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1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 1 1ª FASE 38° EXAME Processo Penal Prof.ª Letícia Sinatora Neves Prof. Mauro Stürmer 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 2 Olá! Boas-Vindas! Este material foi preparado com muito carinho para que você possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qualidade! Lembre-se de que o seu sonho também é o nosso! Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! Com carinho, Equipe Ceisc ♥ 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 3 1ª FASE OAB | 38° EXAME Processo Penal Prof.ª Letícia Sinatora Neves Prof. Mauro Stürmer Sumário 1. Princípios Fundamentais do Direito Processual Penal ............................................................ 4 2. Aplicação da Lei Processual Penal .......................................................................................... 8 3. Inquérito Policial ..................................................................................................................... 11 4. Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) ............................................................................ 19 5. Ação Penal ............................................................................................................................. 21 6. Competência e Jurisdição ................................................................................................ 28 7. Provas .................................................................................................................................... 40 8. Sujeitos Processuais .............................................................................................................. 48 9. Comunicação dos Atos Processuais das Citações e Intimações ........................................... 49 10. Prisões ................................................................................................................................. 55 11. Medidas Assecuratórias Patrimoniais .................................................................................. 61 12. Das Questões e Processos Incidentes ................................................................................ 66 13. Procedimentos Penais ......................................................................................................... 71 14. Juizados Especiais Criminais ............................................................................................... 78 15. Sentença e Coisa Julgada ................................................................................................... 84 16. Recursos em Processo Penal .............................................................................................. 87 17. Ações autônomas de impugnação: Revisão Criminal, Habeas Corpus e Mandado de Segurança ................................................................................................................................ 101 18. Nulidades no Processo Penal ............................................................................................ 107 19. Lei de Execução Penal ...................................................................................................... 111 Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. Bons estudos, Equipe Ceisc. Atualizado em fevereiro de 2023. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 4 1. Princípios Fundamentais do Direito Processual Penal Prof. Mauro Stürmer @prof.maurosturmer Neste ponto do material serão apresentados, de maneira sucinta e objetiva, os mais importantes princípios de Processo Penal, pois, no decorrer do material, dentro de cada ponto da disciplina, quando necessário, será feita menção e comentário específicos. 1.1. Princípio da legalidade Princípio muito caro ao Direito Penal e Processual Penal, pois ligado diretamente a segurança jurídica. No seu viés, é importante ao processo penal, assim está previsto na Constituição Federal: art. 5o, II, da CF, que assegura que: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 1.2. Princípio da humanidade Art. 5o, III e XLIX, da CF: “ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”; “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. Garantias processuais de que o processo penal não pode expor o homem a situações degradantes e torturante. 1.3. Princípio do devido processo legal Art. 5o, LIV, afirma que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. 1.4. Imparcialidade do juiz O juiz, no processo penal, situa-se entre as partes e acima delas – tendo em vista o seu caráter substitutivo. Certo de que ele não vai ao processo em nome próprio, jamais poderá haver conflito de interesse entre o Magistrado e a parte. Trata-se de uma característica subjetiva do órgão jurisdicional. Para isso estipulam-se: Proibição dos Tribunais e Juízes de Exceção (art. 5o, XXXVII). Dessas regras decorre que ninguém será processado por órgão criado após a ocorrência 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 5 do fato. 1.5. Igualdade processual Nada mais é do que um desdobramento do mandamento esculpido no caput do art. 5o de nossa Constituição, que nos informa que todos são iguais perante a lei. Assim, em juízo, as partes devem ter as mesmas oportunidades. Devemos observar, apenas, que tal princípio pode ser atenuado, pois existem situações em que a defesa terá algumas prerrogativas processuais que a acusação não possuirá: Exemplo: Princípio do favor rei. O acusado goza de alguns privilégios em contraste com a pretensão acusatória. Exemplos: art. 609, parágrafo único (embargos infringentes e de nulidade); art. 621 e seguintes (revisão criminal). Somente a defesa poderá entrar com embargos infringentes ou com a revisão criminal. 1.6. Contraditório *Para todos verem: esquema. 1.7. Ampla defesa Implica o dever do Estado de proporcionar a todo acusado a mais completa defesa, seja autodefesa (pessoal) ou técnica (efetivada por profissional do Direito inscrito na OAB). Implica, ainda, o fato de que ao Estado cabe prestar assistência jurídica e integral aos necessitados (art. 5o, LXXIV). As partes tem o direito de não apenas produzir provas e de sustentar suas razões, mas também de vê-las seriamente apreciadas e valoradas pelo julgador. Dessa forma elas tem o direito de ser cientificadas sobre os fatos ocorridos no processo (citações, intimações e notificações). Tal princípio foi mais uma vez prestigiado com a reforma de 2008 que proibiu (art. 155 do CPP) a fundamentação da decisão com base exclusivamente em elementos informativos. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 6 Decorre, ainda, a necessidade de se observar, como regra, a ordem natural do processo, em que a defesa será a última a se manifestar. 1.8. Da ação ou da demanda Cabe sempre à parte provocar a prestação da jurisdição, tendo em vista que os órgãos jurisdicionais são inertes. 1.9. Garantia contra a autoincriminação Art. 5o, LXIII, da CF, com a seguinte redação: “O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado [...]”