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RODRIGO BERNARDES BONACIN CONTROLE ESCALAR DE UM MOTOR CA COM ESTIMADOR DE VELOCIDADE LONDRINA–PR 2014 RODRIGO BERNARDES BONACIN CONTROLE ESCALAR DE UM MOTOR CA COM ESTIMADOR DE VELOCIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado em Engenharia Elé- trica da Universidade Estadual de Londrina como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Dr. Newton da Silva LONDRINA–PR 2014 Rodrigo Bernardes Bonacin Controle Escalar de um Motor CA com estimador de velocidade / Rodrigo Bernardes Bonacin. – Londrina–PR, 2014- 96 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Newton da Silva – Universidade Estadual de Londrina, 2014. CDU 02:141:005.7 RODRIGO BERNARDES BONACIN CONTROLE ESCALAR DE UM MOTOR CA COM ESTIMADOR DE VELOCIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado em Engenharia Elé- trica da Universidade Estadual de Londrina como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Elétrica. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Newton da Silva Universidade Estadual de Londrina Orientador Prof. Dr. Ruberlei Gaino Universidade Estadual de Londrina Prof. Dr. Márcio Roberto Covacic Universidade Estadual de Londrina Londrina–PR, 6 de novembro de 2014 LONDRINA–PR 2014 À minha família que, com muito carinho e apoio, não mediu esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Agradeço a meus irmãos, tias, tios, avós e minha namorada que nos momentos de minha ausência dedicados ao estudo superior, sempre fizeram entender que o futuro é feito a partir da constante dedicação no presente. Agradeço ao meu orientador Professor Doutor Newton da Silva pela amizade desenvolvida, pela oportunidade concedida, confiança e apoio na elaboração deste trabalho em todas as suas etapas. Meus agradecimentos em especial aos amigos Reginaldo Forti, Paulo Henrique Orlandini, Jean C.F. dos Santos, Willian Bispo, André Navarro, Vitor S. Lovo, Gabriel Chapecó e Leonardo Mendes, companheiros de trabalhos e irmãos na amizade que fizeram parte da minha formação e que vão continuar presentes em minha vida. Agradeço aos professores pelo ensinamentos, os quais me proporcionaram chegar até aqui. Aos técnicos e os demais profissionais da Universidade Estadual de Londrina que proporcionaram o ambiente para minha formação. Agradeço a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. BONACIN, R. B.. Controle Escalar de um Motor CA com estimador de velocidade . 96 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Bacharelado em Engenharia Elétrica – Universidade Estadual de Londrina, 2014. RESUMO A proposta do trabalho é a implementação de um controle escalar em um motor CA. Esta técnica é conhecida como controle V/F. A velocidade do motor é constante a partir do sinal que representa a sua velocidade, que serve de realimentação para geração de um sinal variável em frequência e amplitude que será sintetizado por um inversor trifásico. A estrutura física para implementação desse sistema é composta por um inversor trifásico comandado pelo processador de sinais digitais TMS320F28335 da Texas Instruments, que estima a velocidade do motor através da aquisição dos sinais de corrente. Toda a parte de controle é implementada através do programa do controlador em um ambiente visual de alto nível que gera o código necessário ao processador. Para aprofundamento dos conceitos e melhor entendimento de cada parte do projeto, foi feita uma revisão de literatura sobre os conversores CC/CA trifásicos, os métodos de controle de velocidade, a modelagem dos motores de indução trifásicos, sobre a técnica de modulação por largura de pulso e programação em alto nível. Ao final deste trabalho, é possível verificar e comparar os resultados experimentais obtidos na simulação e nos testes realizados num motor de indução trifásico de 13 cv disponível em bancada, demonstrando a validade e as vantagens de sua aplicação. Palavras-chave: Controle escalar. Inversor trifásico. DSC TMS320F28335. BONACIN, R. B.. Scalar Control of an AC motor with speed estima- tor. 96 p. Final Project (Undergraduation). Bachelor of Science in Electrical Engineering – State University of Londrina, 2014. ABSTRACT The proposed work is the implementation of a scalar control for an AC motor. This technique is called V/F control. The motor speed is constant from the signal representing the speed, which serves for generating the feedback signal by a variable frequency and amplitude that is synthesized by a three-phase inverter. The physical structure for implementation of this system is composed of a three-phase inverter controlled by a digital signal processor from Texas Instruments TMS320F28335, that estimates the motor speed by acquiring current signals. Everywhere, control is implemented through the controller in a high-level visual environment that generates the necessary code to the processor program. To deepen the concepts and better understand each part of the project, a literature review was made on the DC/AC three phase converters, methods of speed control modeling of induction motors, the technique of width modulation pulse and high-level programming. At the end of this work, you can check and compare the experimental results obtained in simulation and in tests on a three phase induction motor 13 hp available in countertop, demonstrating the validity and advantages of their application. Keywords: Scalar control. Three-phase inverter. DSC TMS320F28335. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Curva Conjugado x Rotação (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 2 – Campo Girante (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Figura 3 – Campo Girante em máquina de 4 polos (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . 28 Figura 4 – Modelos de Circuitos para Motor de Indução (POMÍLIO, 2014) a)Circuito do rotor, b)Com rotor e estator separados, c)Com rotor refletido ao lado do estator. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Figura 5 – Modelo simplificado, por fase, do motor de indução (POMÍLIO, 2014). 30 Figura 6 – Característica torque-velocidade de máquina de indução (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Figura 7 – Máquina de rotor enrolado (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . 35 Figura 8 – Característica torque versus velocidade para diferentes valores de resis- tência de rotor (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Figura 9 – Curva torque versus velocidade (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . 36 Figura 10 – Controle da tensão do estator por inversor (a) e controlador CA (b) (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Figura 11 – Característica torque versus velocidade com controle de frequência (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Figura 12 – Característica torque versus velocidade com controle de tensão/frequência (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Figura 13 – Característica torque versus velocidade com acionamento por controle de corrente (POMÍLIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Figura 14 – Chaves semicondutoras para inversores de tensão e de corrente (POMÍ- LIO, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 15 – Controle IFOC para velocidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Figura 16 – Blocodiagrama do inversor de frequência (DINIZ, 2014). . . . . . . . . 44 Figura 17 – Inversor genérico (OLIVEIRA, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Figura 18 – Característica de tensão de alimentação no retificador (a) Monofásico (b) Trifásico (DINIZ, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 19 – Retificador (a) Tensão de entrada (b) Retificador não controladoe (c) Tensão de saída (DINIZ, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 20 – Circuito Intermediário - Fonte de corrente (a)Tensão de entrada (b) Reator do circuito intermediário e (c) Corrente de saída com nível CC ajustável (DINIZ, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Figura 21 – Circuito Intermediário - Fonte de tensão (a)Tensão de entrada (b) Capacitor do circuito intermediário e (c) Tensão de saída (DINIZ, 2014). 47 Figura 22 – Modulação PWM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Figura 23 – Modulação PWM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Figura 24 – Diagrama de blocos do protótipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 25 – Imagem da bancada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Figura 26 – Inversor trifásico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Figura 27 – Modelo elétrico do retificador monofásico. . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Figura 28 – Kit DSC TMS320F28335. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Figura 29 – Exemplo do ambiente de simulação do Matlab / Simulink. . . . . . . . 57 Figura 30 – Diagrama de blocos do controle em malha aberta. . . . . . . . . . . . . 58 Figura 31 – Sinais de frequência e amplitude convertidos de analógico para digital . 59 Figura 32 – Rampa gerada pelo sinal de frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Figura 33 – Bloco do seno e cosseno sintetizados pela rampa. . . . . . . . . . . . . 60 Figura 34 – Bloco da Transformada Inversa de Clarke. . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 35 – Bloco do estimador do ângulo de posição do rotor (TEXAS INSTRU- MENTS, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Figura 36 – Controle de Campo Orientado de PMSM (TEXAS INSTRUMENTS, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Figura 37 – Controle de Campo Orientado Sensorless de PMSM (TEXAS INSTRU- MENTS, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Figura 38 – Estimador de posição baseado no fluxo do rotor do Sliding Mode (TE- XAS INSTRUMENTS, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Figura 39 – Coordenadas e vetores de tensão e de corrente de PMSM (TEXAS INSTRUMENTS, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Figura 40 – Circuito do estimador do ângulo de posição do rotor. . . . . . . . . . . 