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Esse resumo é uma junção de algumas doutrinas, vídeo aulas, lei seca, casos reais, muitas dúvidas esclarecidas e muito esforço. Antes de Iniciar os estudos serão necessárias algumas ressalvas: Sempre que houver esse raio , significa que o artigo cai em maior incidência no exame da ordem; Estude junto com a lei seca; Atenção aos prazos! Qualquer erro, ressalvas, dicas pelo instagram > @duvidanossadecadadia Bibliografia LIVROS: GOMES, Fábio Bellote. Manual de Direito Empresarial / 7. ed. ver., atual. e ampl. – Salvador: JusPodivm, 2018. (Bibliografia mais utilizada) CRUZ, André Santa. Direito Empresarial / 8. ed. ver. atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método. 2018; TEIXEIRA, Tarcisio. Direito Empresarial Esquematizado / doutrina, jurisprudência e prática: 8ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019; NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Empresarial – 8º Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. SITES: Modelo de Petição Inicial na Falência. JUSBRASIL < https://felipehaas.jusbrasil.com.br/modelos-pecas/349014254/modelo-peticao-inicial- falencia> Administrador judicial da OGX deve receber R$ 560 milhões pelo caso. INFOMONEY < https://www.infomoney.com.br/mercados/administrador-judicial-da- ogx-deve-receber-r-560-milhoes-pelo-caso/> 10 Grandes Empresas que foram a falência. LISTA10 < https://lista10.org/diversos/10-grandes-empresas-que-foram-a-falencia/> 25 empresas que quebraram ou passaram perto disso em 2013. EXAME < https://exame.abril.com.br/negocios/25-empresas-que-quebraram-ou-se-esforcaram- para-isso-em-2013/> https://felipehaas.jusbrasil.com.br/modelos-pecas/349014254/modelo-peticao-inicial-falencia https://felipehaas.jusbrasil.com.br/modelos-pecas/349014254/modelo-peticao-inicial-falencia https://www.infomoney.com.br/mercados/administrador-judicial-da-ogx-deve-receber-r-560-milhoes-pelo-caso/ https://www.infomoney.com.br/mercados/administrador-judicial-da-ogx-deve-receber-r-560-milhoes-pelo-caso/ https://lista10.org/diversos/10-grandes-empresas-que-foram-a-falencia/ https://exame.abril.com.br/negocios/25-empresas-que-quebraram-ou-se-esforcaram-para-isso-em-2013/ https://exame.abril.com.br/negocios/25-empresas-que-quebraram-ou-se-esforcaram-para-isso-em-2013/ Sumário Contexto Histórico ............................................................................................................................ 5 Conceito ........................................................................................................................................... 5 Características ................................................................................................................................... 5 Legitimidade Ativa (Quem pode pedir a falência?) ........................................................................... 6 Legitimidade Passiva (Sujeito a qual o credor irá requerer a falência) ............................................... 7 Inaplicabilidade (Quem não pode pedir falência) ............................................................................... 7 Exemplo de Empresas foram a Falência......................................................................................... 8 Competência ..................................................................................................................................... 8 Não é Exigível ao Devedor ............................................................................................................... 8 Crimes Falimentares ......................................................................................................................... 9 Fundamentos da Falência ................................................................................................................ 10 Efeitos da SENTENÇA Falimentar ................................................................................................. 12 Exemplo de Remuneração de Administrador Judicial .................................................................. 13 Fases do Processo Falimentar .......................................................................................................... 15 Formas de Manifestação do Devedor .............................................................................................. 16 >> Depósito Elisivo ..................................................................................................................... 16 Hipóteses Elisivas ........................................................................................................................... 