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AULA 2 FINANÇAS CORPORATIVAS Profª Franciele Lourenço 2 INTRODUÇÃO Os objetivos de aprendizagem desta aula são: • Estudar os principais conceitos e definições relacionados às decisões de investimentos; • Expor as principais decisões de investimentos; • Mostrar os métodos de análise de viabilidade; • Estudar o método de análise incremental; • Explicar a relação entre risco e retorno. CONTEXTUALIZANDO Todos os dias nos deparamos com situações que exigem uma boa análise sobre o futuro de nossas finanças. Com as empresas não é diferente, pois há compras, investimentos e negociações que exigem uma análise especial em relação ao retorno, risco e tempo necessários para garantir sua sobrevivência. Por isso, faz-se importante estudar os principais conceitos e definições relacionados às decisões de investimentos, assim como as principais decisões de investimentos, tendo em vista que devemos analisar a área na qual o investimento será efetuado e os prováveis impactos que poderão ocorrer. Os métodos de análise de viabilidade funcionam para que o gestor possa avaliar a melhor opção e qual tomada de decisão fará mais sentido; se ele terá condições de aumentar o capital aplicado e se o investimento irá se pagar, determinando, também, o seu tempo. Outra importante ferramenta é o método de análise incremental, que analisará todas as diferenças em termos de custos, receitas e de uma melhor opção de investimento, levando-se em consideração variáveis econômicas e a aplicação de capital em paralelo. Verifica-se, assim, o menor valor investido em relação à taxa de atratividade do negócio. E, por fim, avalia-se, também, a relação entre risco e retorno, com o intuito de identificar e monitorar os rendimentos e ganhos de capital. 3 TEMA 1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES “O administrador financeiro tem dois problemas básicos. Primeiro: quanto deve a firma investir, e em quais ativos deve investir? Segundo: como deve ser levantado o caixa necessário?” (Filho et al., 2003, p. 13). O sucesso dos investimentos se baseia nos ganhos, assim, quanto mais os ativos se valorizarem, melhor será. Toda e qualquer decisão financeira, seja ela tomada por pessoas físicas ou jurídicas, tais como a compra do primeiro carro, o lançamento de um produto novo, a decisão de ir para a faculdade ou a escolha de um fornecedor farão parte das premissas das finanças. Ambas as decisões necessitarão do Princípio da Avaliação, “aquele que mostra como tornar os custos e benefícios de uma decisão comparáveis, de maneira que você possa ponderá-los adequadamente” (Berk; Demarzo; Harford, 2010). Mas afinal, o que são finanças? é a arte e a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. As finanças ocupam-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governo. (Filho et al., 2003, p. 14) Segundo o dicionário Aurélio, o termo Finanças refere-se “[à] ciência e [à] profissão do manejo do dinheiro, particularmente do dinheiro do Estado”. Para o Cambrige Advanced Dictionary, o termo Corporate está relacionado a grandes empresas. Portanto, os termos Finanças Corporativas ou Corporate Finance podem ser entendidos como o uso de técnicas de administração financeira específica de grandes empresas. A administração financeira diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não-financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como orçamento, previsões financeiras, administração de caixa, administração do crédito, análise de investimentos e captação de fundos. (Gitman, 1997, p. 4) As tarefas desenvolvidas do início ao fim do processo produtivo, em termos financeiros, podem ser chamadas de Ciclo da Administração Financeira nas Empresas, conforme demonstrado na figura 1. 