimento, certidão e conclusão. 1.4 Incomunicabilidade do Indiciado – Art. 17 CPPM De acordo com a doutrina e jurisprudência, o Artigo em análise não foi recepcionado, na medida em que a própria Constituição assegura que toda a prisão deverá ser comunicada imediatamente ao juiz competente (Art. 5°, LXII CRFB/88) e o preso terá o direito à assistência familiar bem como de constituir um advogado (Art. 5°, LXIII CRFB/88). Se no Estado de Defesa (Art. 136, § 3°, inciso IV CRFB/88), onde se verifica diversas restrições no que tange aos direitos fundamentais, a Constituição vedou a incomunicabilidade do preso, conclui-se então, que esse instituto no Estado INDÍCIOS Definição Art. 382 CPPM. Indício é a circunstância ou fato conhecido e provado, de que se induz a existência de outra circunstância ou fato, de que não se tem prova. Requisitos Art. 383 CPPM. Para que o indício constitua prova, é necessário: a. Que a circunstância ou fato indicante tenha relação de causalidade, próxima ou remota, com a circunstância ou o fato indicado; b. Que a circunstância ou fato coincida com a prova resultante de outro ou outros indícios, ou com as provas diretas colhidas no processo. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 27 | P á g i n a Democrático de Direito não deve prosperar, visto que se prevalece às garantias e os direitos fundamentais do individuo. 1.5 Detenção do Indiciado – Art. 18 CPPM Poderá o encarregado, independente de flagrante delito, deter o indiciado por até 30 (trinta) dias, devendo comunicar a presente prisão ao Juiz de Direito. Havendo a necessidade, devidamente fundamentada e a pedido do encarregado, poderá o Comandante de Área prorrogar o feito por mais 20 (vinte) dias. 1.6 Prazo Para Terminação do IPM – Art. 20 CPPM Indiciado preso: 20 (vinte) dias, contado a partir do dia em que se executar a ordem de prisão. Indiciado solto: 40 (quarenta) dias, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito, podendo ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela autoridade militar superior. A presente prorrogação visa complementar a investigação no que concerne aos exames, pericias e diligência não concluída. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo oportuno. O IPM pode ser devolvido pelo ministério público e pelo juiz de direito, para fins de requisição de diligências e preenchimento de formalidades, conforme Art. 26 CPPM, e o prazo será fixado por essas autoridades. 1.6.1 Dedução em favor dos prazos - Art. 20, § 3° CPPM. São deduzidos dos prazos, quando ocorre no curso do IPM, que o indiciado é superior ou mais antigo do que o encarregado. 1.7 Relatório – Art. 22 CPPM O IPM será encerrado por um relatório minucioso, confeccionado pelo encarregado, que irá concluir se há transgressão da disciplina ou indícios de crime, que neste último, representar pela conveniência da prisão preventiva. 1.8 Solução – Art. 22, § 1° CPPM No caso de delegação, o encarregado enviará o IPM à autoridade delegante para fins de homologação ou não, aplicando, quando necessário, penalidade disciplinar ou determinando novas diligências. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 28 | P á g i n a 1.9 Remessa – Art. 23 CPPM Por força do Sistema Acusatório adotado pela CRFB/88, o referido Artigo não foi recepcionado pela nova ordem constitucional, visto que o Ministério Público (Art. 129, inciso I CFRB/88) é considerado o verdadeiro destinatário do IPM. 1.10 Arquivamento A autoridade de policia judiciária militar não poderá mandar arquivar o IPM (Art. 24 CPPM), todavia o feito poderá ser proposto pelo Ministério Público e endereçado ao Juiz de Direito que poderá concordar ou não.1.11 Instauração de Novo IPM – Art. 25 CPPM O IPM arquivado poderá ensejar em investigações, se novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade. Súmula 524 STF Arquivado o inquérito policial, por despacho do Juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. . SAIBA MAIS... O Supremo Tribunal Federal fixou parâmetros para a investigação do MP. