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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CAMPUS PARAGOMINAS RAY NASCIMENTO VAZ RÔMULO HENRIQUE BEZERRA DE HOLANDA QUALIDADE DO COLOSTRO E IMUNIDADE PASSIVA EM BEZERROS MESTIÇOS PARAGOMINAS 2019 RAY NASCIMENTO VAZ RÔMULO HENRIQUE BEZERRA DE HOLANDA QUALIDADE DO COLOSTRO E IMUNIDADE PASSIVA EM BEZERROS MESTIÇOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Zootecnia da Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para obtenção de grau de Bacharel em Zootecnia. Área de concentração: Bovinocultura de leite Orientadora: M.Sc Alessandra Epifanio Rodrigues PARAGOMINAS 2019 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal Rural da Amazônia Bibliotecário: Milton Fernandes – CRB-2 1325 Holanda, Rômumlo Henrique Bezzera de Qualidade do colostro e imunidade passiva em bezerros mestiços / Ray Nascimento Vaz e Rômumlo Henrique Bezzera de Holanda – Paragominas, PA, 2019. 34 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Zootecnia) - Universidade Federal Rural da Amazônia, 2019. Orientadora: Profª. M.Sc. Alessandra Epifânio Rodrigues 1. Reprodução animal - índices 2. Inseminação artificial 3. Bovinocultura de corte I. Vaz, Ray Nascimento II. Rodrigues, Alessandra Epifânio (orient.) III. Título. CDD – 636.214 Dedicamos este trabalho a Deus, que esteve ao nosso lado em todos os momentos da nossa caminhada. Dedicamos também aos nossos pais, que nos apoiaram durante toda graduação. AGRADECIMENTOS A Deus, pela vida e pelo amparo nas dificuldades. Aos meus pais, Roberto Monteiro Vaz e Silvana Moraes do Nascimento Vaz, que mesmo nas dificuldades, não mediram esforços para que eu pudesse realizar meus objetivos. À minha família especialmente minha avó é madrinha Iracema Monteiro Vaz que foi uma segunda mãe, minha prima Iane Iracema Vaz Santos por está ao meu lado sempre e a todos que contribuíram para minha formação como pessoa e caminha profissional. Ao meu companheiro Dyêgo Quadros, por me encorajar, por ser o motivo da minha felicidade, meu porto seguro e por toda motivação na conclusão desta etapa da minha vida. À Universidade Federal Rural da Amazônia e todos os seus colaboradores, pela excelente formação profissional. À minha orientadora e coordenadora do curso profa. M.Sc Alessandra Epifanio Rodrigues, por toda ajuda durante a graduação, pela oportunidade crescimento pessoal e profissional, pela paciência na orientação do TCC e por todos os conhecimentos transferidos. Ao grupo GEPEA- Grupo de Estudos e Pesquisas em Estatística Aplicada, pela grande ajuda na execução dos dados estatísticos do presente trabalho. À turma de zootecnia de 2014, em especial aos meus amigos Paulo Simplício, Maiara Karoline Alves, Hellen Krisllen, Priscila Sousa, Mayrla Barbosa, Ana Joyce Torres e Alaire Franco, por toda ajuda durante esse ciclo da minha vida, por todas as risadas, por todos os momentos que fizeram eu me sentir em família. A todos os meus amigos, em especial, Jonas Costa, Fabio Augusto Oliveira, Marcio Bastos, Pedro Rocha, Gabrielle Oliveira, Carolina Leal, Fernanda Luna, por todos os momentos felizes, pelos conselhos e incentivo. A todos os colaboradores da fazenda Diana Agroindustrial e Comercial LTDA, pela oportunidade de estágio e por ceder os dados para elaboração do presente trabalho. Ray Nascimento Vaz AGRADECIMENTOS A Deus, pela vida e pelo amparo nas dificuldades, e por dar-me forças para continuar. Aos meus pais, Marta Aparecida Bezerra de Araújo, meu porto seguro e por toda motivação na conclusão desta etapa da minha vida e José Maria Torres, que mesmo nas dificuldades, não mediram esforços para que eu pudesse realizar meus objetivos. À minha família especialmente meu primo Rafael dos Santos Nonato, minha irmã Larissa Bezerra de Holanda, meu tio Welberth Bezerra de Lima Araújo por continuarem ao meu lado sempre, aos meus avós por sempre acreditarem no meu potencial e a todos que contribuíram para minha formação como pessoa e como profissional. A minha companheira Nina Oliveira, por me encorajar, por ser o motivo da minha felicidade. À Universidade Federal Rural da Amazônia e todos os seus colaboradores, pela excelente formação profissional. À minha orientadora e coordenadora do curso prof. Mscª. Alessandra Epifanio Rodrigues, por toda ajuda durante a graduação, pela oportunidade crescimento pessoal e profissional, pela paciência na orientação do TCC e por todos os conhecimentos transferidos. Ao grupo GEPEA- Grupo de Estudos e Pesquisa em Estatística Aplicada, pela grande ajuda na execução dos dados estatísticos do presente trabalho. À turma de zootecnia de 2014, em especial aos meus amigos Marcos Reis, Everton Sousa, Ricardo Cézar, Luana e Ray Vaz, por toda ajuda durante esse ciclo da minha vida, por todas as risadas, por todos os momentos que fizeram eu me sentir em família a qual realmente fomos. A todos os meus amigos, em especial, Jefson Kirk amigo/sócio, Adnan Oliveira, Lucas, Edson Passos, José Pinheiro, Vinicius Patez, Cesar Garbossa obrigado pelo incentivo, pelos conselhos e por me fazer persistir. Romulo Henrique Bezerra de Holanda "A única maneira de fazer um ótimo trabalho é amando aquilo que se faz." Steve Jobs RESUMO A adaptabilidade do recém-nascido às condições ambientais pós-nascimento é crítica, o principal limitante para a adaptação dos bezerros ao ambiente extrauterino