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UMA REFLEXÃO ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA DO DIREITO DENTRO DA GESTÃO EMPRESARIAL A REFLECTION ABOUT THE IMPORTANCE OF SCIENCE OF LAW WITHIN BUSINESS MANAGEMENT Mariana Letícia Ferreira Barbosa1 Nilciane Cristina Barbosa de Miranda Martinucci2 Tais Lopes de Paula3 Vitor Silva Pugliesi4 Resumo O presente artigo tem por intenção demonstrar como o direito possui influência no processo de gestão empresarial e quais são os ramos dessa ciência onde é possível encontrar essa atuação. Se possível, demonstrar quais desses ramos possuem maior influência na gestão empresarial. Assim, objetivamos descrever alguns conceitos básicos sobre os assuntos que serão abordados aqui e demonstrar como esse diálogo é construído sobre essas duas ciências que não são tão distintas: direito e administração. Para isso, a metodologia utilizada fora qualitativa, especialmente, de cunho bibliográfico, selecionando conforme a orientação os materiais impressos, livros, dados e fontes mais adequadas para o exame teórico buscando teorizar, sobretudo, com base em autores renomados das respectivas áreas. Palavras-chave: Gestão. Leis. Empresarial Abstract The present article intends to demonstrate how the law has in the business management process and what are the branches of this science where it is possible 1 Graduanda em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul marilfbs@icloud.com 2 Graduanda em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Nil17_pba@hotmail.com 3 Graduanda em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul tais_tais_10@outlook.com 4 Graduando em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul vitorpugliesi@gmail.com 2 to find this performance. If possible, demonstrate which branches have the greatest influence on business management. Thus, we aim to define some basic concepts on the subjects that will be demonstrated here and demonstrate how this dialogue is built on these two sciences that are not so different: law and administration. For this, the use used for qualitative, especially bibliographic nature, location according to the orientation of printed materials, books, data and most researched sources for the theoretical examination, seeking to theorize, mainly, based on renowned authors from different areas. Keywords: Management. Laws. Business Introdução O trabalho a ser desenvolvido pelo grupo consiste em tentar fazer uma reflexão quanto ao papel que a ciência do direito exerce nas questões de administração e gestão empresarial no cenário brasileiro. Isto posto, buscaremos dialogar com teóricos da área sobre algumas questões pertinentes como os conceitos encontrados acerca do que é o processo de gestão empresarial e como ela se demonstra nos moldes de hoje em dia. Partindo dessa concepção, buscaremos apresentar, o que julgamos ser o ramo do direito mais importante para auxiliar a gestão empresarial, o direito empresarial. Assim, iremos estabelecer de que modo o direito empresarial se demonstra, quais são as competências existentes e quais margens ele abre para o auxílio ao administrador de uma empresa. Logo, com os conceitos estabelecidos acerca do direito empresarial e também sobre noções que cuidam sobre a influência ou a importância dele para o administrador, iremos refletir como a evolução ao longo dos anos dessa ciência possibilitou trazer uma realidade completamente favorável ao processo de gestão. Por fim, buscaremos demonstrar quais outros ramos do direito possuem atuação direta na gestão empresarial e de que forma essa atuação pode ocorrer. Sendo assim, o objetivo central desse trabalho é buscar entender como o direito é importante para uma empresa, por exemplo, e para todo o seu processo de gestão, visto que isso é de grande ajuda ao administrador que busca não só manter bem o seu negócio no campo de administração como também no campo da segurança jurídica. 