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Passivos Ambientais

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Passivo Ambiental 
 Companhia Mercantil e Industrial Ingá - O caso da 
Baía de Sepetiba 
 
 
 
 
 
 
 
O que são passivos Ambientais? 
 Passivos ambientais são obrigações a curto e longo prazo 
que uma empresa assume para promover o melhoramento 
ambiental. Tanto para amenizar quanto para extinguir os danos 
causados por sua produção ou processos que de alguma forma, 
geraram impactos ao meio ambiente. Incluem as dívidas 
contraídas pela degradação ambiental e indenizações pelos 
danos causados. 
 
 O Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) é 
responsável por decidir sobre a realização de estudos 
complementares para analisar as consequências ambientais 
dos empreendimentos públicos e privados. Ele também 
decide sobre a manutenção ou cancelamento de benefícios 
dos empreendimentos que não atenderem à legislação. 
 
Exemplos 
 No Brasil existem diversos tipos de passivos 
ambientais decorrentes das atividades praticadas 
pelas empresas. 
 Descarte inadequado de lixo 
 Emissão de gases poluentes 
 Lançamentos de produtos químicos e/ou 
resíduos em ambientes aquáticos 
 Contaminação do solo ou águas subterrâneas 
O caso da Baía de Sepetiba 
 Localizada a cerca de 60 km da cidade do Rio de Janeiro 
(RJ), a Baía de Sepetiba enfrenta um intenso e desregrado 
processo de ocupação, contando mais de 400 indústrias, muitas 
das quais metalúrgicas, que lançam seus resíduos e efluentes, 
densos em metais pesados e outras substâncias tóxicas, 
diretamente na baía ou corpos d´água da região, implicando em 
impactos socioambientais perversos para os habitantes dos 
municípios de Itaguaí, Seropédica, Mangaratiba, Queimados, 
Japeri e Paracambi. 
 A Companhia Mercantil e Industrial Ingá instalou-se na Baía 
de Sepetiba, no ano de 1962, onde iniciou as atividades de 
processamento de minérios para a produção de zinco de alta 
pureza. Desde o início de suas atividades, a empresa 
depositava montanhas de resíduos tóxicos a céu aberto. No 
ano de 1996, em decorrência de fortes chuvas na região, o 
dique de contenção rompeu, contaminando a baía com 
diversos metais pesados como Cd, Fe, Pb, Mn, Cr, entre 
outros. Em 1998 foi decretada a falência da companhia. 
 A companhia Ingá deixou um passivo ambiental estimado em 20 
milhões de reais. Estima-se ainda que dez milhões de toneladas 
de zinco e cádmio foram despejados na baía de Sepetiba nos 20 
anos que antecederam a falência da companhia. No ano de 2003 
por meio de uma ação civil pública foi determinado que fosse 
iniciado o processo de descontaminação conduzido pelo síndico 
da massa falida, em parceria com a UFRJ, a PUC-Rio, os 
governos estaduais de Minas Gerais, Rio de Janeiro e a 
Prefeitura Municipal de Itaguaí. 
 
As ações da Companhia Ingá não apenas contaminaram 
o solo e os corpos hídricos da região como também 
afetaram a atividade pesqueira e o turismo, as principais 
atividades econômicas exercidas pela população local. 
 
Ações Judiciais 
 Em 2004, uma liminar concedida pelo Ministério Público 
determinou a indenização de um salário mínimo por semana 
a cada pescador da região. A indenização referia-se ao 
período de fevereiro de 1996, ano do primeiro grande 
desastre causado pela Companhia Mercantil e Industrial 
Ingá, até o dia em que a baía de Sepetiba fosse recuperada. 
 Em janeiro de 2005, os ex-diretores da empresa foram 
condenados por crime ambiental, pela poluição da Baía de 
Sepetiba e, em 2007, o governo do estado juntamente com o 
então administrador e representante da massa falida iniciaram 
a descontaminação do terreno da Companhia Mercantil e 
Industrial Ingá. 
 
O projeto de Recuperação 
 Em junho de 2008, o terreno da companhia foi arrematado, 
em leilão, pela Usiminas, que, em 2009, reiniciou o processo 
de descontaminação em parceria com o governo do estado 
do Rio de Janeiro, um investimento de R$ 92 milhões na 
recuperação ambiental do terreno. A Usiminas estimou que, 
para total eliminação dos produtos tóxicos, a água teria que 
ser bombeada por aproximadamente 20 anos. 
 
 A USIMINAS em parceria com a ARCADIS HIDRO 
AMBIENTE realizou um diagnóstico ambiental no solo da 
região, no qual foi constatada a presença de contaminantes 
como antimônio, arsênio, cádmio, chumbo, bário, cromo, 
zinco, vanádio, entre outros. Verificou-se também altos 
níveis de toxidez em amostras de vegetação dos mangues 
e altas concentrações de boro e zinco (cerca de 60 vezes 
acima das concentrações permitidas). 
 De acordo com o diagnóstico ambiental realizado, 
adotou-se o confinamento geotécnico do rejeito com 
medida de recuperação mais viável. Foram instaladas 
barreiras hidráulicas para contenção da água subterrânea, 
contaminada pelos rejeitos. 
 A principal vantagem do método, muito utilizado na 
Europa, Estados Unidos e Canadá, é o menor impacto 
ambiental que gera, uma vez que evita a criação de um 
novo passivo ambiental em um segundo terreno. 
Confinamento Horizontal 
Barreira Reativa 
Permeável 
Confinamento Geotécnico 
por Jateamento 
Os impactos persistem 
 Mesmo com toda degradação ao meio ambiente 
causada pela Companhia Ingá, optou-se por autorizar a 
instalação de um novo polo industrial na região, de forma 
brusca e arriscada, ignorando as experiências e 
necessidades da população local. Empresas siderúrgicas 
continuam a acumular toneladas de rejeitos no solo de 
Itaguaí, demonstrando a morosidade do judiciário e a 
ineficácia do poder público no que diz respeito a 
fiscalização ambiental. 
 
 
 
“Para a ganância, toda a natureza é insuficiente” 
(Sêneca). 
Referências 
BOSCOV, M.E.G., 2008. Geotecnia Ambiental. São Paulo: Oficina de 
Textos, 2008. 
USEPA , 2009. US. Environmental protection Agency EPA/600/R-
09/149 November 2009. 
http://www.ambiscience.com 
http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/acontece-na-epsjv 
http://www.folhadomeio.com.br 
http://www.prrj.mpf.mp.br

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