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COOPERATIVAS DE CRÉDITO VERSUS BANCOS COMERCIAIS A OPÇÃO POR UMA COOPERATIVA NA HORA DE REALIZAR UM EMPRÉSTIMO.

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COOPERATIVAS DE CRÉDITO VERSUS BANCOS COMERCIAIS:
A OPÇÃO POR UMA COOPERATIVA NA HORA DE REALIZAR
UM EMPRÉSTIMO.1
Vanessa Suelen Silva Reis Lima2
RESUMO
Este artigo demonstra os resultados da comparação entre o sistema Cooperativo de
Crédito e o sistema Bancário com ênfase na liberação de empréstimos na cidade de
Salvador entre os anos de 2016 a 2022. A pesquisa teve como questionamento: Qual(is)
o(s) diferencial(is) competitivos das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos
comerciais quanto aos critérios para a liberação de empréstimos? A contribuição dessa
pesquisa se dá com o reconhecimento dos pontos positivos e negativos das Cooperativas
de Crédito e dos Bancos comerciais junto às propostas de intervenções para as
Cooperativas de Crédito. A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória com a
aplicação de um questionário em uma Cooperativa de Crédito e divulgação em meios
digitais - através de aplicativo de mensagens e das redes sociais - para os colaboradores
da Cooperativa e funcionários e/ou ex-funcionários de Bancos comerciais. Diante dos
resultados encontrados, verificou-se que as Cooperativas de Crédito buscam se
diferenciar dos Bancos tornando o cliente associado, cooperado e dono da cooperativa.
Por fim, conclui-se que a opção por uma Cooperativa de Crédito na hora de realizar um
empréstimo traz mais benefícios para os cooperados através das menores taxas de juros,
constantes treinamentos aos colaboradores, maior autonomia dos gerentes de
relacionamento, entre outros benefícios citados na pesquisa.
Palavras chave: Cooperativismo. Cooperativa. Cooperativas de Crédito. Bancos.
Empréstimo.
2 Discente do Curso de Administração da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) Departamento de
Ciências Humanas I. 10° semestre. vanessuelen@gmail.com
1 Orientado pela professora Aliger dos Santos Pereira na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.
Doutora em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador (UNIFACS), mestra em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social pela Universidade Católica do Salvador (UCSAl) e
graduada em Administração de Empresas pela UNIFACS. Docente da UNEB e do Instituto Federal da
Bahia (IFBA). p.gaba@uol.com.br
2
ABSTRACT
This article demonstrates the results of the comparison between the Cooperative Credit
system and the Banking system with an emphasis on the release of loans in the city of
Salvador between the years 2016 to 2022. (is) competitive of Credit Cooperatives in
relation to commercial Banks regarding the criteria for the release of loans? The
contribution of this research takes place with the recognition of the positive and
negative points of Credit Cooperatives and commercial Banks along with the proposed
interventions for Credit Cooperatives. The methodology used was exploratory research
with the application of a questionnaire in a Credit Cooperative and dissemination in
digital media - through messaging application and social networks - for Cooperative
employees and employees and / or former employees of commercial Banks . In view of
the results found, it was found that Credit Cooperatives seek to differentiate themselves
from Banks by making the customer associated, cooperative and owner of the
cooperative. Finally, it is concluded that the option for a Credit Union when taking out a
loan brings more benefits to the cooperative members through lower interest rates,
constant training for employees, greater autonomy of relationship managers, among
other benefits mentioned in the search.
Keywords: Cooperativism. Cooperative. Credit Unions. Banks. Loan.
3
1 INTRODUÇÃO
Desde a fundação da primeira Cooperativa formal da história, no ano de 1844,
foram criados e aprovados os princípios do cooperativismo, que dão direcionamento a
todos os cooperativistas em todo o mundo. Devido às transformações sociais, históricas
e econômicas, o cooperativismo evoluiu, provocando a reestruturação e adaptação dos
atuais sete princípios cooperativistas, que são: 1. o interesse pela comunidade; 2. a
adesão livre e voluntária; 3. a gestão democrática; 4. a participação econômica dos
membros; 5. a autonomia e independência; 6. a educação, formação e informação; e 7. a
intercooperação; estes sete princípios permanecem os mesmos desde a sua criação
(GAWLAK, 2013, p. 22-26).
Estes sete princípios do cooperativismo têm como objetivo orientar as
Cooperativas quanto à prática dos seus valores. Afinal, são os norteadores éticos,
estatutários e empresariais. O não seguimento de um ou mais princípios, resulta em
problemas dentro da Cooperativa, a exemplo de um favoritismo para com um associado
por parte de um funcionário da Cooperativa que provocaria desigualdade entre os
membros (TOLEDO, 2019, p.11).
Ajudar no desenvolvimento da comunidade é algo proposto de forma natural
pelo cooperativismo, gerando benefícios sociais e econômicos, para seus cooperados e
para toda a sociedade, buscando os interesses da comunidade (TREIN e GRIEBELER,
2018, p.1).
Cooperativismo é trabalhar em conjunto. Desta forma, todas as Cooperativas se
apoiam, trazendo mais força para o movimento cooperativista para servirem de forma
mais eficaz para os cooperados, fazendo a intercooperação cada vez mais presente. Para
Franke, (1973, p.1):
A palavra "cooperativismo" pode ser tomada em duas acepções. Por um lado,
designa o sistema de organização econômica que visa a eliminar os
desajustamentos sociais oriundos dos excessos da intermediação capitalista;
por outro, significa a doutrina corporificada no conjunto de princípios que
devem reger o comportamento do homem integrado naquele sistema.
Este artigo trata do cooperativismo financeiro, que corresponde a um segmento
dentro do cooperativismo. Em seu livro “Cooperativismo Financeiro na década de
2020” Meinen cita que “das 50 maiores instituições financeiras globais, por exemplo,
4
seis são de natureza Cooperativa ou controladas por Cooperativas financeiras”.
De acordo com o Banco Central (2019), o Sistema Financeiro Cooperativo
proporcionou uma economia de cerca de R$30 bilhões de reais para os seus
cooperados, número decorrente da diferença de precificação na comparação com as
práticas dos Bancos. Diante disso, o tema deste trabalho analisará os diferenciais
competitivos das Cooperativas de Crédito quanto aos critérios estabelecidos para a
liberação de empréstimos em relação aos Bancos comerciais, com ênfase na liberação
de empréstimos na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022.
Gostaria de lembrar que ambos os sistemas, tanto o bancário como o cooperativo
são regidos pelo Banco Central do Brasil e oferecem os mesmos serviços financeiros
para a população, porém, há diferenças que tornam as Cooperativas de Crédito mais
atraentes que os Bancos comerciais, entre elas está o fato de que as Cooperativas de
Crédito são sociedades de pessoas, enquanto os Bancos são sociedades de capital
(BRASIL, 1971).
A pesquisa cujo tema busca identificar os diferenciais competitivos das
Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos comerciais com ênfase na liberação de
empréstimos na cidade de Salvador entre os anos de 2016 e 2022, teve início através da
seguinte problemática “Qual(is) o(s) diferencial(is) das Cooperativas de Crédito em
relação aos Bancos comerciais quanto aos critérios para a liberação de empréstimos na
cidade de Salvador entre os anos de 2016 e 2022?”.
O objetivo geral consiste em realizar uma análise comparativa entre os critérios
estabelecidos pelas Cooperativas de Crédito e pelos Bancos comerciais na cidade de
Salvador referente a liberação de empréstimos entre os anos de 2016 a 2022. E como
objetivos específicos:
● confrontar as principais medidas adotadas pelas Cooperativas para se
diferenciarem dos Bancos quanto à oferta e liberação de empréstimos em
Salvador; e
● comparar os principais benefícios que as Cooperativas oferecem a seus
associados na liberação de empréstimos em relação aos Bancos em Salvador.
O interesse pelas comunidades onde atuam é um diferencialdas Cooperativas no
Brasil demonstrado através de diversos tipos de ações que as Cooperativas promovem,
desde as ações sociais, as taxas justas e a geração de emprego. Segundo o site
Cooperatives and Employment Second Global Report (2017), conforme citado por
Meinen (2020, p. 36):
5
As Cooperativas são responsáveis por 280 milhões de postos de trabalho,
contingente que representa aproximadamente 10% da população mundial
ocupada e, segundo a Organização das Nações Unidas, 20% a mais que a
soma dos trabalhadores em conglomerados nacionais.
As Cooperativas de Crédito abrem as portas para jovens estudantes através dos
programas de estágio e de jovem aprendiz que recebem a oportunidade de aplicarem na
prática toda a teoria aprendida nas faculdades (GERAÇÃO COOPERAÇÃO, 2021). Em
contrapartida, foram fechadas 2.189 agências bancárias no ano de 2021 em todo o
Brasil, resultando em 15,4 mil desempregados. A redução ocorre em meio ao aumento
dos canais digitais de pagamento, mas, segundo sindicalistas, aumenta a sobrecarga de
trabalho dos bancários. (BARBOSA, 2022)
A Tabela 1 mostra os resultados exibidos na ferramenta de busca Google
Acadêmico e nas bases de dados Scielo e Capes, considerando o intervalo de tempo
entre os anos de 2016 e 2022, a pesquisa foi realizada em 23 de maio de 2022. A
primeira pesquisa foi feita na ferramenta de busca Google Acadêmico considerando
todos os idiomas e compreendendo o período desejado.
Ao pesquisar “cooperativismo” (Tabela 1) foram exibidos 157 mil resultados e
ao inserir o intervalo de tempo foram apresentadas 19,8 pesquisas. A próxima palavra
pesquisada foi “Cooperativa” que apresentou 1.650.000 resultados e quando os
marcadores de tempo foram inseridos a plataforma mostrou 125 mil exibições. Quando
feita a busca pela palavra-chave “Cooperativa de Crédito” (Tabela 1) foram encontrados
434 mil resultados e ao selecionar o período desejado 16,7 mil resultados foram
exibidos. A palavra-chave “Bancos” (Tabela 1) foi encontrada 1.590.000 vezes e ao
delimitar o período específico a pesquisa identificou 79,7 mil resultados. A última
palavra-chave buscada foi “empréstimo” que apresentou 150 mil resultados e após
delimitar o marcador de tempo 21,3 mil resultados foram exibidos.
