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1 COMPETÊNCIA ATRIBUIÇÕES DO INSPETOR ESCOLAR 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................... 3 2 - BREVE HISTÓRICO E OLHARES SOBRE A FUNÇÃO DO INSPETOR ESCOLAR .................................................................................................................. 6 3 - ATRIBUIÇÕES DO INSPETOR ESCOLAR................................................ 9 3.1 OS ASPECTOS MOTIVACIONAIS E O INSPETOR ESCOLAR ............. 12 4 - A AÇÃO DO INSPETOR ESCOLAR NO ÂMBITO INSTITUCIONAL ....... 15 4.1 - O INSPETOR ESCOLAR COMO AGENTE TRANSFORMADOR ......... 17 5 - PRINCÍPIOS DA INSPEÇÃO ESCOLAR ................................................. 19 6 - TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS QUANTO AO PAPEL DA INSPEÇÃO ESCOLAR NA REGULAÇÃO E NA REGULAÇÃO EDUCACIONAL ....................... 27 7 - O INSPETOR ESCOLAR COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................................................................ 30 7.1 - AS DIMENSÕES DO TRABALHO DE INSPEÇÃO ESCOLAR FRENTE AOS NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS ....................................................... 32 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 38 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1 – INTRODUÇÃO A figura do Inspetor Escolar passou a ocupar cada vez mais um lugar de destaque na administração do fazer pedagógico e na organização positiva da sua atuação. O Inspetor Escolar, no papel de gestor, será o mentor dos processos participativos, uma vez que, ao refletir sobre a realidade das unidades escolares e buscar soluções conjuntas, tornar-se-á um agente de participação efetiva no trabalho realizado. Hoje não cabe mais ao Inspetor o papel de ir à escola para prescrever, mas para traduzir, explicar, interpretar e reinterpretar as determinações, avaliar o seu impacto na vida da escola e discutir como cumprir e acompanhar a aplicação da norma, levando em conta a realidade da escola. O Inspetor deve estar presente para dar suporte à autonomia, mas impedindo a soberania. Nesse sentido, cabe a ele encontrar, no emaranhado legal, os caminhos caminháveis, as alternativas possíveis para conciliar o desejável, para garantia da qualidade do ensino, para a melhoria das condições de trabalho de alunos e professores, para tornar fértil a leira pedagógica, sem ferir as normas e dispositivos legais. O papel do Inspetor Escolar será de articulação e integração, contribuindo para recolocar a visão de totalidade no tratamento que será dado ao conhecimento, no currículo escolar, ajudar a escola na criação e desenvolvimento de projetos pedagógicos que a viabilizem o trabalho integrador em que a escola deverá se empenhar, com a participação de todos os seus profissionais. Cabe a Inspeção Escolar a tarefa de contribuir na preparação dos educandos para a vida social nos seu sentido abrangente, compreendendo esta abrangência como participação nas mudanças da sociedade, daí a necessidade da sua postura estar voltado para o equilíbrio emocional, bom senso, objetividade, imparcialidade, criatividade, responsabilidade e principalmente organização e método, colocando seu relato de forma que possa ser compreendido e usado pelo grupo, procurando traçar sempre uma ponte entre teoria e prática. A Inspeção Escolar está ligada a vários fatores que contribuem com o processo democrático da comunidade escolar. Evidentemente, nem sempre foi assim. A própria expressão linguística nos remete à história, desde o Brasil colonial, de que o ato de inspecionar nos lembra o ato de fiscalizar, observar, examinar, verificar, olhar, vistoriar, controlar, vigiar… 4 Porém, atualmente, a figura deste profissional nas Instituições Escolares proporciona uma estreita ligação entre os outros órgãos do Sistema Educacional, quer sejam Secretárias quer sejam Regionais e Unidades Escolares, para garantir a aplicação legal do regime democrático. Por isso, o Inspetor tem uma grande concentração nos aspectos Administrativos, Financeiros e Pedagógicos das Unidades Escolares, trabalhando inclusive, como agente sócio-político. Neste sentido, o Inspetor Escolar trabalha estreitamente com a gestão de pessoal. Está sempre preocupado com a veracidade e atualização da escrituração e organização escolar para proporcionar segurança no processo de arquivos e no futuro, próximo e até cem anos, esteja resguardada para servir de acervo de pesquisas históricas ou da situação funcional dos servidores que almejam a aposentadoria. Isto acontece, inclusive, com os documentos informativos da vida escolar dos alunos. Em qualquer tempo, as pessoas poderão procurar a sua instituição escolar de origem para requerer um novo documento, Histórico Escolar, por exemplo. O Inspetor Escolar está sempre imaginando as possibilidades do futuro, pois não se sabe quando alguém que conhece e trabalha na instituição Escolar ainda estará ou nem se lembrará das situações, casos ou momentos ocorridos; ou seja, as equipes de trabalhos estão sempre se renovando e acaba necessitando de uma Escrituração dos fatos, ato na Organização escolar muito bem definida para resguardar a integridade de todo arquivo (Atas, Diários de Classe, Fichas individuais e entre outros). Inclusive, como o Inspetor Escolar está sempre em contato com as comunidades escolares e tem um papel importante na comunicação entre os órgãos da administração superior do sistema e os estabelecimentos de ensino que o integram, “volta-se para : organização e funcionamento da escola e do ensino, a regularidade funcional dos corpos docente e discente, a existência de satisfatórios registros e documentação escolar…”(RESOLUÇÃO 305/83). Por isso, este profissional, como prática educativa, se torna um importante agente político e de caráter pedagógico do sistema, pois poderá sugerir mudanças de estratégias nas decisões dos órgãos do sistema para promover uma implementação organizacional mais ampla e democrática para garantir acesso de toda sociedade nas Instituições Escolares, ao conhecimento e à cultura. 5 Pensando nisso, os estudos e aplicação das normas do Sistema observadas pelo Inspetor Escolar, o faz posicionar diante de uma pragmática de educação, sociedade, modelos de organização e funcionamento, prática pedagógica e valores das práticas de conscientização e discussões. As ações do Inspetor não se limitam, evidentemente, apenas nas aplicações de normas, mas, também, nas ações de revisão ou mudanças na legislação, numa perspectiva crítica adequada à realidadesocial a que se destina, dando conhecimento à administração do Sistema das consequências da aplicação dessas mesmas normas. Sob o ponto de vista Ideológico, o Inspetor Escolar quando age criticamente nos aspectos educacionais no momento da aplicação da legalidade pode contribuir nas reformulações das leis, fazendo o legislador legislar sob o ponto de vista do ato de educar. Ou melhor, o Inspetor converte o conteúdo ideológico da legislação do ensino em diretrizes capazes de orientar a ação dos agentes do Sistema. Por isso, é um agente Político. Portanto, o papel do Inspetor Escolar no processo democrático é de fundamental importância social sob o ponto de vista educacional, pois se torna os “olhos”, a presença ou a representação, a ação do Estado ou do órgão executivo e Legislativo “in loco”, nas Instituições de Ensino. Inclusive, por causa da aplicação das normas que podem ser verificadas a sua adequação nas práxis operativas do Sistema Educacional. Por fim, o processo democrático, na função do Inspetor, é captar os efeitos da aplicação da norma com o objetivo de promover a desejada adequação do “formal” ao “real” e vice-versa com uma função Comunicadora, Coordenadora e Reinterpretadora das orientações e informações das bases do sistema. 