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Brucelose Bovina

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO 
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO 
 
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇAO 
 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DE 
BOVINOS 
 
 
 
 
 
BRUCELOSE BOVINA 
 
 
 
 
 
Kenia Alberto Tolêdo 
 
 
 
 
Brasília, set. 2006 
KENIA ALBERTO TOLÊDO 
Aluna do Curso de Especialização “Lato sensu” em 
Produção e Reprodução de Bovinos 
 
 
 
 
 
 
BRUCELOSE BOVINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília, set. 2006 
Trabalho monográfico do curso de pós-graduação 
"Lato Sensu" em Produção e Reprodução de 
Bovinos apresentado à UCB como requisito parcial 
para a obtenção de título de Especialista em 
Produção e Reprodução de Bovinos, sob a 
orientação do Prof. Dr.Luís Fernando Fiori Castilho. 
BRUCELOSE BOVINA 
 
 
Elaborado por Kenia Alberto Tolêdo 
Aluna do Curso de Produção e Reprodução de Bovinos da Qualittas 
 
 
 
Foi analisada e aprovada com 
grau:....................... 
 
 
 
Brasília,______ de_________________de________. 
 
 
_________________________________________ 
Membro 
 
_________________________________________ 
Membro 
 
_________________________________________ 
Professor Orientador 
Presidente 
 
 
Brasília, set. 2006 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
A Deus, minha família, ao meu 
Orientador e a Carol pela ajuda e paciência 
que teve durante a realização desse trabalho. 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 Em 10 de Janeiro de 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou o 
Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT). Esse 
programa deverá ser implementado por todas as unidades federativas brasileiras, respeitando 
suas especificidades. Assim sendo, com o intuito de colaborar com esse processo, esta 
monografia, composta por uma revisão da doença, foi elaborada abordando temas como: 
histórico, situação no Brasil, sinais clínicos, transmissão, diagnóstico, controle e prevenção, 
tratamento, saúde pública entre outros. 
PALAVRAS-CHAVE: Brucelose, abortamento, sorodiagnóstico, epidemiologia, Brucella abortus. 
 
 
ABSTRACT 
 
 BRUCELLOOSIS. On January 10th, 2001, the Brazilian Ministry of Agriculture [Ministério 
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] launched the National Program for Control and 
Eradication of Brucellosis and Tuberculosis [Programa Nacional de Controle e Erradicação da 
Brucelose e Tuberculose (PNCEBT)].This program is to be implemented in all Brazilian states 
according to the specificities of each of them. This article was written in order to collaborate with 
process. It is review on brucellosis and involves the following aspects: historic, situation of Brazil, 
clinical manifestations, transmission, diagnosis, control end prevention, treatment end public heth. 
 
KEY WORDS: Brucellosis, abortion, serodiagnosis, epidemiology, Brucella abortus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
Resumo ................................................................................................................. iv 
1- Introdução ......................................................................................................... 1 
2- Objetivo ............................................................................................................. 1 
3- Histórico ............................................................................................................ 1 
4- Histórico no Brasil ............................................................................................. 3 
5- Iniciativas Brasileiras no Combate à Brucelose Bovina .................................... 4 
6- Situação no Brasil ............................................................................................. 5 
7- Perdas Econômicas .......................................................................................... 5 
8- Sinonímia .......................................................................................................... 6 
9- Etiologia ............................................................................................................ 6 
10- Isolamento ....................................................................................................... 7 
11- Resistência ...................................................................................................... 7 
12- Transmissão .................................................................................................... 8 
13- Patogenia ........................................................................................................ 9 
14- Reservatórios Geográficos e Zoológicos......................................................... 10 
15- Sinais Clínicos ................................................................................................. 11 
16- Diagnóstico ..................................................................................................... 12 
 16.1- Diagnóstico clínico ............................................................................. 13 
 16.2- Diagnóstico laboratorial ...................................................................... 13 
 12.2.1- Diagnóstico laboratorial indireto ............................................ 14 
 12.2.1.1- Testes de triagem .................................................... 14 
 12.2.1.2- Testes confirmatórios ............................................... 16 
 12.2.2- Diagnóstico laboratorial direto ............................................... 18 
 12.2.2.1- Novos métodos de diagnóstico ................................ 19 
 16.3- Diagnóstico patológico ....................................................................... 21 
17- Prognóstico ..................................................................................................... 21 
18- Controle e prevenção....................................................................................... 21 
19- Vacinação ....................................................................................................... 23 
 19.1- Vacina B19 ......................................................................................... 23 
 19.2- Vacina não indutora de anticorpos aglutinantes (amostra RB51)....... 24 
20- Tratamento ...................................................................................................... 25 
21- Diagnóstico diferencial .................................................................................... 25 
22- Saúde pública ................................................................................................. 26 
23- Conclusão ....................................................................................................... 29 
24- Referências Bibliográficas ............................................................................... 30 
Anexos .................................................................................................................. 35 
 Anexo 1- Fotos ............................................................................................ 36 
 Anexo 2- Legislação PNCEBT .................................................................... 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
 Brucelose é uma doença bacteriana infecciosa causada por membros do gênero Brucella. 
Brucella são parasitos obrigatórios que necessitam de um animal hospedeiro para sua 
manutenção. As infecções tendem a se localizar no sistema retículo endotelial e no trato genital, 
tendo como sinais clínicos mais comuns abortos em fêmeas e epididimite e orquite em machos 
(HIRSH et al., 2003). 
A brucelose é uma antropozoonose de evolução preferencialmentecrônica, caracterizada 
pela infecção das células do sistema mononuclear fagocitário (METCALF et al., 1994). 
Além dos problemas causados à saúde pública, a brucelose também gera prejuízos 
econômicos ao tornar-se o produto vulnerável às barreiras sanitárias, comprometendo a sua 
competitividade no comércio internacional (PAULIN, 2003). 
A Organização Internacional de Epizootias (OIE) classifica a brucelose como doença da 
lista B, onde estão incluídas as enfermidades que têm importância sócio-econômica e/ou para 
saúde pública e conseqüências significativas no comércio internacional de animais e seus 
produtos (OIE, 2006). 
 
 
2- OBJETIVO 
 
O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica sobre a Brucelose bovina 
(Brucella abortus). 
 
 
3- HISTÓRICO 
 
 Provavelmente, esta doença era conhecida pelo homem no século V a.C. Nos séculos 
XVIII e XIX, é citada repetidamente, mas não é separada como entidade nasológica independente 
(BEER, 1999). Uma das mais minuciosas entre as antigas descrições de brucelose foi feita por 
Marston, em 1863 (CORRÊA et al., 1992). 
 Segundo Reis (1977), a história da brucelose parece estar ligada a própria história da 
medicina. Pacheco e Mello dividem-na em três períodos: o 1º desde Hipócrates, o 2º com Bruce e 
Bang e o 3º de Alice Evans até hoje (REIS, 1977). 
 Em 1886, Sir David Bruce, médico inglês, foi a Malta estudar uma doença febril que 
acometia os soldados ingleses lá estacionados e, em soldados mortos pela doença, observou 
numerosos organismos cocóides (CORRÊA et al., 1992). Em 1887, mediante culturas, isolou e 
descreveu a presença do agente no baço de soldados ingleses mortos de febre de Malta, o qual 
denominou Micrococcus melitenses (BEER, 1999; CORRÊA et al., 1992). 
 Independente, Nocard, em 1885, havia observado numerosos organismos cocóides em 
casos de obortos bovinos (CORRÊA et al., 1992). Entretanto, foram Bang e Stribolt que em 1897 
cultivaram e isolaram o agente dos abortos, mostrando ser o aborto epizoótico das vacas 
igualmente provocado por um bacilo a que deram o nome de Bacillus abortus infectiosi (CORRÊA, 
1992; FERREIRA et al., 1990). 
 Wright, em 1896, idealizou uma soro-aglutinação lenta com cultivos do agente da febre de 
Malta e soro de enfermos e, em 1905, Zammit, em Malta e sob a direção de Sir David Bruce, 
verificou que o soro de grande proporção de cabras maltesas dava reação positiva com o antígeno 
de Wright, e que seu leite continha o agente (CORRÊA et al., 1992). 
 Zammit verificou também que era possível isolar o microrganismo do sangue de pessoas 
doentes, quando tinham mais de 39°C, e de urina dos mesmos pacientes e, relativamente às 
cabras, verificou que o seu leite e, melhor ainda, o soro lácteo aglutinavam o antígeno (CORRÊA 
et al., 1992). 
 Por outro lado, Lawrence e Skelett, em princípios do século passado, haviam assinalado a 
contagiosidade do aborto das vacas, mas a demonstração deste contágio só foi feita por Frank em 
1876 e por Lehnert em 1878, e ainda por Braeuer em 1880, os quais provocaram o aborto 
introduzindo, na vagina de vacas prenhes, corrimento vaginal e invólucros fetais de animais 
abortados (FERREIRA et al., 1990). 
 Em 1909, Hutyra isolou, na Hungria, o agente do aborto epidêmico suíno (BEER, 1999). 
Alice Evans, nos EUA, em 1918, demonstrou que as bactérias isoladas por Bruce e por Bang eram 
similares e propôs o nome genérico Brucella, em homenagem ao pesquisador inglês, o qual foi 
aceito oficialmente em 1920 para esses dois agentes (CORRÊA et al., 1992) a designação das 
espécies respectivamente – B. melitensis e B. abortus. Traum em 1914, nos EUA, isolou de suínos 
um microrganismo similar aos agentes da febre de Malta e dos abortos bovinos de Bang 
(CORRÊA et al., 1992). Huddleson, em 1928, propôs a distinção de uma nova espécie – a B. suis. 
E assim, estas doenças têm a designação global de brucelose (FERREIRA et al., 1990). 
 Em 1953, Buddle e Boyes, na Austrália, isolaram de ovinos uma nova espécie que foi 
denominada B. ovis (CORRÊA et al., 1992). 
Em 1957, nos EUA, Stoenner e Lachman isolaram de um rato do deserto (Neotoma 
lepida), outra espécie que denominaram B. neotomae, que até hoje não se mostrou patogênica 
para os animais domésticos e o homem (CORRÊA et al., 1992). 
Em 1966, também nos EUA, Carmichael isolou de cães uma espécie que mostrava 
patogenicidade para cães e para o homem, denominando-a B. canis (CORRÊA et al., 1992). 
Em anos posteriores, a descoberta cada vez mais freqüente de Brucella nas espécies 
animais mais variadas, assim como o isolamento de agentes semelhantes a elas em abortos e 
outros processos patológicos, deram motivo a repetidas propostas taxonômicas e de classificação 
de brucelas e, também, à caracterização das espécies. Foi demonstrada que numerosas 
propostas não tinham base e, devido a isso, não foram reconhecidas por comissões internacionais 
especiais. Depois que o subcomitê FAO/OMS para a taxonomia das brucelas introduziu, em 1962, 
a denominação da espécie B. ovis, em 1970 o comitê de integrantes mistos FAO/OMS 
recomendou o reconhecimento das espécies B. neomatae e B. canis dentro do gênero Brucella, 
mas se pronunciou contra a espécie B. rangiferi. Entretanto, ainda falta a confirmação do 
subcomitê de taxonomia brucelar da FAO/OMS. O estágio alcançado atualmente na classificação, 
taxonomia e nomenclatura continua sendo objeto de amplas discussões em alguns países, mas 
apresenta uma base real para o combate à brucelose (BEER, 1992). 
As brucelas são hoje classificadas em: abortus, melitensis, suis, neotomae, ovis e canis 
(FERREIRA et al., 1990). 
Independentemente dos importantes avanços dos últimos decênios no terreno da 
investigação sobre a brucelose e o seu combate, esta antropozoonose continua sendo um sério 
problema econômico e de saúde pública (BEER, 1999). 
 
