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COOPERATIVAS DE CRÉDITO VERSUS BANCOS COMERCIAIS: A OPÇÃO POR UMA COOPERATIVA NA HORA DE REALIZAR UM EMPRÉSTIMO.1 Vanessa Suelen Silva Reis Lima2 RESUMO Este artigo demonstra os resultados da comparação entre o sistema Cooperativo de Crédito e o sistema Bancário com ênfase na liberação de empréstimos na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022. A pesquisa teve como questionamento: Qual(is) o(s) diferencial(is) competitivos das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos comerciais quanto aos critérios para a liberação de empréstimos? A contribuição dessa pesquisa se dá com o reconhecimento dos pontos positivos e negativos das Cooperativas de Crédito e dos Bancos comerciais junto às propostas de intervenções para as Cooperativas de Crédito. A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória com a aplicação de um questionário em uma Cooperativa de Crédito e divulgação em meios digitais - através de aplicativo de mensagens e das redes sociais - para os colaboradores da Cooperativa e funcionários e/ou ex-funcionários de Bancos comerciais. Diante dos resultados encontrados, verificou-se que as Cooperativas de Crédito buscam se diferenciar dos Bancos tornando o cliente associado, cooperado e dono da cooperativa. Por fim, conclui-se que a opção por uma Cooperativa de Crédito na hora de realizar um empréstimo traz mais benefícios para os cooperados através das menores taxas de juros, constantes treinamentos aos colaboradores, maior autonomia dos gerentes de relacionamento, entre outros benefícios citados na pesquisa. Palavras chave: Cooperativismo. Cooperativa. Cooperativas de Crédito. Bancos. Empréstimo. 2 Discente do Curso de Administração da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) Departamento de Ciências Humanas I. 10° semestre. vanessuelen@gmail.com 1 Orientado pela professora Aliger dos Santos Pereira na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. Doutora em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador (UNIFACS), mestra em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social pela Universidade Católica do Salvador (UCSAl) e graduada em Administração de Empresas pela UNIFACS. Docente da UNEB e do Instituto Federal da Bahia (IFBA). p.gaba@uol.com.br 2 ABSTRACT This article demonstrates the results of the comparison between the Cooperative Credit system and the Banking system with an emphasis on the release of loans in the city of Salvador between the years 2016 to 2022. (is) competitive of Credit Cooperatives in relation to commercial Banks regarding the criteria for the release of loans? The contribution of this research takes place with the recognition of the positive and negative points of Credit Cooperatives and commercial Banks along with the proposed interventions for Credit Cooperatives. The methodology used was exploratory research with the application of a questionnaire in a Credit Cooperative and dissemination in digital media - through messaging application and social networks - for Cooperative employees and employees and / or former employees of commercial Banks . In view of the results found, it was found that Credit Cooperatives seek to differentiate themselves from Banks by making the customer associated, cooperative and owner of the cooperative. Finally, it is concluded that the option for a Credit Union when taking out a loan brings more benefits to the cooperative members through lower interest rates, constant training for employees, greater autonomy of relationship managers, among other benefits mentioned in the search. Keywords: Cooperativism. Cooperative. Credit Unions. Banks. Loan. 3 1 INTRODUÇÃO Desde a fundação da primeira Cooperativa formal da história, no ano de 1844, foram criados e aprovados os princípios do cooperativismo, que dão direcionamento a todos os cooperativistas em todo o mundo. Devido às transformações sociais, históricas e econômicas, o cooperativismo evoluiu, provocando a reestruturação e adaptação dos atuais sete princípios cooperativistas, que são: 1. o interesse pela comunidade; 2. a adesão livre e voluntária; 3. a gestão democrática; 4. a participação econômica dos membros; 5. a autonomia e independência; 6. a educação, formação e informação; e 7. a intercooperação; estes sete princípios permanecem os mesmos desde a sua criação (GAWLAK, 2013, p. 22-26). Estes sete princípios do cooperativismo têm como objetivo orientar as Cooperativas quanto à prática dos seus valores. Afinal, são os norteadores éticos, estatutários e empresariais. O não seguimento de um ou mais princípios, resulta em problemas dentro da Cooperativa, a exemplo de um favoritismo para com um associado por parte de um funcionário da Cooperativa que provocaria desigualdade entre os membros (TOLEDO, 2019, p.11). Ajudar no desenvolvimento da comunidade é algo proposto de forma natural pelo cooperativismo, gerando benefícios sociais e econômicos, para seus cooperados e para toda a sociedade, buscando os interesses da comunidade (TREIN e GRIEBELER, 2018, p.1). Cooperativismo é trabalhar em conjunto. Desta forma, todas as Cooperativas se apoiam, trazendo mais força para o movimento cooperativista para servirem de forma mais eficaz para os cooperados, fazendo a intercooperação cada vez mais presente. Para Franke, (1973, p.1): A palavra "cooperativismo" pode ser tomada em duas acepções. Por um lado, designa o sistema de organização econômica que visa a eliminar os desajustamentos sociais oriundos dos excessos da intermediação capitalista; por outro, significa a doutrina corporificada no conjunto de princípios que devem reger o comportamento do homem integrado naquele sistema. Este artigo trata do cooperativismo financeiro, que corresponde a um segmento dentro do cooperativismo. Em seu livro “Cooperativismo Financeiro na década de 2020” Meinen cita que “das 50 maiores instituições financeiras globais, por exemplo, 4 seis são de natureza Cooperativa ou controladas por Cooperativas financeiras”. De acordo com o Banco Central (2019), o Sistema Financeiro Cooperativo proporcionou uma economia de cerca de R$30 bilhões de reais para os seus cooperados, número decorrente da diferença de precificação na comparação com as práticas dos Bancos. Diante disso, o tema deste trabalho analisará os diferenciais competitivos das Cooperativas de Crédito quanto aos critérios estabelecidos para a liberação de empréstimos em relação aos Bancos comerciais, com ênfase na liberação de empréstimos na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022. Gostaria de lembrar que ambos os sistemas, tanto o bancário como o cooperativo são regidos pelo Banco Central do Brasil e oferecem os mesmos serviços financeiros para a população, porém, há diferenças que tornam as Cooperativas de Crédito mais atraentes que os Bancos comerciais, entre elas está o fato de que as Cooperativas de Crédito são sociedades de pessoas, enquanto os Bancos são sociedades de capital (BRASIL, 1971). A pesquisa cujo tema busca identificar os diferenciais competitivos das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos comerciais com ênfase na liberação de empréstimos na cidade de Salvador entre os anos de 2016 e 2022, teve início através da seguinte problemática “Qual(is) o(s) diferencial(is) das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos comerciais quanto aos critérios para a liberação de empréstimos na cidade de Salvador entre os anos de 2016 e 2022?”. O objetivo geral consiste em realizar uma análise comparativa entre os critérios estabelecidos pelas Cooperativas de Crédito e pelos Bancos comerciais na cidade de Salvador referente a liberação de empréstimos entre os anos de 2016 a 2022. E como objetivos específicos: ● confrontar as principais medidas adotadas pelas Cooperativas para se diferenciarem dos Bancos quanto à oferta e liberação de empréstimos em Salvador; e ● comparar os principais benefícios que as Cooperativas oferecem a seus associados na liberação de empréstimos em relação aos Bancos em Salvador. O interesse pelas comunidades onde atuam é um diferencialdas Cooperativas no Brasil demonstrado através de diversos tipos de ações que as Cooperativas promovem, desde as ações sociais, as taxas justas e a geração de emprego. Segundo o site Cooperatives and Employment Second Global Report (2017), conforme citado por Meinen (2020, p. 36): 5 As Cooperativas são responsáveis por 280 milhões de postos de trabalho, contingente que representa aproximadamente 10% da população mundial ocupada e, segundo a Organização das Nações Unidas, 20% a mais que a soma dos trabalhadores em conglomerados nacionais. As Cooperativas de Crédito abrem as portas para jovens estudantes através dos programas de estágio e de jovem aprendiz que recebem a oportunidade de aplicarem na prática toda a teoria aprendida nas faculdades (GERAÇÃO COOPERAÇÃO, 2021). Em contrapartida, foram fechadas 2.189 agências bancárias no ano de 2021 em todo o Brasil, resultando em 15,4 mil desempregados. A redução ocorre em meio ao aumento dos canais digitais de pagamento, mas, segundo sindicalistas, aumenta a sobrecarga de trabalho dos bancários. (BARBOSA, 2022) A Tabela 1 mostra os resultados exibidos na ferramenta de busca Google Acadêmico e nas bases de dados Scielo e Capes, considerando o intervalo de tempo entre os anos de 2016 e 2022, a pesquisa foi realizada em 23 de maio de 2022. A primeira pesquisa foi feita na ferramenta de busca Google Acadêmico considerando todos os idiomas e compreendendo o período desejado. Ao pesquisar “cooperativismo” (Tabela 1) foram exibidos 157 mil resultados e ao inserir o intervalo de tempo foram apresentadas 19,8 pesquisas. A próxima palavra pesquisada foi “Cooperativa” que apresentou 1.650.000 resultados e quando os marcadores de tempo foram inseridos a plataforma mostrou 125 mil exibições. Quando