67 Figura 41 – Bloco do estimador de velocidade a partir do ângulo estimado do rotor (TEXAS INSTRUMENTS, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Figura 42 – As formas de onda da posição do rotor em ambos os sentidos. (TEXAS INSTRUMENTS, 2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Figura 43 – Circuito do estimador de velocidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Figura 44 – Sinal da tensão alternada da rede. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Figura 45 – Sinal da Tensão de entrada retificada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Figura 46 – Retificador Monofásico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Figura 47 – Módulo IGBT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Figura 48 – Inversor utilizado no protótipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Figura 49 – Tensão de Linha entre as fases A e B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Figura 50 – Tensão da Fase B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Figura 51 – Sinal de corrente de linha da fase A e B. . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Figura 52 – Motor utilizado em bancada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Figura 53 – Sinal da tensão da rede retificada com o dobrador de tensão. . . . . . . 77 Figura 54 – Sinal da tensão de linha entre as fases A e B. . . . . . . . . . . . . . . 77 Figura 55 – Sinal da tensão da fase B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Figura 56 – Sinal da corrente de linha das fases A e B. . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Figura 57 – Protótipo com o neutro do motor com a referência do inversor. . . . . . 79 Figura 58 – Sinal da tensão de linha entre as fases A e B. . . . . . . . . . . . . . . 79 Figura 59 – Sinal da tensão da fase B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Figura 60 – Controle em malha aberta com estimador. . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Figura 61 – Placa de condicionamento de sinais de corrente. . . . . . . . . . . . . . 81 Figura 62 – DSC TMS320F28335. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Figura 63 – Bloco da transformada de Clarke. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Figura 64 – Ângulo de posição do rotor estimado simulado no PSIM. . . . . . . . . 83 Figura 65 – Ângulo de posição do rotor estimado simulado no Matlab / Simulink. . 83 Figura 66 – Ângulo de posição do rotor estimado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Figura 67 – Sinal do bloco que estima a velocidade a partir do ângulo de posição do rotor simulado no Matlab / Simulink. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Figura 68 – Sinal do bloco que estima a velocidade a partir do ângulo de posição do rotor simulado no PSIM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A/D Analógico/Digital BEMF Força Eletromotriz CA Corrente Alternada CC Corrente Contínua CC/CA Corrente contínua/Corrente alternada CI Circuito integrado CPU Unidade de Processamento Central CV Cavalo Vapor D Razão Cíclica D/A Digital/Analógico DFOC Controle Orientado de Campo Direto DSP Processador de Sinais Digitais DSC Controlador de Sinais Digitais DTC Controle de Torque Direto GTO Tiristores com a Porta Desligada IFOC Controle Orientado de Campo Direto IGBT Transistor Bipolar de Porta Isolada PMSM Motor Sincrono Magnético-Permanente PWM Modulação por Largura de Pulso rpm Rotações por Minuto V/F Tensão/Frequência LISTA DE SÍMBOLOS 𝑒𝑠 Vetores BEMF (alfa/beta) 𝐸𝑓 Tensão de alimentação 𝑓0 Frequência de corte do filtro 𝑓1 Frequência fundamental da tensão estatórica 𝑓 Frequência da rede 𝑓𝑏 Frequência base 𝑓𝑐 Frequência de corte 𝑓𝑒 Frequência da corrente no estator 𝑓𝑓 Frequência fundamental da tensão de alimentação 𝑓𝑟 Frequência da corrente no rotor I Corrente rotórica 𝐼2 Matrix identidade 2x2 𝐼𝑛 Corrente nominal 𝐼 ′𝑟 Corrente do rotor 𝑖𝑠 Corrente real do motor 𝑖𝑠 Corrente estimada alfa/beta 𝐾11 Constante (depende do material e do projeto da máquina) k Parâmetro do ganho de controle do escorregamento K Constante de torque de número de pólos, enrolamentos, unidades em- pregadas, etc L Indutância do estator 𝐿𝑚 Indutância de magnetização n Velocidade de rotação mecânica N Velocidade síncrona p Número de pares de pólos 𝑃𝑐 Perdas no material ferromagnético 𝑃𝑔 Potência no entreferro 𝑃𝑖 Potência de entrada 𝑃𝑛 Potência nominal 𝑃𝑜 Potência de saída 𝑃𝑠 Perdas no cobre R Resistência de fase do estator 𝑅𝑚 Resistência relacionada às perdas no ferro 𝑅𝑟 Resistência do enrolamento 𝑅𝑠 Resistência do enrolamento do estator s Escorregamento S Escorregamento percentual 𝑠𝑚𝑎𝑥 Escorregamento máximo T Período de amostragem 𝑇𝑑 Torque desenvolvido 𝑇𝑜 Torque 𝑇𝑜𝑛 Intervalo de tempo que a função é não nula 𝑇𝑠 Período da função 𝑇𝑚𝑚 Torque de carga 𝑇𝑚𝑎𝑥 Torque máximo 𝑉1 Tensão estatórica 𝑉𝑛 Tensão nominal 𝑉𝑝 Valor de tensão pico 𝑉𝑐𝑐 Tensão retificada CC 𝑉𝑒𝑓 Valor eficaz da tensão de entrada 𝑉𝑓𝑛 Tensão de fase 𝑉𝑟𝑚𝑠 Valor da tensão de linha 𝑋𝑚 Reatância de magnetização 𝑋𝑟 Indutância de dispersão 𝑋𝑠 Reatância de dispersão 𝑋𝑟𝑏 Reatância a rotor bloqueado z Gerador de controle impulsionado por erro entre a corrente estimada do motor e a corrente real. 𝛼 Componente alfa 𝛽 Componente beta 𝜂 Rendimento 𝜃𝑒 Ângulo do rotor estimado 𝜏𝑐 Constante de tempo do filtro passa baixa 𝜐*𝑠 Tensão do estator do eixo das componentes alfa e beta (Valpha/Vbeta)cos 𝜃𝑠 Ângulo entre tensão e corrente 𝜑𝑚 Fluxo de magnetização cos 𝜑 Fator de potência 𝜔 Frequência angular 𝜔𝑒 Posição do rotor 𝜔𝑒 Velocidade do rotor SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.2 Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.4 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.5 Estrutura do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.1 Motores de Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.2 Vantagens do Motor de Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.3 Aplicações dos Motores de Indução Trifásicos . . . . . . . . . . 26 2.4 Máquina de Indução Trifásica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.5 Tipos de Acionamento das Máquinas de Indução . . . . . . . . 32 2.5.1 Chave Estrela - Triângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.5.2 Partida Eletrônica (Soft-Starter) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.5.3 Partida usando o Inversor de Frequência . . . . . . . . . . . . . 33 2.6 Métodos de Controle de Velocidade de um Motor de Indução 34 2.6.1 Controle pela Resistência do Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.6.2 Controlador da Tensão do Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.6.3 Controle pela Variação da Frequência do Estator . . . . . . . . 37 2.6.4 Controle da Tensão e da Frequência . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2.6.5 Controle da Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.7 Controle do Modelo Dinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 2.7.1 Algumas Formas de Controle Vetorial . . . . . . . . . . . . . . 42 2.7.2 Controle Vetorial de Campo Orientado Indireto . . . . . . . . . 43 2.8 Inversores de Frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 2.8.1 Retificador de Entrada e Link CC . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2.8.2 Circuito Intermediário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 2.8.2.1 Inversores fonte de corrente (I-converters) . . . . . . . . . . . . . . . . 46 2.8.2.2 Inversores fonte de tensão (U-converters) . . . . . . . . . . . . . . . . 46 2.9 Técnicas de Modulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 2.9.1 Modulação PWM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 2.9.2 Geração do PWM Senoidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 2.10 DSP - Processador Digital de Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . 49 2.10.1 Principais Características do DSP . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 2.10.2 Apresentação do TMS320F28335 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 2.10.3 Compilador para o TMS320F28335 . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 2.11 Driver . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 2.12 Conclusão do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 3 DESENVOLVIMENTO PRÁTICO . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.2 Diagrama de blocos do Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.2.1 Princípio de Funcionamento do Protótipo . . . . . . . . . . . . 54 3.2.1.1 Inversor trifásico para alimentação do motor trifásico . . . . . . . . . 54 3.2.1.2 Comando para acionamento das chaves . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.2.1.3 Programação do processador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 3.3 Controle em Malha Aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 3.3.1 Relação V/F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 3.4 Controle em Malha Aberta com o Estimador de Velocidade . . 61 3.4.1 Estimar o Ângulo de Posição do Rotor . . . . . . . . . . . . . . 62 3.4.2 Estimar a Velocidade a Partir do Ângulo de Posição do Rotor 67 3.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 4.1 Funcionamento do Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 4.1.1 Protótipo com o Retificador Monofásico . . . . . . . . . . . . . 71 4.1.2 Protótipo com o Retificador Dobrador de Tensão . . . . . . . 76 4.1.3 Protótipo com o Retificador Dobrador de Tensão com o Neu- tro Ligado ao Neutro do Motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 4.2 Controle do Protótipo com o Estimador . . . . . . . . . . . . . . 