16 Sentença ......................................................................................................................................... 17 Termo Legal ................................................................................................................................... 19 Massa Falida ................................................................................................................................... 20 Assembleia Geral dos Credores ....................................................................................................... 20 Ineficácia e Revogação de Atos praticados antes da Falência .......................................................... 22 Atos Ineficazes, art. 129, lei 11.101/2005 .................................................................................... 22 Atos Revogáveis, art. 130, lei 11.101/2005 .................................................................................. 23 Realização do Ativo ........................................................................................................................ 24 Modalidades de Alienação do Ativo ................................................................................................ 25 Término da Falência ....................................................................................................................... 25 5 Falência Lei 11.101, de 9 de Fevereiro de 2005 Contexto Histórico Para iniciarmos os estudos sobre falência é necessário entendermos ela historicamente. Segundo diversos autores competentes que tratam do assunto, na Idade Média o falido era considerado um criminoso, consequentemente acarretando penas que vão de prisões até mesmo a mutilações no devedor, como era de costume naquela época aplicar penas com torturas e falência era um delito, não era diferente. Não obstante, nasce a falência Conceito Falência deriva do latim, fallere, significando enganar, fraudar, burlar. Acarretando ao inadimplente das obrigações para com os credores uma mancha vexatória que por sua vez carrega um estigma social, afinal falando em grosso modo a falência é a morte do empresário. Conforme Fábio Bellote Gomes, a falência pode ser definida como um processo de execução coletiva movido contra o devedor que seja empresário, Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) ou sociedade empresária, no qual todos os seus bens são arrecadados para uma venda forçada por determinação judicial, com a distribuição proporcional de seus ativos entre todos os seus credores nos termos da lei. Características 1. Somente se aplica ao devedor empresário, sociedade empresária ou EIRELI; 2. Sua decretação depende de requerimento de um ou mais credores, ou do próprio devedor e excepcionalmente decretada pelo juízo da recuperação judicial; 3. Determina o vencimento antecipado das obrigações do devedor e dos sócios ILImitada e solidariamente responsáveis; 6 4. Suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor; 5. Força Atrativa (vis atractiva): com decretação da falência nasce a força atrativa, ou seja, mesmo que apenas um dos credores requeira a falência, todos os demais credores iram concorrer contra o falido;6. Princípio da Isonomia ou Igualdade entre o Credores (par conditio creditorum): Em primeiro momento essa igualdade é absoluta, no entanto, deixa de ser quando iniciar a classificação de credores para fins de pagamento. Legitimidade Ativa (Quem pode pedir a falência?) >>> Empresário Individual; >>> Sociedade Empresária; >>> EIRELI; >>> O Próprio Devedor (também conhecido como suicídio empresarial); >>> Cônjuge sobrevivente, herdeiro do devedor ou inventariante. IMPORTANTE:*O empresário irregular pode falir, mas NÃO pode pedir falência*, CREDOR só pedirá falência se for empresário REGULAR, devidamente registrado na Junta Comercial. DISPOSITIVO LEGAL: Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. Art. 105. “O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos...” Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; 7 III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV – qualquer credor. § 1º O CREDOR EMPRESÁRIO APRESENTARÁ CERTIDÃO DO REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS QUE COMPROVE A REGULARIDADE DE SUAS ATIVIDADES. Legitimidade Passiva (Sujeito a qual o credor irá requerer a falência) Conforme Fábio Bellote Gomes, i) Devedor empresário; ii) Empresa individual de responsabilidade limitada devedora; iii) Sociedade empresaria devedora; iv) Espólio do devedor empresário falecido. Inaplicabilidade (Quem não pode pedir falência) >>> Empresa Pública >>> Sociedade de Economia Mista >>> Instituição Financeira (Bancos) >>> Cooperativa de Crédito >>> Sociedade de Capitalização >>> Operadoras de Consórcio >>> Seguro >>> Plano de Saúde >>> Entidades de Previdência Complementar DISPOSITIVO LEGAL: TOTALMENTE EXCLUÍDOS Dinheiro Público não vai para lei falimentar!!! PARCIALMENTE EXCLUÍDOS Não podem pedir a falência diretamente, mas podem ir para Liquidação extrajudicial. 