é a imaturidade funcional. Neste sentido, objetivou-se avaliar a qualidade do colostro e a transferência de imunidade passiva em bezerros mestiços. O experimento foi realizado em uma propriedade produtora de leite, localizada no município de Paragominas mesorregião do sudeste do paraense, Brasil, no período de setembro a dezembro de 2018. Foram utilizados 76 fêmeas bovinas mestiças, de primeiro e múltiplos partos e 76 bezerras com idade de 1 a 4 dias de vida, mestiças, cujo cruzamento era feito com raças taurinas (Bos taurus) e raças zebuínas (Bos indicus), com aptidão leiteira. Para aferição da qualidade do colostro, utilizava-se o refratômetro de Brix óptico modelo RHB-32ATC. A avaliação da TIP foi feita de 24 a 48 horas após a administração do colostro, o material foi coletado com agulha para coleta de sangue a vácuo, em tubos plásticos próprios para coleta de 10 mL, sem anticoagulante. A qualidade do colostro e a transferência de imunidade passiva foram comparadas por meio do teste Qui- quadrado, ao nível de significância igual a 5%. O teste foi realizado com o auxílio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0. Não houve diferença quanto a qualidade do colostro para o parâmetro turno do parto (p=0,430), bem como para o tempo entre o parto e administração do colostro (p=0,588), para o parâmetro colostragem, demonstram resultados estatisticamente significativos (p<0,001). Na transferência de imunidade passiva para o parâmetro colostragem, demonstrou resultados significativos a 5% de probabilidade (p= 0,035). O programa adequado de colostragem e avaliação de transferência de imunidade passiva aliado ao manejo adequado colaboram para o sucesso nos índices produtivos das propriedades. Palavras-chave: Bezerro. Colostragem. Colostro. Imunoglobulina. Imunidade passiva. ABSTRACT The adaptability of the newborn to post-natal environmental conditions is critical, the main limitation for the adaptation of calves tothe extrauterine environment is functional immaturity. In this sense, this research aimed to evaluate the quality of colostrum and the transfer of passive immunity in crossbred calves. The experiment was carried out at a dairy producing property, located in the municipality of Paragominas mesoregion of southeast of Paraense, Brazil, from September to December 2018. 76 crossbred females of first and multiple births were used and 76 crossbred calves from 1 to 4 days old, crossbreeding with bulls (Bos taurus) and Zebu breeds (Bos indicus), with milk aptitude. To measure the quality of colostrum, the RHB-32ATC optical Brix refractometer was used. The evaluation of TIP was made 24 to 48 hours after colostrum administration, the material was collected with a vacuum blood collection needle, in plastic tubes suitable for collection of 10 mL, without anticoagulant. Colostrum quality and passive immunity were compared using the Qui-square test, at a significance level of 5%. The test was performed with the aid of Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), version 20.0. There was no difference in the quality of colostrum for the parturition parameter (p = 0.430), as well as for the time between delivery and administration of colostrum (p = 0.588), for the colostration parameter, show statistically significant results (p <0.001). In the transfer of passive immunity to the colostration parameter, it demonstrated significant results at 5% probability (p = 0.035). Proper program colostration and evaluation of passive transfer coupled with proper management collaborate for success in the production rates of the properties. Key-words: Calf. Colostration . Colostrum. Immunoglobulin. Passive immunity. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Pipeta de Pasteur (A) e refratômetro óptico (B). ..................................................... 24 Figura 2 Fornecimento do colostro via mamadeira ............................................................... 25 Figura 3 Coleta de sangue em bezerros (A) e material utilizado para coleta sanguínea (B = tudo de coleta (i); agulha para coleta a vácuo (ii)) ........................................................................ 26 Figura 4 Diagrama de dispersão entre a qualidade do colostro e proteína sanguínea total. ..... 29 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Percentual de bezerros de acordo com a classificação da qualidade do colostro em cada parâmetro. .................................................................................................................... 27 Tabela 2 Percentual de bezerros de acordo com a classificação da transferência de imunidade passiva em cada parâmetro. .................................................................................................. 28 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Ig Imunoglobulinas IgG Imunoglobulinas G IgA Imunoglobulinas A IgM Imunoglobulinas M IgE Imunoglobulinas E RID Ensaio de imunodifusão radial TIP Transferência de imunidade passiva FTIP Falha na transferência de imunidade passiva PST Proteína sanguínea total SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14 2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16 2.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 16 2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 16 3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 17 3.1 Imunidade no feto, recém-nascido e importância do colostro ............................ 