feita a busca pela palavra-chave “Cooperativa de Crédito” (Tabela 1) foram encontrados 434 mil resultados e ao selecionar o período desejado 16,7 mil resultados foram exibidos. A palavra-chave “Bancos” (Tabela 1) foi encontrada 1.590.000 vezes e ao delimitar o período específico a pesquisa identificou 79,7 mil resultados. A última palavra-chave buscada foi “empréstimo” que apresentou 150 mil resultados e após delimitar o marcador de tempo 21,3 mil resultados foram exibidos. A combinação “cooperativismo and Cooperativas” (Tabela 1) apresentou 161 mil resultados e ao delimitar o período da pesquisa exibiu 15,5 mil resultados. Já a combinação seguinte “Cooperativas and Bancos” (Tabela 1) resultou em 218 mil resultados e 15,6 pesquisas foram encontradas compreendendo o período desejado. Quando procurado por “Cooperativas de Crédito or Bancos” (Tabela 1) 138 mil resultados foram exibidos e ao selecionar o período traçado foram encontradas 19,9 6 exibições. A próxima combinação foi “Cooperativas and empréstimos” (Tabela 1) e exibiu 32.900 resultados e depois de especificar o tempo 16 mil pesquisas foram exibidas. Por fim, “Bancos and empréstimos” (Tabela 1) mostrou 78.100 resultados e 15,7 mil pesquisas foram encontradas compreendendo o período desejado. A segunda pesquisa foi realizada na base de dados da revista Scielo e foi levado em consideração para a explanação dos dados o período da pesquisa entre os anos de 2016 e 2022. A primeira palavra-chave pesquisada foi “cooperativismo” (Tabela 1) com 298 resultados e após selecionar os anos entre 2016 e 2022 foram exibidos 178 resultados. Quando pesquisada, a palavra-chave “Cooperativa” (Tabela 1) apresentou 960 resultados e quando os anos que compreendem a pesquisa foram selecionados, 403 resultados foram expostos. Ao buscar a palavra-chave “Cooperativas de Crédito” (Tabela 1) foram exibidos 60 resultados e ao selecionar o período entre os anos de 2016 e 2022 a revista mostrou 29 resultados. A busca pela palavra “Bancos” localizou 2.880 tipos de literatura e ao filtrar o período desejado 1.120 buscas foram encontradas. Já ao inserir a palavra “empréstimo” (Tabela 1) 94 resultados foram alcançados e ao delimitar o período desejado 33 pesquisas foram localizadas. A combinação “cooperativismo and Cooperativas” (Tabela 1) mostrou 127 resultados e ao selecionar o período entre os anos de 2016 e 2022 foram encontrados 68 resultados. A próxima combinação pesquisada na revista foi “Cooperativas and Bancos” que mostrou 12 resultados e ao aplicar o intervalo de 2016 a 2022, 8 resultados foram exibidos. Quando foi pesquisada a combinação “Cooperativas de Crédito or Bancos” (Tabela 1) foram exibidos 723 resultados e ao aplicar o filtro de tempo foram localizados 301 resultados. Já ao pesquisar “Cooperativas and empréstimo”, 6 resultados foram exibidos e ao considerar os anos entre 2016 e 2022 foram encontrados 3 resultados. Ao pesquisar a última combinação, “Bancos and empréstimos” (Tabela 1) 21 resultados foram exibidos e ao selecionar os anos de 2017 a 2021 (pois não foram encontradas pesquisas nos anos de 2016 e 2022). Quando realizadas no periódico Capes entre 04 e 23 de maio de 2022 foram exibidos para a palavra “cooperativismo” (Tabela 1) 4.205 resultados e ao delimitar o período, 1.993 pesquisas foram exibidas. Já a palavra “Cooperativa” apresentou 47.667 resultados e ao delimitar o período 19.636 resultados foram mostrados. Para a palavra-chave “Cooperativa de Crédito” a base de dados mostrou 6.181 resultados e quando o intervalo de tempo foi delimitado 2.643 pesquisas foram exibidas. Quando realizada a busca para a palavra-chave “Banco” 313.434 resultados foram mostrados e 7 após selecionar o período que está sendo trabalhado, 222.859 pesquisas foram encontradas. Para a palavra-chave “empréstimo” 5.467 pesquisas foram alcançadas e após selecionar o período da pesquisa 2.617 resultados foram exibidos. Também foram realizadas pesquisas no periódico Capes em 23 de maio de 2022 (Tabela 1) das combinações das palavras-chaves deste projeto considerando o intervalo de tempo considerando os anos entre 2016 e 2022. Ao pesquisar a combinação entre “cooperativismo and Cooperativas” foi exibido 3.001 resultados e após selecionar o intervalo entre os anos foram encontrados 1.367 resultados. A combinação “Cooperativas and Bancos” ao ser pesquisada mostrou 8.417 resultados e ao selecionar o período foram exibidos 3.114 resultados. Já ao pesquisar “Cooperativas de Crédito or Bancos” 46.380 resultados foram exibidos e após selecionar o período 19.134 resultados foram mostrados. Quando foi pesquisada a combinação “Cooperativas and empréstimo” 745 resultados foram exibidos e ao delimitar o tempo a pesquisa alcançou 350 resultados. Ao buscar os resultados da combinação “Bancos and empréstimos” foram encontrados 2.476 materiais e ao delimitar o período, a plataforma exibiu 1.155 resultados. Ao analisar os dados da Tabela 1 referente a quantidade de trabalhos publicados, fica nítido a importância e o debate do tema na esfera acadêmica, visto que a comparação entre Cooperativas de Crédito de Bancos vem proporcionando publicações de artigos, monografias, teses e trabalhos para a conclusão de cursos como resultado do crescente interesse para abordagem do tema, que vem acompanhando a expansão da quantidade de pontos de atendimentos das Cooperativas de Crédito no Brasil, sobretudo no estado da Bahia, enquanto os Bancos vivenciam o encerramento de muitas agências físicas dando ênfase ao atendimento digital. Tabela 1 – Identificação dos quantitativos segundo plataformas Google Acadêmico, Scielo e Capes com relação ao estudo das palavras-chaves de forma isolada acerca da liberação de empréstimos nas Cooperativas de crédito e nos Bancos entre os anos de 2016 e 2022. (continua) Filtros para busca Google Acadêmico Base Scielo Plataforma Capes Total Cooperativa 125.000 403 19.636 145.039 Cooperativas de Crédito 16.700 29 2.643 19.372 Bancos 79.700 1.075 222.859 303.634 8 Continuação Tabela 1 – Identificação dos quantitativos segundo plataformas Google Acadêmico, Scielo e Capes com relação ao estudo das palavras-chaves de forma isolada acerca da liberaçãode empréstimos nas Cooperativas de crédito e nos Bancos entre os anos de 2016 e 2022. (conclusão) Filtros para busca Google Acadêmico Base Scielo Plataforma Capes Total Empréstimo 21.300 33 2.617 23.950 Cooperativismo and 15.500 65 1.367 16.932 cooperativas Cooperativas and bancos 15.600 8 3.114 18.722 Cooperativas de Crédito 19.900 301 19.134 39.335 or bancos Cooperativas and 16.000 3 350 16.353 empréstimo Bancos and empréstimo 15.700 10 1.155 16.865 Total 345.200 2.105 274.868 622.173 Fonte: Elaboração da autora, maio de 2022. Assim, o estudo do cooperativismo de crédito é importante, pois ele traz viabilidade econômica para as sociedades e é sustentado através da combinação de eficiência econômica e efetividade social (MEINEN, 2020, p.21). Sem viabilidade econômica não existe Cooperativa, mas sem viabilidade social a Cooperativa não tem razão de existir. Toda a geração de riqueza, de oportunidades e de renda feita pelo cooperativismo é inserida na localidade onde está (NOBILE, 2019). As Cooperativas de Crédito são organizações que surgiram como alternativa na realização de empréstimos, que se distinguem dos Bancos por assumir os riscos das operações em prol da comunidade onde atua e o seu desenvolvimento. Com a promoção do desenvolvimento local sustentável, representa as iniciativas dos cidadãos locais e o financiamento de empresas em estágios iniciais, impactando na geração de empregos e distribuição de renda (SOARES e SOBRINHO, 2008, p.69). Este artigo está dividido em seis seções: a primeira fala sobre a fundação da primeira 9 Cooperativa da história, os princípios, o propósito e o conceito do cooperativismo, abordando com maior profundidade o cooperativismo financeiro; a segunda cita os diferenciais competitivos das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos comerciais quanto a liberação de empréstimos; a terceira descreve a metodologia e os recursos utilizados na pesquisa; a quarta aprofunda a seção dois abordando os diferenciais competitivos das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos na cidade de Salvador conforme a percepção dos colaboradores das instituições; a quinta exibe os resultados em um quadro comparativo com os pontos positivos, negativos e as sugestões de melhoria; por fim, após a análise comparativa é respondido na seção seis em qual instituição é mais vantajoso obter um empréstimo, como essa conclusão impacta e influencia a sociedade e quais os benefícios desta pesquisa no âmbito social, econômico e cultural. 