8 Art. 2º Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Exemplo de Empresas foram a Falência PARMALAT KODAK VASP Competência Local do principal estabelecimento do devedor, aquele que tem a principal atividade da empresa. E se for uma sociedade com sede no exterior, a competência será na sua filial do Brasil. DISPOSITIVO LEGAL: Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. Não é Exigível ao Devedor O que for gratuito; Despesas que o credor tiver para habilitar a falência (SALVO, custos processuais decorrentes de litígio com o devedor). DISPOSITIVO LEGAL: Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: I – as obrigações a título gratuito; 9 II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, SALVO as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. LEMBRE-SE: EMPRESÁRIO É OBRIGADO A SE REGISTRAR ANTES DE COMEÇAR A ATIVIDADE NA JUNTA COMERCIAL. QUEM É EMPRESÁRIO??? ESTA PREVISTO NO ARTIGO 966 NO CÓDIGO CIVIL, in verbis: Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. EM SUMA: COPA = Circulação de bens e serviços Organizada Produção Atividade ALICE*: Artística Literária Intelectual Científica *Exercício da profissão constituir elemento de empresa. Crimes Falimentares Para o crime falimentar deverá ser pleiteada a ação penal pública Incondicionada, ou seja não vai depender de representação. Não será o juiz empresarial que julgará crimes falimentares, mas sim o Juiz Criminal da mesma jurisdição do juiz empresarial que foi competente pelo processo falimentar. DISPOSITIVO LEGAL: Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta Lei. Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. Após a sentença do processo de falência o devedor será imediatamente intimado pelo Ministério Público, caso haja algum crime falimentar. Havendo crime, o MP dará inicio a AÇÃO PENAL OU ABERTURA DE INQUÉRITO POLICIAL. 10 DISPOSITIVO LEGAL: Art. 187. Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, o Ministério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura de inquérito policial. § 1º O prazo para oferecimento da denúncia regula-se pelo art. 46 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, salvo se o Ministério Público, estando o réu solto ou afiançado, decidir aguardar a apresentação da exposição circunstanciada de que trata o art. 186 desta Lei, devendo, em seguida, oferecer a denúncia em 15 (quinze) dias. § 2º Em qualquer fase processual, surgindo indícios da prática dos crimes previstos nesta Lei, o juiz da falência ou da recuperação judicial ou da recuperação extrajudicial cientificará o Ministério Público. Fundamentos da Falência >>> IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA dos TÍTULOS EXECUTIVOS PROTESTADOS que ULTRAPASSE (MAIOR QUE) 40 SALÁRIOS-MÍNIMOS (cumulativos). Admitindo litisconsórcio ativo, ou seja, poderá mais de um credor pedir a falência. 11 Exemplificando um caso em que cabe litisconsórcio ativo para o pedido de falência... >>> EXECUÇÃO FRUSTRADA, nesse caso não há valor mínimo. >>> ATOS DE FALÊNCIA (inciso III, letra A até G do artigo citado a seguir) DISPOSITIVO LEGAL: Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; III – pratica qualquer dos seguintes atos, EXCETO se fizer parte de plano de recuperação judicial: EMPRESÁRIA MARIA possui uma Nota Promissória de 20MIL JÁ PROTESTADA EMPRESÁRIO JOÃO possui uma Duplicata de 10MIL JÁ PROTESTADA EMPRESÁRIO JOSÉ possui um Cheque de 30 MIL JÁ PROTESTADO CREDORES ENTRAM JUNTOS COM UM PEDIDO DE FALÊNCIA CONTRA A DEVEDORA NO FÓRUM DO PRINCIPAL ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL DE ANTÔNIA(DEVEDORA)DEVEDORA EMPRESÁRIA ANTÔNIA Todos os Títulos de Créditos (ou seja, títulos executivos) dos empresários da situação foram protestados e juntos somam mais de 40 Salários Mínimos. 12 *ATOS DE FALÊNCIA* a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. Efeitos da SENTENÇA Falimentar >>> Inabilitação do Empresário Sai o empresário e entra o Administrador Judicial. O empresário fica inabilitado (bloqueado) de praticar atividades empresariais em qualquer lugar até a sentença das obrigações. *A falência só atingirá os sócios se forem de SOCIEDADE ILIMITADA.