A combinação “cooperativismo and Cooperativas” (Tabela 1) apresentou 161
mil resultados e ao delimitar o período da pesquisa exibiu 15,5 mil resultados. Já a
combinação seguinte “Cooperativas and Bancos” (Tabela 1) resultou em 218 mil
resultados e 15,6 pesquisas foram encontradas compreendendo o período desejado.
Quando procurado por “Cooperativas de Crédito or Bancos” (Tabela 1) 138 mil
resultados foram exibidos e ao selecionar o período traçado foram encontradas 19,9
6
exibições. A próxima combinação foi “Cooperativas and empréstimos” (Tabela 1) e
exibiu 32.900 resultados e depois de especificar o tempo 16 mil pesquisas foram
exibidas. Por fim, “Bancos and empréstimos” (Tabela 1) mostrou 78.100 resultados e
15,7 mil pesquisas foram encontradas compreendendo o período desejado.
A segunda pesquisa foi realizada na base de dados da revista Scielo e foi levado
em consideração para a explanação dos dados o período da pesquisa entre os anos de
2016 e 2022. A primeira palavra-chave pesquisada foi “cooperativismo” (Tabela 1) com
298 resultados e após selecionar os anos entre 2016 e 2022 foram exibidos 178
resultados. Quando pesquisada, a palavra-chave “Cooperativa” (Tabela 1) apresentou
960 resultados e quando os anos que compreendem a pesquisa foram selecionados, 403
resultados foram expostos. Ao buscar a palavra-chave “Cooperativas de Crédito”
(Tabela 1) foram exibidos 60 resultados e ao selecionar o período entre os anos de 2016
e 2022 a revista mostrou 29 resultados. A busca pela palavra “Bancos” localizou 2.880
tipos de literatura e ao filtrar o período desejado 1.120 buscas foram encontradas. Já ao
inserir a palavra “empréstimo” (Tabela 1) 94 resultados foram alcançados e ao delimitar
o período desejado 33 pesquisas foram localizadas.
A combinação “cooperativismo and Cooperativas” (Tabela 1) mostrou 127
resultados e ao selecionar o período entre os anos de 2016 e 2022 foram encontrados 68
resultados. A próxima combinação pesquisada na revista foi “Cooperativas and Bancos”
que mostrou 12 resultados e ao aplicar o intervalo de 2016 a 2022, 8 resultados foram
exibidos. Quando foi pesquisada a combinação “Cooperativas de Crédito or Bancos”
(Tabela 1) foram exibidos 723 resultados e ao aplicar o filtro de tempo foram
localizados 301 resultados. Já ao pesquisar “Cooperativas and empréstimo”, 6
resultados foram exibidos e ao considerar os anos entre 2016 e 2022 foram encontrados
3 resultados. Ao pesquisar a última combinação, “Bancos and empréstimos” (Tabela 1)
21 resultados foram exibidos e ao selecionar os anos de 2017 a 2021 (pois não foram
encontradas pesquisas nos anos de 2016 e 2022).
Quando realizadas no periódico Capes entre 04 e 23 de maio de 2022 foram
exibidos para a palavra “cooperativismo” (Tabela 1) 4.205 resultados e ao delimitar o
período, 1.993 pesquisas foram exibidas. Já a palavra “Cooperativa” apresentou 47.667
resultados e ao delimitar o período 19.636 resultados foram mostrados. Para a
palavra-chave “Cooperativa de Crédito” a base de dados mostrou 6.181 resultados e
quando o intervalo de tempo foi delimitado 2.643 pesquisas foram exibidas. Quando
realizada a busca para a palavra-chave “Banco” 313.434 resultados foram mostrados e
7
após selecionar o período que está sendo trabalhado, 222.859 pesquisas foram
encontradas. Para a palavra-chave “empréstimo” 5.467 pesquisas foram alcançadas e
após selecionar o período da pesquisa 2.617 resultados foram exibidos.
Também foram realizadas pesquisas no periódico Capes em 23 de maio de 2022
(Tabela 1) das combinações das palavras-chaves deste projeto considerando o intervalo
de tempo considerando os anos entre 2016 e 2022. Ao pesquisar a combinação entre
“cooperativismo and Cooperativas” foi exibido 3.001 resultados e após selecionar o
intervalo entre os anos foram encontrados 1.367 resultados. A combinação
“Cooperativas and Bancos” ao ser pesquisada mostrou 8.417 resultados e ao selecionar
o período foram exibidos 3.114 resultados. Já ao pesquisar “Cooperativas de Crédito or
Bancos” 46.380 resultados foram exibidos e após selecionar o período 19.134 resultados
foram mostrados. Quando foi pesquisada a combinação “Cooperativas and empréstimo”
745 resultados foram exibidos e ao delimitar o tempo a pesquisa alcançou 350
resultados. Ao buscar os resultados da combinação “Bancos and empréstimos” foram
encontrados 2.476 materiais e ao delimitar o período, a plataforma exibiu 1.155
resultados.
Ao analisar os dados da Tabela 1 referente a quantidade de trabalhos publicados,
fica nítido a importância e o debate do tema na esfera acadêmica, visto que a
comparação entre Cooperativas de Crédito de Bancos vem proporcionando publicações
de artigos, monografias, teses e trabalhos para a conclusão de cursos como resultado do
crescente interesse para abordagem do tema, que vem acompanhando a expansão da
quantidade de pontos de atendimentos das Cooperativas de Crédito no Brasil, sobretudo
no estado da Bahia, enquanto os Bancos vivenciam o encerramento de muitas agências
físicas dando ênfase ao atendimento digital.
Tabela 1 – Identificação dos quantitativos segundo plataformas Google Acadêmico, Scielo e Capes
com relação ao estudo das palavras-chaves de forma isolada acerca da liberação de empréstimos
nas Cooperativas de crédito e nos Bancos entre os anos de 2016 e 2022.
(continua)
Filtros para busca Google Acadêmico Base Scielo Plataforma Capes Total
Cooperativa 125.000 403 19.636 145.039
Cooperativas de Crédito 16.700 29 2.643 19.372
Bancos 79.700 1.075 222.859 303.634
8
Continuação Tabela 1 – Identificação dos quantitativos segundo plataformas Google Acadêmico,
Scielo e Capes com relação ao estudo das palavras-chaves de forma isolada acerca da liberaçãode
empréstimos nas Cooperativas de crédito e nos Bancos entre os anos de 2016 e 2022.
(conclusão)
Filtros para busca Google Acadêmico Base Scielo Plataforma Capes Total
Empréstimo 21.300 33 2.617 23.950
Cooperativismo and 15.500 65 1.367 16.932
cooperativas
Cooperativas and bancos 15.600 8 3.114 18.722
Cooperativas de Crédito 19.900 301 19.134 39.335
or bancos
Cooperativas and 16.000 3 350 16.353
empréstimo
Bancos and empréstimo 15.700 10 1.155 16.865
Total 345.200 2.105 274.868 622.173
Fonte: Elaboração da autora, maio de 2022.
Assim, o estudo do cooperativismo de crédito é importante, pois ele traz viabilidade
econômica para as sociedades e é sustentado através da combinação de eficiência econômica
e efetividade social (MEINEN, 2020, p.21).
Sem viabilidade econômica não existe Cooperativa, mas sem viabilidade social a
Cooperativa não tem razão de existir. Toda a geração de riqueza, de oportunidades e
de renda feita pelo cooperativismo é inserida na localidade onde está (NOBILE,
2019).
As Cooperativas de Crédito são organizações que surgiram como alternativa na
realização de empréstimos, que se distinguem dos Bancos por assumir os riscos das operações
em prol da comunidade onde atua e o seu desenvolvimento. Com a promoção do
desenvolvimento local sustentável, representa as iniciativas dos cidadãos locais e o
financiamento de empresas em estágios iniciais, impactando na geração de empregos e
distribuição de renda (SOARES e SOBRINHO, 2008, p.69).
Este artigo está dividido em seis seções: a primeira fala sobre a fundação da primeira
9
Cooperativa da história, os princípios, o propósito e o conceito do cooperativismo, abordando
com maior profundidade o cooperativismo financeiro; a segunda cita os diferenciais
competitivos das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos comerciais quanto a
liberação de empréstimos; a terceira descreve a metodologia e os recursos utilizados na
pesquisa; a quarta aprofunda a seção dois abordando os diferenciais competitivos das
Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos na cidade de Salvador conforme a percepção
dos colaboradores das instituições; a quinta exibe os resultados em um quadro comparativo
com os pontos positivos, negativos e as sugestões de melhoria; por fim, após a análise
comparativa é respondido na seção seis em qual instituição é mais vantajoso obter um
empréstimo, como essa conclusão impacta e influencia a sociedade e quais os benefícios desta
pesquisa no âmbito social, econômico e cultural.
2 DIFERENCIAIS COMPETITIVOS DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO EM
RELAÇÃO AOS BANCOS COMERCIAIS QUANTO A LIBERAÇÃO DE
EMPRÉSTIMOS.
A palavra cooperativismo origina-se da palavra cooperação. É um conjunto de
princípios culturais e socioeconômicos, embasados nos princípios cooperativos, na
liberdade humana e pode ser definido como:
Sistema econômico e social em que a cooperação é a base sobre que se
constroem todas as atividades econômicas (industriais, comerciais etc.). O
cooperativismo consiste na primazia da pessoa humana, na economia e na
cooperação de todos para a consecução do bem comum (MICHAELIS,
2022).
