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O semiárido é viável

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
UNIDADE ACADÊMICA DE GEOGRAFIA
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
COMPONENTE CURRICULAR: ASPECTOS GEOAMBIENTAIS DO SEMIÁRIDO NORDESTINO
DOCENTE: MARCELO BRANDÃO
DISCENTE: SABRINA CAMINHA DE ALMEIDA
O SEMIÁRIDO É VIÁVEL? FORMAS DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO
	
CAJAZEIRAS-PB
2019
	INTRODUÇÃO
Quando nós direcionamos ao Semiárido nordestino a primeira concepção que temos é de um espaço com estiagens, a miséria, definhamento humano ocasionados pela fome e falta d’água. O presente trabalho busca fazer uma análise sobre a viabilidade do Semiárido, bem como retratar procedimentos que facilitem a convivência com o mesmo.
O Semiárido brasileiro é uma região delimitada pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste- SUDENE considerando condições climáticas dominantes de semiaridez, em especial a precipitação pluviométrica. Como reflexo das condições climáticas, a hidrografia é frágil, em seus amplos aspectos, sendo insuficiente para sustentar rios caudalosos que se mantenham perenes nos longos períodos de ausência de precipitações. Constitui-se exceção o rio São Francisco (IBGE, 2018).
Podemos caracterizar esta Região também por sua diversidade e a multiplicidade de espaços geográficos, onde como aborda a ASA- Articulação no Semiárido Brasileiro:
“É um território imenso, com duas vezes mais habitantes que Portugal, um território no qual caberiam a França e a Alemanha reunidas. Essa imensidão não é uniforme: trata-se de um verdadeiro mosaico de ambientes naturais e grupos humanos. Dentro desse quadro bastante diversificado, vamos encontrar problemáticas próprias à região (o acesso à água, por exemplo) e, outras, universais (a desigualdade entre homens e mulheres). Vamos ser confrontados com o esvaziamento de espaços rurais e à ocupação desordenada do espaço urbano nas cidades de médio porte. Encontraremos, ainda, agricultores familiares que plantam no sequeiro, colonos e grandes empresas de agricultura irrigada, famílias sem-terra, famílias assentadas, muita gente com pouca terra, pouca gente com muita terra, assalariados, parceiros, meeiros, extrativistas, comunidades indígenas, remanescentes de quilombos, comerciantes, funcionários públicos, professores, agentes de saúde. O que pretendemos com essa longa lista, é deixar claro que a problemática é intrincada e que uma visão sistêmica, que leve em consideração os mais diversos aspectos e suas inter-relações, impõe-se mais que nunca” (ASA, 1999).
Ao abordar a viabilidade do Semiárido devemos considerar o amplo campo de possibilidades que é esta região, onde como cita Neto, 2013, p.169:
Famílias que convivem com o Semiárido têm uma multiplicidade de tarefas e atribuições que se articulam entre o cuidado do meio ambiente e as atividades políticas, culturais e religiosas. A associação comunitária, o banco de sementes [...] promovem e incutem o discurso da convivência [...] instituem relações de poder-saber que irão delimitar e esquadrinhar o território da possibilidade, da viabilidade, da sustentabilidade.
	É a partir da convivência com a Região que encontramos abundantes possibilidades de progresso, onde mesmo com as secas também encontramos solos férteis e água nos períodos chuvosos, aqui adentramos nos elementos de convivência com o semiárido. É notório que as secas são desiquilíbrios naturais, porém temos chuvas em períodos do ano, assim sendo, se os homens quisessem poderia amenizar esta situação por meio da preservação, armazenamento, garantindo assim os subsídios e promovendo a convivência com esta situação.
	FORMAS DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO
Podemos apontar que a institucionalização do discurso da convivência com o semiárido está inserido no processo dinâmico histórico e social, onde apresenta e encarrega-se de contribuir para que os sujeitos sociais, no seu cotidiano, elaborem e reelaborem suas práticas e concepções. Nesses processos é necessário que elaborem uma concepção de Semiárido e de que haja abertura para novas mentalidades capazes de dizer e fazer um Semiárido saudável, equilibrado, sustentável, único (NETO, 2013).
Precisamos compreender que não podemos acabar com a seca, o desafio que se institui é o da convivência com os fenômenos climáticos, construindo assim, uma educação contextualizada, construindo uma familiaridade com as plantas, animais já adaptados a região, como equitativamente com a construção de meios que possibilite a acumulação de água da chuva juntamente com plantios em sistemas racionais. Tais possibilidades contribuem para que ocorra uma melhoria das condições alimentares e de renda da família de agricultores familiares. 
A região Semiárida mesmo sendo pouco valorizada, detém de uma grande riqueza em biodiversidade, além de ter plantas com uma grande característica de resiliência à seca e uma forte capacidade de regeneração, a região é rica em elementos que podem render elementos e substâncias úteis em produtos de biotecnologia, como cosméticos e remédios (MARCONDES, 2015). Nesta perspectiva um elemento de grande relevância e que merece atenção é o extrativismo vegetal, sendo uma riqueza do Semiárido, onde como as plantas são adaptadas ao ambiente seco poderiam ser economicamente exploradas para a produção de óleos, Catolé, Faveleira, Marmeleiro e Oiticica; de látex, medicinais, Babosa; frutíferas. Mesmo sendo um universo amplo de possibilidades, praticamente não se conhecem sobre elas (SUASSUNA, 2007).
