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Regime Militar_ 1964 a 1985

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Regime Militar: 1964 a 1985
Prof. Osmani Pontes Moreno
Descrição
Estudo da história econômica brasileira durante o período da Ditadura Militar.
Propósito
A compreensão da política econômica após o golpe de 1964 é de extrema importância não somente para entender as causas do chamado “milagre
econômico”, mas também do período subsequente, marcado pela busca por alternativas ao modelo anterior num primeiro momento e,
posteriormente, pelo combate às crises no balanço de pagamentos e à inflação.
Objetivos
Módulo 1
As condições internas para o “milagre econômico”
Identificar o período do início da Ditadura Militar até o milagre econômico
Módulo 2
Governo Geisel e o esforço de crescimento a todo custo
Descrever a resposta brasileira diante do esgotamento das condições que permitiram a ocorrência do milagre econômico, as alternativas
enfrentadas e o custo do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND)
Módulo 3
Ônus das políticas anteriores e o governo Figueiredo
Descrever a economia brasileira após o II PND
Neste conteúdo, estudaremos a política econômica do Regime Militar (1964-1985). Será importante notar que, se por um lado, em alguns
momentos, o eixo com orientação ao desenvolvimento econômico iniciado no período anterior foi mantido em algum grau, por outro lado,
essa preocupação teve menos a ver com o bem-estar social e a distribuição da renda e mais com a tentativa de legitimação do regime pela
via do crescimento econômico.
Além disso, as condições para a ocorrência do chamado “milagre econômico” não se deram somente por condições internas, dadas pelo
período que antecedeu os anos 1967-1973 por meio de um programa de ajuste fiscal e arrocho salarial, mas também por questões de
conjuntura econômica externa, condições essas que ruíram justamente quando o “milagre” foi interrompido. O “milagre”, em si, foi marcado
por uma fase de crescimento, com ênfase na indústria de bens de consumo duráveis.
Após a fase de crescimento do milagre, a escolha do governo brasileiro foi manter a todo custo elevadas taxas de crescimento que se
realizaram pela forma do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). O plano teve sérios problemas de financiamento que deixaram como
herança anos de combate a crises no balanço de pagamentos e à inflação que estão na raiz dos problemas centrais da economia brasileira
dos anos seguintes.
Este conteúdo está estruturado em três módulos, além desta introdução e da conclusão. No primeiro módulo serão avaliadas as condições
internas de política econômica que permitiram ao governo alcançar o “milagre econômico”. Nesse módulo, será dada ênfase ao Plano de
Ação Econômica do Governo (PAEG) e à discussão associada, bem como ao aperto dos anos Costa e Silva, para então avaliarmos o
“milagre” com foco no prisma externo. No segundo módulo será estudado o II PND em seus objetivos, execução e financiamento, bem como
os principais elementos presentes no debate econômico existente na literatura. Finalmente, no último módulo, veremos os custos do II PND
em termos de legado econômico nos anos João Figueiredo, fundamentais para a compreensão do dilema da política econômica dos anos da
Nova República: o combate às crises do balanço de pagamentos e à inflação alta.
Introdução
1 - As condições internas para o “milagre econômico”
Ao �m deste módulo, você será capaz de identi�car o período do início da Ditadura Militar até o
milagre econômico.
O Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) e o governo
Castello Branco
Ao centro, Castelo Branco, 1964.
O governo Castello Branco teve início em abril de 1964 e foi caracterizado pelo Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), que buscava acelerar
o desenvolvimento econômico, conter a inflação, reduzir desigualdades, gerar empregos por meio de investimentos produtivos e corrigir os déficits
no balanço de pagamentos.
Foram adotados três grupos de instrumentos. O primeiro foi uma política financeira que era composta por política de ajuste fiscal, política tributária
para aumentar a arrecadação, política monetária para estabilizar os preços, política bancária para fomentar o crédito e política de investimentos
públicos para fortalecer a infraestrutura.
O segundo foi a política internacional que era baseada em política cambial que visava diversificar suprimentos e incentivar exportações, consolidar a
dívida externa para reacessar o crédito internacional e estimular o capital externo.
O terceiro foi uma política de produtividade social, fundada em política salarial que gerasse benefícios aos trabalhadores, mas não inflacionária, bem
como em política agrária, política habitacional e política educacional.
Qual era o diagnóstico do PAEG?
O PAEG apontava que a inflação era causada pelos déficits públicos e pelas incompatibilidades entre a propensão a consumir e a propensão a
investir, uma vez que a primeira era resultado de aumentos de salários acima da produtividade e a segunda, resultado da expansão do crédito. A
consequência era uma inevitável expansão da base monetária.