Os primeiros indícios do cooperativismo no mundo surgiram no tempo das
cavernas quando o homem sentiu a necessidade de se agrupar para sobreviverem, assim,
pescavam, caçavam e construam habitações para se protegerem dos predadores, ou seja,
os homens se uniram para defenderem interesses em comum. “Na Babilônia, no Egito e
na Grécia já existiam formas de cooperação muito bem definidas: nos campos de trigo,
no artesanato e no sepultamento” (LUNKES, 1996, p. 4).
Com a Revolução Industrial ocorrida no século XVII, o poder de troca deu lugar
ao poder de capital, a produção manual foi substituída pela produção em série e as
10
diferenças entre as pessoas se tornaram ainda mais evidentes pois os baixos salários e a
longa jornada de trabalho trouxeram muitas dificuldades socioeconômicas para a
população (SALES, 2010, p. 24).
Com as péssimas condições de trabalho impostas pela Revolução Industrial, um
grupo de 28 tecelões de Rochdale na Inglaterra criou a primeira Cooperativa em 21 de
dezembro de 1844 com o nome de “Rochdale Society of Equitable Pioneers”, ou seja:
Sociedade Rochdale dos Pioneiros Equitativos. Pode-se dizer que o cooperativismo tem
por objetivo melhorar a situação econômica dos cooperados, através da oferta no
mercado de menores taxas e prestações para a aquisição de bens que necessitam
(FRANKE, 1973).
O significado da palavra Cooperativa pode ser apresentado como uma reunião
de pessoas de um determinado grupo social ou econômico, com o objetivo de obterem
benefícios em comum para um grupo que realiza as mesmas atividades. O X Congresso
Brasileiro de Cooperativismo (1988) definiu da seguinte forma:
Cooperativas é uma organização de pessoas unidas pela cooperação e ajuda
mútua, gerida de forma democrática e participativa, com objetivos
econômicos e sociais comuns a todos, cujos aspectos legais e doutrinários são
distintos de outras sociedades.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em sua
Resolução de n° 193/2002:
O termo “Cooperativa” significa associação autônoma de pessoas que se
unem voluntariamente para atender às suas necessidades e aspirações
comuns, econômicas, sociais e culturais, por meio de empreendimento de
propriedade comum e de gestão democrática.
Antes mesmo do início oficial do cooperativismo no Brasil com o surgimento da
primeira Cooperativa de consumo de produtos agrícolas no Brasil na cidade de Ouro
Preto – Minas Gerais em 1889, há registro do surgimento da primeira Cooperativa
agropecuárias nacional no Paraná com a fundação da Colônia Tereza Cristina, no
Paraná, pelo francês Jean Maurice Faivre. De acordo com Vasconcelos (2021, p. 96):
11
O interesse do governo imperial do Brasil sobre o cooperativismo é expressa
na notícia do Correio da Bahia, de 18 de julho de 1877, durante a terceira
excursão internacional de D. Pedro II. Ao visitar a França, o Imperador
demonstrou interesse em conhecer a fábrica de chocolates do deputado
Menier, solicitando que discorresse sobre a associação Cooperativa que ele
instituiu para os seus empregados.
Na região Nordeste do Brasil, o primeiro registro de uma Cooperativa é datado
do ano 1894 no estado de Pernambuco, através da Cooperativa de Consumo de
Camaragibe (VANIN, 2018). Já na Bahia, de acordo com Vasconcelos (2021):
A primeira informação que dá conta da existência de uma Cooperativa na
Bahia só é encontrada no Pequeno Jornal, edição de 4 de março de 1890, no
nascedouro da República. Naquela edição, registra-se o resultado da reunião
da Sociedade Cooperativa dos Alfaiates, que por maioria dos sócios aprova
novos artigos para o estatuto, por terem sido considerados nulos os estatutos
vigentes até então. Como se pode depreender, a Cooperativa já existia
anteriormente a esta data, mas no levantamento inicial não se obteve
informação sobre seu funcionamento e grau de regularização face à norma
legal então vigente.
Partindo do conceito de Cooperativa onde pessoas se reúnem com objetivos
comuns, é possível identificar diversos tipos de Cooperativas com fins específicos. De
acordo com o Gawlak – (2010) elas podem ser voltadas para: a agropecuária, o
consumo, a educação, pessoas com deficiência, habitação, mineração, produção,
infraestrutura, trabalho, saúde, transporte, turismo e lazer e as Cooperativas de Crédito
que serão abordadas neste trabalho.
A primeira Cooperativa de Crédito do mundo surgiu na Alemanha (FRANKE,
1973, p.34) como alternativa aos juros abusivos cobrados pelos Bancos da época
(HOLYOAKE, 1933, p. 67). As Cooperativas de Crédito Schulze-Delitzsch foram
pensadas por Hermann Schulze, magistrado nascido em Delitzsch, que criou Bancos
populares entre os artesãos e foi o fundador do projeto que embasou a elaboração do
primeiro Código Cooperativo, promulgado em 27 de março de 1867, na Alemanha. Para
ele, a associação foi o meioencontrado pela sociedade para atuar de forma eficaz em
setores que o estado não consegue atingir (PINHEIRO, 2008, p. 23).
No Brasil, o primeiro registro do cooperativismo de crédito aconteceu no ano de
1889, no estado de Minas Gerais, através da Sociedade Cooperativa Econômica dos
12
Funcionários Públicos de Ouro Preto. Oficialmente, a primeira Cooperativa de Crédito
brasileira foi fundada em 1902, pelo padre jesuíta Theodor Amistad, na localidade de
Linha Imperial em Nova Petrópolis. E recebeu o nome de Caixa Econômica de
Empréstimos “Amstad” de Nova Petrópolis – Sparkase Amstade (que em alemão
significa Caixa Geral de Depósitos), que no início funcionou na casa do primeiro
gerente eleito, o Sr. Josef Neumann Sênior (PINHEIRO, 2008, p.27).
As Cooperativas de Crédito no Brasil nasceram da necessidade de atender as
pessoas das regiões desbancarizadas, ou seja, onde não havia agências bancárias devido
o custo-benefício não ser apontado como significativo para os Bancos. Comunidades de
pescadores, vendedores ambulantes, as dezenas de grupos que trabalhavam de forma
informal e muitas vezes sazonal e em especial os agricultores familiares foram vistos
pelas Cooperativas, que tinham como objetivo atender e solucionar as necessidades
dessas pessoas na busca de acesso ao crédito (JACQUES e GONÇALVES, 2016,
p.501).
O termo Cooperativa de Crédito faz menção ao conceito do cooperativismo
atrelado ao produto crédito, ou seja, um conjunto de pessoas que reúnem com um
objetivo em comum, a comercialização de crédito com o objetivo de facilitar a vida
financeira de quem precisa. Além da comercialização de crédito, as Cooperativas de
Crédito trabalham com outros diversos produtos e serviços como: abertura de conta
corrente, abertura de conta poupança, seguro, consórcios, títulos de capitalização,
financiamento habitacional, financiamento de veículos, consultoria financeira, entre
outros (SCHIMMELFENIG, 2010, p. 3).
Ao contrário dos outros ramos de Cooperativas, as Cooperativas de Créditos são
regulamentadas pelo Banco Central do Brasil e estão sujeitas, à disciplina normativa
instituída pelo Conselho Monetário Nacional - CMN. As Cooperativas possuem
natureza jurídica própria e obedecem a Política Nacional de Cooperativismo instituída
na Lei nº 5.764/1971, que determinou o regime jurídico das sociedades Cooperativas,
suas características, definiu os princípios do cooperativismo e os modelos de
Cooperativas classificados da seguinte forma: singulares - mínimo de vinte pessoas -,
Centrais ou federações de Cooperativas - mínimo de três singulares - e Confederações
de Cooperativas centrais - mínimo três Cooperativas centrais ou federações de
Cooperativas, da mesma ou de diferentes modalidades (BRASIL, 1971).
Os principais produtos que as Cooperativas de Crédito oferecem aos seus
associados estão relacionados a abertura de conta corrente, conta poupança, conta
13
capital, conta salário, fornecimento de cartões de débito, cartões de crédito, cartões
múltiplos, empréstimos, investimentos, financiamentos, seguros de vida, seguros de
automóveis, seguros residenciais, seguros empresariais, consórcios de veículos,
consórcios imobiliário e previdências. Para Pagnussatt (2004, p. 13),
Cooperativas de Crédito são sociedades de pessoas, constituídas com o
objetivo de prestar serviços financeiros aos seus associados, na forma de
ajuda mútua, baseada em valores como igualdade, equidade, solidariedade,
democracia e responsabilidade social. Além da prestação de serviços comuns,
visam diminuir desigualdades sociais, facilitar o acesso aos serviços
financeiros, difundir o espírito da cooperação e estimular a união de todos em
prol do bem-estar comum.
Nas Cooperativas de Crédito, os associados também são donos do negócio, eles
podem ajudar a eleger os dirigentes e a buscar junto com os demais associados os
serviços financeiros mais vantajosos para todos. Diferente dos Bancos, as Cooperativas
de Crédito não visam o lucro, e o seu resultado positivo no final do exercício conhecido
como sobras, é rateado entre todos os cooperados proporcionalmente às operações
realizadas na Cooperativa. E é desta forma, que os ganhos obtidos retornam para os
cooperados (PORT et al, 2014, p. 49).
As Cooperativas promovem o desenvolvimento pessoal e, consequentemente
social, das regiões onde estão inseridas, pois, os recursos captados em uma região são
investidos nesta mesma região (ROVANI e col, 2021), diferentemente dos Bancos, que
captam recursos em pequenas regiões e investem nas grandes metrópoles, que são as
suas maiores geradoras de receitas proporcionando maior rentabilidade. Afinal o
compromisso societário é intenso com os associados em empresas que tem como base o
cooperativismo, inclusive na área financeira, quando comparadas aos agentes
financeiros mais convencionais - como por exemplo os Bancos - que costumam
recolher-se em momentos de retração econômica (MEINEN, 2020, p.23).
Nas Cooperativas os associados participam das assembleias e possuem direito a
voto, enquanto nos Bancos o poder é proporcional ao número de ações, as Cooperativas
de Crédito não possuem lucro e as sobras anuais são repartidas entre os associados.