17 3.1.1 Composição do colostro ......................................................................................... 18 3.1.2 Efeito no momento de ingestão do colostro ............................................................ 18 3.2 Avaliação da qualidade do colostro ..................................................................... 19 3.2.1 Refratômetro de Brix ótico ..................................................................................... 19 3.3 Fatores determinantes para uma colostragem adequada ................................... 20 3.4 Avaliação de transferência de imunidade passiva TIP ....................................... 20 3.4.1 Concentração sérica de proteína total por refratometria .......................................... 21 3.5 Transferência de imunidade passiva (TIP) ......................................................... 21 3.5.1 Falhas na transferência de imunidade passiva (FTIP) ............................................. 22 4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 23 4.1 Local do Experimento .......................................................................................... 23 4.2 Animais Experimentais ........................................................................................ 23 4.3 Manejo dos Animais ............................................................................................ 23 4.4 Verificação da qualidade do colostro .................................................................. 24 4.5 Manejo dos neonatos............................................................................................ 25 4.6 Avaliação da TIP.................................................................................................. 25 4.7 Análise Estatística ................................................................................................ 26 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 27 6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 30 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 31 14 1 INTRODUÇÃO As propriedades leiteiras mudaram de forma substancial nos últimos anos, em todo mundo, com métodos de manejo, nutrição, reprodução, melhoramento genético e instalações bem desenvolvidas, que provocaram aumento na produção individual de leite e número maior de animais nos rebanhos. Contudo, apesar dos avanços das técnicas de criação as taxas de doenças e mortalidade de bezerros são consideráveis (COELHO, 2009). A adaptabilidade do recém-nascido às condições ambientais pós-nascimento é crítica, o principal limitante para a adaptação dos bezerros ao ambiente extrauterino é a imaturidade funcional. A montagem da resposta imune pós-natal é lenta e de baixa intensidade, devido à imaturidade funcional das células imunes. Sendo assim, a transferência de imunidade passiva é essencial para a proteção dos bezerros contra as doenças nessa fase crítica da vida (BARRINGTON; PARRISH, 2001). Com isso a ingestão do colostro nas horas iniciais da vida do animal é essencial, já que o sistema imune dos bezerros é imaturo e incapaz de produzir quantidades suficientes de imunoglobulinas (Igs), além disso, a placenta de bovinos e outros ruminantes é epitélio-corial, o que impede a transferência de imunoglobulinas de forma passiva mãe/feto (MULLER et al., 1981). Além das Igs, o colostro contém citocinas e um grande número de leucócitos maternos, que contribuem coletivamente para a imunoproteção do bezerro (GONZALEZ; SANTOS, 2017). Dois fatores são importantes em relação à qualidade do colostro: a menor concentração de bactérias, que é possível com a higienização adequada das tetas, e a concentração de imunoglobulinas (Ig) (NEIVA, 2015). O sucesso na colostragem e transferência de imunidade passiva depende de alguns fatores como: o tempo de fornecimento do colostro; qualidade; concentração de imunoglobulinas e o volume de fornecimento(QUIGLEY, 1996). Além de prover anticorpos aos animais até que estes tenham seu sistema imune ativo, o consumo de colostro tem impacto na vida futura. Faber et al. (2005) mostraram que animais colostrados com maiores volumes de colostro de alta qualidade apresentaram maior taxa de crescimento e maiores produções de leite na primeira e segunda lactação. Seguno Godden (2008) a transferência de imunidade passiva pode ser estimada de 24 a 48 horas após o nascimento do bezerro, pela concentração de proteínas totais no soro sanguíneo, há falhas na transferência de imunidade passiva, em ocasiões que passa deste Isadora Lazzari Realce 15 tempo determinado e são encontrados valores abaixo de 10mg de IgG/mL de soro sanguíneo dos animais. No Brasil o manejo das bezerras ainda é ineficiente, pesquisas revelam que mais de 60% das propriedades permitem que o bezerro permaneça com a vaca por mais de 8 horas, em relação à avaliação da qualidade do colostro mais de 89% das propriedades não o fazem, 33% avaliam utilizando o método visual e 98% não monitoram a proteína sérica dos animais, em consequência há muitas falhas na transferência de imunidade passiva (FTIP) (SANTOS; BITTAR, 2015). Assim a avaliação da qualidade do colostro e transferência de imunidade passiva, se torna imprescindível para adoção dos melhores métodos de manejo na colostragem. 