A política salarial pretendia manter a participação do trabalho na renda nacional, evitar reajustes que provocassem inflação e corrigir as
distorções salariais anteriores. A regra definia que a cada ano seria recomposto o salário real médio dos 24 meses anteriores acrescido da taxa
de produtividade e de metade da taxa de inflação esperada pelo governo para o ano seguinte. A regra não recompunha o pico do reajuste anterior,
e a projeção de inflação geralmente era subestimada. Portanto, havia forte corrosão do salário real médio, com forte repressão policial aos
movimentos sindicais.
A política fiscal garantiu aumento de impostos com redução do déficit público, que passou a ser financiado por emissão de títulos públicos e
empréstimos, com menor emissão de papel-moeda. De fato, a oferta monetária cresceu de maneira proporcional aos preços em 1965. No final
daquele ano, houve redução de liquidez. Em 1966, houve redução da oferta de moeda, que cresceu menos que os preços a despeito da expansão
do crédito via Banco do Brasil (BB).
Em 1964, a inflação aumentou por conta da inflação corretiva dos preços públicos que estavam segurados. Esse processo se encerrou em 1965,
quando a produção agrícola cresceu mais que a contração da produção industrial. No ano seguinte, houve movimentos inversos nos setores. Em
1967, houve nova queda da produção da indústria.
As políticas do PAEG geraram estagnação do produto e do emprego, com grande dificuldade do crescimento do financiamento interno, o que
gerou falências de pequenas e médias empresas, já que só as grandes empresas conseguiam financiamento no exterior pela Instrução nº 289 da
Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC).
As discussões sobre o PAEG em geral não reconhecem o plano como integralmente ortodoxo porque havia preocupação com o crescimento e se
aceitava uma inflação moderada, combatida de maneira gradual. Houve também reformas de caráter institucional, como a tributária, a do mercado
financeiro, com a criação do Banco Central do Brasil (BCB), do PIS/PASEP (mecanismos de poupança forçada) e da regulamentação do comércio
exterior.
Saiba mais
PIS é o Programa de Integração Social; o PASEP, Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público.
Analisando um pouco mais a teoria dos mecanismos de poupança forçada, pelos modelos de Kaldor-Pasinetti, se a poupança potencial for menor
que a necessária para gerar determinado nível de crescimento, a poupança se ajusta ao investimento por meio de mudanças na composição do
produto entre lucros e salários. Assim, se o investimento for maior que a capacidade instalada, os preços sobem, deteriorando salários e
aumentando lucros e a poupança dos capitalistas. É uma hipótese baseada na flexibilidade dos preços que justifica a criação de mecanismos de
poupança forçada, os quais substituiriam essa dinâmica, evitando a criação do processo inflacionário.
Para Resende (1989), na questão do combate à inflação, o PAEG fez o que a ortodoxiaprescreve, que é a redução salarial, mas não como a
ortodoxia costuma fazer, pela via do desemprego e da recessão, já que podia controlar os sindicatos por meio da repressão da autoridade policial de
uma ditadura militar. Nesse caso, as políticas restritivas foram adotadas somente para ganhar a confiança do capital externo como forma de
sinalização, não como condição necessária para domar as pressões inflacionárias. A sinalização ao capital externo era vista como fundamental,
uma vez que era preciso resolver os estrangulamentos do balanço de pagamentos (BP) e atrair financiamento externo. Mas o governo tinha como
alcançar seus objetivos sem recorrer a tais políticas.
Governo Costa e Silva e o subsequente “milagre” dos anos
Médici
O general Costa e Silva (ao centro) chega para a cerimônia de posse na Presidência da República.
Analisaremos a seguir alguns marcos desse período.
Em 1967, Delfim Neto foi nomeado para o Ministério da Fazenda. O objetivo claro era o combate gradual à inflação via combate à
inflação de custos e políticas de incentivo à retomada do crescimento, vista como uma forma de legitimação do regime. Importante
notar que já no governo de Artur da Costa e Silva, mas, sobretudo após o governo de Emílio Garrastazu Médici, o Ministério do
Pl j t i i t t d F d Q d ti h t i d b líti ô i
A redução dos custos de produção levou a uma redução da inclinação da curva de Phillips, que ficou mais achatada, ou seja, a taxa de inflação se
tornou menos sensível a variações da taxa de desemprego.
Saiba mais
A curva de Phillips é um importante modelo macroeconômico que mostra a relação entre inflação e desemprego.
A política cambial foi favorecida pela melhora do BP, que deu mais margem de controle do governo sobre o mercado de câmbio.
Médici assumiu, após o breve controle de uma junta militar provisória, e em seu governo houve a tentativa de gerar superávits primários e um
fortalecimento da política de repressão salarial que ganhou força após o AI-5 de Costa e Silva, que endureceu ainda mais o regime.
A partir de então, ocorreu uma rara combinação na história econômica do país entre crescimento interno sem desequilíbrio externo. Essa
combinação foi possível por três elementos:
AI-5
O Ato Institucional nº 5 foi o mais duro dispositivo criado na Ditadura Militar e iniciou um período de maior censura e repressão.