Enquanto nos Bancos a distribuição dos lucros é destinada para os acionistas, as
Cooperativas apresentam taxas de juros menores, focam no desenvolvimento das
comunidades onde atuam e os cooperados são a razão de ser da Cooperativa. Segundo
(JACQUES e GONÇALVES, 2016, p.57):
14
As Cooperativas de Crédito aparecem como instituições alternativas no
fornecimento de crédito, com características distintas dos Bancos, pois elas
assumem os riscos de suas aplicações em prol da comunidade, promovendo o
desenvolvimento local através da formação de poupança e do microcrédito
direcionado a iniciativas empresariais locais.
Diferente dos Bancos, nas Cooperativas de Crédito, o crédito é concedido nas
próprias regiões onde estão inseridas, o que reforça a tese do desenvolvimento local
baseado no reinvestimento dos recursos captados na própria região (MEINEN, 2020).
Sendo assim, cada Cooperativa tem como objetivo emprestar o máximo de recursos
possível para os seus associados, tendo em vista o aumento da sua rentabilidade. De
acordo com o Banco Central do Brasil:
Por meio da Cooperativa de Crédito, o cidadão tem a oportunidade de obter
atendimento personalizado para suas necessidades. O resultado positivo da
Cooperativa é conhecido como sobra e é repartido entre os cooperados em
proporção com as operações que cada associado realiza com a Cooperativa.
Assim, os ganhos voltam para a comunidade dos cooperados.
Os Bancos comerciais, por sua vez, também buscam emprestar o máximo
possível de recursos para os seus clientes, afinal, também buscam aumentar a
lucratividade. Para Paula, 1999 , p.82:
Como qualquer firma capitalista, Bancos têm como principal objetivo a
obtenção de lucro na forma monetária. Para tanto, tomam suas decisões de
portfólio orientadas pela expectativa de maiores lucros, levando em conta sua
preferência pela liquidez e suas avaliações sobre a riqueza financeira, em
condições de incerteza que caracterizam uma economia monetária da
produção.
O Banco Central do Brasil reconhece que os Bancos comerciais atuam como
intermediadores do dinheiro entre aqueles que o possuem (superavitários) e aqueles que
precisam de recursos financeiros (deficitários), além de realizarem a guarda desse
dinheiro. As instituições bancárias também disponibilizam diversos tipos de serviços
para os seus clientes como a realização de abertura de conta corrente, conta poupança,
saque, empréstimo, venda de consorcio, venda de título de capitalização, venda de
seguros, disponibilizam cartões de crédito, cheque especial entre outros serviços tanto
para pessoa física, quanto para pessoa jurídica. Para Abrão (2009, p. 4 - 23):
15
Banco é em espécie do gênero instituição financeira, sendo esta, por
definição legal, a pessoa jurídica pública ou privada que tenha “como
atividadeprincipal ou acessória a coleta intermediação ou aplicação de
recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou
estrangeira, e custódia de valor de propriedade de terceiros (BRASIL, 1964).
Através da criação da moeda na época do Renascimento, surgiu o sistema
bancário na mesma época, dada a necessidade de criar instituições que realizassem a
guarda e o empréstimo do dinheiro. Em 1407, na cidade italiana de Gênova, foi criado o
primeiro Banco moderno chamado de Casa di San Giorgio (MACHADO et al, 2017). A
comercialização na Idade Média, foi uma das atividades precursoras para a criação dos
Bancos, que surgiram com o objetivo de emprestar dinheiro para o desenvolvimento dos
empreendimentos comerciais, agrícolas e industriais (NOGUEIRA, 2019).
A primeira instituição bancária brasileira foi criada em 1808 pelo Rei D. João VI
foi o Banco do Brasil, com o intuito de financiar a abertura de empresas manufatureiras
na época do Brasil colônia. Com o intuito de prestar serviços ao governo quanto à
concessão de linhas de crédito em situações muito importantes, em 1851, o Banco do
Brasil ressurgiu sob a direção do Visconde de Mauá. Era responsabilidade do Banco do
Brasil a emissão de papel moeda, hoje quem assume essa função é o Banco Central
(CARDOSO, 2010).
Segundo o Banco Central:
Banco é a instituição financeira especializada em intermediar o dinheiro entre
poupadores e aqueles que precisam de empréstimos, além de custodiar
(guardar) esse dinheiro. Ele providencia serviços financeiros para os clientes
(saques, empréstimos, investimentos, entre outros). Os Bancos são
supervisionados pelo Banco Central (BC), que trabalha para que as regras e
regulações do Sistema Financeiro Nacional (SFN) sejam seguidas por eles.
Os Bancos, assim como todos os integrantes do Sistema Financeiro Nacional -
SFN, são regulamentados pela Lei nº 4.595, de 31 e dezembro de 1964 que dispõe sobre
a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, cria o Conselho
Monetário Nacional e dá outras providências. Outra resolução importante que rege o
funcionamento dos Bancos é a Lei n° 6.404/76, que se faz necessária devido a atuação
dos Bancos em forma de sociedades anônimas (S/A) – exceto o Banco Nacional de
16
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que é empresa pública e entidade
autárquica do Governo Federal (BRASIL).
O Banco Central apresenta sete tipos de Bancos que operam em nosso país, são
eles: Banco de câmbio, Banco comercial, Banco de desenvolvimento, Banco de
investimento, Banco múltiplo, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico Social - BNDES.
Para Teixeira, (2020, p.102):
Desde a Crise de 2008, as novas tecnologias vêm trazendo contornos
específicos ao capitalismo, englobando diversas esferas da vida de pessoas
físicas e jurídicas. Neste cenário, o sistema de crédito esteve em constante
metamorfose e o microcrédito, especificamente, é uma das modalidades de
empréstimo que vem sofrendo profundas transformações. Comumente
voltado a substratos sociais de baixa renda que ora precisam de um capital
inicial para exercer alguma atividade, ora para o próprio consumo – e com
frequência para arcar com compromissos das dívidas que estão vencendo –,
experimentamos há pelo menos cinco décadas diferentes “ondas” de
promessas, com múltiplas dimensões.
No Brasil, no começo de 2010 surgiram de forma tímida os primeiros Bancos
digitais - também conhecidos como fintechs – mesmo com um universo pequeno de
pessoas no país com acesso a aplicativos por meio dos celulares. Atualmente, essas
empresas são as principais responsáveis pela revolução digital financeira e concorrem
com as startups. Tal concorrência auxilia as fintechs a driblar alto spread bancário – que
é a diferença entre a taxa de captação e a de empréstimo do dinheiro (FREITAS, 2019,
p.4).
No ano de 2021, os Bancos digitais e as fintechs disponibilizaram cerca de R$9
bilhões em empréstimos, três vezes mais que o volume concedido no ano de 2019. Para
a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) este salto no volume de crédito
disponibilizado se dá em função da mudança de comportamento do consumidor, que
devido ao isolamento social causado pela pandemia do coronavírus em 2020, precisou
migrar suas atividades financeiras para o setor digital (OLHER, 2020).
Esta pesquisa trabalhará estabelecendo uma análise comparativa entre as
Cooperativas de Crédito e os Bancos comerciais na área de empréstimo, assim, foi
realizado o estudo do empréstimo desde a sua origem até os dias de hoje, junto ao
estudo das diferenças estabelecidas entre os dois modelos de instituições financeiras. As
17
Cooperativas de Crédito surgiram para facilitar o empréstimo para os grupos de pessoas
que tinham dificuldades em conseguir recursos emprestados nos Bancos, que
geralmente eram as classes mais pobres, que utilizam esse recurso para adquirir coisas
banais da vida urbana como eletrodomésticos por exemplo (LOPES, 1996, p. 110).
O ato de emprestar surgiu antes mesmo da moeda - a forma oficial do dinheiro -
essa atividade era praticada também pelos agiotas, que é considerada a profissão mais
antiga do mundo. Por volta de 4.000 a.C (antes de Cristo) na região da Mesopotâmia já
havia indícios dessa atividade de forma simplória, onde quem tinha bens sobrando
poderiam emprestar eles e receber algo em troca. O Código de Hammurabi - escrito
pelo rei da primeira dinastia da Babilônia, Hammurabi em 1.800 a.C - delimitava
algumas regras sobre o processo, como por exemplo, as taxas de juros cobradas em cada
tipo de transação, e quando um contrato era encerrado, era necessário testemunhas para
presenciar e confirmar o fato (WILSON, 2020, p. 10-11).
Na Grécia, por volta de 400 a.C, mais especificamente nas Ilhas Gregas, iniciou
as exigências por garantia de algum bem para a realização da transação, geralmente
eram propriedades ou outros itens de valor (DENIS, 2019). Esta exigência se manteve e
solidificou ao longo tempo, atualmente, linhas simples de empréstimo como o crédito
pessoal, pode exigir uma garantia para realizar a liberação dos valores solicitados.
Tomar dinheiro emprestado é algo bem comum em nossa sociedade, através do
crédito é possível realizar sonhos de consumo, suprir necessidades, beneficiar pessoas
carentes através de projetos sociais e uma infinidade de ações (BRASIL). Em um
mundo capitalista, é difícil realizar qualquer coisa sem a presença de dinheiro, e a busca
desenfreada pelo capital e os juros abusivos cobrados pelos Bancos reforçam a
importância e o valor do dinheiro.
Sebben (2020, p. 37), define empréstimo como:
Todo ato de vontade ou disposição de alguém ceder, temporariamente, partes
do seu patrimônio a terceiros, tendo em mente que essas partes voltem
integralmente à sua posse depois de um determinado tempo.
Empréstimo é um contrato entre o cliente e uma instituição financeira, pelo qual
o cliente recebe uma quantia em dinheiro que deverá ser devolvida em prazo
18
determinado, acrescida dos juros acertados (CIDADANIA FINANCEIRA, BANCO
CENTRAL, 2011).