3 A metodologia utilizada para compor esse trabalho é de cunho bibliográfico, explorando todo o conhecimento compartilhado por autores renomados da área e também dialogando com o entendimento de colegas de academia com suas observações obtidas por meio de periódicos, artigos, monografias e outros. GESTÃO EMPRESARIAL É sabido que o conhecido processo de administração empresarial tornou-se pauta de estudos a partir de 1900, sendo estudada por diversos teóricos que buscaram traduzir métodos diferentes de gestão. Desses métodos houveram as mais significativas mudanças no campo social e até mesmo econômico até os dias atuais. No entanto, a administração empresarial é apenas parte de um rol maior existente dentro da gestão empresarial. E o que de fato se entende por Gestão Empresarial? Brevemente e antes de entrar em conceitos mais técnicos sobre o termo, entendemos que gerenciar administrativamente uma empresa pressupõe algumas características como estabelecer e cumprir metas, metas essas que servem como direcionamento da empresa buscando seu crescimento. Também, diz respeito sobre a maneira como o administrador irá construir o time ou a equipe de pessoas que irão cuidar minuciosamente das necessidades da empresa como colaboradores, sócios e até funcionários. Também, gerenciar consiste em um planejamento correto dentro da empresa, respeitando o mercado e observando erros e acertos que todos os administradores estão propensos. Logo, partindo de uma concepção mais técnica, e de certa forma resumida do que já dissemos acima, a gestão empresarial consiste na maneira como são conduzidos os negócios empresariais visando os melhores resultados dentro da empresa. Dessa maneira tudo é colocado em pauta: o controle de finanças, a administração de recursos, o que é necessário para manter a empresa, é daí que recai a noção de administração empresarial, visto que essa se traduz nas formas de organização. 4 A fala Adelmo de Oliveira, sócio-diretor da Moore Stephens Auditores e Consultores, presente no artigo ‘‘O que é Gestão Empresarial’’, consiste em determinar o termo como: É a aplicação de políticas internas, ações e estratégias necessárias ao bom funcionamento dos departamentos de uma empresa, com o objetivo de agregar riqueza aos acionistas e colaboradores, conduzir com harmonia a atividade empresarial, demonstrar e transparecer os objetivos sociais da organização, entre outros fatores importantes para a continuidade do negócio. (meuSucesso.com, 2014, n.p) Dessa forma, não é incomum vermos em campos teóricos o uso desses termos de maneira equivalente, e se de fato pararmos para entender a fundo os significados, é possível determinar que não há diferença significativa visto que a administração empresarial cuidará de uma significativa parte da gestão. Para Dias (2002), os termos possuem algumas diferenças práticas que podem ser elucidadas. Para ele, a administração é algo que existe por si só, visto que depende de funções corporativas bem como de objeto para agir. Assim, administrar seria dar conta do planejamento e organização. No que o autor entende sobre a gestão, esta não seria o cargo em si, mas tudo o que advém como competências de um cargo: administração, contabilidade, segurança, logo, gestão é executar e ter como estratégias a utilização de pessoas para atingir os objetivos de uma organização. Ao longo desse histórico datado sobre a administração, há de se buscar que não existiu sempre um modelo de gestão mais favorável que o outro. Como aponta Mendonça (2013), todas as existentes de certa forma são incontestáveis, tendo elas resultados positivos ou não. Ele justifica o raciocínio ao passo que demonstra que o gestor é um ente racional e que pode atuar eticamente ou não, sendo assim, tudo se torna válido para a matéria dos negócios. A gestão empresarial está intimamente ligada com a realidadesocial [...] e, por esta razão que os modelos e teorias administrativas do passado, hoje superadas, jamais podem ser julgadas como algo que deu errado, sem elogiar àquelas que sobreviveram e continuam atuantes hoje. (MENDONÇA, 2013, p. 32) 5 Ainda utilizando Mendonça (2013), o autor explica que o que vai determinar um limite para a atuação do administrador é a regulamentação do Estado, na figura do direito empresarial, buscando colocar em xeque os direitos e deveres que devem ser considerados nessa relação. Diversas áreas podem ser trabalhadas dentro do contexto da Gestão Empresarial. Dessa forma, o gestor poderá ser mesmo uma pessoa contratada para exercer essa especialidade ou também pode ser um sócio dessa empresa. As áreas de atuação da gestão podem ser: gestão financeira, gestão de pessoas, comercial, de processos, de estoque e outras incontáveis áreas. Importante ressaltar que essas áreas serão impostas de acordo com o tipo de negócio ao qual a empresa