4 Figura 1 – Ciclo da administração financeira nas empresas Fonte: Abensur, 2009, p. 4. O ciclo da administração financeira nas empresas inicia-se com a aquisição dos recursos produtivos, que passam pelo processo produtivo, pela formação de estoques, pela contabilização e apuração dos custos e receitas obtidas, chegando ao final do ciclo com a distribuição dos lucros aos acionistas. Por outro lado, a decisão financeira ótima se dará da seguinte forma: Figura 2 – Decisão financeira ótima Fonte: Filho et al., 2003, p. 15. Quanto aos aspectos relevantes da decisão financeira ótima, quando se fala em investidores, levantam-se os riscos e quais seriam os retornos obtidos por meio dos projetos. IDENTIFICAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DOS ASPECTOS RELEVANTES: INVESTIDORES ATIVO AMBIENTE Decisão ótima Risco e retorno dos projetos Fluxo de caixa dos projetos Avaliação dos projetos Análise dos projetos 5 O ambiente leva em consideração toda a parte do fluxo de caixa dos projetos. Já os ativos dependem da avaliação, que consistirá não só na avaliação, por exemplo, de qual o objetivo, a relevância, a durabilidade e de quais ações serão tomadas e de qual será o custo-benefício. A avaliação também irá requerer o monitoramento do projetos, comparando as metas predefinidas com os resultados obtidos pelo desempenho. A análise dos projetos diz respeito ao processo de desenvolvimento de produtos, o qual avalia a viabilidade dos produtos/serviços, desde a projeção dos custos, receitas e despesas até a atratividade de produtos já consolidados no mercado, incluindo os com a intenção de serem lançados. Outra importante denominação é o tipo de empresa com o qual estamos lidando. Segundo Berk, Demarzo e Harford (2010), há quatro tipos de empresas. • As Empresas Individuais (sole proprietorship), administradas por uma só pessoa, geralmente um empreendedor (enquadrados como Microempreendedor Individual, Microempresa EI ou Microempresa EIRELI) com no máximo um funcionário (no caso do MEI). Por serem pequenas, possuem poucos funcionários ou nenhum. Algumas características particulares são: o facilidade de estabelecimento; o geralmente não possuem participação no patrimônio da empresa, por não possuírem separação entre empresa e proprietário, sendo assim, a quitação de dívidas poderá ser realizada pelos ativos pessoais do proprietário; o difícil de transferir a titularidade do proprietário, a não ser em caso de venda; o não possuem valor mínimo do capital social; • As Sociedades por Quotas (partnership): administradas e constituídas por mais de um proprietário, os quais possuem obrigatoriedade em investir dinheiro ou bens na empresa, os quais poderão ser penhorados e serão traduzidos na lucratividade correspondente a cada um dos sócios. As características principais são: o os bens pessoais não serão afetados ou sofrerão interferência no caso de pagamento de dívidas; o as decisões poderão ser tomadas por um ou mais gerentes – determinadas por voto escrito ou em assembleia geral; 6 o todos os sócios respondem pela integralização do capital o em caso de falecimento ou desligamento de um dos sócios, pode- se evitar a liquidação por meio de um processo de aquisição (acima de 50% do capital social), chamado de buyout; o não possuem limite de capital social; • As Sociedades de Responsabilidade Limitada (LLC ou limited liability company): são aquelas sociedades por quotas limitadas sem um sócio solidário, conhecidas como LTDA. É formada por meio de um contrato que visa limitar as responsabilidades dos sócios mediante suas obrigações (atos constitutivos, descrição de seu modus operandi e a determinação de seucapital social). Suas características principais são: o os bens pessoais não serão afetados ou sofrerão interferência no caso de pagamento de dívidas, caso não possuam condições/patrimônio para quitar as dívidas, salvo em casos especiais; o os sócios respondem pelo montante definido como capital social; o as responsabilidades dos sócios são condicionadas ao valor de suas quotas; o todos os sócios respondem pela integralização do capital; o a sociedade poderá findar-se em casos de consenso ou deliberação absoluta dos sócios, vencimento de prazos etc. o em casos que envolvam a Sociedade de Responsabilidade Limitada sem sócios EIRELI, há apenas um único proprietário (unipessoal); o em caso de dívidas, será utilizado seu capital social e não o patrimônio individual dos sócios; o necessita de um capital mínimo; o não há limite de faturamento etc.; • As Corporações (Sociedades Anônimas – S.A.): “é um ente artificial, legalmente definido, separado de seus proprietários” (Berk; Demarzo; Harford, 