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CAPELANIA-HOSPITALAR

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
1.1 A importância da capelania hospitalar .................................................. 6 
1.2 A enfermidade faz parte da vida ........................................................... 8 
2 CONCEITOS SOBRE DOENÇA, DOENTE e CURA .................................. 9 
2.1 A doença .............................................................................................. 9 
2.2 O doente ............................................................................................. 10 
2.3 A cura ................................................................................................. 12 
3 NORMAS, REGRAS E ORIENTAÇÕES PARA VISITAS A ENFERMOS . 13 
3.1 A prática ............................................................................................. 13 
3.2 Atitudes recomendadas ...................................................................... 14 
3.3 Atitudes inconvenientes ...................................................................... 16 
4 A CAPELANIA E O PACIENTE TERMINAL ............................................. 17 
4.1 Primeira Fase: Choque....................................................................... 17 
4.2 Segunda fase: Negação ..................................................................... 18 
4.3 Terceira fase: Raiva ........................................................................... 18 
4.4 Quarta fase: Negociação .................................................................... 18 
4.5 Quinta fase: Desespero ...................................................................... 18 
4.6 Sexta-fase: Aceitação......................................................................... 19 
4.7 A família do paciente terminal ............................................................ 19 
5 OS BENEFICIOS DA CAPELANIA PARA OS HOSPITAIS E PARA A 
COMUNIDADE .......................................................................................................... 20 
6 Direito à assistência religiosa .................................................................... 21 
6.1 Dos direitos do paciente hospitalizado ............................................... 22 
7 O visitador, sua função e suas atividades ................................................. 23 
7.1 O Aspecto Espiritual ........................................................................... 23 
7.2 O Aspecto Social ................................................................................ 24 
 
7.3 O Aspecto Físico ................................................................................ 25 
7.4 O Aspecto Intelectual ......................................................................... 25 
8 Os benefícios: ao paciente e sua família, ao hospital e a comunidade ..... 27 
8.1 Apoio Espiritual e sua Prática. ............................................................ 27 
8.2 A Importância do Cuidado Espiritual para enfrentar a Doença. .......... 28 
8.3 Cuidando das Famílias ....................................................................... 29 
8.4 A satisfação do paciente e sua família com o cuidado espiritual provido 
por capelães. ......................................................................................................... 30 
8.5 Os Benefícios para o Hospital e Comunidade .................................... 31 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 34 
9 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 36 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Capelania não é um termo moderno. É o nome dado aos serviços 
religiosos/pastorais prestados por sacerdotes, diáconos, pastores, agentes, ministros, 
leigos e leigas, especialmente envolvidos com a área da saúde, em hospitais 
(instituições psiquiátricas, asilos, sanatórios). Por extensão, também se entende uma 
presença religiosa/pastoral junto aos doentes em seus domicílios. 
Na sua genericidade “Capelania” também se refere aos mesmos serviços 
prestados em outros ambientes de internamento, tais como cadeias, penitenciárias, 
instituições militares, casas de reeducação de menores, abrigos de idosos, etc. 
 
 
Fonte: cpcipb.org.br 
Fala-se que tal termo originou no Exército Francês em 1976, e dizem estar a 
origem do nome ligado À Capa (Capelo, capelania) que São Martinho de Tours, num 
dia de chuva e frio, teria repartido com um andarilho. Esta capa, mais tarde, passou a 
ser venerada na Igreja da cidade, com relíquia. 
Capelania (na área da saúde) é um ministério religioso/pastoral/espiritual 
prioritariamente, e cristão (católico e/ou evangélico), solidário, humanitário, fraterno, 
voluntário, que pode ser confessional e/ou interconfessional (outras Igrejas e 
Religiões). 
Tal ministério, exercido em instituições hospitalares e em domicílios, em prol 
dos enfermos, idosos e todas as pessoas com eles relacionados (também 
profissionais da saúde), confortando-os e ajudando-os a lidar com a enfermidade, a 
 
aceitar o tratamento indicado e, preparando-os até mesmo para a morte, no caso de 
doentes terminais. 
Esse ministério visa levar a fé, a esperança, o amor (cf. I Cor 13,13); é 
aperfeiçoar a fé com obras (cf Tg 2, 22); e ser ovelhas de Jesus (cf Mt 25, 33-36). 
Logo, fundamenta-se nessa base, essencialmente, bíblica. 
Se suprimirmos do Evangelho todos os textos que indicam a disponibilidade, 
atenção, poder e tempo de Jesus dedicado aos doentes, nós teremos nos 
Evangelhos, no seu texto escrito, uma perda de 30% ou até 40% de seu conteúdo. 
Exercer tal ministério é levar o toque do amor de Deus aos necessitados, 
através da nossa instrumentalidade. 
Para participar e querer se abastecer de uma formação a esse respeito, é 
preciso que se desprenda de preconceitos, “achismos”, para que não falte, naquilo 
que depende de nós, o necessário para esta obra que é de Deus. 
Logo, capelão, agente da pastoral da saúde, visitador de idosos, agentes da 
pastoral do idoso é o termo sinônimo de pastor, irmão, pai/mãe. E, tal função/ministério 
deve ser atribuído a aqueles que tenham alguma vivência e sensação de serem 
chamados para tal atividade, levando sempre palavras de calma e paz, de ânimo e de 
conforto, fé e esperança, autoestima e valorização da vida, da pessoa, da família, da 
sociedade. 
Sabemos das dificuldades colocadas por parte das Instituições de Saúde, no 
que se refere à visita pastoral de Capelães (Padres, Pastores, etc). Às vezes, isso até 
tem “cheiro” de anticlericalismo, anti-religiosidade… e parece até mesmo uma certa 
falta de respeito à fé alheia, seja dos pacientes, familiares, como dos Agentes de 
Pastorais. Dá uma impressão de “concorrência funcional” ou algo como declarar: 
“Medicina no hospital. Padre/Pastor, na Igreja”, com diferentes variações. 
Sabemos que um hospital tem suas normas, contudo, mesmo no rigor delas, 
tem-se que, com bom senso, pode-se abrir possibilidades para que a visita/assistência 
espiritual seja garantida. Hospitais mais evoluídos até exigem essas visitas, pois 
sabem que, sendo a pessoa humana um todo indivisível, o bem que é a assistência 
religiosa faz ao enfermo é considerável. 
Respeito, prudência, clareza de ambos os lados, ajudam. E muito! Daí a 
importância, em se tratando de Capelania Hospitalar, ter um bom e claro entendimento 
com a Direção da Instituição, no sentido de evitar dificuldades e mal-estares. 
Objetividade e imparcialidade, de ambos os lados, fazem bem. 
 
Nos hospitais é comum ocorrer que os profissionais da saúde, incluindo os 
médicos, experimentem, às vezes, tensões no trabalho junto aos doentes e seus 
familiares. Mesmo sendo um profissional da saúde, não significa que está vacinado 
contra stress, irritações, depressão. Muitas são as razões para isso. Pode-se 
conversar a respeito. 
 
 
Fonte:pontosdevista.pt 
Esta tensão desses profissionais tem aumentado nos últimos tempos, também 
por causa de questões econômicas, dificuldades com SUS, convênios, com direções 
hospitalares, com diminuição de profissionais em relação ao aumento de doentes. 
Logo, também os médicos e outros profissionais de saúde não podem estar 
fora das preocupações pastorais/espirituais e deve-se, mesmo com uma metodologia 
a construir, ajudá-los a enfrentarem os problemas profissionais, pessoais e familiares. 
A palavra oportuna, encorajadora, pode levantar o moral e aumentar o bom 
senso de todos, no ambiente hospitalar. 
Um estudo feito nos Estados Unidos da América do Norte, demonstrou que 
63% de médicos e enfermeiros de UTI acreditam ser um papel importante o dos 
Capelães e Agentes da Pastoral da Saúde, com suas palavras e atitudes, prover-lhes 
conforto nas tensões do seu dia-a-dia. Outros 37% acreditam que Capelães e Agentes 
da Pastoral da Saúde deveriam ser mais disponíveis para ajudar essas pessoas 
(médicos, enfermeiros, etc), ouvindo-os, orientando-os. 
 
Muito bom é quando a instituição hospitalar dispõe de um local para essas 
orientações personalizadas. 
1.1 A importância da capelania hospitalar 
Temos todas as evidências para perceber que Jesus dava enorme importância 
à visitação dos enfermos, fato provado quando ele disse: “estava enfermo e me 
visitastes...” (Mt 25:31-40). 
Este ato cristão de visitar, de exercer a Capelania, era percebido já na igreja 
primitiva: 
 Paulo foi convidado a ir à casa de Lídia (At 16:14-27); 
 Paulo e Silas foram à casa do carcereiro (At 16:27-34); 
 Pedro foi fazer uma visita à casa do centurião (At 10:23-33); dentre outros. 
Deste modo, é preciso levar uma palavra de paz às pessoas enfermas, 
sobrecarregadas e oprimidas (Mt 11:28-30). É necessário anunciar o amor e o zelo de 
Deus pelas suas vidas, imitando a Jesus Cristo, que sempre estava interessado e 
ouvia o clamor dos enfermos. 
O amor que moveu Jesus, que morreu por nós, deverá ser o principal elemento 
que move e estimula neste abençoado ministério, que consiste em dar apoio e consolo 
aos enfermos. 
Ninguém é poupado da doença, e saúde é, tampouco, a única razão da 
felicidade. Uma pessoa que aprendeu a conviver com a sua enfermidade, pode ser 
uma pessoa muito feliz e uma fonte de alegria para aqueles que cruzam o seu 
caminho. 
Na Bíblia a doença faz parte da vida. Ela sinaliza para os nossos limites, para 
a nossa transitoriedade, para a nossa natureza humana. Fato que constantemente 
negamos por não aceitarmos que somos finitos e limitados. 
A importância do Ministério da Capelania Hospitalar está ligada diretamente ao 
número de pessoas que passam pelos hospitais em todo o mundo, o qual é bem maior 
do que o número dos que frequentam as igrejas. 
No hospital, a mente e o coração estão geralmente mais abertos à mensagem 
do evangelho. Raramente o Capelão achará pessoas tão despidas de máscaras e de 
vaidades quanto numa enfermidade. 
 