O empréstimo estimula o consumo, e dinamiza a produção de capitais. O
mercado depende do constante crescimento do consumo, assim, o empréstimo é um
instrumento gerador de moeda que possibilita o aumento do consumo, a troca de bens e
serviços, proporcionando desenvolvimento através geração de emprego e renda, afinal,
quanto maior a demanda por produtos e serviços, mais pessoas serão demandadas para a
produção e disponibilidade dos mesmos. O sistema de financiamento é um empréstimo,
pois por meio deste, o consumidor mantém relações continuadas com o fornecedor do
financiamento (LOPES, 1996, p. 110).
Durante a construção das sociedades e avanço do desenvolvimento econômico
social, o empréstimo – que comumente também é chamado de crédito – mostrou ser um
instrumento importante para alavancar o consumo e as atividades de produção,
funcionando como um combustível para a geração de empregoe renda (MATOS, 2012,
p.05).
Para Silva (1998, p.23):
A concessão de crédito num Banco comercial, portanto, consiste em
emprestar dinheiro, isto é, colocar à disposição do cliente determinado valor
monetário em determinado momento, mediante promessa de pagamento
futuro, tendo como retribuição por essa prestação de serviço determinada taxa
de juros, cujo recebimento poderá ser antecipado, periódico ou mesmo ao
final do período, juntamente com o principal emprestado.
O Banco Central apresenta os seguintes tipos de empréstimos disponíveis
conforme o Quadro 1:
19
Quadro 1 – Quadro descritivo onde é feita a identificação das modalidades de empréstimos
acompanhado da conceituação de cada uma.
Tipos de empréstimos Conceito
Empréstimo pessoal: nesta modalidade o empréstimo não precisa ter a sua finalidade
comprovada junto à instituição tomadora, ou seja, o dinheiro pode
ser usado da forma que a pessoa desejar.
Empréstimo pessoal com
garantia:
crédito para usos diversos em que um bem livre de ônus fica
alienado à instituição financeira como garantia de pagamento.
Empréstimo pessoal consignado: aqui, o cliente dá o seu salário, aposentadoria ou benefício como
garantia do pagamento, e o valor da parcela acordada referente ao
empréstimo é descontada mensalmente diretamente da folha de
pagamento ou do benefício do contratante.
Cartão de crédito: é um instrumento de pagamento, com prazo para liquidação das
compras nele realizadas de até 40 dias, que também possibilita a
obtenção de empréstimo de curto prazo para liquidar o saldo da
fatura.
Cheque especial: é um crédito que pode ser utilizado automaticamente quando o
cliente não dispuser de saldo suficiente em conta para liquidar seus
compromissos.
Fonte: Elaboração da autora, maio de 2022.
O Quadro 2 descreve as principais diferenças entre as Cooperativas de Crédito e
os Bancos quanto à relação com os associados nas Cooperativas, e com os clientes nos
Bancos. Nas Cooperativas, os associados também são donos do negócio, porque ao se
associarem, a exemplo de outros empreendedores, o cooperado tem de aportar capital
inicial e responde pelo insucesso da Cooperativa, diferente dos Bancos, onde o cliente
não possui vínculo societário, não solicitando aporte de capital nem obrigando
responsabilidade na hipótese de prejuízo da instituição (MEINEN, 2020).
É apontado no Quadro 2 que o fato do associado ser sócio da Cooperativa e
também ser responsável pelos possíveis prejuízos, garante aos cooperados taxas e
20
margens de contribuições menores para a tomada de empréstimos e contratação de
cartas consórcios, por exemplo. A relação proprietária do cooperado, também possibilita
(ou deveria proporcionar) um atendimento mais diferenciado, delicado, atencioso, maior
relacionamento com o associado e com soluções operacionais mais flexíveis e assertivas
de forma humanizada (PORT, 2014, p. 34).
Nas Cooperativas de Crédito, toda política operacional é decidida pelos próprios
associados, provocando soluções operacionais mais flexíveis e assertivas de forma
humanizada – conforme o Quadro 2. Enquanto nos Bancos, o cliente não pratica
influência alguma na definição dos produtos e da sua precificação, devido às análises
sistemáticas e engessadas. (MEINEN, 2014, p. 49)
As margens de contribuição menores das Cooperativas de Crédito em relação
aos Bancos que possuem maiores margens de contribuição – apontado no Quadro 2 -, é
possível porque os associados também são donos do negócio e estão passíveis de
assumirem responsabilidades em caso de insucesso e/ou prejuízo da Cooperativa. A
margem de contribuição retrata a visão gerencial do quanto cada cooperado contribui
para a Cooperativa, através da utilização das soluções financeiras oferecidas por estas
instituições (WARTHA et al, 2018).
A responsabilidade em fazer parte da promoção do desenvolvimento econômico
através da liberação de crédito cedida para os associados, faz com o que os analistas de
crédito das Cooperativas (que também são associados), analisem com maior cuidado as
necessidades e os riscos da operação em relação aos Bancos, onde a análise é mais
ligeira e feita em sua maior parte por softwares, conforme apontado no Quadro 2.
Afinal, o crédito é um instrumento:
Dos pilares para o desenvolvimento econômico e social de uma sociedade. Se
o acesso ao crédito não for privilégio de uma pequena parcela da sociedade,
mas pelo contrário, for uma instituição à disposição de toda a sociedade, ele
terá um poder de incentivar a atividade econômica e a geração de renda, desde
que associado com algum nível de qualificação profissional e
acompanhamento gerencial (BITTENCOURT, 2001, p. 16).
Já o maior relacionamento exercido com os associados que mostra o Quadro 2,
deriva da não discriminação dos cooperados, enquanto nos Bancos, o relacionamento
com o público de maior renda e as maiores corporações são priorizados (PORT, 2014, p.
21
49). O Artigo 37 da Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971 garante a igualdade de
direitos dos associados independente da margem de contribuição que cada um fornece
para a Cooperativa, enquanto nos Bancos, os clientes podem ser tratados distintamente
(BRASIL, 1971).
Os Gerentes de Relacionamento das Cooperativas, relataram em uma entrevista
informal, possuírem maior autonomia em suas operações e informaram que realizam o
parecer de crédito (documento onde é justificado a liberação do empréstimo, a descrição
das principais informações acerca do associado e do seu comportamento e
endividamento no mercado financeiro para todas as linhas de empréstimo) para todas as
linhas de empréstimo – exibido no Quadro 2 – diferente dos Bancos, onde os
funcionários possuem menor autonomia e realizam o parecer de crédito para situações
específicas. Isso acontece, porque além de também serem associados e assumirem
possíveis riscos em caso perdas operacionais, nas Cooperativas de Crédito, a
precificação das operações e dos serviços tem como base os custos e como parâmetro as
necessidades de reinvestimento, enquanto nos Bancos a remuneração das operações e
dos serviços não tem parâmetro/limite (MEINEN, 2014, p. 49).
Por conta do número maior de etapas que uma proposta de crédito tramita até a
sua liberação, que faz referência a quantidade de alçadas – grupos compostos por
analistas de produtos e serviços que avaliam a necessidade do crédito, o risco de não
pagamento, o endividamento do solicitante no mercado, e a taxa que está sendo
negociada –, a análise e a liberação do crédito (Quadro 2) leva mais tempo nas
Cooperativas do que nos Bancos, onde a análise em sua maior parte é feita de forma
sistemática e possui um número menor de alçadas para analisar o risco de liberação do
crédito, ocasionando em uma liberação dos empréstimos mais rápida por parte dos
Bancos. Nas Cooperativas, o risco de liberação do crédito enfrenta uma análise mais
demorada por conta:
Do baixo custo operacional das Cooperativas, devido à sua menor estrutura
física e de pessoal, elas (Cooperativas) podem fornecer empréstimos com
juros abaixo do praticado pelos Bancos e ainda remunerar as aplicações de
seus associados com taxas superiores às do mercado (BITTENCOURT, 2001,
p. 24).
22
Devido o maior comprometimento humano quanto a análise, interpretação,
compreensão das informações gerenciadas durante o processo de comercialização dos
diversos tipos de empréstimos, às Cooperativas disponibilizam cursos e treinamentos
para a capacitação dos funcionários dos pontos de atendimento com menor intervalo de
tempo quando comparada às instituições bancárias (Quadro 2). Para Rosa (et al, 2012,
p. 1):
A educação cooperativista é o processo de aprendizagem que vai além de
meros discursos e explanações e valoriza de igual modo o lado social,
empresarial e as demandas específicas de formação das organizações e dos
associados.
Quadro 2 – Quadro comparativo entre as Cooperativas de Crédito e os Bancos, onde são descritas e
evidenciadas as diferenças entre os dois tipos de instituiçõesquanto à relação com os associados nas
Cooperativas e com os clientes nos Bancos.
Cooperativas de Crédito Bancos
a) O associado também é dono. a) O cliente não tem vínculo societário.
b) Taxas de juros menores para tomada de crédito. b) Taxas de juros maiores para tomada de
crédito.
c) Soluções operacionais mais flexíveis e assertivas
de forma humanizada.
c) Análises mais engessadas e sistemáticas.
d) Margens de contribuições menores. d) Margens de contribuições maiores.
e) Maior cuidado por parte dos analistas para a
liberação de empréstimos.
e) Análise mais ligeira realizada por softwares.
f) Relacionamento maior com o associado. f) Pouco contato com o cliente.
g) Maior autonomia por parte dos Gerentes de
Relacionamentos.
g) Menos autonomia dos Gerentes.
h) É realizado o parecer de crédito em todas as linhas
de crédito.
h) O parecer de crédito é realizado apenas para
solicitar redução de taxas.
i) A análise leva mais tempo. i) Menos tempo em análise.
j) Constantes treinamentos para os funcionários. j) Treinamentos esporádicos para os
funcionários.
Fonte: Elaboração da autora, maio de 2022.
