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Ana Izabel - Resumo texto 2 Marilena

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Texto 2: O homem cordial: um mito destruído a força - Marilena Chauí
Publicado na década de 1980, uma época que ainda fosse ditatorial e que a mídia tivesse a principal função de veicular a ideologia dominante, os jornais possuíam espaços para que alguns pensadores intelectuais “divergentes” se manifestassem. 
O texto nos mostra como “mito” vem sido construído desde os primórdios do caldo cultural brasileiro e que neste caldo um traço é expressivo e repassado: o autoritarismo. É o tipo de narração desse mito que mostra certa escamoteação da nossa sociedade brasileira, uma forma que renega a nossa violência a partir de uma camuflagem sistemática: um imaginário criado a partir de imagens de nossa fundação que são resistentes ao tempo, um Brasil harmonioso e sem conflitos. 
É a partir das 3 raças valiosas (corajoso índios, estoicos negros e sentimentais lusitanos) que o Brasil em seu aspecto cultural, econômico e político transborda uma série de estereótipos e esse movimento de adjetivar mostra a intenção da construção brasileira e consequentemente, o conjunto de preconceitos que são incorporados pela sociedade. 
O mito é marcado pela construção da mestiçagem e a grandeza do território ou seja, aquela breve acepção de que o povo foi misturado sem resistências e de forma consensual, que não houve lutas, a concepção de um povo “mestiço e feliz” cuja raiz é a das mais variadas; aqui não se leva em conta é claro, a forte repressão da cultura afro-indígena e seu extermínio. – mito fundador: sagração da natureza, da história e do governante: a obra de Deus, ou seja, a natureza; a palavra de Deus, a história e a vontade de Deus, o Estado.
A construção territorial, que se desenrola desde o período colonial, tem a ligação com a ideia de Fundação cuja referência é um passado imaginário que não se pauta em transformações, mas algo que permanece continuamente, aqui não tem a ideia de luta de classes, mas sim de uma harmonia constante. Aqui há o esboço da sagração da natureza, do governante como algo abençoado por Deus aqui o espelho é a própria Europa, um rascunho que migrou para o Brasil. 
É nesse movimento que a autora procura identificar traços políticos contemporâneos à luz do passado: o que se conseguiu construir no ponto de vista da soberania nacional onde a voz do povo nunca foi ouvida, mas as decisões sempre foram outorgadas pela elite. 
Os traços autoritários da sociedade autoritária: 
- Matriz senhorial da colônia, divisões sociais naturalizadas cujas desigualdades são naturais. 
- Relações privadas, fundadas no mando/obediência, o favor/tutela. 
- Cultura senhorial e estamental: a ideologia da cooperação e a colaboração entre capital e trabalho sob vigilância do Estado, há que se destacar que a nossa história é contada sempre a partir da ótica do vencedor, a exemplo disso é o reflexo da Europa em nosso território: a comida, a arte, a moda, etc. 
- Mando/obediência passou a fazer parte das reações sociais e salarial “fazer uma faxina por um prato de comida”. 
*A construção do mito de não violência brasileira, por dispositivos ideológicos:
1)Considerando a violência como acidental e não como constitutiva da sociedade de classes
2)Justificando a exclusão e historicidade dos sujeitos violentos 
*A história oficial do país, construída de modo linear, contínuo e progressivo (a partir da imagem que a classe dominante tem de si mesma):
•“história do vencedor e de sua memória, silêncio e destruição dos vencidos, eis uma violência jamais contestada, jamais mencionada”
•“Desigualdade econômica que divide a sociedade entre a miséria absoluta e a absurda concentração da riqueza, discriminação racial e sexual, discriminação de classe, atrelamento dos sindicatos ao Estado, etc.”
•A construção de violência

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