Quando o Senhor Jesus aqui viveu, o seu ministério era total (corpo, alma e 
espírito), e não podemos deixar de seguir seus passos. Hoje, a medicina reconhece 
que a paz espiritual do paciente pode contribuir muito para sua recuperação física. 
Por meio de conversas, encorajamento e oração, o servo de Deus se torna um agente 
do Poder curativo, na crise de enfermidade. 
O sofrimento físico nos leva a reconhecer nossa fragilidade. Por isso, pessoas 
enfermas e com sofrimento físico começam a levantar uma série de perguntas: 
 Por que isto está acontecendo comigo agora? 
 O que fiz para merecer isto? 
 Será que ficarei bom? 
 Onde está Deus nesta situação? 
 Será que alguém vai cuidar de mim? 
Uma enfermidade, geralmente, vem acompanhada ou gera dúvidas, emoções 
de zanga, solidão, desespero, confusão, ira, culpa e mágoas. 
Diante desta realidade, o Capelão cristão, com o apoio da igreja e da ajuda 
prática que puder adquirir, enfrentará os desafios que Jesus Cristo deixou para os 
membros da Sua igreja. 
O hospital é uma instituição que busca uma cura física. O capelão deve 
respeitar o ambiente, a estrutura hospitalar, e trabalhar sempre dentro das normas 
estabelecidas. Como cristãos, a Constituição Brasileira dá direitos para atender aos 
doentes, porém não é um direito absoluto. Por isso o trabalho deve ser realizado de 
forma a não infringir os direitos dos outros. 
Nem todos podem ou conseguem entrar numa enfermaria, visitar um doente no 
lar. Não é fácil lidar com situações que envolvem o sofrimento humano. Quando visita-
se os enfermos, deve-se estar atento aos sentimentos e preocupações deles. A 
agenda de um capelão precisa priorizar os assuntos que eles desejam abordar. Deve-
se saber expressar esta esperança de maneira mais real e vívida, com integridade. 
O religioso deve levar palavras seguras, mas evitar a criação de uma falsa 
esperança, baseado em promessas pessoais que se gostaria de fazer ao enfermo. As 
palavras devem ser baseadas nas palavras de Deus, e a atenção deve ser focada no 
presente e no paciente. 
Ao visitar hospitais, não deve-se perder a visão macro dos outros pacientes, 
eles não devem ser ignorados. É importante observar e respeitar as visitas de outros 
 
grupos. O capelão deve fazer e atuar em seu ministério sem competir ou entrar em 
conflitos. 
O assistente religioso deve saber utilizar bem seus instrumentos de apoio: 
oração, bíblia, compromisso e apoio com o ministério, reconhecimento e submissão 
às autoridades da igreja, e a esperança renovada, em Jesus Cristo. 
 
 
Fonte: www.hsan.com.br 
Faz-se mister que o capelão aprenda os textos Bíblicos apropriados para usar 
nas visitas hospitalares ou nos lares dos enfermos. Com eles haverá solidez para 
auxiliar o paciente. 
1.2 A enfermidade faz parte da vida 
Poucas pessoas, se é que existe alguém, atravessam a vida sem experimentar 
pelos menos uma doença. 
A Bíblia menciona várias enfermidades, como alcoolismo, cegueira, tumores, 
inflamações, febre, hemorragias, surdez, mudez, insanidade, lepra, paralisia, e várias 
outras. Fica claro que cada uma delas causa tensão psicológica e física, e são citadas 
de modo a demonstrar que a doença faz parte da vida. 
O cristianismo nos responsabiliza a respeito do cuidado aos enfermos. Por 
meio de suas palavras e atos, Jesus ensinou que doença, embora comum, é também 
indesejável. Mesmo dar a alguém um gole de água era considerado digno de elogios, 
e Jesus indicou que ajudar um doente era o mesmo que ministrar a Ele, Jesus. 
 
A enfermidade não é um sinal de pecado ou manifestação de falta de fé: quando 
Jó perdeu sua família, bens e saúde, três amigos vieram visitar com a boa intenção 
de consolar. Apesar da boa vontade, foram totalmente ineficazes, argumentando que 
todos os problemas seriam resultados do pecado. Jó descobriu, porém, que a doença 
nem sempre é resultado do pecado do indivíduo, Jesus ensinou isso claramente 
(Exemplo, João 9:1-3). 
Assim, os casos individuais de doença não são necessariamente resultantes 
dos pecados da pessoa doente. Embora, há ocasiões em que o pecado e a doença 
têm realmente relação de causa-efeito. 
2 CONCEITOS SOBRE DOENÇA, DOENTE E CURA 
2.1 A doença 
A doença é a decadência natural do nosso corpo, que resultará, um dia, na 
morte. Há quem acredite que ela é parte da estratégia de Deus para nos avisar, 
chamar nossa atenção, e nos conscientizar de que somos apenas seres humanos. 
A Enfermidade faz surgir questões difíceis e cruciais sobre o sofrimento: 
 Se Deus é bom, por que ele permite o sofrimento? 
 Se Ele é Todo-Poderoso, por que não suspende ou evita o sofrimento? 
 A dor física: Pessoas reagem de diferentes formas à dor. 
A Bíblia, porém, nos afirma que “há doenças da alma”, Há, por exemplo, as 
chamadas “doenças psicossomáticas” ou “doenças afetivas”, cuja cura não poderá 
ser apenas externa, mas também interna, como a chamada pela igreja de:“cura 
interior”. Neste sentido, a decadência é total: corpo, alma e espírito. 
Geralmente esta decadência não é só resultado do enfraquecimento da alma e 
do corpo físico, mas, sim, resultado de falhas pessoais. Exemplo: alguma ação que 
lesou a outrem gera um sentimento de culpa, aperto, amargura. A falta de cura nesta 
situação pode resultar em uma afecção da alma, que, por consequência, atinge toda 
a vida, cultivando amargura, cólera e ira. 
A amargura, a ira, a ansiedade, são medos resultantes da falta de fé e do 
desespero, da desesperança, que afetam diretamente a alma. Esta amargura, quando 
atinge outras pessoas, as consome e exausta de corpo e alma. 
 
2.2 O doente 
A doença e o doente são literalmente pressionados pela finitude terrena. O 
doente irá se defrontar com a sua finitude e reconhecer sua fragilidade, sua total 
dependência de Deus, até para as coisas mais naturais, como um simples respirar. 
Às vezes, o ser humano é acometido por uma “síndrome da divindade”: ele 
acha que sabe e pode comandar as coisas do seu jeito, que tem capacidade para 
tudo, sem qualquer influência de Deus. 
O interessante é que, por mais ateu que alguém possa se declarar, esta finitude 
terrena o incomoda, pois a grande maioria dos seres humanos teme sua morte. E o 
que é este medo da morte? É a incerteza do que irá acontecer depois. E como perdê-
lo? Por meio da constante busca da palavra de Deus, alcançamos a certeza inabalável 
de Fé e daquilo que Jesus Cristo realizou na cruz, quando exclamou: “Está 
consumado!”. Paulo nos diz, em Co 15:26 que “o último inimigo a ser derrotado é a 
morte”. 
Os doentes, geralmente os hospitalizados, experimentam sete categorias de 
tensão psicológica: 
1) Tensão da ameaça à integridade: 
Os enfermos são submetidos a uma série de experiências em que eles não têm 
controle sobre as circunstâncias. Devem obedecer a um médico, enfermeiras, se 
submeter a uma estrutura e regras de um hospital, uma agenda estabelecida para 
tratamento médico, ordens para dormir, orientações para tomar medicamentos, sobre 
a alimentação, etc. Ele volta a depender de outro como era quando criança, e isto não 
é fácil. 
2) Tensão do medo de estranhos 
Pacientes temem que suas vidas e seus corpos tenham que ser colocados nas 
mãos de estranhos com quem muitas vezes não têm qualquer laço pessoal. 
3) Tensão da ansiedade pela separação: 
A enfermidade nos separa: amigos, lar, rotina, trabalho. Durante a internação 
hospitalar, ficamos separados das pessoas e das coisas que nos são familiares, no 
momento em que aparentemente mais precisamos delas. 
4) Tensão do medo de perder a aceitação: 
A doença e os ferimentos podem deixar as pessoas fisicamente deformadas, 
obrigando a moderar suas atividades e tornar dependentes de outros. Tudo isto pode 
 
ameaçar a autoestima, e levar a temer que, devido a essas mudanças, as pessoas 
não irão mais amá-lo ou respeitá-lo, antecipando ainda mais outros traumas. 
5) Tensão do medo de perder o controle: 
Perder o controle de força física, agilidade mental, controle dos intestinos e 
bexiga, controle dos membros da fala, ou a capacidade de dominar as emoções é 
uma ameaça forte para os pacientes. E estas ameaças se tornam maiores quando o 
paciente está exposto em um leito de hospital. 
6) Tensão do medo de expor ou perder partes do corpo: 
As pessoas doentes precisam expor as partes do corpo que doem e submeter-
se ao exame visual e ao toque físico, por parte da equipe médica. Isto pode ser 
embaraçoso e, por vezes, ameaçador. Especialmente quando se torna aparente que 
uma parte do corpo está doente e deve ser operada ou até mesmo removida. 
7) Tensão da culpa e medo do castigo: 
A doença ou os acidentes levam muitas vezes a pensar que o sofrimento possa 
ser um castigo por pecados ou faltas pessoais cometidas no passado. Apesar de 
essas tensões serem comuns aos enfermos, temos que saber que existem diferenças 
no modo das pessoas reagirem. 
Estas tensões desencadeiam emoções e reações pessoais adversas como 
depressão com a doença, desânimo com o tratamento, frustração com o diagnóstico 
ou a falta dele, sentimento de culpa, frustração com a vida, sentimento de 
incapacidade, raiva e/ou ira com familiares, médicos e até mesmo com Deus. 
A enfermidade não afeta apenas o paciente, mas os que estão ao seu redor, 
perturbando amigos e familiares. Esta perturbação de terceiros muitas vezes causa 
incômodo neles e até mesmo no próprio paciente, quando nota que outros foram (ou 
não) afetados com sua situação. 
As mudanças na rotina familiar devido à doença, aos problemas financeiros, às 
dificuldades em organizar as visitas ao hospital podem criar tensões que, 
ocasionalmente, redundam em fadiga, irritabilidade e preocupação. 
Em todas as fases da enfermidade, o paciente deve guardar o sentimento de 
esperança. Mesmo pessoas gravemente enfermas e que têm uma ideia real sobre a 
sua condição descobrem que a esperança sustenta e encoraja especialmente em 
momentos difíceis. A esperança carrega em si a capacidade de apontar melhoras. 
 
