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gestão empresarial Gestão Financeira administração de capital de giro: administração de estoques 12 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da Unidade o aluno deverá ser capaz de compre- ender a dinâmica de gerenciamento do estoque minimi- zando os custos de manutenção e armazenagem. COmpetênCias Auxiliar na gestão de giro de estoque com eficiência e eficácia sem perder vendas. Habilidades Atuar como assessor nas questões relacionadas a esto- ques frente aos objetivos da empresa. gestão Financeira AdministrAção de cApitAl de giro: AdministrAção de estoques ApresentAção Nesta Unidade você vai entender a dinâmica de geren- ciamento do estoque minimizando os custos de manu- tenção e armazenagem. Auxiliar na gestão de giro de estoque com eficiência e eficácia sem perder vendas e atuar como assessor nas questões relacionadas a estoques frente aos objetivos da empresa. pArA ComeçAr Na Unidade 11 você aprendeu a importância da adminis- tração do capital de giro e quais contas devemos estar atentos, como a administração do caixa em uma orga- nização e também alguns instrumentos que auxiliam o gerente financeiro no processo de gerenciamento das finanças, já na Unidade 12 você teve a oportunidade de estudar sobre as políticas e instrumentos para adminis- trar as contas a receber da empresa, construiu modelo de política de crédito para a sua empresa, dando con- tinuidade nos estudos da administração de capital de giro nas empresas, nesta Unidade você vai observar que além do caixa, das contas a receber é importante saber gerenciar mais uma conta do ativo circulante para me- lhorar a liquidez da organização, esta é a conta de esto- que, ou seja, a administração de estoques. As empresas mostram-se atualmente muito preocu- padas com o custo do dinheiro empregado para adquirir e manter estoques, o custo de estocagem, o custo do seguro, o custo de furto insignificante e o custo da obso- lescência, ente outros custos que serão estudados nesta Unidade. Desta feita, manter um estoque de $ 100 por ano chega-se a ter um custo de $25 a $35. Com esses custos, a manutenção de estoques excessivos pode lite- ralmente arruinar uma empresa. Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 4 Por outro lado, a insuficiência de estoque pode levar a perdas de ven- das, a interrupções na produção, de forma que a escassez pode ser tão prejudicial quanto ao excesso. Assim, o objetivo desta Unidade é examinar os fatores que as empresas levam em conta quando estabelecem suas políticas de gerenciamento de estoques, você vai observar que o controle efetivo do estoque geralmente não está sob o controle do gerente financeiro, está no gerenciamento do pessoal da produção e vendas, contudo, o gerente financeiro está vital- mente preocupado com os níveis de estoques, pois tem a responsabilida- de de acompanhar fatores que afetam a lucratividade da empresa. A administração do estoque também tem efeito sobre o ciclo de caixa, e um dos componentes do ciclo de caixa e o prazo de conversão do esto- que em vendas. FundAmentos 1. administraçãO de estOqUes Normalmente nas organizações a administração (planejamento e contro- le) dos estoques mantidos por uma empresa não fica sob a supervisão di- reta do pessoal da gestão financeira. Entretanto, constituem os estoques uma modalidade de investimento de recursos pelas empresas, poden- do representar uma elevada proporção dos ativos totais. (MEGLIORINI; VALLIM, 2009). Como a gestão financeira preocupa-se, dentre outras coisas, com a boa aplicação de recursos em geral, a administração de estoques possui as- pectos financeiros que exigem o contato desta área com os responsáveis diretos pela sua gestão. Nas empresas em geral, os estoques formam um elo entre as etapas de aquisição e venda (empresas comerciais) e as de aquisição, transformação e venda (empresas industriais). A manutenção de estoques em qualquer dos momentos do processo formado por essas etapas é uma condição extremamente importante para a flexibilidade operacional da empresa. (ROSS, 2008). Em termos amplos, os estoques, tal como acontece com disponibilida- des, funcionam como amortecedores das