2 DIFERENCIAIS COMPETITIVOS DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO EM RELAÇÃO AOS BANCOS COMERCIAIS QUANTO A LIBERAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS. A palavra cooperativismo origina-se da palavra cooperação. É um conjunto de princípios culturais e socioeconômicos, embasados nos princípios cooperativos, na liberdade humana e pode ser definido como: Sistema econômico e social em que a cooperação é a base sobre que se constroem todas as atividades econômicas (industriais, comerciais etc.). O cooperativismo consiste na primazia da pessoa humana, na economia e na cooperação de todos para a consecução do bem comum (MICHAELIS, 2022). Os primeiros indícios do cooperativismo no mundo surgiram no tempo das cavernas quando o homem sentiu a necessidade de se agrupar para sobreviverem, assim, pescavam, caçavam e construam habitações para se protegerem dos predadores, ou seja, os homens se uniram para defenderem interesses em comum. “Na Babilônia, no Egito e na Grécia já existiam formas de cooperação muito bem definidas: nos campos de trigo, no artesanato e no sepultamento” (LUNKES, 1996, p. 4). Com a Revolução Industrial ocorrida no século XVII, o poder de troca deu lugar ao poder de capital, a produção manual foi substituída pela produção em série e as 10 diferenças entre as pessoas se tornaram ainda mais evidentes pois os baixos salários e a longa jornada de trabalho trouxeram muitas dificuldades socioeconômicas para a população (SALES, 2010, p. 24). Com as péssimas condições de trabalho impostas pela Revolução Industrial, um grupo de 28 tecelões de Rochdale na Inglaterra criou a primeira Cooperativa em 21 de dezembro de 1844 com o nome de “Rochdale Society of Equitable Pioneers”, ou seja: Sociedade Rochdale dos Pioneiros Equitativos. Pode-se dizer que o cooperativismo tem por objetivo melhorar a situação econômica dos cooperados, através da oferta no mercado de menores taxas e prestações para a aquisição de bens que necessitam (FRANKE, 1973). O significado da palavra Cooperativa pode ser apresentado como uma reunião de pessoas de um determinado grupo social ou econômico, com o objetivo de obterem benefícios em comum para um grupo que realiza as mesmas atividades. O X Congresso Brasileiro de Cooperativismo (1988) definiu da seguinte forma: Cooperativas é uma organização de pessoas unidas pela cooperação e ajuda mútua, gerida de forma democrática e participativa, com objetivos econômicos e sociais comuns a todos, cujos aspectos legais e doutrinários são distintos de outras sociedades. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em sua Resolução de n° 193/2002: O termo “Cooperativa” significa associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente para atender às suas necessidades e aspirações comuns, econômicas, sociais e culturais, por meio de empreendimento de propriedade comum e de gestão democrática. Antes mesmo do início oficial do cooperativismo no Brasil com o surgimento da primeira Cooperativa de consumo de produtos agrícolas no Brasil na cidade de Ouro Preto – Minas Gerais em 1889, há registro do surgimento da primeira Cooperativa agropecuárias nacional no Paraná com a fundação da Colônia Tereza Cristina, no Paraná, pelo francês Jean Maurice Faivre. De acordo com Vasconcelos (2021, p. 96): 11 O interesse do governo imperial do Brasil sobre o cooperativismo é expressa na notícia do Correio da Bahia, de 18 de julho de 1877, durante a terceira excursão internacional de D. Pedro II. Ao visitar a França, o Imperador demonstrou interesse em conhecer a fábrica de chocolates do deputado Menier, solicitando que discorresse sobre a associação Cooperativa que ele instituiu para os seus empregados. Na região Nordeste do Brasil, o primeiro registro de uma Cooperativa é datado do ano 1894 no estado de Pernambuco, através da Cooperativa de Consumo de Camaragibe (VANIN, 2018). Já na Bahia, de acordo com Vasconcelos (2021): A primeira informação que dá conta da existência de uma Cooperativa na Bahia só é encontrada no Pequeno Jornal, edição de 4 de março de 1890, no nascedouro da República. Naquela edição, registra-se o resultado da reunião da Sociedade Cooperativa dos Alfaiates, que por maioria dos sócios aprova novos artigos para o estatuto, por terem sido considerados nulos os estatutos vigentes até então. Como se pode depreender, a Cooperativa já existia anteriormente a esta data, mas no levantamento inicial não se obteve informação sobre seu funcionamento e grau de regularização face à norma legal então vigente. Partindo do conceito de Cooperativa onde pessoas se reúnem com objetivos comuns, é possível identificar diversos tipos de Cooperativas com fins específicos. De acordo com o Gawlak – (2010) elas podem ser voltadas para: a agropecuária, o consumo, a educação, pessoas com deficiência, habitação, mineração, produção, infraestrutura, trabalho, saúde, transporte, turismo e lazer e as Cooperativas de Crédito que serão abordadas neste trabalho. A primeira Cooperativa de Crédito do mundo surgiu na Alemanha (FRANKE, 1973, p.34) como alternativa aos juros abusivos cobrados pelos Bancos da época (HOLYOAKE, 1933, p. 67). As Cooperativas de Crédito Schulze-Delitzsch foram pensadas por Hermann Schulze, magistrado nascido em Delitzsch, que criou Bancos populares entre os artesãos e foi o fundador do projeto que embasou a elaboração do primeiro Código Cooperativo, promulgado em 27 de março de 1867, na Alemanha. Para ele, a associação foi o meioencontrado pela sociedade para atuar de forma eficaz em setores que o estado não consegue atingir (PINHEIRO, 2008, p. 23). No Brasil, o primeiro registro do cooperativismo de crédito aconteceu no ano de 1889, no estado de Minas Gerais, através da Sociedade Cooperativa Econômica dos 12 Funcionários Públicos de Ouro Preto. Oficialmente, a primeira Cooperativa de Crédito brasileira foi fundada em 1902, pelo padre jesuíta Theodor Amistad, na localidade de Linha Imperial em Nova Petrópolis. E recebeu o nome de Caixa Econômica de Empréstimos “Amstad” de Nova Petrópolis – Sparkase Amstade (que em alemão significa Caixa Geral de Depósitos), que no início funcionou na casa do primeiro gerente eleito, o Sr. Josef Neumann Sênior (PINHEIRO, 2008, p.27). As Cooperativas de Crédito no Brasil nasceram da necessidade de atender as pessoas das regiões desbancarizadas, ou seja, onde não havia agências bancárias devido o custo-benefício não ser apontado como significativo para os Bancos. Comunidades de pescadores, vendedores ambulantes, as dezenas de grupos que trabalhavam de forma informal e muitas vezes sazonal e em especial os agricultores familiares foram vistos pelas Cooperativas, que tinham como objetivo atender e solucionar as necessidades dessas pessoas na busca de acesso ao crédito (JACQUES e GONÇALVES, 2016, p.501). O termo Cooperativa de Crédito faz menção ao conceito do cooperativismo atrelado ao produto crédito, ou seja, um conjunto de pessoas que reúnem com um objetivo em comum, a comercialização de crédito com o objetivo de facilitar a vida financeira de quem precisa. Além da comercialização de crédito, as Cooperativas de Crédito trabalham com outros diversos produtos e serviços como: abertura de conta corrente, abertura de conta poupança, seguro, consórcios, títulos de capitalização, financiamento habitacional, financiamento de veículos, consultoria financeira, entre outros (SCHIMMELFENIG, 2010, p. 3). Ao contrário dos outros ramos de Cooperativas, as Cooperativas de Créditos são regulamentadas pelo Banco Central do Brasil e estão sujeitas, à disciplina normativa instituída pelo Conselho Monetário Nacional - CMN. As Cooperativas possuem natureza jurídica própria e obedecem a Política Nacional de Cooperativismo instituída na Lei nº 5.764/1971, que determinou o regime jurídico das sociedades Cooperativas, suas características, definiu os princípios do cooperativismo e os modelos de Cooperativas classificados da seguinte forma: singulares - mínimo de vinte pessoas -, Centrais ou federações de Cooperativas - mínimo de três singulares - e Confederações de Cooperativas centrais - mínimo três Cooperativas centrais ou federações de Cooperativas, da mesma ou de diferentes modalidades (BRASIL, 1971). Os principais produtos que as Cooperativas de Crédito oferecem aos seus associados estão relacionados a abertura de conta corrente, conta poupança, conta 13 capital, conta salário, fornecimento de cartões de débito, cartões de crédito, cartões múltiplos, empréstimos, investimentos, financiamentos, seguros de vida, seguros de automóveis, seguros residenciais, seguros empresariais, consórcios de veículos, consórcios imobiliário e previdências. Para Pagnussatt (2004, p. 13), Cooperativas de Crédito são sociedades de pessoas, constituídas com o objetivo de prestar serviços financeiros aos seus associados, na forma de ajuda mútua, baseada em valores como igualdade, equidade, solidariedade, democracia e responsabilidade social. Além da prestação de serviços comuns, visam diminuir desigualdades sociais, facilitar o acesso aos serviços financeiros, difundir o espírito da cooperação e estimular a união de todos em prol do bem-estar comum. Nas Cooperativas de Crédito, os associados também são donos do negócio, eles podem ajudar a eleger os dirigentes e a buscar junto com os demais associados os serviços financeiros mais vantajosos para todos. Diferente dos Bancos, as Cooperativas de Crédito não visam o lucro, e o seu resultado positivo no final do exercício conhecido como sobras, é rateado entre todos os cooperados proporcionalmente às operações realizadas na Cooperativa. E é desta forma, que os ganhos obtidos retornam para os cooperados (PORT et al, 2014, p. 49). As Cooperativas promovem o desenvolvimento pessoal e, consequentemente social, das regiões onde estão inseridas, pois, os recursos captados em uma região são investidos nesta mesma região (ROVANI e col, 2021), diferentemente dos Bancos, que captam recursos em pequenas regiões e investem nas grandes metrópoles, que são as suas maiores geradoras de receitas proporcionando maior rentabilidade. Afinal o compromisso societário é intenso com os associados em empresas que tem como base o cooperativismo, inclusive na área financeira, quando comparadas aos agentes financeiros mais convencionais - como por exemplo os Bancos - que costumam recolher-se em momentos de retração econômica (MEINEN, 2020, p.23). Nas Cooperativas os associados participam das assembleias e possuem direito a voto, enquanto nos Bancos o poder é proporcional ao número de ações, as Cooperativas de Crédito não possuem lucro e as sobras anuais são repartidas entre os associados. Enquanto nos Bancos a distribuição dos lucros é destinada para os acionistas, as Cooperativas apresentam taxas de juros menores, focam no desenvolvimento das comunidades onde atuam e os cooperados são a razão de ser da Cooperativa. Segundo (JACQUES e GONÇALVES, 2016, p.57): 14 As Cooperativas de Crédito aparecem como instituições alternativas no fornecimento de crédito, com características distintas dos Bancos, pois elas