6 2 - BREVE HISTÓRICO E OLHARES SOBRE A FUNÇÃO DO INSPETOR ESCOLAR Finoto (2010), afirma que a Inspeção Escolar aparece, pela primeira vez, na legislação do Ensino em 1932, na reforma de Campos do Ensino Secundário (Decreto - Lei nº. 21.241, de 04/05/1932-artigos 63 a 86). Em 1934 surge a figura do Fiscal Permanente responsável pela inspeção dos estabelecimentos de ensino normal do Sistema Estadual de Ensino de Minas Gerais (Decreto nº11. 501, de 14/08/1934), função essa que só veio a ser extinta em 1974, na vigência da Lei Estadual nº 6. 277/73 – 1º Estatuto do Magistério (Cf. parágrafo único do artigo 10, do Decreto nº. 16.244 de 08/05/1974). Em 1942 a 1946 surgem várias Leis Orgânicas, porém a única que tratava da Inspeção é a Lei Orgânica do Ensino Secundário conforme o Decreto – Lei nº. 4.244 de 09/04/1942 nos artigos 75 e 76. Quando a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 4.024 de 20/12/1961), ao delegar competência aos Estados e ao Distrito Federal para autorizar, 7 reconhecer e inspecionar os estabelecimentos de ensino primário e médio não pertencente à União (artigo 16) estabeleceu também a qualificação do responsável pela inspeção conforme o seguinte artigo: “Art.65- O Inspetor de Ensino, escolhido por concurso de títulos e provas, deve possuir conhecimentos técnicos e pedagógicos demonstrados de preferência no exercício de funções de magistério, de auxiliar de administração escolar ou na direção de estabelecimento de ensinos” (MENESES, 1977., apud, FINOTO, 2010). No cumprimento da atribuição que lhe foi conferida pelo § 3º do retro citado artigo 16, da LDBNE, no que se refere à inspeção dos estabelecimentos de ensino médio, o Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais baixou a Resolução nº. 43/66, de 18/05/1966, que vem esclarecer que o Ensino Primário passou a contar segundo, as disposições da Lei nº. 2.610/62 (Código do Ensino Primário) com Inspetores Seccionais, Inspetores Municipais e Auxiliares de Inspeção, sendo que em 1965, surge também à figura do Inspetor Sindicante (Portaria Secretaria Estadual de Ensino- SEE, nº 68/65) para atuar junto às Delegacias Regionais de Ensino as atuais Superintendências Regionais de Ensino. Tão logo foi efetivada a transparência para a responsabilidade dos Estados, dos encargos de autorizar o funcionamento, reconhecer e inspecionar os estabelecimentos de ensino médio, conforme Portaria Ministerial nº. 713, de 30/11/1967 e Aviso MEC, nº. 652 GB, de 14/12/1967, a Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais baixou a Portaria nº. 91/68 de 27/04/1968, estabelecendo normas para a inspeção permanente dos estabelecimentos de ensino médio do Sistema Estadual de Ensino. Na realidade, antes da Reforma Universitária de 1968, Lei nº. 5.540 de 28/11/ 1968, a inspeção era feita por elementos sem habilitação específica. Diante disso, a inspeção poderia ser exercida no Estado, por professores de ensino médio e até por portadores de diploma de curso superior, muitas vezes sem nenhuma ligação direta com os problemas educacionais. E ainda houve época em que a inspeção dos estabelecimentos do antigo ensino secundário era feito por elementos a quem competia tão somente fiscalizar provas exames e assinar papéis que não tinham 8 nenhuma finalidade prática e efetiva para a escola. Isso acontece ainda hoje em determinados setores burocráticos do serviço público. Na publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 5.692/71 estabeleceu a organização do ensino de 1º grau (quatro séries do primário, mais quatro séries do ginásio) e 2º Grau alternando toda a legislação anterior do ensino primário e médio. Com isso as exigências referentes à formação profissional do Inspetor Escolar foram as seguintes: formação em curso superior de graduação, com duração curta ou plena ou de pós-graduação, admissão na carreira de Inspetor Escolar por concurso público de provas e títulos, remuneração conforme estatuto de carreira do magistério. Com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9394/96 a formação profissional do Inspetor Escolar foi mantida. Contudo em seu artigo 64 estabelece que a formação do Inspetor Escolar se dê em cursos de pós-graduação: “A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em Cursos de Graduação em Pedagogia ou em nível de Pós-Graduação, a critério da instituição de ensino, garantida nesta formação, a base comum nacional” (LBDN 9394/96). Atualmente o Inspetor Escolar possui uma jornada de trabalho de 40 horas semanais e está sujeito ao regime de dedicação exclusiva. (Lei nº. 9.347/86 e Decreto nº. 26.250/86). As ações do Inspetor não se limitam, evidentemente, apenas nas aplicações de normas, mas, também, nas ações de revisão ou mudanças na legislação, numa perspectiva crítica adequada à realidade social a que se destina, dando conhecimento à administração do Sistema das consequências da aplicação dessas mesmas normas. (BIASI, 2009) Exige-se desse profissional uma postura crítica, reflexiva e fundamentada numa conduta ética e democrática. É sabido que este especialista surge para organizar a instituição em conformidade com a normatização em vigor. Logo, torna-se uma atividade complexa, uma vez que o desafio para a legislação atual é organizar a 9 escola enquanto espaço privilegiado de aprendizagem, em que devem ser assegurados os direitos de todos os segmentos – professor, aluno, funcionários e comunidade externa – para a construção de uma gestão escolar democrática participativa. Não basta organizar o ensino, faz-se necessário pensar no funcionamento da instituição como um todo. Lidar com essa questão requer mudanças nas práticas e nas relações entre os agentes educacionais, haja vista que fomos vítimas durante muitos anos de um “sistema de formar mutilados”, de uma pedagogia da adestração cotidiana, em que não havia lugar para o pensar. 