entradas e saídas entre duas etapas dos processos de comercialização e produção. Assim sendo, os estoques podem contribuir para minimizar os efeitos de erros de planejamento e oscilações inesperadas de oferta e procura, Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 5 bem como para ajudar a isolar ou diminuir a interdependência de todas as partes da organização. O fluxo físico dos materiais e produtos mantidos em estoque constitui uma área cuja administração fica em geral subordinada aos setores de compras e fabricação (almoxarifado) nas empresas. Para esses setores, portanto, o objetivo natural pode envolver decisões conducentes a estoques mais elevados, por exemplo, do que admitiria a gestão financeira. Esta deseja apenas o investimento adequado num tipo de ativo destinado a sustentar indiretamente a obtenção de lucro, visando com isso facilitar o fluxo físico de produção e comercialização. Como veremos, o objetivo básico da gestão financeira é conciliar essas necessidades de outras áreas funcionais com a sua meta de minimização de investimentos em ativos não diretamente geradores de lucro. Pode-se resumir a explicação da existência de investimentos em esto- ques declarando que o volume de estoques (em geral, pois cada tipo será tratado especificamente a seguir) é função do volume de vendas projeta- do para o futuro próximo (MEGLIORINI; VALLIM, 2009). Além disso, o volume de estoques mantidos por uma empresa deve depender dos itens abaixo: a. Da disponibilidade relativa dos itens necessários, isto é, da rapidez com que podem ser obtidos; quanto mais fácil for esse acesso, natu- ralmente o estoque necessário, de qualquer tipo, deverá ser menor; b. Da duração do ciclo de produção no caso de empresa industrial; quanto mais longo for esse ciclo, maior tenderá a ser a necessidade de estoques de matéria-prima e produção em andamento; c. Dos hábitos de compra dos clientes, pois a maior previsibilidade das encomendas poderá permitir a redução relativa dos investimentos em estoques; d. Da durabilidade dos itens estocados, em vista da possibilidade de que sejam perecíveis ou deterioráveis, ou da situação em que o item estocado esteja sujeito a mudanças rápidas de estilo ou moda. Em ambos os casos, manter estoques significativos não é aconselhável, pois o risco de perda parcial ou total do investimento é excessiva- mente alto. 2. mOtivOs da aCUmUlaçãO de estOqUes Podemos distinguir também entre razões ou causas internas e externas na empresa para que o investimento em estoques alcance determinados níveis. (GITMAN, 2009) Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 6 No primeiro grupo (causas internas), estamos incluindo principalmente os ditames da tecnologia de produção e/ou comercialização utilizada pela empresa, além do que a sua administração decide fazer em vista dos cus- tos e benefícios decorrentes da situação particular enfrentada. O problema reside na relação entre produção e venda, no caso dos estoques de produto acabado numa empresa industrial, ou na relação entre compras de mercadorias e sua revenda, no caso de uma empre- sa comercial. Em principio, a programação da produção deveria acompanhar as ven- das, com o que eliminaríamos os estoques e os investimentos por eles exi- gidos. Entretanto, o administrador da produção tem como objetivo pro- porcionar à empresa o volume de bens necessários para que seja atingido o nível de vendas projetado ao custo de produção mais baixo possível. Por sua vez, o custo de produção depende, entre outras coisas, do pró- prio volume e do ritmo da produção, e não das vendas. Estas podem ser irregulares, e as exigências de eficiência na produção podem recomendarum programa de produção uniforme, isto é, a nível constante. Com vendas irregulares, esse procedimento significa estoques máxi- mos nas condições enfrentadas pela empresa, mas tende, a reduzir sig- nificativamente os custos de mão de obra, eliminando horas-extras e contratações e demissões frequentes; tende a permitir a compra de ma- térias-primas em melhores condições, além de reduzir perturbações do processo fabril. Este procedimento é mais apropriado para empresas com linhas de montagem de funcionamento contínuo, em que o custo dessas perturba- ções pode ser muito alto. Esse procedimento está representado graficamente na Figura 1. produção v en d a s A CB No caso acima, a produção supera as vendas até o ponto A. Até aí os es- toques são acumulados para permitir o atendimento do pico secundário das vendas (entre A e B). Essa acumulação volta a ocorrer após o ponto B Figura 1. Vendas Irregulares e produção uniforme. Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 7 (até o ponto C), que pode representar, por exemplo, o início de um pico sazonal durante o ano (festas de fim de ano, digamos). Outra possibilidade, em face da irregularidade das vendas, consistiria em programar a produção por ciclos de utilização do equipamento ou de mão de obra especializada; em cada ciclo, a empresa concentrar-se- -ia num produto, transferindo mais adiante os seus recursos para ou- tros produtos. Neste caso, também haveria formação de estoques, sendo o procedi- mento mais apropriado para empresas de produtos diversos, mas basea- dos em tecnologia semelhante. Há, por fim, o caso extremo de produção conforme as vendas; neste caso os estoques são minimizados, como já salientamos, mas outros cus- tos se elevam, em consequência de prejuízos decorrentes da flexibilidade da produção. Tal procedimento pode ser mais adequado num caso par- ticular de empresa que opera sob encomenda e possui fácil acesso aos itens necessários ao seu atendimento. A influência do comportamento dos clientes já foi mencionada: pode ser exercida através da estabilidade ou previsibilidade de suas compras. Quanto ao estado da economia; podemos ter um caso em que uma fase ascensional cíclica (economia em expansão) obrigue a manutenção de estoques cada vez maiores, já que, como vimos, o seu nível está condi- cionado a expectativas de vendas futuras. Em contrapartida, podemos verificar uma rápida liquidação de esto- ques com a antecipação ou o inicio efetivo de uma recessão. Além disso, movimentos de preços dos itens envolvidos podem levar a compras ou acumulações além do que determinaria qualquer modelo de otimização, do investimento em estoques. Isso ocorre, por exemplo, quando é sabido que deverá haver majoração do preço de um item. 3. tipOs de estOqUes Em acréscimo ao que foi discutido acima, deve-se levar em conta, ao fa- larmos em estoques, que estamos agrupando matérias-primas, produção em andamento e produtos acabados, no caso de uma empresa industrial. (ROSS, 2008) Segundo Megliorini; Vallim (2009) do ponto de vista do administrador financeiro, são itens que possuem não só valores investidos diferentes, mas, fundamentalmente, são itens de liquidez diversa (com possibilida- des distintas de transformação em dinheiro, portanto), talvez na seguinte ordem decrescente em termos de liquidez: Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 8 a. Produtos acabados, que poderiam ser vendidos dentro do proces- so normal de comercialização. Entretanto, em caso de liquidação, o desconto necessário pode ser significativo; b. Matérias-primas, dependendo de sua adequação a outras empresas; c. Produção em andamento, de difícil realização, por exigir processa- mento adicional, mesmo que não seja exclusivamente adequada a empresa considerada. Segundo os autores Megliorini; Vallim (2009) e Sanvicente (2007), são apresentados a seguir alguns dos fatores condicionantes do investimento em cada tipo de estoque. 3.1. Matéria priMa Este tipo de item tende a ser afetado pelos volumes previstos de produ- ção, pela própria sazonalidade relativa da produção e pela segurança das fontes de suprimento. 3.2. produção eM andaMento O principal fator condicionante é a duração do processo de produção; o número de etapas para a transformação de matérias-primas em produtos acabados também é elemento importante que pode ser ampliado quando várias etapas são cumpridas em fábricas diferentes. 