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gestão empresarial Gestão Financeira custo de capital 15 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da Unidade o aluno deverá ser capaz de compre- ender o conceito de custo de capital, bem como enten- der como é calculado e as medidas de suas variáveis. COmpetênCias Caracterizar os diferentes tipos de custo de capital. Habilidades Explicar o custo de capital de terceiros e os custo de capi- tal próprio. gestão Financeira custo de capital ApresentAção A Unidade traz para o aluno informações o qual vai saber apresentar o conceito de custo de capital, bem como en- tender como é calculado e as medidas de suas variáveis. Caracterizar os diferentes tipos de custo de capital e explicar o custo de capital de terceiros e os custo de ca- pital próprio. pArA ComeçAr Nesta Unidade falaremos sobre custo de capital. Assim como os investimentos são muito bem analisados antes de serem feitos, a captação de dinheiro para a empre- sa também deve ser. A taxa de juros e outras variáveis devem ser levadas em consideração e, após escolher a mais adequada, essa será a utilizada. FundAmentos 1. razões para estUdarmOs O CUstO de Capital Entender o custo de capital de uma empresa é essencial, sabendo que há muitas decisões a serem tomadas e que o custo de capital afeta sua lucratividade. 2. CUstO de Capital O custo total de capital está associado à taxa de retorno exigida de um investimento. Ao tomar uma decisão de investimento, a empresa deve recorrer ao mercado de capitais para buscar fi- nanciamento. O retorno exigido pelos proprietários desses recur- sos (credores e acionistas) é a base de estimar o custo de capital. (ASSAF, 2009) Para determinar o custo de capital é necessário estimar- mos o risco do investimento. Para isso devemos analisar Gestão Financeira / UA 15 Custo de Capital 4 os componentes que formarão o capital (ações, dívidas, lucros retidos). Existem muitas formas de calcular o custo do capital que dependem das variáveis utilizadas pelo gestor analista. A taxa de juros é um importante instrumento de política econômica utilizada pelos governos. Em economias emergentes, a prática de altas taxas de juros tem sido usada para atrair capital externo. (...) quanto maiores forem as incertezas, maiores serão os riscos e, portanto, maiores deverão ser os retornos dos investimentos. As taxas de juros determinam o custo do capital e flutuam muito no longo prazo, o que dificulta a estimativa das taxas futuras. (HOJI, 2008) 3. CUstO médiO pOnderadO de Capital Conhecido como CMPC ou WACC (Wheighted Average Cost of Capital) é a média entre capital de terceiros e capital próprio de uma companhia. No processo, você deve utilizar valores atuais de mercado, no lugar dos valo- res constantes do balanço patrimonial. Vamos a um exemplo prático: A empresa ALFA tem como principal atividade fabricar peças para a montagem de veículos. Decide aumentar sua produção comprando equi- pamentos mais modernos. Para efetivar essa compra, é necessário veri- ficar quais as melhores fontes de captação de recursos disponíveis. De acordo com sua estrutura atual de capital, montou os relatórios: ativo passivo Circulante 450 Circulante 600 Realizável a longo prazo 300 Fornecedores 150 Permanente 2250 Financiam internacionais 450 Exigível a LP 900 BNDES 750 Debêntures 150 PL 1500 Total 3000 Total 3000 abertura de endividamento Dívida de CP Financiamentos internacionais 19% a.a. Exigível a LP Gestão Financeira / UA 15 Custo de Capital 5 abertura de endividamento BNDES 12% a.a. Debêntures* 15% a.a. Taxa de IR 33% *prazo médio de 4 anos composição do capital social Ações ordinárias 1500 Última cotação em Bolsa $1,5 por ação CAPM 17% a.a. cálculo do custo médio da dívida montante a % juros b Financiamentos Internacionais 450 0,19 85,50 BNDES 750 0,12 90,00 Debêntures 150 0,15 22,50 Total 1350 - 198,00 Custo médio da dívida A/B 14,67% Custo médio da dívida – Líquido de IR 14,67 ( 1-33% ) 9,82% cálculo do custo médio ponderado do capital montante a custo part % custo médio Patrimônio líquido $1500 17% 52,6 8,94% Dívida $1350 9,82% 47,4% 4,65% Total $2850 - 13,59% Esta metodologia apresenta duas falhas: nem os debêntures nem o patri- mônio líquido foram ajustados a valor de mercado. Aqui seguem as correções: ajuste do patrimônio líquido a valor de mercado Nº de ações – A 1500 Cotação – B $1,50 Valor de mercado (A × B) $2250 Gestão Financeira / UA 15 Custo de Capital 6 ajuste do valor das debêntures* Valor nominal $150,00 Deságio oferecido no mercado secundário – 2% ($3,00) Custos – corretagem + taxas diversas – 1,0% ($1,50) Valor de mercado – final $145,50 *simplificado ajuste do custo das debêntures Valor atual $145,50 Pagamento de juros – Ano 1 ($22,50) Pagamento de juros – Ano 2 ($22,50) Pagamento de juros – Ano 3 ($22,50) Pagamento de juros e principal – Ano 4 ($168,00) Custo médio efetivo do título 16,07% Com relação a taxa: anos 0 1 2 3 4 Juros 22,50 22,50 22,50 22,50 Principal 150,00 Total 22,50 22,50 22,50 172,50 Valor Líquido 145,50 Pela calculadora HP-12-C: 145,50 CHS g CFo 22,50 g CFj 3 g Nj 172,50 g CFj f IRR......16,07% ajuste do cálculo do custo médio da dívida montante a % juros b Financiamentos Internacionais 450,00 0,19 85,50 BNDES 750,00 0,12 90,00 Debêntures 145,50 0,16 23,28 Gestão Financeira / UA 15 Custo de Capital 7 ajuste do cálculo do custo médio da dívida montante a % juros b Total 1345,50 - 198,78 Custo médio da dívida A/B 14,78% Custo médio da dívida – Líquido de IR 14,78 ( 1-33% ) 9,90% cálculo do custo médio ponderado do capital montante – a custo part % custo médio Patrimônio líquido 2250,00 17,00% 62,58% 10,64% Dívida 1345,50 9,90% 28,50% 2,82% Total 4720,50 - 100,00% 14,34% Concluímos que o ajuste do patrimônio líquido elevou substancialmente a sua participação no cálculo do CMPC. Como o CCP é mais elevado, esse fator incrementou a taxa final de 13,59% para 14,34%. Você pode pensar depois de analisar a questão, que um projeto 100% alavancado resultaria maior retorno aos acionistas, visto que seu custo será menor. Lembre-se que o aumento exagerado da dívida da empresa aumenta seu risco no mercado, o que acarreta na diminuição de sua taxa de desconto (elevação do índice beta). O ajuste do CMPC deve ser feito a cada ano, conforme seus compro- missos são saldados e sua geração de caixa aumenta. 4. CUstO de Capital de terCeirOs Capital de terceiros são empréstimos que a empresa faz para investir em alguma melhoria interna através de financiamentos. O custo da dívida representa o custo futuro da dívida atual e de novos endividamentos no longo prazo. Ou seja, uma análise de custo de capital deverá levar em consideração seu custo marginal. O custo de terceiros é representado por: CCT = Ce × (1 - IR) Onde: CE = custo do empréstimo IR = alíquota de Imposto de Renda Gestão Financeira / UA 15 Custo de Capital 8 O custo do financiamento com capitais de terceiros acaba sendo mais vantajoso do que o uso de capital próprio, porque além de deduzir o pa- gamento de juros do imposto de renda da empresa, os portadores de títulos de dívida exigem um retorno menor do que exigem os acionistas (dividendos e bonificações). Atenção Por que o Capital próprio é mais caro para a empresa do que capital de terceiros? Para responder a essa pergunta leia abaixo: Segundo Assaf (2009) há duas razões que justificam essa diferença. Pri- meiro, o retorno do acionista está vinculado ao sucesso dos negócios, se a empresa não gerar lucros suficientes ou tiver prejuízo, o acionista também perde dinheiro, pois quando compra ações de determinada em- presa, está assumindo esse grande risco, motivo pelo qual são mais bem remunerados. Já estudamos que quanto maior o risco, maior a taxa de juros recebida. A outra forma que justifica o menor custo de capital de terceiros, é o benefício fiscal. Sabendo que o pagamento necessário ao capital próprio é o lucrolíquido, determinado após a dedução do imposto de renda, e, em contrapartida, o pagamento ao credor são os juros, sendo dedutíveis para o cálculo do imposto de renda. Portanto, a empresa devedora aproveita um benefício fiscal ao calcular os encargos financeiros de sua dívida. 5. CUstO de Capital própriO É o retorno mínimo que os acionistas exigem de seu capital investido na empresa. Equi- vale ao rendimento mínimo que a empresa deve obter para remunerar seus acionistas e manter o preço de mercado de suas ações. ( ASSAF E LIMA, 2009) O acionista espera um retorno, devido ao risco que corre ao investir em determinada empresa. Esse custo é estimado pelo CAPM (Capital Asset Pricing Model). Uma análise de custo de capital deve levar em considera- ção um custo marginal e não o custo presente. Calcular o custo do capital próprio é considerado uma tarefa difícil por- que além de ter que escolher um modelo entre tantos disponíveis, os ele- mentos necessários para a estimativa são previsões, ou seja, nem sempre serão efetivamente verdadeiros. Gestão Financeira / UA 15 Custo de Capital 9 5.1. Método do fluxo de caixa descontado Baseia-se no pressuposto de que o valor de uma ação é igual ao valor presente de todos os fluxos futuros esperados de dividendos, considerando um período de tempo indeterminado (infinito). (ASSAF E LIMA, 2009). Há uma grande dificuldade na utilização desse método na prática, que é estimar valores futuros de caixa, prevendo dividendos, principalmente por prazo indeterminado. 