assumem os riscos de suas aplicações em prol da comunidade, promovendo o desenvolvimento local através da formação de poupança e do microcrédito direcionado a iniciativas empresariais locais. Diferente dos Bancos, nas Cooperativas de Crédito, o crédito é concedido nas próprias regiões onde estão inseridas, o que reforça a tese do desenvolvimento local baseado no reinvestimento dos recursos captados na própria região (MEINEN, 2020). Sendo assim, cada Cooperativa tem como objetivo emprestar o máximo de recursos possível para os seus associados, tendo em vista o aumento da sua rentabilidade. De acordo com o Banco Central do Brasil: Por meio da Cooperativa de Crédito, o cidadão tem a oportunidade de obter atendimento personalizado para suas necessidades. O resultado positivo da Cooperativa é conhecido como sobra e é repartido entre os cooperados em proporção com as operações que cada associado realiza com a Cooperativa. Assim, os ganhos voltam para a comunidade dos cooperados. Os Bancos comerciais, por sua vez, também buscam emprestar o máximo possível de recursos para os seus clientes, afinal, também buscam aumentar a lucratividade. Para Paula, 1999 , p.82: Como qualquer firma capitalista, Bancos têm como principal objetivo a obtenção de lucro na forma monetária. Para tanto, tomam suas decisões de portfólio orientadas pela expectativa de maiores lucros, levando em conta sua preferência pela liquidez e suas avaliações sobre a riqueza financeira, em condições de incerteza que caracterizam uma economia monetária da produção. O Banco Central do Brasil reconhece que os Bancos comerciais atuam como intermediadores do dinheiro entre aqueles que o possuem (superavitários) e aqueles que precisam de recursos financeiros (deficitários), além de realizarem a guarda desse dinheiro. As instituições bancárias também disponibilizam diversos tipos de serviços para os seus clientes como a realização de abertura de conta corrente, conta poupança, saque, empréstimo, venda de consorcio, venda de título de capitalização, venda de seguros, disponibilizam cartões de crédito, cheque especial entre outros serviços tanto para pessoa física, quanto para pessoa jurídica. Para Abrão (2009, p. 4 - 23): 15 Banco é em espécie do gênero instituição financeira, sendo esta, por definição legal, a pessoa jurídica pública ou privada que tenha “como atividadeprincipal ou acessória a coleta intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e custódia de valor de propriedade de terceiros (BRASIL, 1964). Através da criação da moeda na época do Renascimento, surgiu o sistema bancário na mesma época, dada a necessidade de criar instituições que realizassem a guarda e o empréstimo do dinheiro. Em 1407, na cidade italiana de Gênova, foi criado o primeiro Banco moderno chamado de Casa di San Giorgio (MACHADO et al, 2017). A comercialização na Idade Média, foi uma das atividades precursoras para a criação dos Bancos, que surgiram com o objetivo de emprestar dinheiro para o desenvolvimento dos empreendimentos comerciais, agrícolas e industriais (NOGUEIRA, 2019). A primeira instituição bancária brasileira foi criada em 1808 pelo Rei D. João VI foi o Banco do Brasil, com o intuito de financiar a abertura de empresas manufatureiras na época do Brasil colônia. Com o intuito de prestar serviços ao governo quanto à concessão de linhas de crédito em situações muito importantes, em 1851, o Banco do Brasil ressurgiu sob a direção do Visconde de Mauá. Era responsabilidade do Banco do Brasil a emissão de papel moeda, hoje quem assume essa função é o Banco Central (CARDOSO, 2010). Segundo o Banco Central: Banco é a instituição financeira especializada em intermediar o dinheiro entre poupadores e aqueles que precisam de empréstimos, além de custodiar (guardar) esse dinheiro. Ele providencia serviços financeiros para os clientes (saques, empréstimos, investimentos, entre outros). Os Bancos são supervisionados pelo Banco Central (BC), que trabalha para que as regras e regulações do Sistema Financeiro Nacional (SFN) sejam seguidas por eles. Os Bancos, assim como todos os integrantes do Sistema Financeiro Nacional - SFN, são regulamentados pela Lei nº 4.595, de 31 e dezembro de 1964 que dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências. Outra resolução importante que rege o funcionamento dos Bancos é a Lei n° 6.404/76, que se faz necessária devido a atuação dos Bancos em forma de sociedades anônimas (S/A) – exceto o Banco Nacional de 16 Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que é empresa pública e entidade autárquica do Governo Federal (BRASIL). O Banco Central apresenta sete tipos de Bancos que operam em nosso país, são eles: Banco de câmbio, Banco comercial, Banco de desenvolvimento, Banco de investimento, Banco múltiplo, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social - BNDES. Para Teixeira, (2020, p.102): Desde a Crise de 2008, as novas tecnologias vêm trazendo contornos específicos ao capitalismo, englobando diversas esferas da vida de pessoas físicas e jurídicas. Neste cenário, o sistema de crédito esteve em constante metamorfose e o microcrédito, especificamente, é uma das modalidades de empréstimo que vem sofrendo profundas transformações. Comumente voltado a substratos sociais de baixa renda que ora precisam de um capital inicial para exercer alguma atividade, ora para o próprio consumo – e com frequência para arcar com compromissos das dívidas que estão vencendo –, experimentamos há pelo menos cinco décadas diferentes “ondas” de promessas, com múltiplas dimensões. No Brasil, no começo de 2010 surgiram de forma tímida os primeiros Bancos digitais - também conhecidos como fintechs – mesmo com um universo pequeno de pessoas no país com acesso a aplicativos por meio dos celulares. Atualmente, essas empresas são as principais responsáveis pela revolução digital financeira e concorrem com as startups. Tal concorrência auxilia as fintechs a driblar alto spread bancário – que é a diferença entre a taxa de captação e a de empréstimo do dinheiro (FREITAS, 2019, p.4). No ano de 2021, os Bancos digitais e as fintechs disponibilizaram cerca de R$9 bilhões em empréstimos, três vezes mais que o volume concedido no ano de 2019. Para a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) este salto no volume de crédito disponibilizado se dá em função da mudança de comportamento do consumidor, que devido ao isolamento social causado pela pandemia do coronavírus em 2020, precisou migrar suas atividades financeiras para o setor digital (OLHER, 2020). Esta pesquisa trabalhará estabelecendo uma análise comparativa entre as Cooperativas de Crédito e os Bancos comerciais na área de empréstimo, assim, foi realizado o estudo do empréstimo desde a sua origem até os dias de hoje, junto ao estudo das diferenças estabelecidas entre os dois modelos de instituições financeiras. As 17 Cooperativas de Crédito surgiram para facilitar o empréstimo para os grupos de pessoas que tinham dificuldades em conseguir recursos emprestados nos Bancos, que geralmente eram as classes mais pobres, que utilizam esse recurso para adquirir coisas banais da vida urbana como eletrodomésticos por exemplo (LOPES, 1996, p. 110). O ato de emprestar surgiu antes mesmo da moeda - a forma oficial do dinheiro - essa atividade era praticada também pelos agiotas, que é considerada a profissão mais antiga do mundo. Por volta de 4.000 a.C (antes de Cristo) na região da Mesopotâmia já havia indícios dessa atividade de forma simplória, onde quem tinha bens sobrando poderiam emprestar eles e receber algo em troca. O Código de Hammurabi - escrito pelo rei da primeira dinastia da Babilônia, Hammurabi em 1.800 a.C - delimitava algumas regras sobre o processo, como por exemplo, as taxas de juros cobradas em cada tipo de transação, e quando um contrato era encerrado, era necessário testemunhas para presenciar e confirmar o fato (WILSON, 2020, p. 10-11). Na Grécia, por volta de 400 a.C, mais especificamente nas Ilhas Gregas, iniciou as exigências por garantia de algum bem para a realização da transação, geralmente eram propriedades ou outros itens de valor (DENIS, 2019). Esta exigência se manteve e solidificou ao longo tempo, atualmente, linhas simples de empréstimo como o crédito pessoal, pode exigir uma garantia para realizar a liberação dos valores solicitados. Tomar dinheiro emprestado é algo bem comum em nossa sociedade, através do crédito é possível realizar sonhos de consumo, suprir necessidades, beneficiar pessoas carentes através de projetos sociais e uma infinidade de ações (BRASIL). Em um mundo capitalista, é difícil realizar qualquer coisa sem a presença de dinheiro, e a busca desenfreada pelo capital e os juros abusivos cobrados pelos Bancos reforçam a importância e o valor do dinheiro. Sebben (2020, p. 37), define empréstimo como: Todo ato de vontade ou disposição de alguém ceder, temporariamente, partes do seu patrimônio a terceiros, tendo em mente que essas partes voltem integralmente à sua posse depois de um determinado tempo. Empréstimo é um contrato entre o cliente e uma instituição financeira, pelo qual o cliente recebe uma quantia em dinheiro que deverá ser devolvida em prazo 18 determinado, acrescida dos juros acertados (CIDADANIA FINANCEIRA, BANCO CENTRAL, 2011). O empréstimo estimula o consumo, e dinamiza a produção de capitais. O mercado depende do constante crescimento do consumo, assim, o empréstimo é um instrumento gerador de moeda que possibilita o aumento do consumo, a troca de bens e serviços, proporcionando desenvolvimento através geração de emprego e renda, afinal, quanto maior a demanda por produtos e serviços, mais pessoas serão demandadas para a produção e disponibilidade dos mesmos. O sistema de financiamento é um empréstimo, pois por meio deste, o consumidor mantém relações continuadas com o fornecedor do financiamento (LOPES, 1996, p. 