Liquidez a baixos juros no mercado externo com boa vontade norte-americana com o Brasil.

Planejamento passou a ser mais importante que o da Fazenda. Quem detinha o protagonismo de conceber a política econômica era o
Planejamento.
A política salarial do PAEG foi mantida e, após a crise de liquidez de 1966, a política monetária foi expansionista, com mecanismos
compensadores como controle de preços por meio da Comissão Nacional Interministerial de Preços (CONEP) substituída depois pela
Comissão Interministerial de Preços (CIP), que tabelava preços públicos e privados. O BCB passou também a tabelar os juros de
mercado.
Em 1960, o governo lançou o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) que procurava estabilizar a inflação sem metas explícitas,
fortalecer a infraestrutura e ampliar o mercado interno. Foi um período marcado por sucessivas minidesvalorizações cambiais para
evitar que a inflação gerasse defasagem cambial significativa. Na política fiscal, a ideia era combinar ajuste fiscal com investimentos
públicos, e houve substituição da administração direta pelas empresas estatais, que não contam para o cálculo do déficit primário.
A política de crédito ganha força em 1968, facilitada pela reforma financeira. Com empréstimos aos consumidores, o produto interno
bruto (PIB) cresceu 9,8%, o que também foi favorecido pela política monetária expansionista. A despeito disso, não houve aceleração
inflacionária, por conta de uma alta capacidade ociosa, um rígido controle de preços, uma política salarial de arrocho e uma expansão
da oferta agrícola por meio de políticas de subsídios e isenções fiscais para compra de bens de capital e fertilizantes (HERMANN,
2011).
Melhora dos termos de troca pela alta dos preços dos bens exportados.

Forte expansão do comércio global.
Mais precisamente sobre os juros nos Estados Unidos, houve uma política de tabelamento que fez com que a economia estadunidense operasse
com déficits correntes, inundando o mundo de dólares e levando ao aumento da moeda nas reservas dos países que tinham superávit comercial
com os norte-americanos.
Como contextualização histórica, em 1971 chegou ao fim o padrão dólar-ouro, o que diminuiu a demanda por dólares no mundo — especialmente
por parte dos bancos centrais de outros países. Esses dólares, somados ao próprio capital norte-americano, que buscava maiores retornos, formou
o mercado de eurodólares, depositados em bancos fora dos Estados Unidos. Grande parte desses fluxos se direcionou para o Brasil, que
apresentava perspectivas elevadas de taxa de crescimento do produto e forjava contínuos ajustes na taxa de câmbio, que aumentava ainda mais o
retorno real dos empréstimos ao país. Por isso o crescimento doméstico não deteriorou o BP.
Estavam criadas as condições para o “milagre econômico”. Entre 1967 e 1973, o PIB brasileiro cresceu em média 11% ao ano, com liderança dos
bens de consumo duráveis. O investimento aumentou 4 pontos percentuais (p.p.) nos períodos 1964-1967 e 1967-1973, terminado na faixa de 20%
no final do “milagre”. A inflação registrou queda e o BP, melhoras crescentes, contraindo a curva de Phillips e afastando o dilema do crescimento. Foi
um raro período de crescimento econômico sem restrição externa nem obstruções postas pelo BP.
No balanço de pagamentos, houve piora da conta corrente, porém mais que compensada pelos fluxos de investimento externo direto (IED) e
empréstimos internacionais pelas contas capital e financeira. As exportações aumentaram no período em 275%, puxadas por manufaturados, e as
importações em 330%, puxadas pelos preços e com maior parcela de bens de capital estimuladas pelo câmbio apreciado entre 1970 e 1973.
O envio de juros e lucros em função do maior volume de capitais entrantes levou a déficits na conta de serviços de 660 milhões de dólares para 2,1
bilhões entre 1967 e 1973. O déficit corrente aumentou de 276 milhões de dólares em 1967 para 2 bilhões em 1973. Em contrapartida, a dívida
externa subiu 332% entre 1967 e 1973.
As condições internas para o “milagre econômico”
Neste vídeo, faremos uma revisão sobre as características do PAEG enquanto plano ortodoxo, o PED de Costa e Silva e suas características, bem
como sobre as características do milagre brasileiro e as raras condições externas que o tornaram possível.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Quais os três tipos de instrumentos adotados durante o PAEG?
A Política monetária, fiscal e industrial.
B Política agrária, bancária e fiscal.
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EOs%20tr%C3%AAs%20grupos%20de%20instrumentos%20adotados%20pelo%20PAEG%20foram%20as%20pol%C3%ADticas%20finance
Questão 2
O chamado “milagre econômico” foi possibilitado por uma combinação rara na história econômica do Brasil. Essa combinação é dada por quais
dos fatores relacionados a seguir?
Parabéns! A alternativa E está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAs%20condi%C3%A7%C3%B5es%20dadas%20para%20o%20%E2%80%9Cmilagre%20econ%C3%B4mico%E2%80%9D%20foram%20a%2
C Política financeira, internacional e de produtividade.
