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Avaliação de Impacto Ambiental Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental 5 • Introdução • Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil • Realizando um Estudo de Impacto Ambiental • Finalizando a unidade · A unidade tem como objetivo dar condições para o profissional de meio ambiente coordenar a elaboração de um estudo de impacto ambiental e conhecer todos os componentes envolvidos, inclusive as políticas e legislações pertinentes. Nesta unidade, abordaremos aspectos das políticas públicas, legislação brasileira na avaliação de impactos ambientais e desenvolvimento de um estudo de impacto ambiental. Muitos aspectos técnicos foram bem simplificados para não nos perdermos e termos uma visão mais geral do assunto. Os temas abordados podem e devem ser aprofundados na bibliografia citada e também no material complementar. Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental 6 Unidade: Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental Contextualização Nesta unidade, trataremos especificamente das políticas públicas, legislação brasileira na avaliação de impactos ambientais e desenvolvimento de um estudo de impacto ambiental. A unidade tem como objetivo dar condições para o profissional de meio ambiente coordenar a elaboração de um estudo de impacto ambiental e conhecer todos os componentes envolvidos, inclusive as políticas e legislações pertinentes. Como um instrumento de política e gestão ambiental de projetos, a Avaliação de Impacto Ambiental (AAI) caracteriza-se por assegurar, desde o início do planejamento de um projeto, que se faça o estudo sistemático dos impactos ambientais e das alternativas viáveis, e que os resultados sejam apresentados de forma coerente ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão. No Brasil, a Avaliação de Impacto Ambiental foi introduzida pela lei federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a política ambiental e os instrumentos técnicos que permitem a gestão ambiental, como o Zoneamento Ambiental, o Licenciamento Ambiental, o Controle, a Fiscalização e o Monitoramento Ambiental. Esses instrumentos foram regulamentados por meio de resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), um órgão superior do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), instituído pela mesma legislação. A Avaliação de Impacto Ambiental foi regulamentada por meio da resolução 001/86 do CONAMA, que definiu os critérios básicos e as diretrizes para sua introdução. A AIA nessa resolução aparece como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), condicionantes para o licenciamento ambiental de empreendimentos que causam impactos ao meio ambiente. Mais tarde, a constituição da república de 1988, no capítulo sobre meio ambiente (art. 225), colocou o Estudo Prévio de Impacto Ambiental como exigência para a implantação de obra ou atividades causadoras de degradação ambiental no parágrafo 10, inciso IV. A partir da introdução do conceito de impacto ambiental, outros instrumentos de gestão ambiental foram gerados. Entre eles, podemos citar as auditorias ambientais, o monitoramento ambiental e a avaliação ambiental a ser aplicada em políticas setoriais. Com isso, um conceito mais abrangente vem sendo introduzido: a Avaliação Ambiental Estratégica – AAE. 7 Introdução A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) foi um grande avanço em relação às políticas ambientais, obrigando a se pensar nos aspectos ambientais nos estágios mais preliminares de um projeto. É um importante instrumento de gestão, viabilizando ao longo prazo empreendimentos e evitando erros que trariam custos ambientais e econômicos relevantes. Além disso, o estudo de impacto ambiental torna o processo de licenciamento mais transparente, o que permite que diferentes agentes sociais possam se envolver com o processo de desenvolvimento e gestão da sua região (BRAGA, 2005). Esse termo trata-se de um processo sistemático de comunicação das considerações ambientais e consequências das propostas referentes a políticas, planos e programas. A AAE tem como objetivo principal integrar os fatores ambientais e a sustentabilidade no desenvolvimento dos processos de decisão sobre políticas públicas. Com novos enfoques, as políticas de gestão ativas e preventivas colocam em cada setor da economia, de produção ou serviços, responsabilidades na construção de processos de gestão ambiental adequados às suas atividades, para que atinjam níveis de qualidade ambientais cada vez melhores. Esses níveis poderão ser estabelecidos a partir de absorção pelo empreendedor público ou privado, de sistema de gestão ambiental, de procedimentos e normas de conduta para a redução de impactos ambientais, correlacionadas à produção de serviços e produtos de sua atividade econômica, e orientados para a conservação dos recursos naturais e pela sustentabilidade ambiental (PHILIPPI, 2005). A avaliação dos impactos faz parte também das Normas Internacionais de Qualidade Série ISO 14001, adotadas e reguladas como um instrumento de certificação ambiental, um selo de qualidade ambiental das operações, produtos e serviços das empresas que possuem o certificado. 