3 - ATRIBUIÇÕES DO INSPETOR ESCOLAR Os novos paradigmas da educação nacional encaminham a questão de ordem prática: são desafios que colocam o Inspetor Escolar para a observância da legislação da educação junto às escolas, pelo seu papel de legítimo representante da administração central e regional do Sistema. Uma leitura mais atenta da LDBN e de alguns de seus artigos remete a algumas competências que o Inspetor Escolar pode 10 exercer, em ação solidária com as escolas e seus diretores, pedagogos e professores e em interaçãocom setores das secretarias estaduais e municipais e dos órgãos regionais de educação. A Inspeção Escolar é correição, auditoria, orientação e assistência técnica. Esses profissionais são os olhos e os ouvidos do Poder Público na escola. O perfil desse profissional deve ser: Função Verificadora: deve possuir domínio da legislação, ser pesquisador e observador. Função Avaliadora: Educador Função Orientadora: ter boa comunicação oral e escrita. Conciliador. Função Corretiva: segurança e postura pedagógica. Função realimentadora: criatividade. Além disso, o Inspetor Escolar deve ser orientado profissionalmente conforme o Art. 4º da Resolução Secretaria Estadual de Ensino nº. 305/83: I - Comunicação entre os órgãos da administração superior do sistema e os estabelecimentos de ensino que o integram; II - Verificação e avaliação das condições de funcionamento dos estabelecimentos de ensino; III - Orientação e assistência aos estabelecimentos de ensino na aplicação das normas do sistema; IV - Promoção de medidas para a correção de falhas e irregularidades verificadas nos estabelecimentos de ensino, visando à regularidade do seu funcionamento e a melhoria da educação escolar. V - Informação aos órgãos decisórios do sistema sobre a impropriedade ou inadequação de normas relativas ao ensino e sugestão de modificações, quando for o caso. Com relação à conquista da autonomia da escola são atribuições do Inspetor Escolar: A – Integrar-se na elaboração do Plano de Desenvolvimento da Escola; Sensibilizar a comunidade escolar para a importância do Plano de Desenvolvimento da Escola; 11 Participar das discussões dos usuários e profissionais da escola sob seu Plano de Desenvolvimento, esclarecendo as funções da comunidade escolar; Auxiliar professores e especialistas a definir os componentes do Plano de Desenvolvimento da Escola, orientando-os sobre sua elaboração B – Subsidiar e escola na elaboração e desenvolvimento do seu projeto pedagógico: Esclarecer a escola sobre os padrões básicos (currículo, recursos humanos e insumos) indispensáveis à elaboração do processo pedagógico; Orientar a escola na definição de sua proposta curricular, adequando-se às especificidades socioculturais da região e às necessidades, prioridades e possibilidades da comunidade à qual atende; Analisar o calendário escolar considerando as especificidades da escola, as peculiaridades regionais e locais e as referências legais, zelando pelo seu cumprimento; Participar da implementação do projeto pedagógico da escola, propondo a revisão de suas práticas educativas, quando necessário; Orientar a escola na elaboração e revisão de normas regimental consoante as diretrizes estabelecidas em seu próprio projeto. C – Orientar a escola para a realização e a utilização de estudos e pesquisas que visem à melhoria da qualidade do ensino: Encaminhar à escola os resultados da avaliação externa, orientando-a para a análise dos mesmos; Subsidiar a escola na elaboração de estudos e projetos de pesquisa que visem à melhoria de ensino e à inovação pedagógica; Promover o intercâmbio entre escolas e outras instituições para troca de experiências pedagógicas. D - Colaborar com a escola, orientando-a na definição de seu plano de capacitação de recursos humanos: Subsidiar o levantamento e as necessidades de treinamento e capacitação dos profissionais da escola, a partir dos resultados da avaliação; 12 Promover a integração das propostas de treinamento e capacitação de conjuntos de escolas de seu setor e da jurisdição; Tomar providências, junto à S.R. E, para que as propostas de capacitação se efetivem. E – Orientar a direção da escola na aplicação das normas referentes à Assembleia Escolar como instrumento de gestão democrática da escola. F – Incentivar a integração das escolas entre si e destas com a comunidade. 3.1 OS ASPECTOS MOTIVACIONAIS E O INSPETOR ESCOLAR O papel do inspetor escolar não é apenas de ser um profissional que cuida somente da parte burocrática e/ou fiscalizadora. Os aspectos emocionais fazem parte da vida profissional do inspetor escolar, no entanto, o mesmo necessita de um perfil motivador, pois ele passa por um processo de responsabilidades e orientações a todos os envolvidos nesse segmento de ensino-aprendizagem. Afinal quem é esse sujeito? 13 Silva (1999, p.84) cita “ver-se de outro modo, dizer-se de outra maneira, julgar-se diferentemente, atuar sobre si mesmo de outra forma. ” Observa-se em tal citação, a análise (dentre outros profissionais) do inspetor escolar aprendendo a se conhecer a cada dia. De acordo com Libânio (2002, p. 20) “aprender a conhecer é inserir todo conhecimento no varal do passado, percebê-lo na atualidade do presente e vislumbrá- lo em sua densidade no futuro. ” Parafraseando o autor a citação é notável a todo profissional inserido no processo educacional, em especial ao inspetor escolar. Contudo para que haja aprendizado é relevante o ato de pensar. Libânio (2002, p. 23) conceitua esse termo como sendo “pensa quem sabe perguntar-se a si a realidade num movimento em que não há respostas prontas. ” Diante disso nota-se a necessidade da capacidade de pensar. Nessa conjuntura, o inspetor escolar está inserido no papel de gestor, ele terá que ser um visionário, pois seu trabalho hoje consequentemente refletirá amanhã, uma vez que necessita obter ideias / ato de pensar em variadas possibilidades de mudanças, pois seu trabalho é extenso e as demandas nas escolas também. As escolas que pretendem obter seu processo ensino aprendizagem com qualidade, preocupando-se com as doutrinas democráticas, bem como o acesso e permanência dos alunos / comunidade na escola, consequentemente estão interessadas em profissionais qualificados e motivados, o inspetor escolar faz parte desse processo na execução de suas ações. Vale (1982, p. 35) destaca: [...] procurar desenvolver a sua capacidade de organizar o pensamento e compartilhar suas ideias, de se constituir enquanto grupo de compreender a força da ação coletiva, de liderar, de pensar criticamente a realidade social, de filtrar da história oficial de sua classe, de se capacitar a se tornar sujeito de sua própria história. Parafraseando ao autor, o inspetor escolar deve ser um profissional dotado de flexibilidade e dinamismo, deve ser um especialista focado em sustentar a motivação no seu ambiente de trabalho – corpo docente / comunidade escolar das unidades escolares em que atua – deve ser idealista e transformador, precisa saber trabalhar em equipe com o propósito de integração escola / comunidade. Santana (2012, p. 6): 14 Espera-se do inspetor escolar, um profissional que não cuide somente da parte burocrática, mas que procure ter um método de trabalho menos policiador e controlador, tornando-se mais participativo e democrático, mais orientador da aplicação da norma e mais estimulador da criticidade e da criatividade tão necessária à melhoria do funcionamento do sistema. Deverá propiciar às escolas as condições que assegurem sua autonomia administrativa, pedagógica e também que cuide e oriente a parte humana, conduzindo com todos os envolvidos o processo ensino aprendizagem, com qualidade, eficiência e motivação. Entretanto, diante de pontuações variadas quanto ao profissional inspetor escolar, o mesmo tem a necessidade e responsabilidade de atuar no processo educacional de forma a refletir positivamente no desempenho dos profissionais atuantes na escola, alunos e comunidade, bem como tutear de modo a promover o progresso motivacional da comunidade