2010, p. 40). Seus comandantes poderão ser acionistas: majoritários (possuem 50% ou mais das ações ordinárias), minoritários (aqueles que possuem menos ações e não têm influência nas decisões) e controladores (definidos ou pulverizados), que é o mais influente, não precisando possuir pelo menos 50% das ações, exercendo influência pelo 7 acordo de votos e utilizando a persuasão e oportunidade para convencer e exercer poder sobre a organização. Suas principais características são: o a participação dos sócios é condicionada ao número de ações que possuem, que poderão ser transmitidas a outras pessoas; o necessitam de conselhos; o não há a exigência de um sócio; o o capital social poderá ser formado por dinheiro, bens móveis ou imóveis; o os bens pessoais não serão afetados ou sofrerão interferência no caso de pagamento de dívidas; o há a possibilidade em se retirar da empresa a qualquer momento. Além dos conceitos básicos, do ciclo da administração financeira, da tomada de decisão ótima e dos tipos de empresas, em termos gerais, as finanças empresariais vêm se destacando nos seguintes âmbitos: profissionais qualificados, área de investimentos, instituições financeiras, finanças internacionais e consultoria em finanças pessoais. Por isso, profissionais qualificados e bem preparados são necessários em virtude do conhecimento e capacidade de tomada de decisões, levando-se em consideração a estrutura econômico-financeira e contábil, além da boa relação com as demais empresas parceiras e órgãos governamentais. A área de Investimentos acompanhará a evolução dos ativos financeiros, calculando preços e determinando riscos, bem como o retorno esperado/gerado. As Instituições Financeiras auxiliam as empresas e famílias em assuntos financeiros, realizando a intermediação financeira dos agentes superavitários para os deficitários. As Finanças Internacionais definem-se pela relação com o exterior, sejam elas por meio de exportação/importação, câmbio, de relações diplomáticas etc. A Consultoria em Finanças Pessoais é considerada o facilitador do planejamento financeiro e o seu objetivo é auxiliar os que necessitam realizar planejamento financeiro, seguros e planos de aposentadoria que permitam alcançar seus objetivos e metas financeiros. TEMA 2 – DECISÕES DE INVESTIMENTOS Algumas decisões sobre investimentos podem ser chamadas de decisões estratégicas, pois a lógica que as sustenta não é operacional ou rotineira, e sim de longo prazo, empresarial, visando tornar a empresa mais bem-sucedida (Filho 8 et al., 2003). No entanto, diariamente as empresas se deparam com situações financeiras de curto e longo prazos que poderão modificar toda a trajetória, dadas as incertezas. As decisões de investimento envolvem todo o processo de identificação, avaliação e seleção das alternativas de aplicações de recursos, conforme identificadas nos Ativos. As decisões de financiamento, por seu lado, envolvem a definição da natureza dos fundos aplicados, ou seja, a estrutura das fontes de capital demandadas pelas decisões de investimento. (Assaf Neto, 1997, p. 1) Por isso, toda empresa possui duas importantes e grandes áreas de decisões, a de investimento, que diz respeito às aplicações de recursos; e as decisões de financiamento, que envolvem as formas como serão captados os recursos. Ainda poderíamos incluir as decisões de dividendos, que correspondem ao financiamento de suas atividades, ou seja, a alocação do resultado líquido da empresa. Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2002), o administrador financeiro preocupa-se com a gestão das três áreas da administração de finanças corporativas: a decisão de investimento em projetos (Orçamento de Capital); Financiamento (Estrutura de Capital) e Gestão de Capital de Giro. Nessa última, as decisões são de curto prazo, enquanto nas duas anteriores as decisões são de longo prazo. As decisões de investimentos são aquelas que exigem muita cautela, pois interferem diretamente no futuro das empresas, afinal, uma vez tomada uma decisão incorreta, essa pode acarretar grandes perdas para as empresas, desde financeiras e econômicas até a sua falência. Os investimentos de curto prazo são mais perigosos ainda, pois podem trazer consequências irreversíveis. 