8 Unidade: Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil A Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento de política e gestão ambiental caracterizado pela exigência de elaboração do EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), na fase anterior à implantação do empreendimento, ou seja, na fase de estudos de viabilidade técnica e econômica, colocando essa nova variável que é o estudo das questões ambientais.O processo todo é iniciado com a definição ou não da necessidade da elaboração do EIA e do RIMA pelo órgão ambiental, que poderá ser de nível federal, estadual ou municipal, isso vai depender da abrangência do projeto. Em caso afirmativo, ou seja, verificada a necessidade da elaboração, o empreendedor será responsável pela contratação do Estudo e por todos os custos decorrentes do EIA, inclusive do licenciamento ambiental. Como já mencionado, a elaboração do EIA-RIMA foi regulamentada pela resolução 001/86 do CONAMA, que prevê no artigo 7º que essa elaboração seja realizada por equipe multidisciplinar independente, com apresentação ao órgão ambiental responsável para que seja solicitada a licença ambiental prévia do empreendimento. As atividades que exigem o EIA e RIMA estão elencadas no artigo 2º do CONAMA 001/86, mas outras atividades podem ser adicionadas se consideradas relevantes. Em relação à definição dos estudos ambientais pertinentes em cada caso, deve ser considerada a Resolução CONAMA 237, de 19/12/1997, que dispõe sobre descentralização da gestão ambiental e estabelece as competências e as atividades, objeto de licenciamento ambiental (CONAMA 1997). Depois de elaborado o EIA-RIMA, os documentos devem ser apresentados ao órgão ambiental, divulgada formalmente sua apresentação na imprensa oficial, disponibilizando-se o documento para as comunidades interessadas. Após a análise técnica pelo órgão ambiental, este emitirá seu parecer com base nessas consultas e avaliações, estabelecendo os condicionantes técnicos e as medidas mitigadoras correspondentes aos impactos detectados, determinadas se a decisão for favorável à implantação do empreendimento. Uma parte crucial de todo esse processo se dá por meio da participação das comunidades e da sociedade interessada nas consequênciasambientais do empreendimento. Portanto, dentro do processo de avaliação de impacto ambiental, é obrigatória a divulgação pública dos pedidos de licenciamento ambiental, com referência à elaboração dos estudos, bem como a disponibilidade do RIMA. O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é um relatório que deve ser elaborado em linguagem adequada para a compreensão de todos, resultado do estudo de impacto ambiental de um determinado empreendimento, e é utilizado para divulgar os impactos do projeto em estudo, das medidas para a mitigação dos impactos e as condições em que o projeto se torna viável do ponto de vista ambiental. 9 No processo de avaliação de impacto ambiental, deve ser considerada também a realização de audiências públicas antes da tomada de decisão pelo órgão ambiental competente, para que as comunidades interessadas no projeto se posicionem. Essa medida também foi regulamentada pela Resolução CONAMA 009, de 03/12/1987. No Brasil, o EIA é submetido à análise dos Conselhos de Meio Ambiente, que são compostos por representantes governamentais e pela sociedade civil organizada em entidades não governamentais. A análise é submetida antes das decisões oficiais do órgão governamental competente. A deliberação do conselho pode ter um peso jurídico e administrativo, dependendo da legislação ambiental específica do estado ou do município envolvido. Sendo a Avaliação de Impacto Ambiental um instrumento de caráter preventivo, devendo ser elaborado na fase de planejamento, apresenta como seus principais objetivos subsidiar a decisão entre a escolha e as possíveis alternativas de um projeto, incluindo a hipótese de não execução; gerenciar as ações do projeto em todas as suas fases, do ponto de vista ambiental; e auxiliar o processo de decisão da viabilização do uso dos recursos naturais e econômicos, promovendo o desenvolvimento sustentável. A avaliação de impactos envolve muitas variáveis, como procedimentos técnico- científicos, administrativos, políticos e institucionais. No campo técnico-científico, são utilizados métodos e técnicas em todas as áreas do conhecimento, principalmente as do meio físico, biótico, social e econômico. No institucional, métodos de planejamento e gestão e toda a legislação ambiental. E no campo político, é solicitada a garantia da participação da sociedade no processo de tomada de decisão sobre a realização de projetos que venham afetar negativamente o ambiente. 