escolar nesse contexto. Trabalho x motivação Segundo Vergas apud Fiorelli (2004, p. 118) “motivação é uma força, uma energia que nos impulsiona na direçãode alguma coisa que nasce de nossas necessidades interiores. ” Acordado ao autor, quando há motivação as pessoas tornam-se mais produtivas e atuam com mais satisfação, seja no ambiente profissional ou no ambiente social, desse modo produzindo melhor e com mais qualidade. Diante desse fato, analisam-se diversos fatores no qual as pessoas e/ou profissionais sentem-se motivados, sendo que um deles é a questão salarial, ao qual o Poder Público não prioriza tal incentivo financeiro ao nível que é necessário na área educacional, lembrando que todo cidadão passa pela educação e o objetivo da mesma é formá-los conscientes do seu papel na sociedade, todavia devido a falta de incentivo financeiro a consequência é a desmotivação no desenvolvimento de um trabalho com qualidade. Especificamente no profissional inspetor escolar podem existir fatores variados que o leve a desmotivação além da questão salarial, como a falta de programas de 15 formação / treinamento, plano de carreira, reconhecimento e valorização profissional. Santana (2012, p. 7) enfatiza que: [...] as pessoas não são movidas somente por recompensas materiais, mas também pela admiração e, sobretudo, pelo reconhecimento, mesmo um simples elogio poderá ser uma poderosa alternativa para a motivação. 4 - A AÇÃO DO INSPETOR ESCOLAR NO ÂMBITO INSTITUCIONAL A partir daí, o Inspetor assume um papel importantíssimo que é a integração na elaboração do plano de desenvolvimento da escola bem como o desenvolvimento do projeto político-pedagógico, orientar também na realização de estudos e pesquisas, na capacitação de recursos humanos visando assim à melhoria da qualidade do ensino, orientar e acompanhar processos de criação, organização da escola e também auxiliar na elaboração de documentos necessários para o bom funcionamento do sistema educacional. 16 A ação do Inspetor nestes aspectos torna-se mais produtiva e qualificada e contribui para que o ensino e a aprendizagem aconteçam de forma dinâmica. É preciso tomar consciência que formar cidadãos que saibam como viver e ser solidários faz parte do cuidado pedagógico. E o sentido fundamental da ação avaliativa é justamente esse, de transformação. Existem leis, pareceres, resoluções que regem a organização do ensino nas escolas, existem regimentos e determinações que regem a ação do professor na sala de aula, necessário se faz tomar consciência desse jogo de poder que detém toda essa estrutura. É a partir da ação coletiva e consensual dos professores e equipe escolar que isso poderá acontecer. Para Freire (1986), O educador libertador tem que estar atento para o fato de que a transformação não é só uma questão de método e técnicas. Se a educação libertadora fosse somente uma questão de métodos, então o problema seria mudar algumas metodologias tradicionais por outras mais modernas. Mas esse não é o problema. A questão é o estabelecimento de uma relação diferente com o conhecimento e com a sociedade. É necessário que a escola trabalhe buscando uma prática coletiva, para que os educadores, especialistas, pais e funcionários possam trabalhar juntos e com isso estarem envolvidos com a escola. É necessário ter parceria, isso contribuirá para o desenvolvimento da escola, possibilitando a comunidade uma escola mais participativa, onde cada um deve se comprometer em atuar na sua função com responsabilidade, pensando sempre no coletivo. “A avaliação não deve ser confundida com testes tão frequentes. Estes são instrumentos, meios para se avaliar um aspecto apenas do processo de aprendizagem, ou seja, o produto em relação ao desempenho, tendo em vista determinados conteúdo ou objetivos em termos de progresso ou proficiência. Não podem jamais constituir-se um instrumento de ameaça...”. (PCN, 2000, 1998). Cabe ao Inspetor Escolar, uma proposta que seja eficaz. E a eficácia será tanto quanto mais estiver voltada para o bem daquele que está aprendendo e para o exercício do conhecimento e pesquisa dos professores. Se for efetivamente colocada em prática, e a avaliação for posta a serviço de quem está aprendendo, ela própria se converterá em meio de aprendizagem. 17 A Inspeção Escolar está ligada a vários fatores que contribuem com o processo democrático da comunidade escolar, estreitando a ligação entre os vários órgãos do sistema educacional e fazendo cumprir com a legislação vigente. Visa à melhoria do ensino e aprendizagem, para isso tem de levar em conta a estrutura teórica, material e humana da escola. A figura do Inspetor Escolar desponta como elemento de intermediação associada à ideia de mudanças. Ele deve estar inserido no contexto social da escola, interagindo com todos os atores, e através dessa interação os problemas certamente serão identificados e as ações serão todas em uma mesma direção de forma democrática em uma sociedade multicultural. Assim, o Inspetor Escolar não é mais um fiscalizador, como é entendido com frequência, e sim, um colaborador que se constitui na somatória de esforços e ações desencadeados com sentido de promover e desenvolver a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. 4.1 - O INSPETOR ESCOLAR COMO AGENTE TRANSFORMADOR 18 Procuramos dar novo sentido às atividades escolares quando afirmamos que esse processo deve ser dialógico. Queremos reconhecer que a razão é inseparável da emoção quando dizemos que é necessário organizar as prioridades e as ações escolares e educacionais para construir projetos e políticas emancipadoras, que permitam desvelar a realidade, escrever uma nova história com base no resgate, na vivência e no registro das experiências e na interpretação desse registro, que respeitem e considerem a diferença, a diversidade cultural presente na educação e na sociedade. O planejamento dialógico é uma alternativa para que haja uma transformação de fato na realidade educacional. Com a ampliação da comunicação pelo diálogo coletivo e interativo desde a formulação das questões relacionadas, por exemplo, às questões pedagógicas, vai acontecendo um processo de participação, de envolvimento, de troca de ideias, de resgate de cultura e de troca de experiências, de propostas concretas ou concretizáveis, que estimulam o enfrentamento dos problemas e dos desafios apresentados pelo cotidiano. É essa a grande vantagem do planejamento dialógico, organizado, democraticamente sistematizado e voltado para o respeito à autonomia dos sujeitos partícipes do processo de ensino e aprendizagem. O planejamento dialógico implica uma convivência harmoniosa de pessoas que discutem, decidem, executam e avaliam atividades propostas coletivamente. Com essa convivência, o processo educativo passa a desenvolver efetivamente seu papel transformador, pois na medida em que discutem, as pessoas refletem, questionam e conscientizam-se de problemas coletivos, decidindo por engajarem-se na luta pela melhoria das condições de vida de todos os envolvidos nesse processo. No contexto escolar o planejamento dialógico caracteriza-se pela busca da integração efetiva entre a escola e a realidade histórico-social, primando pelo inter- relacionamento entre