2.3 A cura 
A cura fazia parte integral do ministério de Cristo. Podemos ter certeza disso 
em vários textos bíblicos, como em Lucas 4:14-21, Isaías 61:1-2 e Mateus 11:2-6. 
Claro que a Bíblia apresenta vários aspectos do ministério de Jesus Cristo, 
porém a cura faz parte importante desta lista. Ao examinar as curas do Novo 
Testamento, temos alguns esclarecimentos: 
Alguns “pacientes” melhoravam simplesmente por crer que Jesus Cristo 
operaria a cura, como a mulher com fluxo de sangue, citada no livro de Lucas (Lucas 
8:43-48). 
Houve vezes, no entanto, em que uma pessoa, além do paciente, teve fé. 
Vários pais procuraram Jesus, por exemplo, e falaram de seus filhos doentes, sendo 
estes curados por Ele, sem ligação direta com as pessoas que eram os alvos da 
petição de cura. 
Em outra ocasião, no Jardim do Getsêmani, a orelha de um servo foi 
“reimplantada”, embora ninguém tivesse fé, e fosse movido por amor curativo, além 
de Jesus. 
Com base nesses exemplos, fica bastante evidente que a doença não é 
necessariamente um sinal de pecado ou manifestação de falta de fé. Contudo, ensinar 
que a saúde instantânea sempre virá para aqueles cuja fé é forte é um erro e deve ser 
evitado. 
Quando Jesus Cristo se apresenta aos discípulos de João Batista, em Mateus 
11:2-6, deu-lhes detalhes sobre várias curas e, depois da lista das curas 
mencionadas, Jesus disse: “e o Evangelho do Reino de Deus está sendo pregado, 
aos de coração aberto e submisso”. 
Em Lucas 7:21 e 10:9, Jesus Cristo também delegou aos seus discípulos a 
autoridade para curar ao dizer: “ao entrarem numa cidade, curai os enfermos que ali 
houver, (...) pois o Reino de Deus é chegado”. 
 
3 NORMAS, REGRAS E ORIENTAÇÕES PARA VISITAS A ENFERMOS 
 
Fonte: novo.heufpel.com.br 
3.1 A prática 
O aprendizado da teoria sempre será confirmado e ampliado pela prática. Cada 
experiência na Capelania, ou cada visita a enfermos, são experiências distintas. 
Porém, os princípios, os valores, as regras e as normas são semelhantes e válidos 
para todos os casos, uma vez que os mesmos são universais. 
1. O capelão deve visualizar, mesmo que mentalmente, o seu espaço de 
trabalho. 
2. Entender o seu propósito, em estar naquele quarto/enfermaria, naquela 
Ala, diante daquele paciente. O foco não é religião, é Deus. 
3. Ganhar a simpatia do paciente e assim terá o direito, delegado por ele 
mesmo, a falar-lhe. 
4. Trabalhar sempre em sintonia com a equipe médica, com os 
enfermeiros, com as faxineiras, com as zeladoras e, claro, com o próprio paciente, 
respeitando-os. 
5. Nunca entrar num quarto onde esteja acontecendo algum procedimento, 
por qualquer profissional da saúde. 
 
3.2 Atitudes recomendadas 
• Identificar-se apropriadamente. 
• Reconhecer que o doente pode apresentar muita dor, ansiedade, culpa, 
frustrações, desespero, ou outros problemasemocionais. O capelão deve estar 
preparado para enfrentar estas circunstâncias e adaptar-se preventivamente. 
 
• Usar os recursos da vida Cristã que são: oração, Bíblia; palavras de 
apoio, esperança e encorajamento; e a comunhão da igreja. 
• Quando for orar pelo/com o paciente, o capelão deve ser breve e 
objetivo. 
• Deve-se pedir licença para que a oração seja feita. É preciso levar em 
consideração as circunstâncias do momento, as condições do paciente, as pessoas 
presentes, e as necessidades citadas. 
• Deixar material devocional para leitura: um folheto, um Evangelho, o 
Novo Testamento e demais ferramentas que possam servir de apoio e estímulo. 
• Visitar obedecendo sempre às normas do Hospital, ou se uma visita no 
lar é possível, buscando sempre o horário mais adequado e conveniente. 
• Ser amável com a equipe do hospital e respeitar as normas 
estabelecidas. 
• O capelão deve ficar numa posição em que o paciente possa enxerga-lo 
bem. Isto facilita o diálogo. 
• Estar sempre atento aos efeitos da dor ou dos remédios. Eles podem 
alterar o comportamento ou a receptividade do paciente. 
• Tomar precauções para evitar contato com uma doença contagiosa. No 
entanto, o capelão deve fazer isso sem demonstrar repugna, nojo, horror, ofender ou 
distanciar-se do paciente. 
• Em alguns lugares, é possível aproveitar a capela do hospital para fazer 
um culto religioso, caso fazê-lo na enfermaria possa atrapalhar o atendimento médico 
de outros pacientes ou incomodá-los. 
• Ser sensível aos sentimentos e direitos dos outros. 
• Avaliar cada visita, para melhorar a atuação. 
 
• Lembrar-se de que, durante toda a hospitalização, o quarto do paciente 
é o seu local de dormir. Este espaço deve ser tratado com o mesmo respeito que a 
sua casa. 
• O assistente religioso deve manter-se em contato com a familiares e 
amigos do paciente, é importante para o hospitalizado. 
• Vestimentas: deve-se cuidar e zelar do próprio corpo. Ao realizar uma 
visita o capelão deve ter alguns cuidados, tais como usar roupas longas (calça 
comprida, camisas ou blusas de preferência com mangas longas) e sapatos fechados. 
• Higienização das mãos: é a medida individual mais simples e menos 
dispendiosa para prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência da 
saúde. Recentemente, o termo “lavagem das mãos” foi substituído por “higienização 
das mãos” devido à sua maior abrangência. As mãos constituem a principal via de 
transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes. A pele 
é um possível reservatório de diversos microrganismos que podem se transferir de 
uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele) ou indireto. Oo 
objetivo do capelão é atuar como agentes de cura e conforto, e não como agentes 
transmissores! 
• Deve ser dada a liberdade para o paciente falar. Ele tem suas 
necessidades, que devem tornar-se as prioridades para sua visita. 
O desabafo é uma ferramenta terapêutica muito eficiente. Hoje em dia pessoas 
pagam grandes fortunas a profissionais só para serem ouvidas. Se não soubermos 
ouvir, não saberemos responder! A presença silenciosa e o ouvir em silêncio são 
maneiras poderosas de apoiar alguém que está doente. 
Como cristãos temos algo que todos desejam: esperança. É preciso 
demonstrar amor, carinho, segurança, confiança, conforto, esperança, bondade e 
interesse na pessoa. 
O assistente religioso deve ter sempre em mente que o trabalho não é seu, a 
Palavra que está levando não é sua, a inteligência com que usa esta Palavra também 
não é sua, a vida que está ajudando não lhe pertence, a sua própria vida também não 
é sua, a unção com a qual está ungido e revestido também não é sua, e a glória 
também não é sua! 
 
3.3 Atitudes inconvenientes 
Algumas atitudes e situações a serem evitadas pelo assistente religioso: 
• Fazer a visita se estiver doente. 
• Identificar-se inadequadamente: “sou da igreja tal, onde temos dois mil 
membros, temos um trabalho...”. 
• Falar de suas doenças ou suas experiências hospitalares: o capelão não 
é o paciente, portanto, o foco e a atenção devem estar no paciente, e não em si. 
• Criticar ou questionar o hospital, o tratamento médico, o diagnóstico. 
• Sentar-se no leito do paciente ou buscar apoio ou alguma escora no leito. 
• Entrar numa enfermaria sem bater na porta: Deve-se buscar sempre 
autorização. 
• Falar num tom alto ou cochichar baixinho demais. O equilíbrio é 
apropriado. 
• Prometer que Deus vai curar alguém. Podemos falar de Deus, sermos a 
voz de Deus, mas não “somos Deus”. A promessa de cura é extremamente perigosa. 
• Espalhar detalhes ou informações do paciente. 
• Tomar decisões no lugar da família ou do paciente: ajudar a orientá-los, 
sim. Mas deixar as decisões cabíveis sob a competência da orientação médica ou da 
própria família. 
• Forçar o paciente a falar ou se sentir alegre. Ou o contrário: desanimar 
o paciente. O paciente deve ficar à vontade. 
Numa visita hospitalar ou numa visitação em casa, para atender um doente, 
sempre pode-se observar níveis diferentes de comportamento. Cada visita precisa ser 
norteada pelas circunstâncias e os nossos objetivos ou alvos sempre deverão ser da 
pessoa visitada. 
É preciso se informar de como o paciente está, para saber qual a abordagem 
que pode-se usar. As perguntas aos familiares, no primeiro contato, servem como boa 
base para cultivar um relacionamento pessoal. Não se deve tentar alimentar 
esperanças infundadas. 
 