irá trabalhar. DIREITO EMPRESARIAL: breves considerações O direito Empresarial, terminologicamente no entendimento de diversos autores e pesquisadores da área é conceituado como direito comercial. Isto porque, a doutrina moderna tem utilizado o termo comumente para tratar de leis que dizem respeito ao mundo dos comerciantes como o direito mercantil, direito comercial e direito empresarial. Como bem elucida Teixeira sobre a questão a nomenclatura de direito empresarial versus direito comercial: Poderíamos dizer que Direito Empresarial é o mesmo que Direito Comercial, mas o Direito Empresarial é mais amplo que este, pois alcança todo exercício profissional de atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou de serviços (exceto intelectual). Já o Direito Comercial alcançava, em sua concepção inicial, apenas os comerciantes que compravam para depois revender e algumas outras atividades [...] (TEIXEIRA, 2018, p. 37) De tal forma, entendemos que o direito comercial cuida dessa atividade econômica fornecendo bens ou serviços, de modo que essa atividade exercida ficará caracterizada como a noção do que é, portanto, uma empresa. De modo a confirmar o entendimento do doutrinador Teixeira, também podemos demonstrar o que o ilustre doutrinador Fabio Ulhoa Coelho entende ser a forma como o direito comercial se desenvolve. 6 Para o autor, portanto, o entendimento não é muito diferente do vimos anteriormente. Em suas palavras, conceitua: O Direito Comercial cuida do exercício dessa atividade econômica organizada de fornecimento de bens ou serviços, denominada empresa. Seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas que exploram. (COELHO, 2012, p. 22) Segundo Rodrigues (2004), o que se tem por momento inicial do comércio é visto desde as civilizações primitivas, é claro que, não é possível determinar com exatidão quais eram os sistemas de direito nesse sentido, o que existia de regulamentação de fato estabelecida com normas e princípios sobre a atividade mercantil. No que diz respeito ao cenário brasileiro, Coelho (2012) retoma que o direito comércio é datado a partir do último quarto do século XX como relacionado à teoria da empresa. Segundo o autor, a partir da década de 70 começou-se um estudo sobre os sistemas e teorias ligado ao direito comercial, ao passo que em 1980 os julgados tinham por base seguir a teoria da empresa para ditar as decisões conflitantes. Dessa forma, o direito comercial surge para regular as atividades mercantis, e após a doutrina francesa criar os atos de comércio que seriam determinadas pelo legislador é que se passou a determinar que quem praticasse esses atos a denominação de comerciante. Até então a teoria dos atos de comércio era a teoria aplicada em face do Código Civil vigente à época. Em termos de legislação, surgiram a partir da década de 90 o conhecido código de defesa do consumidor e as leis das locações e registro do comércio. O Código Civil datado de 2002 foi responsável por incluir em um de seus livros o direito de empresa, que também corresponde à terceira fase do direito comercial. Assim, cai o conceito tradicional do direito apenas do comerciante ou dos atos de comércio. Foi também com o advento do Código Civil que a expressão mudou, passando a ser menos comum que doutrinadores e profissionais da área deixassem de usar Direito Comercial e passassem a usar Direito Empresarial, ainda que se possa continuar com o termo. 7 Assim, atualmente, podemos dizer que o direito empresarial se trata de um ramo do direito privado que busca cuidar da atividade negocial de empresários e até mesmo de pessoas físicas, com fins de natureza econômica buscando trabalhar com bens e serviços que objetivam patrimônios e lucros. Além de tutelar as atividades comerciais como intermediação de mercadorias, por exemplo, cuida o direito empresarial atualmente de dialogar com questões industriais, bancárias e até mesmo securitárias, razão pela qual o termo correto atual é o de direito empresarial visto a imensidão de competências do ramo. Há de se falar também que o direito empresarial não se difere de outros ramos do direito ao passo que se submete à princípios constitucionais e dessa forma, não seria diferente dizer que o objetivo dele é, também, a efetivação dos direitos fundamentais. O Código Civil de 2002 faz por bem contextualizar não só conceitos para o direito empresarial como