10 Unidade: Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental Vamos apresentar a seguir um diagrama que mostra uma sequência das principais atividades que fazem parte de um processo de Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil. Projeto de empreendimento ou atividade Licenciamento ambiental simples Concessão da Licença Prévia - LP Gestão ambiental do empreendimento Revisão do EIA/RIMA pela equipe tecnica do orgão ambiental Avaliação ambiental preliminar Processo completo de avaliação de impacto ambiental Avaliação ambiental detalhada: Elaboração do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório de Impactos ao Meio Ambiente - RIMA Elaboração dos termos de referência em conjunto com o orgão ambiental Tomada de decisão pela autoridade ambiental após liberação do conselho de meio ambiente O projeto pode causar impactos ambientais? Talvez Sim Audiência pública Não Adaptado de Philippi, 2005, apud Sanches. 11 Realizando um Estudo de Impacto Ambiental A realização de um Estudo de Impacto Ambiental deve passar por algumas etapas que irão fazer parte do conteúdo final do documento. As etapas são: descrição do ambiente na área de influência do projeto; descrição do projeto; diagnóstico ambiental; determinação e avaliação dos impactos; medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras; monitoramento após implantação das medidas. Descrição do projeto A descrição de um projeto constitui-se de duas partes principais - uma se refere a informações técnicas e outra a informações contextuais. Dentre as informações técnicas, devem constar a localização do projeto; a concepção física; os métodos; o cronograma de construção; os requerimentos de energia e água; os procedimentos para o funcionamento; as vias de acesso; as obras de serviços e apoio; as matérias primas e os insumos em todas as fases do processo; tipo e quantidade de todas as emissões, incluindo emissões sólidas, líquidas, gasosas e ruído; as formas de controle, planos e programas ambientais. Devem constar também os custos do empreendimento; os empregos diretos e indiretos criados em todas as fases; os impostos e rendas gerados na implantação do projeto; a vida útil do empreendimento; o destino para o local após o término das atividades; e programas para a recuperação da área. Resumindo, é necessário que se descrevam todas as atividades e formas do desenvolvimento, todos os recursos utilizados, os produtos e os resíduos que serão gerados em decorrência das atividades. Todas as ações e produtos que o projeto vai gerar deverão ser conhecidos. Isso é necessário para que se identifiquem posteriormente os impactos ambientais. Nas informações contextuais, deverão constar a justificativa da escolha do projeto e do local de sua implantação e a necessidade da sua implantação e execução, com a indicação dos benefícios econômicos, sociais, ambientais, etc.; devem ser apresentadas também as alternativas tecnológicas do projeto e alternativas de localização. Descrição ambiental da área de influência do projeto Para descrever o meio ambiente, é necessário em primeiro lugar definir quais os limites da área de influência do projeto. Essa definição costuma ser feita com a equipe multidisciplinar em reuniões técnicas, com base em avaliações preliminares do alcance de cada impacto esperado. Em geral, cada impacto apresenta um comportamento. Vamos dar como exemplo uma área em que a poluição do ar pode se espalhar por conta de um empreendimento. A área de influência deverá ser determinada dependendo da direção e velocidade de ventos predominantes, da altura da chaminé, da quantidade de emissões, do relevo, etc. Muito diferente da poluição hídrica, que se relaciona diretamente com os cursos d’ água onde podem ser lançadas emissões líquidas. O ruído também tem uma área de abrangência específica. Então, podemos dizer que a área de influência será uma combinação dos limites de cada elemento do projeto. 