3.3. produtos acabados O fator fundamental, admitindo-se vendas irregulares, é a coordenação entre a programação da produção (uniforme, em ciclos, ou sincronizada com as vendas) e as exigências para atendimento de clientes. O risco de falta e as perdas daí decorrentes desempenham papel pre- ponderante, bem como as exigências de uma produção eficiente e a cus- to baixo. No caso particular de empresas comerciais, o segundo tipo de produ- ção em andamento inexiste. Passamos apenas a uma conciliação entre objetivos compra, de um lado, e exigências de venda, de outro. Para os estoques dessas empresas são apropriadas as mesmas observações fei- tas para estoques de produtos acabados, excetuando-se a questão da programação da produção e de matérias-primas. No caso presente, os objetivos de eficiência passam a valer em termos de possibilidades de descontos nas aquisições, de relativa facilidade de suprimento etc.; ou seja, as considerações relevantes ao item matéria- -prima da empresa industrial. Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 9 4. CUstOs assOCiadOs a manter estOqUes Para o gestor financeiro, segundo Ross (2008) o objetivo básico em re- lação aos estoques é minimizar as necessidades de investimento nesse tipo de ativo, pois, esse investimento, além de reduzir a rotação geral dos recursos comprometendo a rentabilidade geral da empresa, também pro- duz: custos decorrentes de sua manutenção. Administrar ativos de qualquer tipo é basicamente um problema de tipo estoque, o mesmo método aplica-se a disponibilidades e ativos fixos, bem como aos próprios estoques. Em primeiro lugar, um saldo básico deve estar disponível para equili- brar as entradas e saídas de itens, dependendo o saldo dos padrões dos fluxos, se regulares ou irregulares. Em segundo lugar, como o imprevisto sempre pode ocorrer, é necessá- rio ter alguns, saldos de segurança à mão. Representam aquele montante extra, necessário para evitar os custos de falta, para atender as exigên- cias correntes. Em terceiro lugar, montantes adicionais, podem ser exigidos para aten- der necessidades futuras crescentes. São saldos de antecipação. Relacio- nado aos saldos de antecipação está reconhecimento de que há lotes óti- mos de aquisição, definidos como quantidade econômica de compra. Portanto, admitidos os benefícios proporcionados pela manutenção dos estoques, ao administrador financeiro compete verificar que as exi- gências sejam atendidas ao menor custo possível em termos de recursos monetários da empresa. Dar a ideia de estoques minimizadores de cus- tos. (ROSS, 2008) Os custos relacionados aos estoques podem ser enquadrados em duas categorias: a. Os que são diretamente proporcionais ao volume mantido em esto- que e que chamamos de custos de manutenção ou armazenagem; b. Os que são inversamente proporcionais a esse volume, representan- do os prejuízos da empresa em consequência da falta de estoques para um fim ou outro (produção ou venda). No contexto da discussão precedente, correspondem à não concretização dos benefícios resultantes da manutenção de estoques. São chamados de custos de obtenção. Assim, o problema é equilibrar ou conciliar duas situações de perigo para a empresa, a saber, a existência de estoques inadequados que po- deriam perturbar, a produção e/ou provocar perdas de vendas, de um lado, e a existência de estoques excessivos levando a custos elevados de Gestão Financeira / UA 12Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 10 armazenagem, capital, riscos de obsolescência, entre outras coisas, de ou- tro lado. Logo a seguir, apresentaremos um modelo formal para a otimização de procedimentos em face desse conflito. Mais dois aspectos poderiam ser salientados na administração finan- ceira, de estoques. Um deles é o aspecto de liquidez desse tipo de ativo. (ROSS, 2008) De todos os grupos de ativos correntes, os estoques, qualquer que seja o seu tipo, são os de realização mais problemática, não só pela dificuldade em vendê-Ios, principalmente em caso de liquidação forçada, como devi- do ao risco de prejuízo, comparando-se os gastos neles efetuados com os preços de venda disponíveis. Quando analisamos a disponibilidade, deve ser excluídos os estoques de medidas da capacidade de liquidação de dívidas a curto prazo por uma empresa embora representem significativa parcela do capital de giro dela. Pode-se ter uma situação de liquidez exagerada, ou seja, a excessiva imobilização do capital ou bens (estocados, no caso), que são passíveis de transformação em moeda, mas não