80 4.3 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 6 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 APÊNDICES 92 APÊNDICE A – SCRIPT DO ESTIMADOR DE POSIÇÃO DO ROTOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 APÊNDICE B – SCRIPT DO ESTIMADOR DE VELOCI- DADE A PARTIR DA POSIÇÃO DO RO- TOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 ANEXOS 95 ANEXO A – PRIMEIRA PÁGINA DO DATASHEET DO IRAMS10UP60A . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 18 1 INTRODUÇÃO GERAL 1.1 Introdução Máquinas de corrente alternada, em especial a máquina de indução, possuem como caracteríticas serem construtivamente simples e robustas, quando comparadas com as máquinas de corrente contínua (POMÍLIO, 2014), além de que apresentam menor massa, para um mesmo valor de potência, o que gera um custo menor para sua aquisição e manutenção. Quando é realizado um acionamento controlado, os conversores e sistemas de controle necessários são mais complexos do que aqueles utilizados em máquinas de corrente contínua, portanto, é necessário uma plataforma de alimentação da máquina para ser controlada. O controle de sua velocidade necessita da variação de parâmetros dos sinais de alimentação da máquina como a frequência e a amplitude. A alimentação e o controle de uma máquina de corrente alternada mais usual é feito pelo uso de um conversor corrente contínua/ corrente alternada. Resumidamente, este conversor nada mais é que um inversor trifásico comandado por sinais de controle gerados por um processador. As estratégias de controle comumente utilizadas nos conversores são: ∙ Controle Escalar: baseia-se no conceito original do conversor de frequência: impõe no motor uma determinada tensão/frequência, visando manter a relação V/F constante. O controle é realizado em malha aberta e a precisão da velocidade é função do escorregamento do motor, que varia em função da carga, já que a frequência no estator é imposta. O controle escalar é o mais utilizado, devido à sua simplicidade e ao fato de que na maioria das aplicações não requer alta exatidão e/ou rapidez no controle de velocidade (WEG, 2006). ∙ Controle Vetorial: possibilita atingir um elevado grau de exatidão e rapidez no controle do torque e da velocidade do motor. O controle decompõe a corrente do motor em dois vetores: um que produz o fluxo magnetizante e outro que produzem torque, regulando separadamente o torque e o fluxo (WEG, 2006). O controle escalar apresenta uma estrutura mais simples, cujas principais caracte- rísticas consistem no seu baixo custo de implementação e no erro de regime permanente reduzido (KRAUSE, 2013). A metodologia de controle Proporcional-Integrador (PI) é usu- almente empregada na estratégia de controle escalar V/F de motores de indução trifásicos (Krishnan, 2001; Trzynadlowski, 2001). Entretanto, além do projeto de um controlador convencional solicitar o modelo matemático da planta do sistema, a dificuldade de se identificar os parâmetros precisos de um comportamento complexo, não-linear e variante Capítulo 1. Introdução Geral 19 no tempo, as quais são inerentes a uma planta real, pode tornar o processo de ajuste fino dos parâmetros dos controladores muito dispendioso (Dazhi et alii, 2004; Callai et alii, 2007). As principais diferenças entre os dois tipos de controle são que o controle escalar só considera asamplitudes das grandezas elétricas instantâneas (fluxos, correntes e tensões), referindo-as ao estator, e seu equacionamento baseia-se no circuito equivalente do motor, ou seja, são equações de regime permanente. Já o controle vetorial admite a representação das grandezas elétricas instantâneas por vetores, baseando-se nas equações espaciais dinâmicas da máquina, com as grandezas referidas ao fluxo enlaçado pelo rotor, ou seja, o motor de indução é visto pelo controle vetorial como um motor de corrente contínua, havendo regulação independente para torque e fluxo (WEG, 2006). O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Controle Avançado, Robótica e Engenharia Biomédica. Como suporte foram utilizados materias e componentes eletrônicos adquiridos pela Fundação Araucária. 1.2 Problema O controle escalar é a técnica de controle que utiliza a variação da tensão e frequência dentro de uma relação fixa com o objetivo de manter constante o fluxo magnético do entreferro. Este controle pode ser feito em malha aberta ou em malha fechada. Em malha aberta, o escorregamento é desprezado e o controle é feito através de uma velocidade de referência, e a partir desta são feitas aplicações de valores de tensão e frequência. No controle escalar, não é necessário conhecer os parâmetros do motor, pois a modelagem matemática não é usada, não sendo possível assim efetuar um controle de torque adequado. Contudo, em malha fechada, consegue-se aperfeiçoar o desempenho, pois sistemas com realimentação apresentam uma melhor capacidade em seguir a entrada, são menos compassivas a variações dos parâmetros, são reduzidos os efeitos de distorções além de outras vantagens. Porém, para fechar a malha, usualmente é necessário o auxílio de dispositivos eletromecânicos de forma a realizar a leitura do posicionamento e velocidade do eixo do motor. Usualmente, esses equipamentos possuem um custo elevado e são aplicados onde se demanda um melhor desempenho, ou valor agregado, para justificar o seu uso. Portanto, neste trabalho, será desenvolvido um código de programa para estimar a velocidade do motor trifásico de indução, a fim de reduzirem os custos para fechamento de malha e possibilitar um melhor desempenho do sistema. Capítulo 1. Introdução Geral 20 1.3 Justificativa Devido aos processos em que o controle de velocidade dos motores está envolvido, aliado a viabilidade econômica e confiabilidade, surgiu como necessidade a implementação de dispositivos que venham a controlar a velocidade dos motores de indução. O uso de dispositivos eletromecânicos que conta ou reproduz pulsos elétricos a partir do movimento rotacional de seu eixo, os encoders, são utilizados para controlar a velocidade dos motores de indução. Porém, para este trabalho, foi desenvolvido um estimador de velocidade programado que faz a estimativa da posição do rotor e a partir dessa informação estima a velocidade do motor. Quando a eficiência, baixo custo e o controle do acionamento do motor de indução se torna uma preocupação, o estimador programado fornece uma solução viável e diminui o custo do sistema de acionamento, o que é desejado. O projeto e a implementação de um inversor trifásico controlado por um controlador digital de sinais aplicado ao controle escalar de velocidade de um motor de indução trifásico possibilitará agregar conhecimentos de programação de processadores digitais de sinais. 1.4 Objetivo Geral Construir um inversor trifásico que utilize controle digital para realizar o controle de uma máquina CA, a partir do controlador TMS320F28335 da (Texas Instruments, 2014). O inversor de frequência trifásico foi construído, bem como, o hardware de controle do inversor. Em seguida, foi elaborado o programa para o processador utilizando como técnica a prototipagem rápida, no ambiente visual de alto nível do Matlab / Simulink. Finalmente, testes e simulações foram realizados e coletados com o intuito de comprovar resultados teóricos com práticos. 1.5 Estrutura do Trabalho O presente trabalho é constituído em cinco capítulos. O primeiro capítulo, de caráter introdutório, apresenta a proposta do trabalho e nele está contida a introdução geral, descreverá o problema em questão, a justificativa, o objetivo e a estruturação do trabalho. O segundo capítulo é destinado à fundamentação teórica sobre motores de indução trifásicos, conversores CC-CA trifásico, além de analisar o controle escalar de velocidade e todas as informações teóricas necessárias ao desenvolvimento do projeto. O terceiro capítulo apresentará a descrição da parte experimental, além de infor- mações que fornecerão todo o embasamento teórico necessário ao desenvolvimento do estimador. Capítulo 1. Introdução Geral 21 O quarto capítulo apresentará as simulações e os resultados práticos obtidos, bem como comparação destes para os diferentes tipos de controle. Finalmente, no quinto capítulo serão apresentadas as conclusões finais, baseadas em todo o trabalho realizado. 22 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Motores de Indução Neste capítulo serão abordados os principais conceitos sobre motores de indução, conversores corrente contínua/ corrente alternada trifásicos, além da análise do controle escalar de velocidade e de todas as informações teóricas necessárias ao desenvolvimento do projeto. O motor elétrico é uma máquina que transforma energia elétrica em energia mecânica. O motor de indução tem sido o motor mais empregado nas instalações indústriais desde o início da utilização da energia elétrica em corrente alternada, sendo adequado para quase todos os tipos de máquinas acionadas, devido ao baixo custo, robustez e simplicidade na sua construção, além da enorme versatilidade de adaptação a diversos tipos de cargas. Opera usualmente com uma velocidade constante que varia ligeiramente com a carga mecânica aplicada ao eixo. O seu nome vem do fato de que a corrente no rotor não provém diretamente de uma fonte de alimentação, mas é induzido nele pelo movimento relativo dos condutores do rotor e do campo girante produzido pelas correntes no estator. Também é conhecido como motor assíncrono de corrente alternada, pois a velocidade do rotor nunca pode atingir a velocidade do campo girante, isto é, a velocidade síncrona. Se esta velocidade fosse atingida, os condutores do rotor não seriam cortados pelas linhas de força do campo girante e consequentemente não surgiriam as correntes induzidas e o conjugado do motor seria nulo (GARCIA, 2014). O motor de indução trifásico é composto