16 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Avaliar a qualidade do colostro e a transferência de imunidade passiva em bezerros mestiços. 2.2 Objetivos específicos i. Avaliar a qualidade do colostro; ii. Avaliar a transferência de imunidade passiva das mães para seus bezerros pela concentração de proteína total; iii. Avaliar a eficiência de colostragem em bezerros. 17 3 REVISÃO DE LITERATURA A criação de bezerras é uma das etapas mais importantes na produção leiteira, já que as mesmas vão garantir o futuro da produção de leite na propriedade. Desde o primeiro dia de vida até o desaleitamento o processo de criação exige boas práticas de manejo, pois neste período da vida os animais estão mais susceptíveis as altas taxas de mortalidade (COELHO, 2009). Assim é necessário que a introdução do colostro ao recém-nascido ocorra nas primeiras seis horas de vida para que este seja absorvido pelo intestino delgado, pois neste período há uma melhor resposta de sucesso devido a uma melhor absorção de macromoléculas. Entre as horas seguintes a este período verificou-se que diminui gradativamente a capacidade de absorção gastrointestinal, findando este ciclo após as vinte e quatro horas de vida do bezerro recém-nascido, este processo é intitulado como fechamento (RODRIGUES, 2012) Os ruminantes possuem placenta epitélio-corial, representada pela formação de sincício entre o endométrio materno e o trofectoderma fetal, que separa o sangue da mãe e do feto. Com isso protege o feto contra a maioria das ações bacterianas e virais, porém, impede a passagem de proteínas séricas de alto peso molecular, como as imunoglobulinas, da circulação materna para a fetal (TEIXEIRA, 2017). A transferência de imunidade passiva nas bezerras depende da formação do colostro que é a associação entre o acumulo de imunoglobulinas e células sanguíneas, depende também da ingestão de colostro pelas bezerras e absorção destas imunoglobulinas pelo epitélio intestinal (DAVIS; DRACKLEY, 1998). 3.1 Imunidade no feto, recém-nascido e importância do colostro O bezerro nasce sem imunidade, pois a placenta da vaca é do tipo epitélio-corial que por sua vez impede a transferência de imunoglobinas da mãe para o feto. Desta forma, o colostro ingerido pelo bezerro após o nascimento é responsável em fornecer proteção contra infecções, até que seu sistema imunológico comece a gerar suas próprias defesas (TIZARD, 2004). De acordo com Santos (2002) no líquido de coloração amarelada, a qual vem a ser o colostro, é que estão contidos proteínas como lactoferrina, fosfatase alcalina, lisozima entre outras. Estes componentes contribuirão diretamente para saúde do bezerro, pois auxiliam na prevenção contra infecções. Weaver et al. (2000) verificaram que bezerros que receberam concentração significativa de imunoglobulina sérica ás primeiras 24 a 48 horas de vida, tiveram maior ganho de peso à Isadora Lazzari Realce 18 desmama do que os bezerros que foram alimentados com colostro de baixa concentração de imunoglobulinas. 3.1.1 Composição do colostro Formado por substâncias produzidas na glândula mamária, o colostro, contém muitos constituintes do soro sanguíneo, grande parte das imunoglobulinas são transferidas da corrente sanguínea para o colostro (SCUCH, 2007). Segundo Gomes (2008), o colostro bovino contem aproximadamente 90% de imunoglobulina G (IgG), 5% de imunoglobulina A (IgA) e 7% de imunoglobulina M (IgM). Produzidas pelos plasmócitos na glândula mamária, as Igs M e A aparecem em menores quantidades, a transferência de imunoglobulinas E (IgE) por meio do colostro também ocorre, e embora não seja bem compreendido, pode ser importante na proteção contra parasitas intestinais (LARSON et al., 1980). Blum e Hamnon (2000) relatam que o colostro também contém aminoácidos essenciais e não essenciais, lactose, ácidos graxos, vitaminas e minerais, bem como alguns não nutrientes como, homônimos, fatores de crescimento, citocinas, enzimas e poliaminas, sendo rico em células somáticas e leucócitos. Contudo, alguns fatores são importantes quanto a composição do colostro, concentração e conteúdo de imunoglobulinas como: efeitos genéticos da raça, idade da matriz, nutrição, variação hormonal fisiológica, ordem de lactação, pré-ordenha e mastite (GODDEN, 2008). 3.1.2 Efeito no momento de ingestão do colostro O momento da ingestão do colostro é importante, pois ao nascer a parede intestinal do bezerro é bastante permeável, neste caso há efeitos bons e ruins. Com a permeabilidade da parede intestinal, a mesma fica susceptível a agentes causadores de infecções, o que ressalta mais uma vez a importância da ingestão do colostro o quanto antes. Em contrapartida, este estado intestinal do neonato ajuda na absorção das imunoglobulinas séricas (GAY et al., 1994). Schuch (2007) aponta para a evolução da parede intestinal e seu fechamento. Até 4 horas de vida o recém-nascido tem a melhor absorção de Ig. Após as 12 horas pós-parto, começa o fechamento espontâneo da permeabilidade intestinal, de tal forma que depois de 24 horas há o fechamento por completo. Isadora Lazzari Realce 19 Segundo Kruse (1970) quanto menor o intervalo entre parto e ministração do colostro ao bezerro, maiores são os benefícios através da melhor absorção de imunoglobulinas. Machado Neto (2004) em estudos verificou que quando o colostro foi fornecido 12 horas pós-parto a bezerros com nível sérico regulado, não houve diferença, no entanto quando ministrado para bezerro com concentração sérica desregulada, houve compensação, se equiparando aos animais com níveis séricos adequados. 