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=291563 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=291563 LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 29 | P á g i n a Exercícios 1- Em relação ao encarregado do IPM é CORRETO afirmar que: a) O encarregado do IPM sempre será um capitão. b) No IPM não existe o instituto da suspeição. c) Uma das atribuições do encarregado é requerer a prisão preventiva. d) O indiciado poderá ficar incomunicável. 2- Em relação ao prazo do IPM é CORRETO a firmar que: a) O prazo do IPM para indiciado preso é de 20 (vinte) dias prorrogáveis pelo mesmo período. b) O prazo do IPM para indiciado preso é de 20 (vinte) dias improrrogáveis. c) O prazo do IPM para indiciado solto é de 15 (quinze) dias prorrogáveis pelo mesmo período. d) O prazo do IPM para indiciado solto é de 40 (quarenta) dias improrrogáveis. 3- Em relação ao arquivamento do IPM é INCORRETO afirmar que: a) A Autoridade de Policia Militar não poderá arquivar o IPM. b) A Autoridade de Policia Militar poderá arquivar o IPM. c) O Ministério Público tem competência para propor o arquivamento do IPM. d) O Juiz de Direito pode ou não concordar com o arquivamento do IPM. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 30 | P á g i n a Aula 05 – Processo Penal Militar e sua Aplicação. 1. Prisão em Flagrante A morfologia da palavra flagrante deriva do latim flagrare (queimar) e flagrantis (ardente), diferentemente da prisão preventiva, a presente medida não depende de autorização judicial para sua efetivação. O referido procedimento administrativo tem sua previsão constitucional no Art. 5°, LXI CRFB/88 no qual se prevalece à liberdade, e a prisão como uma medida de exceção. No que tange ao CPPM, a prisão em flagrante encontra-se disciplinada nos Artigos 243 ao 253 do diploma legal em análise. 1.1 Espécies de Flagrante a. Flagrante Próprio (Art. 244 a) e b) CPPM): É aquele em que o agente está cometendo o crime ou acaba de cometê-lo, a presente expressão, deve ser interpretada por uma situação imediata. b. Flagrante Impróprio (Art. 244, c), CPPM): Também chamado de quase flagrante, quando ao agente é perseguido logo após ao delito, em situação que faça acreditar ser ele o seu autor. Para tanto, é importante consignar que a perseguição seja logo após o cometimento do fato delituoso, sem que ocorra qualquer solução de continuidade. c. Flagrante Presumido (Art. 244, d), CPPM): Nessa espécie não há necessidade de perseguição, o agente deve ser encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papeis que façam presumir a sua participação no fato delituoso. d. Flagrante Facultativo (Art. 243, primeira parte, CPPM): É quando uma pessoa não militar poderá prender quem esteja em flagrante delito. Registra-se nesse momento, que é uma faculdade, uma opção a ser pretendida. 1.2 Prisão em Flagrante em Infração Permanente (Art. 244, Parágrafo Único CPPM). Inicialmente, a infração permanente é aquela em que a consumação se estende pelo tempo e que o agente poderá cessa-la em qualquer momento. O agente cometendo uma infração permanente estará ele, em situação de flagrante delito. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 31 | P á g i n a 1.3 Lavratura do Auto (Art. 245 CPPM) São competentes para a lavratura do auto de prisão em flagrante, a saber: o Comandante, Chefe, Diretor, Oficial de Dia ou Oficial de serviço. Cabe aqui destacar, que o Presidente do auto de prisão em flagrante deverá recair sob o Oficial mais antigo do que o indiciado. 1.4 Ausência de Testemunhas (Art. 245 § 2° CPPM) A ausência de testemunha não impede a lavratura do auto de prisão em flagrante, no entanto, deverá ser assinado por 02(duas) testemunhas, pelo menos, que hajam testemunhado a apresentação do preso. 1.5 Recusa ou Impossibilidade de Assinatura do Auto (Art. 245 § 3° CPPM) Quando ocorre a recusa ou a impossibilidade de assinatura por parte do indiciado no momento da lavratura do auto de prisão em flagrante, será lido na presença do indiciado e assinado por 02 (duas) testemunhas instrumentárias. 