fundamentalmente de duas partes: estator e rotor. O estator é a parte fixa do motor. Possui enrolamentos alojados nas ranhuras existentes na periferia interna de um núcleo de ferro laminado. As correntes trifásicas que circulam pelos enrolamentos do estator vão gerar, em cada fase, campos pulsantes, defasados de um ângulo igual ao ângulo da defasagem entre as tensões aplicadas, cujos eixos de simetria são fixos no espaço, mas cuja resultante é um campo que gira num determinado sentido, denominado campo girante. A outra parte do motor é denominada rotor. Pode ser construído de duas formas: o rotor curto circuitado conhecido como gaiola de esquilo, e o rotor bobinado. O núcleo magnético para os dois tipos são compostos de ferro laminado. O rotor bobinado consta de um núcleo em tambor, provido de ranhuras nos quais enrolamentos semelhantes aos do estator se encontram alojados, configurando o mesmo número de pólos. No rotor trifásico os enrolamentos do rotor bobinado geralmente se encontram ligados em estrela, sendo três anéis coletores acoplados ao eixo ligados às três extremidades livres dos enrolamentos do rotor, facilitando a inserção de resistores variáveis série em cada fase (GARCIA, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 23 O rotor do tipo gaiola consta de um núcleo em tambor, provido de ranhuras, nas quais são alojados fios ou barras de cobre curto-circuitados nos extremos por anéis. Na prática, as barras não isoladas da gaiola de esquilo são inseridas num núcleo de aço laminado perto da periferia do rotore são conectadas entre si através de anéis de curto circuito adequadamente situados nas extremidades do rotor. Esta construção simples faz o motor de gaiola de esquilo ser o mais robusto e de menor custo entre todos os motores de indução (GE, 2104). Portanto, o princípio geral de operação do motor assíncrono consiste no surgimento de um campo girante devido às correntes do estator e este campo girante induz uma força eletromotriz nos condutores do rotor. A força eletromotriz no rotor dará origem às correntes de valor igual ao quociente da força eletromotriz pela respectiva impedância e, a partir disso, um conjugado é produzido em função da reação criada pelas correntes sobre o campo girante, forçando o rotor girar no mesmo sentido do campo girante. O campo girante, embora os eixos de simetria sejam fixos no espaço, nada mais é do que a resultante dos campos pulsantes gerados por cada fase que apresenta defasagem de ângulo igual às existentes entre as tensões aplicadas, que gira num determinado sentido. Considerando-se o estator de um motor de indução trifásico, as três fases situadas nas ranhuras do estator são ligadas na configuração estrela ou triângulo a uma fonte de alimentação trifásica. As tensões aplicadas se acham defasadas de 120o graus elétricos, e nas três fases originam correntes iguais defasadas entre si de 120o elétricos. Estas correntes determinam um campo de valor constante a partir da combinação dos campos magnéticos pulsante respectivamente por elas gerado. O campo determinado gira com uma velocidade constante que depende do número de pólos para os quais o estator foi enrolado e também da freqüência da fonte (GARCIA, 2014). A velocidade de rotação do campo, dada em rpm, é a velocidade síncrona, dada pela Equação 2.1 𝑛 = 60.𝑓 𝑝 (2.1) O sentido de rotação do campo é um dos fatores para determinar o sentido de rotação do motor, depende de duas condições. Da sequência das tensões e das ligações das três fases, que poderá ser invertido modificando duas fases quaisquer do estator com a linha de alimentação. 𝑛 = 120.𝑓𝑓 𝑝 .(1 − 𝑠) (2.2) Quando o motor estiver girando a "vazio", ou seja, sem nenhuma carga acoplada ao eixo, o rotor gira com velocidade muito próxima à velocidade síncrona. Porém, se Capítulo 2. Fundamentação Teórica 24 acopladas cargas, correntes com maior intensidade são induzidas para desenvolver o conjugado necessário e o rotor se atrasa em relação ao campo girante. A frequência da corrente no rotor é dada pelo pelo produto da frequência da corrente presente no estator pelo valor do escorregamento, pode ser visto na Equação 2.3. 𝑓𝑟 = 𝑠.𝑓𝑒 (2.3) O escorregamento é a diferença de velocidade entre o fluxo e o rotor e o seu valor aumenta se houver aumento da carga. O escorregamento é caracterizado pela Equação 2.4. 𝑆 = 𝑁 − 𝑛 𝑁 .100 (2.4) Conforme o tipo e tamanho do motor, o escorregamento é dado em porcentagem e normalmente seus valores giram em torno de 1 % a 5%. Uma importante característica para qualquer motor de indução é a curva do conjugado versus rotação e está ilustrada na Figura 1. Figura 1 – Curva Conjugado x Rotação (POMÍLIO, 2014). Conjugado nominal é definido como sendo o conjugado necessário para produzir a potência nominal quando a rotação é nominal. O termo conjugado máximo é o conjugado máximo que o motor irá desenvolver com tensão e freqüência nominal sem queda brusca na rotação. Na prática, o valor do conjugado máximo deve ser o mais alto possível, por duas razões. Primeiro, o motor deve ser capaz de vencer eventuais picos de carga, como pode acontecer em certas aplicações. Outro motivo é que o motor não deve "arriar", isto é, perder abruptamente as velocidades, quando ocorrem excessivas quedas de tensão. Capítulo 2. Fundamentação Teórica 25 O conjugado de partida, conhecido como rotor bloqueado é o conjugado mínimo que o motor irá desenvolver em repouso com tensão e freqüência nominal. Já o conjugado mínimo é definido como o conjugado mínimo que o motor vai desenvolver durante o período que este irá sair da condição de repouso até adquirir a rotação em que o conjugado máximo ocorre. Normalmente, este valor não deve ser muito baixo, portanto a curva não deve apresentar uma depressão acentuada na aceleração, para que a partida não seja muito demorada, sobreaquecendo o motor, especialmente nos casos de alta inércia ou partida com tensão reduzida. Para alguns motores que não têm um conjugado máximo definido, o conjugado mínimo é o menor conjugado desenvolvido até a rotação nominal. O conjugado do motor de indução varia aproximadamente com o quadrado da tensão aplicada aos seus terminais. A 90% de tensão de partida, o conjugado de partida será reduzido a aproximadamente 81% do valor à tensão nominal. Baixa resistividade das barras do rotor (resistência rotórica) resulta em alta rotação nominal (baixo escorregamento), o que resulta em alto rendimento e as perdas rotóricas são proporcionais ao escorregamento. Alta resistência rotórica fornece alto conjugado de partida com baixa corrente de partida, mas resulta em baixo rendimento nominal (GE, 2014). Os valores das correntes alternadas para os motores trifásico são determinadas pela Equação 2.5: 𝐼𝑛 = 𝑃𝑛√ 3.𝑉𝑛. cos 𝜑.𝜂 (2.5) Na maioria dos motores, o valor da corrente na partida chega a ser de cinco a sete vezes o valor da corrente nominal a plena carga e não depende da carga acionada, seu valor reduz com o aumento da velocidade. Após chegar a sua velocidade nominal, fornecendo uma potência nominal e não tendo nenhuma ocorrência de sobrecarga, a corrente atinge seu valor máximo, que é o nominal. 2.2 Vantagens do Motor de Indução As máquinas de corrente alternada, em especial a máquina de indução, são cons- trutivamente mais simples e robustas comparadas com as máquinas de corrente contínua, sendo assim uma melhor alternativa para acionamentos controlados, pois possui certas van- tagens sobre o motor de corrente contínua, isto porque na sua estrutura não Hà comutador. Apresenta menor massa, aproximadamente de 20 a 40 % a menos, para potências iguais, o que leva a um custo de aquisição menor e manutenção mais fácil quando comparadas com as máquinas de corrente contínua equivalentes. Outra vantagem é que o consumo de energia do motor de indução trifásico nos processos de aceleração e frenagem é menor. Com estes motores, é possível obter maiores velocidades, o que resulta em potências maiores. Capítulo 2. Fundamentação Teórica 26 Talvez uma de suas desvantagens que o motor de indução possui em relação ao motor de corrente contínua é a dependência entre o fluxo e a tensão no estator, o que não ocorre nos motores de corrente contínua que possuem excitação independente. Este fator é um limitante pra reduzir a faixa de variação de velocidade do motor, quando controlado por variação da tensão do estator. No acionamento controlado, os sistemas de controle necessários se tornam mais sofisticados do que aqueles utilizados para as máquinas de corrente contínua. Portanto é necessário analisar o custo geral e não apenas o custo em relação ao motor. Porém, os custos para esses controles têm diminuído com o passar do tempo, devido ao surgimento de novas técnicas, como o controle vetorial, que permite um desempenho dinâmico considerável no sistema e devido à evolução dos sistemas eletrônicos que permitem o controle do motor por variação da tensão e frequência do estator simultaneamente, enquanto o custo da produção das máquinas não teve uma variação significativa. Assim, as vantagens anteriores das máquinas de corrente contínua podem ser consideradas bem menores, quase nulas, e, portanto analisando o sistema no geral, a máquina em conjunto com o seu acionamento, o custo total tende a ser mais vantajoso para o motor de indução. 2.3 Aplicações dos Motores de Indução Trifásicos Os motores de indução do tipo gaiola são utilizados nos mais diversos segmentos da indústria, para acionamento de máquinas ou equipamentos que requeiram torque variável ou constante, tais como ventiladores,bombas, trituradores, correias transportado- ras, compressores, laminadores, misturadores e outros. Os motores com rotor bobinado são normalmente aplicados em cargas que possuem elevada inércia ou altos conjugados resistentes na partida. Também são utilizados quando há limitações de corrente de partida no sistema de alimentação. São utilizados para acionamento de cargas como: moinhos de bolas, moinhos de cimento, ventiladores, exaustores, laminadores e picadores, aplicados na indústria de cimento, mineração, siderurgia, entre outras (WEG, 2014). 