4 A CAPELANIA E O PACIENTE TERMINAL 
 
Fonte: www.blogdobruxo.com.br 
O Capelão, pela prática do exercício deste Ministério, irá reconhecer e 
identificar algumas fases para ter a capacidade de ajudar a superá-las. 
O luto é um processo lento, que traz cansaço e sofrimento, mas também um 
processo agudo, quando é repentino ou inesperado. 
Os pacientes terminais, que estão sofrendo ou sofreram grandes perdas, 
passam geralmente por 6 (seis) fases com suas famílias. São elas: 
4.1 Primeira Fase: Choque 
É o momento em que a família recebe a notícia do estado real do paciente. Ela 
pode indicar uma situação terminal ou mesmo um pré-óbito, um coma, ou uma 
amputação, paralisia, tetraplegia. As reações nesta fase podem ser as mais diversas, 
tanto de aceitação, revolta e até comportamentos autodestrutivos como arranhar-se, 
bater no peito, arrancar os cabelos, rasgar-se com raiva, resistir à realidade. Podem 
ainda ser reações de culpa ou vingança, podem trazer reflexos físicos como vômitos, 
desmaios, etc. 
 
4.2 Segunda fase: Negação 
Normalmente esta fase segue-se ao choque, e é preciso compreender a 
necessidade psicológica que o paciente e os familiares tem de negar os fatos. 
Geralmente, surgem perguntas como: Será que os exames não foram 
trocados? Não pode ser! Ele sempre tinha tanta saúde! Devo ou não contar para toda 
a família? Será mesmo que vai morrer? 
A resposta terá que ser sábia, branda e positiva, pois ninguém conhece os 
desígnios de Deus e nem o seu tempo exato. A esperança, sempre positiva, não é 
escapista, pois traz a oportunidade de levar a pessoa a confrontar os seus valores. 
4.3 Terceira fase: Raiva 
Esta reação é bastante comum. A ira, a raiva, a decepção, podem e devem ser 
divididas e compartilhadas, mostrando ao aconselhado, ou ao familiar do paciente, 
que Deus entende as suas emoções e não está ausente ou indiferente à sua dor e 
muito menos se vingando de algum “comportamento indesejável”. 
4.4 Quarta fase: Negociação 
As pessoas nesse momento se voltam para Deus com promessas de uma vida 
diferente. Às vezes, este é o momento da renovação de votos do passado. O Capelão 
pode ajudar a família a aceitar a doença ou a total incapacitação diante de morte 
iminente, explicando como devem e podem viver plenamente a cada dia. 
Não é o momento de se levantar culpas. Somente o presente e o futuro podem 
ser mudados. 
4.5 Quinta fase: Desespero 
Aqui a desesperançaé total. É aqui que o amor de Deus deve ser demonstrado 
em todo o seu aspecto, como disse Jesus Cristo, nas Bem-Aventuranças: choro, 
abraço, oração, companhia. Um cuidado que envolve a alma, o corpo e o espírito. 
Este “agasalho espiritual” deve aquecer a pessoa integral e totalmente. 
 
4.6 Sexta-fase: Aceitação 
A família também passa por essa fase, e é possível ajudá-la a manter-se alerta 
às mensagens finais, daquele que pode estar partindo. 
Muitas pessoas estão enfrentando a perda pela primeira vez. A morte é algo 
que sempre parece acontecer aos outros e nunca consigo mesmo ou com seus 
queridos. Dificilmente estaremos preparados para a dor, sofrimento, e a perda da 
morte. 
Pode-se oferecer a ajuda da igreja ou a ajuda pessoal para preparar o funeral, 
roupas, documentos, testamento e outros cuidados legais e financeiros. 
Sempre é possível ajudar a apontar para o futuro, independente do falecido, 
ensinando e mostrando que Cristo faz ressuscitar o sonho, o belo, e que opera nas 
circunstâncias concretas e nas novas perspectivas, de que a vida em Suas mãos 
sempre será uma constante nova possibilidade. 
4.7 A família do paciente terminal 
Quando o Capelão ajuda a família de um paciente, é provável que o paciente 
vá escolher aquela instituição novamente para hospitalização futura, pois sabe que ali 
há este tipo de cuidado e apoio. 
Um estudo feito recentemente por Vande Creek e Lyon demostrou a satisfação 
dos pacientes e familiares com as atividades da Capelania. A satisfação com a 
assistência da Capelania, pelos familiares dos enfermos era até mais alta do que 
informado pelos pacientes. 
As visitas do Capelão fazem a hospitalização parecer mais fácil, porque a visita 
prove conforto, apoio e renovo, e ajuda o paciente a ficar mais tranquilo e confiante. 
O Capelão ajuda os pacientes, aumenta a prontidão deles para voltar para casa, 
porque as visitas ajudam a sentirem-se mais esperançosos. 
Os Capelães fazem um papel importante ajudando também os profissionais da 
área da saúde a enfrentarem seus problemas pessoais. A palavra encorajadora pode 
aumentar a moral e o bom senso da pessoa e da equipe. 
Há relatos de que 73% de médicos de UTI e enfermeiras acreditam que prover 
conforto a eles é um papel importante do Capelão, e 32% acreditam que a Capelania 
 
deveria estar disponível e ajudar o profissional da saúde que estiver com problemas 
pessoais devido às muitas tensões ao trabalhar com os pacientes e familiares. 
Esta tensão aumentou recentemente porque mudanças econômicas e sociais 
conduziram e produziram menos profissionais da saúde que podem prover o cuidado 
necessário e exigido pelos pacientes seriamente doentes, tornando-se, por isso, muito 
carentes. 
5 OS BENEFICIOS DA CAPELANIA PARA OS HOSPITAIS E PARA A 
COMUNIDADE 
A Capelania ajuda hospitais a satisfazerem as expectativas dos pacientes com 
serviços de cuidados espirituais compassivos, melhorando, assim, a imagem dos 
hospitais. 
Numa época de medicamentos cada vez mais evoluídos, as hospitalizações 
devem ser cada vez mais breves e com cada vez menos contato médico. A Capelania 
tem oferecido, neste meio, uma das poucas oportunidades para os pacientes 
discutirem as suas preocupações pessoais e espirituais. 
Os Capelães fazem um papel importante, muitas vezes, abrandando situações 
de descontentamento, de pacientes e familiares. Quando pacientes se tornam 
nervosos e impacientes a Capelania pode mediar estes sentimentos, servindo como 
um veículo para redução de risco, auxiliando hospitais a desenvolverem sua missão, 
seus valores, e as declarações de justiça sociais que promovem. 
A serviço da comunidade a Capelania faz contribuições sem igual, incluindo: 
• Liderança e participação na comunidade em respostas às crises e aos 
desastres. Como exemplo, Eleny Vassão, em Santa Maria/RS, no desastre da Boate 
KISS. 
• Orientação e apoio para programas das próprias igrejas e da 
comunidade como ajuda a alcoólatras, dependentes químicos, etc. 
• Visitas residenciais como tratamento paliativo, às vezes, com 
acompanhamento psicológico e espiritual às pessoas e aos membros da comunidade 
com dificuldades para conseguirem tratamento médico/hospitalar, pela crescente falta 
de vagas e de leitos. Obviamente esta visitação não substitui o trabalho nem o 
 
tratamento médico, mas gera renovo e ajuda, trazendo, muitas vezes, descontração 
e ânimo para conseguirem, por meio da Capelania, uma melhora acentuada. 
6 DIREITO À ASSISTÊNCIA RELIGIOSA 
 
Fonte: www.lagoinha.com 
Em nossa Constituição Federal está garantido o direito à Assistência Religiosa 
aos cidadãos que estiverem em local de internação coletiva (art. 5, inciso VII). 
Há também uma lei federal (nº 9.982, de 14/07/2000) que dispõe sobre o 
referido tema. Preconiza o artigo 1º dessa lei que 
às religiões, de todas as confissões, assegura-se o acesso aos hospitais da 
rede pública ou privada (…) para dar atendimento religioso aos internados, 
desde que, em comum acordo com estes, ou com os familiares, em caso dos 
doentes que não mais estejam no gozo de suas faculdades normais. 
Diz ainda no artigo 2º: 
os religiosos chamados a prestar assistência nas entidades definidas no 
artigo 1º deverão, em suas atividades, acatar as determinações legais e 
normas internas de cada instituição hospitalar ou penal, a fim de não por em 
risco as condições do paciente ou a segurança do ambiente hospitalar ou 
prisional. 
Observe-se que não é o Estado Brasileiro o responsável pela prestação de 
serviço religioso, já que o Brasil é um Estado que adota a laicidade e a liberdade 
religiosa. Logo, a administração pública está, até mesmo, impedida de exercer tal 
função. 
 
Essa assistência tem caráter privado e deve ser assumida pelo representante 
de cada religião/Igreja, com sua equipe. 
Todas as pessoas que se encontram, pois, internadas, poderão, se assim o 
desejarem, ou a pedido da família, receber visitas de representantes habilitados, de 
suas respectivas instituições religiosas, de sua Religião ou Igreja ou de outra que 
preferirem livremente. 
6.1 Dos direitos do paciente hospitalizado 
 Receber um atendimento atencioso e respeitoso; 
 A dignidade pessoal é um dos direitos do paciente, inclusive o paciente não 
deve ser obrigado a ficar despido mais tempo do que o necessário, e tem 
o direito de exigir a presença de outra pessoa do mesmo sexo quando 
examinado. 
 Sigilo ou segredo médico. 
 Conhecer a identidade dos profissionais envolvidos em seu tratamento. 
 Ter informação clara, numa linguagem acessível, sobre o diagnóstico, o 
tratamento e o prognóstico. 
 Comunicar-se com pessoas fora do hospital e ter, quando necessário, um 
tradutor. 
 Recusar tratamento e ser informado sobre as consequências médicas 
dessa opção. 
 Ser informado sobre projetos e pesquisas referentes ao tratamento, 
podendo recusar-se a participar dos mesmos. 
 Receber explicação completa referente à sua conta hospitalar. 
 Reclamar, e sua reclamação não deverá ter influência na qualidade do 
tratamento que deve receber. 
 Recusar a realização de exames desnecessários (por exemplo raios X, 
exames de sangue e urina etc. executados recentemente). 
 Ter acesso a uma segunda e ou terceira avaliação. 
 Escolher o médico e/ou especialista dentro do âmbito hospitalar. 
 Questionar a medicação prescrita. 
 Ter acesso à sua ficha médica. 
 