12 Unidade: Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental Classifica-se a área de influência em direta e indireta. A área de influência direta é a área localizada mais próxima do empreendimento, sofrendo, portanto, os efeitos diretos da implantação e operação do projeto. A área de influência indireta é aquela em que os efeitos são menos evidentes. A área de influência direta requer uma descrição mais detalhada e profunda. As áreas de influência, tanto a direta quanto a indireta, deverão ser apresentadas em cartas temáticas e de síntese. Tais áreas devem ser definidas e muito bem explicadas no EIA. Para a descrição da área de influência, são exigidos estudos bastante aprofundados, baseados em dados, quando existentes e disponíveis na literatura, e em levantamentos de campo para coletas de dados, quando as informações não são existentes. As coletas costumam encarecer bastante o EIA e prolongam o processo, mas são extremamente necessárias em locais que ainda não foram estudados e para prospecções da área diretamente afetada. É muito importante que os dados obtidos sejam da área específica do projeto e não de áreas similares, pois cada área tem aspectos únicos que são fatores chave para a identificação dos impactos. Ao descrever a área de influência, os seguintes aspectos devem estar contemplados: o meio físico, o meio biológico e o meio antrópico. No meio físico, temos: clima e condições meteorológicas; ruído; qualidade do ar; solos; geologia; recursos hídricos; etc. No meio biológico:os ecossistemas terrestres, aquáticos e de transição. E no meio antrópico, temos dinâmica populacional; uso e ocupação do solo; nível de vida; estrutura produtiva e de serviços; e organização social. O que permitirá o conhecimento do meio em que o projeto vai ser implantado será o que permitirá identificar as possíveis alterações sobre os estados dos aspectos ambientais em função da implantação do projeto. Por conta da quantidade grande de aspectos que podem ser incluídos na descrição da área de influência, os órgãos ambientais responsáveis elaboram os termos de referência, que indicam aos empreendedores e à equipe de elaboração dos EIAs. Esses termos são muito importantes, pois definem quais elementos do meio ambiente deverão estar incluídos nessa descrição, sendo considerados imprescindíveis para a análise do estudo. De modo geral, a descrição é um conjunto de informações na sua maioria não pertencentes ao projeto, mas que servirão de base para a tomada de decisões. É importante que se trabalhe na descrição com elementos valorizados do ambiente, reconhecidos legalmente, reconhecidos pela comunidade como elementos importantes e também considerados por técnicos especializados. O diagnóstico ambiental No diagnóstico ambiental, deverão ser apresentadas a descrição e análise dos fatores ambientais e as interações entre eles, para fazer a caracterização da área de influência antes da implantação do empreendimento. Os fatores ambientais englobam as variáveis suscetíveis de sofrer direta ou indiretamente os efeitos das ações executadas na fase de planejamento, implantação e operação do empreendimento. 13 No diagnóstico ambiental, é necessário expor as interações dos fatores ambientais, físicos, biológicos e sócio econômicos, indicando quais os métodos adotados para a sua análise, com o objetivo de descrever as inter-relações entre os componentes bióticos, abióticos e antrópicos dos sistemas que serão afetados pelo empreendimento. Determinação e avaliação dos impactos Os impactos deverão ser determinados nas diferentes fases do empreendimento: planejamento, construção, funcionamento e desativação. A determinação e a avaliação dos impactos é a etapa mais crucial de um estudo ambiental, pois exige um conhecimento profundo das atividades envolvidas e dos efeitos sobre os diferentes aspectos ambientais para que se possam prever os impactos que ocorrerão com o empreendimento proposto. Os estudos ambientais em todo o mundo estão focando cada vez mais nos grupos interessados e nas populações que podem ser afetadas, positiva ou negativamente, pelo projeto para a definição desses impactos. Portanto, é de suma importância que se identifiquem todos os envolvidos e que estes participem do processo, colocando suas preocupações e expectativas em relação ao empreendimento. Vários métodos foram desenvolvidos para a determinação dos impactos. No entanto, o mais comum é que a equipe responsável pela elaboração do EIA acabe desenvolvendo uma metodologia própria, normalmente adaptada das metodologias já citadas em outras unidades. Qualquer que seja a metodologia, a identificação dos impactos deve considerar todos os fatores e componentes do meio ambiente, incluindo os recursos naturais, culturais, econômicos, sociais, entre outros. Os impactos são normalmente classificados em categorias, e cada equipe adota a sua própria classificação. Algumas classificações são mais comuns, elementos como magnitude do impacto, distribuição dos riscos e benefícios, pertinências às ordens legais, etc. Outro ponto relevante é a classificação dos impactos diretos ou de primeira ordem, e dos impactos indiretos, de segunda, terceira e até quarta ordem. A seguir vamos apresentar um exemplo da classificação de impacto em diretos e indiretos: DESMATAMENTO IMPACTOS DIRETOS IMPACTOS INDIRETOS Perda da biodiversidade • Redução da fauna silvestre • Aumento de pragas Aumento da temperatura • Modificação do regime de ventos e chuvas Aumento da erosão • Turbidez da água • Diminuição da fotossíntese • Redução da ictiofauna • Perda de renda Fonte: Philippi, 2004. 