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Em relação à escolha do tema de pesquisa, existem variáveis que podem ser mais ou menos controladas pelos pesquisadores. O historiador José D’Assunção Barros (2005) assim se posicionou sobre esse aspecto: “A Sociedade, a Instituição e a comunidade de historiadores na qual eles se inscrevem exercem o seu papel de criar um universo de temáticas possíveis a partir das quais os historiadores fazem as suas escolhas. Dizer que essas escolhas são inteiramente livres seria uma quimera. A historiografia, tal como já assinalou de maneira muito pertinente Michel de Certeau, inscreve-se em um ‘lugar de produção’ bem definido. É claro que compete aos historiadores inovar e propor novos temas e problemas para as suas pesquisas históricas. Mas é somente à custa demuitas resistências vencidas que os temas radicalmente inovadores passam a ser tolerados e respeitados, antes de passarem a compor com outros o repertório de temas historiográficos possíveis ou até de se tornarem amoda domomento.” Sobre o trecho acima, são feitas as seguintes afirmações: I – Os historiadores não têm liberdade para a escolha de seus temas de pesquisa, que são determinados pela conjuntura e pelas instituições em que desenvolvem suas análises. II – A inovação em relação aos temas da pesquisa histórica pode encontrar resistências em função de dinâmicas conjunturais ou institucionais que os pesquisadores não têm controle. III – Apenas temas considerados originais são autorizados para serem pesquisados em universidades. Qual(is) está(ão) correta(s)? Apenas a afirmativa II está correta. 2) Um dos procedimentos básicos do trabalho de pesquisa histórica é a coleta de dados, chamados, no campo historiográfico, de fontes históricas, nas quais são encontradas evidências que auxiliam na resposta à problemática proposta. Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas, quanto ao trabalho com as fontes: ( ) Assim como as demais etapas da pesquisa, o levantamento, a coleta e a análise das fontes são procedimentos que envolvem planejamento e organização. ( ) O levantamento das fontes corresponde ao trabalho realizado unicamente em arquivos, não guardando relação com o levantamento bibliográfico. ( ) A coleta das fontes pretende tornar o material empírico e bibliográfico disponível para o pesquisador, que pode se beneficiar de softwares de referenciamento. ( ) É na etapa de análise das fontes que será construída uma interrelação entre os dados, a metodologia de pesquisa e o arcabouço conceitual e teórico. A ordem de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: V – F – V – V. 3) Na definição da temática de análise, o pesquisador necessita realizar alguns tipos de delimitações, também chamados de recortes, que podem ser cronológicos, espaciais ou relativos à problemática de análise. Sobre essas delimitações, são feitas as seguintes afirmações: I – O recorte cronológico geralmente é arbitrário, e corresponde a datas consagradas pela historiografia, geralmente provenientes da história política. II – O recorte espacial somente fará sentido se o objeto de pesquisa tiver alguma relação com determinada espacialidade ou região, o que demonstra a necessidade de uma reflexão quanto às categorias empregadas na pesquisa. III – O recorte a partir da problemática tem em vista circunscrever um tema de pesquisa a partir de determinada abordagem, evidenciando um aspecto específico em uma realidade mais ampla. Qual(is) está(ão) correta(s)? As afirmativas II e III estão corretas. 4) Leia o trecho a seguir, escrito por Félix (1998): “Claro está que isso pressupõe que se faça e se registre a revisão da literatura científica referente ao tema por meio da historiografia já produzida. Essa atividade deve permitir que seja localizado o estado da arte sobre a temática escolhida. A revisão bibliográfica deve ser feita cuidadosamente, apresentando o que de mais significativo foi produzido sobre o tema, os avanços e as lacunas, bem como a análise crítica das obras mais importantes de forma a poder respaldar e justificar a necessidade e/ou relevância da pesquisa. Essa bibliografia servirá também de apoio ao desenrolar da pesquisa.” A historiadora faz referência a uma etapa muito importante da construção do projeto de pesquisa. Que etapa é essa e que pergunta essa etapa pretende responder? “Dialogando com quem?”, vinculada à etapa “levantamento” ou “revisão bibliográfica”, em que serão referenciadas as análises já realizadas sobre o tema e de que forma a proposta é inserida na historiografia existente. 5) O historiador José D’Assunção Barros (2016), no trecho a seguir, reflete sobre o papel da problematização na pesquisa histórica: “A investigação científica no Ocidente, não é dife rente com as ciências sociais e humanas, tem se edifica do basicamente em torno da intenção de resolver pro blemas bem delineados, que constituem o ponto de partida do próprio processo de investigação. Com a História, desde que ela assumiu o projeto de ser uma ciência, não tem sido muito diferente, e tam pouco o é em ciências humanas diversificadas, como a Sociologia, a Antropologia, a Geografia, a Economia e outras mais. Para dar o exemplo da História, essa neces sidade de problematização foi se fazendo cada vez mais característica da historiografia ocidental [...].” A partir de seus conhecimentos sobre a pesquisa científica e, particularmente, a pesquisa histórica, é correto afirmar que: a problematização evidencia uma abordagem teórica, e contribui para a superação das narrativas cronológicas, descritivas e lineares, características de uma história não problematizada.