* 13 >>> Nomeação do Administrador Judicial O ADMINISTRADOR JUDICIAL será: Profissional Idôneo, preferencialmente Advogado; Economista; Administrador de Empresas; Contados; Pessoa Jurídica Especializada Competirá ao juiz: NOMEAR, DESTITUIR E FIXAR A REMUNERAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL. A REMUNERAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL será fixada da seguinte forma... Exemplo de Remuneração de Administrador Judicial “SÃO PAULO – O administrador judicial da OGX Petróleo (OGXP3) deverá receber até R$ 560 milhões pelo caso. Isso equivale a 5% do total das dívidas da companhia, que atingiram R$ 11,2 bilhões – valor declarado no pedido de recuperação judicial. ... A recuperação da OGX é a maior de toda a história da América Latina.” Dados do Site Infomoney >>> Contratos Bilaterais e Contratos de Concessão Nos contratos bilaterais compete ao Administrador judicial decidir se vai reincidir ou não. Já os contratos de concessão serão extintos. REMUNERAÇÃO ATÉ 5% DO VALOR DE VENDA DOS BENS ATÉ 2% DO VALOR DE VENDA DOS BENS EM CASOS DE MICROEMPRESAS (ME) E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (EPP) 14 Esquematizando... CONTRATOS BILATERAIS Caberá ao administrador judicial se vai ou não reincidir o contrato. CONCESSÃO Extingue-se. DISPOSITIVO LEGAL: Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. § 1º Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência. § 2º Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei. § 3º O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração. § 4º Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas desaprovadas. § 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), NO CASO DE MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE. 15 Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1º do art. 181 desta Lei. Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro. Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê. § 1º O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato. § 2º A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografário. Fases do Processo Falimentar A falência, como instituto jurídico, operacionaliza-se por meio de um PROCESSO ESPECIAL, a que se aplica subsidiariamente as regras do código de processo civil. Conforme Fabio B. Gomes, a falência é dividida em três fases: FASEPRELIMINAR OU DECLARATÓRIA Inicia-se com a decretação da falência, formulado por qualquer credor ou pelo próprio empresário FASE DE ARRECADAÇÃO DE BENS E CLASSIFICAÇÃO DE CRÉDITOS Definição do Ativo e do Passivo do devedor, na qual haverá: a) Arrecadação e a avaliação dos bens integrantes da massa falida; b) Habilitação de créditos existentes contra o falido; c) Elaboração do quadro geral de credores FASE DE LIQUIDAÇÃO OU SATISFATIVA Venda judicial dos bens integrantes do ativo da massa falida e o pagamento proporcional dos credores. *A fase de liquidação terá fim com o encerramento da falência. Devendo, posteriormente, ocorrer a declaração de extinção das obrigações do falido. 16 Obs: NA PETIÇÃO INICIAL, o credor deverá descrever os fatos que, a seu ver, caracterizam a prática de atos de falência, acompanhado de provas que houver e especificando as que serão produzidas que, não obstante, deverão ser evidentes, sob pena de insucesso do pedido. Formas de Manifestação do Devedor Com o pedido de falência efetuado, o devedor será citado, nos termos do art. 98, para apresentar a contestação no prazo de 10 (DEZ) DIAS. DISPOSITIVO LEGAL: Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. >> Depósito Elisivo Na hipótese de o pedido ser baseado a impontualidade, o devedor poderá, no prazo da contestação e independentemente de contestar o feito, depositar o valor em dinheiro correspondente ao total do crédito acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência NÃO será decretada. Esse depósito que o credor fará após o pedido de falência dentro do prazo de contestação é chamado de DEPÓSITO ELISIVO. Com o depósito do valor pleiteado cessa a impontualidade, sendo, assim, elidida (“afastada”) a hipótese de falência. Hipóteses Elisivas São os fundamentos que o devedor pode utilizar em sua contestação, em casos de impontualidade, Art. 96, Lei 11.101/2005, in verbis: “Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: I – falsidade de título; II – prescrição; III– nulidade de obrigação ou de título; IV – pagamento da dívida; 17 V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; VI – vício em protesto ou em seu instrumento; VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado.” ATENÇÃO: A SENTEÇA QUE DECRETA A FALÊNCIA POSSUI NATUREZA PREDOMINANTEMENTE DECLARATÓRIA