D Política internacional, de emprego e financeira.
E Política salarial, creditícia e monetária.
A Política deliberada do governo norte-americano com o Brasil e o sucesso do PAEG.
B Política de atração de capitais pelo governo brasileiro e melhora dos termos de troca.
C Ampla liquidez externa e pujante programa de captação de recursos externos pelo governo brasileiro.
D Políticade câmbio depreciado e baixos juros externos.
E Liquidez barata no mercado global e melhora dos termos de troca num contexto de expansão do comércio internacional.
2 - Governo Geisel e o esforço de crescimento a todo custo
Ao �m deste módulo, você será capaz de descrever a resposta brasileira diante do esgotamento das
condições que permitiram a ocorrência do milagre econômico, as alternativas enfrentadas e o custo
do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND).
O II PND: características, contexto e resultados
Após o fim do padrão ouro-dólar, em 1971, o regime de Bretton Woods sofreu uma implosão por uma ruptura provocada pelo esgotamento das
inovações que levaram ao crescimento nos anos dourados do capitalismo.
O resultado foi a redução de incorporação do progresso técnico, afetando a distribuição entre salários e lucros, sobretudo nos países periféricos do
capitalismo.
As taxas de lucro foram impactadas ainda pelo choque do petróleo, o que desestimulou grande parte do investimento produtivo. O regime de
câmbio flutuante também contribuiu para tirar dinamismo do comércio exterior entre os países periféricos.
Diante desse contexto externo, a resposta brasileira foi o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que na literatura é analisado à luz de três
perspectivas, como veremos a seguir.
Em termos de estratégia de política pública, o II PND possuía quatro eixos:
Ortodoxia 
Ajustamento estrutural 
Fracasso do ajustamento estrutural 

Mudança na matriz estrutural produtiva com ênfase na indústria pesada.

Mudança na organização industrial com primazia da empresa privada nacional.

Desconcentração regional da atividade produtiva para reduzir a concentração espacial vigente.

Melhoria da distribuição de renda.
Tavares e Lessa (1983) comentam que não houve redução dos coeficientes de importação (caráter cíclico que aumenta conforme a renda interna
aumenta) e de exportação (caráter anticíclico que diminui conforme a renda aumenta). Sendo assim, não pode ser caracterizado um regime voltado
para exportação.
Por seu turno, o II PND também não dinamizou a inovação tecnológica interna, o que dificulta classificá-lo como um modelo de ciclo endógeno em
que o crescimento é comandado pelo crescimento do mercado interno. Como alguns setores substituíram as importações ao internalizarem a
indústria pesada, o plano pode ser classificado como um regime de substituição de importações.
Durante a segunda metade dos anos 1970, as taxas de crescimento e de investimento desaceleraram, mas ainda assim permaneceram crescendo, a
despeito do cenário externo adverso. Isso foi garantido pelo papel do Estado no desenvolvimento.
A trajetória da taxa de investimento pode ser dividida em duas partes:
Entre 1974 e 1976
O investimento cresceu acima da produção corrente.

Entre 1977 e 1980
O investimento cresceu abaixo da produção corrente — na verdade, o investimento caiu nesse período. Houve progressiva substituição do
investimento privado pelo público, o que representou a ruptura de um padrão histórico de complementaridade.
Em relação aos resultados do II PND, muitas metas não foram alcançadas, e o único resultado mais claro foi o direcionamento do eixo produtivo
para a indústria pesada como bens de capital, atingindo a meta de diversificação produtiva. Nos setores de energia elétrica e petróleo, houve
aumento dos investimentos, mas de maneira insuficiente para reduzir a dependência externa às importações. Pode-se dizer que, apesar da perda de
dinamismo da inovação nos países centrais, não houve grande deslocamento do capital produtivo dos países ricos em direção aos periféricos.
Com a deterioração dos termos de troca após 1977, a taxa de câmbio apresenta tendência de depreciação. Para evitar inflação, o governo manteve
o câmbio valorizado artificialmente enquanto definia uma política cambial baseada no controle seletivo de importações, em ampla gama de
subsídios e em créditos às exportações, para que setores exportadores não fossem prejudicados pela taxa de câmbio baixa.
De um modo geral, por conta da descontinuidade de projetos, da desarticulação da indústria e da perda de
importância do mercado interno enquanto dinamizador do processo de crescimento econômico, temos que o II
PND não conseguiu um fortalecimento pleno da indústria de bens de capital.
No período, houve fortalecimento e modernização da agricultura. Em alguma medida, essa dificuldade pode ser atribuída também à não remoção de
obstáculos para o financiamento e o desenvolvimento de tecnologias nos países periféricos. No Brasil, não havia liderança das empresas privadas
em pesquisa e desenvolvimento, e as filiais de empresas estrangeiras acabavam dominando os setores mais sofisticados, enquanto as nacionais
lideravam setores mais mecânicos. Esse padrão não foi alterado pelo II PND a ponto de reverter o quadro.