9 Figura 3 – Decisão de investimento Crédito: EAMESBOT/Shutterstock. As decisões de financiamentos são as que levam em conta as possíveis fontes de renda (captação de recursos) e de geração de capital, o que possibilita a continuidade da operacionalização e lucratividade do negócio. Há as que complementam as decisões de investimentos e as de financiamentos, que são as decisões operacionais, ligadas à produção, ou seja, mão de obra, políticas de preços e estoque, recursos produtivos etc. As três decisões farão parte da chamada geração de valor para a empresa, pois, além de fazerem parte do fluxo de caixa da empresa, interferem em todas as áreas de uma organização. Dessa forma, visam dar continuidade não só ao lucro, à lucratividade e à geração de valor para a empresa, mas também à otimização dos investimentos. TEMA 3 – MÉTODOS DE ANÁLISE DE VIABILIDADE Vamos dar início com a seguinte questão: o que é análise de viabilidade? Segundo o dicionário, viabilidade é um substantivo feminino da qualidade do que é viável, daquilo que pode ser realizado, desenvolvido. No sentido figurado, é definido como estado do que pode dar certo; condição do que pode ter um bom êxito; condição da estrada por onde se consegue transitar. Logo, a viabilidade 10 trata de estratégias traçadas pela empresa, o que torna as ações mais assertivas em casos de viabilidade ou não de projetos de investimentos. A começar pela análise detalhada dos riscos e de incertezas do negócio, dá-se a continuidade com o Planejamento Financeiro, com a coleta de dados, com a definição de objetivos e metas, com a análise da situação financeira e das condições de investimento, implementação e monitoramento de resultados. Infelizmente, muitas empresas acabam deixando de lado o planejamento financeiro, bem como a determinação das metas e objetivos a serem cumpridos. O que parece ser uma ‘básica tarefa’ acaba determinando o futuro do negócio. Assim, deve ser analisado a curto, médio e também a longo prazo, considerando um crescimento sustentável para o negócio, viabilizado ou não pela projeção de gastos e de receitas. Posteriormente, define-se o prazo de retorno, o quanto de recursos é necessário e verifica-se a viabilidade econômica do negócio, avaliando-se: • O mercado atual; • O volume de vendas; • Custos operacionais. Figura 4 – Viabilidade Crédito: IQONCEPT/Shutterstock. 11 Após avaliadas essas variáveis, verifica-se a demanda de mercado, seja para a criação de um novo negócio ou para a expansão do atual oulançamento de novos produtos. Finalmente, a empresa deveria visualizar a Viabilidade Financeira, Operacional e Jurídica, alinhando as necessidades de leis, normas e regulamentos, verificando se o negócio demandará recursos e estrutura, bem como se poderá validar todas as obrigações impostas. Chega então a hora da escolha da melhor estratégia, em virtude do cenário projetado pelas etapas anteriores, cabendo a definição daquele que funcionará bem para determinado negócio, porém, isso não quer dizer que ela poderá funcionar para uma outra empresa. Vender cachorro-quente em frente à casa, por exemplo, pode funcionar para alguns, mas, se outro vizinho também optar por esse mesmo negócio, poderá render bons frutos, pois depende de administração, qualidade, recursos, marketing e propaganda, além da aceitação do produto pelos clientes. Nesse sentido, a análise de viabilidade apontará prováveis soluções para projetos, conforme o propósito particular de cada empresa, atrelado a todas as áreas da empresa, independentemente se de macro ou de microambiente. TEMA 4 – MÉTODO DE ANÁLISE INCREMENTAL Aplicado em negócios ou empresas em paralelo, o modelo de análise incremental, também traduzido por modelos em cascata, traz a ideia de que o produto ou serviço, em vez de ser desenvolvido apenas de uma vez só, poderá sofrer incrementos de tecnologia, inovação etc. 12 Figura 5 – Análise incremental Crédito: szaflarek30/Shutterstock. A análise incremental de projetos de investimento levam em consideração o método que avalia os custos da próxima unidade a ser fabricada ou vendida. Ou seja, busca-se geração de valor ao negócio, aliada à estratégia organizacional