Dentre outras articulações para a convivência podemos citar a captação e acumulação da água da chuva, construindo assim reservatórios que escapem dos altos índices de evapotranspiração. Semelhantemente, a criação de propostas de desenvolvam de forma sustentável: a manutenção, em longo prazo, dos recursos naturais e da produção agrícola; a relação de convivência com as especificidades climáticas regionais; a valorização econômica e política dos agricultores; como o suporte as famílias e comunidades residentes no Semiárido (NETO, 2013).
Indubitavelmente como aborda Suassuna, João, 2007.
É preciso que se dê continuidade ao processo de construção de grandes represas na região, fazendo-se, sempre que possível, a interligação de suas bacias, como forma de utilizar melhoras suas águas. A perfuração de poços em regiões sedimentares é outra forma alternativa importante, a qual deve ser apoiada conjuntamente com a ampliação do programa de construção de cisternas no meio rural (p.143).
	Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, o Programa Nacional de Apoio à Captação de Água de Chuva e outras Tecnologias Sociais (Programa Cisternas). Tem como objetivo a promoção do acesso à água para o consumo humano e para a produção de alimentos por meio da implementação de tecnologias sociais simples e de baixo custo. O público do programa são famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água, com prioridade para povos e comunidades tradicionais. O semiárido brasileiro é a região prioritária do programa. Para essa região, o programa está voltado à estruturação das famílias para promover a convivência com a escassez de chuva, característica do clima na região, utilizando principalmente a tecnologia de cisternas de placas, reservatórios que armazenam água de chuva para utilização nos oito meses de período mais crítico de estiagem na região. As cisternas podem ser: Cisterna familiar de água para consumo, Cisterna Escolar de água para consumo, Cisterna de água para produção (MINISTÉRIO DA CIDADANIA).
	Outras propostas que podemos destaca é a criação de um programa crédito, que possibilite aos produtores seja de pequeno, médio ou grande porte de quitar suas dívidas; desenvolve estudos e pesquisas para conhecer melhor as causas da salinização nos ambientes áridos, bem como elaboração de técnicas que recuperem o solo salinos e que sejam economicamente viável; desenvolvimento de estudos sobe o plantio de espécies florestais exóticas, porém, se atendo a possíveis danos ao meio (SUASSUNA, 2007).Por fim, podemos citar segundo a Associação do Semiárido(ASA), algumas medidas propagadas: A implementação de um programa de reflorestamento; A criação de um Plano de Gestão das Águas para o Semiárido; O combate à desertificação e a divulgação de formas de convivência com o Semiárido através de campanhas de educação e mobilização ambiental; A proteção e ampliação de unidades de conservação e a recuperação de mananciais e áreas degradadas; A fiscalização rigorosa do desmatamento, extração de terra e areias, e do uso de agrotóxicos.
	CONCLUSÃO
A partir das premissas elencadas e de todos os apontamentos teóricos citados, posso concluir que com este abrangente espaço que é o Semiárido nordestino e suas amplas possibilidades podemos construir um espaço de grande viabilidade. É por meio da convivência, das adaptações, dos conhecimentos e tecnologias, que o homem do campo constroem meios de conviver com a semiaridez. Tampouco podemos dizer que não vá existir dificuldades, limitações e suscetibilidades, porém, são com as experiências e saberes, que construímos novas contingências. Do mesmo modo a população necessita ter dedicação e almejar viver neste espaço, pois só com força de vontade e buscando meios alternativos de adaptação entre o homem e o meio natural que podemos tornar o nosso Semiárido viável economicamente, viável no sentido de permanecer na nossa terra, cultivando e preservando nossas culturas. Como aponta Neto, 2013 “a proposta de convivência ainda é pouco conhecida por todos os habitantes do Semiárido. Ela significa retirar do meio ambiente os recursos necessários para as famílias, mas sem degradá-los” (p.185), assim é a convivência que irá possibilitar essa abrangência de conhecimentos e encontrar formas para que todos vivam com condições com suas famílias.
	REFERÊNCIAS:
ASA. Declaração do Semi-Árido: PROPOSTAS DA ARTICULAÇÃO NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO PARA A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO E COMBATE À DESERTIFICAÇÃO. Recife, 26 de novembro de 1999. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/sedr_desertif/_arquivos/declaracao_semiarido.doc. Acesso em: 18/11/2019.
BRASIL. Semiárido Brasileiro, In: IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2018. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/cartas-e-mapas/mapas-regionais/15974-semiarido-brasileiro.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 18/11/2019.
_______. Ministério da Cidadania. Programa Cisternas. Disponível em: http://mds.gov.br/assuntos/seguranca-alimentar/acesso-a-agua-1/programa-cisternas#wrapper. Acesso em: 20-11-2019.
NETO, Mariana M. Cap. 4- Feitos e ditos da Convivência, IN- OUTRO SERTÃO: fronteiras da convivência com o Semiárido. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2013.
Marcondes, Dal. Seca e qualidade de vida no semiárido nordestino. Agência Envolverde Jornalismo. Publicado:  13/11/2015. Disponível em: https://envolverde.cartacapital.com.br/seca-e-qualidade-de-vida-no-semiarido-nordestino/. Acesso em: 20/11/2019.
SUASSUNA, João. Semi-Árido: Proposta de convivência com a seca. Cadernos de estudos sociais- Recife, v.23, nº 1-2, p. 135-148, 2007.

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