 
4- HISTÓRICO NO BRASIL 
 
Em 1914, Danton Seixas diagnosticou clinicamente pela primeira vez a brucelose bovina 
no Rio Grande do Sul. Três anos depois, no Ceará, Thomaz Pompeu Sobrinho observou casos 
raros de abortamento bovino, sendo mais comum em eqüinos e freqüente em ovinos, sem verificar 
um padrão de ocorrência epidêmica (BOLETIM, 1988). 
O primeiro estudo sobre brucelose bovina no Brasil foi feito por Tineciro Icibaci que, 
através de pesquisas epidemiológicas e exames microscópicos de tecidos provenientes de fetos 
abortados, descreveu um foco de brucelose bovina ocorrido no município de São Carlos, SP, em 
1922. Mello e Neiva, em 1928, isolaram B. abortus do sangue de uma vaca que havia abortado 
(PAULIN et al., 2002). 
Em 1931, Sílvio Torres verificou a existência de oito animais soropositivos para brucelose 
e 19 suspeitos em um lote de 51 bovinos importados. Como conseqüência, em 1933 Cézar Pinto 
propôs a implementação de protocolo de testes em animais importados como forma de impedir a 
disseminação da doença no país (BOLETIM, 1988). 
Em 1936, Desidério Finamor detectou a brucelose bovina pela primeira vez no Rio Grande 
do Sul pelo sorodiagnóstico e propôs plano para o seu combate (BOLETIM, 1988). Thiago de 
Mello, em 1950, relatou a disseminação da brucelose bovina por todo o país apontando para uma 
prevalência de 10 a 20%, sendo que os índices mais altos estavam nas regiões leiteiras do Rio 
Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (GARCIA-CARRILLO, 1987). 
Entre 1950 e 1974, vários estudos sorológicos foram conduzidos. Em 1975, o Ministério da 
Agricultura realizou o primeiro inquérito sorológico nacional e, desde então, apenas cinco estudos 
estaduais foram conduzidos (PAULIN et al., 2002). Giorgi et al. (1972) estudaram cepas de B. 
abortus isoladas no Estado de São Paulo e caracterizaram sete como pertencentes ao biovar 1 e 
nove ao biovar 2. 
Também Langenegger et al. (1975), no Estado do Rio de Janeiro, caracterizaram quatro 
cepas como pertencentes ao biovar 1 e seis ao biovar 3.5- INICIATIVAS BRASILEIRAS NO COMBATE À 
BRUCELOSE BOVINA 
 
Em 1944, cria-se o Decreto de Lei n.º 6922 que estabelece a identificação de bovinos 
vacinados. Outros decretos foram criados sem constituir avanços importantes na prevenção ou no 
controle da brucelose (GARCIA-CARRÍLLO, 1987). 
Em 1954, Mário D’Apice propôs quatro planos de combate para a brucelose bovina 
baseados no programa americano: 
- Plano A: sorodiagnóstico, sacrifício dos reatores e repetição do teste em 30 dias nos não 
reatores; 
- Plano B: vacinação de bezerras e separação do rebanho em reatores e não reatores, 
sem sacrifício dos reatores; 
- Plano C: vacinação de bezerras com idade entre seis a oito meses; 
- Plano D: vacinação de adultos, se necessário. 
Em 1958, Vinha propôs uma campanha nacional de combate à brucelose bovina também 
baseada no modelo dos EUA, recomendando a formação de comissões estaduais e municipais 
integradas com representantes de organizações agropecuárias, empresários rurais, comerciantes 
de carne e leite, associações médicas, Secretarias de Saúde Pública e meios de comunicação em 
massa (PAULIN et al., 2002). 
No mesmo ano, a Resolução nº 438 trouxe o Regulamento de Importação e Exportação de 
Animais. Os animais importados para reprodução deveriam vir acompanhados de certificados 
negativos ao soro diagnóstico, as provas deveriam ser repetidas na fronteira e os reatores 
sacrificados sem ressarcimento ao proprietário. Outro regulamento foi o de Controle de Trânsito 
Interno de Animais, que permitia o movimento dos positivos somente para o matadouro e animais 
que fossem apresentar-se em exposições deveriam ser livres da doença (GARCIA-CARRILLO, 
1987). 
Em 1965, o Ministério da Agricultura elaborou outro plano de controle baseado na 
vacinação de bezerras, que não foi colocado em prática (GARCIA-CARRILLO, 1987). 
Em 1976, criou-se a Portaria nº 23 contendo medidas regulamentadas para a profilaxia da 
brucelose animal, prevendo a notificação de focos, a eliminação dos positivos e a vacinação de 
fêmeas entre três a oito meses de idade. As normas contidas nesse documento estão em vigência 
até hoje, mas não institui a obrigatoriedade no combate à doença (BRASIL, 1976). 
Em janeiro de 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), 
verificando a ineficácia das medidas até então adotadas, lançou o Programa Nacional de Controle 
e Erradicação da Brucelose e Tuberculose - PNCEBT (PAULIN et al., 2002). 
6- SITUAÇÃO NO BRASIL 
 
 No Brasil, estudos mostram que a brucelose bovina parece estar disseminada por todo o 
território, com maior ou menor prevalência dependendo da região estudada. Em 1975, foram 
verificadas as seguintes prevalências em animais, por regiões: Sul, 4%; Sudeste, 7,5%; Centro-
Oeste, 6,8%; Nordeste, 2,5% e Norte, 4,1% (BRASIL, 2005). 
 Posteriormente, alguns Estados realizaram estudos sorológicos por amostragem, os quais 
não evidenciaram grandes alterações em relação aos índices nacionais verificados em 1975. No 
Rio Grande do Sul, a prevalência decresceu de 2%, em 1975, para 0,3%, em 1986. Em Santa 
Catarina, passou de 0,2%, em 1975, para 0,6%, em 1996. No Mato Grosso do Sul, a prevalência 
estimada em 1998 foi de 6,3%, semelhante à de 1975 no antigo Estado do Mato Grosso. Em 
Minas Gerais, passou de 7,6%, em 1975, para 6,7%, em 1980. No Paraná, a prevalência estimada 
em 1975 foi de 9,6%, passando para 4,6% em 1989. Os dados oficiais, publicados no Boletim de 
Defesa Sanitária Animal, mostram que a prevalência de animais positivos no Brasil se manteve 
entre 4% e 5% no período entre 1988 e 1998 (BRASIL, 2005). 
 Apesar dos poucos estudos realizados visando à identificação das biovariedades de 
Brucella isoladas de bovídeos no Brasil, já foram identificadas B. abortus biovar 1, 2 e 3 e B. suis 
biovar 1. Além dessas espécies, de igual modo já foram identificadas B. canis e B. ovis infectando 
animais domésticos. Até o presente momento, B. melitensis, o principal agente etiológico da 
brucelose caprina, não foi identificada no Brasil (BRASIL, 2005). 
 
 
7- PERDAS ECONÔMICAS 
 
 Do ponto de vista econômico, a brucelose bovina parece ser a que assume maior 
importância (REIS, 1977). Nos bovinos e bubalinos, a brucelose acomete, de modo especial, o 
trato reprodutivo, gerando perdas diretas devido, principalmente a abortos, baixos índices 
reprodutivos, aumento do intervalo entre partos, diminuição da produção de leite, morte de 
bezerros e interrupção de linhagens genéticas. As propriedades onde a doença está presente, o 
valor comercial de seus animais ficam depreciado; as regiões onde a doença é endêmica 
encontra-se em posição desvantajosa na disputa de novos mercados (BRASIL, 2005). 
 Estimativas mostram ser a brucelose responsável pela diminuição de 25% na produção de 
leite e de carne e pela redução de 15% na produção de bezerros. Mostram ainda que, em cada 
cinco vacas infectadas, uma aborta ou torna-se permanentemente estéril (BRASIL, 2005). 
 Dentro das perdas indiretas, deve-se salientar as que resultam em infecções humanas. Na 
maioria das vezes, quando a enfermidade não é tratada na fase adulta, o curso crônico da doença 
no homem produz perdas econômicas de vulto. Essas perdas estão relacionadas com os custos 
do diagnóstico e tratamento, muitas vezes requerendo internações prolongadas. Além disso, não 
deve ser esquecido o custo do período decorrente da ausência ao trabalho (BRASIL, 2005). 
 No Brasil, não existem estudos concretos sobre os prejuízos econômicos ocasionados 
pela brucelose bovina ou bubalina. Nos Estados Unidos, estimou-se, em 1983, que as perdas por 
brucelose bovina foram da ordem de 32 milhões de dólares, apesar de o programa americano ter-
se iniciado há mais de 40 anos (BRASIL, 2005). 
 