2.4 Máquina de Indução Trifásica Uma máquina de indução trifásica possui enrolamentos de estator nos quais é aplicada a tensão alternada de alimentação. O rotor pode ser composto por uma gaiola curto-circuitada ou por enrolamentos que permitam circulação de corrente. De qualquer forma, por efeito transformador, o campo magnético produzido pelos enrolamentos do estator induz correntes no rotor, de modo que, da interação de ambos os campos magnéticos, será produzido o torque que levará a máquina à rotação (POMÍLIO, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 27 A característica trifásica da alimentação do estator e a distribuição espacial dos enrolamentos é considerar que o campo produzido pelo estator é girante. As correntes induzidas no rotor irão produzir um campo que terá como característica acompanhar o campo girante do estator. No eixo da máquina, o torque produzido é ocasionado pelo fato da velocidade do rotor ser diferente da velocidade do campo girante. Se o rotor girar na mesma velocidade do campo girante, não vai existir variação de fluxo pelos enrolamentos do rotor e sendo assim não haverá corrente induzida. A Figura 2 mostra o campo girante do estator. Figura 2 – Campo Girante (POMÍLIO, 2014). A corrente induzida no rotor possui uma frequência que é a diferença das frequências angulares existentes entre o rotor e o campo girante. Portanto, na partida com a máquina parada, as correntes serão de 60 Hz. À medida que a máquina ganha velocidade, a frequência vai caindo até atingir a velocidade de regime tipicamente a poucos Hertz (POMÍLIO, 2014). A velocidade angular do campo girante depende do número de polos e da frequência de alimentação da máquina. O número de polos está em função do número de enrolamentos simetricamente deslocados no estator alimentados pela mesma tensão de fase. Portanto, se três enrolamentos estiverem dispostos num arco de 180o, sendo cada um para cada fase, e os outros três ocuparem o outro semi-perímetro do estator está máquina possuirá 4 polos. O campo girante conta com pólos magnéticos intercalados e simetricamente dis- tribuídos. A Figura 3 ilustra tal situação. O campo resultante observado no entreferro da máquina apresenta os polos resultantes deslocados espacialmente de 90o um do outro devido à simetria circular das máquinas. A resultante no centro do arranjo é nula, porém o que importa é o fluxo presente no entreferro. Uma rotação de 180o no eixo corresponde a um ciclo completo das tensões de alimentação, ou seja 360 graus elétricos (POMÍLIO, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 28 Figura 3 – Campo Girante em máquina de 4 polos (POMÍLIO, 2014). A velocidade síncrona é dada pela Equação 2.6. 𝑁 = 120.𝜔 𝑝 (2.6) O modelo de um motor de indução por fase pode ser observado na Figura 4. Figura 4 – Modelos de Circuitos para Motor de Indução (POMÍLIO, 2014) a)Circuito do rotor, b)Com rotor e estator separados, c)Com rotor refletido ao lado do estator. A corrente do rotor é dada pela Equação 2.7. 𝐼 ′𝑟 = 𝐸𝑟 𝑅′𝑟 𝑠 + 𝑗.𝑋 ′𝑟 (2.7) O modelo do rotor pode, então, ser modificado, a fim de que o escorregamento afete apenas a resistência do rotor, como se vê na Figura 4b , onde se inclui também um circuito equivalente para o estator (POMÍLIO, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 29 Refletindo o lado do rotor para o do estator, obtém-se o circuito equivalente demonstrado na Figura 4c. As perdas no cobre podem ser estimadas pela Equação 2.8 e Equação 2.9: 𝑃𝑠 = 3.𝐼2𝑠 .𝑅𝑠 (2.8) 𝑃𝑟 = 3.𝐼2𝑟 .𝑅𝑟 (2.9) São estimadas pela Equação 2.10 as perdas no material ferromagnético. 𝑃𝑐 = 3.𝑉 2𝑚 𝑅𝑚 ≈ 3.𝑉 2 𝑠 𝑅𝑚 (2.10) A potência no entreferro da máquina, que é transferida para o rotor, pode ser observada pela Equação 2.11. 𝑃𝑔 = 3.𝐼2𝑟 . 𝑅𝑟 𝑠 (2.11) A potência responsável pela produção do torque eletromagnético é dada pela Equação 2.12. 𝑃𝑑 = 𝑃𝑔 − 𝑃𝑟 = 𝑃𝑔.(1 − 𝑠) (2.12) O torque é visto na Equação 2.13 𝑇𝑑 = 𝑃𝑑 𝜔𝑚 = 𝑃𝑔 𝜔𝑠 (2.13) Na Equação 2.15 é possível observar a potência de entrada. 𝑃𝑖 = 𝑃𝑐 + 𝑃𝑠 + 𝑃𝑔 = 3.𝑉𝑠.𝐼𝑠. cos 𝜃𝑠 (2.14) A potência desenvolvida menos as perdas mecânicas 𝑃𝑥 (atrito e ventilação) constitui a potência de saída: 𝑃𝑜 = 𝑃𝑑 − 𝑃𝑥 (2.15) A eficiência é dada pela Equação 2.16: 𝜂 = 𝑃𝑜 𝑃𝑖 = 𝑃𝑑 − 𝑃𝑥 𝑃𝑐 + 𝑃𝑠 + 𝑃𝑔 (2.16) Capítulo 2. Fundamentação Teórica 30 Sendo 𝑃𝑔 ≫ (𝑃𝑐 + 𝑃𝑠) e 𝑃𝑑 ≫ 𝑃𝑥, a eficiência é, aproximadamente: 𝜂 ≈ 1 − 𝑠 (2.17) Normalmente 𝑅𝑚 possui um valor muito grande e 𝑋𝑚 ≫ (𝑅𝑠 + 𝑋𝑠) , o ramo relativo à magnetização pode ser representado apenas pela reatância sendo representada na entrada do circuito, como mostrado na Figura 5. Figura 5 – Modelo simplificado, por fase, do motor de indução (POMÍLIO, 2014). A impedância de entrada do motor considerando o modelo simplificado, pode ser observada pela Equação 2.18. 𝑍𝑖 = −𝑋𝑚.(𝑋𝑠 + 𝑋𝑟) + 𝑗.𝑋𝑚.(𝑅𝑠 + 𝑅𝑟𝑠 )) 𝑅𝑠 + 𝑅𝑟𝑠 + 𝑗.(𝑋𝑚 + 𝑋𝑠 + 𝑋𝑟) (2.18) A defasagem entre tensão e corrente na entrada é mostrada na Equação 2.19. 𝜃𝑚 = 𝜋 − arctan( 𝑅𝑠 + 𝑅𝑟𝑠 𝑋𝑠 + 𝑋𝑟 ) + arctan(𝑋𝑚 + 𝑋𝑠 + 𝑋𝑟 𝑅𝑠 + 𝑅𝑟𝑠 ) (2.19) Da Figura 5 a corrente do rotor é: 𝐼𝑟 = 𝑉𝑠 [(𝑅𝑠 + 𝑅𝑠𝑠 )2 + (𝑋𝑠 + 𝑋𝑟)2]1/2 (2.20) A Figura 6 mostra a curva torque versus velocidade do motor alimentado com uma fonte de tensão senoidal. A forma de onda típica é obtida considerando a amplitude e freqüência fixa da fonte de alimentação. ∙ Tração (0 ≤ 𝑆 ≤ 1); ∙ Regeneração 𝑆 < 0; ∙ Reversão (1 ≤ 𝑆 ≤ 2) Capítulo 2. Fundamentação Teórica 31 Figura 6 – Característica torque-velocidade de máquina de indução (POMÍLIO, 2014). O rotor gira no mesmo sentido do campo girante em tração e, à medida que o escorregamento vai aumentando, o torque também aumenta, aproximadamente linear, enquanto o fluxo do entreferro mantém constante. No rotor a variação da tensão induzida diferente da impedância é linear com o escorregamento, sendo que a tensão induzida e a impedância são responsáveis pela corrente do rotor. Na região linear é que se dá a operação normal do motor, uma vez que, se o torque de carga exceder 𝑇𝑚𝑚, o motor, perdendo o seu torque, irá parar, levando as elevadas perdas no rotor, devido às altas correntes induzidas (POMÍLIO, 2014). Na região de regeneração, o rotor e campo girante estão se movendo no mesmo sentido, mas a velocidade mecânica, 𝜔𝑚, é maior do que a velocidade síncrona, acarretando em um escorregamento negativo. A máquina irá operar como um gerador e entregará potência ao sistema que estiver conectado ao estator, quando a resistência equivalente do rotor for negativa. A característica torque versus velocidade é semelhante a operação em tração com um valor de pico maior. O comportamento do rotor na região de reversão é diferente e estará em oposição ao campo girante provocando assim um escorregamento maior que 1. Isto ocorre quando se inverte duas fases do estator, provocando a mudança no sentido de rotação do campo. O torque produzido opõe-se ao movimento do rotor, levando a uma frenagem da máquina. Nesta situação as correntes são elevadas enquanto o torque presente é pequeno. Internamente na máquina pode surgir um excessivo aquecimento devido à dissipação de energia retirada da massa girante. Não se recomenda tal modo de operação (POMÍLIO, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 32 2.5 Tipos de Acionamento das Máquinas de Indução Os motores de indução modernos são projetadosde forma a suportar a tensão plena na partida sem danos ao enrolamento do motor. Os motores de porte maior possuem correntes de partida com tensão plena que podem comprometer fracos sistemas de potências. Durante a partida os motores elétricos requerem da rede de alimentação uma corrente de valor elevado, na ordem de 6 a 8 vezes o seu valor nominal. Todo motor dimensionado para acionar adequadamente uma determinada carga acoplada ao seu eixo necessita, durante a partida, possuir em cada instante o conjugado do motor, superior ao conjugado resistente da carga. Portanto um sistema de partida eficiente garante uma maior vida útil do motor, menos custos operacionais, além de dar a equipe de manutenção da indústria tranquilidade no desempenho das tarefas. A seguir serão apresentados alguns métodos de partidas para motores trifásicos. 2.5.1 Chave Estrela - Triângulo O acionamento de um motor elétrico através de chaves estrela-triângulo só é possível se este possuir seis terminais acessíveis e estes dispuserem de dupla tensão nominal. O acionamento é feito, inicialmente, ligando o motor na configuração estrela até que ele alcance uma velocidade próxima ao regime, quando esta conexão é desfeita e executada a ligação em triângulo. A troca da ligação durante a partida é acompanhada por uma elevação de corrente, fazendo com que as vantagens da sua redução desapareçam se a comutação for antecipada em relação ao ponto ideal. Durante a partida em estrela, o conjugado e a corrente de partida ficam reduzidos a 1/3 de seus valores nominais. Neste caso, um motor só pode partir através de chave estrela triângulo quando seu conjugado, na ligação em estrela, for superior ao conjugado na carga do eixo. Devido ao baixo conjugado de partida e relativamente constante a que fica submetido o motor, as chaves estrela-triangulo são mais adequadamente empregadas em motores cuja partida se dá em vazio (FARIAS, 2014). 