14 Unidade: Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental Todas as fases de um empreendimento devem ter seus impactos descritos, incluindo a preparação do terreno; instalação das obras; implementação; construção; funcionamento; e até a desativação, se houver. Os impactos são descritos para cada fase do empreendimento, pois os impactos são diferentes em cada fase. A avaliação dos impactos é feita após a indicação e classificação dos efeitos e consiste em dar magnitude e amplitude aos impactos previstos, a fim de poder determinar a ordem de prioridade de prevenção, de mitigação ou de compensação (PHILIPPI, 2004). Com a avaliação, é possível estabelecer a importância dos impactos, tarefa extremamente complexa e subjetiva. A avaliação não pode ser realizada por um único técnico, e sim por uma equipe multidisciplinar, normalmente com audiência pública e consultoria especializada. A classificação e a importância dos impactos devem ser colocadas em ordem de prioridades. É necessário colocar a atenção em alguns critérios, como: • Comparação de leis e regulamentos existentes; • Determinação do grau de importância que a população dispensa ao empreendimento; • Presença de áreas protegidas pela legislação localizadas dentro da área de influência do empreendimento; • Compatibilidade com políticas e projetos do governo na área; • Trabalhos científicos na área; • Consulta de pessoas e órgãos envolvidos; • Atenção às alterações dos sistemas e processos ecológicos; • Intensidade do impacto negativo nos valores sociais; • Intensidade dos impactos negativos ou positivos sobre a saúde da população envolvida. Ao serem avaliados os impactos de forma comparativa, podemos chegar aos impactos que causam maior preocupação e que precisam ser evitados, diminuídos ou compensados e àqueles que são de menor importância. Com a avaliação dos impactos, é possível uma avaliação mais precisa sobre a viabilidade ambiental do empreendimento, facilitando a comunicação com o público envolvido e com os órgãos competentes. Com a dificuldade que os técnicos encontram nas avaliações qualitativas e nos testes estatísticos, vem crescendo a utilização de modelos matemáticos para dar mais confiança às previsões. Esses modelos são úteis para quantificar os parâmetros físicos, químicos e biológicos, permitindo o estudo de diferentes cenários para os fatores demográficos, econômicos e sociais. 15 Medidas mitigadoras As medidas de atenuação ou mitigação são aquelas aplicadas para prevenir, reduzir ou eliminar os efeitos ambientais negativos do empreendimento, e quando possível melhorar a qualidade do meio. Para a mitigação, é necessário modificar aspectos do projeto para que reduza ou elimine as consequências negativas no meio ambiente. Aos efeitos positivos de um projeto, são propostas medidas que se potencializem, otimizando a utilização dos recursos, melhorando o rendimento ambiental. Para que se obtenha sucesso na atenuação de um impacto, existem várias formas que podem ser propostas, como alterar a localização de um projeto; modificar as técnicas construtivas e os equipamentos utilizados; alterar a concepção de um projeto; entre outras. Para cada impacto, cabe à equipe de elaboração do estudo exercer seu conhecimento e criatividade e propor essas medidas e discuti-las. É claro que os impactos de maior magnitude são os que merecem uma maior atenção para que a magnitude e os riscos sejam reduzidos, até que fiquem num ponto aceitável. Podemos dividir as medidas mitigadoras em medidas de engenharia ou estruturais; medidas de manejo ou não estruturais; e revisão de políticas. Dentre as várias medidas de engenharia, podemos citar como exemplo o tratamento de efluentes com o uso de equipamentos alternativos para melhorá-los. As medidas de manejo incluem o estudo das condições de operaçãodo processo para poder ajustá-las às condições ambientais. Essas medidas estão baseadas no conhecimento de que existem níveis toleráveis de impactos, assim administra-se o processo para que os riscos ambientais fiquem dentro do tolerável. Podemos citar como exemplo a