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1 Aula de Dentística III

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1º Aula de Dentística III – Técnicas de Instrumentação de Preparos para Restaurações Indiretas
O que é uma restauração direta? É aquela que você vai abrir o preparo e fazer a restauração no próprio consultório. Não é feita em laboratório.
Nem sempre é possível fazer restauração direta, às vezes o desgaste é muito grande, ou o dente está muito destruído, dessa forma deve-se fazer coroas diretas, próteses unitárias ou podem envolver mais de um dente. 
Indireta -> você faz o preparo na boca do paciente, mas a restauração não é você quem vai fazer. Você vai moldar e enviar para o laboratório, o qual vai fazer a restauração/prótese e você vai cimentar na boca do paciente.
Em dentes de um paciente que apresenta bruxismo não é indicado restauração direta, pois a resina irá desgastar muito rápido, seria melhor fazer indireta. Ou paciente que é alérgico a metilmetacrilato, um dos componentes da resina composta, então terá que usar uma coroa de porcelana, restauração indireta. 
A restauração indireta é mais indicada para perdas extensas, por exemplo quando perde muito tecido dentário. Pré-molar que tem lesão cariosa -> restaurar (Quando a distância da lesão, em comparação com a distância da cúspide, é de até 1/3 a gente usa resina, amálgama, ionômero de vidro. Quando vai para metade da distância intercuspídea pode usar restauração direta, porém, existe maior chance de fratura da ponta do remanescente dentário. E quando a lesão ocupa mais da metade ou quase toda a extensão do istmo, para isso, ao invés de você remover só a parte cariada, você fará um preparo para remover as duas pontas das cúspides, e a restauração evitará que uma força quebre esse remanescente dentário, ela deverá cobrir essas duas cúspides para que aumente a resistência).
Quais são os parâmetros que servem de apoio para decidir se será feita uma restauração direta ou indireta? 
1º Espessura da Dentina sobre a Cúspide: você vai remover muita dentina cariada e não sobra nada daquela cúspide, a espessura fica muito pequena, se for fazer uma restauração direta vai fraturar o pedaço que sobrou.
2º Qualidade do Esmalte que Reveste a Cúspide: esse esmalte é friável, é uma material hipocalcificado, sem resistência, se for fazer uma restauração sobre esse esmalte friável, e na primeira contração da resina, a restauração descolará desse esmalte, vai formar uma fenda que resultará em infiltração.
A espessura da dentina não deve ser menor do 2mm, se for menor deve-se fazer restauração indireta. Uma coisa é a dentina de proteção pulpar, que quando tem 0,5mm é profunda.
Cúspide de Contenção Cêntrica: são as cúspides que vão exercer força durante os movimentos de trabalho. Para zonas de maior esforço, tem que ter pelo menos 2 mm de dentina. 
Observar se o esmalte tem trinca (acontece mais em incisivo central), caso ele tenha isso você deve envolver o esmalte fraturado para você ter maior previsibilidade em frente as forças oclusais. 
3º Local do Contato Oclusal: evitar contato oclusal sobre as bordas das restaurações. Para dentística indireta, se o contato de um dente posterior está sobre a borda da sua restauração, esse contato deve ser ampliado. 
- Estética: alterações visuais significativas na região vestibular. Englobar o defeito que tem no preparo, porque não tem lógica desgastar bastante o dente e deixar o dente feio. Ampliar o preparo na vestibular. 
- Tratamento endodônticos: ex. pré-molar naturalmente já tem uma cúspide vestibular alongada, quando vai fazer o preparo, a tendência é aumentar essa cúspide, e quando fizer um tratamento endodôntico ela ficará ainda mais longa. Dentes que têm preparo endodôntico ficam com as cúspides alongadas, principalmente se o preparo for MOD (a gente tenta ao máximo preservar as cristas marginais, pois elas são estruturas de força do dente), então se as cristas marginais foram removidas e foi feito tratamento endodôntico, esse dente poderá fraturar. 
- Hábitos Parafuncionais: são sobrecargas nas vertentes trituras. O paciente tem bruxismo, faz apertamentos dentários severos, tende a trincar o esmalte do dente ou vai ter um desgaste grande se tentar fazer restaurações diretas. 
A dimensão vertical desse paciente começa a diminuir. 
São 5 os princípios biomecânicos para preparos indiretos. E tem também os mecânicos que são: 
1- Retenção: capacidade que o preparo tem de evitar que a coroa saia no sentido axial, ou seja, num único sentido.
O preparo deve apresentar certas características que impeçam o deslocamento axial da restauração quando submetida à força de tração. Depende basicamente de atrito, ou seja, do contato existente entre as superfícies internas da restauração e as externas do dente preparado, isso é chamado de retenção friccional. Quanto mais paralelas forem as paredes do seu preparo, maior vai ser a retenção. Se a parede for 100% paralela não será possível encaixar a restauração, a retenção é tão alta que ela impede a saída e a entrada, então essas paredes não podem ser totalmente paralelas, elas devem ter uma inclinação, dependendo da área do preparo, variando entre 3 e 15º. Para fazer isso, existem brocas com inclinações diferente, a broca deve entrar paralela, mas ela já terá essa inclinação de 10º, por exemplo. 
Quanto mais convergente para oclusal, menor a retenção. 
Preparos cônicos, como no dente lateral conóide, não tem uma estrutura boa pra fazer preparo. A solução nesse caso é fazer canaletas, as quais aumentam a retenção e aumenta a área de superfície. 