2.5.2 Partida Eletrônica (Soft-Starter) As chaves de partida eletrônica (soft-starter) são chaves estáticas microprocessadas projetadas para acelerar/desacelerar e proteger motores de indução trifásicos. Através do ajuste do ângulo do disparo dos tiristores, controla-se a redução da tensão aplicada ao motor. A soft-starter proporciona uma partida suave ao motor de indução evitando as sobrecorrentes transitórias de partida e, portanto, as sobretensões resultantes na rede elétrica. Ela pode substituir com vantagens a tradicional chave de partida estrela-triângulo. O ângulo de disparo de cada par de tiristores é controlado eletronicamente para aplicar uma tensão variável no motor durante a aceleração. No final do período de partida, ajustável conforme a aplicação, a tensão atinge seu valor pleno após uma aceleração suave ou Capítulo 2. Fundamentação Teórica 33 uma rampa ascendente, ao invés de ser submetido a transição brusca, como ocorre com os métodos de partida por auto-transformador, ligação estrela-triângulo, etc. Com isso, consegue-se manter a corrente de partida próxima da nominal e com suave variação, como desejado (WEG, 2014). 2.5.3 Partida usando o Inversor de Frequência O inversor de freqüência é usado sempre que existe a necessidade de variar a velocidade de um motor, direta ou inversamente proporcional, em função do sistema de funcionamento de uma máquina ou sistema. Os conversores de frequência são equipamentos eletrônicos que fornecem controle sobre a velocidade de motores elétricos de corrente alternada através da conversão das grandezas da rede de alimentação convencional, que são a tensão e frequência, em grandezas variáveis. Apesar do princípio de funcionalidade ser o mesmo, houve grandes mudanças entre os primeiros conversores de frequência e os atuais, devido principalmente à evolução dos componentes eletrônicos com destaque aos tiristores e aos microprocessadores digitais. O princípio de funcionamento de um inversor de frequência está no fato de que a velocidade síncrona de um motor é função da frequência da rede de alimentação e do número de polos do motor. Quando existe a variação da frequência da rede de alimentação, há também a variação da velocidade do mesmo, proporcional à variação da frequência. Logo, o inversor de frequência deve controlar a frequência do sinal que alimenta o motor. Após a entrada de alimentação em corrente alternada no inversor a tensão é retificada para tensão contínua. O sinal alternado necessário para alimentar o motor é feito através de uma técnica chamada de PWM, ou modulação por largura de pulso, que reconstrói o valor de tensão na saída do inversor, porém com uma frequência definida pelo usuário que pode ser de 0Hz até 500Hz, dependendo do modelo e do fabricante do inversor (PINHEIRO, 2014). Portanto é possível verificar que para realizar a partida nos motores de indução trifásica pode-se utilizar vários métodos nos quais cada um apresenta suas vantagens e desvantagens, dependendo do aspecto particular ou do parâmetro que se quer considerar. São muitas grandezas envolvidas, tais como corrente de partida, torque inicial, tempo de aceleração, etc, que o projetista deve conhecer para o dimensionamento e parametrização dos componentes. Antigamente os dispositivos eletromecânicos eram amplamente utilizados, com os usos de contatores e relés, para realizar as partidas nos motores de indução. Somente em pequenas aplicações, como no caso de bombas de recalque com vazão ajustável, é que se utilizavam equipamentos para a variação da velocidade do motor de indução trifásico. Nesse caso, a variação de velocidade era feita por meio de dispositivos com embreagens, com grande perda de energia. O aparecimento de circuitos eletrônicos controlados por tiristores veio para melhorar não só o controle de variação da velocidade do motor de indução trifásico em serviço, como também o controle de realizar partidas e paradas Capítulo 2. Fundamentação Teórica 34 suaves da máquina. Esses dispositivos eletrônicos representam uma nova era no campo de aplicação do motor de indução trifásico, são os conversores de freqüência e soft-starters que trazem grandes vantagens no controle de partida e parada nos motores de indução trifásicos. A conciliação do aproveitamento das vantagens ocasionadas, com a necessidade de eliminar alguns inconvenientes, é um apelo à capacidade dos engenheiros eletricistas no sentido de aperfeiçoar cada vez mais, os dispositivos de partida em motores de indução (RABELO, 2014). 2.6 Métodos de Controle de Velocidade de um Motor de Indução Basicamente existem dois tipos de controle: o escalar e o vetorial. O controle escalar impõe no motor uma determinada tensão/frequência, visando manter essa relação constante, fazendo com que o motor trabalhe com o fluxo constante. Este tipo de controle é aplicado quando não existe necessidade de respostas rápidas a comandos de torque e velocidade e é interessante quando há conexão de vários motores a um único inversor. O controle é realizado em malha aberta e a exatidão da velocidade se dá em função do escorregamento do motor, que varia em função da carga, já que a frequência no estator é imposta. O controle escalar é o mais utilizado devido à sua simplicidade e devido ao fato de que a grande maioria das aplicações não requer alta precisão e/ou rapidez no controle da velocidade (WEG, 2104). É atingido um elevado grau de exatidão e rapidez no controle do torque e da velocidade do motor quando utilizado o método de controle vetorial. Esse método de controle decompõe a corrente do motor em dois vetores sendo um que produz o fluxo magnetizante e outro que produz torque. Ele pode ser realizado tanto em malha aberta quanto em malha fechada. Em malha aberta o controle vetorial também é conhecido como sensorless. As técnicas de controle a seguir são utilizadas para variar a velocidade de um motor de indução: ∙ Controle da resistência do rotor; ∙ Controle da tensão do estator; ∙ Controle da frequência do estator; ∙ Controle da tensão e da frequência do estator; ∙ Controle da corrente. Capítulo 2. Fundamentação Teórica35 2.6.1 Controle pela Resistência do Rotor Para uma máquina de rotor enrolado são inseridas resistências que são somadas à própria impedância do rotor. Isso pode ser visto na Figura 7. Figura 7 – Máquina de rotor enrolado (POMÍLIO, 2014). A variação de 𝑅𝑥 move a curva torque versus velocidade da máquina, como está mostrado na Figura 8: Figura 8 – Característica torque versus velocidade para diferentes valores de resistência de rotor (POMÍLIO, 2014). De acordo com a Figura 8, dado um torque, o aumento da resistência do rotor resulta na diminuição na velocidade mecânica. Com esse método, é permitido elevar o torque de partida e limitar a corrente de partida. Porém este método possui baixa eficiência devido à dissipação de potência sobre as resistências, tanto que este tipo de acionamento foi usado especialmente em situações que requeriam grande número de partidas e paradas, além de elevado torque. Para a boa operação da máquina é fundamental o balanceamento entre as 3 fases. 2.6.2 Controlador da Tensão do Estator Da Equação 2.21 conclui-se que o torque é proporcional ao quadrado da tensão aplicada ao estator. 𝑇𝑚𝑎𝑥 = 𝐾.𝐸2𝑓 2.(𝑠𝑚𝑎𝑥.𝑋𝑟𝑏)2 (2.21) Capítulo 2. Fundamentação Teórica 36 Assim para um determinado valor de torque, o escorregamento aumenta quando há uma redução na tensão e uma diminuição na velocidade, como está mostrado na Figura 9. Figura 9 – Curva torque versus velocidade (POMÍLIO, 2014). Este acionamento não é possível ser realizado a cargas que precisam de alto torque e nem elevado conjugado de partida. Com a redução do torque disponível, a faixa de ajuste de velocidade é estreita. O acionamento não é realizado se a curva do torque cruza a curva da máquina além do ponto de torque máximo. São denominados de classe D motores construídos para este tipo de funcionamento e possuem elevada resistência de rotor, de modo que a faixa de variação de velocidade se torne maior e não seja muito severa a perda de torque em baixas velocidades (POMÍLIO, 2014). Um controlador de tensão CA composto por tiristores operando com controle de fase pode variar a tensão de fase. É muito utilizado em sistemas que possuem baixo desempenho e potência que não precisam de alto torque na partida. O inversor trifásico é mais uma opção, operando com tensão contínua ajustável e com frequência constante, utilizando modulação por largura de pulso. Isso limita a corrente de partida reduzindo a tensão na partida. A Figura 10 mostra os acionamentos descritos. Figura 10 – Controle da tensão do estator por inversor (a) e controlador CA (b) (POMÍLIO, 2014). A tensão induzida é proporcional à frequência e ao fluxo no entreferro. Sendo assim, quando a tensão é reduzida no estator, o mesmo irá ocorrer com o fluxo no entreferro e Capítulo 2. Fundamentação Teórica 37 por consequência, com o torque. Se o escorregamento tiver valor aproximado de 0,33%, a corrente irá a um valor máximo com uma tensão mais baixa. 2.6.3 Controle pela Variação da Frequência do Estator Com o controle da frequência da fonte, que é a mesma frequência encontrada no estator do motor de indução, o torque e a velocidade podem ser variados. Sendo assim quando os valores de tensão e frequência alcançam seus valores nominais, por consequência o fluxo de entreferro do motor também estará no valor nominal. Se, por exemplo, diminuir a frequência e mantiver a tensão constante, o fluxo do entreferro irá aumentar, saturando o motor, alterando seus parâmetros e a característica da curva torque versus velocidade. Para baixas frequências, o valor das reatâncias irá diminuir e as correntes tendem a aumentar. Não é muito usual utilizar este tipo de controle. Se a frequência atingir valores acima do seu valor nominal, o torque e o fluxo diminuem. Se a velocidade síncrona à frequência nominal for denominada 𝜔𝑏, a velocidade síncrona e o escorregamento em outras frequências de excitação serão: 𝜔𝑠 = 𝑏.𝜔𝑏 (2.22) 𝑠 = 𝑏.𝜔𝑏 − 𝜔𝑚 𝑏.𝜔𝑏 = 1 − 𝜔𝑚 𝑏.𝜔𝑏 (2.23) A expressão do torque pode ser vista na Equação 2.24 𝑇𝑑 = 3.𝑅𝑠.𝑉 2𝑠 𝑠.𝑏.𝜔𝑏.[(𝑅𝑠 + 𝑅𝑠𝑠 )2 + (𝑏.𝑋𝑠 + 𝑏.