com a rapidez suficiente para o pagamento de dívidas. Deve-se, isto sim, manter o nível necessário às operações, mas procuran- do trazê-lo o mais depressa possível para mais perto da situação de caixa, transformando os estoques em contas a receber, e estas em dinheiro. O outro problema é a preocupação com a adoção de procedimentos para um bom controle de estoques. (MEGLIORIN; VALLIM, 2009) 5. COntrOle de estOqUes Para controlar bem os estoques, mais do que simplesmente planejar o seu nível ótimo, o objeto do modelo do lote econômico, tem sido um dos instrumentos necessário para providências na administração de uma em- presa dentre outros listado a seguir: a. Relatórios regulares devem ser emitidos, indicando os principais pro- blemas em relação ao aproveitamento do investimento de recursos em estoques: índices de obsolescência e de perdas, possibilidades de faltas iminentes, e assim por diante; b. Movimentar os estoques apenas com a emissão de requisições emi- tidas pelos funcionários competentes, ou sistemas de informação de controle eficientes; c. Dar mais ênfase aos itens que participam mais significativamente em termos de investimento total. Assim, o modelo de lote econômi- co pode ser aplicado com requintes a determinados itens de grande Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 11 movimentação, valor unitário elevado e participação substancial no total, deixando-se a outros um acompanhamento mais simples, como, por exemplo, o uso de sistemas de duas prateleiras; d. Preocupar-se apenas com unidades físicas; o controle de preços uni- tários, em estoques, não compensa o esforço burocrático exigido. Esses preços só devem ser utilizados com base na montagem de uma classificação ABC, para controle, pois o melhor critério de clas- sificação é a porcentagem do valor total investido em estoques. O princípio da classificação ABC é atribuído a Vilfredo Pareto, que, em um estudo de renda e riqueza, na Itália, no final do século XIX, observou que ha- via uma grande concentração de riqueza nas mãos de uma pequena parce- la da população na proporção de 80% e 20% respectivamente. Tal princípio tem sido empregado largamente na administração das empresas. Especificamente em relação à administração de estoques, pode-se ela- borar uma classificação ABC separando os itens estocados em classes como segue: a. Classe A: Inclui os itens de maior valor que devem ser gerenciados com atenção especial. Em geral, 20% desses itens representam 80% do valor do estoque. b. Classe B: Inclui os itens de valor intermediário. Em geral, 30% desses itens representam 10% do valor do estoque. c. Classe C: inclui os itens de valor mais baixo e que, muitas vezes, justi- ficam menor atenção no gerenciamento. Em geral, 50% desses itens representam 10% do valor do estoque. (Megliorini; Vallim, 2009) d. Finalmente, efetuar contagens físicas periódicas, por amostragem, e separar os registros de recebimento e expedição, atribuindo-os a setores ou funcionários diferentes. 5.1. Modelo do lote econôMico O modelo de determinação do volume ideal de recursos aplicados itens estocados, ou seja, aquele que minimiza o custo total somado, os dois tipos de custos anteriormente indicados, refere-se, tanto a compras e es- toques de matéria-prima como a ordens de produção e estoques de pro- dutos acabados. O modelo possui várias hipóteses, que discutiremos a seguir, mas an- tes é conveniente tratar mais detalhadamente dos tipos de custos relacio- nados aos estoques. (Megliorini; Vallim, 2009) Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 12 5.1.1. Custos relacionados a estoques Como vimos na seção anterior, há dois tipos de custos, segundo Ross (2008). O primeiro é dos custos que variam diretamente com o investi- mento ou volume dos carregamentos os seguintes itens: a. Perdas associadas a risco de obsolescência dos itens estocados; b. Taxa mínima de retorno desejada sobre o investimento imobilizado estoques (custo de oportunidade); c. Despesas de manejo, transporte e transferência física dos itens estocados; d. O espaço necessário para armazenamento, usando-se uma de alu- guel caso as instalações pertençam à própria empresa; e. Imposto predial; f. Seguros; e