a teoria e a prática. A participação de professores, alunos, equipe técnico-pedagógica e administrativo, bem como dos pais dos alunos, seria o ponto de convergência das ações voltadas para a produção de novos conhecimentos a serem propiciados na escola, tendo como referencial o meio em que se vive. Para Freire (op. cit), O diálogo deve ser entendido como algo que faz parte da própria natureza histórica dos seres humanos (...) O diálogo é o momento em que os humanos se encontram para refletir sobre sua realidade tal como a fazem e refazem. (...) Através do diálogo, 19 refletindo juntos sobre o que sabemos e não sabemos, podemos, a seguir, atuar criticamente para transformar a realidade. Significadizer que o planejamento é etapa intermediária entre o conhecimento teórico construído e refletido nas diversas experiências vivenciadas pelos agentes da educação durante sua formação pedagógica e a ação concreta a realizar. A consciência de que planejamos para a prática e que fazer plano só tem sentido se desencadear a ação, vai mudar a óptica dos planejadores comprometendo-os mais num trabalho personalizado e contextualizado. Sendo assim, o inspetor escolar pode e deve, através de suas experiências, de seus conhecimentos científicos, ter a intenção de manifestar o desejo de transformar o ensino, mediante estudos e pesquisas já vivenciadas por outras instituições, tomando como exemplo o resultado dos índices de aprovação e o entusiasmo dos alunos no que diz respeito ao engajamento dos projetos e atividades realizadas nas instituições escolares. 5 - PRINCÍPIOS DA INSPEÇÃO ESCOLAR 20 Sendo o inspetor escolar um agente participativo de comunicação, orientação e de correção, que conduz a uma prática refletida, resultante de um confronto permanente entre a norma institucional e o “fazer” educacional diário, este deve estar atento aos princípios e valores na sua prática como tarefa primeira, dando primazia à postura enquanto profissional da educação. Sob esta perspectiva, destacamos alguns princípios a se observar na prática da inspeção escolar: 1- O princípio do desenvolvimento pessoal, da qualificação profissional e da competência técnica. A necessidade da formação continuada é uma realidade que o inspetor tem de enfrentar. É uma tarefa desafiadora, porque conduz a um momento de criação conjunta e, para isso, é preciso que estejamos conectados com nossas práticas e nossas aspirações. É na formação continuada que produzimos novos conhecimentos e vivenciamos novas posturas de flexibilidade e mudanças. Ser inspetor escolar requer o constante aperfeiçoamento profissional, o domínio das legislações e o conhecimento de cada problema das escolas em seus múltiplos aspectos (administrativos, pedagógicos e financeiros). Para tanto, são fundamentais as reuniões nas SREs como espaços de formação contínua. Mas é nas escolas que essa formação se concretiza, é ela o locus discere e operandi em que se desenvolvem a profissionalidade. Conhecer o estado real de cada escola, observando e avaliando constantemente o desenvolvimento do processo de ensino, analisando com objetividade os resultados e trabalhando pela ampla democratização das informações, deve ser a nossa maior preocupação. Dessa forma, nossa ação deve ser movida por competências que se fazem necessárias para realização dos objetivos, trabalhando de forma eficaz, exigindo de todos paciência e força de vontade para um trabalho voltado para a transformação. Essas competências exigem compreensão, aceitação, empatia e consideração pelos outros. 2- O princípio do planejamento. O planejamento é a principal ação de todo e qualquer empreendimento. Definir o que deve ser priorizado, objetivado, determinando uma linha de ação a ser desenvolvida no espaço escolar é uma tarefa imprescindível e que deve ser tomada coletivamente, em reuniões mensais nas SREs. Na inspeção escolar, conhecer e 21 aplicar as legislações como alternativas que mostrem um caminho, um norte para as práticas escolares, eis a função dos normativos e uma das nossas atribuições, que quando bem discutidas e planejadas, serão bem executadas. O princípio do planejamento se justifica porque o inspetor escolar quer resultados e suas ações buscam atingir objetivos. Há necessidade de uma ação racional, estruturada e coordenada de proposição de objetivos, estratégias de ação, provimento e ordenação dos recursos disponíveis, cronogramas e formas de monitoramento e avaliação. O plano de ação da inspeção escolar torna-se o instrumento unificador das atividades nas escolas, convergindo na sua execução. 3- O princípio da liderança. Liderar é uma realidade desafiadora ao inspetor escolar, pois há a necessidade de uma revisão de papéis, de uma ressignificação de sua ação no sentido de conquistar autoridade, através do conhecimento de sua contribuição e postura nas escolas. O inspetor escolar que não possuir competência para exercer a autoridade que lhe foi conferida poderá, indubitavelmente, gerar o autoritarismo, agindo arbitrariamente e gerando insegurança e revolta em seus liderados. Muitas são as queixas de autoritarismo diante das ações dos inspetores escolares e a ele é importante autoanalisar-se, conhecer-se, para que possa contribuir igualmente com o crescimento das escolas e pessoas que lidera. A liderança com autoridade conquistada e baseada em princípios requer um conjunto de ações, de comportamentos, e pode ser exercida por qualquer líder que tenha clareza do que realmente deseja ao ocupar esta posição. Deve-se levar em conta que a única pessoa que pode mudar algo é ela mesma... aos outros é possível apenas incentivar, motivar, influenciar, mas o poder de mudança pertence a cada um. E quais as principais características de pessoas identificadas como líderes? Um bom líder traz características como honestidade, confiabilidade, cuidado e compromisso; é bom ouvinte; conquista a confiança das pessoas, pois domina o que faz e conhece a legislação; trata as pessoas com respeito e as encorajava de forma positiva e entusiástica; gosta das pessoas; nunca deixa as questões pessoais influenciar as suas atividades. Portanto, a verdadeira liderança perpassa por questões de caráter, de hábitos, de valores, de concepções. Isso requer uma escolha e muito esforço. Além de todos os 22 desafios naturais à função do inspetor escolar, deve-se construir sua liderança com base nas relações saudáveis, nos princípios e na ética. 