7 O VISITADOR, SUA FUNÇÃO E SUAS ATIVIDADES 
O visitador é um agente de Deus, preocupado em levar aos enfermos a Palavra 
da Salvação, carinho, motivação e consolo. Para desempenhar bem o seu papel, ele 
precisa conhecer quatro aspectos fundamentais: espiritual, social, físico e intelectual. 
 
 
Fonte: liberal.com.br 
7.1 O Aspecto Espiritual 
 Vida espiritual abundante. O que vai proporcionar uma postura otimista diante 
do paciente é a vida espiritual do visitador. 
 Convívio com a Palavra de Deus. O visitador deve conhecerbem a sua Bíblia, 
que será sua ferramenta de trabalho. O ideal é tê-la lido toda pelo menos uma 
vez, para ter noção do todo. 
 Autoridade. O visitador deve viver o que prega. 
 Vida de oração. O visitador estará sempre orando a volta da cama ou da maca 
de algum paciente. Mas, antes disso, ele deve estar a sós com Deus muito 
tempo no seu viver diário. É essa convivência com Deus que vai comunicar 
vida aos pacientes. Quando o visitador se puser diante de um leito, toda sua 
dinâmica espiritual dominará o ambiente. Seu olhar, seus gestos, sua face, tudo 
vai comunicar vida. Não será o tamanho da sua Bíblia, ou o estilo de sua roupa, 
 
ou suas palavras medidas que vão impressionar o paciente, mas sua vida, sua 
dinâmica espiritual. 
 Amor aos enfermos. Amor, muito amor, e capacidade de relacionamento. O 
visitador deve ter amor no coração. Amor de verdade. Não dá para ser 
agradável profissionalmente. É preciso realmente possuir essa virtude. 
O amor pelos enfermos é o sentimento que deve motivar o desejo de ser fazer 
a visita. Quem se dispõe a fazer essa obra deve estar cheia de amor, o dom maior 
que recebemos de Deus. 
7.2 O Aspecto Social 
 Uma visita diferente. Quando visitamos alguém em sua casa, esperamos que 
a pessoa abra, e com um sorriso nos convide educadamente a entrar. É 
também educado que essa pessoa mantenha a conversa animada, deixando-
nos à vontade. Em visita a enfermos, seja no hospital ou em casa, não é 
possível esperar isso. Certamente o enfermo não abrirá a porta, muito menos 
animará a conversa. Mas o visitante também não precisa ser um grande falante. 
Ele deve ser comunicativo, simpático e criar um clima agradável, deixando o 
enfermo à vontade e confortado com sua visita. 
 Humildade. A Bíblia traz textos que ressaltam a importância da humildade. 
Ninguém pode dispor-se para o trabalho de levar a Boas Novas e o consolo se 
não for humilde. 
 Motivação correta. A visitação hospitalar é um ministério e exige um chamado 
especial. Não há outra motivação senão a compaixão pelos enfermos, vidas 
que precisam do amor de Deus. 
 Disposição para se submeter a regulamentos. São muitas as regras a serem 
obedecidas quando se está no hospital. Todo hospital tem regulamentos. É 
preciso, antes de fazer uma visita, informar-se sobre as regras adotadas e 
segui-las fielmente. Nunca se deve tentar mudar as regras. Elas foram criadas 
com o objetivo de proporcionar um melhor ambiente ao enfermo. 
 
7.3 O Aspecto Físico 
 Boa saúde física e psicológica. Não pode-se pensar em fazer da visitação um 
trabalho de autoajuda, ou uma fuga de seus próprios problemas. Se o 
assistente religioso não está bem, e seus sentimentos estão confusos, não 
deve-se fazer visitas a enfermos, antes de procurar a ajuda certa para si 
mesmo. A saúde física também conta. Quem entra num hospital fica exposto 
há um universo de doenças. Se a saúde física de um visitador não é boa, ele 
pode se comprometer e comprometer também aquele que está no leito. O 
visitador não deve visitar uma pessoa enferma, se não está com boa saúde. Se 
está gripado, vai contagiar ainda mais a pessoa enferma. Se não está se 
sentindo bem, vai passar um ar de desânimo, e de certo modo será tentado a 
falar mais da sua doença do que confortar o seu visitado. Neste caso a 
dinâmica da sua presença poderá ser negativa. 
 Asseio. O visitador deve estar limpo, com roupa simples, sem exageros, de 
preferência usando um jaleco. Não usar perfumes, pois poderão provocar 
espirros e reações alérgicas nos pacientes; unhas bem aparadas e limpas, 
cabelos bem penteados, e cuidar bem do hálito bucal. 
 Higienizar as mãos. Ao entrar numa enfermaria para visitar alguém, deve-se 
lavar bem as mãos com sabão. Geralmente na entrada das enfermarias há pias 
para este fim. Para conseguir uma assepsia melhor, deve-se retirar o relógio 
do pulso, anéis e até aliança, lavando entre os dedos e até o pulso. Se tiver 
que dar a mão ao enfermo, o que sempre é bom, correrá menos risco de 
contaminá-lo. 
7.4 O Aspecto Intelectual 
 Proclamação da mensagem de Deus. Ser o portador das boas novas. Não há 
outro jeito de falar sobre a Boas Novas senão pelo exemplo. O assistente 
religioso precisa buscar com fervor, pela leitura da Bíblia e oração, andar com 
Jesus. A vida dele deve espelhar tudo o que ele traz no coração. 
 Respeito pela opinião dos outros. O mais importante ao visitar uma pessoa 
enferma é não esperar que ela se torne membro da igreja, mas sim levá-la ao 
 
conhecimento de Jesus. O próprio Mestre falava com amor sobre o Reino de 
Deus e permitia que as pessoas refletissem sobre o que Ele havia dito. 
 Boa comunicação e controle da língua. “Alguém há cuja tagarelice é como 
pontas de espada, mas a língua dos sábios é medicina” (Pv. 12.18). 
 
 
Fonte: cbpc.org.br 
 Postura otimista. O visitador não pode aparecer diante do paciente com uma 
fisionomia de preocupação e pessimismo. Ele deve manter uma fisionomia 
alegre, simpática e comunicativa. É claro que ele não deve ser um artista. Ele 
não pode exagerar na sua apresentação de alegria e otimismo. Ao apresentar-
se ao paciente, ele fará com seriedade e compenetração, mas o seu interior 
deve revelar-se numa face de otimismo e esperança. 
 Olhar discreto. A expressão facial do visitador, principalmente dos olhos, 
quando põe-se diante de um paciente no leito ou enfermaria, pode ajudar ou 
atrapalhar. Se olhar com espanto, poderá agravar a situação do enfermo. Olhar 
com simplicidade, discretamente, apenas denotando interesse pela pessoa, 
pode ajudar. O visitador precisa vigiar bastante o seu olhar. 
 Equilíbrio emocional. É o auto controle. O visitador não pode ser aquela pessoa 
que fica muito tangida diante de um quadro chocante de doença. Ele deve ter 
total controle sobre suas emoções, pois situações chocantes surgirão 
inesperadamente e com frequência. 
 
 Capacidade de relacionamento afável com qualquer pessoa. 
 Capacidade para conviver com opiniões religiosas contrárias às suas. 
 Conversação com raciocínio claro, discernimento fácil das ideias, respeitando 
as ideias dos outros. 
 Paciência para ouvir o paciente e até seus familiares que estão por perto. 
Outro fator importante é que o capelão não deve trabalhar sem a devida 
autorização do Hospital. De preferência que ele esteja sempre usando jaleco branco 
e com sua identificação à mostra. 
8 OS BENEFÍCIOS: AO PACIENTE E SUA FAMÍLIA, AO HOSPITAL E A 
COMUNIDADE1 
A visita hospitalar e o cuidado espiritual oferecem benefícios distintos para os 
pacientes e seus familiares, ao pessoal de cuidado médico profissional, ao próprio 
hospital, e a comunidade num todo. Estes benefícios crescentemente são 
demonstrados através de estudos de pesquisa. 
8.1 Apoio Espiritual e sua Prática. 
Um corpo crescente de pesquisa demonstra os benefícios da saúde 
relacionados a religião, fé e sua prática. 
Um estudo realizado envolvendo aproximadamente 126.000 participantes 
comprovou que as pessoas que foram assistidas frequentemente por religiosos 
viveram mais tempo em comparação a pessoas que eram não possuíam essa 
assistência2. 
Em um estudo com quase 600 pacientes idosos, gravemente doentes e 
hospitalizados, que buscaram um envolvimento com o amor de Deus, como também 
apoio de pastores e voluntários, visitantes membros da igreja, foi constatado que eles 
estavam menos deprimidos e com qualidade de vida melhor, até mesmo depois de 
saber da severidade da doença deles3. 
 
1 Texto extraído do link: http://capelaniahospitalar.blogspot.com/ 
2 McCullough, Hoyt, Larson, Koenig & Thoresen, 2000. 
3 Koenig, Pargament, & Nielsen, 1998. 
 
No estudo de 1.600 pacientes com câncer, a contribuição espiritual ao paciente 
que tinha boa qualidade de vida era semelhante ao seu bem estar físico. Entre 
pacientes que possuem sintomas significantes como fadiga e dor, aoter uma vida 
espiritual atuante nota-se uma qualidade mais alta de vida4. 
Deste modo, esses e outros estudos demonstram que a fé traz impacto de bem 
estar prático emocional e físico. Capelães, pastores e voluntários fazem um papel 
integrante de apoio e fortalecimento destes recursos religiosos e espirituais. 
8.2 A Importância do Cuidado Espiritual para enfrentar a Doença. 
 
Fonte: ogimg.infoglobo.com.br 
Num estudo com adultos mais velhos, evidenciou-se que mais da metade 
destes confirmaram que a religião era o recurso mais importante que os ajudou na 
luta com doença5. 
Em outro estudo, 44 % dos pacientes informaram que a religião era o fator mais 
importante que os amparou na luta com a doença deles ou hospitalização6. 
Já num estudo sobre mulheres com câncer de mama, 88 % informaram que 
religião era importante para elas e 85 % indicaram que a religião ajudou a enfrentar a 
doença7. 
 