1.6 Designação do Escrivão (Art. 245 § 4° CPPM) Quando o indiciado for Oficial a função de escrivão será designada para um Capitão ou um Oficial Subalterno; nos demais casos para um Subtenente ou Sargento. Observância dos Direitos Fundamentais do Preso – Art. 5° CRFB/88 - XLIX – é assegurado ao preso o respeito à integridade física e moral; - LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; - LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; - LXIV – o preso tem direito a identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; - LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 32 | P á g i n a 1.7 Falta ou Impedimento de Escrivão (Art. 245 § 5° CPPM) Na falta ou no impedimento de um escrivão, deverá a autoridade, designar uma pessoa idônea, que prestará o compromisso legal. 1.8 Nota de Culpa (Art. 247 CPPM) Dentro de 24 (vinte e quatro) horas após a prisão será entregue ao preso a nota de culpa, assinada pelo Presidente do auto de prisão em flagrante, expondo os motivos da prisão, bem como o nome do condutor e das testemunhas. No mesmo diapasão é a posição de Renato Brasileiro de Lima 6 Caso o preso não saiba, não possa ou não queira assinar, duas testemunhas assinarão o recibo pelo preso, atestando a entrega do documento (testemunhas instrumentárias). A nota de culpa de modo algum importa em confissão, nem tampouco que o preso esteja aceitando as acusações que lhe foram feitas quando de sua prisão. 1.9 Prisão em Lugar não Sujeito à Administração Militar (Art. 250 CPPM) Quando a conduta criminosa for praticada em local não sujeito à administração militar, poderá o auto de prisão em flagrante delito ser lavrado por um Delegado de Policia ou por uma Autoridade de Policia Militar mais próxima. 1.10 Remessa do Auto de Flagrante ao Juiz (Art. 251 CPPM) O auto de prisão em flagrante delito deverá ser remetido imediatamente ao juiz competente. Sobre o tema nos ensina Cícero Robson Coimbra Neves 7 6 DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 1308. 7 NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual de Direito Processual Penal Militar. São Paulo: Saraiva 2014, p. 315. Prisão em Flagrante Após a lavratura, o auto de prisão em flagrante será remetido, imediatamente, à autoridade judiciária militar competente, sob cuja disposição ficará o preso, comunicando-se o local do recolhimento à família ou a pessoa indicada pelo preso que terá direito à assistência de advogado que for indicado. Incabível a permanência do auto de prisão com a autoridade militar, “por cinco dias, se depender de diligências. ” (...). Lobão, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro:Forense, 2010, p. 322. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 33 | P á g i n a Para operacionalizar tal procedimento, é conveniente que, no primeiro expediente, a autoridade de policia judiciária militar encaminhe cópia do auto de prisão à Justiça Militar protestando pela utilização do quinquídio legal, permanecendo da posse dos originais. Deve-se lembrar que toda a prisão deve ser imediatamente comunicada à autoridade judiciária competente, sendo essa a função do encaminhamento de, ao menos, cópia do auto de prisão. 1.11 Entrega do Preso Após a lavratura do auto de prisão em flagrante, o Presidente irá determinar a apresentação do indiciado ao exame de corpo de delito, e após será encaminhado à prisão, exceto nos casos de liberdade provisória (Art. 253 CPPM). SAIBA MAIS... https://www.youtube.com/watch?v=lqAcUzDpFsM. http://www.jusmilitaris.com.br/uploads/docs/prisaoemflagrantedelito.pdf. https://www.brigadamilitar.rs.gov.br/Site/Estrutura/corregedoria/d%C3%BAvidas/ma nual_fla_delito.pdf https://www.youtube.com/watch?v=lqAcUzDpFsM http://www.jusmilitaris.com.br/uploads/docs/prisaoemflagrantedelito.pdf https://www.brigadamilitar.rs.gov.br/Site/Estrutura/corregedoria/d%C3%BAvidas/manual_fla_delito.pdf https://www.brigadamilitar.rs.gov.br/Site/Estrutura/corregedoria/d%C3%BAvidas/manual_fla_delito.pdf LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 34 | P á g i n a Exercícios 1- Correlacione: a) Flagrante Próprio b) Flagrante Impróprio c) Flagrante Presumido d) Flagrante Facultativo e) Flagrante Obrigatório ( ) Todo Militar é obrigado prender quem esteja em flagrante delito ( ) É encontrado, logo depois, com instrumentos e objetos. ( ) Qualquer pessoa poderá prende quem esteja em flagrante delito. ( ) É perseguido logo após o fato delituoso. ( ) É aquele que esta cometendo ou acaba de cometê-lo. 2- Em relação ao escrivão do auto de prisão em flagrante delito é CORRETO afirmar que: a) O militar designado para servir como escrivão, deverá prestar o compromisso legal. b) Qualquer pessoa, exceto os militares, ao ser designada para servir como escrivão, deverá prestar o compromisso legal. c) Somente o militar poderá ser designado como escrivão. d) O Subtenente poderá ser designado como escrivão de um auto de prisão quando o indiciado for um Tenente. 3- Em relação ao auto de prisão em flagrante delito é INCORRETO afirmar que: a) O prazo da entrega da nota de culpa é 24 horas após a prisão. b) A ausência de testemunha não impede a lavratura do auto de prisão. c) Não é obrigatória a apresentação do preso para exame de corpo de delito. d) Após a lavratura do auto de prisão, o auto deverá imediatamente ser remetido ao Juiz competente. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 35 | P á g i n a Aula 06 – Ação Penal Militar e seu Exercício. 1. Conceito de Ação Penal Militar Por não ter uma unanimidade na doutrina, filiamos aos ensinamentos de Renato Brasileiro de Lima 8 que conceitua: (...) ação penal é direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto (...). 2. Princípios da Ação Penal Militar a. Obrigatoriedade (Art. 30 CPPM) Estando presentes os indícios de autoria e materialidade, caberá o Ministério Público o devido oferecimento da denúncia. b. Indisponibilidade (Art. 32 CPPM) Uma vez o Ministério Público apresentado à denúncia, não poderá dispor da ação penal. Sobre o tema, precisa a lição de André Nicolitt ·. Como consequência lógica da obrigatoriedade destaca-se o princípio da indisponibilidade, pois de nada adiantaria obrigar o Parquet a promover a ação se permitido fosse desistir da mesma. Por isso, o principio da indisponibilidade decorre da própria obrigatoriedade. c. Intranscendência A ação penal só poderá alcançar o autor da infração penal militar, ou seja, não poderá alcançar os seus sucessores. d. Indivisibilidade Uma vez oferecida à denúncia, todos que participaram da ação delituosa serão denunciados, não podendo o Ministério Público escolher a quem denunciar. 8 DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 235. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 36 | P á g i n a 3. Condições da Ação Penal Militar a. Possibilidade jurídica do pedido O pedido ora pleiteado, deverá constar em nosso ordenamento jurídico. Não sendo plausível instaurar um processo penal militar, no âmbito dos Estados, onde figura como acusado um civil por crime militar, por exemplo, pelo crime de insubmissão (Art.183 CPPM). b. Legitimidade de agir O Ministério Público é parte legitima para propor a ação penal militar, conforme preceitua o Art. 29 CPPM. c. Interesse de agir Quando o Estado-Juiz é provocado pelo Estado ou pelo particular, buscando a punição do autor da infração penal militar. Vejamos Célio Lobão 9 sobre o assunto (...) Não se fazendo presente esse interesse, a ação penal militar não prosperará, quer na fase de sua propositura, quer durante a instrução e julgamento, quer na fase de recurso, ou mesmo, após a sentença transitada em julgado, reconhecida em ação de habeas corpus. 4. Espécies de Ação Penal Militar a. Ação penal militar incondicionada São a maioria dos crimes previstos no CPM, e de competência do Ministério Público para propor a ação penal, exemplo é o homicídio (Art. 205 CPM). b. Ação penal militar pública condicionada Não possui aplicabilidade na Justiça Militar Estadual, uma vez que envolvem como sujeito ativo os integrantes das Forcas Armadas, crimes contra a segurança nacional externa do pais. 9 Lobão, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 72. