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Direito Empresarial ME. Alana Tiosso • Unidade de Ensino: 04 • Resumo: Falência, Recuperação Judicial e Extrajudicial de Empresas. Desconsideração da Personalidade Jurídica • Palavras-chave: Falência, Recuperação de empresas, Desconsideração da Personalidade Jurídica • Título da Teleaula: A falência e a Recuperação Judicial da Empresa • Teleaula nº: 04 Falência Falência A falência é uma execução coletiva que tem por finalidade liquidar o passivo (dívidas) a partir da realização (venda) do patrimônio da empresa, respeitando-se a par conditio creditorum. São reunidos todos os credores, que serão pagos seguindo a ordem predeterminada de acordo com a natureza do crédito a que pertencem. A natureza jurídica da falência é processual e material. É necessário demonstrar a insolvência jurídica: a impontualidade injustificada, execução frustrada e a pratica de atos de falência. (art. 94) • Lei 11.101/2005 • Par conditio creditorum: dar aos credores de uma mesma categoria uma condição igualitária Sujeito Ativo e Passivo • Legitimidade ativa: o devedor, o cônjuge sobrevivente, herdeiro do credor ou o inventariante; o cotista ou acionista do devedor; qualquer credor. • Legitimidade passiva: o devedor que exerce atividade empresarial: empresário individual, Eireli ou Sociedade Empresarial. • Quem não sofre falência: quem exerce uma atividade não empresarial: os profissionais intelectuais, os que exercem atividade literária, artística ou científica. Advogados, dentistas, contadores, etc. Exclusão da aplicação da lei • Empresa pública e sociedade de economia mista: estão sujeitas às regras de direito administrativo. • Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores: aplicam-se outras leis • Art. 2 da Lei 11.105/2005 Órgãos auxiliares do Juízo Órgãos auxiliares do Juízo • Administrador judicial: profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas, contador ou uma pessoa jurídica especializada nomeada pelo juiz na sentença que decreta falência; • Honorários fixados pelo juiz (até 5% do valor dos bens, se for ME ou EPP até 2%). • Atribuições: enviar, receber e abrir correspondências, elaborar a relação dos credores, convocar assembleias, dar extrato dos livros do devedor e exigir informações dos credores; examinar a escrituração do devedor; representar a massa falida; • Art. 21 Lei 11.105/2005 Órgãos auxiliares do Juízo • Assembleia de credores: delibera sobre as questões de interesse dos credores. Formada pelos titulares de créditos. • Comitê de credores: composto por até 4 representantes. Fiscalizar as atividades do administrador. • Ministério Público. • O juízo competente é o do local do principal estabelecimento do devedor, ou onde centraliza suas atividades, mantém sua contabilidade, de onde emanam as principais decisões. Causas e efeitos da falência Causas da Falência • A impontualidade ocorre quando o devedor não paga no vencimento a obrigação líquida materializada num título executivo, valor ultrapasse 40 salários mínimos. • É indispensável o protesto dos títulos executivos. • Execução frustrada: não pagar, nem depositar e nem nomear bens à penhora dentro do prazo legal. • Atos de falência: atitudes suspeitas que permitem ao credor o requerimento da falência. • Ex: Liquidação antecipada de bens; simular a transferência de seu principal estabelecimento para burlar os credores; uso de mecanismos para retardar pagamentos; • Art. 94. Lei 11.105/2005 Créditos • Créditos concursais: deram origem à situação falimentar, que surgiram antes da decretação da falência. Serão pagos ao final da falência, depois do pagamento dos créditos extraconcursais. • Créditos extraconcursais se surgirem após a decretação da falência, além dos créditos em dinheiro objeto de restituição e a restituição de crédito de natureza estritamente salarial. Serão pagos ao final do processo falimentar antes dos créditos concursais. • Art. 83 e 84 Lei 11.105/2005. Efeitos da Falência • A partir da decretação da falência, o falido não pode exercer qualquer atividade empresarial nem administrar seus bens ou deles dispor, até que seja habilitado novamente pelo juízo da falência, pode apenas fiscalizar a administração da falência. • Ficam suspensos: o exercício de direito de retenção sobre os bens que serão objetos de arrecadação; o direito de retirada ou de recebimento do valor de suas cotas ou ações por parte do sócio de uma sociedade falida Vamos resolver uma situação problema? Segundo a Lei 11.105/05, a falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis da empresa. Estando o devedor empresário em estado de insolvência, estará traçado o caminho para que se inicie o processo especial de execução concursal do seu patrimônio, sendo certo que esta execução somente se inicia com a prolação de sentença declaratória da falência. O devedor em crise econômico-financeira, que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial, poderá requerer ao juízo sua falência? Sim. Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial. Da Recuperação de empresas Recuperação de empresas • Recuperação de empresas: objetivo de contribuir para que a empresa que passa por uma crise econômico-financeira tenha condições de superá-la. • A intenção é preservar a empresa em crise, a relação empregatícia e toda a cadeia de fornecedores que dela dependa. • tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. • Art. 74 Lei 11.105/2005 Espécies de Recuperação de empresas • Na recuperação judicial, tanto a proposta como a concordância dos credores ocorrem no judiciário. • Na recuperação extrajudicial, a proposta do devedor e a concordância dos credores ocorrem fora do Judiciário e, mesmo que a proposta seja homologada judicialmente, não se transformará em recuperação judicial, já que o acordo não foi obtido com a fiscalização do Judiciário. • O devedor, seus administradores ou diretores continuarão na gestão dos seus bens, mas são fiscalizados e auxiliados pelo administrador judicial. • Pode ser Judicial ou Extrajudicial Recuperação Judicial Legitimidade • Pode requerer a recuperação judicial: • quem exercer atividade empresarial de forma regular há mais de dois anos; • Não ter sofrido falência, mas se tiver ocorrido, que possua declaração da extinção das obrigações; • Não ter obtido a concessão da recuperação judicial nos últimos 5 anos; • Não ter sido condenado, o empresário individual, o sócio controlador ou o administrador, em crime falimentar • Quem pode requerer a recuperação judicial? Créditos atingidos e excluídos • Sujeitam-se a recuperação judicial os créditos existentes até a data do pedido, ainda que não vencidos. Se o contrato foi firmado após o pedido da recuperação, automaticamente, o crédito não será atingido pela recuperação. • Os credores que não são atingidos pela recuperação não são prejudicados, pois afinal receberão normalmente (ou poderão recuperar seus bens, no caso do credor que possui a propriedade do bem), sob pena de ingressarem as medidas oportunas, ou até mesmo pedirem a falência da empresa em recuperação. • Créditos não atingidos pelo Plano serão pagos normalmente Procedimento Devedorterá um prazo de 60 dias do deferimento da recuperação judicial, para apresentar o plano de recuperação Procedimento • Após verificar os documentos e laudos, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e nomeará o administrador judicial, ordenando a suspensão das execuções contra o devedor. • O devedor deve apresentar as contas demonstrativas mensais, estará dispensado da apresentação de certidões negativas para exercer suas atividades • Ministério Público e a Fazenda Pública serão intimados para que ter conhecimento da recuperação judicial e informarem eventuais créditos perante o devedor, para divulgação aos demais interessados. O devedor não pode desistir da recuperação, só com a aprovação da assembleia geral de credores Efeitos • Novação, administração dos bens, • Suspensão das ações em andamento e prazos prescricionais. • A suspensão perdurará pelo prazo de 180 dia, prorrogável por igual período. • A partir da publicação do edital, os credores que não foram relacionados terão 15 dias para se habilitarem ou apresentarem suas divergências Encerramento da Recuperação Judicial • Depois que as obrigações foram cumpridas na recuperação judicial, no prazo máximo de 2 anos, contados da concessão da recuperação judicial, o juiz encerrará a recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência. Convolação da recuperação judicial em falência • O juiz pode converter a recuperação judicial em falência pelas seguintes razões: • por deliberação da assembleia geral de credores; • não apresentação do plano de recuperação no prazo; • quando houver sido rejeitado o plano de recuperação judicial pela assembleia dos credores; • por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, dentro do prazo de 2 anos da concessão; • por descumprimento dos parcelamentos • Todos os atos realizados na recuperação são válidos para a falência Desconsideração da personalidade jurídica Desconsideração da personalidade jurídica • Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. • Desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza • Confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios • Art. 50 CC/02 Vamos resolver uma situação problema? Quatro amigos trabalham juntos há dez anos com a compra e a venda de carros usados. A sociedade não tem registro em junta comercial. Seu funcionamento ocorre em um imóvel de propriedade de Geraldo, sócio que assina todos os contratos da sociedade. A sede é mobiliada com itens de propriedade comum de todos e dispõe de espaço para a exposição de veículos, os quais são comprados pelos quatro sócios conjuntamente, para posterior venda a terceiros. Recentemente, eles passaram a enfrentar dificuldades negociais e problemas financeiros, razão por que os credores começaram a ajuizar ações e fazer cobranças. Para tentar superar a fase crítica, os sócios podem pedir a recuperação judicial da empresa? Não, pois eles não exercem a atividade empresarial regularmente.
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