. Nemo tenetur se detegere Ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo. 1.10. Princípio da inocência O princípio da inocência revela-se no fato de que ninguém pode ser considerado culpado senão após o trânsito em julgado de uma sentença condenatória (conforme art.5o, LVII, CF/1988). 1.11. Princípio do juiz natural Previsto no art. 5o, LIII, da CF/1988, significa dizer que é a garantia de um julgamento por um juiz competente. Estabelecido por regras objetivas (de competência) previamente previstas no ordenamento jurídico. Proibição de criação de tribunais de exceção, constituídos a posteriori à infração penal e especificamente para julgá-la. 1.12. Princípio da persuasão racional ou convencimento motivado do magistrado O juiz decide com base nos elementos existentes no processo, mas deve avaliá-los por critérios racionais e sempre motivar suas decisões. Atenção! No Tribunal do Júri vale o sistema do livre convencimento ou íntima convicção do julgador, pois os jurados não são obrigados a motivar suas decisões, ou seja, não são obrigados a dizer o porquê condenam ou porque absolvem. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 7 1.13. Duplo grau de jurisdição *Para todos verem: esquema. 1.14. Princípio do promotor natural Segundo a Constituição Federal, este princípio refere-se a necessidade de que o julgamento somente ocorra pelo juiz previamente investido na respectiva competência. Art. 5o, LIII, CF – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Segundo o STF, não pode haver designação casuística de um determinado membro do MP. Isso irá ferir o princípio do promotor natural. 1.15. Razoável duração do processo Garantia de todos, direito fundamental expresso em nossa CF, a razoável duração do processo, foi acrescida no rol do art. 5º pela EC/45. Conforme abaixo se apresenta: Art. 5, LXXVIII da CF: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional no 45, de 2004) Consiste na possibilidade de revisão, por via recursal, das causas já analisadas/julgadas pelo Juiz de primeiro grau. Não é tratado de forma expressa nos textos legais e Constitucional, mas decorre da própria organização do Poder Judiciário. Há casos em que o mencionado princípio não é aplicável. JULGAMENTO PELO STF. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 8 2. Aplicação da Lei Processual Penal 2.1. Conceito de processo penal É um conjunto de princípios e normas que disciplinam a composição das lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal objetivo. É o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares. 2.2. Tipo de processo penal – sistemas Atenção! Adotamos no processo penal brasileiro o sistema acusatório. 2.3. Lei processual no tempo O mais importante artigo sobre esse assunto é o abaixo transcrito: Art. 2o do CPP. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. • Ainda que prejudique a situação do réu, ela é aplicável retroativamente; • Isso porque é diferente da lei penal (essa sim não retroage para prejudicar o acusado). 2.3.1. Tempus regit actum Atos processuais praticados sob a égide da lei antiga são considerados válidos e não são atingidos pela nova lei processual. Normas novas têm aplicação imediata. 2.4. Lei processual e sua interpretação Interpretar é o ato pelo qual se extrai da norma o seu exato alcance. 2.4.1. Espécies de interpretação Existe um recurso mnemônico que vai ajudar a não esquecer as espécies de interpretação: 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 9 “Um (i) sujeito busca um (ii) meio de chegar a um (iii) resultado.” Quanto ao sujeito: A) Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. Exemplo: a própria lei explica do que é funcionário público para fins penais (art. 327 do CP). Atenção! Esta interpretação vincula os intérpretes. B) Doutrinária: feita pelos estudiosos do Direito. Atenção! A exposição de motivos do CP é interpretação doutrinária e não autêntica. C) Judicial: feita pelos órgãos do Poder Judiciário (não é obrigatória). Cuidado! Poderá ter caráter vinculante. Ex.: súmulas vinculantes. Quanto ao meio A) Gramatical / filológica: leva-se em conta o sentido literal das palavras. B) Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins no ordenamento jurídico. C) Sistemática: analisa a coerência da lei com as demais normas do sistema, bem como em conjunto com os demais princípios de Direito. D) Histórica: analisa as condições e fundamento da origem da norma. Busca investigar a sociedade na época da edição da norma. E) Progressiva: busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência. Quanto ao resultado A) Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente ao significado desejado pelo legislador. B) Restritiva: o legislador disse mais do que desejava dizer, cabendo ao intérprete restringir seu significado. C) Extensiva: a lei ficou aquém da vontade do legislador (disse menos do que desejava), cabendo ao intérprete ampliar seu significado. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 10 Interpretação analógica Muito cuidado! Chefes de Estado, representantes de governo estrangeiros, agentes diplomáticos, pessoal técnico e administrativo; É intra legem (dentro da lei). O texto traz uma cláusula genérica, após trazer uma fórmula casuística. Ocorre, por exemplo, no homicídio qualificado, veja: Art. 121, § 2° – Se o homicídio é cometido: I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; [...] IV – outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. Muita atenção quando se fala em analogia, pois: *Para todos verem: tabela. Não é forma de interpretação, mas sim de integração, pois serve para suprir lacunas legislativas. Nada mais é do que a utilização de lei para outro caso semelhante. Fundamento: “Onde está a mesma razão, aplica-se o mesmo direito”. Espécies de analogia In bonam partem: aplica-se ao caso omisso uma lei que beneficia o réu. In balam partem: consiste em aplicar a um caso concreto uma lei que irá prejudicar o réu. Interpretação da norma processual: Art. 3o do CPP. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. 2.5. Imunidades diplomáticas Chefes de Estado, representantes de governo estrangeiros, agentes diplomáticos, pessoal técnico e administrativo; Admite-se renúncia (pelo Estado); Embaixadas (sede diplomática) não são consideradas extensões do território estrangeiro (são, porém, invioláveis). 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 11 2.6. Imunidades parlamentares Material Art. 53 da CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional no 35, de 2001). Processual ou formal Garantia quanto à instauração do processo; Não ser preso (salvo flagrante delito de crime inafiançável); Foro privilegiado; Servir como testemunha. 2.7. Imunidades temporárias do Presidente da República Veja o que, expressamente, prevê nossa Carta Política sobre o tema: Art. 86, § 4o. O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 3. Inquérito Policial O processo penal não serve apenas para que o Estado aplique o seu direito de punir, mastambém para que o indivíduo possa defender-se deste Estado. A Persecução Penal, ou seja, o caminho a ser percorrido pelo Estado para exercer seu direito de punir, é dividido em duas etapas. Uma do inquérito policial e outra da ação penal. Aqui trabalharemos a primeira etapa. 