3.2 Avaliação da qualidade do colostro O fornecimento do colostro na qualidade adequada só é possível com a utilização de métodos para avaliação da sua qualidade. Estes métodos precisam ser aplicáveis a campo, de rápida execução e com resultados precisos (BIELMANN et al., 2010). O colostro pode ser classificado quanto a sua qualidade de acordo com o Quadro 1. Quadro 1- Classificação da qualidade do colostro. Brix (%) IgG Com (g/L) Qualidade do colostro < 15 0 - 28 Pobre 15 |- 20 28 |- 50 Razoável 20 |- 30 50 |- 80 Bom ≥ 30 ≥ 80 Muito Bom Fonte: Adaptado por Knottenbelt et al. (2004). 3.2.1 Refratômetro de Brix ótico O refratômetro Brix é uma ferramenta com finalidade de mensurar a gravidade específica do colostro por meio da refração que a luz sofre ao atravessar um líquido. A escala para verificar a quantidade de açúcar em uma soluçãoé expressa em percentagem, no entanto, este modelo de verificação tem dado bons resultados para a análise do colostro, com sensibilidade e especificidade de 90,5-92,5% e 80-85%, respetivamente (COTA, 2018; QUIGLEY et al.,2013). Para melhor avaliar a qualidade do colostro utilizamos o refratômetro de Brix. Este aparelho compara a concentração de IgG presente no colostro com o valor limite indicando que o colostro é de alta qualidade (> 50 mg de Ig/mL) tendo este que ser superior a 21% de Brix. Esse é um método de baixo custo, com bom tempo de resposta rápido e que necessita o mínimo de equipamento e treinamento, desta maneira pode ser utilizado na fazenda para avaliação da qualidade de colostro e para decidir sobre o fornecimento ou armazenamento em um banco de colostro (BITTAR, 2014). Na avaliação do colostro pelo refratômetro de Brix, uma gota do colostro deve ser colocada no prisma do refratômetro para ser realizada a leitura da amostra. É importante que o Isadora Lazzari Realce 20 refratômetro tenha sido previamente calibrado com água destilada. Quando a amostraapresentar mais do que 21% de Brix, o colostro pode ser considerado como de boa qualidade, e aquele que apresentar leitura inferior a 21% de Brix não deve ser fornecido aos bezerros. Aquele que apresentar mais do que 30% de Brix é considerado de excelente qualidade. Após a avaliação, é importante realizar a limpeza do prisma, com água destilada e papel macio, para evitar que eventuais resíduos comprometam a próxima leitura (BITTAR, 2014). 3.3 Fatores determinantes para uma colostragem adequada Deixar com que o bezerro mame o colostro naturalmente pode ser prejudicial e apresentar falhas na transferência de imunidade passiva, já que nos partos normais dentro de 30 minutos após o nascimento os bezerros ficam de pé, procuram o úbere dentro de 90 minutos e mamam dentro de duas horas, decorrido todo esse tempo os bezerros tem grande chance de contaminação com patógenos na maternidade (COELHO, 2009). Segundo Davis e Drackley (1998) o tempo de ingestão do colostro é importante para otimizar a absorção intestinal. As bezerras, de maneira geral, devem ingerir 10% do peso vivo de colostro de boa qualidade (densidade acima de 1.046 a 1.050 mg/l) nas primeiras seis horas de vida. Além disso, a composição do colostro do ruminante muda após 72 horas, 3h pós parto há maior concentração de gordura, proteína total, proteínas do soro e minerais, no decorrer do tempo esses nutrientes passam a dar espaço para caseínas e lactoses (SAGARBIERE, 2004). Com isso um programa adequado de colostragem é um fundamental para o sucesso na transferência de imunidade passiva, já que ele busca evitar falhas na ingestão do colostro e evita contaminação bacteriana que interfere na absorção das imunoglobulinas (TEIXEIRA et al., 2017). Dessa forma, dos cuidados com o bezerro recém-nascido, o fornecimento de colostro é o mais importante para a redução nas taxas de mortalidade e morbidade (BESSER; GAY, 1994). 3.4 Avaliação de transferência de imunidade passiva TIP A avaliação da TIP pode ser feita de 24 a 48 horas após a ingestão de colostro pelos animais, sendo estimada pela concentração sérica de IgG ou pela concentração de proteínas totais. Concentraçoes de IgG menores que 10 mg/mL podem indicar falhas na transferência (NEIVA et al., 2015). O refratômetro também desempenha a função de verificação de transferência de imunidade. Pois a aquisição de imunidade passiva pelos animais pode ser monitorada através de leituras com refratômetro de proteína ou de Brix do soro destes animais. Existe alta 21 correlação de proteína sérica e de Brix com a concentração de Ig no soro de bezerros o que permite definir o sucesso ou o insucesso da colostragem (DEELEN et al., 2014). 3.4.3 Concentração sérica de proteína total por refratometria A refratometria é um método eficiente para determinar o status de imunidade em neonatos, pois, de acordo com Hopkins et al. (1984), a variação de proteína sérica pode refletir transferência de Ig, tendo em vista que após a ingestão do colostro a única classe de proteína sérica que aumenta substancialmente são as Ig. Weiss e Wardrop (2010) observaram que em bezerros antes da colostragem obtiveram resultados inferiores de proteína sanguínea total, em relação aos bezerros pós-colostrados. Em estudos constatou-se que a concentração sérica de Ig, aumenta gradativamente até chegar ao seu pico (aos 2 dias de vida do neonato), e após a absorção das macromoléculas (Ig), ocorre a diminuição gradativa das taxas de proteína sérica até a estabilização, indicando produção endógena de Ig pelo neonato (LEAL et al., 2003). 