110). Durante a construção das sociedades e avanço do desenvolvimento econômico social, o empréstimo – que comumente também é chamado de crédito – mostrou ser um instrumento importante para alavancar o consumo e as atividades de produção, funcionando como um combustível para a geração de empregoe renda (MATOS, 2012, p.05). Para Silva (1998, p.23): A concessão de crédito num Banco comercial, portanto, consiste em emprestar dinheiro, isto é, colocar à disposição do cliente determinado valor monetário em determinado momento, mediante promessa de pagamento futuro, tendo como retribuição por essa prestação de serviço determinada taxa de juros, cujo recebimento poderá ser antecipado, periódico ou mesmo ao final do período, juntamente com o principal emprestado. O Banco Central apresenta os seguintes tipos de empréstimos disponíveis conforme o Quadro 1: 19 Quadro 1 – Quadro descritivo onde é feita a identificação das modalidades de empréstimos acompanhado da conceituação de cada uma. Tipos de empréstimos Conceito Empréstimo pessoal: nesta modalidade o empréstimo não precisa ter a sua finalidade comprovada junto à instituição tomadora, ou seja, o dinheiro pode ser usado da forma que a pessoa desejar. Empréstimo pessoal com garantia: crédito para usos diversos em que um bem livre de ônus fica alienado à instituição financeira como garantia de pagamento. Empréstimo pessoal consignado: aqui, o cliente dá o seu salário, aposentadoria ou benefício como garantia do pagamento, e o valor da parcela acordada referente ao empréstimo é descontada mensalmente diretamente da folha de pagamento ou do benefício do contratante. Cartão de crédito: é um instrumento de pagamento, com prazo para liquidação das compras nele realizadas de até 40 dias, que também possibilita a obtenção de empréstimo de curto prazo para liquidar o saldo da fatura. Cheque especial: é um crédito que pode ser utilizado automaticamente quando o cliente não dispuser de saldo suficiente em conta para liquidar seus compromissos. Fonte: Elaboração da autora, maio de 2022. O Quadro 2 descreve as principais diferenças entre as Cooperativas de Crédito e os Bancos quanto à relação com os associados nas Cooperativas, e com os clientes nos Bancos. Nas Cooperativas, os associados também são donos do negócio, porque ao se associarem, a exemplo de outros empreendedores, o cooperado tem de aportar capital inicial e responde pelo insucesso da Cooperativa, diferente dos Bancos, onde o cliente não possui vínculo societário, não solicitando aporte de capital nem obrigando responsabilidade na hipótese de prejuízo da instituição (MEINEN, 2020). É apontado no Quadro 2 que o fato do associado ser sócio da Cooperativa e também ser responsável pelos possíveis prejuízos, garante aos cooperados taxas e 20 margens de contribuições menores para a tomada de empréstimos e contratação de cartas consórcios, por exemplo. A relação proprietária do cooperado, também possibilita (ou deveria proporcionar) um atendimento mais diferenciado, delicado, atencioso, maior relacionamento com o associado e com soluções operacionais mais flexíveis e assertivas de forma humanizada (PORT, 2014, p. 34). Nas Cooperativas de Crédito, toda política operacional é decidida pelos próprios associados, provocando soluções operacionais mais flexíveis e assertivas de forma humanizada – conforme o Quadro 2. Enquanto nos Bancos, o cliente não pratica influência alguma na definição dos produtos e da sua precificação, devido às análises sistemáticas e engessadas. (MEINEN, 2014, p. 49) As margens de contribuição menores das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos que possuem maiores margens de contribuição – apontado no Quadro 2 -, é possível porque os associados também são donos do negócio e estão passíveis de assumirem responsabilidades em caso de insucesso e/ou prejuízo da Cooperativa. A margem de contribuição retrata a visão gerencial do quanto cada cooperado contribui para a Cooperativa, através da utilização das soluções financeiras oferecidas por estas instituições (WARTHA et al, 2018). A responsabilidade em fazer parte da promoção do desenvolvimento econômico através da liberação de crédito cedida para os associados, faz com o que os analistas de crédito das Cooperativas (que também são associados), analisem com maior cuidado as necessidades e os riscos da operação em relação aos Bancos, onde a análise é mais ligeira e feita em sua maior parte por softwares, conforme apontado no Quadro 2. Afinal, o crédito é um instrumento: Dos pilares para o desenvolvimento econômico e social de uma sociedade. Se o acesso ao crédito não for privilégio de uma pequena parcela da sociedade, mas pelo contrário, for uma instituição à disposição de toda a sociedade, ele terá um poder de incentivar a atividade econômica e a geração de renda, desde que associado com algum nível de qualificação profissional e acompanhamento gerencial (BITTENCOURT, 2001, p. 16). Já o maior relacionamento exercido com os associados que mostra o Quadro 2, deriva da não discriminação dos cooperados, enquanto nos Bancos, o relacionamento com o público de maior renda e as maiores corporações são priorizados (PORT, 2014, p. 21 49). O Artigo 37 da Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971 garante a igualdade de direitos dos associados independente da margem de contribuição que cada um fornece para a Cooperativa, enquanto nos Bancos, os clientes podem ser tratados distintamente (BRASIL, 1971). Os Gerentes de Relacionamento das Cooperativas, relataram em uma entrevista informal, possuírem maior autonomia em suas operações e informaram que realizam o parecer de crédito (documento onde é justificado a liberação do empréstimo, a descrição das principais informações acerca do associado e do seu comportamento e endividamento no mercado financeiro para todas as linhas de empréstimo) para todas as linhas de empréstimo – exibido no Quadro 2 – diferente dos Bancos, onde os funcionários possuem menor autonomia e realizam o parecer de crédito para situações específicas. Isso acontece, porque além de também serem associados e assumirem possíveis riscos em caso perdas operacionais, nas Cooperativas de Crédito, a precificação das operações e dos serviços tem como base os custos e como parâmetro as necessidades de reinvestimento, enquanto nos Bancos a remuneração das operações e dos serviços não tem parâmetro/limite (MEINEN, 2014, p. 49). Por conta do número maior de etapas que uma proposta de crédito tramita até a sua liberação, que faz referência a quantidade de alçadas – grupos compostos por analistas de produtos e serviços que avaliam a necessidade do crédito, o risco de não pagamento, o endividamento do solicitante no mercado, e a taxa que está sendo negociada –, a análise e a liberação do crédito (Quadro 2) leva mais tempo nas Cooperativas do que nos Bancos, onde a análise em sua maior parte é feita de forma sistemática e possui um número menor de alçadas para analisar o risco de liberação do crédito, ocasionando em uma liberação dos empréstimos mais rápida por parte dos Bancos. Nas Cooperativas, o risco de liberação do crédito enfrenta uma análise mais demorada por conta: Do baixo custo operacional das Cooperativas, devido à sua menor estrutura física e de pessoal, elas (Cooperativas) podem fornecer empréstimos com juros abaixo do praticado pelos Bancos e ainda remunerar as aplicações de seus associados com taxas superiores às do mercado (BITTENCOURT, 2001, p. 24). 22 Devido o maior comprometimento humano quanto a análise, interpretação, compreensão das informações gerenciadas durante o processo de comercialização dos diversos tipos de empréstimos, às Cooperativas disponibilizam cursos e treinamentos para a capacitação dos funcionários dos pontos de atendimento com menor intervalo de tempo quando comparada às instituições bancárias (Quadro 2). Para Rosa (et al, 2012, p. 1): A educação cooperativista é o processo de aprendizagem que vai além de meros discursos e explanações e valoriza de igual modo o lado social, empresarial e as demandas específicas de formação das organizações e dos associados. Quadro 2 – Quadro comparativo entre as Cooperativas de Crédito e os Bancos, onde são descritas e evidenciadas as diferenças entre os dois tipos de instituiçõesquanto à relação com os associados nas Cooperativas e com os clientes nos Bancos. Cooperativas de Crédito Bancos a) O associado também é dono. a) O cliente não tem vínculo societário. b) Taxas de juros menores para tomada de crédito. b) Taxas de juros maiores para tomada de crédito. c) Soluções operacionais mais flexíveis e assertivas de forma humanizada. c) Análises mais engessadas e sistemáticas. d) Margens de contribuições menores. d) Margens de contribuições maiores. e) Maior cuidado por parte dos analistas para a liberação de empréstimos. e) Análise mais ligeira realizada por softwares. f) Relacionamento maior com o associado. f) Pouco contato com o cliente. g) Maior autonomia por parte dos Gerentes de Relacionamentos. g) Menos autonomia dos Gerentes. h) É realizado o parecer de crédito em todas as linhas de crédito. h) O parecer de crédito é realizado apenas para solicitar redução de taxas. i) A análise leva mais tempo. i) Menos tempo em análise. j) Constantes treinamentos para os funcionários. j) Treinamentos esporádicos para os funcionários. Fonte: Elaboração da autora, maio de 2022. 