Financiamento do II PND
O financiamento do II PND foi em grande parte liderado pelo endividamento público de longo prazo, com os bancos privados nacionais assumindo
apenas um papel secundário de repassadores de recursos.
O endividamento pelos recursos financeiros teve dois facilitadores: o aumento da liquidez externa e o aumento da demanda por crédito de longo
prazo não atendida por um atrofiado sistema financeiro interno. Ao mesmo tempo que o capital financeiro internacional encontrou margens para
expandir lucros, o capital financeiro doméstico também se beneficiou, uma vez que não precisou ser a fonte de financiamento de longo prazo.
Dois mecanismos foram criados nesse contexto: a Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962, que facilitava em juros e prazos o endividamento de
empresas, e a Resolução nº 63/1967, do Banco Central do Brasil, que permitia operações de repasses bancários, mais funcional que os
instrumentos então disponíveis.
Castro e Souza (1985) propõem uma leitura para o período com base na dissociação de hiatos. Assim, o hiato de
divisas (déficit externo) é diferente do hiato de poupança, e ambos nem sempre têm a mesma magnitude. Isso
porque pode haver déficit externo mesmo com aumento de poupança interna. Nesse caso, o déficit serve para
financiar o excesso de importações sobre exportações com a oferta interna não dando conta de atender a uma
demanda maior por causa de falhas estruturais.
Pode-se, portanto, argumentar que o recurso ao endividamento foi determinado por duas falhas estruturais para esses autores: a falha da indústria,
em não suprir a demanda interna; e a falha do sistema financeiro, em não prover o crédito demandado. No entanto, entre 1975 e 1978, houve
aumento de reservas internacionais, pois a absorção de recursos financeiros foi maior que a absorção de recursos reais.
A formação da dívida externa pode ser dividida em três períodos no governo de Ernesto Geisel:
O hiato de recursos no primeiro período pode ter sido causado por piora dos termos de troca, queda das exportações e aumento das importações.
Já no segundo, a balança comercial melhora e é provável que o aumento da dívida tenha sido condicionado pelo aumento da taxa de juros no
mercado internacional no choque de juros nos Estados Unidos.
Para Castro e Souza (1985), até 1974 não houve hiato de recursos, e entre 1974 e 1978 houve déficit comercial que estimulou o endividamento. Mas
há uma crítica relevante: a balança comercial melhora após 1976 e há aumento do pagamento de serviços, o que dá maior peso ao déficit corrente,
mais que o saldo comercial. A observação mais importante mostra que a parcela da dívida estatal na dívida total aumenta substancialmente.
Esse financiamento público tinha três fontes: autofinanciamento, aportes fiscais e endividamento externo. Já em relação ao financiamento no
mercado doméstico, nota-se grande envolvimento do Estado em diversos setores, ao passo que a política monetária era restritiva. O déficit público
era crescente, pois, apesar da redução de alguns impostos, havia renúncia fiscal e subsídios, mesmo a setores que não fossem de infraestrutura.
Para a filiaçãoestruturalista, o aumento da dívida pública teve origem maior nas operações de esterilização resultantes do aumento de reservas.
Como os juros eram altos, os custos de carregamento da dívida eram, portanto, maiores. Há que se frisar que os déficits operacionais não
aumentaram a dívida pública na mesma magnitude porque os juros (indexados a juros e inflação) deixaram de ser corrigidos pela Obrigação
Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN), um tipo de título público, e passaram a ser corrigidos apenas por juros pré-fixados de modo que a alta da
inflação reduzia os juros reais.
Nos últimos dois anos do governo Geisel, o ministro Delfim Neto promoveu uma reforma fiscal combinada com maxidesvalorização cambial e
correção de preços e tarifas públicas. Porém, com a alta dos subsídios, não houve melhora da arrecadação.
Para Carneiro (2002), o período do II PND foi marcado pela gênese da moeda indexada. O processo inflacionário visto no Brasil não gerou fuga de
moeda estrangeira, mas sim um generalizado processo de indexação na economia, em que as correções monetária e cambial passaram a ser os
instrumentos monetários preferidos nos mais diferentes contratos na economia.
1974-1975
Aumento da dívida líquida e
redução de reservas.
1976-1978
Aumento de reservas que
financiam o déficit corrente.
1978-1980
Aumento da dívida líquida
acima da dívida bruta e
enfraquecimento do
financiamento externo pós-
segundo choque do petróleo.
Governo Geisel e o esforço de crescimento a todo custo
Neste vídeo, faremos uma revisão abordando as alternativas do Brasil diante da crise externa e do choque de juros e de petróleo, a discussão e as
visões sobre as alternativas e sobre a escolha do II PND, a caracterização do plano e seus resultados e, por fim, o padrão de financiamento, seu
custo e o debate subjacente.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O investimento pujante dos anos do “milagre” se desacelerou justamente no momento de mudança do eixo dinâmico do setor de duráveis para
bens de capital, gerando conflitos que deveriam ser mediados pelo Estado. Para Tavares e Lessa (1983), essa função conciliatória fracassa.