3.5 Transferência de imunidade passiva (TIP) A via na qual ocorre a TIP é de natureza placentária, sendo a placenta das vacas do tipo sinepitéliocorial, protege o feto da maioria dos vírus e bactérias, porém acaba impedindo a passagem de proteínas séricas, que são as classes das Ig, da circulação materna para o feto (FEITOSA, 1999). As IgG são transferidas do soro sanguíneo das vacas para o colostro por um mecanismo específico de transporte, no qual os receptores das células epiteliais alveolares mamária captam as IgG por endocitose. Com o início da lactação pela ação do aumento da prolactina, cessam a expressão do receptor, pelas células epiteliais alveolares (BARRINGTON et al., 2001). O número de sítios de recepção de Ig tende a aumentar com a proximidade do parto e a transferência de Ig tem seu pico máximo três dias antes do parto (TIZARD, 2009). Os neonatos ao mamarem o colostro nas primeiras horas de vida, levam para o trato digestório onde a atividade proteolítica é baixa, sendo assim, as proteínas colostrais não são degradadas, chegando intacta no intestino delgado (DAVIS; DRACKLEY, 1998). De acordo com Tizard (2009), receptores presentes nas células epiteliais do intestino dos bezerros, denominados FcRn, se ligam às Ig do colostro. Quando ligadas, as Ig vão para o interior das células epiteliais por pinocitose na forma de pequenos glóbulos, que por via tubular atravessam a membrana em direção a base da célula. Assim as Ig alcançam a circulação 22 sanguínea, com isso os neonatos obtém a TIP, refletindo na circulação sanguínea as Ig adquiridas após três ou quadro horas a ingestão do colostro. Com o passar das horas o bezerro perde essa capacidade de absorção, onde ocorre o fechamento do intestino, ou ¨closure¨ (LECCE; MORGAN, 1962). Porém o intestino desses animais não é seletivo na absorção das moléculas, permitindo a entrada de bactérias na corrente sanguínea, por isso a importância da qualidade do colostro afim de evitar a entrada de microrganismos no sistema dos animais (ROY, 1990). Assim alguns fatores devem ser verificados para adequada TIP, onde a concentração de imunoglobulinas no colostro tem sido utilizada como sinônimo de qualidade, a carga bacteriana e a presença de patógeno também devem ser consideradas (STEWART et al., 2005). 3.4.1 Falhas na transferência de imunidade passiva (FTIP) Obter o diagnóstico de FTIP é essencial para tratamento adequado dos bezerros. Deve- se levar em consideração alguns fatores que podem contribuir para FTIP, tais como, relacionado à mãe e a produção, ou seja, quanto a vaca produz colostro em quantidade suficiente, qualidade ruim, falha da ingestão, condições no momento do parto e quando o consumo do colostro é realizado tardiamente sofrendo interferência na absorção (JUNQUEIRA, 2011). O fator tempo de fornecimento tem grande influência já que para garantir a transferência adequada, o colostro de qualidade deve ser fornecido logo após o nascimento, o mais rapidamente possível, uma vez que a absorção de imunoglobulinas é reduzida com o passar do tempo, não ocorrendo após 24h de nascimento (GODDEN, 2008). Segundo Teixeira (2017) o colostro contaminado também causainfluência negativa na transferência já que a contaminação bacteriana no colostro interfere na absorção das imunoglobulinas devido a fatores como: ligação das bactérias com as Ig no lúmen intestinal ou bloqueio direto da captura e transporte das imunoglobulinas pelas células epiteliais intestinais. Falhas no processo da TIP estão diretamente relacionadas a índices de morbidade e mortalidade e com a diminuição da saúde e longevidade das bezerras, o que impacta diretamente nos custos durante a fase de criação desses animais, além de manter relação direta com a produtividade deste animal (RABOISSON et al., 2016). 23 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Local do Experimento O experimento foi realizado em uma propriedade produtora de leite, localizada no município de Paragominas mesorregião do sudeste do paraense, Brasil, no período de setembro a dezembro de 2018. De acordo com a classificação de Köppen, na região o clima predominante é do tipo Aw, ou seja, tropical chuvoso, com temperatura média anual em torno de 27,2°C de aproximadamente 81% e precipitação pluviométrica média de 1766 mm/ano, com período mais chuvoso concentrado entre os meses de janeiro a junho (PARÁ, 2016). A propriedade contava com cinco piquetes para criação de gado de leite, sendo um piquete para maternidade, um para recém-paridas e três piquetes de vacas em lactação. O sistema utilizado na fazenda é o confinamento a pasto, ou seja, as vacas recebiam ração e sal mineral no cocho, sendo a dieta distribuída em dois períodos, um pela manhã e outro no fim da tarde. O pasto utilizado na propriedade era Megathyrsus maximus cv. Mombaça, e os animais tinham livre acesso à água. 4.2 Animais Experimentais Foram utilizados 76 fêmeas bovinas mestiças, de primeiro e múltiplos partos e 76 bezerras com idade de 1 a 4 dias de vida, mestiças, cujo cruzamento era feito com raças taurinas (Bos taurus) e raças zebuínas (Bos indicus), com aptidão leiteira. As bezerras eram mantidas em bezerreiro individual, no sistema de criação integração pecuária floresta. 