da empresa. Então, o que é inovação incremental para o meu negócio e para meus investimentos? Em 1939, Joseph Schumpeter estudaria a inovação incremental, e, a partir desse momento, as empresas se viram cada vez mais obrigadas a incrementar seus produtos e serviços com melhorias contínuas. As melhorias não precisam necessariamente ser expressivas, podem ser pequenas, desde que proporcionem eficiência, eficácia e efetividade ao processo produtivo face a sua concorrência. Primeiramente, deve haver o estudo e conhecimento em relação ao negócio, avaliação das necessidades e do público-alvo, bem como engajamento dos colaboradores, promovendo o desenvolvimento de produtos que atendam às expectativas dos clientes e que tenham baixo custo e baixos riscos aos investidores. 13 No entanto, é preciso manter a essência do negócio, implantando medidas incrementais gradativamente. Muitas empresas vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado, apostando inclusive na participação colaborativa de seus colaboradores. Imagine que um colaborador tenha exposto e implantado uma sugestão de melhoria na empresa em que trabalha, diminuindo o tempo de parada de uma máquina em dez minutos da execução individual diária de um processo realizado por 100 colaboradores dentro de uma fábrica. Se nós considerarmos que a jornada semanal desses colaboradores é de 40 horas semanais, com 8 horas diárias, ao longo de dez semanas teríamos aproximadamente 50 mil minutos poupados. No geral, 50 minutos pode ser pouco, porém, para um investidor, um segundo pode determinar a sobrevivência do seu negócio. Mas o que isso tem a ver com projetos de investimento? Investidores necessitam de ganhos, isso porque realizam investimentos esperando algo em troca, por isso muitas empresas desenvolvem novos produtos e modelos de negócio para responderem com mais agilidade às mudanças do mercado. Apesar de as empresas viverem lançando novos produtos no mercado, muitas vezes basta a inserção de incrementos para que se promova a longevidade das organizações, o fortalecimento competitivo e a diversificação de portfólio, bem como para manter constantes os rendimentos e suas fontes de receita. Logo, a inovação incremental tem grande importância quando se fala em potencial de redução de custos, provimento de melhorias e relevância da marca. TEMA 5 – RISCO E RETORNO Para que as empresas evitem surpresas, elas devem realizar a construção de cenários pessimistas e otimistas que tragam em seu bojo a responsabilidade das informações e o conhecimento, para que, assim, a tomada de decisões seja realizada com um alto nível de confiança a fim de que suas perdas e ganhos sejam expressas o mais próximo do real possível. Nas sociedades ocidentais as pessoas são ostensivamente livres, mas sentem-se presas pela imprevisibilidade dos eventos. A cada ano, a cada década, somos apanhados de surpresa por avanços sociais ou tecnológicos que surgem de repente. Como pessoas, negócios e instituições podem planejar o futuro quando não sabem o que o amanhã trará? (Schwartz, 2000, p. 15) 14 Mellagi Filho (2003, p. 248) conceitua o risco como a “ probabilidade de não ocorrer o evento esperado. No caso de uma aplicação financeira, o risco pode ser entendido como a não-realização do retorno esperado”. Filho et al. (2003, p. 22) afirmam que “risco, na linguagem dos administradores financeiros, [tem] nada a ver com dar certo ou dar errado, ter prejuízo ou ter lucro. Diz respeito apenas à probabilidade de se ter um resultado diferente do esperado”. Devido a sua amplitude, o conceito de risco deve levar em consideração principalmente os riscos econômicos e financeiros. “As principais causas determinantes do risco econômico têm a ver com a conjuntura” (Filho et al., 2003, p. 29). “A análise de conjuntura é uma mistura de conhecimento e descoberta, é uma leitura especial da realidade e que se faz sempre em função de alguma necessidade ou interesse” (Souza, 2002, p. 8). Assim sendo, analisar a conjuntura é uma tarefa complexa que exige conhecimentos detalhados e uma capacidade superior em perceber, compreender, descobrir sentidos, relações e tendências com base em dados e em informações envolvidas (Souza, 2002). Já