4 Brady, Peterman, Fitchett, Mo, & Cella, 1999. 
5 Koenig, Moberg, & Kvale, 1988. 
6 Koenig, Paire, Bearon, & Travis, 1991. 
7 Johnson & Spilka, 1991. 
 
Semelhante a este, 93 % das mulheres em um estudo de pacientes de câncer 
ginecológicos informaram que a religião aumentou a sua esperança8. 
Pesquisas demonstram que estar bem espiritualmente ajuda as pessoas a 
moderar os sentimentos dolorosos que acompanham a doença: ansiedade 9 , 
desesperança 10 e isolamento 11 . Muitos pacientes esperam que os capelães e 
voluntários os ajudem com tais sentimentos infelizes12. 
O estudioso Paragment cita muitos estudos adicionais que demonstram a 
importância do cuidado espiritual na luta das pessoas que lidam com doença. 
Sendo assim, as pessoas procuram cuidados espirituais durante doença e em 
outras experiências dolorosas. Capelães e voluntários devem estar prontos para dar 
ajuda espiritual na luta das enfermidades. 
8.3 Cuidando das Famílias 
Frequentemente os familiares sofrem angústias semelhantes ou mais intensas 
que os entes hospitalizados. Em alguns estudos, pacientes indicaram que as funções 
da capelania mais importantes são aquelas que estão ajudando seus familiares com 
os sentimentos associados com doença e hospitalização13. 
Em determinado estudo, 56 % das famílias identificaram a religião como o fator 
mais importante para ajudar a enfrentar a doença de um ente querido deles14. 
Um outro estudo indicou que os familiares queriam o cuidado espiritual dos 
capelães mais que os pacientes15. 
Comparado a esses, os familiares dos pacientes de Alzheimer que adoravam 
a Deus regularmente e que sentia as necessidades espirituais satisfeitas informaram 
que diminuíram a tensão16. 
Assim, conclui-se que as famílias confiam em religiosos e recursos espirituais 
para lidar com os níveis altos de angústia durante a doença de um ente querido. O 
cuidado de um capelão e voluntários para os familiares tem um impacto positivo. 
 
8 Roberts, Marrom, Elkins, & Larson, 1997. 
9 Kaczorowski, 1989. 
10 Mickley, Soeken, & Belcher, 1992; Fehring, Moleiro, & Shaw, 1997. 
11 Feher & Maly, 1999. 
12 Paire, Travis, Koenig, & Bearon, 1992. 
13 Carey, 1973; Carey, 1985. 
14 Koenig, Paire, Bearon, & Travis, 1991. 
15 Vandecreek, Thomas, Jessen, Gibbons & Strasser, 1991. 
16 Burgener, 1999. 
 
8.4 A satisfação do paciente e sua família com o cuidado espiritual provido por 
capelães. 
Estudos indicam que 70 % dos pacientes está atento às necessidades 
espirituais relacionados à doença deles17. 
Outros estudos de pacientes em hospitais de cuidado agudos indicam que entre 
um terço e dois terços de todos os pacientes queriam receber cuidado espiritual18. 
Quando os capelães ajudam a família de um paciente, o mais provável é que o 
paciente vá escolher aquela instituição novamente para hospitalização futura19. 
Um grande estudo de VandeCreek e Lyon mostrou a satisfação dos pacientes 
e familiares com as atividades dos capelães: A maioria dos pacientes estava satisfeita 
com o cuidado espiritual provido por capelães20. A satisfação com a assistência da 
capelania pelos familiares dos enfermos era até mais alta do que informado pelos 
pacientes. As visitas do capelão "fizeram a hospitalização mais fácil" porque a visita 
proveu "conforto" e ajudou para o paciente a relaxar. O capelão ajudou para os 
pacientes "a melhorar mais rápido" e aumentou a prontidão dos pacientes para voltar 
para casa" porque as visitas lhes ajudaram a sentir mais esperançoso. 
Neste sentido, os pacientes e seus familiares estão frequentemente atentos às 
suas necessidades espirituais durante hospitalização, desejam a atenção espiritual 
profissional a essas necessidades, e respondem positivamente quando recebem 
atenção - influenciando na sua recomendação do hospital a outros. 
 
17 Fitchett, Burton, & Sivan, 1997; Moadel, Morgan, Fatone, Grennan, Carter, Laruffa, Skummy, 
& Dutcher, 1999. 
18 Carey, 1985; Fitchett, Meyer, & Burton, 2000. 
19 Gibbons, Thomas, VandeCreek, & Jessen, 1991. 
20 VandeCreek & Lyon, 1997 
 
8.5 Os Benefícios para o Hospital e Comunidade 
 
Fonte: cdn-istoe-ssl.akamaized.net 
8.5.1.1 Para os Profissionais de Saúde 
 
Profissionais da Saúde, inclusive os médicos e enfermeiras, às vezes 
experimentam tensão ao trabalhar com os pacientes e familiares. Capelães podem 
prover cuidado espiritual sensível, encorajador a estes pacientes e as suas famílias 
por períodos de tempo estendidos, permitindo assim para outros profissionais prestar 
atenção a outros deveres. 
Capelães fazem um papel importante ajudando profissionais de saúde a 
enfrentar os seus problemas pessoais. A palavra encorajadora pode aumentar a moral 
e bom senso do pessoal. 
Um estudo relata que 73 % de médicos de UTI e enfermeiras acreditam que 
prover conforto a eles é um papel importante do capelão, e 32 % acreditam que os 
capelães deveriam estar disponíveis ajudar pessoal com problemas pessoais21. 
 
8.5.1.2 Para os Hospitais 
 
 
21 Sharp, 1991. 
 
Os capelães e voluntários ajudam hospitais a satisfazer as expectativas dos 
pacientes com serviços de cuidado espirituais competentes, compassivos, enquanto 
melhoram assim a imagem do hospital. 
Em uma época de medicamento de alta tecnologia, hospitalizações breves, e 
breves contatos com os médicos e outros profissionais de saúde, os capelães e 
voluntários oferecem uma das poucas oportunidades para os pacientes discutirem as 
suas preocupações pessoais e espirituais. 
Os capelães e voluntários que especializaram na área de capelania por 
organizações profissionais podem oferecer curso de visitação a voluntários. Desde 
participantes em programas, podem ter vários voluntários prestando cuidado espiritual 
ao hospital sem custo para a instituição. 
Os capelães e voluntários fazem um papel importante abrandando situações 
de descontentamento de pacientes e seus familiares que envolvem o hospital. Quando 
pacientes se tornam nervosos e impacientes os capelães podem mediar estes 
intensos sentimentos de modos que conservam valiosos recursos organizacionais. A 
presença deles pode servir como um veículo por reduzir risco. 
Os capelães e voluntários podem reduzir e podem prevenir abusos religiosos, 
agindo de modo a proteger os pacientes de proselitismo. Códigos de éticas 
profissionais estipulam que os capelães têm que respeitar as convicções de fé e 
práticas de pacientes e famílias. Eles também ajudam os pacientes e seus familiares 
a identificar os seus valores relativos a escolhas de tratamento no fim da vida e 
comunicam esta informação ao pessoal de saúde. 
Os capelães e voluntários ajudam os hospitais a desenvolver a sua missão, 
valor e declarações de justiça sociais que promovem curando o corpo, mente e 
espírito. Especialmente para hospitais que sãos suportados por igrejas, eles 
promovem consciência dessa missão. 
 
8.5.1.3Para a Comunidade 
 
Hospitais são crescentemente sensíveis sobre a sua relação para com a 
comunidade e os capelães fazem contribuições sem igual provendo muitos serviços 
da comunidade. Estes incluem: 
 Liderança e participação em programas de sociais da comunidade. 
 
 Liderança de grupos de apoio para ajudar os membros da comunidade a 
enfrentar a perda ou crise e viver com a doença. 
 Liderança e participação na comunidade em respostas as crises, desastre, 
pobreza. 
 Participação do cuidado espiritual que enfatiza conexões entre religiões, igrejas 
e seus membros. 
 Orientação e apoio para programas das igrejas e da comunidade como ajuda 
a alcoólatras, drogados, entre outros. 
 Comunidade provendo seminários educacionais em tópicos de espiritualidade, 
perda e doença, e luta com a crise. 
Deste modo, pode-se concluir que nos tumultos dos hospitais, os diretores 
estão procurando constantemente modos para prover ótimos serviços aos pacientes 
dentro de suas dificuldades financeiras. Eles buscam manter os funcionários de 
qualidade e manter relações positivas dentro dos hospitais e a comunidade. Os 
capelães respondem a estas preocupações de modo singular, enquanto utilizam as 
tradições históricas de espiritualidade que contribui à cura de corpo, mente, coração 
e alma. 
 
 
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SILVA, Júlio Reis. A fundamentação constitucional do direito à assistência 
religiosa. Chiado Editorial, 2014. 
 
 
9 LEITURA COMPLEMENTAR 
RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE EM ONCOLOGIA: CONCEPÇÕES 
DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE 
 
Autoras: Caroline Amado Gobatto 
Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira de Araujo 
Disponível em: http://www.periodicos.usp.br/psicousp/article/view/55988/59361 
Acesso em: 18/09/2018 
 
Resumo: A literatura especializada vem identificando influências positivas e negativas de crenças 
religiosas e espirituais no enfrentamento de enfermidades, tais como o câncer. Sendo assim, a presente 
investigação teve como objetivo conhecer, analisar e compreender as concepções de profissionais da 
saúde acerca da associação entre religiosidade, espiritualidade e saúde em Oncologia. Em uma 
primeira etapa, utilizou-se um questionário eletrônico, respondido por 85 profissionais. Na etapa 
posterior, sete profissionais participaram de grupos focais online. Os resultados indicaram que 
aproximadamente metade dos participantes da primeira etapa não praticam atividades religiosas. 
Porém, 85% revelaram grau elevado de espiritualidade. Temas religiosos/ espirituais são frequentes 
nos atendimentos. Os integrantes dos grupos relataram não ter recebido formação acadêmica para 
abordar a temática. Em suma, os participantes evidenciaram concepções positivas sobre a influência 
da religiosidade/ espiritualidade para a saúde, com efeitos negativos em menor proporção. Pesquisas 
futuras podem subsidiar programas destinados à capacitação dos futuros profissionais da área 
oncológica. 
 