também caracterizar questões pertinentes ao direito empresarial como veremos a seguir, visto que, essa elucidação demonstra-se totalmente necessária para apurar qual o papel do direito empresarial dentro do âmbito de uma empresa de fato. AS IMPLICAÇÕES DO DIREITO EMPRESARIAL NA GESTÃO EMPRESARIAL Notadamente, o Direito Empresarial atualmente é regulado pelo Código Civil Brasileiro em livro específico que trata sobre a matéria. Assim, ainda que outras fontes façam jus ao Direito Empresarial como um todo, cabe a maior parte ao Código Civil a regulamentação do assunto. A matéria é inaugurada no Código Civil Brasileiro de 2002 precisamente no artigo 966 ao tratar sobre o conceito de empresário. Lê-se: “Art. 966 - considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. (BRASIL, 2002) É o que se ilustra como o conceito de empresário, aquele dotado do poder de administrar uma empresa, porém, o conceito de empresa não há de se confundir com o que está disposto como conceito de empresário e muito menos com estabelecimento empresarial como veremos a seguir. Para o ilustre Fábio Ulhoa Coelho (2015, p. 34): 8 conceitua-se empresa como sendo atividade, cuja marca essencial é a obtenção de lucros com o oferecimento ao mercado de bens ou serviços, gerados estes, mediante a organização dos fatores de produção (força de trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia). Logo, colocada dessa maneira pelo autor (COELHO, 2013) fica evidente que por empresa entende-se exercício de atividade empresarial que se dá de maneira organizada e sim com a atuação do empresário visto que é ele quem articula a produção e a circulação de bens e serviços. Já o estabelecimento pressupõe o conjunto de bens que são utilizados para a exploração bem como para o desenvolvimento da atividade empresarial. De maneira não diferente ao defendido por Fábio Ulhoa, o doutrinador André Luiz Santa Cruz Ramos traz a concepção geral do que entende por empresa bem como do entendimento acerca do termo empresário: [...] empresa é uma atividade econômica organizada com a finalidade de fazer circular ou produzir bens ou serviços. [...] Empresa é, portanto, atividade, algo abstrato. Empresário, por sua vez, é quemexerce empresa. Assim, a empresa não é sujeito de direito. Quem é sujeito de direito é o titular da empresa. Melhor dizendo, sujeito de direito é quem exerce empresa, ou seja, o empresário, que pode ser pessoa física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresarial). (RAMOS, 2016, p. 44-45). Nessa questão de conceituar tanto o que se entende por empresa, empresário e até mesmo estabelecimento empresarial, cabe ao direito empresarial regular a atuação de empresas ao passo que estabelece alguns critérios específicos para o desenvolvimento delas por parte dos administradores. Por exemplo, consta no artigo 967 sobre a obrigatoriedade da inscrição do empresário para o funcionamento da atividade empresarial. Artigo 967: “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.” (BRASIL, 2002) De mesma forma, o registro das Empresas em consonância entre a Lei 8.9374/1994 e do Código Civil deve ocorrer da seguinte forma: Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e 9 a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. (BRASIL, 2002) Não é, pois, uma empresa somente de caráter comercial uma vez que existem empresas mercantis, civis, rurais e públicas ainda que se tenha conceitualmente a noção de que empresa é uma atividade econômica. Quando existente o caráter de finalidade não lucrativa, passasse-se a denominar como associação. No que diz respeito a fusão dos termos gestão empresarial e direito empresarial, Mendonça (2013) elucida que esses termos muitas vezes são levados em consideração em aplicabilidade de maneira confusa, sendo a maior responsabilidade dessa confusão da doutrina jurídica. Para ele, ambas as ciências encontram pontos em comum de modo que tanto a gestão quanto o direito empresarial são conduzidos observando o princípio de ordem moral e de boa-fé, pautado na confiança construída por parte dos empresários na atuação negocial. De maneira sucinta, podemos afirmar que o direito empresarial é o responsável por regular toda a atuação das empresas desde questões como obrigações legais para o funcionamento da empresa até mesmo sobre a atuação de determinadas empresas. Logo, conhecer os fundamentos do direito empresarial é importante para que o gestor possa manter as estratégias necessárias para sua administração com eficiência nos recursos disponibilizados. OUTROS RAMOS DO DIREITO E SUAS ATUAÇÕES DENTRO DAS EMPRESAS Como já descrito anteriormente, observamos a importância do direito empresarial dentro da atuação nas empresas. De modo geral, o direito está presente em tudo o que diz respeito a atuação empresarial em ramos diferenciados. Por exemplo, como veremos a seguir, o direito se faz presente desde o primeiro contrato social e registro de uma empresa, que é um dos atos fundamentais para o seu exercício. 