3.1. Conceito O inquérito policial pode ser conceituado como um procedimento administrativo, preparatório, inquisitivo e sigiloso, presidido pela autoridade policial, que tem por finalidade reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e sua autoria, a fim de propiciar a propositura da denúncia ou queixa-crime. 3.2. Natureza jurídica Pessoal, sempre que for perguntado: “Qual a natureza Jurídica?” de algum instituto, na verdade, o que se deseja saber é: “o que é isso para o Direito”. Assim, percebemos que a natureza jurídica do inquérito (o que ele é para o Direito) é de 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 12 um procedimento administrativo – não é processo, pois não se constitui de uma relação trilateral (delegado – parte A, parte B contrária – contraditório e ampla defesa), por isso se fala em investigado, que pode ser o objeto de uma investigação. 3.3. Espécies de inquéritos Segundo o artigo abaixo, outras autoridades, desde que autorizadas por lei, podem investigar. Vejamos: Art. 4o do CPP. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. *Para todos verem: esquema. Cuidado! Segundo o STF, o Ministério Público poderá investigar. O fundamento encontrado pela Suprema Corte foi a teoria dos poderes implícitos. Tal investigação será instrumentalizada por meio de um PIC (procedimento investigatório criminal) e não por meio de inquérito policial. 3.4. Finalidade Fornecer elementos de convicção para que o titular da ação penal (MP ou ofendido) ingresse em juízo. Policiais Inquérito Policial Delegados de Polícia de Carreira – PC ou PF Não policiais Inquéritos Parlamentares - Súmula 397 do STF (crime ocorrido na CD ou SF) Inquéritos Presididos por Autoridades Judiciárias ou do MP Inquérito Civil – MP Inquéritos Policiais Militares – IPM 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 13 3.5. Instauração do IP Colegas, estamos diante de um dos pontos mais cobrados em primeira fase. Logo, leia com MUITA atenção. A forma de início do inquérito irá depender, necessariamente, da espécie de ação penal. Ler com muita atenção o art. 5o do CPP, explicado abaixo: 1 – Crimes de ação penal pública incondicionada A) De ofício – a autoridade inicia o IP sem a necessidade de que alguém o informe, toma conhecimento da infração sem a necessidade da ação penal, a peça inaugural é uma portaria e se trata de uma cognição imediata. B) Requisição do juiz ou do MP – o delegado age provocado pelo juiz ou pelo MP – a peça inaugural pode ser a própria requisição, ou pode ser uma portaria, é uma cognição mediata. Cuidado! É importante saber essa forma de início do inquérito para os casos de HC. Autoridade coatora. Perceba que nela a autoridade coatora não será o Delegado, mas sim o juiz ou promotor que requisitou a instauração do IP. C) Requerimento da vítima ou do seu representante legal – art. 5o, II, CPP A peça inaugural pode ser a petição da vítima, ou o delegado inaugura por portaria, trata- se de uma cognição mediata. D) Flagrante – pode ser instaurado mediante prisão em flagrante. A peça inaugural é o auto de prisão em flagrante, trata-se de uma cognição coercitiva. E) Notícia formulada por qualquer do povo – A notícia pode ser anônima ou apócrifa? Notícia anônima pode fundamentar a instauração de IP, desde que se apure preliminarmente a viabilidade da notícia, investigue antes, realize rápida diligência para verificar a veracidade da notícia, se procedente, elabora-se portaria e instaura-se o IP. 2 – Crimes de ação penal pública condicionada Art. 5o, § 4o, CPP. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação [Ação Penal Pública Condicionada], não poderá sem ela ser iniciado. 3 – Crimes de ação penal de iniciativa privada 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 14 Art. 5o, § 5o, CPP. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 3.6. Características do inquérito policial 1) Instrumental: o IP tem por finalidade apurar a materialidade da infração penal e indícios da autoria. Ele não é um fim em si mesmo, mas um instrumento para a instauração da futura ação penal. 2) Obrigatório: havendo justa causa, o delegado não pode deixar de instaurar o procedimento investigatório, a autoridade não pode deixar de instaurar. E no caso de ser requerida a instauração e o Delegado indeferir? Aplica-se o artigo abaixo: Art. 5o, § 2o, CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: {...] § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 3) Discricionário – os atos de investigação são da análise exclusiva da autoridade policial, que estudará sua conveniência e oportunidade; a discricionariedade diz respeito às diligências. Cuidado! No caso de o crime deixar vestígios (não transeunte), o exame de corpo de delito (art. 158 do CPP) será obrigatório. Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 4) Dispensável – se o titular da ação penal tiver provas da materialidade e indícios da autoria por outro meio, o IP é dispensável. Art. 39. [...] § 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. 5) Informativo – os elementos colhidos no IP servirão apenas para subsidiar a ação penal; Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 15 6) Escrito Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 7) Sigiloso Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Porém ele não é sigiloso para: • o juiz; • o MP – pode acompanhar o inquérito e ser o mesmo promotor na ação penal – Súmula no 234, STJ. Súmula no 234 – A participação de membro do ministério público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. ● o advogado – art. 7o, XIV, do EOAB e Súmula Vinculante no 14. Art. 7, XXI (EAOB) – assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos; (perguntas...) Art. 7, XIV, da Lei 8.906/1994 (EOAB) – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ouem andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; Súmula Vinculante n° 14 – É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 8) Inquisitivo – não havendo acusado, mas somente suspeito, não se aplica ao IP o contraditório. Atenção! Segundo a doutrina, o contraditório fica postergado (diferido) para ser usado durante a 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 16 ação penal. 9) Indisponível – art. 17 do CPP. Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 10) Temporário – é uma garantia constitucional, art. 5o, LXXVIII, CF – duração razoável do processo. 3.7. Prazo do IP 3.7.1. Regra geral Art. 10 do CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. Anota aí: • Indiciado preso – 10 dias. Improrrogável • Indiciado solto – 30 dias. Prorrogável 3.7.2. Prazos especiais Lei no 5.010/1966 – prazo de conclusão do IP na Justiça Federal – art. 66: Indiciado preso – 15 dias, prorrogado por mais 15 dias; Segundo o art. 66, o preso deverá ser apresentado ao juiz para a prorrogação: Indiciado solto – 30 dias, prorrogáveis a critério do juiz – segue o CPP. Lei no 11.343/2006 – Lei de Drogas Indiciado preso – 30 dias, prorrogável por mais 30 dias. Indiciado solto – 90 dias, prorrogável por mais 90 dias. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 17 3.8. Vícios no inquérito policial Não sendo o inquérito policial um ato do Poder Judiciário, mas sim um procedimento administrativo, os vícios que existam nesta fase da persecução penal não acarretam nulidade processual. Cuidado! A irregularidade poderá, entretanto, acarretar a invalidade de um ato. É o que ocorre com a prisão em flagrante irregular etc. 3.9. Indiciamento É o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma infração penal, baseado em indícios da autoria e prova da materialidade. Pergunta: seria possível o indiciamento determinado por um juiz ou promotor? O SFT já respondeu e disse que não. STF. 2ª T. – HC no 115015/SP – rel. Min. Teori Zavascki – j. em 27-8-2013 (Info 717 do STF). O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém. 3.10. Encerramento do inquérito policial Previsão legal Art. 10. do CPP. [...] § 1 A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 2 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. [...] Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. Procedimentos no encerramento Novo art. 28 do CPP e a suspensão pelo STF: Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei no 13.964, de 2019) § 1o Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 18 submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) § 2o Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) Importante! O STF (Min. Luiz Fux) suspendeu o trecho que modificou o art. 28 do CPP e estabeleceu regras para o arquivamento de inquéritos policiais. Com a norma, o Ministério Público (MP) deveria comunicar à vítima, ao investigado e à polícia no caso de arquivamento do inquérito, além de encaminhar os “autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei”. Para Fux, a medida desconsiderou os impactos financeiros no âmbito do MP em todo o país. Assim, continuamos utilizando, enquanto a decisão do STF não for revisada, a sistemática do revogado art. 28, abaixo transcrito: Com a suspensão do art. 28 do CPP, em face da decisão acima apresentada, o arquivamento na prática continua a ser realizado mediante requerimento (promoção) do MP e por decisão judicial. Assim: Se o órgão do Ministério Público, em vez de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Cuidado com a alteração legislativa: Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) § 1o Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) § 2o Esgotado o prazo disposto no § 1o deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 19 do investigado. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) § 3o Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2o deste artigo, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para acompanhamentoe realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) § 4o A indicação do profissional a que se refere o § 3o deste artigo deverá ser precedida de manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não integre os quadros próprios da Administração. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) § 5o Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos interesses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão por conta do orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) § 6o As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei no 13.964, de 2019) 4. Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) Recentemente incluído no art. 28-A do CPP, vem a reforçar o objetivo do Estado Brasileiro de cada vez mais aderir ao Direito Penal negocial. Condições para sua implementação. Conforme o art. 28-A do CPP, para que o ANPP venha a ser possível, devem ser verificadas, cumulativamente, as exigências abaixo: a) não sendo caso de arquivamento, b) o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática, c) a infração penal ter sido praticada sem violência ou grave ameaça, d) pena mínima inferior a quatro anos. No caso de ter sido proposto o acordo, as seguintes condições alternativamente ou cumulativamente devem ser observadas: 1) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo. 2) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime. 3) Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 20 4) Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito. Além das condições anteriormente apresentadas, outra poderá será indicada pelo MP, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. Embora as condições acima estejam preenchidas, a lei processual vedou, expressamente, o ANPP em algumas situações, são elas: a) Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, pois ela é melhor para o investigado e terá preferência, impedindo a realização do ANPP. b) se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas. Quanto a ser reincidente, não há dificuldade na compreensão, mas, quanto a ser a conduta do agente insignificante, a doutrina critica essa expressão. Porém, para fins de prova, a mesma deve ser observada. c) ter sido o agente beneficiado nos cinco anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo. d) nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. No tocante à formalização do acordo, necessário mencionar que o juiz dele não participa, sob pena de nulidade. Sua participação será apenas na homologação. Assim, tal negociação deve ser feita entre o Ministério Público, o investigado e seu Advogado. Importante, também, mencionar aqui que a falta da defesa técnica (Advogado) conduz à nulidade do acordo. A mencionada homologação do acordo será, necessariamente, feita em uma audiência. Nela o Magistrado verificará a voluntariedade do investigado – que necessariamente deverá estar presente – e observará a legalidade do acordo. No caso de o juiz se negar a homologar o acordo, é possível a interposição de recurso em sentido estrito (RESE), na forma do previsto no art. 581, XXV, do CPP. Uma vez homologado judicialmente o acordo, este será devolvido ao Ministério Público para que o execute no juízo das Execuções. Importante mencionar que o legislador pensou na vítima, pois determinou que o acordo, uma vez homologado ou descumprido, deverá a vítima ser comunicada. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 21 No caso de descumprimento do acordo, o MP deverá comunicar o juízo competente e posteriormente oferecer a denúncia. Neste caso o MP poderá deixar de oferecer a suspensão condicional do processo prevista na Lei do Juizado Especial Criminal. Uma vez cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade. Por derradeiro, importante não esquecer que celebração e cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, salvo para que o mesmo não seja ofertado novamente no prazo de cinco anos. Por ser um assunto novo, a jurisprudência sobre esse instituto ainda é pouca. Todavia, para fins de prova, a colacionada abaixo deverá ser observada: EMENTA: Direito penal e processual penal. Agravo regimental em habeas corpus. Acordo de não persecução penal (art. 28-A do CPP). Retroatividade até o recebimento da denúncia. 