23 3 METODOLOGIA Trata-se de uma abordagem dedutiva de caráter exploratório, com o uso das pesquisas: bibliográfica, documental e de internet; para assim elaborar o estudo comparativo entre as Cooperativas de Crédito e os Bancos comerciais, com o intuito de alcançar aos resultados propostos, analisando os resultados alcançados e confrontando com o objetivo geral e os objetivos específicos descritos e idealizados para a realização do trabalho. A Pesquisa Bibliográfica utilizou livros, documentos e meios eletrônicos (online) para o levantamento de informações referindo-se às palavras-chave: Cooperativismo (Michaelis, 2022; Gawlak, 2010; Toledo, 2019; Franke, 1973; Meinen, 2020), Cooperativa (Gawlak, 2010; Nobile, 2019; Meinen, 2020; Port et al., 2014), Cooperativa de Crédito (Franke, 1973; Holyoake, 1933; Pinheiro, 2008; Pagnussatt, 2004; Meinen et al., 2014), Bancos (Abrão, 2009; Teixeira, 2020; Freitas, 2019; Meinen, 2020) e Empréstimos (Wilson, 2020; Sebben, 2020; Lopes, 1996; Bittencourt, 2001). A pesquisa documental contou com leis, resoluções, congressos e cartilha, que teve como base a Lei 5.764/1971, art. 3º; Lei n° 4.595/64, art. 17°; Resolução n° 193/2002 da OIT; o X Congresso Brasileiro de Cooperativismo; XII Congresso Brasileiro de História Econômica e Cartilha Cidadania Financeira Série I – Relacionamento com o Sistema Financeiro Nacional: Empréstimos e Financiamentos. Já a Pesquisa de internet usou os conceitos sobre Cooperativas de Crédito e Bancos foram extraídos do site do Banco Central. Informações quanto às distinções entre os dois modelos de instituições financeiras foram extraídas de duas obras de Ênio Meinen (2014 e 2020). Autor de vários artigos e livros sobre cooperativismo financeiro, Ênior Meinen, foi diretor vice-presidente de Políticas Corporativas da Confederação Sicredi e juiz do Tribunal Administrativo de Recursos Fiscais do RS (TARF), hoje atua como Diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais de uma Cooperativa de Crédito, além de conselheiro deliberativo do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB) e é professor de pós-graduação. Foram visitados os sites das seguintes organizações para esta pesquisa: Banco Central, Geração de Cooperação, Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo e Organizações das Cooperativas Brasileiras – Sescoop, Nubank e LinkedIN. 24 As 3 pesquisas foram confrontadas para a elaboração do questionário no Apêndice A que foi aplicado no período de 11 de outubro de 2022 a 14 de outubro de 2022 com funcionários de Bancos comerciais e Cooperativas de Crédito com o objetivo de realizar um Levantamento desta Experiência dentro da pesquisa. O questionário foi elaborado pelo Google Forms e teve seu link enviado através do aplicativo de mensagem WhatsApp, na rede social profissional LinkedIN e também através da ferramenta de mensagens do aplicativo de compartilhamento de imagens Instagram. O questionário teve quatorze indagações incluindo perguntas abertas e fechadas e obteve trinta e uma respostas de funcionários e ex-funcionários de Bancos e Cooperativas de Crédito. Algumas falas dos entrevistados foram usadas nos resultados da pesquisa para complementação dos dados estatísticos. Todos os trinta e um voluntários participantes da pesquisa concordaram e autorizaram o uso de suas respostas conforme modelo do TCLE (Anexo A). Entre os entrevistados, vinte e três pessoas trabalham ou já trabalharam em Bancos comerciais, e oito nunca trabalharam em Bancos comerciais, são funcionários de Cooperativa de Crédito, conforme informaram no questionário (Figura 1). Apesar da amostra ter sido pequena e por se tratar de uma pesquisa exploratória, busca-se ter uma noção da temática e da problemática, através de uma amostra não probabilística por julgamento. Figura 1 - Quantidade de funcionários e ex-funcionários de Bancos comerciais que responderam ao questionário na cidade de Salvador em outubro de 2022. Fonte: Elaboração própria, 2022. Coincidentemente, vinte e três voluntários atuam ou já atuaram em Cooperativas de Crédito e oito voluntários nunca trabalharam em Cooperativas de Crédito (Figura 2). Apesar dos números informados serem os mesmos para os profissionais que trabalham 25 ou já trabalharam em Bancos comerciais, é possível concluir que quinze profissionais que trabalham em Cooperativa de Crédito já trabalharam em algum Banco, pois a pesquisa ocorreu predominante dentro de uma Cooperativa de Crédito onde a maioria dos profissionais são ex-bancários. Figura 2 - Quantidade de funcionários que trabalham em Cooperativas de Crédito que responderam ao questionário na cidade de Salvador em outubro de 2022. Fonte: Elaboração própria, 2022. Para esta pesquisa, esperava-se que aproximadamente 55 pessoas (população da pesquisa) respondessem o questionário, no entanto, houve uma demora de duas semanas para a Cooperativa de Crédito onde foi realizado o estudo autorizar a aplicação do questionário em suas três agências na cidade de Salvador. Foram obtidas trinta e uma respostas que foram suficientes para analisar os dados recebidos e transformá-los em informações e posteriormente levar ao conhecimento, tornando possível e viável a realização do artigo, o que corresponde a 56% do total da população esperada para responder o questionário. Também foi usada fala dos entrevistados da pesquisa para reforçar dados estatísticos. Os dados coletados nas três formas de pesquisa, foram avaliados através de dados e representações da estatística descritiva e, para reforçar os dados estatísticos foram usadas falas dos entrevistados adquiridas nas pesquisas, resultando nas conclusões que serão apresentados nos próximos tópicos. Os dados obtidos com a aplicação do questionário (Apêndice A) foram transformados em gráficos (Figuras 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10); nas Tabelas 1 e 2 e no Quadro 3 com o objetivo de tornar a visualização dos leitores mais palpável. Informamos também que esta pesquisa faz parte 26 do Grupo de Pesquisa Modelos E Estruturas Organizacionais A Nível Territorial Para Ações Sustentáveis (METAS), aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UNEB no CAEE de nº 16244819.9.0000.0057. A Figura 3 aponta, de forma sintética, o caminho metodológico utilizado na realização dessa pesquisa. 27 Figura 3 – Síntese da metodologia aplicada à pesquisa com uma população de 55 pessoas; amostra probabilística por julgamento: 31 pessoas. Período de aplicação: 11 de outubro de 2022 a 14 de outubro de 2022. Uso da estatística descritiva e fala dos entrevistados da pesquisa. Fonte: Elaboração própria, 2022. 28 4 DIFERENCIAIS COMPETITIVOS DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO EM RELAÇÃO AOS BANCOS COMERCIAIS QUANTO A LIBERAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS NA CIDADE DE SALVADOR SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM NA LIBERAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS. Nos Bancos comerciais, a categoria responsávelpelo funcionamento da rede de agência são os bancários, já nas Cooperativas de Crédito, os profissionais responsáveis por gerir os pontos de atendimento – PA (as agências das Cooperativas) são os cooperavitários. Os bancários e cooperavitários foram de suma importância para esta pesquisa fornecendo os dados necessários para as análises, interpretações, formação dos resultados e confecção da conclusão. Após a análise das primeiras perguntas do questionário que se referiam a quantidade de pessoas que trabalham ou já trabalharam em banco e que trabalham ou já trabalharam em cooperativas, foram identificados vinte e três profissionais que trabalham ou já trabalharam em Banco e foi questionado o período que atuam ou já atuaram em Banco, e obteve-se a seguinte resposta: 13% informou que o período de atuação foi entre um e três anos, 30,4% profissionais trabalham ou trabalharam entre dois e cinco anos, outros 30,4% trabalharam no período de cinco a dez anos e os outros 30,4% dos profissionais atuam ou atuaram mais de dez anos no ambiente bancário (Figura 4). Figura 4 - Tempo de trabalho em Bancos comerciais dos voluntários que responderam o questionário na cidade de Salvador em outubro de 2022. Fonte: Elaboração própria, 2022. 29 Ao analisar o período de atuação dos funcionários dos Bancos comerciais e das Cooperativas de Crédito, observa-se que nas Cooperativas de Créditos a maioria dos profissionais trabalham entre um e dois anos no ambiente cooperativo, pois 78,3% dos voluntários marcaram esta opção, 8,7% dos entrevistados disseram que trabalham entre dois a cinco anos e 13% assinalaram que trabalham há mais de dez anos, portanto, o tempo de atuação quando comparado aos Bancos comerciais é proporcionalmente menor (Figura 5). Figura 5 - Tempo de trabalho em Cooperativas de Crédito dos voluntários que responderam o questionário na cidade de Salvador em outubro de 2022. Fonte: Elaboração própria, 2022. Quando questionados sobre os recursos avaliativos levados em consideração no processo de liberação de empréstimos, foram considerados doze aspectos que receberam nota de 1 a 5 de acordo com a sua qualidade e/ou relevância, onde 1 significava qualidade e/ou relevância ruim, 2 qualidade e/ou relevância regular, 3 qualidade e/ou relevância boa, 4 qualidade e/ou relevância ótima e 5 qualidade e/ou relevância excelente. Os doze aspectos avaliados pelos voluntários da pesquisa foram: relacionamento com o cliente, negociação das taxas de juros, plataforma de crédito (software), relevância da reciprocidade/margem de contribuição, avaliação da capacidade de pagamento, autonomia dos gerentes comerciais, necessidade de parecer de crédito, tempo da análise de crédito, relevância do endividamento financeiro dos associados nas Cooperativas e dos clientes nos Bancos comerciais, frequência de treinamento dos funcionários voltado para o estudo da análise da liberação de empréstimos, necessidade 30 de garantias nas operações de empréstimos e avaliação e classificação dos riscos nas avaliações de empréstimos. Ao analisar os dados fornecidos pelos funcionários ou ex-funcionários dos Bancos (Tabela 2) verificou-se que a maioria deles consideram bom e excelente ao mesmo tempo o relacionamento com os clientes com 8 votos em cada classificação, apontam como regular a negociação das taxas de juros utilizadas nas operações de empréstimos com 10 