Qual afirmativa a seguir é uma crítica dessa visão ao II PND?
Parabéns! A alternativa D está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3ES%C3%A3o%20tr%C3%AAs%20as%20cr%C3%ADticas%20de%20Tavares%20e%20Lessa%20(1983)%20sobre%20o%20II%20PND.%20Um
Questão 2
Para Castro e Souza (1985), a opção do governo brasileiro em enveredar pelo endividamento externo foi dado por duas falhas, quais são elas?
A A falta de endividamento externo e a sobrecarga na poupança interna.
B Ajuste fiscal excessivo.
C Alto custo de financiamento via expansão de base monetária.
D Aumento da capacidade ociosa de alguns setores.
E Aumento da tributação para custear o plano.
A Fraca demanda interna e excesso de importações.
B Atrofia do mercado financeiro e da indústria nacional.
Parabéns! A alternativa B está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EPara%20os%20autores%2C%20o%20mercado%20financeiro%20interno%20era%20incapaz%20de%20financiar%20um%20programa%20
3 - Ônus das políticas anteriores e o governo Figueiredo
Ao �m deste módulo, você será capaz de descrever a economia brasileira após o II PND.
Crises no balanço de pagamentos
O começo dos anos 1980 ficou marcado pela consequência da duplicação dos preços do petróleo e do choque de juros na economia norte-
americana: o esgotamento do financiamento externo fez com que o déficit corrente levasse as reservas internacionais para apenas 3 bilhões de
dólares.
C Atrofia da indústria nacional e do financiamento externo.
D Restrições do balanço de pagamentos e falhas de gestão fiscal.
E Restrição do crédito de curto prazo interno e de longo prazo externo.
A resposta do governo para lidar com os gastos assumidos na estratégia do III Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) foi a alta dos juros e a
redução da base monetária. A forma de financiamento do governo passou, portanto, a ser exclusivamente a colocação de títulos da dívida em
mercado.
Para corrigir o déficit no balanço de pagamentos (BP), o objetivo da política econômica foi reduzir as importações e tornar as exportações mais
atrativas. Essa tentativa foi bem-sucedida a curto prazo, mas se mostrou prejudicial ao produto a longo prazo. O governo evitou o recurso à
desvalorização cambial, pois temia a inflação e procurou estimular as exportações via crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
(BNDE).
BNDE
O BNDE hoje se chama Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As contrapartidas foram o arrocho salarial, a contenção de gastos públicos, o aumento da carga tributária, o aumento dos juros e a redução da
liquidez, que marcaram o ano de 1981. Apesar disso, houve aumento da inflação, decorrente dos custos da elevação dos preços internacionais, e a
inflação só não foi maior por causa do choque agrícola, que forçou uma baixa dos preços internos. A despeito da piora dos termos de troca, a
balança comercial fechou com saldo positivo, tendo parte de seu ganho corroído pelo saldo corrente que sofreu com a alta dos juros internacionais
no final de 1981.
Lopes e Modiano (1985) consideram que a recessão de 1981 não foi causada pelo aperto de liquidez, mas sim pela
redução salarial. Para Bonomo (1986), houve antecipação do consumo de 1981 em 1980, com a população
temendo a correção monetária, o que, quando se reverteu, em 1981, gerou contração da demanda agregada. Nota-
se, ao final de 1981, uma resistência no governo em recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o que seria
visto como sinal de fraqueza e perda de autonomia na condução da política econômica.
Em 1982, houve redução simultânea das exportações (queda da demanda externa) e das importações (aceleração do processo de substituição de
importações), de maneira que os saldos do BP não se alteram. No entanto, uma nova alta dos juros deteriorou ainda mais a situação das contas
externas brasileiras. A crise da dívida externa do México naquele ano agravou a situação de todos os países em desenvolvimento. Os bancos
tornaram-se resistentes a emprestar para o Brasil, que tentou firmar um acordo multilateral com o FMI e o Banco Mundial, mas fracassou. Somente
em meados de 1982 o FMI, temendo uma suspensão abrupta dos recursos ao país, promoveu uma ajuda emergencial, com a contrapartida de o
país obter superávit comercial.
O governo conseguiu novos acordos, refinanciou amortizações, renovou linhas de crédito comercial e reestabeleceu as linhas dos bancos brasileiros
no exterior. Ao fim do ano, a produção e a inflação se mantiveram constantes.
Ao longo de 1982, o Brasil enviou diversas cartas de intenção ao FMI mostrando as dificuldades de se adequar às exigências. Para 1983, o FMI
então fixou um teto para o déficit corrente e uma taxa de inflação que deveria ser alcançada pelo Brasil, permitindo ainda desvalorizações cambiais
mensais superiores em até 1 ponto percentual (p.p.) à inflação.