Conicidade de 3º nas paredes circundantes. Quanto maior for o paralelismo, maior a retenção, porém, se ele for muito exacerbado a coroa não encaixa. 
2- Resistência e Estabilidade: é a capacidade que esse preparo tem de evitar que a coroa rotacione ou desloque pelas laterais. 
A forma de resistência e estabilidade dada ao preparo evita o deslocamento da restauração quando for submetida à forças oblíquas, que podem provocar a rotação da restauração. 
Quando que as forças oblíquas aparecem? Por exemplo, no momento da mastigação. Quando uma força é incidida na lateral da restauração, ela não se move, se tiver a mesma força num ponto da restauração, o lado oposto vai deslocar. Não é força de tração, mas sim de deslocamento. 
A parede oposta a incidência da força de carga, quanto maior for a área da parede, maior a resistência. Enquanto na força de tração todo o preparo é envolvido, para as forças de resistência e estabilidade é só a parede oposta do corpo onde a força foi aplicada.
3- Rigidez Estrutural: pode se referir tanto a coroa em si quanto o remanescente dentário do dente. O preparo deve ser executado de tal forma que a restauração apresente espessura suficiente de metal para coroas metálicas, e metal e porcelana para coroas de metaloporcelana, para resistir a forças mastigatórias e não comprometer a estética e nenhuma estrutura dental, por isso o desgaste deve ser feito seletivamente de acordo com as necessidades estéticas. 
Coroas de lente de contato só podem ser feitas para dentes anteriores e para vestibular, elas fraturam se forem feitas em dentes posteriores. Facetas de lente de contato são tão delicadas que elas podem fraturar no momento da cimentação.
Quando se está fazendo coroas de porcelas, ou metaloporcelanas, elas devem ter uma espessura mínima, e essas espessuras vão variar de acordo com a área do dente, ou seja, num dente anterior na borda incisal a espessura deve ser maior, no corpo é de 1,5mm e na borda, término, 1mm de material restaurador. Em dentes posteriores é a mesma coisa, como a área é maior usa 1,5 a 2mm na ponta de cúspide, 1mm ou 1,5 no corpo e 1mm no término cervical.
Se for uma cúspide de contenção cêntrica aumenta de 1mm para 1,5mm, durante o preparo, para que ele fique homogêneo, a cúspide de contenção cêntrica acaba ficando 1,5mm mais rebaixada. 
Quando o protético pega o troquel, ele aplica várias camadas de porcelana, a primeira é a porcela estrutal, depois porcelana pra dentina, porcelana pra esmalte para conseguir dar todas as características de visuais de nuances dos dentes, para isso é necessárioestrutura para trabalhar, se não você não consegue mimetizar o dente homólogo. 
4- Integridade Marginal: toda restauração indireta que você faz o calcanhar de aquiles é sempre a margem da mesma, restaurações de coroas infiltram. A coroa se não está bem adaptada, possui uma espessura muito grande de cimento, o qual com o tempo ele dissolve, e começa a aparar restos de alimentos, formando biofilme podendo ocasionar o aparecimento de cálculo, as bactérias começam a degradar. Então, quando fizer o preparo a margem deve ser lisa, polida e muito bem adaptada à prótese. 
Margens inadequadas facilitam a instalação de processo patológico no tecido gengival, que por sua vez irá comprometer a obtenção de próteses bem adaptadas. Deve estar adaptada de forma correta e com uma linha mínima de cimento, para que a prótese possa estabelecer função em um ambiente biológico desfavorável que é a boca.
Não depende só do paciente, ele pode escovar os dentes muito bem, mas se você fez um mal preparo continua infiltrando. 
No final do preparo, há a comunicação entre a área preparada e o dente hígido, é chamada de término de preparo.
Terminações Cervicais 
Ombro arredondado: é chamado de ombro porque é a parte reta e depois vem a área arredondada. Brocas 3100 ou 3099
Parede axial forma ângulo de 90º com a cervical, em preparos para coroas de porcelana.
Término chanfrado: parte reta passa para parte arredondada. É o ideal. Brocas pontas diamantadas 3216 e 2215 ou 2214
Maioria das situações clínicas, espessura suficiente para acomodar metal e faceta estética, melhor adaptação e escoamento para o cimento, coroas metalocerâmicas com ligas básicas, para MOD com proteção de cúspides. 
3216 e 2215 dão exatamente o mesmo término com a mesma a mesma espessura. As parades da broca 2215 são paralelas, as paredes da 3216 já te dá a conicidade 3º, ou seja, você pode entrar com a broca paralela ao longo eixo do dente. 
A 2214 e a 3215 possuem espessuras iguais e o término também vai ser igual. 
Terminações periféricas em ombros: a parede axial vai formar um ângulo de 90º com a cervical em preparos de coroas de porcelana, cerâmica ou ouro. 
Princípios Biológicos 
- Preservação do órgão pulpar: quando for fazer preparo em um dente vital, de nada adianta fazer um preparo que seja tão agressivo que tire a vitalidade do dente, se desgastar muito a dentina, gerar bastante calor, poderá “matar” a polpa. 
Preservar a vitalidade da polpa e uma técnica de preparo que possibilite desgastes seletivos das faces do dente em função das necessidades estéticas e funcionais. 
- Preservação da saúde periodontal

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