o risco financeiro está diretamente relacionado com o endividamento da empresa e com a capacidade de pagamento (Filho et al., 2003). Os autores defendem que o risco sistemático se relaciona aos ativos negociados no mercado, sendo determinado por eventos de natureza política, econômica e social. Por outro lado, o risco não sistemático diz respeito aos riscos específicos ou próprios do ativo. Em resumo, o risco sistemático possibilita quantificar a sensibilidade do retorno do ativo financeiro em relação ao retorno do mercado, possibilitando a medição do quanto o retorno de uma ação irá variar quando ocorre uma alteração do mercado. Vale ressaltar que no risco sistemático cada ativo se comporta de maneira diferente em relação à conjuntura, por isso, indica-se que os investimentos sejam diversificados. No risco não sistemático, cada ativo é afetado de maneira diferente por conta dos seus tipos de contrato. Segundo Mellagi Filho (2003), para avaliar a expectativa de valor real de um projeto, devemos levar em consideração incertezas do próprio negócio, de crédito, de inadimplência, das mudanças nas taxa de juros, de hábitos dos consumidores etc. 15 Quadro 1 – Características principais da distribuição normal Tem a forma de um sino É simétrica em relação à média Prolonga-se de mais infinito a menos infinito Cada distribuição normal fica completamente especificada por média e desvio- padrão, existe uma distribuição normal para cada combinação de média e desvio-padrão A área total sob a curva normal é considerada 100% A área sob a curva entre dois pontos é a probabilidade de uma variável normalmente distribuída tomar um valor entre esses pontos Como há um número ilimitado de pontos no intervalo de menos infinito a mais infinito, a probabilidade de uma variável aleatória distribuída normalmente tomar exatamente determinado valor é aproximadamente zero. As probabilidadesreferem-se sempre a intervalos de valores Fonte: Lourenço, com base em Mellagi Filho, 2003. O quadro 1 mostra o método probabilístico para determinação do risco para o qual, segundo Mellagi Filho (2003, p. 97), a “distribuição normal é uma ferramenta importante que possibilita a mensuração do nível de incerteza decorrente de suas indecisões”. 16 REFERÊNCIAS ABENSUR, E. O. Finanças Corporativas: fundamentos, práticas brasileiras e aplicações em planilha eletrônica e calculadora financeira. Universidade Federal do ABC – UFABC, São Paulo, 2009. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/323030034_FINANCAS_CORPORATI VAS_Fundamentos_Praticas_Brasileiras_e_Aplicacoes_em_Planilha_Eletronica _e_Calculadora_Financeira>. Acesso em: 4 jan. 2022. ASSAF NETO, A. A dinâmica das decisões financeiras. Caderno de Estudos, São Paulo, FIPECAFI, v.16, p. 9-25, jul./dez. 1997. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/cest/a/jdLGksTfdnXLtL9LXHLtNwK/?lang=pt>. Acesso em: 4 jan. 2022. FILHO, J. C. F. A.; SOUZA, C. P. de; GONÇALVES, D. A.; CURY, M. V. Q. Finanças Corporativas. 2. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. 144 p. GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. São Paulo: Habra, 1997. MELLAGI FILHO, A. Curso Básico de Finanças. São Paulo: Atlas, 2003. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SCHWARTZ, Peter. A arte de visão de longo prazo: planejando um futuro em um mundo de incertezas. 4. ed. Rio de Janeiro: Best-Seller, 2006. SOUZA, H. de. Como se faz análise de conjuntura. 23. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. VIABILIDADE. In: Dicio – Dicionário Online de Português. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/viabilidade/>. Acesso em: 4 jan. 2022. INTRODUÇÃO Contextualizando TEMA 1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES Após avaliadas essas variáveis, verifica-se a demanda de mercado, seja para a criação de um novo negócio ou para a expansão do atual ou lançamento de novos produtos. Finalmente, a empresa deveria visualizar a Viabilidade Financeira, Operacional e Jurídica, alinhando as necessidades de leis, normas e regulamentos, verificando se o negócio demandará recursos e estrutura, bem como se poderá validar todas as obrigaçõe...
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