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 37 | P á g i n a c. Ação penal militar privada subsidiária da pública Com previsão no Art. 5° LIX CRFB/88, a presente ação se materializa quando ocorre a inércia do Ministério Público. 5. Denúncia É o documento pelo qual o Ministério Público expõe o fato criminoso e suas minúcias, com o intuito de promover a ação penal. Sobre o tema registra Célio Lobão 10 (...) Na denuncia, o MP descreve o fato delituoso com todas as suas circunstancias, em consonância com o que resultou comprovado na investigação realizada pela policia judiciária militar, isto é, a prova do crime e indicação do possível autor ou autores da infração penal (Arts. 129, I, da CF, 29 do CPPM e 121 do CPM). 5.1 Requisitos da Denúncia (Art. 77 CPPM) Há uma divergência entre os doutrinadores no que tange a admissão de outros requisitos, e o principal é a formulação da condenação pelo Ministério Público. A designação do juiz a que se dirigir; O nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado; O tempo e o lugar do crime; A qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição prejudicada ou atingida, sempre que possível; A exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; As razões de convicção ou presunção da delinquência; A classificação do crime; O rol das testemunhas. 5.2 Rejeição da Denúncia (Art. 78 CPPM) Para que a peça acusatória não se torne inépcia, deverá o Ministério Público adotar as seguintes providências, a saber; Se não contiver os requisitos expressos no Artigo anterior; 10 Lobão, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense,2010, p. 97. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 38 | P á g i n a Se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da justiça militar; Se já estiver extinta a punibilidade; Se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador. SAIBA MAIS... https://jus.com.br/artigos/21703/redigindo-uma-denuncia-de-acordo-com-o-codigo- de-processo-penal-militar. e http://www.jusmilitaris.com.br/uploads/docs/aditamdenuncia.pdf. https://jus.com.br/artigos/21703/redigindo-uma-denuncia-de-acordo-com-o-codigo-de-processo-penal-militar https://jus.com.br/artigos/21703/redigindo-uma-denuncia-de-acordo-com-o-codigo-de-processo-penal-militar http://www.jusmilitaris.com.br/uploads/docs/aditamdenuncia.pdf LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 39 | P á g i n a LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR 40 | P á g i n a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: • ASSIS, Jorge César de. Código de Processo Penal Militar anotado: artigos 1º ao 169. 2ª Ed. 3. Tir. Curitiba: Juruá, 2008. 1º v. • CHOUKR, Fauzi Hassan, Garantias Constitucionais na investigação Criminal. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2006. • LAZZARINI, Álvaro [org.]. Código de Processo Penal Militar. 4ª Ed. rev., atualizada e ampliada. São Paulo: RT, 2003. • Decreto lei 1.001 de 21de outubro de 1969. Exercícios 1- São condições da ação penal militar: a) Possibilidade jurídica do pedido, legitimidade de agir e interesse de agir. b) egitimidade de agir, interesse agir e existência de crime comum. c) Possibilidade jurídica do pedido, legitimidade de agir e requisição de diligências. d) Legitimidade de agir, interesse de agir e indícios de autoria. 2- Em relação à ação penal militar incondicionada é CORRETO afirmar que: a) É promovida pela vitima b) Somente pode ser promovida pelo Ministério Público c) Pode ser promovida pelo Comandante Geral d) É espécie de ação privada subsidiaria de pública 3- “O Ministério Público se impõe o dever de oferecer a denúncia caso identifique os indícios de autoria e materialidade”. Diante desta afirmativa marque o princípio correspondente. a) Indisponibilidade. b) Obrigatoriedade. c) Indivisibilidade. d) Oficialidade.
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