𝑋𝑟)2] (2.24) Para diferentes valores de b as curvas abaixo ilustram o torque versus velocidade. Figura 11 – Característica torque versus velocidade com controle de frequência (POMÍLIO, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 38 Pode se observar que abaixo da velocidade base o torque é limitado ao seu valor nominal. Quando a frequência é aumentada isso permite elevar a velocidade, porém às custas da perda do torque. Esta característica é semelhante aos motores de corrente contínua quando se faz a elevação da velocidade pelo método do enfraquecimento do campo. Uma alimentação dessa forma pode ser obtida por meio de um inversor que forneça uma tensão constante, variando apenas a frequência (POMÍLIO, 2014). 2.6.4 Controle da Tensão e da Frequência Se o fluxo do entreferro for constante, o torque máximo não sofrerá alterações. Pra manter o torque com seu valor máximo, a relação entre a tensão e a frequência que alimenta o motor de indução tem que ser constante. A Figura 12 mostra a curva característica torque versus velocidade para este tipo de controle, para as velocidades abaixo da velocidade base. Figura 12 – Característica torque versus velocidade com controle de tensão/frequência (POMÍLIO, 2014). Uma vez que a tensão nominal da máquina não deve ser excedida, este tipo de acionamento aplica-se para velocidades abaixo da velocidade base. O acionador mais usual é o de onda quase quadrada, que permite ajustar simultaneamente tensão e frequência. Um inversor de onda quadrada necessita de uma tensão no barramento CC variável. Para velocidades muito baixas pode-se ainda fazer uso de ciclo conversores (conversores CA-CA). À medida que a frequência se reduz, o fluxo de entreferro tende a diminuir devido à queda de tensão na impedância série do estator, levando à redução na tensão aplicada sobre a reatância de magnetização, o que conduz à necessidade de se elevar a tensão em tais situações para se manter o torque. (POMÍLIO, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 39 2.6.5 Controle da Corrente Neste tipo de controle é possível controlar o torque do motor variando a corrente do rotor porém, como se tem acesso à corrente do estator, é somente ela que pode ser controlada diretamente. As equações da corrente Equação 2.25 e Equação 2.26 do torque produzidos podem ser visualizadas a seguir: 𝐼𝑟 = 𝑗.𝐼𝑖.𝑋𝑚 𝑅𝑠 + 𝑅𝑠𝑠 + 𝑗(𝑋𝑚 + 𝑋𝑠 + 𝑋𝑟) (2.25) 𝑇𝑑 = 3.𝑅𝑟.(𝑋𝑚.𝐼𝑖)2 𝑠.𝜔𝑠[(𝑅𝑠 + 𝑅𝑠𝑠 )2 + (𝑋𝑚 + 𝑋𝑠 + 𝑋𝑟)2] (2.26) O torque de partida é dado quando s vale 1. 𝑇𝑠 = 3.𝑅𝑟.(𝑋𝑚.𝐼𝑖)2 𝜔𝑠[(𝑅𝑠 + 𝑅𝑠𝑠 )2 + (𝑋𝑚 + 𝑋𝑠 + 𝑋𝑟)2] (2.27) Com o torque máximo o escorregamento é dado pela Equação 2.28. 𝑠𝑚 = ± 𝑅𝑟√︁ 𝑅2𝑠 + (𝑋𝑚 + 𝑋𝑠 + 𝑋𝑟)2 (2.28) O torque máximo é dado pela Equação 2.29, quando é desprezado o efeito da impedância no estator. 𝑇𝑚 = 3.𝐿2𝑚 2.(𝐿𝑚 + 𝐿𝑟) .𝐼2𝑖 (2.29) A Figura 13 mostra a característica torque versus velocidade para valores diferentes de correntes de entrada. Figura 13 – Característica torque versus velocidade com acionamento por controle de corrente (POMÍLIO, 2014). É possível observar que o torque máximo independe da frequência. Quando o escorregamento valer 1 na partida a razão 𝑅𝑟 𝑠 é reduzida, de maneira que a corrente que Capítulo 2. Fundamentação Teórica 40 flui pela indutância de magnetização é pequena, produzindo assim um fluxo baixo e, consequentemente, um torque pequeno. Assim que a máquina acelera o escorregamento diminui e, consequentemente, aumentam a corrente de magnetização, o fluxo e o torque, no sentido da saturação do material ferromagnético. Para evitar a saturação do material ferromagnético, o motor deve ser acionado na região instável da curva torque versus velocidade, mas isso só é possível em malha fechada e com controle sobre a tensão terminal da máquina para impedir a sua saturação. Uma corrente com valor eficaz constante pode sersuprida por inversores de corrente. Tais inversores são obtidos tendo no barramento CC uma fonte de corrente contínua, tipicamente realizada por um indutor, sobre o qual é controlada a corrente. Isto significa que as chaves devem permitir passagem de corrente em apenas um sentido, sendo capazes de bloquear tensões com ambas as polaridades. A Figura 14 mostra as chaves semicondutoras utilizadas nos diferentes tipos de inversores (POMÍLIO, 2014). Figura 14 – Chaves semicondutoras para inversores de tensão e de corrente (POMÍLIO, 2014). 2.7 Controle do Modelo Dinâmico Essas estratégias de controle surgiram em estudos utilizando uma nova metodologia apoiada no modelo vetorial da máquina de corrente alternada. Utilizando-se de conceitos matemáticos conseguiu formular uma teoria geral para o comportamento dinâmico das máquinas de indução e como desacoplar a planta de controle, controlando as correntes do estator representadas por um vetor, este modelo é complexo e não-linear. Este tipo de controle baseia-se em projeções que transformam um sistema trifásico em outro sistema composto por duas coordenadas, ou seja, transformando o modelo da máquina de indução em um modelo similar ao de corrente contínua alcançando o desacoplamento entre o controlador de fluxo e o de torque, tornando o controle mais eficaz. Capítulo 2. Fundamentação Teórica 41 Um dos métodos de controle vetorial mais utilizado para acionamento das máquinas de corrente alternada de alto desempenho, é o controle vetorial por orientação de fluxo (LEONHARD, 1985). Este se encontra fundamentado no conhecimento da posição espacial do vetor fluxo para o qual se deseja a orientação, ou seja, fluxo de entreferro, de estator ou de rotor, podendo ser classificada ainda em direto ou indireto (LORENZ, 1994). Os controladores vetoriais possuem a necessidade do conhecimento do valor exato da magnitude e posição do campo girante, o que cria a exigência do uso de sensores de fluxo colocados no interior da máquina, inviabilizando sua utilização em determinados sistemas, seja pela dificuldade de acesso, já que necessitariam de modificações na sua estrutura para a adaptação ou pelo alto custo dos sensores. Uma forma de contornar estas limitações consiste na utilização de estimadores baseados no modelo vetorial da máquina. No caso de orientação indireta no fluxo do rotor, a velocidade de rotação utilizada é medida por meio de um encoder e é feita a estimação da constante de tempo elétrica do rotor e da frequência angular de escorregamento, esta sendo feita a partir das correntes do estator no sistema síncrono. Este método é de simples implementação, possui desacoplamento entre as componentes do fluxo do rotor, fazendo com que o motor de indução alcance um desempenho igual ou superior ao motor de corrente contínua. Possui uma grande sensibilidade à variação dos parâmetros elétricos da máquina, em especial a constante de tempo elétrica do motor, sendo esta a sua principal desvantagem. Desde que as correntes e a velocidade de rotação sejam medidas com boa exatidão, uma vez que são entradas do sistema de controle, o desempenho do sistema fica sensível apenas à variação da constante de tempo elétrica do rotor. Os parâmetros do motor de indução variam principalmente com a temperatura e o nível de fluxo no entreferro. Os fenômenos que provocam esta variação são a temperatura e o efeito pelicular que fazem variar as resistências do estator e do rotor e a saturação magnética que afeta as indutâncias mútuas e próprias do motor. Na orientação direta podem ser utilizadas bobinas auxiliares ou as medidas das grandezas terminais do motor, geralmente as tensões e correntes do estator. Tem como vantagem sua robustez, uma vez que a posição do fluxo é determinada a partir das tensões e correntes medidas, ao contrário do método indireto, onde é utilizado um valor estimado do escorregamento. A complexidade de operação a baixas velocidades de rotação é sua desvantagem, uma vez que nessa região, a força contraeletromotriz apresenta magnitudes comparáveis à queda de tensão na resistência do estator, além das dificuldades resultantes do processo de integração dos sinais em baixa frequência (HERNÁNDEZ, 1999). O conjugado eletromagnético pode ser controlado por meio da frequência de escorre- gamento da variável escolhida para excitar a máquina, ou pela componente de uma segunda variável (variável de conjugado) em quadratura com a variável de excitação. O controle por quadratura é eminentemente do tipo vetorial e utiliza normalmente controladores Capítulo 2. Fundamentação Teórica 42 no referencial do fluxo a ser controlado, já a estratégia de controle por escorregamento pode ser implementada também na forma escalar e o referencial para implementação dos controladores pode ser qualquer um (JACOBINA, 2005). Modelos representados em coordenadas de campo do estator e do entreferro são preciosos e permitem a estimação de fluxo e da velocidade de rotação mecânica utilizando a leitura das correntes e tensões dos enrolamentos da máquina, mas exigem um grande esforço computacional devido ao elevado número de equações presentes neles. Já a escolha do vetor no fluxo do rotor leva a uma representação através de um número reduzido de equações sem perdas significativas de exatidão, necessitando apenas das correntes de fase do estator e da velocidade de rotação mecânica (SANTISTEBAN, 2001). 