 
8- SINONÍMIA 
 
Aborto epidêmico, Aborto endêmico, Febre ondulante (BEER, 1999). Febre de Malta 
(CORRÊA et al., 1992; FERREIRA, 1964; BAILEY, 1987). Doença de Bang (AIELLO, 2001; 
AIELLO, 1997; DOMINGUES et al., 2001; FERREIRA, 1964; BAILEY, 1987). Febre Mediterrânea 
e Aborto epizoótico (FERREIRA, 1964). Aborto contagioso (AIELLO, 2001; AIELLO, 1997; 
BAILEY, 1987) e Febre da brucelose (BAILEY, 1987). 
 
 
9- ETIOLOGIA 
 
 Brucelose é uma doença bacteriana infecciosa causada por membros do gênero Brucella 
(HIRSH et al., 2003). Dentro desse gênero são descritas seis espécies independentes, cada um 
com seu hospedeiro preferencial: B. abortus (bovinos e bubalinos), B. melitensis (caprinos e 
ovinos), B. suis (suínos), B. ovis (ovinos), B. canis (cães) e B. neotomae (rato do deserto) 
(BRASIL, 2005), mas raramente limita a infecção somente a uma espécie de hospedeiro 
(REBHUN, 2000). No Reino Unido foi isolado a partir de mamíferos marinhos um grupo de brucela 
distinto das espécies conhecidas, as quais foram referidas provisoriamente como B. maris 
(CORBEL, 1997). 
De acordo com Metcalf et al. (1994), as Brucellas podem ser divididas em dois grupos 
antigenicamente distintos: as lisas (B. abortus, B. melitensis, B. suis e B. neotomae) e as rugosas 
(B. bovis e B. canis). E segundo Hirsh et al. (2003), em geral, cepas lisas de Brucella são mais 
virulentas que as rugosas. Esses dois grupos são determinados pela presença ou ausência, 
respectivamente, da cadeia lateral de polissacarídeo no lipopolissacarídeo. 
As três principais espécies, também denominadas clássicas, são subdivididas em 
biovariedades ou biovares: B. abortus – 7 biovares; B. melitensis – 3 biovares; B. suis – 5 biovares 
(BRASIL, 2005). 
 Trata-se de bacilos curtos ou em forma de cocos (BEER, 1999), podendo apresentar-se 
ovóides ou alongados (FERREIRA et al., 1990) e são parasitos intracelulares facultativos 
(BRASIL, 2005), com medidas de 0,5 – 0,7 x 0,6 – 1,55 µm, que são dispostos isoladamente e, 
raramente, em cadeias curtas, são imóveis, gram-negativos e não apresentam coloração bipolar 
(BEER, 1999). São aeróbias ou microaerófilas (CORRÊAet al., 1992). Às vezes apresentam-se 
como diplococos e, em meios de cultura, observam-se formas de involução (FERREIRA et al., 
1990). 
 Não são produzidos cápsulas, flagelos ou esporos, porém um envoltório externo foi 
demonstrado por microscopia eletrônica em alguns dos gêneros (HIRSH et al., 2003). 
 As colônias após 3 – 5 dias atingem 1 – 2 mm e são cinza-brancas, translúcidas ou de cor 
amarela-caramelo (CORRÊA et al., 1992). Mas segundo Hirsh et al. (2003), as colônias não são 
observadas antes de 3 a 5 dias de incubação e a maioria das colônias são detectadas em 10 a 14 
dias, mais em alguns casos é necessário incubação por até 21 dias. As colônias de Brucella 
possuem coloração azulada característica quando examinadas sob luz transmitida obliquamente. 
 O crescimento é melhor em ambiente aeróbio a 37°C, porém ocorre entre 20°C e 40°C e o 
pH ideal está entre 6,6 e 7,4 (HIRSH et al., 2003). 
 Apesar das exigências de crescimento complexo in vitro, a bactéria pode resistir em 
determinados produtos animais e no ambiente por períodos prolongados sob circunstâncias 
favoráveis. Em geral o organismo gosta de umidade e temperaturas frescas, mas se ressente da 
luz solar, ressecamento e calor (REBHUN, 2000). 
 
 
10- ISOLAMENTO 
 
 Para o isolamento de B. abortus, geralmente necessita da adição de, aproximadamente, 
5% de CO2, em especial ao isolá-la pela primeira vez; forma H2S em pequenas quantidades, 
apesar de existirem estirpes negativas. Cresce, na maioria das vezes, em presença de fucsina 
básica e é inibida frente à tionina. Geralmente, predomina o antígeno A. As culturas em fase S ou 
intermediários – S são lisadas pelos fagos de referência Tiflis na diluição do exame de rotina (RTD 
= “Routine Test Dilution”). A estirpe de referência é B. abortus 544 (BEER, 1999). 
 
 
11- RESISTÊNCIA 
 
 As bactérias do gênero Brucella, apesar de permanecerem no ambiente, não se 
multiplicam nele; elas são medianamente sensíveis aos fatores ambientais. Entretanto, a 
resistência diminui quando aumentam a temperatura e a luz solar direta ou diminui a umidade 
(BRASIL, 2005). São bastante sensíveis aos desinfetantes comuns (CORRÊA et al., 1992; Hirsh et 
al., 2003) e à dessecação; em cadáveres, ou tecidos contaminados enterrados, podem resistir 
vivas por um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou regiões quentes 
(CORRÊA et al, 1992). A pasteurização é um método eficiente de destruição de Brucella sp 
(BRASIL, 2005; CORRÊA et al., 1992; HIRSH et al., 2003), assim como as radiações ionizantes 
(BRASIL, 2005) e a simples fervura (CORRÊA et al., 1992). 
 Essas bactérias sobrevivem a congelamento e descongelamento e, sob condições 
ambientais propícias, sobrevive por até quatro meses em leite, urina, água e solo úmido (HIRSH et 
al., 2003). 
 A sobrevivência da Brucella sp em esterco líquido é inversamente proporcional à 
temperatura dele, pois pode sobreviver nesse material por oito meses a 15°C, enquanto que só 
resiste por quatro horas se a temperatura do material for de 45°- 50°C (BRASIL, 2005). 
 
 
12- TRANSMISSÃO 
 
 As brucelas entram no organismo hospedeiro pela mucosa do trato digestivo, genital ou 
nasal, conjuntiva ocular ou por soluções de continuidade da pele (BISHOP et al., 1994; BRASIL, 
2005). A principal porta de entrada para os bovinos é a mucosa orofaringeana (BISHOP et al., 
1994). 
O sexo, a estação do ano e o clima não têm influencia na apresentação da doença, mas a 
idade sim, pois as Brucellas são muito mais infectantes para animais púberes, ainda que possam 
ocorrer em impúberes (CORRÊA et al., 1992). 
As Brucellas são disseminadas por contato direto ou indireto com animais infectados. A 
principal fonte de infecção é a vaca prenhe (BRASIL, 2005) através de fetos abortados, a placenta 
e líquido uterinos após aborto (HIRSH et al., 2003), como também a água, alimentos e fômites 
contaminados pelo aborto, placenta, secundinas e lóquios (CARMICHAEL, 1966; CARMICHAEL, 
1968). 
O touro tem o seu papel, quer inoculando as brucelas que alberga nas suas vias genitais, 
quer transportando-as mecanicamente no pênis, de uma vaca para outra, porque as brucelas 
conservam-se muito tempo em latência nos órgãos genitais (FERREIRA et al., 1990). 
Infecções das glândulas sexuais acessórias de machos permitem disseminação da 
bactéria por meio do sêmen (HIRSH et al., 2003), seja de modo natural ou artificial (BAILEY, 
1987). Em contra partida o BRASIL (2005) cita que, a monta natural não tem grande importância 
para a transmissão da doença, já que o sêmen é depositado na vagina onde há defesas 
inespecíficas que dificultam o processo de infecção. Entretanto, um touro infectado não pode ser 
utilizado como doador de sêmen na inseminação artificial, porque este é introduzido diretamente 
no útero, permitindo infecção da fêmea com pequenas quantidades do agente. 
Ingestão de leite pelo bezerro é outra fonte de infecção, como também a transferência 
direta da brucela por via uterina (HIRSH et al., 2003). Insetos podem desempenhar um papel 
secundário na transmissão e manutenção da infecção no rebanho, pois foi demonstrado que 
moscas – do – chifre transportam e excretam Brucella nas fezes (HIRSH et al., 2003). Outro meio 
de transmissão são as mãos do ordenhador que podem transportar Brucellas e depositá-las à 
superfície das erosões dos tetos (FERREIRA et al., 1990). 
 A transferência de embriões (realizada segundo os protocolos internacionalmente 
preconizados de lavagem e tratamento para a redução da transmissão de agentes infecciosos) 
não apresenta risco de transmissão de brucelose entre doadoras infectadas e receptoras livre da 
doença (BRASIL, 2005). 
 Pensa-se que também os artrópodes hematófagos sejam agentes transmissores e que as 
carraças façam a transmissão por picada e pelas secreções das glândulas coxais (FERREIRA et 
al., 1990). 
 A principal forma de entrada da brucelose em uma propriedade é a introdução de animais 
infectados, devendo-se evitar quando a condição sanitária é desconhecida (BRASIL, 2005). 
 