4.3 Manejo dos Animais Os animais tinham um bom manejo sanitário, onde as vacas eram vacinadas contra Brucelose, Febre aftosa, Raiva e Leptospirose. Os animais receberam vermífugos e carrapaticidas. O manejo da colostragem era feito imediatamente após o parto no período diurno, onde a vaca era levada para o curral, e o animal era contido no tronco para ordenha do colostro. Nos partos noturnos o manejo só acontecia na manhã do dia seguinte, pois na propriedade não são realizadas rondas no piquete maternidade durante a noite. O colaborador responsável pela maternidade, utilizava luvas descartáveis de látex para realização do pré-dipping para desinfeção dos tetos com solução detergente, em seguida os tetos 24 A B eram enxutos com papel toalha, caso fosse necessário aplicava-se 0,5 ml do hormônio ocitocina via intramuscular, para estimular a ejeção do leite. A ordenha de todos os quartos mamários era realizada manualmente ou com ordenhadeira de balde ao pé, o colostro era armazenado em balde de alumínio com graduação em litros e assim verificava-se a quantidade de colostro obtido. Após a ordenha, era realizado o pós-dipping nos quartos mamários com solução desinfetante a base de ácido lático. 4.4 Verificação da qualidade do colostro Para aferição da qualidade do colostro, utilizou-se o aparelho refratômetro de Brix óptico modelo RHB-32ATC, que era previamente calibrado conforme indicações do fabricante. O colostro era homogeneizado ainda no balde e uma gota era coletada com auxílio de uma pipeta de Pasteur e depositada no visor do refratômetro, verificando-se assim a % de Brix do colostro em temperatura ambiente (Figura 1). Figura 1 - Pipeta de Pasteur (A) e refratômetro óptico (B). Fonte: Arquivo pessoal. O colostro foi classificado em pobre, razoável e bom por refractometria, conforme metodologia para avaliação global da qualidade do colostro determinada por Knottenbelt et al. (2004), verificava- se a % de Brix,. Caso o colostro tivesse de razoável a pobre ele era enriquecido com colostro em pó, misturado ao colostro materno até que ficasse homogêneo. 25 4.5 Manejo dos neonatos Imediatamente após o parto o colaborador encaminhava o neonato para o bezerreiro, em carrinho de mão (utilizado somente para esse procedimento), o bezerro era identificado com colar e pingente, contendo identificação numérica, número da mãe e data do nascimento. Foi realizada a cura do umbigo com iodo 10%, o colostro foi fornecido logo em seguida, com auxílio de mamadeira, utilizada especificamente para este procedimento, caso bezerro não aceitasse a mamadeira o colostro era ofertado via sonda oral (Figura 2). Figura 2- Fornecimento do colostro via mamadeira. 4.6 Avaliação da TIP Fonte: Arquivo pessoal. No período compreendido entre 24 a 48 horas após a administração do colostro, o sangue era coletado com agulha para coleta a vácuo, em tubos plásticos próprios para coleta, de 10 mL, sem anticoagulante. O colaborador responsável pelo setor do bezerreiro, fez a coleta de no mínimo 5 mL do sangue venoso da pata anterior direita do bezerro. O material coletado era identificado com o número de cada animal e armazenado, a análise do material era realizada em 24 horas após a coleta. A TIP era avaliada utilizando o refratômetro óptico previamente calibrado de acordo com o fabricante, uma gota do soro sanguíneo foi coletado com pipeta de Pasteur e depositado no visor do refratômetro (Figura 3). Verificava-se a concentração de proteinas totais no soro saguineo dos bezerros, onde concetrações de IgG menores que 10mg/mL podem indicar falhas na TPI. 26 Figura 3- Coleta de sangue em bezerros (A) e material utilizado para coleta sanguínea (B = tubo de coleta (i); agulha para coleta a vácuo (ii)). Fonte: Arquivo pessoal. 4.7 Análise Estatística A qualidade do colostro e a transferência de imunidade passiva foram comparadas por meio do teste Qui-quadrado, ao nível de significância igual a 5%. O teste foi realizado com o auxílio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0. A B i ii 27 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 mostra o percentual de bezerros classificados de acordo com a qualidade do colostro para cada parâmetro. Não houve diferença significativa para o parâmetro turno do parto (p=0,430), bem como para o tempo entre o parto e administração do colostro (p=0,588). Na propriedade o manejo de colostragem em partos noturnos só ocorrer na manhã seguinte ao parto, ou seja, o tempo entre o parto e a administração do colostro pode ser superior á 4 horas. Tabela 1- Percentual de bezerros de acordo com a classificação da qualidade do colostro em cada parâmetro. Parâmetro Qualidade do colostro χ2 p Pobre Razoável Bom Turno do parto Diurno 2,08 27,08 70,83 1,686 0,430ns Noturno 8,70 26,09 65,22 Tempo entre o parto e administração do colostro (h) < 4 2,50 25,00 72,50 1,062 0,588ns ≥ 4 6,67 30,00 63,33 Colostragem Enriquecido 7,41 59,26 33,33 29,924 <0,001** Natural 0,00 2,78 97,22 χ2 - estatística do teste Qui-quadrado; ** significativo a 1% de probabilidade; ns – não significativo. Fonte: Elaboração própria Observou-se diferença significativa (p<0,001) entre a colostragem enriquecida e natural. Em estudos realizados por Priestley et al. (2013) que avaliaram aspectos como a TIP, o desempenho e a saúde de bezerras que receberam colostro materno natural e substituto de colostro, mostrou que os animais que receberam o colostro natural tiveram resultados superiores aos que receberam substituto. Outro aspecto importante que pode tornar o colostro superior é que de acordo com Quingley (2002), vacas que não são expostas a muitos patógenos o nível de Ig pode ser inferior e um benefício adicional é quevacas criadas em determinada propriedade produziram colostro com anticorpos específicos para os patógenos dessa propriedade. 