2.7.1 Algumas Formas de Controle Vetorial Dentre as formas de controle vetorial destacam-se o controle de campo orientado direto (DFOC – Direct Field Oriented Control), controle direto de torque (DTC – Direct Torque Control) e controle de campo orientado indireto (IFOC – Indirect Field Oriented Control) (GASTALDINI, 2008). O DFOC utiliza a medição ou estimação do fluxo estatórico ou rotórico orientado sobre o eixo direto. Essa forma de controle permite que o torque e o fluxo sejam controlados independentemente. A restrição em utilização desta técnica é a correta medição do fluxo, devido a dificuldade de instalação de sensores ou a estimação com ruídos a partir das correntes estatóricas. Neste caso, o vetor fluxo é calculado instantaneamente a partir dos parâmetros ou grandezas elétricas do motor. O trabalho computacional é grande, mas facilmente realizado por um DSP, por exemplo, os da família Texas Instruments modelos TMS320CXX. O controle direto de torque (DTC – Direct Torque Control) foi apresentado por (Takahashi e Noguchi, 1986). Pode ser implementado utilizando dois controladores por histerese do fluxo e do torque. Através do erro entre o ângulo do fluxo do estator e do rotor é gerado um vetor de chaveamento no inversor para manter o torque no valor desejado. Um método de controle direto de torque utilizando a medição de corrente e tensão do estator para estimar o torque e o fluxo (Kaboli, Zolghadri e Vahdati-Khajeh (2007). Este método é simples para ser implementado e tem respostas rápidas de torque e fluxo, mas possui problemas como dependência paramétrica, dificuldade de controle em baixas rotações, não possui controle de corrente e por isto aumenta as oscilações de torque e corrente (GASTALDINI, 2008). O controle IFOC utiliza a estimação do fluxo rotórico baseado no modelo matemático do motor de indução e apresenta vantagens em relação ao DFOC e DTC pela possibilidade de trabalhar em todas as faixas de velocidade e por apresentar maior robustez que o DFOC. Capítulo 2. Fundamentação Teórica 43 2.7.2 Controle Vetorial de Campo Orientado Indireto O controle vetorial de campo orientado indireto (IFOC – Indirect Field Oriented Control) considera que o vetor de fluxo rotórico encontra-se alinhado ao eixo direto 𝜆𝑑𝑟, sendo nulo o fluxo do eixo em quadratura 𝜆𝑞𝑟 (Câmara, 2007). A obtenção da posição do fluxo rotórico é feita a partir da velocidade do rotor e da constante de tempo rotórica. A seguir, na Figura 15 é mostrado o diagrama de controle para simulações de funcionamento do motor com controle de velocidade mantendo-se o fluxo rotórico constante. Os valores de tensão 𝑉𝑑𝑠 e𝑉𝑞𝑠 aplicados ao motor são obtidos através de dois controladores do tipo Proporcional-Integral 𝑃𝐼1 e 𝑃𝐼2. A sintetização da tensão de referência aplicada ao motor pode ser feita pela técnica de modulação por largura de pulso. Os controladores de corrente utilizam os erros 𝑒𝐼𝑑𝑠 e 𝑒𝐼𝑞𝑠, respectivamente. A corrente de referência 𝐼*𝑑𝑠 é gerada pelo erro de fluxo rotórico através do controlador 𝑃𝐼3 e a corrente de referência 𝐼*𝑞𝑠 é gerada pelo erro de velocidade rotórica com o controlador 𝑃𝐼4. Os controladores 𝑃𝐼1 e 𝑃𝐼2 são sintonizados para serem mais rápidos que os controladores 𝑃𝐼3 e 𝑃𝐼4, respectivamente. Figura 15 – Controle IFOC para velocidade. Neste método, o vetor fluxo desejado é calculado em função do escorregamento da máquina. De qualquer forma, sempre é necessário conhecer a constante de tempo do rotor e o fluxo de magnetização, ou seja, a indutância de magnetização do motor. Uma outra possibilidade é a aplicação do controle vetorial sem a malha de realimentação, melhor dizendo, em malha aberta. Este é conhecido como inversor vetorial sensorless. 2.8 Inversores de Frequência Os inversores de frequência têm seu circuito de potência, com carga representada na Figura 16 (DINIZ, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 44 Figura 16 – Blocodiagrama do inversor de frequência (DINIZ, 2014). O bloco diagrama foi dividido da seguinte maneira: 1. Retificador, que é conectado a uma fonte de alimentação externa alternada, mono ou trifásica, e gera uma tensão contínua pulsante. 2. Circuito intermediário, que estabiliza a tensão contínua e deixa a tensão a disposição do inversor. 3. Inversor que gera a tensão e a frequência para o motor. Este módulo é responsável por popularizar o conjunto com o nome de “inversor de frequência” apesar de se tratar de um conversor CC-CA. 4. Unidade de Controle é o conjunto de circuitos eletrônicos que possui funções como controle, geração da modulação PWM, supervisão das variáveis, entre outras funções. 2.8.1 Retificador de Entrada e Link CC A partir da saída do retificador a tensão de entrada no link CC é originada, como mostra a Figura 17. Figura 17 – Inversor genérico (OLIVEIRA, 2014). Capítulo 2. Fundamentação Teórica 45 A tensão de alimentação é alternada sendo trifásica ou monofásica, com valor de frequência fixa e suas características são apresentadas na Figura 18. Figura 18 – Característica de tensão de alimentação no retificador (a) Monofásico (b) Trifásico (DINIZ, 2014). Na Figura 18, podem ser observadas as três fases deslocadas no tempo, o valor da tensão muda de direção e a frequência indica o número de períodos por segundo. O retificador de um inversor de frequência pode possuir diversos componentes eletrônicos como diodos, tiristores, IGBTs ou pode conter uma combinação destes dispositivos. O retificador constituído de diodos é dito não controlado e tem a característica de permitir a passagem da corrente em apenas uma direção, no caso do anodo para o catodo. Não é possível, como é o caso de outros componentes semicondutores, fazer o controle da intensidade da corrente. Já os compostos por tiristores ou IGBTs são chamados controlados e se ambos são utilizados, então o retificador é dito semi-controlado. Figura 19 – Retificador (a) Tensão de entrada (b) Retificador não controlado e (c) Tensão de saída (DINIZ, 2014). Na saída do retificador é observada uma tensão contínua que não é constante. Com a utilização de filtros, essas oscilações podem ser reparadas. O retificador controlado causa mais perdas e distúrbios na entrada da rede elétrica, pois o tiristor é controlado para conduzir num período reduzido e assim, o retificador irá drenar valores crescentes de potência reativa. Uma vantagem da retificação controlada é que a energia pode ser devolvida para a rede permitindo assim a devolução da energia de frenagem de um acionamento. Isso melhora o rendimento do sistema. Capítulo 2. Fundamentação Teórica 46 O link CC pode ser comparado a um armazenador, pois é dele que o motor, através do estágio inversor, retira a energia necessária para seu funcionamento. E isto é possível de acordo com alguns princípios de construção do filtro, e dependendo também do tipo de retificador e estágio do inversor usado (DINIZ, 2014). 2.8.2 Circuito Intermediário O circuito intermediário pode ser comparado como um reservatório no qual o motor pode drenar energia através do inversor. 2.8.2.1 Inversores fonte de corrente (I-converters) Em inversores fonte de corrente, o circuito intermediário consiste de um grande indutor e é combinado apenas com um retificador controlado. A função deste indutor é transformar a tensão variável do retificador em uma corrente contínua variável. A amplitude da tensão é determinada pela carga. A Figura 20 o inversor fonte de corrente. Figura 20 – Circuito Intermediário - Fonte de corrente (a)Tensão de entrada (b) Reator do circuito intermediário e (c) Corrente de saída com nível CC ajustável (DINIZ, 2014). 2.8.2.2 Inversores fonte de tensão (U-converters) Nos inversores do tipo fonte de tensão, o circuito intermediário consiste em um filtro capacitivo, ao contrário do inversor tipo fonte de corrente que consiste em um indutor, e pode ser combinados com os dois tipos de retificador. A tensão pulsante do retificador é alisada também por filtros. Capítulo 2. Fundamentação Teórica 47 Figura 21 – Circuito Intermediário - Fonte de tensão (a)Tensão de entrada (b) Capacitor do circuito intermediário e (c) Tensão de saída (DINIZ, 2014). O circuito intermediário fornece muitas funções adicionais e dentre elas pode-se destacar o desacoplamento entre o retificador e o inversor, a redução de distorção harmônica e reserva de energia para suportar variações bruscas de carga. Portanto, a tensão no motor é obtida quando aplicada a tensão do circuito interme- diário por períodos longos ou curtos e a frequência é variada através da mudança dos pulsos de tensão ao longo do eixo do tempo positivamente para meio período e negativamente para o outro meio. A técnica que varia a largura dos pulsos de tensãa é chamada de PWM - Pulse Width Modulation. O PWM é a técnica mais utilizada no controle dos inversores. 2.9 Técnicas de Modulação A evolução tecnológica dos inversores de frequência contribuiu para que os mesmos fossem utilizados em várias aplicações. O PWM, modulação por largura é uma técnica poderosa para controlar circuitos analógicos com um microprocessador de saídas digitais (BARR, 2011). 2.9.1 Modulação PWM Este tipo de modulação é baseado na geração de um trem de pulsos de onda quadrada com largura do pulso variada. A Figura 22 mostra como obter o PWM, utilizando um amplificador operacional como comparador. Capítulo 2. Fundamentação Teórica 48 Figura 22 – Modulação PWM Valores negativos e positivos são produzidos pela diferença entre os sinais senoidal e triangular. Uma diferença positiva no amplificador operacional irá saturar o sinal no seu limite positivo, enquanto que uma diferença negativa levará a saturação no limiar negativo. As diferenças têm duração limitada pelas intersecções das formas de onda. Portanto, o sinal modulado PWM é formado quando tem-se um trem de pulsos de amplitudes limitadas pela saturação do amplificador e a largura limitada pela duração das diferenças. Pode-se concluir que o fator que determina a razão cíclica D é a amplitude da tensão de referência, que é o sinal senoidal visto na Figura 23. Figura 23 – Modulação PWM A razão cíclica D, é dada pela Equação 2.30 𝐷 = 𝑇𝑜𝑛 𝑇𝑠 (2.30) 2.9.2 Geração do PWM Senoidal Como a maior parte dos motores AC são projetados para operar com alimentação senoidal, a tensão de saída do inversor deve ser o mais próximo disso possível. Uma onda senoidal trifásica produz uma forma de onda na qual o comprimento de pulso é senoidalmente modulado dentro de um semi-ciclo. Este inversor é chamado PWM senoidal ou PWM sub-harmônico. Capítulo 2. Fundamentação Teórica 49 Cada fase do inversor tem um comparador que é alimentado
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