 
13- PATOGENIA 
 
 Após sua entrada no organismo, as Brucellas são fagocitadas principalmente pelos 
macrófagos e carreados até os linfonodos regionais, onde se multiplicam e podem permanecer por 
semanas a meses (BATHKE, 1988; BISHOP et al., 1994). Após multiplicação inicial, ganham a 
corrente sanguínea por meio do duto torácico, dentro dos macrófagos ou livres no plasma. Vários 
períodos de bacteremia podem ocorrer. A partir da circulação, difundem-se para os tecidos do 
hospedeiro, colonizando principalmente órgãos ricos em células do sistema mononuclear 
fagocitário, quais sejam, baço, fígado e linfonodos (principalmente os supra mamários), onde 
podem acarretar alterações inflamatórias e anátomo-patológicas caracterizadas por granulomas 
difusos levando à esplenomegalia, hepatomegalia e, às vezes, hiperplasia linfóide (BISHOP et al., 
1994). 
 Os órgãos de predileção são aqueles em que há maior disponibilidade de elementos 
necessários para seu metabolismo, como eritritol (álcool polihídrico de quatro carbonos), que está 
presente no útero gravídico, tecidos mamários e ósteos articulares e órgãos do sistema reprodutor 
masculino (CARTER, 1991). A partir do quinto mês de gestação, a concentração de eritritol eleva-
se atingindo níveis máximos próximo ao parto, estimulando a multiplicação da bactéria de forma 
crescente (BISHOP et al., 1994). 
Na fêmea, a infecção deixa de ser latente geralmente no terço final da gestação, quando o 
tecido córion-alantoideano está bem desenvolvido e há disponibilidade dos metabólitos. Neste 
período, a multiplicação da Brucella é intensa e as endotoxinas liberadas após sua destruição 
(CARTER, 1991) geram lesões na placenta, principalmente, no tecido córion-alantoideano, 
levando a processo inflamatório dos tecidos e órgãos,causando placentite necrótica dos 
cotilédones, resultando no seu descolamentopela lise das suas vilosidades (GRASSO et 
al.,2000). Essas lesões comprometem a circulação materno-fetal, prejudicando sua respiração e 
alimentação, podendo levá-lo à morte. Nos casos agudos da doença, quanto maior a necrose, 
maior a chance de ocorrer abortamento, único sintoma aparente na maioria das infecções 
brucélicas (BATHKE, 1988). Por outro lado quanto menos intensa a necrose, maior será a 
deposição de fibrina e mais tardio o abortamento. Nesse caso, pode ocorrer a retenção de 
placenta, ou a gestação vir a termo, porém gerando produtos fracos que poderão morrer em 
alguns dias (TIMONEY, 1988). 
 
 
14- RESERVATORIOS GEOGRÁFICOS E ZOOLÓGICOS 
 
 Como parasitas obrigatórios, a Brucella exige um reservatório animal. A preferência pelo 
hospedeiro é demonstrada pelas diferentes espécies de Brucella, porém alta variedade de 
hospedeiro foi demonstrada por algumas espécies (HIRSH et al., 2003). 
 Bovinos são os hospedeiros preferenciais de B. abortus, mas outros animais, incluindo 
bisões, camelos, iaques (HIRSH et al., 2003), como também eqüídeos, suínos, ovinos, caprinos, 
bubalinos e cães são comumente infectados (BATHKE et al., 1988; CARTER, 1991). Os diferentes 
biovares de B. abortus possuem distribuições geográficas distintas. Os biovares 1 e 2 tem 
distribuição mundial, enquanto o biovar 3 é encontrado predominantemente na Índia, no Egito e na 
África. O biovar 5 é encontrado mais comumente na Alemanha e no Reino Unido (HIRSH et al., 
2003). 
 A enfermidade foi relatada em bisões, alces, cervos, coiotes, gambá e guaxinins 
selvagens, alces americanos, camelos e outros ruminantes domésticos e selvagens, mais não há 
evidências diretas de que essas espécies sejam fontes de infecção para os bovinos. A inoculação 
experimental do microorganismo no texugo resultou no desenvolvimento de anticorpos e na 
eliminação do agente, indicando que esta espécie animal é relativamente resistente a infecção, 
sendo improvável que seja um reservatório para o microorganismo (BLOOD et al., 1991). 
O bisão e o alce são reservatórios em potencial para a brucelose e, como são espécies de 
escolha para jogos de fazenda, os quais se desenvolveram recentemente na América do Norte e 
em outros locais, poderiam servir como fonte de infecção para os bovinos. Um levantamento 
sorológico em eqüinos por um período de oito anos revelou que 8 a 16% das amostras séricas 
foram positivas. Entretanto, os eqüinos infectados experimentalmente não eliminam o 
microorganismo em número suficiente para infectar bovinos suscetíveis com os quais estão em 
contato direto (BLOOD et al., 1991). 
Embora os cães de fazenda não sejam, de um modo geral, considerados como o principal 
reservatório de B. abortus, o microorganismo é isolado destes animais que vivem em fazendas 
onde vários bovinos são sorologicamente positivos para brucelose e estes cães devem ser 
incluídos em qualquer pesquisa e planejamento visando a erradicação da doença (BLOOD et al., 
1991). 
 
 15- SINAIS CLÍNICOS 
 
 Nos bovinos, a doença evolui sem sintomas nítidos, pois nela é bem maior o número de 
infectados do que o de doentes. Rinjard (1933) distingue a brucelose em três fases: 1°) Fase 
latente – na qual nem mesmo o laboratório pode revelar a infecção, e que é sobretudo freqüente 
em animais filhos de mães infectadas; 2°) Fase oculta – sem sintomas clínicos mas já mostrando 
aglutininas e sensibilidade alérgica; 3°) Fase de localização – na qual aparecem os sinais clínicos 
(FERREIRA et al., 1990). 
Os achados clínicos dependem muito do estado de imunidade do rebanho (BLOOD et al., 
1991). Em um rebanho de vacas prenhes, não-vacinadas e altamente suscetíveis, a característica 
principal da doença é o aborto após o quinto mês de gestação (BLOOD et al, 1991; BEER, 1999; 
BRASIL, 2005). 
Após a infecção, o aborto quase sempre acontece na primeira gestação, mas, em 
decorrência do desenvolvimento da imunidade celular, é pouco freqüente na segunda gestação 
após a infecção e muito raro nas subseqüentes (BRASIL, 2005; HIRSH, 2003). Vacas infectadas 
podem conceber e levar o bezerro a termo integral, porém, são natimortos ou nascem fracos e 
permanecem geralmente portadores e disseminadores do agente que afetam as novilhas que 
estão em desenvolvimento e causam a perda de seus primeiros bezerros (BAILEY, 1987). 
 A retenção de placenta e a metrite são as seqüelas comuns do aborto (BRASIL, 2005; 
BLOOD et al., 1991; HIRSH, 2003; BAILEY, 1987). 
 As infecções mistas costumam ser causa de metrites que podem ser agudas, com 
septicemia seguida de morte, ou crônicas, levando à esterilidade (BLOOD et al., 1991). Segundo 
Ferreira et al (1990), pode ocorrer casos de ninfomania. Bailey (1987) cita outros sintomas como 
produção baixa de leite, condições corporais insuficientes e uma resistência baixa evidente contra 
outras doenças. 
Nos touros, a orquite e a epididimite ocorrem ocasionalmente. Um ou ambos os sacos 
escrotais podem ser acometidos por intumescimento agudo e doloroso e aumentam para o dobro 
do seu tamanho normal, embora os testículos possam não apresentar aumento de volume 
macroscópico (BLOOD et al., 1991; OMS, 1986). A inchação persiste por um período considerável 
e o testículo sofre necrose por liquefação, sendo por fim destruído. As vesículas seminais podem 
ser afetadas e seu aumento sentido à palpação retal. Os touros acometidos em geral ficam 
estéreis quando a orquite for aguda, mas podem recuperar a fertilidade normal se um dos 
testículos não for lesado (BLOOD et al., 1991). Como seqüela pode haver atrofia do órgão afetado 
(OMS, 1986). 
No aparelho locomotor causa infecções articulares levando a bursites, principalmente nas 
articulações carpianas e tarcianas e espondilites, especialmente nas vértebras torácicas e 
lombares, podendo também atingir medula óssea e bainha dos tendões (BATHKE, 1988; OMS, 
1986). 
Os inchaços nos joelhos e jarretes, conhecidos como higromas, às vezes apresentam 
evidência de brucelose (BAILEY, 1987; BLOOD et al., 1991). Também podem ocorrer osteoartrites 
e tenosinovites (TYMONEY et al., 1988). 
 
 
16- DIAGNÓSTICO 
 
 A evolução lenta e assintomática isolada no princípio da doença no animal exige um 
diagnóstico moderado e seguro como condição prévia importante para a tomada de medidas de 
erradicação e saneamento definitivas (BEER, 1999). 
 Não é estranho, portanto, que seja dado ao diagnóstico de brucelose, uma importância 
primordial nos países afetados. À parte de experiências amplas, com utilização de vários métodos 
e meios diagnósticos, não existe, na prática, nenhum procedimento que cumpra todas as 
condições exigíveis e que, ao mesmo tempo, seja fácil de realizar e aplicar. Todos os métodos 
conhecidos até o momento dão resultados bons ou aceitáveis durante determinados períodos da 
doença. Por isso, a descoberta precoce de todos os animais infectados de uma criação, somente 
pode ser alcançada com a utilização de um conjunto de distintos meios e procedimentos 
diagnósticos, sobretudo nos surtos iniciais. Por outro lado, é fácil de compreender que, com a 
progressividade crescente das criações, cada vez mais deixa de ser diagnosticado um número de 
animais progressivamente maior, isto é, aumenta a possibilidade de aparecimento de falsos-
negativos (BEER, 1999). 
 Qualquer dos testes sorológicos comumente disponíveis, ou combinação de testes mede 
a resposta de um único animal em um determinado tempo e não descreve o estado do rebanho. 
Quando os testes são usados em uma seqüência recomendada, e em combinação, com uma 
consideração de dados epidemiológicos acurados, a limitação de cada teste pode ser minimizada. 
Nenhum dos testes é absolutamente preciso e há graus variáveis de sensibilidade. O resultado é 
que foram desenvolvidos muitos tipos de testes, cada um deles com uma aplicação especial. Não 
é possível fornecer aqui todos os detalhes(BLOOD et al, 1991). 
 O principalobjetivo no diagnóstico laboratorial da brucelose é de identificar os animais que 
estão infectados e os que abrigam o microorganismo e disseminam a enfermidade. Muitos dos 
animais infectados são identificados quando se utiliza o teste sorológico padronizado, mas a 
infecção ocorre em alguns animais sorologicamente negativos. Além do mais, os vacinados 
podem ser sorologicamente positivos sem estar infectados e em uma pequena percentagem deles 
ocorrem títulos transitórios, para o que não há uma explicação clara. Estes problemas com o 
diagnóstico dificultam a adoção de um programa de erradicação, bem como a explicação aos 
proprietários (BLOOD et al., 1991). 
 
 
 16.1- Diagnóstico clínico 
 
A suspeita está baseada fundamentalmente nos sinais clínicos. Entretanto, o diagnóstico 
sempre será sorológico ou bacteriológico, porque há numerosas causas de aborto e os sinais de 
brucelose são similares em outras enfermidades animais (CORRÊA, 1992). 
 