E CONSTITUTIVA. Sentença DISPOSITIVO LEGAL Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores; II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1º (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência; IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1º do art. 7º desta Lei; 18 V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 6º desta Lei; VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo; VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei; VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei; IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei; X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido; XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei; XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia- geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência; XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. 19 Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores. DISPOSITIVO LEGAL Art. 100. Da decisão que decreta a falência CABE AGRAVO, e da sentença que julga a improcedência do pedido CABE APELAÇÃO. Termo Legal Conforme o autor Fábio B. Gomes, “o termo legal é um lapso temporal considerado pelo juiz e antecedente à falência, que coloca sob suspeição todos os atos praticados pelo falido durando o período de sua abrangência, podendo tais atos serem considerados ineficazes perante a massa falida. Deve ser fixado pelo juiz, nos termos do art. 99, II, com a designação da data em que se tenha caracterizado o estado falimentar, podendo retroagir até 90 DIAS, contados: a) Pedido de Falência; b) Do primeiro protesto por falta de pagamento; c) Pedido de Recuperação Judicial.” A B C Falência Pedido de Falência VOLTA 90 DIAS Falência 1º Protesto por falta de pagamento VOLTA 90 DIAS Falência VOLTA 90 DIAS Pedido de Recuperação Judicial 20 Massa Falida A massa falida é o conjunto de bens e direitos do falido. Portanto, a massa falida compreende o Ativo (bens e créditos) e o Passivo (débitos) do falido, que passa a ser administrado e representado pelo administrador judicial. Assembleia Geral dos Credores Presidida pelo Administrador Judicial, a assembléia dos credores é um órgão de deliberação coletiva, que reúne a maioria das classes de credores. Deve ser convocada pelo juiz por edital publicado no Diário Oficial e em jornais de grande circulação, nas localidades de sede e filial. Composta pela seguinte classe de credores: PAGAMENTO DOS CREDORES PRIMEIRO PAGAMENTO Pré-Falência SEGUNDO PAGAMENTO Pós-Falência EXTRACONCURSAL CONCURSAL 1- Administrador Judicial, Trabalhista e Acidente de trabalho* (lembrando que: até 5% do valor de venda e para ME e EPP ate 2%) 1- Trabalhista (até 150 Salários- Mínimos) + Acidente de trabalho (não tem limites de salários)* 2-Empréstimo credor* 2- Garantia Real (Bancos) 3-Despesas da Administração da massa 3- Tributários (a sobra vai para classe 7 – multa) 4-Custas vencidas da massa 4- Privilégios Especiais 5-Tributários 5- Privilégio Geral 6- Quirografários* (toda sobra das classes anteriores param aqui, exceto tributários) 7- Multas 8- Subordinados (sócios) (créditos de sócios, sócios que emprestaram dinheiro para a sociedade) 21 Obs1: Caso o valor a ser pago para a classe trabalhista (Concursal – 1) ultrapasse 150 Salários Mínimos, o que restou para ser pago excedente de 150 Salários Minimos irá ser pago junto com a classe dos Quirografários (Concursal – 6 ) Obs2: Se o trabalhista (Concursal – 1) vender o seu crédito a um terceiro, deixará de ser o primeiro a receber e passará para o 6º lugar, os quirografários. Obs3: No Extraconcursal 1, a parte de trabalhista são aqueles trabalhadores que ficaram trabalhando para a empresa com o administrador judicial, mesmo sabendo que iria fali, ou seja, continuaram trabalhando para massa falida. Obs4: (Extraconcursal – 2 ) Credores quem emprestam dinheiro para massa falida No entanto, haverá aqueles que terão preferência sobre tudo e sobre todos, aqueles que deverão ser pago antes de tudo, são eles: 1- Despesas Essenciais (Art. 150) Por exemplo: contas de energia que estão atrasadas. 2- Trabalhista (Art. 151) Por exemplo: três últimos salários, limitados a 5 salários-mínimos por trabalhador. 