votos, acham ótima a plataforma de crédito adotada pela instituição com 11 votos, veem como regular ou ótima ao mesmo tempo a relevância da reciprocidade/margem de contribuição entre o cliente e a instituição com 8 votos em cada classificação, apontam como boa e ótima ao mesmo tempo a relevância da avaliação da capacidade de pagamento dos clientes com 9 votos para cada item de classificação, consideram boa a autonomia dos gerentes comerciais com 10 votos e a necessidade de parecer de crédito nas operações com 9 votos, classificaram como excelente o tempo da análise de crédito com 10 votos, apontaram como ótimo e excelente a relevância do endividamento do cliente no mercado financeiro com 9 votos para cada classificação, consideraram ótima a frequência dos treinamentos dos funcionários voltados para o estudo da liberação de empréstimos com 8 votos, e apontaram como boa a relevância da necessidade de garantia nas operações com 13 votos e a classificação e avaliação de risco nas operações também foi apontada como boa com 10 votos. Quando as informações são observadas, é possível verificar que em três aspectos os bancários dividem opiniões, isso acontece no aspecto relacionamento com o cliente, onde uma parte considera bom e a outra excelente. No critério relevância da reciprocidade/margem de contribuição uma parte considera regular e a outra ótima, e no item relevância do endividamento do cliente no mercado financeiro uma parte considera ótima e outra excelente. Isso pode ter acontecido por diversos motivos, como por exemplo, experiências distintas em Bancos diferentes e comparação da vivência bancária com a cooperativista. Tabela 2 – Exposição numérica da avaliação das notas aplicadas pelos bancários para cada critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022. (continua) Aspecto/Classificação Ruim Regular Boa Ótima Excelente Total 31 Tabela 2 – Exposição numérica da avaliação das notas aplicadas pelos bancários para cada critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022. (conclusão) Aspecto/Classificação Ruim Regular Boa Ótima Excelente Total Relacionamento com o cliente 3 6 8 6 8 31 Negociação das taxas de juros 6 10 3 5 7 31 Plataforma de crédito (software) 4 2 4 11 10 31 Relevância da reciprocidade/ 2 8 7 8 6 31 margem de contribuição Avaliação da capacidade de pagamento 1 4 9 9 8 31 Autonomia dos gerentes comerciais 1 6 10 7 6 30 Necessidade de parecer de crédito 2 5 9 8 7 31 Tempo da análise de crédito 4 5 7 5 10 31 Relevância do endividamento 5 3 5 9 9 31 no mercado financeiro Frequência de treinamento para 4 7 6 8 6 31 análise da liberação de empréstimos Necessidade de garantia nas 2 3 13 7 6 31 operações de empréstimos Classificação dos riscos nas 1 5 10 7 8 3 1 avaliações de empréstimos Fonte: Elaboração própria, 2022. Levando em consideração os critérios estabelecidos, é possível obter as seguintes informações quando analisamos os critérios que receberam os maiores números de votos e destacando a frequência das palavras classificadoras (Figura 6): a) a palavra ruim não aparece vez alguma; b) a palavra regular aparece uma vezes: no critério negociação da taxa de juros com 10 votos; c) a palavra excelente três vezes: no critério necessidade de parecer nas operações de crédito com 10 votos; na relevância do endividamento no mercado financeiro com 9 votos (que foi considerada excelente e ótima ao mesmo tempo, dividindo opiniões) e no relacionamento com o cliente que 32 recebeu 8 votos (e foi considerado bom e excelente ao mesmo tempo, dividindo opiniões); d) a palavra ótima aparece quatro vezes: na plataforma de crédito (software) com 11 votos; na avaliação de pagamento do cliente com 9 votos; na relevância da reciprocidade/margem de contribuição com 8 votos e na frequência de treinamento dos funcionários com 8 votos; e) a palavra boa aparece quatro vezes: no item necessidade de garantia nas operações com 13 votos; no tempo da análise de crédito também com 13 votos; na classificação e avaliação de risco nas operações com 10 votos e autonomia dos gerentes comerciais também com 10 votos. Figura 6 – Análise da avaliação geral de acordo com as maiores notas dadas pelos bancários para cada critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntáriosque participaram da pesquisa na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022. Fonte: Elaboração própria, 2022. 33 Já os cooperavitários proporcionaram as seguintes informações através dos dados coletados conforme a Tabela 3, que destaca as maiores notas dadas para classificação (ruim, regular, boa, ótima, excelente) estabelecida para cada critério desta pesquisa: a maioria deles consideram excelente o relacionamento com os associados com o maior número de votos - 15 no total -, novamente apontaram como excelente a relevância das negociação das taxas de juros com 11 de votos, classificaram como ótima, com o maior número de votos, a plataforma de crédito utilizada nas Cooperativas com 10 votos, em seguida, classificaram mais uma vez como ótima a relevância da reciprocidade dos associados com 10 votos quanto ao consumo dos produtos e serviços da instituição que impacta na margem de contribuição de cada associado, a avaliação da capacidade de pagamento foi considerada excelente com 13 votos, a autonomia dos gerentes comerciais foi classificada como ótima com 10 votos, a necessidade de parecer nas operações de crédito foi vista como excelente com 9 votos, apontaram ser regular o tempo da análise de crédito nas operações com 8 votos, identificaram como excelente a análise da relevância do endividamento no mercado financeiro do associado com 10 votos, a frequência dos treinamentos dos colaboradores voltado para o estudo da liberação de empréstimos foi considerada excelente com 11 votos, a necessidade de garantias nas operações também foi considerada excelente com 9 votos e a classificação e avaliação dos riscos nas operações foram apontadas como excelente com 10 votos. Aqui é possível perceber que os cooperavitários não dividiram opiniões quanto a análise dos aspectos avaliados durante o processo de liberação das operações de empréstimos, uma possível consequência do conceito de cooperativismo de crédito, onde todos buscam os mesmos objetivos com o intuito de tornar melhor a situação econômica dos associados com menores taxas e prestações (FRANKE, 1973). Tabela 3 – Exposição numérica da avaliação das notas aplicadas pelos cooperavitários para cada critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022. (continua) Aspecto/Classificação Ruim Regular Boa Ótima Excelente Total Relacionamento com o cliente 2 1 5 6 15 29 Negociação das taxas de juros 2 1 7 8 11 29 Plataforma de crédito (software) 3 5 4 10 7 29 34 Tabela 3 – Exposição numérica da avaliação das notas aplicadas pelos cooperavitários para cada critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022. (conclusão) Aspecto/Classificação Ruim Regular Boa Ótima Excelente Total Relevância da reciprocidade/ 3 1 6 10 9 29 margem de contribuição Avaliação da capacidade de pagamento 2 1 5 6 13 27 Autonomia dos gerentes comerciais 3 4 4 10 8 29 Necessidade de parecer de crédito 2 5 4 8 9 28 Tempo da análise de crédito 2 8 6 6 7 29 Relevância do endividamento 2 3 8 6 10 29 no mercado financeiro Frequência de treinamento para 2 5 4 7 11 29 análise da liberação de empréstimos Necessidade de garantia nas 3 4 5 8 9 29 operações de empréstimos Classificação dos riscos nas 4 2 5 8 10 29 avaliações de empréstimos Fonte: Elaboração própria, 2022. Ao analisar os dados fornecidos pelos Cooperavitários observa-se o seguinte quanto os critérios que receberam os maiores números de votos e destacando a frequência das palavras classificadoras: as palavras ruim e boa não aparecem vez alguma, a palavra regular aparece uma única vez para o critério tempo de análise de crédito que teve 8 votos (Figura 7), a palavra ótima aparece três vezes (Figura 7): a) em autonomia dos gerentes comerciais com 10 votos; b) relevância da reciprocidade/margem de contribuição também com 10 votos e c) plataforma de crédito (software) também com 10 votos. A palavra excelente aparece oito vezes (Figura 7) quando consideramos a maior quantidade de notas que cada critério que considera a qualidade e a relevância, são eles: a) Relacionamento com o associado com 15 votos; b) Avaliação da capacidade de pagamento com 13 votos; c) Frequência de treinamento dos funcionários com 11 votos; 35 d) Negociação das taxas de juros com 11 votos e) Classificação e avaliação de riscos nas operações com 10 votos; f) Relevância do endividamento no mercado financeiro com 10 votos; g) Necessidade de garantia nas operações com 9 votos e h) Necessidade de parecer nas operações de crédito com 9 votos; Figura 7 – Análise da avaliação geral de acordo com as maiores notas dada pelos cooperavitários para cada critério estabelecido de acordo com as respostas dos voluntários que participaram da pesquisa na cidade de Salvador entre os anos de 2016 a 2022. Fonte: Elaboração própria, 2022. Ainda confrontando os dados recolhidos, observa-se que em alguns aspectos os Bancos comerciais e as Cooperativas de Crédito apresentam similaridade considerando a opinião dos voluntários que responderam o questionário, isso acontece quando o relacionamento com o cliente e com o associado é considerado excelente nos dois modelos de instituições, onde 15 cooperavitários votaram em excelente e 8 bancários 36 também votaram em excelente, sendo essas as maiores notas entre as demais classificações. A plataforma de crédito é considerada ótima nas Cooperativas de Crédito com 10 votos e nos Bancos comerciais com 11 votos, a relevância da reciprocidade/margem de contribuição também é considerada ótima nas duas instituições financeiras com 10 votos nas Cooperativas e 8 nos Bancos. A relevância do endividamento do cliente e do associado no mercado financeiro também