28 Tabela 2 - Percentual de bezerros de acordo com a classificação da transferência de imunidade passiva em cada parâmetro. Parâmetro Transferência de imunidade passiva χ2 p Falha Moderada Sucesso Animal desidratado1 Turno do parto Diurno 6,00 2,00 12,00 80,00 0,415 0,937ns Noturno 4,35 4,35 13,04 78,26 Tempo entre o parto e administração do colostro (h) < 4 4,88 0,00 9,76 85,37 3,341 0,342ns ≥ 4 6,67 6,67 13,33 73,33 Colostragem Enriquecido 11,11 7,41 14,81 66,67 8,613 0,035* Natural 2,78 0,00 2,78 94,44 χ2 - estatística do teste Qui-quadrado; ** significativo a 5% de probabilidade; ns – não significativo; 1Animal desidratado ou equipamento não calibrado. Fonte: Elaboração própria. Na Tabela 2 a análise da TIP não indicou diferença significativa para o turno do parto (p= 0,937) e tempo entre o parto e a administração do colostro (p= 0,342), o que indica que o fator tempo não influenciou na TIP, um possível explicação para este resultado pode ser o bom manejo de colostragem, assim como e fornecimento de colostro em quantidade adequada . Para a colostragem, demonstrou resultados significativos a 5% de probabilidade (p= 0,035). Indicando probabilidades maiores de FTIP no colostro enriquecido em comparação ao natural, em contrapartida o percentual de sucesso foi maior no colostro enriquecido (14,81) em comparação ao natural (2,78). O colostro natural demonstrou ser superior ao enriquecido na analise refratométrica, no entanto na TIP, o enriquecido obteve maior sucesso, esse resultado pode ser explicado pelo fato de que segundo Quingley et al. (2005) os suplementos de colostro serem formulados para conter apenas Ig, aumentando assim a quantidade de Ig. O teste indicou também elevadas concentrações de proteína séricas que pode indicar falha na calibração do equipamento (refratômetro) ou animais desidratados, já que segundo Tyler et al. (1999), o teste possui baixa sensibilidade a animais desidratados, devido ao fato da proteína sérica total está maior devido a menor quantidade de plasma sanguíneo. Na Figura 4 pode-se observar uma correlação fraca positiva (p = 0,028) entre a qualidade do colostro e a concentração de proteína sanguínea total, dessa forma, quanto melhor a qualidade do colostro, melhor será a taxa de TIP, tendo em vista que o colotro de melhor qualidade tem maiores concentrações de IgG. 29 Figura 4- Diagrama de dispersão entre a qualidade do colostro e proteína sanguínea total. Fonte: Elaboração própria Este resultado indica também que não só a qualidade do colostro pode influenciar na proteína sanguínea total, assim como também o tempo entre o parto e a administração do colostro e o volume ofertado para bezerro. Sendo assim foi possivel observar que os bezerros experimentados que receberam colostro de melhor qualidade, tiveram maiores taxas de proteina sanguinea total, indivando assim uma maior TPI. Davis e Drackley (1998) também observaram que o protocolo de colostragem afetava a concentração de proteína total nos bezerros, animais que receberam colostro de melhor qualidade tinham taxas melhores de TIP quando comparado a animais que receberam colostro de média qualidade. 16 14 12 10 8 6 4 2 0 r = 0,263 (p = 0,028) 0 5 10 15 20 25 30 35 Qualidade do colostro Pr ot eí na S an gu ín ea T ot al 30 6 CONCLUSÃO Avaliar a qualidade do colotro é imoportante para uma colostragem eficiente dos neonatos, visto que, quanto melhor a qualidade do colostro fornecido, melhores são as taxas de imunidade adquirida. É indicado também a avaliação da transferência de imunidade passiva, pois assim podem-se identificar falas no processo de colostragem, podendo assim corrigir o manejo na propriedade. Uma colostragem eficiente pode evitar falhas na tranferencia de imunidade passiva, elevando o potencial produtivo do rebanho, além de reduzir índices de doenças e mortalidade neonatal. 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Inês Ribeiro. Transferência de imunidade passiva em equinos. 2015. Tese de Doutorado. Universidade de Lisboa. Faculdade de Medicina Veterinária. BARRINGTON GM, PARISH SM. Bovine Neonatal Immunology. Vet Clin North Am Food Anim Pract. 2001;17(3):463-76 BESSER, Thomas E.; GAY, Clive C. The importance of colostrum to the health of the neonatal calf. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 10, n. 1, p. 107-117, 1994. BIELMANN, V. et al. An evaluation of Brix refractometry instruments for measurement of colostrum quality in dairy cattle. Journal of Dairy Science, v. 93, n. 8, p. 3713-3721, 2010. BITTAR, C. M. M.; PORTAL, R. N. S.; PEREIRA. A. F DE C. Criação de bezerras leiteiras. ESALQ/USP. 1ª edição 2018. Piracicaba/SP. BLUM, J.W; HAMMON, H. 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