1. A Lei no 13.964/2019, no ponto em que institui o acordo de não persecução penal (ANPP), é considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo conformação entre a retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum. 2. O ANPP se esgota na etapa pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua não homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de recebimento da denúncia. 3. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual, devendo ser considerados válidos os atos praticados em conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos anteriores à Lei no 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. 4. Na hipótese concreta, ao tempo da entrada em vigor da Lei no 13.964/2019, havia sentença penal condenatória e sua confirmação em sede recursal, o que inviabiliza restaurar fase da persecução penal já encerrada para admitir-se o ANPP. 5. Agravo regimental a que se nega provimento com a fixação da seguinte tese: “o acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei no 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. (HC no 191464 AgR – rel. Roberto Barroso – 1ª T. – j. 11-11-2020 – Processo Eletrônico DJe-280 – Divulg 25-11-2020 – Public 26-11-2020) Em resumo: o acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei no 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. 5. Ação Penal É o direito subjetivo de pedir ao Estado-Juiz, titular exclusivo do ius puniendi (direito de punir), a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. 5.1. Condições da ação penal São requisitos que irão subordinar o exercício do direito de ação. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 22 *Para todos verem: esquema. Condições genéricas 1) Possibilidade jurídica do pedido – pedido na ação de estar previsto no ordenamento – tipicidade; 2) Legitimidade para agir – possibilidade de ocupar o polo passivo e ativo da ação; 3) Interesse em agir (necessidade,utilidade, adequação); 4) Justa causa. Exemplos de condições específicas: Representação do ofendido (art. 88 da Lei do JECRIM – Lei no 9.099/1995). Requisição do Ministro da Justiça (art. 145 do CP). 5.2. Classificação da ação penal No processo civil a classificação das ações leva em conta o provimento jurisdicional invocado (ação de conhecimento, ação cautelar, ação de execução). No processo penal, a classificação se dá não pelo provimento, mas sim pela titularidade do sujeito ativo. Ação Penal Pública: 1. Incondicionada 2. Condicionada 2.1. Representação 2.2. Requisição Ação Penal Privada: 1. Personalíssima Espécies Genéricas Necessárias em todos os tipos de ação, para um exercício válido de tal direito. Específicas Presentes apenas em determinadas ações. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 23 2. Exclusiva 3. Subsidiária da Pública Regra Geral: art. 100, Código Penal – A Ação penal será pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 5.3. Princípios da ação penal Pública: ● Obrigatoriedade; ● Indisponibilidade; ● Oficialidade – o órgão ministerial é uma instituição Oficial – pertencente ao Estado. Privada: ● Conveniência e oportunidade; ● Disponibilidade – poderá desistir da Ação – perdão ou perempção; ● Indivisibilidade – importantíssima para as hipóteses de renúncia ou perdão do ofendido – estudaremos a seguir. 5.4. Ação penal pública Ação penal pública – titular é o MP – art. 129, I, CF. Art. 129, CF/1988. São funções institucionais do Ministério Público: I – Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Pode ser classificada como: a) Ação penal pública incondicionada b) Ação penal pública condicionada Ação penal pública incondicionada Regra no Direito Penal Titular – MP Não está adstrita ao preenchimento de qualquer condição específica. Bastam as genéricas. Ação penal pública condicionada: a representação do ofendido. Quanto à representação (condição específica da ação penal) não podemos esquecer: Manifestação de que tem interesse na persecução penal do agente. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 24 Natureza jurídica – condição objetiva de procedibilidade. Não há formalismo. Não vincula o Ministério Público. Prazo: decadencial de seis meses. Leia o artigo abaixo: Art. 38 do CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Retratação da retratação da representação (aqui a vítima autorizou, depois desautorizou (voltou atrás) e agora deseja autorizar a persecução penal novamente. Possível? Sim, até o prazo decadencial de seis meses. Ação penal pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça Natureza jurídica – condição específica objetiva de procedibilidade. É ato político. Não vincula o Ministério Público a oferecer a denúncia. Prazo – não tem prazo decadencial, porém, o delito está sujeito ao prazo prescricional. Hipóteses: a) Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do país (art. 7o, § 3o, b, do CP). b) Crimes contra a honra praticados contra o PR (art. 141, c/c art. 145 do parágrafo único). Muita atenção! Art. 24, § 2o do CPP. Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. 5.5. Ação penal privada Classificação: Ação penal privada: em alguns casos, o crime atenta a um interesse particular da pessoa que o Estado deixa a seu cargo o início da ação penal. A legitimidade é do ofendido ou do representante legal. Espécies: a) Ação penal privada personalíssima – não há sucessão processual, ou seja, morrendo o ofendido, estará extinta a punibilidade. Temos apenas um caso em nosso ordenamento jurídico (art. 236 do CP) Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 25 ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado (somente ele pode ingressar com a queixa) e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. b) Ação penal privada exclusivamente privada – há sucessão processual, se o autor morrer, o direito de ingressar com a queixa é transmitida aos sucessores. Art. 31 do CPP – CADI (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). c) Ação penal privada subsidiária da pública – só é cabível diante da inércia do MP, ou seja, se o MP não fizer nada pode se entrar com a queixa subsidiária. Observações: É possível quando houver inércia do MP ● Direito fundamental Prazo para oferecer a denúncia (CPP) – que deve ser cumprido pelo MP (sob pena de autorizar a ação penal privada subsidiária): ● Réu preso: cinco dias. ● Réu solto: quinze dias. Poderes do Ministério Público: a ação penal privada subsidiária da pública continua a ter natureza jurídica de ação pública (veja o art. 29 do CPP abaixo): Art. 29. do CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Ação penal – peças acusatórias ● Ação Penal Pública: denúncia (capacidade postulatório do Promotor). ● Ação Penal Privada: queixa-crime (capacidade postulatória do Advogado). Institutos previstos apenas para a ação penal privada. Aqui veremos a importância do princípio da indivisibilidade da ação penal privada. Atenção! Esses institutos não se aplicam à ação penal privada subsidiária da pública, pois nela – segundo o art. 29 do CPP – o MP poderá reassumir a titularidade do MP. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 26 1 – Renúncia É um ato unilateral (não depende do outro) do ofendido ou do seu representante legal renunciando ao direito de promover a ação penal privada, com a consequente extinção da punibilidade (art. 107, V, do CP). Só é cabível antes do início do processo. Renúncia concedida a um dos coautores se estende aos demais – em virtude do princípio da indivisibilidade. Art. 49 do CPP. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Pode ser: Renúncia expressa: é aquela feita por declaração inequívoca. Art. 50. do CPP. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. Renúncia tácita: ocorre diante da prática de ato incompatível com a vontade de processar. O fato de o ofendido receber indenização pelo dano causado pelo crime não implica renúncia expressa ou tácita do direito de queixa. Art. 104 do CP. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo. 2 – Perdão – ação penal privada Conceito: é o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir com o andamentodo processo já em curso, perdoando seu ofensor com a consequente extinção da punibilidade, o querelante deve aceitar, pois é bilateral. O perdão só é cabível após o início do processo e até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Coautores: perdão concedido a um dos coautores, estende-se aos demais (indivisibilidade), mas uns poderão aceitar e outros não. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 27 Art. 51 do CPP. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. (...) Art. 55 do CPP. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Perdão poderá ser: Processual: quando concedido dentro do processo. Neste caso, a aceitação poderá ser expressa ou tácita. Será tácita quando não houver manifestação após três dias da intimação (deve constar do mandado de intimação) art. 58, CPP. Extraprocessual: neste caso, a aceitação também poderá ser expressa ou tácita. A expressa, conforme o art. 59, deverá ser feita por declaração assinada pelo querelado ou por seu representante legal (com poderes especiais), já na aceitação tácita ocorrerá quando praticar ato incompatível com a intenção de prosseguir com o processo. Não confunda com perdão judicial! O perdão judicial é oferecido pelo juiz; o perdão do ofendido é concedido pelo ofendido; o perdão judicial é previsto na lei. Art. 121, § 5o, do CP. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Perdão e renúncia – naturezas jurídicas A renúncia e o perdão107 são institutos que geram a extinção da punibilidade, tudo na forma do art 107 do CP 3 – Perempção Conforme art. 107 do CP, a perempção, na forma do artigo abaixo, é causa extintiva da punibilidade. Art. 60 do CPP. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se- á perempta a ação penal: I – quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Ação civil – ex delicto É aquela oriunda de uma condenação em processo penal no qual o autor busca uma 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 28 indenização em face do dano sofrido pelo crime do qual foi vítima. Artigo fundamentais: Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei no 11.719, de 2008). Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; II – a decisão que julgar extinta a punibilidade; III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. 6. Competência e Jurisdição 6.1. Conceitos Poder atribuído com exclusividade ao Judiciário para decidir um determinado litígio segundo as regras legais existentes. É o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito no caso concreto. 6.2. Jurisdição x competência Não se pode confundir a jurisdição com a competência, sendo que esta é uma limitação daquela. Competência seria a parte da jurisdição que cada órgão jurisdicional pode legalmente exercer. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 29 6.3. Características da jurisdição Substitutividade: a jurisdição é a atividade desenvolvida pelo órgão judicial em substituição as partes. Inércia: Não há, como regra, prestação jurisdicional de ofício. O Poder Judiciário dever ser provocado. Exceção: Concessão de HC de ofício. Coisa julgada: impossibilidade de decisão judicial ser revista por órgão estranho ao Poder Judiciário. 6.4. Princípio do juiz natural Quando se busca fixar de maneira correta a competência, temos por objetivo respeitar o princípio do juiz natural (princípio de assento constitucional). Art. 5o da CF. [...] XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Aplicação imediata de lei que altera competência: Tenha cuidado com a lei processual penal no tempo, pois, segundo o art. 2o do CPP, ela é aplicada imediatamente (ainda que o processo esteja tramitando). Neste caso, o juiz que deixou de ser competente encaminha os autos ao que passou a ser. 6.5. Lei processual que altera as regras de competência Art. 2o. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 6.6. Competências Guia de fixação de competência: Aqui temos “perguntas” que devem ser respondidas para fixarmos corretamente a competência. • Competência originária – o acusado tem foro por prerrogativa de função? • Competência de jurisdição – qual é a justiça competente? • Competência territorial – qual a comarca competente? • Competência de juízo – qual a vara competente? • Competência interna – qual o juiz competente? • Competência recursal – para onde vai o recurso? 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 30 Agora você fará uma leitura com bastante atenção. A fixação da competência por prerrogativa da função é aquela que deriva da relevante função pública exercida pelo autor da infração. Como regra, ela está prevista na Constituição Federal. Ocorre que o STF vem cada vez mais restringindo sua aplicação, tudo em respeito ao princípio republicano. Segundo nossa Suprema Corte: As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relaçãodireta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. (STF. Plenário. AP no 937 QO/RJ – rel. Min. Roberto Barroso – j. 03-05-2018 – Informativo no 900 do STF). Em resumo: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. Previsão legal para fixação da competência: Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: I – o lugar da infração: II – o domicílio ou residência do réu; III – a natureza da infração; IV – a distribuição; V – a conexão ou continência; VI – a prevenção; VII – a prerrogativa de função. Muito cuidado com essa decisão judicial! Crimes contra vida – teoria do esboço do resultado Em regra, o CPP acolhe a teoria do resultado, considerando como lugar do crime o local onde o delito se consumou (crime consumado) ou onde foi praticado o último ato de execução (no caso de crime tentado), nos termos do art. 70 do CPP. Excepcionalmente no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato será do local onde foi praticada a conduta (local da execução). Adota-se a teoria da atividade. (STF – RHC no 116200/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª T., Dje 13.8.2013.) A) Competência pelo lugar da infração 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 31 Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 83 do CPP abaixo transcrito). Novidade legislativa abaixo § 4o Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar- se-á pela prevenção. (Incluído pela Lei no 14.155, de 2021) Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Aqui adotamos, como regra, a teoria do resultado, pois a competência será determinada pelo lugar da consumação do delito. Sendo este tentado, pelo lugar do último ato de execução. Devemos dar muita atenção para os crimes permanentes, aqueles em que a consumação se prolonga no tempo, pois nestes casos a competência será firmada pela prevenção (art. 83 do CPP, abaixo transcrito). Por derradeiro, não se pode esquecer da recente alteração legislativa do § 4o do art. 70, pois agora os estelionatos por meio de depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será do local de residência da vítima. No caso de termos várias vítimas, mais uma vez, adota-se o critério da prevenção (art. 83 do CPP). Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). B) Competência pelo domicílio ou residência do réu Este critério de fixação da competência é subsidiário, ou seja, será utilizado quando não 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 32 conhecermos o local em que o crime foi praticado. No caso de a vítima possuir mais de uma residência, o critério será o da prevenção (art. 83 do CPP). No caso de não possuir residência fixa (a exemplo de um circense), a competência será o primeiro juiz que tiver conhecimento do fato. Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. § 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. § 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. Foro de eleição em processo penal Nesta espécie de competência é possível que a vítima de um crime de ação privada (calúnia, difamação ou injúria, por exemplo) escolha onde irá propor a ação: se no seu domicílio ou no local em que o crime foi praticado. Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. Crimes dolosos contra a vida Segundo a Constituição Federal de 1988, os crimes dolosos contra a vida, previstos nos arts. 121 a 124 do CP, são de competência do Tribunal do Júri. Veja o dispositivo constitucional: Art. 5o, XXXVIII da CF – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 6.7. Causas de modificação da competência Agora que você já leu os dispositivos que determinam a fixação da competência, devemos atentar para as situações em que ela poderá ser modificada. É o que ocorre com os casos de conexão e continência. a) Conexão: Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I – se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas (simultaneidade), ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras (reciprocidade); 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 33 II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; (lógica, objetiva e material) III – quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. (instrumental ou probatória). Conexão intersubjetiva por simultaneidade Diante da primeira parte do art. 76 (conexão intersubjetiva por simultaneidade), há conexão se, ocorrendo duas ou mais infrações, “houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas” – não há liame subjetivo. Exemplo: diversos expectadores de um jogo de futebol, ocasionalmente reunidos, praticarem depredações no estádio. Conexão intersubjetiva por concurso Pelo art. 76, I, 2ª parte, há conexão se as infrações forem praticadas “por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar”. É a hipótese de concurso de pessoas em várias infrações. Exemplo: quadrilha que trafica entorpecentes em vários pontos da cidade. Conexão intersubjetiva por reciprocidade Pelo art. 76, I, última parte, há conexão se os crimes forem praticados “por várias pessoas, umas contra as outras”. Exemplo: agressõesentre componentes de dois grupos de pessoas em um baile. Conexão objetiva, lógica ou material: art. 76, II Nos termos do art. 76, II, a competência é determinada pela conexão se, no caso de várias infrações, “houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas”. Conexão instrumental ou probatória – art. 76, III Conforme o art. 76, III, “quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração”. b) Continência: Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; (concurso de pessoas – cumulação subjetiva) 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 34 II – no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. Continência em razão do concurso de pessoas – Art. 77, I (cumulação subjetiva) Justifica-se a junção de processos contra diferentes réus, desde que eles tenham cometido o crime em conluio, com unidade de propósitos, tornando único o fato a ser apurado. Difere da conexão por concurso, porque nesta há vários agentes praticando vários fatos. Continência em razão do concurso formal de crimes – Art. 77, II (cumulação objetiva) Observação: A referência feita aos arts. 51, § 1o, 53 segunda parte e 54 do CP atualmente corresponde aos arts. 70, 73 e 74 do CP. O art. 70 refere-se ao concurso formal de crimes, em que, com uma mesma conduta, o agente pratica dois ou mais crimes. O art. 73, 2ª parte, refere-se ao erro de execução (aberratio ictus), em que, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, além de atingir a pessoa que pretendia ofender, lesa outra. O art. 74, 2ª parte, refere-se ao resultado diverso do pretendido (aberratio criminis), em que fora da hipótese anterior, o agente, além do resultado pretendido, causa outro. Em todos os casos, está-se diante de concurso formal, razão pela qual, na essência, o fato a ser apurado é um só, embora existam dois ou mais resultados. Agora que você entendeu o que é conexão e continência, devemos saber como resolver as situações apresentadas. Para tanto, temos que seguir as regras trazidas pelo art. 78 do CPP. Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: I – no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; Il – no concurso de jurisdições da mesma categoria: a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; III – no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; IV – no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: I – no concurso entre a jurisdição comum e a militar; II – no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. § 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, sobrevier o caso previsto no art. 152. (doença mental) § 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 35 número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. Competência por prevenção Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). Atenção! Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. [...] Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. 