16.2- Diagnóstico Laboratorial 
 
O diagnóstico da brucelose pode ser feito pela identificação do agente por meios diretos 
(bacteriológico) ou pela detecção de anticorpos contra a Brucella abortus por métodos indiretos 
(sorológico) (BRASIL, 2005). 
A quantidade de testes indiretos disponíveis para o diagnóstico de brucelose é bastante 
ampla; cada país, segundo suas disponibilidades e suas características, deve escolher aqueles 
que melhor se adaptem a sua estratégia. Em geral, os testes sorológicos são classificados 
segundo o antígeno utilizado na reação. Nos testes de aglutinação (lenta, com antígeno 
acidificado, do anel em leite, de Coombs), de fixação de complemento ou imunofluorescência 
indireta, o antígeno é representado por células inteiras de Brucella abortus. Nos testes de 
imunodifusão em gel (dupla ou radial), ELISA (indireto e competitivo), hemólise indireta e western 
blotting, o antígeno é representado pelo lipopolissacarídeo da parede celular da Brucella abortus 
semipurificado (BRASIL, 2005). 
As escolhas dos métodos sorológicas precisam levar em consideração o custo, o tamanho 
e as características da população sob vigilância, a situação epidemiológica da doença, a 
sensibilidade e a especificidade dos testes e a utilização de vacinas (BRASIL, 2005). 
No Brasil o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose 
(PNCEBT) definiu como oficiais os seguintes testes: antígeno acidificado tamponado (AAT), anel 
em leite (TAL), 2-Mercaptoetanol (2-ME) e fixação de complemento (FC). Os dois primeiros como 
testes de triagem e os dois últimos como confirmatórios (BRASIL, 2005). Além destes testes 
oficiais podemos citar ainda a prova de lactosoroaglutinação, prova mucoaglutinação com muco 
vaginouterino, prova sêmen aglutinação, aglutinação do plasma seminal, fixação em superfície de 
Castañeda, prova com soro inativado pelo calor e prova com tratamento pelo rivanol (CORRÊA et 
al., 1992). 
Convém salientar que manipular materiais infectados ou potencialmente infectados, com a 
Brucella sp. é perigoso, exigindo cuidados especiais, uma vez que sua manipulação é uma das 
importantes formas de transmissão da brucelose ao ser humano (BRASIL, 2005). 
Para colheita de material é necessário o uso de equipamentos de proteção individual. É 
imprescindível que todo o material a ser colhido seja devidamente identificado e acondicionado, 
devendo ser conduzido ao laboratório acompanhado de uma ficha completa contendo o histórico 
do caso e o maior número possível de informações referentes a ele (BRASIL, 2005). 
O material mais adequado a ser colhido e enviado ao laboratório para o diagnóstico é o 
seguinte: sangue, sangue oxalato para culturas, leite, exsudato uterino (após o parto ou aborto), 
líquidos de abcessos testiculares e epididimários, sêmen e o feto abortado, e/ou impressões em 
lâminas das porções lesadas da placenta (SANTOS et al., 1983). 
 
12.2.1.- Diagnóstico laboratorial indireto 
 
 12.2.1.1- TESTES DE TRIAGEM 
 
Teste de soroaglutinação com AAT - Antígeno Acidificado Tamponado (Teste de 
soroaglutinação rápida, Teste do rosa de Bengala, Teste de overkill). 
 
É simples, rápido, evidencia precisamente a infecção (BLOOD, 1991), tem uma boa 
sensibilidade (OMS, 1986) e pode ser utilizado inicialmente como teste de triagem. O uso desse 
teste varia entre 1 a 3%, dependendo do nível de infecção e da história de vacinação do rebanho 
(BLOOD et al., 1991). Foi desenvolvida a partir da observação de que a IgG 1 bovina é menos 
ativa em pH 7, mudando de comportamento com a acidificação do meio (OMS,1986). A maioria 
dos soros de animais bacteriologicamente positivos apresenta reação a esta prova. É uma prova 
qualitativa, pois não indica o título de anticorpos do soro testado (BRASIL, 2005) e é considerada 
a melhor alternativa para o diagnóstico massal de rebanhos (OIS, 2002). Todavia, o teste do rosa 
de Bengala é excelente para uma triagem em larga escala no exame de soros (BLOOD, 1991). 
Nas provas clássicas de aglutinação, reagem tanto anticorpos IgM como IgG, já neste 
teste a leitura revela somente a presença ou a ausência de IgG 1. É preparado com o antígeno na 
concentração de 8% tamponado em pH ácido (3,75) (BRASIL, 2005), porque aumenta o poder de 
aglutinação da IgG 1 e reduz a reatividade da IgM (WRIGHT & NIELSEN, 1990) e é corado com 
rosa de Bengala (BRASIL, 2005). Como se trata de um processo físico, é provável que nem todas 
a IgM tenham sua reatividade reduzida (PAULIN, 2003). Allan et al. (1976) concluíram que o teste 
também detecta IgM. Vale lembrar que a não detecção da IgM em fases iniciais da infecção não é 
tão importante porque, embora a IgM seja o primeiro anticorpo produzido, as IgGs aparecem logo 
depois (WRIGHT & NIELSEN, 1990). 
Nicoletti et al. (1969) demonstraram que a AAT detectou 95% de animais positivos ao 
cultivo. As reações falso-positivas são devidas à atividade residual do anticorpo, provocada pela 
vacinação, aos anticorpos do colostro dos bezerros, à reação cruzada com uma certa bactéria e a 
erro laboratorial e são observadas durante a incubação precoce da doença e imediatamente após 
o aborto (BLOOD, 1991). É importante que toda reação positiva nesse teste seja confirmada por 
testes de maior especificidade para se evitar o sacrifício de animais não infectados (BRASIL, 
2005). 
 A coleta de sangue para obtenção de soro com o qual se realizarão os testes para o 
diagnostico da brucelose, além de ser mais simples, oferece menos risco de contágio ao 
profissional, se comparada com a colheita de material para o exame bacteriológico (BRASIL, 
2005) 
 Segundo Brasil (2005), o material de preferência usado para colher à amostra deve ser 
constituído de tubos que contém vácuo (sem anticoagulante) e siliconizados, que facilitam a 
retração do coágulo, com agulhas individuais e descartáveis. 
 As tarefas da colheita exigem o comprimento de algumas normas que podem ser assim 
resumidas: 
• A amostra de sangue colhida deve cobrir no mínimo 50% da capacidade de um 
tubo de 10 ml; 
• Para se obter um bom soro, os tubos com sangue devem ser mantidas á 
temperatura ambiente no mínimo, 2 ou 3 horas, ao abrigo da luz, até que ocorra a 
coagulação sanguínea. Após a separação do coágulo, transferir o soro para um 
frasco limpo e seco. Não usar frascos ou tubos úmidos, porque podem hemolisar o 
sangue; 
• Os frascos contendo o soro deverão ser enviados o quanto antes ao laboratório e 
em horas de recepção previamente estabelecida; evita-se assim, a deterioração 
do material. Caso sejam enviados ao laboratório em algumas horas, deverão ser 
refrigerados, ou congelados; 
• Os tubos serão identificados de tal forma que o número corresponda ao 
especificado na folha de campo; 
• Nas folhas de campo constarão somente os dados estritamente necessários, tais 
como nome do proprietário, número de animais na propriedade, número total de 
amostras colhidas, espécie, sexo, situaçãorelativa à vacinação (data da 
vacinação), e outros dados considerados de interesse diagnóstico. 
 
Teste do anel do leite 
 
 É um método satisfatório e barato para a vigilância de brucelose em bovinos de leite 
(BLOOD et al., 1991; BAILEY, 1987). Revela anticorpos preferencialmente da classe IgA, 
presentes no leite e aderidos às moléculas de gordura pela sua fração Fc. Geralmente é utilizada 
em amostras compostas em média por leite de quinze animais e deve ser realizada de três a 
quatro vezes ao ano, com a finalidade de triar rebanhos infectados a partir das plataformas de 
usinas de beneficiamento de leite (OMS, 1986). A prova é prática, rápida, barata e de alta 
sensibilidade. Tem grande valor em investigações epidemiológicas como teste presuntivo para 
identificação de rebanhos potencialmente infectados em áreas problema. Também é empregada 
na vigilância epidemiológica para controlar sistematicamente áreas livres (CASAS – 
OLASCOAGA, 1976). 
 Foi idealizado para ser aplicado em mistura de leite de vários animais, uma vez que baixa 
concentração celular de antígeno (4%) torna bastante sensível. Emprega-se mais comumente 
antígenos corados com hematoxilina, que dá a cor azul característica a reação positivo. Se 
existirem anticorpos no leite, eles se combinam com a B. abortus do antígeno, formando uma 
malha de complexo antígeno-anticorpo que, por sua vez, é arrastada pelos glóbulos de gordura, 
fazendo com que se forme um anel azulado na camada de creme de leite (reação positiva). Não 
havendo anticorpos presentes, o anel de creme terá a coloração branca, e a coluna de leite 
permanecerá azulada (reação negativa). Tal prova tem limitações, pois poderá apresentar 
resultados falso-positivos em presença de leites ácidos, ou provenientes de animais portadores de 
mamite ou, ainda, de animais em início de lactação (colostro) (BRASIL, 2005). Blood et al. (1991) 
citam também que uma das limitações do teste é o fato da diluição que ocorre em grandes 
rebanhos leiteiros, onde quantidades muito grande de leite são estocadas em tanques. 
 A determinação final do estado de um rebanho suspeito e de cada animal pertencente ao 
mesmo é estabelecida pelos testes no sangue. Quanto maior for a freqüência de testes de um 
rebanho com a técnica do anel do leite, mais eficiente o teste se torna para detectar infecções 
precoces e, assim, prevenir surtos séricos em rebanhos suscetíveis (BLOOD et al., 1991). 
 