g. Custos do departamento de controle de estoques. Observe que o item (b) não é contabilizável, podendo ocorrer o mesmo com o item (d). Por outro lado, os custos que variam em relação inversa ao volume dos estoques, associados à falta de estoques ou aos pedidos de compra ou ordens de produção dos itens envolvidos, são os abai- xo enumerados: a. Descontos por quantidade perdidos em compras feitas em lotes insuficientes; b. Despesas decorrentes de perturbações do processo produtivo em casos de falta ou manutenção de estoques pequenos; por exemplo, incluindo custos de horas extras, e colocação do equipamento em condições de operar; c. Margens de contribuição das vendas perdidas por falta de produtos acabados para atender os pedidos recebidos; d. Gastos adicionais de pedido, emissão de ordens de produção e/ ou transporte. Mais uma vez, alguns itens não são registrados pela contabilidade; é o caso do item c, por exemplo. Portanto, em se tratando de chegar à decisão ótima o objetivo deve ser tão baixa quanto possível a soma desses custos, reco- nhecendo, porém as de estoques, que estão refletidas no modelo. 5.1.2. Cálculo do Lote Econômico - LEC O lote econômico é aquela quantidade que minimiza o custo total e é o número ideal de comprar, através de uma encomenda, ou solicitar, numa Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 13 ordem de produção supondo um consumo uniforme, o lote econômico de compra pode ser calculado segundo Megliorini; Vallim (2009) pela equa- ção a seguir. Lote Econômico de Compra - LEC, onde: D = consumo em unidade do item em estoque ou demanda Ce = custo de manutenção de cada unidade do item em estoque, por período ou custo de carregamento Cp = custo de cada pedido ou custo de reabastecimento LEC = 2CpD Ce Para ilustrar, suponha um atacadista de materiais de construção obtém seu cimento de um único fornecedor. A demanda de cimento é razoa- velmente constante ao longo do ano. No último ano, a empresa vendeu 2.000 toneladas de cimento. Seus custos estimados de colocação de um pedido são de cerca de R$ 25,00 cada vez que um pedido é colocado, e seus custos anuais de manutenção de estoque são de 20% do custo de aquisição. A empresa adquire cimento a R$ 60,00 por tonelada. Quanto de cimento deveria a empresa pedir por vez? Substituindo na equação do LEC temos: LEC = (2 × 25) 2.000 0,2 × 60 LEC = 100.000 12 LEC = 91,287 toneladas Isto significa que toda vez que o estoque da empresa chegar a zero, um novo pedido érecebido, totalizando 22 pedidos aproximadamente por período: 2.000 unidades / 91.287 unidades = 22 pedidos Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 14 Então o custo total dos pedidos é igual a $550,00 (22 × $ 25) e o custo de manutenção do estoque é de 547,72: Estoque médio = q/2 Então temos: (91.287/2) × $12 O total do custo de estocagem desta matéria prima é de $ 1.097,72: $550 + $547,72 Portanto qualquer outra quantidade que seja encomendada dessa maté- ria prima resultará um custo total de estocagem superior. O modelo do lote econômico baseia-se nas seguintes hipóteses: a. O tempo necessário para receber ou produzir é nulo, ou seja, o rece- bimento e a produção, uma vez efetuado um pedido de compra ou emitida uma ordem de fabricação, são instantâneos; b. Os custos de manutenção são todos diretamente proporcionais ao estoque médio. Entretanto, em geral isto só ocorre com o retomo mínimo desejado, enquanto o espaço e as atividades de manejo também variam com o peso e o volume do material envolvido; c. Os custos de pedido ou ordem são constantes por transação; d. Não há descontos por quantidade nas compras; quando existem, devem ser associados à redução dos custos de pedido (inversamen- te proporcionais), visando compensar o aumento dos outros custos, que ocorre com encomendas maiores; e. A procura do produto final e a taxa de utilização da matéria-prima são conhecidas com certeza e são constantes, o que está em conflito com situações de sazonalidade evidente e com a natureza estocásti- ca da procura de produtos de uma empresa. A finalidade de utilizar estes métodos de controle de estoques tem como objetivo garantir a continuidade e eficiência no fornecimento, evitando situações de: a. Atrasos de fornecimento; b. Suprimento sazonal; c. Riscos de falhas no fornecimento; Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 15 d. Propiciar economias financeiras; e. Pela compra ou fabricação de lotes econômicos; f. Possibilitar maior flexibilidade das linhas de produção. 