Palavras-chave: Religiosidade. Espiritualidade. Enfrentamento. Câncer. Profissionais 
da saúde. 
 
Introdução 
 
Nas sociedades ocidentais, religião e ciência possuem um histórico de conflitos 
que se estende ao campo da saúde. Assim, desde a Revolução Científica, iniciada no 
século XVI, o enfoque explicativo das doenças supervalorizou características físico-
biológicas e buscou excluir aspectos psíquicos, sociais e espirituais, contribuindo para 
a supremacia do paradigma biomédico. Porém, no decorrer do século XX, diversas 
transformações foram suscitadas pelo acompanhamento prolongado de enfermos 
crônicos e a constatação da influência de fatores psicológicos para a saúde 
 
(Castañon, 2007; Straub, 2005). Progressivamente, em saúde, reafirma-se o 
paradigma biopsicossocial, que preconiza a atenção integral pela inclusão de 
parâmetros políticos, econômicos e culturais (Gurung, 2010; Straub, 2005). 
Cabe lembrar que até mesmo a Organização Mundial da Saúde passou a 
destacar a dimensão espiritual em sua delimitação conceitual da saúde, propiciando 
a ampliação do escopo das pesquisas na área (Organização Mundial da Saúde, 
1999). De fato, é notável o aumento das publicações que almejam relacionar saúde e 
religiosidade/espiritualidade. Contudo, no Brasil, a produção encontra-se muito aquém 
das publicações internacionais em termos quantitativos. Mas, um exame atento 
dessas produções, além de revelar um interesse crescente, indica também que os 
autores têm uma visão positiva da influência de aspectos religiosos e espirituais para 
a saúde dos indivíduos (Lucchetti, Almeida, & Granero, 2010; Liberato & Macieira, 
2008; Moreira-Almeida, 2010; Paiva et al., 2009; Panzini & Bandeira, 2007). 
 
Enfrentamento religioso/espiritual 
 
Inicialmente, é preciso realçar a essência multidimensional das noções de 
religião, religiosidade, espiritualidade, crenças e fé, não viabilizando, portanto, 
definições consensuais (Dalgalarrondo, 2008). 
James (1902/1994) focaliza a vivência pessoal da religião, definida como 
experiências, atitudes e sentimentos dos homens em sua relação individual com o 
divino. De maneira distinta, Geertz (1973/2008) sublinha a dimensão cultural e 
simbólica da religião, destacando o papel dos símbolos sagrados na configuração da 
visão de mundo de cada indivíduo. 
Para alguns estudiosos, a religião engloba características comportamentais, 
sociais e doutrinárias específicas compartilhadas por um grupo e praticadas pelo 
indivíduo; ao passo que a espiritualidade está relacionada ao transcendente e ao 
direcionamento de questões sobre o significado da vida não necessariamente 
presentes em crenças e práticas religiosas (Fetzer Institute, 1999; Rocha, Panzini, 
Pargendler, & Fleck, 2008; Sulmasy, 2009). Ademais, uma certa dicotomia entre 
religiosidadee espiritualidade pode ser apreendida em trabalhos que as distinguem 
respectivamente em: institucionalização e individualidade; estagnação e dinamismo; 
objetividade e subjetividade; crenças e experiências/emoções; negativa e positiva (e. 
g. Zinnbauer & Pargament, 2004). Todavia, Pargament (1997) alerta que ambas estão 
 
intimamente conectadas, não se justificando a pressuposição de uma “espiritualidade-
pessoal” sempre positiva e de uma “religiosidade-institucional” sistematicamente 
prejudicial. Segundo esse autor, há inúmeros exemplos empíricos que contradizem 
esses pré-julgamentos, a despeito de existir no meio acadêmico a preferência de 
alguns estudiosos pela espiritualidade ao invés da religião. 
Em geral, denomina-se como enfrentamento o conjunto de esforços cognitivos 
e comportamentais destinados ao manejo de situações externas e/ou demandas 
internas que excedem os recursos pessoais do indivíduo e ocasionam sua 
sobrecarrega (Folkman, Lazarus, Gruen, & DeLongis, 1986). Especificamente, 
quando o indivíduo utiliza a religião ou a fé como estratégia de manejo do estresse, a 
literatura reconhece o enfrentamento religioso/espiritual (ERE), cujas estratégias 
podem ser classificadas como positivas ou negativas, em função das consequências 
para a saúde dos indivíduos. Como exemplo de ERE positivo, costuma-se mencionar: 
sentimentos de segurança e conforto, conexão com os outros e crença no sentido da 
vida. Em contraposição, o ERE negativo parece se associar a uma visão pessimista 
do mundo e pouca autoconfiança (Panzini & Bandeira, 2007; Pargament, 1997; 
Pargament, Smith, Koenig, & Perez, 1998; Tix & Frasier, 1998). 
Com relação à avaliação do ERE, destacam-se dois instrumentos: a RCOPE 
scale, desenvolvida por Pargament, Koenig e Perez (2000), e sua versão abreviada, 
BriefCOPE scale (Pargament, Tarakeshwar, Ellison, & Wulff, 2001). No âmbito 
brasileiro, a adaptação e a validação do primeiro instrumento – nomeado como Escala 
de Coping Religioso-Espiritual (Escala CRE) – foi empreendida por Panzini (2004); já 
a versão abreviada foi adaptada e validada em uma amostra de indivíduos 
soropositivos e intitulada Escala Breve de Enfrentamento Religioso (Faria, 2004). 
Modelos explicativos têm sido elaborados na tentativa de compreender a 
relação entre religiosidade/espiritualidade e saúde, englobando as dimensões 
comportamental (dietas, comportamento de risco), social (suporte emocional de 
membros da instituição religiosa), psicológica (crenças e cognições que influem no 
enfrentamento e na qualidade de vida) e fisiológica (práticas que afetam a resposta 
de estresse) (Fitchett & Canada, 2010). 
 
Religiosidade e espiritualidade no contexto oncológico 
 
 
Apesar dos avanços conquistados em Oncologia o câncer ainda desencadeia 
ideias de morte e finitude, somadas às vivências de restrições corporais, dores e 
sofrimentos, que geram questionamentos dos valores e do projeto existencial. Nesses 
momentos de ressignificação, religiosidade e espiritualidade podem ter efeito positivo 
para o paciente, por um lado, contribuindo para a diminuição das experiências 
negativas provocadas pelo câncer e, por outro lado, aprimorando sua qualidade de 
vida (Aquino & Zago, 2007; Prada, 2006; Tarakeshwar et al., 2006; Thuné-Boyle et al., 
2011). 
Estudos com mulheres brasileiras apontaram correlações positivas entre apoio 
social e espiritualidade com o enfrentamento saudável do câncer de mama (Hoffmann, 
Müller, & Frasson, 2006; Hoffmann, Müller, & Rubin, 2006). De modo semelhante, a 
fé foi avaliada como fonte de conforto e segurança para pacientes com câncer cérvico-
uterino (Oliveira, Fernandes, & Galvão, 2005). Em pacientes laringectomizados, a 
religião foi considerada um suporte significativo (Aquino & Zago, 2007). Pacientes 
idosos relacionaram a fé religiosa à esperança, ao equilíbrio e ao fortalecimento 
(Teixeira & Lefèvre, 2008). Porém, experiências negativas como a manutenção da 
rigidez e de sentimentos de autocondenação, também foram identificadas (Barbosa & 
Freitas, 2009). 
Diante da constatação de influências tanto positivas como negativas da 
religiosidade/espiritualidade, é incontornável que profissionais de saúde estejam 
atentos a tais dimensões, inclusive solicitando a colaboração de representantes 
religiosos ou de profissionais especializados nestas questões para o manejo clínico 
de seus pacientes oncológicos. Em escolas médicas americanas, disciplinas 
preparatórias para lidar com as questões religiosas e espirituais dos pacientes são 
comuns (Koenig, Hooten, Lindsay-Calkins, & Meador, 2010). É preciso explicitar 
também que em muitos países da América do Norte e da Europa a figura do capelão 
está consolidada nas instituições hospitalares (Fitchett, King, & Vandenhoeck, 2010). 
Ademais, segundo Maciejewski et al. (2012) a articulação com profissionais religiosos 
é essencial no acompanhamento de pacientes oncológicos e, especialmente, 
daqueles que se encontram em cuidados paliativos. 
No Brasil, a legislação vigente estabelece diretrizes para serviços dessa 
natureza (Constituição Federal de 1988; Lei nº 9.982/2000; Decreto Nº 30.582/2009), 
porém, ainda são escassas as iniciativas nesta direção. Aliás, em um estudo com 
médicos oncologistas, Junqueira (2008) verificou que, apesar dos esforços para 
 