 12.2.1.2- TESTES CONFIRMATÓRIOS 
 
Teste do 2-Mercaptoetanol (2-ME) 
 
 É uma prova quantitativa seletiva que detecta principalmente a presença da IgG no soro, 
que é a imunoglobulina indicativa da infecção crônica. Deve ser executada sempre em paralelo 
com a prova lenta em tubos (BRASIL, 2005). Tem sua especificidade aumentada pela inibição da 
atividade aglutinante da IgM mediante processo químico, que consiste no tratamento do soro com 
a droga 2-ME (FERRI et al., 1977; TIMONEY et al., 1988). 
 Baseia-se no fato dos anticorpos da classe IgG, com configuração pentamérica, 
degradarem-se em subunidades pela ação de compostos que contenha radicais tiol (BRASIL, 
2005), por redução branda das pontes dissulfídicas desestabilizando o polímero ao degradá-lo em 
subunidades que conservam suas características de antigenicidade, mas deixam de compor o 
anticorpo plurivalente (IgM) e não passam a se comportar como anticorpos univalentes. Ainda que 
as subunidades estejam integradas por suas cadeias pesadas e leves, ao combinarem-se com o 
antígeno não originam complexo suficientemente grandes para provocarem o fenômeno da 
aglutinação, provavelmente devido a algum impedimento estérico em conseqüência de sua 
conformação espacial (FERRI et al., 1977). 
A utilização do 2-ME impede a ocorrência da maioria das reações inespecíficas (CASAS-
OLASCOAGA, 1976). Wright & Nielsen (1990), relataram que tratamento com mercaptoetanol 
promove uma maior reatividade da IgG 1, ao passo que a reatividade da IgG 2 diminuirá. Assim, 
embora o 2-ME detecte tanto IgG 1 como IgG 2, o tratamento com o 2-ME provoca aumento na 
sensibilidade do teste pela promoção da reatividade da IgG 1, aumentando a tendência em 
detectá-la, enquanto que a reatividade da IgG 2 será reduzida (NIELSEN & DUNCAN, 1990; 
WRIGHT & NIELSEN, 1990). 
Provavelmente o fenômeno ocorra devido ao pH ácido da droga (BADEN, 2002). A mistura 
de soro em diversas diluições a 1ml de antígeno diluído a 2%, com 1ml de 2-ME a uma 
concentração de 0,714%, converte o meio de neutro para ácido (ALTON, 1975). 
A interpretação dos resultados é dada pela diferença entre os títulos dos soros sem 
tratamento (prova lenta), frente ao soro tratado com 2-ME. Os resultados positivos na prova lenta 
e negativo no 2-ME devem ser interpretados como reações inespecíficas ou como devidos a 
anticorpos residuais de vacinação com B19. Resultados positivos em ambas as provas indicam a 
presença de IgG, que são aglutininas relacionadas com infecção, devendo os animais ser 
considerados infectados (BRASIL, 2005). 
 
Fixação do complemento (FC) 
 
 É considerada a melhor prova para a confirmação da brucelose pelo sorodiagnóstico, 
mostrando a melhor correlação com os isolamentos em animais natural ou experimentalmente 
infectados (NIELSON, 1995). É o teste de referência recomendada pela Organização Mundial de 
Saúde Animal (OIE) para o trânsito internacional de animais (BRASIL, 2005). É bastante preciso 
quando se testam adultos que nunca foram vacinados ou foram vacinados quando bezerros 
(REBHUN, 2000). 
 Os títulos na FC não diminuem a medida que a doença se torne crônica e, 
freqüentemente, após uma infecção natural, mostra níveis diagnósticos mais rápidos do que com 
teste de aglutinação no soro em tubo. Os recentes progressos tecnológicos laboratoriais têm 
permitido maior rapidez e precisão para executar a FC e, atualmente, é considerado o mais 
próximo de um teste definitivo para a doença (BLOOD et al., 1991). 
 Animais infectados permanecem positivos por períodos mais longos e com títulos de 
anticorpos fixadores de complemento mais elevados do que os detectados nas provas de 
aglutinação. Em animais vacinados acima de oito meses de idade, os anticorpos que fixam 
complemento desaparecem mais rapidamente do que os aglutinantes (BRASIL, 2005). 
 Porém trata-se de uma prova mais trabalhosa e mais cara que as de aglutinação 
(CHAPPEL, 1989), exigindo pessoal treinado e laboratório bem equipado (BRASIL, 2005), por isso 
recomenda-se seu uso como confirmatória para os soros positivos na triagem (CHAPPEL, 1989). 
A variação da técnica a quente é mais prática, diminui as reações anticomplementares e elimina a 
IgM, aumentando a especificidade do teste (CHAPPEL, 1989). A FC a quente tem sido usada 
como prova confirmatória em programas de controle e erradicação de muitos países (GRASSO-
PAULIN 2000). 
 A técnica detecta precocemente IgG 1 no soro, em torno do 14º dia e também é capaz de 
revelar casos crônicos, onde a IgM já desapareceu e os níveis de IgG 1 são baixos, devido ao seu 
baixo limiar de detecção (KRUZE, 1969). Para que os resultados da FC sejam comparáveis é 
necessário a adoção de um padrão internacional único. Muitos países possuem um padrão 
nacional e, na Comunidade Européia, o teste é padronizado pelo Laboratório Central de 
Veterinária em Weybridge, Reino Unido (MINISTRY OF AGRICULTURE, FISHERIES AND FOOD, 
1991). 
 
Teste de Soroaglutinação em Tubos (SAT) 
 
 Em 1897, foi descrita por Wrihgh & Stmith, a primeira prova sorológica criada para 
brucelose (WRIGHT & NIELSEN, 1990). Também chamada de prova lenta – porque a leitura dos 
resultados é feita em 48 horas – é a prova sorológica mais antiga e ainda hoje bastante 
empregada (BRASIL, 2005). Executada num pH neutro a SAT demonstra uma boa sensibilidade 
analítica na detecção dos isotipos bovinos com uma exceção importante: a IgG 1 (WRIGHT & 
NIELSEN, 1990). Por isso, causa muitas reações falsopositivas, devendo, portanto, dispor de 
provas mais específica para a confirmação do resultado (NIELSEN, 1995). 
 É feita em tubos com o soro dos animais e um antígeno padronizado, também em 
diluições do soro ao dobro, com 25, 50, 100, 200 UI e assim por diante, se desejarmos conhecer o 
título até a extinção, ou título máximo do soro em questão, incubando os tubos por 40-48 h a 37ºC 
(CORRÊA et al., 1992). É utilizada em associação com o teste do 2-ME para confirmar resultados 
positivos em provas de rotina. É uma prova padronizada frente a um padrão internacional, sendo 
resultado expresso em unidades internacionais (BRASIL, 2005). Alton (1977) refere que a SAT, 
em vários experimentos, demonstrou sensibilidade e especificidade baixas em relação a outros 
testes. Embora Reis (1977), citar que dois testes consecutivos com intervalo de 30-60 dias, 
possibilitam identificar 99,5% dos animais infectados. 
 Ele tem incluídas as seguintes limitações: o teste evidencia tanto os anticorpos 
inespecíficos como os específicos da infecção por B. abortus e da vacinação (BLOOD et al., 
1991), como decorrência de reações cruzadas com outras bactérias (BRASIL, 2005) ; durante o 
estágio de incubação da doença, o teste freqüentemente é o último a indicar diagnosticamente 
níveis significativos; após o aborto devido a B. abortus, o teste também é, quase sempre, o último 
a demonstrar diagnosticamente níveis significativos; no estágio crônico da enfermidade, as 
aglutininas séricas tendem a diminuir, dando freqüentemente resultados negativos, enquanto com 
alguns outros testes podem ser positivos (BLOOD et al., 1991); em animais vacinados com B19 
acima de oito meses, uma proporção importante deles pode apresentar títulos de anticorpos para 
essa prova por um longo tempo, ou permanentemente (BRASIL, 2005). 
 
12.2.2- Diagnóstico laboratorial direto 
 
 O exame bacteriológico é executado a partir de espécimes suspeitos semeados em meios 
de cultura especiais. Uma vez isolada, a Brucella, que é uma bactéria intracelular facultativa, é 
identificada até gênero estudando-se suas características culturais, tintoriais, morfológicas e 
bioquímicas (BATHEKE et al., 1988; NIELSEN, 1995). 
 O isolamento e a identificação da B. abortus a partir de material de aborto (feto, conteúdo 
estomacal de feto, placenta) ou das secreções, apresentam resultado muito bons se a colheita e o 
transporte da amostra forem bem realizados e se a amostra for processada em laboratórios 
capacitados e com experiência. Entretanto, devido ao risco da contaminação humana, durante o 
processamento da amostra, poucos são os laboratórios que realizam o exame (BRASIL, 2005). 
 Em meio sólido e condições ideais, uma cultura leva de três a sete dias para visualização 
das colônias, embora se recomende a incubação por no mínimo três semanas (CARTER, 1991). 
As colônias são pequenas, translúcidas, brilhantes, convexas, de bordos arredondados e bem 
definidos e, geralmente, de coloração leitosa (BATHKE, 1988). 
 A imunohistoquímica pode ser procedida em material de aborto após a fixação em formol 
e permite tanto a identificação do agente, como a visualização de aspectos microscópicos do 
tecido examinado (BRASIL, 2005). 
 A PCR detecta um segmento de DNA específico da B. abortus em material de aborto, em 
secreções e excreções. É uma técnica bastante sensível e específica, mas requer equipamento 
sofisticado e pessoal treinado (BRASIL, 2005). 
 
 12.2.2.1- NOVOS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO 
 
Teste de ELISA (imunoabsorção enzimática) 
 
 O teste de ELISA pode ser útil durante um programa de erradicação, após o término da 
vacinação, como um teste de rastreamento ou suplementar ao teste de fixação do complemento. 
Avaliações preliminares do teste ELISA sozinho, ou em combinação com teste de fixação do 
complemento e anticorpos monoclonais, indicam algumas vantagens comparativas sobre outros 
testes sorológicos (BLOOD et al., 1991). 
 Possuem boa especificidade e sensibilidade com a vantagem de não ocorrer o fenômeno 
de zona como ocorre na reação de fixação do complemento. Uma das limitações do ELISA é que 
requer um laboratório equipado e pessoal treinado para a sua execução (COLLING, 1998). 
 São muito utilizados na Europa e na América do Norte (PAULIN, 2003). Colling (1998) 
relata que a Agência Internacional de Energia Atômica, junto com a Organização das Nações 
Unidas para a Agricultura e Alimentação (AIEA/FAO) já padronizou o ELISA para o diagnóstico da 
brucelose. 
Devido a suas vantagens, alguns países já estão empregando os testes imunoenzimáticos 
ELISA indiretos e ELISA competitivos, por ter apresentado melhores resultados para diagnóstico 
da brucelose (PAULIN, 2003). 
 