10 Durante seu funcionamento, vários ramos do direito se fazem presentes no cotidiano das empresas, nas contratações de funcionários, nos contratos de locação para o estabelecimento empresarial até o momento, se ocorrer, do encerramento da atividade empresarial. Logo, não somente o Direito Empresarial exerce um papel fundamental na gestão de uma empresa, apesar de ser notadamente um dos mais importantes ramos na administração. Existem também outros ramos do Direito que buscam cuidar para que a gestão de uma empresa seja satisfatória. Primeiro, cuidando sobre o Direito Tributário. Nesse ramo a palavra chave é: planejamento tributário. Ao passo que cabe ao Estado a função de arrecadar, e com esse poder ele não mede esforços, o processo de tributação exerce função significativa do sucesso de uma empresa. (DANTAS, 2016) Quando um administrador consegue conciliar um preço acessível ao consumidor em vistas à realidade tributária, suas ações irão determinar em qual caminho os seus negócios terão frutos. Assim, um planejamento tributário, que pode ser de espécies diversas, tem por base um conjunto de tomada de decisões que são feitas antes do fato gerador e busca então essa economia da carga tributária. Além disso administrador precisa ter conhecimento técnico de todos os instrumentos até mesmo para uma defesa administrativa, visto que deve acompanhar instrumentos como leis, decretos e outros que possam propiciar a manutenção de seus negócios, além das obrigações que uma empresa deve cumprir para manter-se em dias com o fisco seja por meio de seus livros, declarações ou formulários. Nessa proposta, lê-se o art. 153. da Lei nº 6.404 de 15 de Dezembro de 1976 ‘‘O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios.’’ Já com relação ao direito do trabalho, são inúmeras as importâncias desse ramo para a administração das empresas. Exemplo disso, como colocado por Castro (2020) o administrador precisa conhecer os fundamentos do Direito do Trabalho uma vez que no que diz respeito às negociações trabalhistas com sindicatos e também https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/105530/Lei-no-6404-de-15-de-Dezembro-de-1976#art-153 11 com trabalhadores, é de extrema importância para a manutenção das empresas, especialmente quando essas passam por crises. Há de se falar também sobre a necessidade de conhecimento jurídicos e sobretudo no que se posta na CLT, de modo que, esse conhecimento pode evitar crescimento passivos trabalhistas que podem vir a gerar prejuízos para a empresa, bem como o conhecimento das normas previstas no documento contribuem para a formação da imagem da empresa, observando os direitos previstos tanto para empregados quanto para empregadores. (CASTRO, 2012). Ainda constando sobre o Direito do Trabalho, a implicação do mesmo dentro de uma administração empresarial diz respeito sobre a contabilidade de uma empresa visto que desde os cálculos trabalhistas até a escrituração das contas dentre outros direitos que devem ser considerados previstos na CLT decorre então da atuação do direito do trabalho em essência. Direitos como verbas rescisórias, horas extras, férias e tudo que venha a ser contabilizado e estão previstos constitucionalmente e também dentro do direito trabalhista serão levados em conta na administração empresarial, principalmente depois do que ficou estabelecido mediante as mudanças ocorridas em âmbito trabalhista com a reforma de 2017. A relação entre o Direito Administrativo e o Direito Empresarial encontra respaldo nos casos em que se encontram os atos e negócios jurídicos, certo que ocorre quando de contratos administrativos. Sobre o papel do Estado nessa relação, a participação do Direito Administrativo fará luz quando este criar empresas públicas e sociedades de economia