3- Restituição (Art. 85) O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição DISPOSITIVO LEGAL Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: I – se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o requerentereceberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o respectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado; II – da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma do art. 75, §§ 3º e 4º , da http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4728.htm#art75%C2%A73 22 Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente; III – dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé na hipótese de revogação ou ineficácia do contrato, conforme disposto no art. 136 desta Lei. Parágrafo único. As restituições de que trata este artigo somente serão efetuadas após o pagamento previsto no art. 151 desta Lei. Ineficácia e Revogação de Atos praticados antes da Falência Com a preeminência de ser um falido pode o devedor, devido a pressão dos acontecimentos, alienar seus bens patrimoniais, seja movido pelo ímpeto de liquidar precipitadamente seu ativo, agindo de boa-fé para pagar seus credores, seja pelo desejo de obter vantagem patrimonial indevida para si à custa do patrimônio empresarial em vias de ser absorvido pela massa falida. Diante disso, a Lei de Recuperação Judicial e Falência prevê determinadas medidas judiciais com a finalidade de evitar ou reprimir a práticas de tais atos. OBS: Não se trata da nulidade ou anulabilidade judicial do ato, pois o ato permanece válido. Atos Ineficazes, art. 129, lei 11.101/2005 I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4728.htm#art75%C2%A73 23 IV – A PRÁTICA DE ATOS A TÍTULO GRATUITO, DESDE 2 (DOIS) ANOS ANTES DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA; V – A RENÚNCIA À HERANÇA OU A LEGADO, ATÉ 2 (DOIS) ANOS ANTES DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA; VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos; VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. OS ATOS INEFICAZES SÃO DECLARADOS EX OFFICIO PELO JUIZ ALEGADA EM DEFESA OU PLEITEADA MEDIANTE AÇÃO PRÓPRIA OU INCIDENTALMENTE NO CURSO DO PROCESSO. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes retornarão ao seu estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor. Bem como, é garantido ao terceiro de boa-fé, a QUALQUER tempo, propor ação por perdas e danos contra o devedor ou seus garantes. Conforme art. 136, caput e 136, §2º da Lei 11.101/2005 Atos Revogáveis, art. 130, lei 11.101/2005 a) Concluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar; b) Efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. DISPOSITIVO LEGAL 24 Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. Caso comprove realmente que houve atos passiveis de revogação, deverá ser pleiteada a AÇÃO REVOCATÓRIA perante o juízo que ocorreu a decretação da falência, na qual quem tem Legitimidade ativa para a propositura da ação revocatória, no PRAZO DE TRÊS ANOS contados da decretação da falência são: a) Administrador Judicial; b) Qualquer credor; c) O representante do Ministério Público. A sentença que julgar PROCEDENTE a ação revocatória, determinará o retorno dos bens à massa falida em espécie com todos os acessórios, ou o valor de mercado, ACRESCIDOS DE PERDAS E DANOS. O juiz poderá, a requerimento do autor da ação revocatória, ordenar como medida preventiva [periculum in mora / fumus boni iuris], na forma da lei processual civil, o SEQÜESTRO DOS BENS retirados do patrimônio do devedor que estejam em poder de terceiro. Conforme Art. 132, 134 e 135 Lei 11.101/2005 Realização do Ativo A realização do ativo é regida pelo intuito de obter o máximo de dinheiro possível com a liquidação do ativo para que o maior número possível de credores possa ser pago de acordo com a ordem legal. Inicia-se logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência: 1º - alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; 25 2º – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; 3º – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; 4º – alienação dos bens individualmente considerados. Conforme Art. 140, Lei 11.101/2005 Modalidades de Alienação do Ativo A) Leilão B) Propostas fechadas C) Pregão Conforme Art. 144, Lei 11.101/2005 Término da Falência O término da falência compreende duas fases distintas: 1- O encerramento do processo falimentar Tendo sido concluída a realização de todo o ativo e distribuído o produto entre credores, mesmo que este não tenha sido suficiente para o pagamento de todo o passivo, o administrador judicial deverá apresentar suas contas ao juízo falimentar no PRAZO DE 30 DIAS contados do término do pagamento. (art.154) 2- Extinção das obrigações do falido. São causas de extinção das obrigações do falido: I – o pagamento de todos os créditos; II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia 26 necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei. Conforme art. 158, Lei 11.101/2005
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