5.2. planejaMento dos requisitos de Materiais Os sistemas de estoques tradicionais levam em conta as previsões e a determinação de lotes econômicos, e consideram que cada item é focado em particular e nele se insere a política de estoques a ser adotada. Com o advento da tecnologia da informação hoje podemos contar com os sistemas computadorizados para os pedidos e ou programação da pro- dução de tipos de estoques dependentes da demanda. (GITMAN, 2009). Esses sistemas se classificam no título de planejamento de requisitos de materiais em inglês, Manufacturing Requirementes Planning – MRP. O MRP, foi apresentado publicamente na 13a. Conferência Internacio- nal da APICS (American Productions And Inventory Control Society) reali- zada em CINCINNATI, OHIO, USA, em outubro de 1970. Os computadores têm capacidade de operar sistemas com grande nú- mero de dados e com velocidade adequada como o necessário ao MRP que envolve programas muito complexos. Estes sistemas integram as funções de planejamento empresarial, previ- são de vendas, planejamento dos recursos produtivos, programa mestre de produção, planejamento das necessidades de materiais, planejamento da capacidade produtiva, controle e acompanhamento da fabricação, compras e outras atividades de grande importância e interesse das empresas. antena pArAbóliCA O principal objetivo de qualquer empresa privada é a ob- tenção de lucros para os seus proprietários, mediante a produção de bens ou serviços para venda no mercado. Para que tal meta possa ser alcançada, a empresa adqui- re os fatores de produção e com eles produz venda. A área da administração que cuida dos recursos finan- ceiros da empresa é a administração financeira, que se preocupa com dois aspectos importantes dos recursos financeiros: a rentabilidade e a liquidez. Na realidade, estes são os dois objetivos principais da administração financeira: o melhor retorno possível do investimento (rentabilidade ou lucratividade) e a rápida conversão em dinheiro (liquidez). Para atingir seus objetivos, se exige de um administra- dor financeiro um eficiente controle de custos, visto que a falta desse, especialmente da folha de pagamentos e dos estoques de matéria-prima, produtos em elaboração e produtos acabados, tem tido grande participação do faturamento das empresas. e AgorA, José? Agora que você já sabe como administrar o capital de giro de uma empresa com o conhecimento das técnicas de administração de caixa, duplicatas a receber e esto- ques. Na próxima Unidade, vamos estudar sobre a admi- nistração dos ativos permanentes e as respectivas técni- cas de avaliação. Para um melhor aproveitamento, é importante que você releia o conteúdo desta Unidade antes da próxima. Gestão Financeira / UA 12 Administração de Capital de Giro: Administração de Estoques 17 glossário Estoques: são designações usadas para definir quantidades armazenadas ou em processo de produção de quaisquer recursos neces- sários para dar origem a um bem, com a função principal de criar uma independência entre os vários estágios da cadeia produtiva. Classificação ABC: é em um estudo de renda e riqueza, utilizado na classificação de estoques. Lote econômico: é aquela quantidade que mi- nimiza o custo total e é o número ideal de comprar, através de uma encomenda, ou solicitar, numa ordem de produção supondo um consumo uniforme. Estocástica: processos que estão sob controle do acaso, aleatório. reFerênCiAs ASSAF, A.; LIMA, G. F. Curso de Administração Financeira. Atlas, 2009. GITMAN, L. J. Princípios da administração fi- nanceira. 12ª Ed. Pearson, 2009. MEGLIORINI, E.; VALLIM, M. A. Administração financeira: uma abordagem brasileira. Pearson, 2009. SANVICENTE, A. Z. Administração Financeira. Atlas, 2007. JORDAN, B.; ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W. Ad- ministração Financeira. Mcgraw-Hill Bra- sil, 2008.
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