Mesmo assim, o governo enfrentou dificuldades para as minidesvalorizações mensais e acabou depreciando a taxa de câmbio em 30%, o
equivalente à valorização acumulada do cruzeiro entre 1979 e 1982. Em seguida, o governo definiu que a desvalorização não poderia mais
ultrapassar a inflação e criou uma linha de crédito para incentivar as exportações.
O que foi feito para evitar que a depreciação cambial fosse repassada aos preços?
Para evitar que a depreciação cambial fosse repassada aos preços, o governo promoveu uma desindexação parcial dos salários. O resultado foi a
queda de 15% do poder de compra dos salários, como mostram Carneiro e Modiano (1989). Ao final do ano, o Brasil conseguiu cumprir as metas
por conta do crescimento norte-americano, da queda da taxa de juros e da queda do preço do petróleo.
Só que a inflação se acelerou, emparte, pelo choque agrícola, porque o governo desabasteceu o mercado interno com excesso de exportações,
por acidentes climáticos que contraíram a oferta agrícola e pelo repasse cambial. O FMI chegou até a suspender o volume de recursos ao Brasil
por conta do volume de juros pagos, o que acabou aumentando as necessidades de financiamento.
A solução do FMI foi contar o resultado operacional e não o nominal, evitando contar a correção monetária dos passivos, dada pela indexação.
Nesse momento, só não ocorreu uma maior fuga de capitais porque havia o instrumento da proteção cambial das dívidas públicas, que corrigiam
os rendimentos pela variação cambial. Se por um lado esse mecanismo implicava aumento da dívida e maior vulnerabilidade do passivo
brasileiro, por outro lado garantia uma demanda constante e “certa” por títulos da dívida.
“Vale” da recessão e retomada tardia
A recessão atingiu sua pior fase em 1983, sobretudo no terceiro trimestre, e afetou mais os setores com maior dinamismo da economia, com
grande perda no setor de bens de capital, queda moderada no setor de bens intermediários e bens duráveis e queda mais intensa no setor de não
duráveis.
O ano de 1984 começou com uma melhora dos preços agrícolas, o que levou a uma alta da produção agro e a um aumento das exportações
industriais com a retomada na economia norte-americana. O FMI, por sua vez, relaxou algumas restrições, corrigindo apenas o teto da inflação
desejada.
Nota-se ligeiro aumento dos reajustes salariais na indústria, o que fortaleceu o consumo. Esse consumo foi maior que o esperado — as famílias
temiam o aumento de preços, o que fez com que antecipassem o consumo, correndo aos supermercados, e isso favoreceu ainda mais o
crescimento do produto.
O PIB aumentou em 5,7%, e os preços aumentaram tanto na agricultura quanto na indústria, com os mecanismos de indexação na economia
difundindo para diversos setores a alta inicial de preços.
Entretanto, no fim de 1984, houve uma aceleração inflacionária por causa das expectativas de redução da oferta
agrícola, da remarcação de preços para recompor lucros dos empresários que se aproveitaram do aquecimento da
economia e dos reajustes salariais maiores e mais frequentes na indústria, que aumentam o custo de produção.
De acordo com Carneiro e Modiano (1989), algumas conclusões são possíveis sobre esse cenário. A primeira conclusão é sobre a importância do
crescimento das exportações para um quadro de ajustamento não recessivo. A segunda, sobre o ônus do endividamento externo ser a contração da
capacidade produtiva. Por fim, os resultados da estratégia adotada após o segundo choque do petróleo, o que gerou resultados tardios.
Pode-se dizer ainda que as exigências do FMI não consideraram que a fraca demanda externa era da ordem do dia, o que explicava os problemas
comerciais do Brasil. Além disso, deu-se pouquíssima atenção ao fato de a indexação ser uma das principais causas da perpetuação da inflação
brasileira e da sua resistência a mecanismos de controle de demanda. Tais impressões ficariam mais claras nos anos seguintes.
Ônus das políticas anteriores e o governo Figueiredo
Neste vídeo, faremos uma revisão destacando os principais pontos: as crises do balanço de pagamentos e a questão externa, o debate sobre a
recessão de 1981, as exigências do FMI e o descolamento da realidade da inflação brasileira.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Qual foi a principal mudança no padrão de financiamento observado no governo Figueiredo?
Parabéns! A alternativa D está correta.
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A O aumento da base monetária
B O maior recurso à captação externa
C O aumento da dívida com os bancos públicos
D A maior emissão de títulos da dívida
E O refinanciamento junto ao FMI
Questão 2
Sobre as exigências do FMI para o Brasil no governo Figueiredo, qual das alternativas a seguir descreve melhor tais condições?
Parabéns! A alternativa B está correta.