4- O princípio do bom relacionamento com os colegas da SRE e escolas. As relações humanas implicam em respeito e consideração com o próximo com o propósito do melhor entendimento no convívio das pessoas não só na escola, mas também na família, no trabalho, onde quer que seja. A inspeção escolar não é somente um trabalho técnico, mas uma atividade essencialmente humana, interagindo diretamente com pessoas, vidas, e, portanto, subjetividades. Pensar a inspeção escolar em uma perspectiva mais humanizante, com novas possibilidades, é o grande desafio da atualidade. Nessa perspectiva, o inspetor desenvolve seu trabalho no coletivo em favor de interesses mútuos, primando pelo aperfeiçoamento, acompanhamento, mediando as relações interpessoais, integrando serviços, procurando um mesmo objetivo, pois quando existe reciprocidade e união dentro de uma equipe há também sucesso na conquista. Nos dizeres de Aguiar (1996) o inspetor deve fazer de si mesmo a pessoa mais educada, objetiva e agradável tanto quanto permitirem a sua composição física e psicológica; deve ser uma pessoa que se expande cultural e humanamente com um corpo de conhecimentos e experiências suficientemente rico; uma pessoa capaz de incorporar novas habilidades e conhecimentos no seu comportamento e, de rejeitar aqueles que são insuficientes: assim procedendo, estará dando passos para o autodesenvolvimento capacitando-se, por outro lado, para influenciar os outros de igual modo. 5. O princípio da autonomia. A atual estrutura organizacional das escolas permite uma relativa autonomia em relação ao sistema de ensino, garantindo-lhes a liberdade de criação e de decisão sobre a distribuição de recursos, tanto materiais quanto humanos, a partir de critérios definidos em nível central, permitindo que as instituições modernizem sua administração, tornando o trabalho do inspetor escolar mais condizente com as necessidades reais e locais. Dessa forma, há o desenvolvimento de uma cultura de participação e um comprometimento maior do inspetor escolar que, conhecendo dessa autonomia e a tendocomo marca em sua ação, dá condições para que os objetivos da educação 23 sejam atingidos. Logo, fornece autonomia à escola para que desenvolva suas ações, para que se expresse conforme suas necessidades sem, no entanto, se chocar com as diretrizes do poder central, acaba por flexionar o controle, dando maior liberdade para que a instituição tenha maior poder de ação, sem perder a unidade do sistema educacional. Para isso, o inspetor escolar deve estar centrado na escola, tornando as leis do sistema mais adaptadas àquela comunidade escolar, exigindo a flexibilidade necessária, alterações e facilitadores para todo o processo administrativo, pedagógico e financeiro. 6. O princípio da flexibilidade. A concepção de inspeção flexível expressa o amadurecimento e a busca de uma proposta coerente com a realidade educacional, envolvendo todos os membros da escola. O inspetor flexível deve se adaptar às condições da escola em que atua, levando em consideração a clientela e as diferenças individuais, tornando-se a força impulsionadora que interpreta a realidade escolar e suas necessidades. Partindo das subjetividades, deve apresentar uma organização e dinamismo no seu trabalho, tendo como suporte o saber técnico e o comprometimento com as mudanças sociais e o rumo delas, respondendo as expectativas da comunidade e colaborando para o processo da qualidade de ensino, sem ignorar a realidade. 7. O princípio da objetividade. O inspetor escolar deve ser objetivo no sentido de ter claros os conceitos e crenças que determinam sua maneira de agir, dos fins que pretende atingir e dos meios a utilizar. É necessário que ele conheça o perfil da escola, seu Projeto Político- Pedagógico: só assim será possível orientar e ajudar, de acordo com as necessidades reais da comunidade escolar. 8. O princípio da integração. O inspetor escolar deve ser uma pessoa capaz, preparada sob o ponto de vista educacional e psicológico, especialista no processo democrático dos grupos nas escolas. Como um líder deve conseguir a cooperação de seus colegas (administradores, especialistas e professores) nas decisões importantes que dizem respeito a eles mesmos e ao processo de ensino-aprendizagem. 24 É através da integração de todos os envolvidos na comunidade escolar, garantindo o espaço de participação, que se fará a intervenção transformadora da prática social. 9. O princípio da cooperação. Como todo grupo social, a escola agrega pessoas com objetivos distintos, aspirações pessoais, visão de mundo particular, qualidades e características peculiares, e é esse conjunto diversificado que enriquece o ambiente escolar. Além de conhecer o papel e importância dessas pessoas, é preciso reconhecer que são possuidoras de um conhecimento específico em uma área e é o trabalho coletivo dessas diferentes especialidades na escola é que provocará mudanças. Ao inspetor escolar cabe a atitude positiva frente ao trabalho dessa equipe, facilitando o diálogo e a cooperação nas escolas. É preciso enxergar as diferenças e fazer com que elas contribuam para o crescimento coletivo e não sirvam de divisão entre seus membros ou mesmo se transformem em armas para competições entre grupos. Somente mediante um trabalho solidário se poderá prevenir contra as decisões isoladas, permeadas de interesses individuais. Todos devem trabalhar conjuntamente para alcançar o objetivo maior da escola e, por isso, o planejamento cooperativo é indispensável. A Inspeção Escolar está ligada a vários fatores que contribuem com o processo democrático da comunidade escolar. Evidentemente, nem sempre foi assim. A própria expressão linguística nos remete à história, desde o Brasil colonial, de que o ato de inspecionar nos lembra o ato de fiscalizar, observar, examinar, verificar, olhar, vistoriar, controlar, vigiar… Porém, atualmente, a figura deste profissional nas Instituições Escolares proporciona uma estreita ligação entre os outros órgãos do Sistema Educacional, quer sejam Secretárias quer sejam Regionais e Unidades Escolares, para garantir a aplicação legal do regime democrático. Por isso, o Inspetor tem uma grande concentração nos aspectos Administrativos, Financeiros e Pedagógicos das Unidades Escolares, trabalhando inclusive, como agente sócio-político. Neste sentido, o Inspetor Escolar trabalha estreitamente com a gestão de pessoal. Está sempre preocupado com a veracidade e atualização da escrituração e organização escolar para proporcionar segurança no processo de arquivos e no futuro, próximo e até cem anos, esteja resguardada para servir de acervo de 25 pesquisas históricas ou da situação funcional dos servidores que almejam a aposentadoria. Isto acontece, inclusive, com os documentos informativos da vida escolar dos alunos. Em qualquer tempo, as pessoas poderão procurar a sua instituição escolar de origem para requerer um novo documento, Histórico Escolar, por exemplo. O Inspetor Escolar está sempre imaginando as possibilidades do futuro, pois não se sabe quando alguém que conhece e trabalha na instituição Escolar ainda estará ou nem se lembrará das situações, casos ou momentos ocorridos; ou seja, as equipes de trabalhos estão sempre se renovando e acaba necessitando de uma Escrituração dos fatos, ato na Organização escolar muito bem definida para resguardar a integridade de todo arquivo (Atas, Diários de Classe, Fichas individuais e entre outros). Inclusive, como o Inspetor Escolar está sempre em contato com as comunidades escolares e tem um papel importante na comunicação entre os órgãos da administração superior do sistema e os estabelecimentos de ensino que o integram, “volta-se para : organização e funcionamento da escola e do ensino, a regularidade funcional dos corpos docente e discente, a existência de satisfatórios registros e documentação escolar…”(RESOLUÇÃO 305/83). Por isso, este profissional, como prática educativa, se torna um importante agente político e de caráter pedagógico do sistema, pois poderá sugerir mudanças de estratégias