23
3 METODOLOGIA
Trata-se de uma abordagem dedutiva de caráter exploratório, com o uso das
pesquisas: bibliográfica, documental e de internet; para assim elaborar o estudo
comparativo entre as Cooperativas de Crédito e os Bancos comerciais, com o intuito de
alcançar aos resultados propostos, analisando os resultados alcançados e confrontando
com o objetivo geral e os objetivos específicos descritos e idealizados para a realização
do trabalho.
A Pesquisa Bibliográfica utilizou livros, documentos e meios eletrônicos
(online) para o levantamento de informações referindo-se às palavras-chave:
Cooperativismo (Michaelis, 2022; Gawlak, 2010; Toledo, 2019; Franke, 1973; Meinen,
2020), Cooperativa (Gawlak, 2010; Nobile, 2019; Meinen, 2020; Port et al., 2014),
Cooperativa de Crédito (Franke, 1973; Holyoake, 1933; Pinheiro, 2008; Pagnussatt,
2004; Meinen et al., 2014), Bancos (Abrão, 2009; Teixeira, 2020; Freitas, 2019;
Meinen, 2020) e Empréstimos (Wilson, 2020; Sebben, 2020; Lopes, 1996; Bittencourt,
2001).
A pesquisa documental contou com leis, resoluções, congressos e cartilha, que
teve como base a Lei 5.764/1971, art. 3º; Lei n° 4.595/64, art. 17°; Resolução n°
193/2002 da OIT; o X Congresso Brasileiro de Cooperativismo; XII Congresso
Brasileiro de História Econômica e Cartilha Cidadania Financeira Série I –
Relacionamento com o Sistema Financeiro Nacional: Empréstimos e Financiamentos.
Já a Pesquisa de internet usou os conceitos sobre Cooperativas de Crédito e
Bancos foram extraídos do site do Banco Central. Informações quanto às distinções
entre os dois modelos de instituições financeiras foram extraídas de duas obras de Ênio
Meinen (2014 e 2020). Autor de vários artigos e livros sobre cooperativismo financeiro,
Ênior Meinen, foi diretor vice-presidente de Políticas Corporativas da Confederação
Sicredi e juiz do Tribunal Administrativo de Recursos Fiscais do RS (TARF), hoje atua
como Diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais de uma Cooperativa
de Crédito, além de conselheiro deliberativo do Instituto Capitalismo Consciente Brasil
(ICCB) e é professor de pós-graduação.
Foram visitados os sites das seguintes organizações para esta pesquisa: Banco
Central, Geração de Cooperação, Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo e
Organizações das Cooperativas Brasileiras – Sescoop, Nubank e LinkedIN.
24
As 3 pesquisas foram confrontadas para a elaboração do questionário no
Apêndice A que foi aplicado no período de 11 de outubro de 2022 a 14 de outubro de
2022 com funcionários de Bancos comerciais e Cooperativas de Crédito com o objetivo
de realizar um Levantamento desta Experiência dentro da pesquisa. O questionário foi
elaborado pelo Google Forms e teve seu link enviado através do aplicativo de
mensagem WhatsApp, na rede social profissional LinkedIN e também através da
ferramenta de mensagens do aplicativo de compartilhamento de imagens Instagram. O
questionário teve quatorze indagações incluindo perguntas abertas e fechadas e obteve
trinta e uma respostas de funcionários e ex-funcionários de Bancos e Cooperativas de
Crédito. Algumas falas dos entrevistados foram usadas nos resultados da pesquisa para
complementação dos dados estatísticos.
Todos os trinta e um voluntários participantes da pesquisa concordaram e
autorizaram o uso de suas respostas conforme modelo do TCLE (Anexo A). Entre os
entrevistados, vinte e três pessoas trabalham ou já trabalharam em Bancos comerciais, e
oito nunca trabalharam em Bancos comerciais, são funcionários de Cooperativa de
Crédito, conforme informaram no questionário (Figura 1). Apesar da amostra ter sido
pequena e por se tratar de uma pesquisa exploratória, busca-se ter uma noção da
temática e da problemática, através de uma amostra não probabilística por julgamento.
Figura 1 - Quantidade de funcionários e ex-funcionários de Bancos comerciais que responderam ao
questionário na cidade de Salvador em outubro de 2022.
Fonte: Elaboração própria, 2022.
Coincidentemente, vinte e três voluntários atuam ou já atuaram em Cooperativas
de Crédito e oito voluntários nunca trabalharam em Cooperativas de Crédito (Figura 2).
Apesar dos números informados serem os mesmos para os profissionais que trabalham
25
ou já trabalharam em Bancos comerciais, é possível concluir que quinze profissionais
que trabalham em Cooperativa de Crédito já trabalharam em algum Banco, pois a
pesquisa ocorreu predominante dentro de uma Cooperativa de Crédito onde a maioria
dos profissionais são ex-bancários.
Figura 2 - Quantidade de funcionários que trabalham em Cooperativas de Crédito que
responderam ao questionário na cidade de Salvador em outubro de 2022.
Fonte: Elaboração própria, 2022.
Para esta pesquisa, esperava-se que aproximadamente 55 pessoas (população da
pesquisa) respondessem o questionário, no entanto, houve uma demora de duas semanas
para a Cooperativa de Crédito onde foi realizado o estudo autorizar a aplicação do
questionário em suas três agências na cidade de Salvador. Foram obtidas trinta e uma
respostas que foram suficientes para analisar os dados recebidos e transformá-los em
informações e posteriormente levar ao conhecimento, tornando possível e viável a
realização do artigo, o que corresponde a 56% do total da população esperada para
responder o questionário. Também foi usada fala dos entrevistados da pesquisa para
reforçar dados estatísticos.
Os dados coletados nas três formas de pesquisa, foram avaliados através de
dados e representações da estatística descritiva e, para reforçar os dados estatísticos
foram usadas falas dos entrevistados adquiridas nas pesquisas, resultando nas
conclusões que serão apresentados nos próximos tópicos. Os dados obtidos com a
aplicação do questionário (Apêndice A) foram transformados em gráficos (Figuras 1, 2,
4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10); nas Tabelas 1 e 2 e no Quadro 3 com o objetivo de tornar a
visualização dos leitores mais palpável. Informamos também que esta pesquisa faz parte
26
do Grupo de Pesquisa Modelos E Estruturas Organizacionais A Nível Territorial Para
Ações Sustentáveis (METAS), aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da
UNEB no CAEE de nº 16244819.9.0000.0057. A Figura 3 aponta, de forma sintética, o
caminho metodológico utilizado na realização dessa pesquisa.
27
Figura 3 – Síntese da metodologia aplicada à pesquisa com uma população de 55 pessoas; amostra
probabilística por julgamento: 31 pessoas. Período de aplicação: 11 de outubro de 2022 a 14 de
outubro de 2022. Uso da estatística descritiva e fala dos entrevistados da pesquisa.
Fonte: Elaboração própria, 2022.
28
4 DIFERENCIAIS COMPETITIVOS DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO EM
RELAÇÃO AOS BANCOS COMERCIAIS QUANTO A LIBERAÇÃO DE
EMPRÉSTIMOS NA CIDADE DE SALVADOR SOB A ÓTICA DOS
PROFISSIONAIS QUE ATUAM NA LIBERAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS.
Nos Bancos comerciais, a categoria responsávelpelo funcionamento da rede de
agência são os bancários, já nas Cooperativas de Crédito, os profissionais responsáveis
por gerir os pontos de atendimento – PA (as agências das Cooperativas) são os
cooperavitários. Os bancários e cooperavitários foram de suma importância para esta
pesquisa fornecendo os dados necessários para as análises, interpretações, formação dos
resultados e confecção da conclusão.
Após a análise das primeiras perguntas do questionário que se referiam a
quantidade de pessoas que trabalham ou já trabalharam em banco e que trabalham ou já
trabalharam em cooperativas, foram identificados vinte e três profissionais que
trabalham ou já trabalharam em Banco e foi questionado o período que atuam ou já
atuaram em Banco, e obteve-se a seguinte resposta: 13% informou que o período de
atuação foi entre um e três anos, 30,4% profissionais trabalham ou trabalharam entre
dois e cinco anos, outros 30,4% trabalharam no período de cinco a dez anos e os outros
30,4% dos profissionais atuam ou atuaram mais de dez anos no ambiente bancário
(Figura 4).
Figura 4 - Tempo de trabalho em Bancos comerciais dos voluntários que responderam o
questionário na cidade de Salvador em outubro de 2022.
Fonte: Elaboração própria, 2022.
29
Ao analisar o período de atuação dos funcionários dos Bancos comerciais e das
Cooperativas de Crédito, observa-se que nas Cooperativas de Créditos a maioria dos
profissionais trabalham entre um e dois anos no ambiente cooperativo, pois 78,3% dos
voluntários marcaram esta opção, 8,7% dos entrevistados disseram que trabalham entre
dois a cinco anos e 13% assinalaram que trabalham há mais de dez anos, portanto, o
tempo de atuação quando comparado aos Bancos comerciais é proporcionalmente
menor (Figura 5).
Figura 5 - Tempo de trabalho em Cooperativas de Crédito dos voluntários que responderam o
questionário na cidade de Salvador em outubro de 2022.
Fonte: Elaboração própria, 2022.
Quando questionados sobre os recursos avaliativos levados em consideração no
processo de liberação de empréstimos, foram considerados doze aspectos que receberam
nota de 1 a 5 de acordo com a sua qualidade e/ou relevância, onde 1 significava
qualidade e/ou relevância ruim, 2 qualidade e/ou relevância regular, 3 qualidade e/ou
relevância boa, 4 qualidade e/ou relevância ótima e 5 qualidade e/ou relevância
excelente.
Os doze aspectos avaliados pelos voluntários da pesquisa foram: relacionamento
com o cliente, negociação das taxas de juros, plataforma de crédito (software),
relevância da reciprocidade/margem de contribuição, avaliação da capacidade de
pagamento, autonomia dos gerentes comerciais, necessidade de parecer de crédito,
tempo da análise de crédito, relevância do endividamento financeiro dos associados nas
Cooperativas e dos clientes nos Bancos comerciais, frequência de treinamento dos
funcionários voltado para o estudo da análise da liberação de empréstimos, necessidade
30
de garantias nas operações de empréstimos e avaliação e classificação dos riscos nas
avaliações de empréstimos.