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Considerações �nais
Como vimos neste conteúdo, o Regime Militar tem início com um forte programa de ajuste fiscal e aperto salarial dado pelo PAEG, que buscou muito
mais sinalizar boas condições ao capital externo do que ajustar a inflação, tendo em vista que, na condição de governo autoritário, era possível
lançar mão desse recurso para domar o crescimento salarial. Por seu turno, esse plano era visto como algum ajuste capaz de contribuir para o
período subsequente, o chamado “milagre brasileiro”.
Nos anos do “milagre”, a economia brasileira experimentou forte taxa de crescimento do produto puxada notadamente pelos investimentos no setor
de bens de consumo duráveis, enquanto o crescimento da renda servia para camuflar as atrocidades do regime e legitimar de alguma forma a
ditadura. Esse período dourado da economia brasileira foi garantido pela ampla liquidez externa em busca de rentabilidade e por uma boa
visibilidade do Brasil no exterior, por conta das altas taxas de crescimento esperadas.
Após o “milagre”, o governo optou por manter o esforço de crescimento, mesmo em um contexto externo adverso de restrição de liquidez, e passou
a liderar o investimento, rompendo um padrão histórico de complementaridade. O II PND é marcado por esse esforço, em que a indústria de bens de
capital foi a principal beneficiada.
No entanto, os custos desse crescimento forçado foram elevados, já que se optou pelo endividamento externo e pela indexação plena da economia.
Nos anos seguintes, com a crise dos juros nos Estados Unidos e a crise de liquidez global, as fontes de financiamento secaram e o Brasil passou a
A Superestimaram a demanda externa.
B Subestimaram a demanda interna.
C Não impuseram ajustes fiscais.
D Só não impuseram ajustes externos.
E Apenas exigiram alta de juros.
lidar com problemas no balanço de pagamentos, que estão na raiz do ciclo de crises da primeira metade dos anos 1980, com o recurso ao FMI e a
herança de inflação alta, que seria o problema central dos governos democráticos após 1985.
Podcast
Neste podcast, o especilalista Osmani Pontes Monteiro retorna aos princpais assuntos estudados no conteúdo, tais como: a caracterização do
PAEG, a motivação de sinalização ao capital externo, os efeitos do II PND sobre a economia brasileira, entre outros.

Referências
BONOMO, M. Controle de crédito e política monetária no Brasil em 1981. 1986. Tese (Doutorado em Economia) – Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1986.
CARNEIRO, R. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. São Paulo: Ed. UNESP, 2002.
CARNEIRO, D. D.; MODIANDO, E. Ajuste interno e desequilíbrio externo. In: ABREU, M. P. (org.). A ordem do progresso: cem anos de política
econômica republicana (1889-1989). Rio de Janeiro: Campus, 1989.
CASTRO, A. B.; SOUZA, F. E. P. A economia brasileira em marcha forçada. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
FISHLOW, A. A economia política do ajustamento brasileiro aos choques do petróleo: uma nota sobre o período 1974-1984. Pesquisa e
Planejamento Econômico, v. 16, n. 3, p. 507-550, 1986.
HERMANN, J. Reformas, endividamento externo e o “milagre” econômico. In: GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea. 2. ed. Rio de
Janeiro: Campus Elsevier, 2011.
LESSA, C. Estratégia de desenvolvimento, 1974-1976: sonho e fracasso. Campinas, SP: Unicamp/IE, 1978.
LOPES, F.; MODIANO, E. Inflação: análise do impacto de mudanças na política salarial. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1985. (Texto para Discussão, n. 108).
MALAN, P. S.; BONELLI, R. Crescimento econômico, industrialização e balanço de pagamentos:o Brasil dos anos 1970 aos anos 1980. Brasília, DF:
Ipea, 1983. (Texto para Discussão, n. 60).
RESENDE, A. L. Estabilização e reforma: 1964-1967. In: ABREU, M. P. (org.). A ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana
(1889-1989). Rio de Janeiro: Campus, 1989.
SERRA, J. Ciclo e mudanças estruturais na economia brasileira do pós-guerra. In: BELUZZO, L. G.; COUTINHO, R. (org.). Desenvolvimento capitalista
no Brasil: ensaios sobre a crise. São Paulo: Brasiliense, 1982. v. 1.
TAVARES, M. C.; LESSA, C. Desenvolvimento industrial nos anos 1970: impasses e alternativas. Rio de Janeiro: IE/UFRJ, 1983.
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Para uma visão mais detalhada sobre o período do “milagre econômico”, com apresentação de mais dados e do debate associado aos anos do
“milagre”, leia o capítulo A retomada do crescimento e as distorções do “milagre”: 1967-1973, de Luiz A. C. do Lago, do livro A ordem do progresso:
cem anos de política econômica republicana (1889-1989), organizado por Marcelo de Paiva Abreu e publicado pela editora Campus, Rio de Janeiro,
1989.

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