nas decisões dos órgãos do sistema para promover uma implementação organizacional mais ampla e democrática para garantir acesso de toda sociedade nas Instituições Escolares, ao conhecimento e à cultura. Pensando nisso, os estudos e aplicação das normas do Sistema observadas pelo Inspetor Escolar, o faz posicionar diante de uma pragmática de educação, sociedade, modelos de organização e funcionamento, prática pedagógica e valores das práticas de conscientização e discussões. As ações do Inspetor não se limitam, evidentemente, apenas nas aplicações de normas, mas, também, nas ações de revisão ou mudanças na legislação, numa perspectiva crítica adequada à realidade social a que se destina, dando conhecimento 26 à administração do Sistema das consequências da aplicação dessas mesmas normas. Sob o ponto de vista Ideológico, o Inspetor Escolar quando age criticamente nos aspectos educacionais no momento da aplicação da legalidade pode contribuir nas reformulações das leis, fazendo o legislador legislar sob o ponto de vista do ato de educar. Ou melhor, o Inspetor converte o conteúdo ideológico da legislação do ensino em diretrizes capazes de orientar a ação dos agentes do Sistema. Por isso, é um agente Político. Portanto, o papel do Inspetor Escolar no processo democrático é de fundamental importância social sob o ponto de vista educacional, pois se torna os “olhos”, a presença ou a representação, a ação do Estado ou do órgão executivo e Legislativo “in loco”, nas Instituições de Ensino. Inclusive, por causa da aplicação das normas que podem ser verificadas a sua adequação nas práxis operativas do Sistema Educacional. Por fim, o processo democrático, na função do Inspetor, é captar os efeitos da aplicação da norma com o objetivo de promover a desejada adequação do “formal” ao “real” evice-versa com uma função Comunicadora, Coordenadora e Reinterpretadora das orientações e informações das bases do sistema. 27 6 - TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS QUANTO AO PAPEL DA INSPEÇÃO ESCOLAR NA REGULAÇÃO E NA REGULAÇÃO EDUCACIONAL Em vários países da União Europeia a inspeção escolar tem passado por reformas, sendo fortemente associada ao papel do estado que representa. Trata-se de uma função, que pela sua forma de atuação, é vinculada à intervenção política do estado. A sua atuação fica na dependência da natureza das intervenções estatais, com reforço do papel regulador e avaliador do estado, que acentua o controle, uma das funções-chave da inspeção escolar (MAROY, 2009, p. 63). Entretanto, mesmo que se reconheça a importância da participação da inspeção no controle externo, o seu papel não se esgota nele, e por este motivo, faz-se necessário examinar a natureza 28 da função, quanto à realização do trabalho da inspeção escolar. De Grouwe (2006, p. 67), propõe a análise da inspeção escolar, e reconhece que o interesse dos governos nas políticas educativas, com o foco nas avaliações dos resultados, constitui-se uma das explicações do reforço dos seus sistemas de inspeção. Constituem exemplos de reformas dos serviços de inspeção, no sentido do fortalecimento das ações de controle e sustentação pedagógica às escolas, conforme demonstrou o estudo documental realizado: Portugal – (documento da Inspeção Geral da Educação – IGE); Bélgica francófona (MAROY, 2009, p. 53); França, que repensa a natureza e os procedimentos da inspeção escolar, na atualidade (L’inspection Générale de l’ Administration de l’Éducation Nationale et de la Recherche - IGEN). Na concepção da função da inspeção escolar estão compreendidas, segundo De Grouwe (2006, p. 56), três funções-chave, que compreendem tanto o domínio pedagógico, como o administrativo, conforme o quadro a seguir expõe: Funções-chave da Inspeção Escolar Analisando as suas atribuições, fica perceptível a diversidade e a abrangência da sua atuação, bem como a existência de um fluxo contínuo e circular entre a orientação que emana dos órgãos centrais e a consequente realimentação das decisões, a partir das informações sobre a realidade escolar, após a aplicação da norma, oriundas do trabalho da inspeção escolar. Este fluxo permitiria a contextualização das decisões políticas ao cotidiano escolar, a revisão das ações, e o diagnóstico das reais necessidades. Poderia vir a ocorrer, neste caso, a transversalidade das relações, possibilitando a participação dos atores sociais na formulação e implementação das políticas educacionais. 29 Em relação ao lugar da inspeção na política de resultados, sendo reconhecida e legitimada pelo sistema, faz-se necessária uma reflexão sobre a seguinte questão: uma mais ampla participação dos atores sociais na decisão política fica na dependência de outra perspectiva política do governo. Uma regulação educacional, não meramente linear e hierárquica, vertical e impositiva. Novas formas de intervenção institucional, que permitiriam a decisão coletiva dos atores sociais. Esta nova modalidade de regulação seria a de coordenação das ações conjuntas dos envolvidos no processo político, conforme Maroy e Dupriez (2000, p. 56) expõem. Em tal circunstância, o papel da inspeção poderia vir a ser, como ocorre em outros países, o de facilitar a avaliação das medidas, verificar sua adequação e propriedade, no sentido de analisar, a partir da observação in loco, se elas devem ser revistas, alteradas, ou não. Ela exerceria o controle sim, pois este lhe é inerente, mas no sentido de uma avaliação diagnóstica e formativa, isto é, com o propósito de aprimoramento da ação educacional, de verificar onde há problemas e o que pode ser melhorado, sem imposições de penalidades. Em outra perspectiva de regulação educativa, menos imperativa e meritocrática, à inspeção caberia, a partir do conhecimento do cotidiano escolar, uma atuação no sentido de orientar e apoiar a ação educacional, e constituir-se em um elo entre as escolas e o sistema educacional. Representaria um canal, mas o sentido da informação seria circular, e não de correia de transmissão, conforme expõe Meuret (2002), que analisa a relação entre a inspeção e a política educacional. O autor apresenta a seguinte questão: poderiam as ações da inspeção se inserir em uma perspectiva de orientação às escolas, em sua missão educativa e pedagógica, acompanhando-as e apresentando alternativas em um trabalho, não “sobre”, mas “com” os profissionais da escola? Além da predisposição favorável à mudança, por parte dos inspetores, requer-se uma redefinição do posto de trabalho, que implicaria em maiores responsabilidades e na devida preparação destes atores sociais. O governo e os próprios inspetores sabem que existem determinados atributos, características e propriedades da inspeção, que a tornariam recomendável às finalidades a que se destina. Em princípio, uma boa atuação envolve conhecimentos da organização e funcionamento da escola, em aspectos mais abrangentes da sua natureza como instituição educacional. Nesse sentido, segundo Sénore (2000, p. 48) a atuação da Inspeção deveria ser não apenas técnica, mas também dialética e deontológica. 