mista virando a atividade econômica ora sócio ou ora como cliente. Ademais o crescimento das Agências Reguladoras faz com que a atividade empresarial mantenha constante e estreita relação com os órgãos públicos. Também a formação de administradores públicos conhecedores de sua correta atuação evita a ocorrência de práticas ilegais e de prejuízos para o Estado. (CASTRO, 2012, p. 3) Outro ramo do Direito importantíssimo em influência no processo de administração empresarial é o Direito Ambiental. Atualmente, muitos empresários preocupam-se com questões ambientais tanto por base legal quanto pela aparência das empresas. Como enunciado por 12 Tachizawa (2002) isso fala sobre a gestão ambiental das empresas. Segundo o autor, a ‘‘empresa verde’’ traz um olhar de sucesso paraos negócios da empresa e traduz um sentimento de bons negócios. “A gestão ambiental é a resposta natural das empresas ao novo cliente, o consumidor verde e ecologicamente correto” (TACHIZAWA, 2002, p. 24). Ainda sobre o papel da gestão ambiental, Lopes diz: A gestão ambiental e a responsabilidade social tornam-se, dessa forma, importantes instrumentos gerenciais para capacitação e criação de condições de competitividade para as empresas, independentemente de seu segmento econômico. (LOPES, 2015, p. 194) Não é incomum observar atualmente no comportamento de empresas que as exigências ambientais são essenciais para a continuidade da atividade empresarial, visando que os empresários e administradores cuidem de responsabilidades éticas para com o meio ambiente. De tal forma, as empresas possuem essa responsabilidade ambiental de evitar que os impactos ambientais de empresas sejam negativos como eram em outros tempos. Considerações Finais Ao passo que a sociedade foi evoluindo, os conceitos de gestão empresarial e também as formas como essa gestão devem ser executadas para trazer resultados positivos para as empresas também foram evoluindo. Bem como vimos, o Direito Empresarial que cresceu fortemente com essa noção de administração empresarial também fora tomando outras formas conforme o direito foi se consubstanciando de maneira mais consciente, tanto que atualmente para se desenvolver o Direito Empresarial, deve-se levar em conta a teoria da empresa. O que retoma um passo importante para a segurança jurídica das empresas e assegura a sua noção de função social. Notadamente, o Direito repercute em vários fatores na atividade empresarial. Como pudemos observar, o administrador não pode somente ter conhecimento sobre os processos inerentes a gestão empresarial no que diz respeito à sua área, mas também precisar ter conhecimento de noções de negócios jurídicos. 13 O que diz respeito sobre contratação, funcionamento, registros e mecanismos legais para a atividade de uma empresa, bem como a manutenção de direitos trabalhistas, de responsabilidade civil e outros, fazem parte do que traduz o Direito como influência dentro das empresas. Uma vez que o administrador negligencia questões como normas e regras do direito, implicações negativas recaem sobre sua atuação, principalmente em caráter econômico por meio de multas e outros. O conhecimento da ciência do Direito pelo Administrador possibilita que ele tenha formas de se preparar antecipadamente para possíveis dificuldades que venha a enfrentar durante sua administração, visto que são vários ramos do Direito que atuam para o auxílio desse trabalho na administração. Tanto em questões de funcionamento, mas, sobretudo, conhecer as normas e regras que cuidam da administração de empresas através do direito traz ao gestor a possibilidade de tanto planejar corretamente sua atuação como também cuidar de direitos e deveres que seus funcionários tenham em face de sua empresa. É claro que existem outros ramos do direito com certa atuação na gestão empresarial que não foram descritos no trabalho, mas consideramos os mais importantes para trabalhar nessa pesquisa. Com efeito, como colocamos sobre a atuação do Direito Ambiental, um ramo essencial nos dias de hoje e com grande preocupação por parte dos empresários ou administradores, de modo que reflete significativamente na reputação da empresa. Sendo assim, cabe ao gestor ficar atento com todos esses ramos e buscar apoiar a empresa de maneira significativa. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. 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