foi considerado excelente no modelo bancário com 9 votos e no formato cooperativo com 10 votos. O gráfico na figura 8 compara o que cada modelo de instituição financeira considera mais relevante de acordo com a frequência das notas fornecidas pelos seus colaboradores ao responderem o questionário aplicado. Ao analisar, é possível concluir que o critério relacionamento com o associado tem maior relevância nas Cooperativas de Crédito com 15 votos do que nos Bancos comerciais com 8 votos – considerado excelente em ambas as instituições –, o que já foi citado no Quadro 2, e isso prova que é resultado da não discriminação para com os cooperados e a igualdade de direitos dos associados, enquanto nos Bancos, os clientes não possuem assegurado o direto de serem tratados indistintamente. A negociação das taxas de juros apresenta maior flexibilidade nas Cooperativas de Crédito – com 11 votos sendo considerada excelente – do que nos Bancos comerciais – com 10 votos sendo considerada regular – (Figura 8), que é derivado do fato de que o associado também é dono da Cooperativa, o que faz com o que o cooperado também seja responsável por eventuais prejuízos e perdas que a Cooperativa venha sofrer no decorrer do tempo. Já o software utilizado para disponibilizar a plataforma de crédito apresentou maior qualidade nos Bancos Comerciais – com 11 votos sendo considerada ótimo – enquanto nas Cooperativa teve 10 votos e também foi considerado ótimo (Figura 8), e isso pode ser explicado pelas respostas abertas que foram dadas pelos voluntários da pesquisa, a primeira resposta diz o seguinte: “Nas instituições bancárizadas, falando de Banco de modo geral, as classificações de crédito são feitas por um sistema, sem intervenção do gerente, ou atendente que faz o cadastro do cliente, não sendo possível 37 propostas manuais e só trabalhando a linha de crédito pelo pré- aprovadoe taxas que o sistema libera sem margem de negociação”. E a segunda resposta diz o seguinte: “No Banco Comercial o processo é mais automatizado, fluxos enxutos, mais agilidade no processo...”. De acordo com as respostas apresentadas, é possível concluir que a maior qualidade da plataforma de crédito dos Bancos é dada pela automatização da análise de liberação de crédito. Quando analisada a relevância da reciprocidade nas operações (Figura 8) vemos que ela possui maior importância para as Cooperativas de Crédito – com 10 votos – do que para os Bancos Comerciais – com 8 votos – e em ambas instituições foram consideradas ótima, o que contrapõe a explicação fornecida no tópico 2 (“Diferenciais competitivos das Cooperativas de Crédito em relação aos Bancos comerciais quanto a liberação de empréstimos”) desta pesquisa, que diz que o fato dos associados serem donos do negócio lhes possibilitam margens de contribuição menores, porém, na prática, os colaboradores indicaram o contrário, e isto pode ser explicado através da observação de um dos colaboradores da pesquisa que diz o seguinte: “No Banco comercial...o cliente se atende pelos canais eletrônicos, há uma impessoalidade..”, o que leva à conclusão de que nos Bancos comerciais o relacionamento humano com os clientes é menor, o que diminui a relevância da margem de contribuição do mesmo para a instituição, afinal, quanto menor o contato humano com o cliente menos produtos e serviços daquela instituição ele vai consumir, pois não é mostrado e reforçado ao mesmo a necessidade de tais produtos e serviços de maneira personalizada e adequada ao seu contexto e realidade. Ao analisar o item avaliação da capacidade de pagamento, é observado que nas Cooperativas de Crédito este critério tem maior relevância e qualidade – com 13 votos considerado excelente – do que nos Bancos comerciais – com 9 votos considerada ótima – (Figura 8), e pode ser explicado pela observação de um dos voluntários da pesquisa que diz o seguinte: “Nas Cooperativas o envolvimento e relacionamento com os associados é muito levado em conta, vivenciar o momento do cliente...”. Para entender o momento financeiro do associado, é preciso conhecer qual a sua renda líquida e quais são suas despesas brutas, a diferença entre elas forma a capacidade de pagamento do associado. Conhecendo bem a capacidade de pagamento é possível liberar ou não o valor do empréstimo solicitado no momento da negociação. 38 Quando observado o critério autonomia dos gerentes comerciais obtivemos uma pequena distinção na relevância para ambos modelos de instituições financeiras, em ambas tiveram 10 votos para o maior índice de classificação que foi bom para os Bancos e ótima para as Cooperativas, (Figura 8), o que confirma o que diz o Quadro 2 quando afirma que os gerentes comerciais das Cooperativas de Crédito possuem maior autonomia que os gerentes comercias dos Bancos, e isso pode ser explicado pelo fato de quanto mais livre é uma negociação mais sucesso ela terá, e isso vem sendo aplicado no mundo corporativo de modo geral, pois funcionários com mais autonomia possuem uma maior sensação de pertencimento porque acreditam que seus superiores confiam nas suas decisões, o que provoca uma melhora no clima organizacional (PIRES, 2019). Ao contrário do que foi exposto anteriormente no Quadro 2, a necessidade de parecer nas operações de liberação de empréstimos possuem maior relevância nos Bancos comerciais – com 10 votos considerado bom – do que nas Cooperativas de Crédito – com 9 votos e foi considerado excelente – (Figura 8), o que pode ser justificado através de duas observações retiradas da pesquisa: “Os Bancos no geral estão com muita resistência para liberar empréstimo” e uma outra que diz o seguinte: “Lá (no Banco) você tinha uma rigorosa análise de crédito para poder liberar pra o cliente”. O que pode levar a acreditar que a resistência e o rigor dos Bancos para a liberação de crédito fizeram crescer a necessidade de parecer de crédito nas operações. Já o tempo considerado para a liberação das operações de crédito foi considerado de maior qualidade nos Bancos comerciais – com 13 votos considerado excelente – do que nas Cooperativas de Crédito – com 8 votos considerado regular – (Figura 8), que na linguagem das instituições financeiras quer dizer que os Bancos comerciais possuem um tempo menor para a liberação das operações de crédito. Um dos cooperavitários informou o seguinte: “Nas Cooperativas de crédito o fluxo é mais criterioso na concessão de crédito”, e isso explica o comportamento das Cooperativas quanto o período da liberação de empréstimos, afinal, quanto mais critérios tem-se para analisar, mais tempo leva a análise. Considerando o critério a relevância do endividamento no mercado financeiro, observa-se uma pequena diferença entre os Bancos – com 9 votos considerado excelente – e as Cooperativas, onde as Cooperativas fornecem maior relevância para este item – com 10 votos também considerado excelente – (Figura 8), e pode-se constatar através das palavras de um dos colabores de Cooperativa que participou da pesquisa e afirma: 39 “Nas Cooperativas o envolvimento e relacionamento com os associados é muito levado em conta, vivenciar o momento do cliente, entender seu endividamento no mercado, bem como algum tipo de atraso e mesmo assim, justificando com embasamento, conseguimos atender o associado com valores e taxas de juros que estão dentro do perfil e necessidade dele, não visando apenas a Cooperativa, mas sim a negociação para que ambos - instituição x associados possam trabalhar de forma transparente e relacionamento duradouro. Mostra com isso um propósito maior, e não apenas no discurso, vivo essa experiência no dia a dia”. Ao considerar o endividamento do associado no mercado financeiro, a Cooperativa se compromete a disponibilizar um empréstimo com uma parcela que o associado pode pagar sem se endividar, afinal, um associado com restrição financeira deixa de representar o objetivo central das Cooperativas de Crédito, que é executar a justiça financeira. A frequência de treinamento dos funcionários apresentou maior qualidade e relevância para os funcionários das Cooperativas de Crédito – com 11 votos considerada excelente – em relação aos Bancos – com 8 votos considerada ótima – (Figura 8), o que quer dizer que as Cooperativas fornecem mais treinamentos para os seus funcionários, e isso pode ser explicado pelo fato de que os funcionários também são associados das Cooperativas, logo, assumem riscos pelos possíveis prejuízos de forma duplicada, pelo fato de serem funcionários e por passarem confiança aos associados do seu relacionamento. Já a necessidade de garantia nas operações foi avaliada como tendo maior relevância nos Bancos comerciais – com 13 votos e foi considerada boa – do que nas Cooperativas – que com 9 votos foi considerada excelente – (Figura 8), o que está de acordo com as observações dos colaboradores da pesquisa. Um deles ressaltou que: “Para liberação de crédito é importante o cliente ter relacionamento com o Banco, ter uma boa análise de crédito e risco, possuir garantias para podermos negociar taxas de juros melhores e possuir capacidade de pagamento para o valor solicitado.” 40 Já um outro afirmou que: “Nas Cooperativas de Crédito o fluxo é mais criterioso na concessão de crédito, há necessidade de garantias para diminuir a inadimplência e há relação ganha a ganha, existe uma orientação financeira e proximidade com o gerente de relacionamento, o olho no olho, tem pessoalidade no processo e entendimento das necessidades do associado”. Diante das afirmações é possível concluir que o aumento do número de inadimplência nos Bancos aumentou a necessidade de garantias nas operações de crédito. A classificação e avaliação de risco nas operações foi avaliado de igual modo pelos bancários e pelos cooperavitários – em ambos modelos receberam nota 10, porém, os bancários classificaram
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