proibição de movimentar a terra nos períodos de chuva no intuito de minimizar a erosão e a consequente sedimentação dos corpos d’água. É fundamental que medidas mitigadoras sejam aplicadas em todos os impactos negativos do projeto (PHILIPPI, 2004). As medidas compensatórias são consideradas depois de esgotadas as medidas preventivas e mitigadoras, permanecendo, ainda assim, alguns impactos negativos em função do projeto. Nessa situação, o empreendedor é obrigado a realizar a recuperação ambiental, mesmo em uma área que não esteja diretamente ligada ao projeto, mas que seja valorizada pelo grupo social afetado. Podemos dar como exemplo um empreendimento que, para sua instalação, precise remover a vegetação arbórea. Como medida compensatória, terá de plantar um número maior de árvores numa área contígua, ou nas ruas do bairro ou recuperar uma outra área localizada na vizinhança. Essas medidas podem também ser compensadas por valores em dinheiro. Nesse caso, atribui-se um valor aos danos causados pelo empreendedor, que vai reembolsar o órgão ambiental. 16 Unidade: Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental Monitoramento O monitoramento é a coleta de dados e avaliação que tem como objetivo determinar a eficácia das medidas de proteção adotadas e desenvolver a capacidade para melhor prever os impactos, verificando a relação entre os impactos previstos e os impactos reais, no sentido de subsidiar projetos futuros e melhorar a gestão dos projetos e de seus programas, protegendo assim o meio ambiente. O monitoramento atua em 03 frentes: • Supervisionar a conformidade do termo de referência que foi proposto pelo EIA e aprovado pelos órgãos ambientais; • Verificar se há conformidade com a legislação; • Supervisionar os efeitos, verificando se a previsão realizada está em acordo com a situação real, principalmente em relação à magnitude, e controlar a eficácia das medidas de atenuação dos impactos. Um programa de monitoramento ambiental é necessário para todo EIA/RIMA. Nesse programa devem constar os objetivos, os instrumentos utilizados e o período de amostragem. O programa de monitoramento deve definir todos os responsáveis pelas ações de monitoramento. O programa de monitoramento é muito importante, no sentido que ele vai registrar toda a dinâmica do processo, podendo identificar impactos não previstos; verificando se os compromissos que foram assumidos estão sendo cumpridos; determinando a eficácia das medidas mitigadoras implantadas; e permitindo de forma eficaz a determinação das compensações pelos efeitos não mitigados. Finalizando a unidade Chegamos ao final desta unidade. O texto apresentado objetivou sintetizar os procedimentos exigidos na elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Apresentou também os principais conceitos utilizados e uma base de conhecimento para a prática de elaboração de um EIA. Dentro do conhecimento abordado ao longo da unidade, foram vistos exemplos aplicáveis à área de avaliação de impacto ambiental. Esperamos ter atingido o objetivo para a formação de novos profissionais conscientes e preparados nesse campo tão vasto que é o meio ambiente. 17 Material Complementar Para aprofundar seus estudos em Avaliação de impactos ambientais, seguem algumas indicações de vídeos: Vídeos: BRASIL. Governo Federal. Brasil: o desafio da sustentabilidade. Desenvolvimento sustentável. Duração: aprox. 9 minutos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WYQauL2ZIJk>. Acesso em: 02 jun. 2015. TV JUSTIÇA. O judiciário e a legislação ambiental. Documentário – Legislação sobre meio ambiente. Parte 1. Duração: aprox. 15 minutos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AbJMsbCbNQs>. Acesso em: 02 jun. 2015. CPT – Centro de Produções Técnicas. Conceitos básicos. Conteúdo integrante do curso Técnicas de avaliação de impactos ambientais. Duração: aprox. 3 minutos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=M09PPMaPeZ4>. Acesso em: 02 jun. 2015. FMB CURSOS JURÍDICOS. Disciplina de Direito ambiental. Módulo 2. Professora Vanessa Fernandes Ferrari. Política nacional do meio ambiente: estudo prévio de impacto ambiental. Duração: aprox. 7 minutos. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=JTki_pT6SH4>. Acesso em: 02 jun. 2015. Leituras: RESOLUÇÃO CONAMA Nº 01, de 23/01/1986: Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. https://bit.ly/3wrIZVM 18 Unidade: Políticas Públicas, Legislação Brasileira e Desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental Referências BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. PHILIPPI, A. et. al. Curso de gestão ambiental. Barueri, São Paulo: Manole, 2004.
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