Ao analisar os dados fornecidos pelos funcionários ou ex-funcionários dos
Bancos (Tabela 2) verificou-se que a maioria deles consideram bom e excelente ao
mesmo tempo o relacionamento com os clientes com 8 votos em cada classificação,
apontam como regular a negociação das taxas de juros utilizadas nas operações de
empréstimos com 10 votos, acham ótima a plataforma de crédito adotada pela
instituição com 11 votos, veem como regular ou ótima ao mesmo tempo a relevância da
reciprocidade/margem de contribuição entre o cliente e a instituição com 8 votos em
cada classificação, apontam como boa e ótima ao mesmo tempo a relevância da
avaliação da capacidade de pagamento dos clientes com 9 votos para cada item de
classificação, consideram boa a autonomia dos gerentes comerciais com 10 votos e a
necessidade de parecer de crédito nas operações com 9 votos, classificaram como
excelente o tempo da análise de crédito com 10 votos, apontaram como ótimo e
excelente a relevância do endividamento do cliente no mercado financeiro com 9 votos
para cada classificação, consideraram ótima a frequência dos treinamentos dos
funcionários voltados para o estudo da liberação de empréstimos com 8 votos, e
apontaram como boa a relevância da necessidade de garantia nas operações com 13
votos e a classificação e avaliação de risco nas operações também foi apontada como
boa com 10 votos.
Quando as informações são observadas, é possível verificar que em três aspectos
os bancários dividem opiniões, isso acontece no aspecto relacionamento com o cliente,
onde uma parte considera bom e a outra excelente. No critério relevância da
reciprocidade/margem de contribuição uma parte considera regular e a outra ótima, e no
item relevância do endividamento do cliente no mercado financeiro uma parte considera
ótima e outra excelente. Isso pode ter acontecido por diversos motivos, como por
exemplo, experiências distintas em Bancos diferentes e comparação da vivência
bancária com a cooperativista.
Tabela 2 – Exposição numérica da avaliação das notas aplicadas pelos bancários para cada critério
estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na cidade de
Salvador entre os anos de 2016 a 2022.
(continua)
Aspecto/Classificação Ruim Regular Boa Ótima Excelente Total
31
Tabela 2 – Exposição numérica da avaliação das notas aplicadas pelos bancários para cada critério
estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na cidade de
Salvador entre os anos de 2016 a 2022.
(conclusão)
Aspecto/Classificação Ruim Regular Boa Ótima Excelente Total
Relacionamento com o cliente 3 6 8 6 8 31
Negociação das taxas de juros 6 10 3 5 7 31
Plataforma de crédito (software) 4 2 4 11 10 31
Relevância da reciprocidade/ 2 8 7 8 6 31
margem de contribuição
Avaliação da capacidade de pagamento 1 4 9 9 8 31
Autonomia dos gerentes comerciais 1 6 10 7 6 30
Necessidade de parecer de crédito 2 5 9 8 7 31
Tempo da análise de crédito 4 5 7 5 10 31
Relevância do endividamento 5 3 5 9 9 31
no mercado financeiro
Frequência de treinamento para 4 7 6 8 6 31
análise da liberação de empréstimos
Necessidade de garantia nas 2 3 13 7 6 31
operações de empréstimos
Classificação dos riscos nas 1 5 10 7 8 3 1
avaliações de empréstimos
Fonte: Elaboração própria, 2022.
Levando em consideração os critérios estabelecidos, é possível obter as
seguintes informações quando analisamos os critérios que receberam os maiores
números de votos e destacando a frequência das palavras classificadoras (Figura 6):
a) a palavra ruim não aparece vez alguma;
b) a palavra regular aparece uma vezes: no critério negociação da taxa de juros
com 10 votos;
c) a palavra excelente três vezes: no critério necessidade de parecer nas
operações de crédito com 10 votos; na relevância do endividamento no
mercado financeiro com 9 votos (que foi considerada excelente e ótima ao
mesmo tempo, dividindo opiniões) e no relacionamento com o cliente que
32
recebeu 8 votos (e foi considerado bom e excelente ao mesmo tempo,
dividindo opiniões);
d) a palavra ótima aparece quatro vezes: na plataforma de crédito (software)
com 11 votos; na avaliação de pagamento do cliente com 9 votos; na
relevância da reciprocidade/margem de contribuição com 8 votos e na
frequência de treinamento dos funcionários com 8 votos;
e) a palavra boa aparece quatro vezes: no item necessidade de garantia nas
operações com 13 votos; no tempo da análise de crédito também com 13
votos; na classificação e avaliação de risco nas operações com 10 votos e
autonomia dos gerentes comerciais também com 10 votos.
Figura 6 – Análise da avaliação geral de acordo com as maiores notas dadas pelos bancários para
cada critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntáriosque participaram da pesquisa
na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022.
Fonte: Elaboração própria, 2022.
33
Já os cooperavitários proporcionaram as seguintes informações através dos
dados coletados conforme a Tabela 3, que destaca as maiores notas dadas para
classificação (ruim, regular, boa, ótima, excelente) estabelecida para cada critério desta
pesquisa: a maioria deles consideram excelente o relacionamento com os associados
com o maior número de votos - 15 no total -, novamente apontaram como excelente a
relevância das negociação das taxas de juros com 11 de votos, classificaram como
ótima, com o maior número de votos, a plataforma de crédito utilizada nas Cooperativas
com 10 votos, em seguida, classificaram mais uma vez como ótima a relevância da
reciprocidade dos associados com 10 votos quanto ao consumo dos produtos e serviços
da instituição que impacta na margem de contribuição de cada associado, a avaliação
da capacidade de pagamento foi considerada excelente com 13 votos, a autonomia dos
gerentes comerciais foi classificada como ótima com 10 votos, a necessidade de parecer
nas operações de crédito foi vista como excelente com 9 votos, apontaram ser regular o
tempo da análise de crédito nas operações com 8 votos, identificaram como excelente a
análise da relevância do endividamento no mercado financeiro do associado com 10
votos, a frequência dos treinamentos dos colaboradores voltado para o estudo da
liberação de empréstimos foi considerada excelente com 11 votos, a necessidade de
garantias nas operações também foi considerada excelente com 9 votos e a classificação
e avaliação dos riscos nas operações foram apontadas como excelente com 10 votos.
Aqui é possível perceber que os cooperavitários não dividiram opiniões quanto a
análise dos aspectos avaliados durante o processo de liberação das operações de
empréstimos, uma possível consequência do conceito de cooperativismo de crédito,
onde todos buscam os mesmos objetivos com o intuito de tornar melhor a situação
econômica dos associados com menores taxas e prestações (FRANKE, 1973).
Tabela 3 – Exposição numérica da avaliação das notas aplicadas pelos cooperavitários para cada
critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na
cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022.
(continua)
Aspecto/Classificação Ruim Regular Boa Ótima Excelente Total
Relacionamento com o cliente 2 1 5 6 15 29
Negociação das taxas de juros 2 1 7 8 11 29
Plataforma de crédito (software) 3 5 4 10 7 29
34
Tabela 3 – Exposição numérica da avaliação das notas aplicadas pelos cooperavitários para cada
critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na
cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022.
(conclusão)
Aspecto/Classificação Ruim Regular Boa Ótima Excelente Total
Relevância da reciprocidade/ 3 1 6 10 9 29
margem de contribuição
Avaliação da capacidade de pagamento 2 1 5 6 13 27
Autonomia dos gerentes comerciais 3 4 4 10 8 29
Necessidade de parecer de crédito 2 5 4 8 9 28
Tempo da análise de crédito 2 8 6 6 7 29
Relevância do endividamento 2 3 8 6 10 29
no mercado financeiro
Frequência de treinamento para 2 5 4 7 11 29
análise da liberação de empréstimos
Necessidade de garantia nas 3 4 5 8 9 29
operações de empréstimos
Classificação dos riscos nas 4 2 5 8 10 29
avaliações de empréstimos
Fonte: Elaboração própria, 2022.
Ao analisar os dados fornecidos pelos Cooperavitários observa-se o seguinte
quanto os critérios que receberam os maiores números de votos e destacando a
frequência das palavras classificadoras: as palavras ruim e boa não aparecem vez
alguma, a palavra regular aparece uma única vez para o critério tempo de análise de
crédito que teve 8 votos (Figura 7), a palavra ótima aparece três vezes (Figura 7):
a) em autonomia dos gerentes comerciais com 10 votos;
b) relevância da reciprocidade/margem de contribuição também com 10 votos e
c) plataforma de crédito (software) também com 10 votos.
A palavra excelente aparece oito vezes (Figura 7) quando consideramos a maior
quantidade de notas que cada critério que considera a qualidade e a relevância, são
eles:
a) Relacionamento com o associado com 15 votos;
b) Avaliação da capacidade de pagamento com 13 votos;
c) Frequência de treinamento dos funcionários com 11 votos;
35
d) Negociação das taxas de juros com 11 votos
e) Classificação e avaliação de riscos nas operações com 10 votos;
f) Relevância do endividamento no mercado financeiro com 10 votos;
g) Necessidade de garantia nas operações com 9 votos e
h) Necessidade de parecer nas operações de crédito com 9 votos;
Figura 7 – Análise da avaliação geral de acordo com as maiores notas dada pelos cooperavitários
para cada critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da
pesquisa na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022.
Fonte: Elaboração própria, 2022.
Ainda confrontando os dados recolhidos, observa-se que em alguns aspectos os
Bancos comerciais e as Cooperativas de Crédito apresentam similaridade considerando
a opinião dos voluntários que responderam o questionário, isso acontece quando o
relacionamento com o cliente e com o associado é considerado excelente nos dois
modelos de instituições, onde 15 cooperavitários votaram em excelente e 8 bancários
36
também votaram em excelente, sendo essas as maiores notas entre as demais
classificações.