contemplar a subjetividade dos profissionais em unidades de cuidados paliativos, 
impera o despreparo para lidar com a dimensão religiosa nos atendimentos. 
Tendo em vista a diversidade religiosa brasileira, bem como a sua elevada 
importância atribuída pela população, os estudantes das profissões de saúde 
necessitariam receber alguma formação sobre o assunto (Dal-Farra & Geremia, 2010; 
Moreira-Almeida et al., 2010). A falta de treinamento e de habilidade em identificar as 
demandas dos usuários, assim como o receio de influenciar as crenças dos pacientes, 
constituem barreiras percebidas pelos próprios profissionais, que dificultam a 
abordagem da religiosidade/espiritualidade nos atendimentos (Balboni et al., 2007; 
McCauley et al., 2005; Monroe et al., 2003). 
Em contraponto, diversos estudiosos ressaltam benefícios da 
religiosidade/espiritualidade para o enfrentamento de doenças, justificando a inclusão 
da temática nas intervenções em saúde (Balboni et al., 2007; McCauley et al., 2005; 
Monroe et al., 2003; Panzini & Bandeira, 2007; Saad, Masiero, & Battistella, 2001). 
Para alguns autores, isto propicia a compreensão das crenças dos pacientes e sua 
relação com a doença, permitindo detectar interferências negativas na adesão aos 
tratamentos (Koenig, 2006; Post, Puchalski, & Larson, 2000). 
O preparo dos profissionais da saúde brasileiros para lidar com a temática 
religiosa/espiritual também tem sido examinado (Peixoto, 2006; Tomasso, Beltrame, 
& Lucchetti, 2011). Alves (2004) averiguou a opinião de jovens universitários de 
diversos cursos sobre o ensino religioso em disciplinas da graduação. Constatou-se a 
necessidade dos participantes em romper com as antigas tradições religiosas em prol 
de uma vivência da espiritualidade singular. Quanto às práticas de ensino, sugeriram-
se debate crítico e livre expressão da opinião dos alunos sobre as doutrinas religiosas. 
A religiosidade/espiritualidade dos profissionais da saúde também foram foco 
de estudos (Espíndula, Valle, & Bello, 2010; Junqueira, 2008). Ecklund, Cadge, Gage 
e Catlin (2007) levantaram as crenças religiosas e espirituais de 74 oncopediatras. Do 
total, 22 respondentes (29,7%) não participavam de cultos religiosos no último ano do 
curso, porém, 18 (24,3%) realizaram tais atividades de duas a três vezes por mês. 
Mais da metade (52,7%) presumiram que suas crenças podiam influenciar a interação 
com colegas e pacientes. 
Tendo em vista tais evidências destacadas pela literatura especializada, 
realizou-se uma pesquisa com o objetivo geral de conhecer, analisar e compreender 
as concepçõesde profissionais da área da Oncologia sobre religiosidade, 
 
espiritualidade e saúde, bem como a abordagem dessa temática com pacientes em 
seus atendimentos. 
 
Método 
 
Delineou-se um estudo descritivo e exploratório, quanti-qualitativo, organizado 
em duas etapas e previamente autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da 
Secretaria de Saúde do Distrito Federal. A primeira etapa foi conduzida com uma 
amostra de conveniência constituída por 85 profissionais com formação completa na 
área da saúde que atuavam na assistência a pacientes oncológicos. Desses, sete 
profissionais foram distribuídos em dois grupos focais online (n = 3 e n = 4) na segunda 
etapa do estudo. 
A pesquisa foi divulgada na rede de contatos profissionais da área de saúde, 
utilizando-se a estratégia comumente denominada “bola de neve”. Inicialmente, a 
coleta de dados foi feita por meio de um questionário eletrônico elaborado pela 
ferramenta Survey Monkey e disponibilizado na internet. O conteúdo englobava: a) 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); b) perguntas destinadas ao 
levantamento de dados sociodemográficos, hábitos religiosos, crenças dos 
participantes e presença de aspectos religiosos/espirituais em seus atendimentos; c) 
Escala Breve de Enfrentamento Religioso (Faria, 2004), composta por 14 itens para 
avaliação de padrões positivo e negativo, medidos em uma escala tipo Likert (1-4); d) 
convite para participar da segunda etapa da pesquisa. Durante os grupos focais 
online, realizados em data e horário previamente agendados, adotaram-se TCLE 
específico e roteiro com cinco questões norteadoras da discussão, que também 
ocorreu em ambiente virtual, utilizando-se o software GVO Conference. 
Os dados provenientes do questionário eletrônico foram submetidos à análise 
estatística descritiva (frequência e porcentagem) e inferencial (Teste t), com o auxílio 
dos programas Statistical Package for Social Science (SPSS versão 18.0) e do Excel 
Starter 2010. Os relatos reunidos ao longo dos grupos online foram submetidos à 
análise de conteúdo temática (Bardin, 2009). 
 
Resultados e discussão 
 
Etapa questionário eletrônico 
 
A Tabela 1 apresenta os dados sociodemográficos relativos a amostra desta 
etapa. 
 
 
 
As Figuras 1 e 2 caracterizam os hábitos religiosos dos participantes. 
Aproximadamente metade dos respondentes assinalou não participar de atividades 
religiosas públicas (instituições religiosas) ou privadas (leituras religiosas), denotando 
que tais atividades não fazem parte da rotina dos profissionais. Contudo, ao se 
comparar a frequência a instituições religiosas dos psicólogos da amostra, 
verificaram-se porcentagens próximas de profissionais que negaram (45%) e aqueles 
 
que se consideraram muito assíduos (40%). Sendo assim, verifica-se que os 
participantes dessa categoria profissional expuseram hábitos religiosos diversos. 
 
Figura 1. Grau de envolvimento em práticas religiosas públicas (N = 85). 
 
Fonte: Figura 2. Grau de envolvimento em práticas religiosas privadas (N = 85). 
A maioria dos respondentes (57,6%) se avaliou como muito ou completamente 
espiritualizada. Apenas dois médicos e um psicólogo negaram que a espiritualidade 
faça parte de suas vidas. Esse dado corrobora o estudo de Paiva (2002), cujos 
profissionais não se mostraram contrários à ideia de divindade. Tal como já discutido 
na literatura, é possível supor que os profissionais expressam necessidade de 
 
rompimento com as antigas tradições religiosas, aspirando vivenciar a espiritualidade 
de maneira singular (Alves, 2004). 
A análise da percepção de médicos, nutricionistas e psicólogos sobre as 
influências que a religião pode exercer na saúde das pessoas mostrou maiores efeitos 
positivos do que negativos (Tabela 2). A exemplo de evidências já reportadas por 
vários pesquisadores, o benefício mais frequentemente assinalado foi o 
enfrentamento de doenças (Faria & Seidl; 2005; Panzini & Bandeira, 2007; 
Pargament, 1997; Pargament, 1998; Pargament et al., 2000; Pargament et al. 2001). 
 
 
 
No que tange à solicitação de ajuda religiosa ou espiritual pelos pacientes 
oncológicos, pouco mais da metade dos participantes (54,1%) respondeu 
afirmativamente, sendo que 23 eram psicólogos. Para 85% dos profissionais, os 
temas religiosos/espirituais são frequentes nos atendimentos. Quanto à abordagem 
da temática pelos profissionais da saúde, a maioria dos respondentes (52,9%) 
informou que se deve lidar apenas com o que o paciente relatar. Ressalta-se que 
apenas nove respondentes expuseram que nenhum profissional da saúde deve 
abordar a temática nos atendimentos (Figura 3). Muitos estudiosos admitem que as 
vivências relacionadas à religião/espiritualidade do paciente sejam averiguadas 
atribuindo um papel ativo ao profissional da saúde no levantamento dessas 
 
informações desde que se assegure o respeito às crenças dos pacientes (Koenig, 
2006; Panzini & Bandeira, 2007; Saad et al., 2001). 
 
 
Fonte: Figura 3. Percepção sobre a abordagem da temática religiosa/espiritual com pacientes 
oncológicos. 
Quanto ao direcionamento das necessidades religiosas e espirituais dos 
pacientes oncológicos, aproximadamente metade dos participantes (48,2%) 
concordou que não existe profissional responsável por esse tipo de apoio em seu local 
de trabalho. O apoio do capelão foi mencionado por 15 participantes, o que representa 
menos de um quinto da amostra. Este resultado confirma que não há uma participação 
efetiva deste profissional em equipes de saúde, apesar da legislação reguladora que 
prevê a atuação dos capelães em instituições hospitalares brasileiras (Constituição, 
1988; Lei nº 9.982/2000; Decreto Nº 30.582/2009; Gentil, Guia, & Sanna, 2011). 
Embora a temática religiosa seja frequente nos atendimentos, a maioria dos 
profissionais do estudo não encaminhou pacientes a representantes religiosos na 
própria instituição (83,5%). Esse dado pode estar relacionado ao fato de não haver 
um profissional de referência. Na implementação de um serviço de suporte religioso, 
estudiosos indicam ser necessário priorizar ações integradas entre o trabalho de 
profissionais da saúde e religiosos, respeitando-se as demandas da família e do 
paciente (Fitchett et al., 2010; Junqueira, 2008; Maciejewski et al., 2012). 
 
A percepção dos profissionais da saúde sobre a influência da religiosidade/ 
espiritualidade na experiência oncológica é ilustrada na Figura 4. A questão “fonte de 
conforto” foi a mais selecionada pelos participantes, correspondendo a 97,6% da 
amostra. O item “pessimismo sobre a doença e o prognóstico” recebeu a menor 
quantidade de indicações. Em termos gerais, foram apontadas mais influências 
positivas do que negativas, tal como salienta a literatura (Faria & Seidl; 2005; Fitchett 
& Canada, 2010; Koenig, 2009; Panzini & Bandeira, 2007; Pargament, 1997). É válido 
destacar, porém, que grande parte dos profissionais considerou que os pacientes 
podem atribuir ao câncer um caráter punitivo. Nesse sentido, estudos vêm alertando 
que a percepção da doença como punição está geralmente associada a maneiras 
desadaptativas do enfermo ao lidar com o câncer. Assim, o enfrentamento negativo 
deve ser averiguado pelo profissional em seus atendimentos a fim de que possam ser 
promovidas maneiras mais assertivas de lidar com a enfermidade (Barbosa & Freitas, 
2009; Maciejewski et al., 2012; Thuné-Boyle, Stygall, Keshtgar, Davidson, & Newman, 
2011). 
 
Figura 4. Percepção sobre as influências da religiosidade/espiritualidade na experiência oncológica 
do paciente. 
A Escala Breve de Enfrentamento Religioso foi respondida por 82 participantes. 
Desses, 10,5% sinalizaram não recorrer a estratégias religiosas/espirituais para lidar 
 
com situações de estresse. Mais da metade dos respondentes (53,6%) indicou não 
utilizar estratégias de cunho negativo. Constatou-se, portanto, maior utilização

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