 
 
Teste de ELISA indireto (I-Elisa) 
 
Existem vários protocolos de I-ELISA que tem apresentado bons resultados. Emprega-se 
como antígeno o lipossacarídeo de B. abortus imobilizados em placas de 96 poços. Como 
conjugado, utiliza-se o anticorpo monoclonal anti-IgG 1 bovina conjugada com a peroxidase. 
Agentes quelantes (EDTA/EGTA) são utilizadas para minimizar reações não específicas. O teste 
possui alta sensibilidade; entretanto, sua especificidade assemelha-se àquela do AAT (BRASIL, 
2005). 
Apresenta como vantagem a possibilidade de automatização total do processo, mas os 
problemas estão no investimento inicial e na impossibilidade, tal e qual os demais testes, de se 
distinguir animais vacinados dos infectados, além do tempo para realização do mesmo. Porém, em 
processo automatizado é possível realizar uma média de 1000 soros por dia (NIELSEN, 1995). 
 
Teste de ELISA Competiivo (C-Elisa) 
 
Neste teste utiliza-se também como antígeno imobilizado na fase sólida o 
lipopolissacarídeo de B. abortus. No momento da prova, o soro a testar é misturado com um 
anticorpo monoclonal específico contra a cadeia O de B. abortus. Um conjugado peroxidase anti- 
IgG é utilizado para detectar o anticorpo monoclonal ligada ao antígeno imobilizado na fase sólida 
do teste. Quanto maior a quantidade de anticorpos anticadeia O de Brucella no soro testado, maior 
a competição com o anticorpo monoclonal específico e menor a quantidade de cor desenvolvida. 
Por comparação com um controle, é possível determinar a quantidade relativa de anticorpos anti- 
Brucella no soro teste (BRASIL, 2005). 
É um teste muito sensível e específico, e é recomendado pela Organização Mundial de 
Saúde Animal (OIE) como teste confirmatório para o diagnóstico da brucelose. Seu custo é 
elevado (BRASIL, 2005). É tecnicamente menos trabalhoso, além de poder diferenciar animais 
vacinados dos naturalmente infectados (NIELSEN, 1995). Além disso, um mesmo conjugado pode 
ser utilizado para testar soros de diversas espécies animais (MacMILLAN et al., 1990). 
 
Teste da Polarização da Fluorescência (FPA) 
 
 O antígeno utilizado neste teste é preparado com polissacarídeo O, também denominado 
cadeia O, de B. abortus, conjugado com isotiocianato de fluoresceína. A prova se fundamenta na 
comparação de velocidade dos movimentos aleatórios das moléculas em solução. O tamanho 
molecular é o principal fator que influencia a velocidade de rotação de uma molécula, sendo 
inversamente proporcional a ela. Havendo anticorpos no soro, haverá a formação dos complexos 
anticorpo-antígeno-conjugado, cuja velocidade de rotação será inferior a do antígeno-conjugado 
isolado. Determina-se a velocidade de rotação das moléculas com o auxílio de um equipamento 
de iluminação por luz polarizada. Através da utilização de controles e de soro pré-titulado é 
possível calcular a quantidade de anticorpos presente no soro testado (BRASIL, 2005). 
O teste é concluído em poucos minutos (BRASIL, 2005), pois não requer lavagens 
intermediárias dos reagentes (SAMARTINO et al., 1999) e pode ser utilizado em soro e leite e tem-
se mostrado muito promissor para o diagnóstico de brucelose também em outras espécies 
(BRASIL, 2005)como: suínos, ovinos, caprinos, bisões e cervídeos (NIELSEN et al., 2001). Como 
é executado em um equipamento de características portáteis, pode ser feito em um laboratório 
com condições mínimas (SAMARTINO et al, 1999). Além disso, requer volumes menores de soro 
que os demais métodos sorológicos e é menos afetado pela hemólise (NIELSEN et al., 2001). 
 
16.3- Diagnóstico patológico 
 
 Os achados de necropsia no animal adulto não são tão importantes no diagnóstico. Em 
alguns fetos, ocorre uma pneumonia primária (FERREIRA et al., 1990). Nem todos os fetos 
abortado devido a brucelose apresentam pneumonia e as lesões pulmonares presentes em alguns 
deles não são especificas com respeito a etiologia. A placenta em geral está edemaciada, pode 
haver placas coriáceas na superfície externa do córion e a necrose dos cotilédones (BLOOD et al., 
1991). 
 No feto também pode ser encontrado alterações do estômago e dos intestinos e, por 
vezes, hemorragias subcutâneas no intestino e no miocárdio. Pode haver congestão renal, 
hipertrofia esplênica e gânglios infartados. No macho com orquite, nota-se espessamento das 
túnicas e possivelmente, focos caseosos e abcessos nas vesículas seminais e no epidídimo 
(FERREIRA et al., 1990). 
 
 
17- PROGNÓSTICO 
 
Em condições naturais, o prognóstico da brucelose é bom quanto ao indivíduo, no sentido 
de não causar morte; entretanto, para a criação ou lote é mau porque a doença é crônica e de 
caráter endêmico (CORREA et al., 1992). 
 
 
18- CONTROLE E PREVENÇÃO 
 
Os programas de combate antibrucelar aplicados cada vez com mais intensidade em 
distintos países com base privada, voluntária ou estatal, são extremamente variados na metódica 
e no conteúdo, devido a situação em que é encontrada a doença, pelo que não pode ser deduzida 
uma generalização que seja válida para todos os países (BEER, 1999). Portanto, as medidas de 
controle devem seguir os parâmetros estaduais e federais atuais (REBHUN, 2000). 
O grau de infecção, o estado de desenvolvimento da produção animal, a orientação da 
produção das criações ou as regiões a sanear, assim como as peculiaridades territoriais e os 
condicionamentos econômicos, são alguns dos fatores que deve ter uma influência decisiva na 
eleição dos programas de saneamento e de combate antibrucelar (BEER, 1999). 
O controle da brucelose apóia-se basicamente em ações de vacinação massal de fêmeas 
(entre três e oito meses), e diagnóstico e sacrifício dos animais positivos. São também muito 
importantes as medidas complementares, que visam diminuir a dose de desafio (caso ocorra a 
exposição) bem como é importante o controle de trânsitos para os animais de reprodução. 
Programas de desinfecção e utilização de piquetes de parição são iniciativas simples que trazem 
como resultado a diminuição da quantidade de brucelas vivas presentes no ambiente. Isso 
representa diminuir a dose de desafio, o que, por sua vez, significa aumentar os índices de 
proteção da vacina e diminuir a chance da bactéria infectar um novo animal suscetível (BRASIL, 
2005). 
O melhor programa de prevenção compõe-se de três partes distintas e importantes: 
higiene, vacinação e testes regulares (BAILEY, 1987). Técnicas usadas para controle de brucelose 
incluem: somente imunização, teste e retirada de animais infectados em conjunto com um 
programa de imunização e teste e retirada de animais infectados sem imunização (HIRSH et al., 
2003). 
Em criações de bovinos de leite, nas áreas nas quais se eliminou ou minimizou a 
brucelose, os métodos de fiscalização incluem: testes de anel do leite regulares, testes sorológicos 
realizados aleatoriamente nos matadouros para rastrear os bovinos positivos e testes sorológicos 
realizados para vendas interestaduais, internacionais ou particulares. Sempre que se identifica um 
teste de anel de leite ou um indivíduo positivo, geralmente empreende-se um teste sanguíneo do 
rebanho inteiro, com remoção dos reagentes e uma quarentena (REBHUN, 2000). 
Segundo Blood et al. (1991), certas considerações básicas se aplicam a todos os 
programas que objetivam a erradicação da brucelose: 
• Os programas de controle locais de determinada área devem receber um 
reconhecimento fundamental e qualquer plano deve ser adaptado a área em 
questão; 
• A cooperação dos governos local e nacional, em todos os níveis, é 
absolutamente essencial para o sucesso de um programa. Tal cooperação só é 
obtida após ter sido realizado um intenso programa educacional. O proprietário 
de um rebanho acometido deve conhecer o problema da brucelose e expressar 
o desejo de colaborar. A experiência revela que o proprietário deve ficar 
impressionado com os perigos da enfermidade, no que diz respeito a saúde 
pública, e com as perdas econômicas que podem ocorrer dos animais 
infectados; 
• Um procedimento diagnóstico seguro e uniforme deve ser disponível de forma 
generalizada; 
• Se a doença for revelada em um rebanho, os procedimentos estabelecidos 
devem ser úteis para manejar a doença. Se a imunização estiver prestes a ser 
realizada, deve-se dispor prontamente de um agente de imunização 
padronizada e eficiente. A eliminação de animais infectados pode criar uma 
séria ameaça econômica para o proprietário e a possibilidade de indenização 
deve ser explorada; 
• Finalmente, e da máxima importância, a movimentação de animais de um lugar 
para o outro deve ser controlada em um alto nível, uma vez que um programa 
rígido de erradicação em uma área pode ser anulado por causa de um outro 
que na vizinhança, foi negligenciado. 
Existem informações suficientes sobre a brucelose bovina, de modo que ela pode ser 
erradicada. As Ilhas do Canal (Reino Unido) conseguiram erradicar a enfermidade em 1935, a 
Noruega em 1952, a Suécia em 1957, a Finlândia em 1960, a Dinamarca em 1962, a 
Tchecoslováquia em 1964 e a Holanda em 1967. A Austrália, a Nova Zelândia, o Reino Unido e os 
Estados Unidos estão engajados em programas de erradicação. O Canadá declarou-se livre da 
brucelose em 1986 (BLOOD et al., 1991). 
 