A plataforma de crédito é considerada ótima nas Cooperativas de Crédito com
10 votos e nos Bancos comerciais com 11 votos, a relevância da reciprocidade/margem
de contribuição também é considerada ótima nas duas instituições financeiras com 10
votos nas Cooperativas e 8 nos Bancos. A relevância do endividamento do cliente e do
associado no mercado financeiro também foi considerado excelente no modelo bancário
com 9 votos e no formato cooperativo com 10 votos.
O gráfico na figura 8 compara o que cada modelo de instituição financeira
considera mais relevante de acordo com a frequência das notas fornecidas pelos seus
colaboradores ao responderem o questionário aplicado. Ao analisar, é possível concluir
que o critério relacionamento com o associado tem maior relevância nas Cooperativas
de Crédito com 15 votos do que nos Bancos comerciais com 8 votos – considerado
excelente em ambas as instituições –, o que já foi citado no Quadro 2, e isso prova que é
resultado da não discriminação para com os cooperados e a igualdade de direitos dos
associados, enquanto nos Bancos, os clientes não possuem assegurado o direto de serem
tratados indistintamente.
A negociação das taxas de juros apresenta maior flexibilidade nas Cooperativas
de Crédito – com 11 votos sendo considerada excelente – do que nos Bancos comerciais
– com 10 votos sendo considerada regular – (Figura 8), que é derivado do fato de que o
associado também é dono da Cooperativa, o que faz com o que o cooperado também
seja responsável por eventuais prejuízos e perdas que a Cooperativa venha sofrer no
decorrer do tempo.
Já o software utilizado para disponibilizar a plataforma de crédito apresentou
maior qualidade nos Bancos Comerciais – com 11 votos sendo considerada ótimo –
enquanto nas Cooperativa teve 10 votos e também foi considerado ótimo (Figura 8), e
isso pode ser explicado pelas respostas abertas que foram dadas pelos voluntários da
pesquisa, a primeira resposta diz o seguinte:
“Nas instituições bancárizadas, falando de Banco de modo geral, as
classificações de crédito são feitas por um sistema, sem intervenção do
gerente, ou atendente que faz o cadastro do cliente, não sendo possível
37
propostas manuais e só trabalhando a linha de crédito pelo pré- aprovadoe
taxas que o sistema libera sem margem de negociação”.
E a segunda resposta diz o seguinte: “No Banco Comercial o processo é mais
automatizado, fluxos enxutos, mais agilidade no processo...”. De acordo com as
respostas apresentadas, é possível concluir que a maior qualidade da plataforma de
crédito dos Bancos é dada pela automatização da análise de liberação de crédito.
Quando analisada a relevância da reciprocidade nas operações (Figura 8) vemos
que ela possui maior importância para as Cooperativas de Crédito – com 10 votos – do
que para os Bancos Comerciais – com 8 votos – e em ambas instituições foram
consideradas ótima, o que contrapõe a explicação fornecida no tópico 2 (“Diferenciais
competitivos das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos comerciais quanto a
liberação de empréstimos”) desta pesquisa, que diz que o fato dos associados serem
donos do negócio lhes possibilitam margens de contribuição menores, porém, na
prática, os colaboradores indicaram o contrário, e isto pode ser explicado através da
observação de um dos colaboradores da pesquisa que diz o seguinte: “No Banco
comercial...o cliente se atende pelos canais eletrônicos, há uma impessoalidade..”, o
que leva à conclusão de que nos Bancos comerciais o relacionamento humano com os
clientes é menor, o que diminui a relevância da margem de contribuição do mesmo para
a instituição, afinal, quanto menor o contato humano com o cliente menos produtos e
serviços daquela instituição ele vai consumir, pois não é mostrado e reforçado ao
mesmo a necessidade de tais produtos e serviços de maneira personalizada e adequada
ao seu contexto e realidade.
Ao analisar o item avaliação da capacidade de pagamento, é observado que nas
Cooperativas de Crédito este critério tem maior relevância e qualidade – com 13 votos
considerado excelente – do que nos Bancos comerciais – com 9 votos considerada ótima
– (Figura 8), e pode ser explicado pela observação de um dos voluntários da pesquisa
que diz o seguinte: “Nas Cooperativas o envolvimento e relacionamento com os
associados é muito levado em conta, vivenciar o momento do cliente...”. Para entender
o momento financeiro do associado, é preciso conhecer qual a sua renda líquida e quais
são suas despesas brutas, a diferença entre elas forma a capacidade de pagamento do
associado. Conhecendo bem a capacidade de pagamento é possível liberar ou não o
valor do empréstimo solicitado no momento da negociação.
38
Quando observado o critério autonomia dos gerentes comerciais obtivemos uma
pequena distinção na relevância para ambos modelos de instituições financeiras, em
ambas tiveram 10 votos para o maior índice de classificação que foi bom para os
Bancos e ótima para as Cooperativas, (Figura 8), o que confirma o que diz o Quadro 2
quando afirma que os gerentes comerciais das Cooperativas de Crédito possuem maior
autonomia que os gerentes comercias dos Bancos, e isso pode ser explicado pelo fato de
quanto mais livre é uma negociação mais sucesso ela terá, e isso vem sendo aplicado no
mundo corporativo de modo geral, pois funcionários com mais autonomia possuem uma
maior sensação de pertencimento porque acreditam que seus superiores confiam nas
suas decisões, o que provoca uma melhora no clima organizacional (PIRES, 2019).
Ao contrário do que foi exposto anteriormente no Quadro 2, a necessidade de
parecer nas operações de liberação de empréstimos possuem maior relevância nos
Bancos comerciais – com 10 votos considerado bom – do que nas Cooperativas de
Crédito – com 9 votos e foi considerado excelente – (Figura 8), o que pode ser
justificado através de duas observações retiradas da pesquisa: “Os Bancos no geral
estão com muita resistência para liberar empréstimo” e uma outra que diz o seguinte:
“Lá (no Banco) você tinha uma rigorosa análise de crédito para poder liberar pra o
cliente”. O que pode levar a acreditar que a resistência e o rigor dos Bancos para a
liberação de crédito fizeram crescer a necessidade de parecer de crédito nas operações.
Já o tempo considerado para a liberação das operações de crédito foi
considerado de maior qualidade nos Bancos comerciais – com 13 votos considerado
excelente – do que nas Cooperativas de Crédito – com 8 votos considerado regular –
(Figura 8), que na linguagem das instituições financeiras quer dizer que os Bancos
comerciais possuem um tempo menor para a liberação das operações de crédito. Um dos
cooperavitários informou o seguinte: “Nas Cooperativas de crédito o fluxo é mais
criterioso na concessão de crédito”, e isso explica o comportamento das Cooperativas
quanto o período da liberação de empréstimos, afinal, quanto mais critérios tem-se para
analisar, mais tempo leva a análise.
Considerando o critério a relevância do endividamento no mercado financeiro,
observa-se uma pequena diferença entre os Bancos – com 9 votos considerado excelente
– e as Cooperativas, onde as Cooperativas fornecem maior relevância para este item –
com 10 votos também considerado excelente – (Figura 8), e pode-se constatar através
das palavras de um dos colabores de Cooperativa que participou da pesquisa e afirma:
39
“Nas Cooperativas o envolvimento e relacionamento com os associados é
muito levado em conta, vivenciar o momento do cliente, entender seu
endividamento no mercado, bem como algum tipo de atraso e mesmo assim,
justificando com embasamento, conseguimos atender o associado com
valores e taxas de juros que estão dentro do perfil e necessidade dele, não
visando apenas a Cooperativa, mas sim a negociação para que ambos -
instituição x associados possam trabalhar de forma transparente e
relacionamento duradouro. Mostra com isso um propósito maior, e não
apenas no discurso, vivo essa experiência no dia a dia”.
Ao considerar o endividamento do associado no mercado financeiro, a
Cooperativa se compromete a disponibilizar um empréstimo com uma parcela que o
associado pode pagar sem se endividar, afinal, um associado com restrição financeira
deixa de representar o objetivo central das Cooperativas de Crédito, que é executar a
justiça financeira.
A frequência de treinamento dos funcionários apresentou maior qualidade e
relevância para os funcionários das Cooperativas de Crédito – com 11 votos considerada
excelente – em relação aos Bancos – com 8 votos considerada ótima – (Figura 8), o que
quer dizer que as Cooperativas fornecem mais treinamentos para os seus funcionários, e
isso pode ser explicado pelo fato de que os funcionários também são associados das
Cooperativas, logo, assumem riscos pelos possíveis prejuízos de forma duplicada, pelo
fato de serem funcionários e por passarem confiança aos associados do seu
relacionamento.
Já a necessidade de garantia nas operações foi avaliada como tendo maior
relevância nos Bancos comerciais – com 13 votos e foi considerada boa – do que nas
Cooperativas – que com 9 votos foi considerada excelente – (Figura 8), o que está de
acordo com as observações dos colaboradores da pesquisa. Um deles ressaltou que:
“Para liberação de crédito é importante o cliente ter relacionamento com o
Banco, ter uma boa análise de crédito e risco, possuir garantias para
podermos negociar taxas de juros melhores e possuir capacidade de
pagamento para o valor solicitado.”
40
Já um outro afirmou que:
“Nas Cooperativas de Crédito o fluxo é mais criterioso na concessão de
crédito, há necessidade de garantias para diminuir a inadimplência e há
relação ganha a ganha, existe uma orientação financeira e proximidade com
o gerente de relacionamento, o olho no olho, tem pessoalidade no processo e
entendimento das necessidades do associado”.
Diante das afirmações é possível concluir que o aumento do número de
inadimplência nos Bancos aumentou a necessidade de garantias nas operações de
crédito.
A classificação e avaliação de risco nas operações foi avaliado de igual modo
pelos bancários e pelos cooperavitários – em ambos modelos receberam nota 10, porém,
os bancários classificaram

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