5.2. Modelo caPM (caPital asset Pricing Model) O acionista investe em uma empresa à espera de retorno, correto? Custo do capital próprio (CCP) será a denominação dessa taxa de retorno. CCP é o valor mínimo esperado pelos acionistas. Mínimo esperado, não desejado, ou seja, o retorno esperado será maior do que o valor mínimo. Esse retorno mínimo leva em consideração dois fatores: remuneração pela espera e remuneração pelo risco. O primeiro é a remuneração justificada pelo sacrifício do consumo pre- sente, esperando um benefício futuro. É referenciada pela taxa base de juros de um investimento livre de riscos (poupança). O segundo é a combinação de dois riscos: o risco diversificável + risco não diversificável. O risco diversificável pode ser eliminado pela diversificação, então con- cluímos que o único risco relevante é o não diversificável. 5.2.1. Coeficiente Beta É o coeficiente utilizado para medir o risco não diversificável, represen- tado por β. Mede a relação entre o retorno de um ativo e o retorno do mercado, que é o retorno de todas as ações negociadas no mercado, ou seja, o índice BOVESPA. 5.2.2. Equação CCP = RLR + [β × (RM - RLR)] Onde: CCP = retorno exigido pelo capital próprio ou sobre um ativo RLR = retorno oferecido por um ativo livre de risco Gestão Financeira / UA 15 Custo de Capital 10 β = índice de risco não diversificável RM = retorno de mercado, de uma carteira de ativos ou retorno do índice BOVESPA Exemplo: RLR = 6,0% β = 1,0 RM = 11,0% CCP = 6,0 + [1,0 x (11,0 - 6,0)] CCP = 6,0 + 5,0 = 11,0% Interpretação: β x (RM – RLR) é o prêmio pelo risco. A porção do prêmio pelo risco (RM – RLR) é chamada de prêmio pelo risco de mercado, uma vez que representa o prêmio que o investidor deve receber por tomar um mon- tante médio de risco associado com a manutenção da carteira de ativos de mercado. Se o beta fosse maior, o resultado final seria acima do risco de merca- do, portanto mereceria um retorno superior ao do mercado. antena pArAbóliCA Todo o conteúdo desta Unidade será usado massiva- mente pelo gestor. Toda vez que precisar de captação de recursos, o processo aprendido até aqui será de ex- trema importância. O objetivo de ter uma empresa é o lucro, certo? Sem- pre que uma empresa julgar necessário expandir seus negócios, visando o aumento de lucro, o gestor terá que fazer a análise do balanço atual da empresa, medir o WACC, calcular o valor do capital de terceiros e do ca- pital próprio, juntar essas informações e analisá-las, até encontrar a forma mais adequada de conseguir o capital necessário. Você está sendo preparado para exercer es- sas funções. e AgorA, José? Agora que você já sabe que o capital próprio é sempre mais caro que o capital de terceiros, sabe encontrar o WACC de uma empresa, calcular o custo dos capitais e analisar os números para tomar decisões melhores, chegou a hora de aprender sobre a estrutura financeira do capital. Gestão Financeira / UA 15 Custo de Capital 12 glossário Risco diversificável: parcela do risco de um ativo que está associado às características deste ativo e pode ser eliminado pela diver- sificação. Risco não diversificável: fatores de mercado que afetam empresas e não podem ser elimi- nados através da diversificação, como guer- ra, greves, crises. Custo de oportunidade: taxa de rendimento da melhor alternativa de investimento dis- ponível, ou o mais alto rendimento que não será ganho se os fundos forem investidos em um projeto ou título específico. Lucro líquido: é o valor que sobra das vendas menos todos os custos e despesas. CVM (Comissão de valores mobiliários): ór- gão federal normativo, criado em 1976, jun- tamente com o CMN (Conselho Monetário Nacional), para desenvolver, disciplinar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro ou pelo tesouro – basicamente o mercado de ações e debêntures. reFerênCiAs ASSAF, A.; LIMA, G. G. �Curso de Administração Financeira. Atlas, 2009. HOJI, MASAHAzu. �Administração financeira e Orçamentária. Atlas, 2008. LEONE, G. S. G.; LEONE, R. J. G. �Dicionário de Custos. Atlas, 2004.
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