 
19- VACINAÇÃO 
 
Desde a identificação do agente etiológico da brucelose, vários pesquisadores têm 
procurado desenvolver vacinas que sejam protetoras e que não interfiram no diagnóstico da 
doença. Em decorrência desses estudos, vem sendo desenvolvido um grande número de vacinas 
vivas atenuadas, mortas, de subunidades, recombinantes e de DNA. Muitas dessas vacinas se 
mostraram pouco protetoras, como as vacinas mortas, ou ainda estão em fase de testes, como as 
vacinas de subunidades, recombinantes e de DNA (BRASIL, 2005). 
As vacinas atenuadas são aquelas que efetivamente foram e ainda são utilizadas nos 
programas de controle da brucelose. Duas delas, recomendadas pela Organização Mundial de 
Saúde Animal (OIE), são as mais empregadas: a B19 e a Vacina não indutora de Anticorpos 
Aglutinantes (amostra RB51). Ambas são boas indutoras de imunidade celular (BRASIL, 2005). 
 
19.1- Vacina B19 
 
A vacina B19 é uma amostra de B. abortus lisa, que foi isolada do leite de uma vaca 
Jersey em 1923. Depois de acidentalmente esquecida por mais de um ano à temperatura 
ambiente, a amostra perdeu a virulência e desde a década de 1930 tem sido utilizada como 
vacina. Esta vacina foi empregada em vários países que erradicaram a doença, como por 
exemplo, Austrália, Canadá, Dinamarca, Inglaterra, Holanda, Suécia, dentre outros. Foi também a 
vacina utilizada no programa de controle nos EUA até a primeira metade da década de 90 
(BRASIL, 2005). 
Essa vacina é produzida segundo normas internacionais com amostra viva (que possui 
maior capacidade em ativar macrófagos) da B. abortus. A estirpe B19 é estável, não se multiplica 
em presença de eritritol e causa mínimas reações locais e sistêmicas após sua inoculação 
(ALTON et al., 1988). A dose padrão única tradicionalmente recomendada é 5 x 1010 ou 4 a 12 x 
1010 células, via subcutânea (OMS,1986; TYMONEY et al., 1988; BISHOP et al., 1994). 
Adams (1990) refere que o grau de proteção pode variar dependendo da idade da fêmea, 
via de aplicação, dose da vacina, dose de desafio, mas, se utilizada de forma convencional, 
protege de 60% a 75% contra o abortamento. As falhas de vacinação estão relacionadas 
principalmente a altas doses de contato com o agente e não a um aumento na virulência do 
microorganismo (CRAWFORD et al., 1988). Admite-se que fêmeas vacinadas com vacina B19 na 
idade correta estarão protegidas por um período de sete anos após a vacinação (BATHKE, 1988). 
A B19 é atenuada para fêmeas bovinas, vacinadas até determinada idade e pode ser 
patogênica para machos e quaisquer outras espécies incluindo o homem, devido à virulência 
residual que conserva. A vacina leva os machos a permanecerem com títulos vacinais por toda a 
vida, além de haver a possibilidade de desenvolverem orquite (OMS, 1986). A vacinação de 
fêmeas prenhes pode provocar abortamento, sobretudo no seu terço final, na ordem de 1% a 2,5% 
em condições de campo (MacDIARMID, 1999). 
No Brasil, é a vacina obrigatória para bezerras com idade entre três e oito meses de idade 
(BRASIL, 2005), mas, como algumas raças de bovinos leiteiros amadurecem mais cedo, nesses 
casos é recomendada a vacinação entre três a seis meses, a fim de diminuir interferência dos 
anticorpos persistentes no sorodiagnóstico de forma que as novilhas irão apresentar resultado 
negativo ou desprezível quando submetidas ao seu primeiro teste (RICHEY & HARELL, 1997). A 
presença da cadeia O na B19 é a responsável pelo aparecimento e persistência de anticorpos no 
soro após a vacinação (KING & FRANK, 1961). 
O objetivo da utilização da B19 é baixar a taxa de infecção em zonas de alta prevalência, 
propiciando a erradicação da doença. Quando a imunização é aplicada sistematicamente numa 
região, existe uma redução gradual da freqüência da brucelose. Quando a cobertura vacinal atinge 
80%, a prevalência da doença estará em níveis inferiores a 2% (OMS, 1986). 
 
19.2- Vacina não Indutora de Anticorpos Aglutinantes (amostra RB51) 
 
A vacina é elaborada com uma amostra de B. abortus rugosa atenuada, originada da 
amostra lisa virulenta 2308 que sofreu passagens sucessivas em meio contendo concentrações 
subinibitórias de rifampicina. Ela possui características de proteção semelhantes às da B19; 
porém, por ser uma amostra rugosa, não induz a formação de anticorpos anti-LPS liso e não 
interfere no diagnóstico sorológico da doença (BRASIL, 2005). 
Atualmente, a RB51 é a vacina oficial do programa de controle de brucelose dos EUA, do 
México e do Chile. Também está aprovada em outros países onde vem sendo utilizada. No Brasil, 
poderá vir a ser empregada para a vacinação estratégica para fêmeas adultas (BRASIL, 2005). 
 
 
20- TRATAMENTO 
 
Como regra geral o tratamento do rebanho infectado não é feito em virtude da elevada 
taxa de falha no tratamento, do curso e dos potenciais problemas relacionados à manutenção de 
animais infectados frente aos programas de erradicação (HIRSH et al., 2003). Os regulamentos 
exigem a quarentena e a eliminação de todos os reagentes do rebanho com caso diagnosticado 
de brucelose (SMITH, 1993), por esse motivo, não se encontra aprovado o tratamento para essa 
doença (REBHUN, 2000). 
Relativamente a bovinos, há trabalhos mostrando a possibilidade de cura, principalmente 
com o uso de estreptomicina e terramicina em tratamento enérgico e prolongado que, entretanto, é 
de preço alto, não servindo para animais de corte, mas para reprodutoras e vacas leiteiras 
(CORRÊA et al., 1992). 
Segundo Blood (1991), as experiências que utilizam plasma bovino, sulfadiazina, 
estreptomicina e clortetraciclina por via parenteral e as duas últimas em infusão no úbere foram 
ineficazes em termos de eliminar a infecção. O uso de uma oxitetraciclina de ação prolongada na 
dose de 20 mg/kg de peso vivo, por via intramuscular, a intervalos de três a quatro dias, no total 
de cinco tratamentos, associado ao uso de estreptomicina na dose 25 mg/kg de peso vivo, por via 
intramuscular ou intravenosa diariamente por sete dias consecutivos, teve sucesso parcial no 
tratamento de vacas infectadas. 
A administração de oxitetraciclina concomitantemente com a vacina pode reduzir a 
resposta de anticorpos (BLOOD, 1991). 
 
 
21- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 
 Nos estágios iniciais da investigação, a história do rebanho pode ser útil para informar 
qual o provável agente etiológico (BLOOD et al., 1991). 
 No diagnóstico diferencial devemos levar em consideração que abortos repetidos pode ser 
produzidos por diversas causas, infecciosos ou não infecciosos (BEER, 1999). 
 A brucelose deve ser diferenciada de algumas doenças: Tricomoníase, Vibriose, 
Leptospirose, Rinotraqueíte Infecciosa bovina, Micoses, Listeriose, Aborto epizoótico a vírus, 
Isoimunização da prenhez, além de doenças de causas nutricionais (BLOOD et al., 1991). Pode-
se também investigar como diagnóstico diferencial, intoxicações alimentares, transtornos da 
aclimatação ou traumatismos (BEER, 1999). 
 
 
22- SAÚDE PÚBLICA 
 
 Além de sua grande importância na economia e na saúde pública, a brucelose é uma 
importante zoonose (CORRÊA et al., 1992). É uma doença importante, mas de difícil diagnóstico 
porque sua sintomatologia é inespecífica (BRASIL. 2005). 
 Antes da descoberta do agente caprino, a brucelose humana já era conhecida com nomes 
como febre de Malta, febre do Mediterrâneo, febre ondulante e outros (CORRÊA et al., 1992). 
São patogênicas para o homem, sendo a patogenicidade em ordem decrescente: B. 
melitensis, B. suis, B. abortus e B. canis. É importante ressaltar que não há praticamente 
transmissão de homem a homem e seu reservatório são os animais (CORRÊA et al., 1992). 
É considerada como uma doença profissional ou ocupacional (DOMINGUES et al., 2001), 
pois acomete fazendeiros, veterinários e açougueiros (BLOOD et al., 1991). Laboratoristas, por 
manipularem grandes massas bacterianas na produção de vacinas e antígenos, ou mesmo na 
rotina de diagnóstico direto, podem infectar-se através de soluções de continuidade da pele ou 
pelo contato com mucosas, sobretudo a conjuntiva e a mucosa respiratória (a inalação é uma 
eficiente forma de infecção) (BRASIL, 2005). 
As principais fontes de infecção para o homem são: animais infectados (material 
contaminado de aborto, restos de placenta, auxílio ao parto, magarefes em abatedouros, que 
lidam especialmente com carnes de suínos em matadouros); alimentos (leite cru e seus derivados 
contaminados) e vacinas vivas atenuadas (casos de acidentes) (DOMINGUES et al., 2001). A 
carne crua com restos de tecidos linfáticos e o sangue de animais infectados podem conter 
microorganismos viáveis, e portanto, de igual modo representam risco para a população 
consumidora. É importante ressaltar que leite e carne submetidos a tratamento térmico, não traz 
risco à saúde pública (BRASIL, 2005). 
A importância da enfermidade no ser humano justifica amplamente sua erradicação 
(BLOOD et al., 1991). 
O período de incubação no ser humano pode variar de uma a três semanas, a vários 
meses. A doença produzida pela Brucella abortus na grande maioria das vezes é caracterizada 
por sintomas inespecíficos, presentes nos processos bacterianos generalizados nos quais se 
destacam a febre, sudorese noturna e as dores musculares e articulares. A enfermidade tanto 
pode manifestar-se de forma branda, com evolução para cura espontânea, quanto grave e 
prolongada, acompanhada por toxemia. Seu curso pode ser dividido em duas fases, sendo a febre 
intermitente recorrente uma característica marcante. Na fase aguda prevalecem a febre, a 
debilidade, a cefaléia, as dores musculares e articulares (BRASIL, 2005), principalmente pés e 
região lombar (CORREA et al., 1992) e pescoço (REIS, 1977), a sudorese noturna intensa, os 
calafrios

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