6.8. Competência da Justiça Federal A) Órgãos da Justiça Federal São órgãos da Justiça Federal, segundo o art. 106 da CF: Tribunais Regionais Federais, Juízes federais. Cuidado! O STJ é um Tribunal Nacional – não faz parte da Justiça Federal. B) Competência da Justiça Militar JMU (art. 124 da CF) 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 36 Julga militares e civis, Tem somente competência criminal. JME (art. 125, § 4o, da CF) Julga somente militares dos Estados, Julga crimes e questões relacionadas a punições disciplinares militares. C) Competência criminal da Justiça Eleitoral É fixada em razão da matéria, cabendo à Justiça Eleitoral o processo e julgamento dos crimes eleitorais. Os crimes eleitorais são aqueles previstos no Código Eleitoral e os que a lei, eventual e expressamente, defina como eleitorais. Questão: Quem julga crime eleitoral conexo a crime doloso contra a vida? Resposta: O crime eleitoral é julgado pela Justiça Eleitoral e o crime doloso contra a vida será julgado pelo Tribunal do Júri, porque as competências desses crimes estão previstas na CF. Competência dos TRFs I – processar e julgar, originariamente: ● os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; ● as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; ● os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio tribunal ou de juiz federal. Competência dosjuízes federais Atenção! Juiz federal não julga contravenção penal. Mesmo que ela seja praticada contra bens, interesses ou serviços da União. Súmula no 38 do STJ – Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da CF/88, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: [...] IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse (BIS) da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 37 V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5o deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional no 45, de 2004) § 5o Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional no 45, de 2004) VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; [...] IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar. Algumas questões pontuais sobre a competência da Justiça Federal 1) Processos contra índios: Súmula no 140 STJ – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. 2) Crimes contra sociedades de economia mista e empresas públicas (cuidado!): Crime contra sociedades de economia mista: BB Petrobras Súmula no 42 STJ – Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. 3) Crimes contra os Correios: Exploração direta pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (casos de agências oficiais): Justiça Federal. Franquias (agências exploradas por particulares mediante o sistema de franquias): Justiça Estadual. 4) Fundação Pública Federal – FURG Justiça Federal. 5) Bens tombados Depende de quem tombou: Se tombado pela União – Justiça Federal, Se tombado pelo Estado ou Município – Justiça Estadual. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 38 6) Desvio de verba federal por prefeito Súmulas nos 208 e 209 do STJ. ● Verba já incorporada ao patrimônio do Município – o prefeito responde no Tribunal de Justiça do Estado. ● Verba sujeita a prestação de contas junto ao TCU – o prefeito responde no Tribunal Regional Federal. Cuidado! O prefeito responde no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por crime. 7) Crimes contrabando e descaminho Em ambos os casos, a competência será da Justiça Federal. A questão é saber: se do local que as mercadorias ingressaram no Brasil ou do local da apreensão dos bens. A resposta é obtida pela súmula abaixo: Súmula no 151 do STJ – A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. 8) Crime cometido contra funcionário público federal em razão de sua função Se este funcionário for federal, a Justiça Federal será a competente: Súmula no 147 do STJ – Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. Atenção para o art. 109, IX, da CF! IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; Navio: é a embarcação apta para a navegação em alto mar; Aeronave: é todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. Atenção para a súmula abaixo! Súmula no 546 do STJ – A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 39 Exemplo: falsifico uma Carteira Nacional de Habilitação (que é um documento expedido pelo Estado Membro (via Detran). Utilizo para obter um benefício junto ao INSS (que é uma autarquia federal). A competência será da Justiça Federal (art. 109, IV, da CF), pois a União foi prejudicada. Não importa aqui que o documento era estadual. Atenção especial para a Súmula no 122 do STJ: Súmula no 122 do STJ – Compete a Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal. Não esqueça que NUNCA um juiz federal julgará uma contravenção penal: As contravenções penais não são processadas e julgadas pela Justiça Federal, conforme dispõe a Súmula no 38 do STJ, cabendo à Justiça Estadual a competência, ainda que praticado em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou entidades autárquicas. Desse modo, mesmo que haja conexão entre um crime federal e uma contravenção penal, prevalece a regra constitucional, indicando a necessidade do desmembramento do processo, não se aplicando neste caso o teor da Súmula no 122 do STJ. Súmula no 38 do STJ – Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.”. 6.9. Conflito de jurisdição Ocorre sempre que, em qualquer fase do processo, um ou mais juízes, contemporaneamente, tomam ou recusam tomar conhecimento do mesmo fato delituoso. Conflito positivo: quando dois ou mais juízes se julgam competentes para conhecer e julgar o mesmo fato; Conflito negativo: quando dois ou mais juízes se julgam incompetentes para conhecer e julgar o mesmo fato. Processamento a) Compete ao STJ os conflitos de competência: Entre quaisquer tribunais; Entre tribunal e juiz a ele não vinculado; Entre juízes vinculados a tribunais diversos. b) Compete ao STF os conflitos de competência: 1ª Fase | 38° Exame da OAB Processo Penal 40 Entre o STJ e qualquer outro tribunal; Entre Tribunais Superiores e qualquer outro tribunal; Entre Tribunais Superior entre si. c) Compete aos TRFs solucionar conflitos entre: Juízes federais a eles vinculados; Juiz federal e juiz estadual investido na jurisdição federal. d) Na Justiça Militar da União os conflitos devem ser suscitados perante o STM. e) Conflitos entre TRE ou juízes eleitorais de Estados diferentes são julgados pelo TSE. Se for do mesmo Estado, compete ao TRE. Muita atenção! Entre juiz e tribunal ao qual ele está vinculado não se fala em conflito de jurisdição, é resolvido pela hierarquia. 7. Provas 7.1. Conceito doutrinário Elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz, dentro de um processo estabelecido, visando à formação do convencimento do julgado quanto a atos, fatos e circunstâncias que interessam para a decisão da causa. Liberdade de provas Vige como regra, conforme art. 155 do CPP abaixo transcrito, no processo penal a ampla liberdade probatória. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar
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