30 7 - O INSPETOR ESCOLAR COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL O Inspetor Escolar tem a função de integrar a escola com as normalidades e legislações que fazem parte da documentação de uma unidade escolar. Seu principal papel é articular com a equipe diretiva, para fazer valer a organização dentro do setor da secretaria escolar, no que diz respeito à vida escolar dos discentes, do corpo docente e de todos os funcionários. Entretanto, o Inspetor Escolar também exerce papel fundamental no processo de aprendizagem, tendo em vista a sua atuação junto ao corpo docente, no sentido de avaliar o desempenho dos alunos. Desta forma, vale a pena ressaltar a sua contribuição para que haja um avanço na qualidade do ensino e o desenvolvimento na vida escolar do aluno. 31 O Inspetor Escolar, enquanto agente educador, precisa levar em consideração a realidade social da escola onde trabalha para diagnosticar qual seja a identidade da instituição de ensino e desenvolver um trabalho que possibilite ao educando vislumbrar novos horizontes. Significa dizer que é necessário desempenhar suas funções e ideais, de modo a integrar a comunidade escolar. Para que isso aconteça, um dos critérios básicos é avaliar a competência dos professores em relação ao processo de ensino e aprendizagem e o desempenho dos alunos quanto ao índice de aprovação e reprovação. Sendo assim, surge o seguinte questionamento: Sendo o Inspetor Escolar um profissional da educação, qual seria sua participação no sentido de identificar as condições e critérios avaliativos presentes na comunidade escolar em que atua? Trata-se de relacionar o papel do Inspetor Escolar como participante no processo de avaliação na vida do aluno juntamente com todos os educadores da unidade de ensino para tomada de decisões e identificação dos métodos avaliativos. A concepção de avaliação é, sobretudo, as concepções de conhecimentos, de ensino, de educação e de escola. Cabe aos profissionais de educação, não só o professor dar o veredicto, mas também a Inspeção Escolar e toda equipe pedagógica sobre a vida escolar do aluno. Segundo Luckesi (2002), ``é certo que o atual exercício da avaliação escolar não está sendo efetuado gratuitamente, está a serviço de uma concepção teórica da educação, que por sua vez traduz uma concepção teórica da sociedade.`` A concepção de avaliação que perpassa essa lógica deve abranger a organização escolar como um todo: as relações internas à escola, o trabalho docente, a organização do ensino, o processo de aprendizagemdo aluno e, ainda, a relação com a sociedade. Conforme afirma Luckesi (2005): “a avaliação da aprendizagem escolar auxilia o educador e o educando na sua viagem comum de crescimento, e a escola na sua responsabilidade social. Educador e educando, aliados constroem a aprendizagem, testemunhando a escola, e esta à sociedade”. A avaliação escolar é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto de toda a comunidade escolar são comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias. A 32 avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos. 7.1 - AS DIMENSÕES DO TRABALHO DE INSPEÇÃO ESCOLAR FRENTE AOS NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS A sociedade tem se modificado, as inovações acontecem todos os dias, constatamos então, que está nascendo uma nova educação, um novo sistema de pensar a escola e de se definir a função dos Inspetores Escolares. É inegável que a sociedade vem se modificando e que as inovações se fazem necessárias, e a escola não pode se isentar destas mudanças. Ela precisa se manter conectada às mudanças procurando acompanhá-las mostrando ao aluno que ele também precisa estar em sintonia com as evoluções ocorridas sabendo utilizá-las da melhor forma possível. Hoje, a relação professor, aluno, escola, conteúdo mudou muito. O conteúdo, que antes era considerado prioritário, abre espaço para a importância da relação 33 professor/aluno, o respeito e a aceitação plena deste como pessoa, a vivência democrática e o apoio total ao desenvolvimento livre e pleno do educando. Após a década de 60, os acontecimentos do mundo, do país e do Estado se aceleraram em tal ordem e com tamanho grau de intensidade, que nossas convicções têm sido colocadas em dúvida. O modelo de sociedade estável e conservadora que imperou até então já não consegue ser explicado no turbilhão de acontecimentos sociais econômicos, culturais e tecnológicos que se precipitaram. A cultura autoritária determinou princípios e normas de convivência social que não se enquadram nas exigências do presente, nem oferecem diretrizes. Nosso mundo está em permanente reconstrução, às certezas do passado parecem superadas, perderam-se no caminho. É necessário rever os rumos, na busca, não de uma direção, mas de muitas que se abrem à nossa frente. Como o mundo está em constante transformação, é necessário que os professores e especialistas da educação atualizem e introduzam novas abordagens, metodologias e práticas no ensino de forma crítica e criativa. A rapidez com que se dá a produção de novos conhecimentos impõe novas demandas para a escola. Mais do que nunca, o aluno precisa ser preparado para conviver com a provisoriedade do conhecimento, com as incertezas, com os imprevistos, para saber usar as novas tecnologias, as novas linguagens e se adaptar às novas exigências. As recentes mudanças na conjuntura mundial, com a globalização da economia, com a informatização dos meios de produção, reduziram o emprego. O mercado de trabalho tornou-se mais complexo e seletivo, exigindo uma mão de obra altamente qualificada, que precisa ser garantida pela educação. De acordo com Caniato (2007) se a educação nesta perspectiva, não conseguir estimular o aluno a se engajar na luta por amplas transformações sociais, pelo menos, ele vai adquirir os instrumentos necessários para que possa ter uma participação mais efetiva na vida da escola, de seu bairro, de seu município. Essa educação ainda lhe proporcionará condições de compreender as verdadeiras contradições desse modelo de sociedade, seus conflitos e a dialética da exploração e do explorado. Para a abordagem do fazer da Inspeção Escolar, é necessário refletirmos sobre o papel que se presta a escola frente ao seu trabalho. Sabemos que a escola vem acompanhando, na medida do possível, as diversas tendências, que variam 34 conforme o contexto socioeconômico, político, cultural de cada época. Ao receber influências de princípios e ideias presentes em concepções pedagógicas, em determinados momentos históricos da educação brasileira, a escola desempenhou um papel diferente, de redentora, capaz de pretensamente produzir a mudança social, até o de oportunizadora de relações sociais para troca de saberes, voltados para a participação ativa e organizada na democratização da sociedade, contribuindo, assim, para o desempenho do papel de cidadão. Tavares e Escott (2005) diz que: Em cada momento, a escola sempre buscou acompanhar os cenários sociais da época. Apesar de bem intencionada, na teoria, na prática o alcance dos objetivos quase sempre foi muito tímido; sabe-se que, até então, pouca intenção saiu do papel para se reverter em ações concretas. O caminhar é lento, mas o pouco que se tem deve-se muito à postura de alguns educadores, voltada para o ver, julgar, agir, pontos-chave do fazer pedagógico do educador em geral. O ver, o julgar e o agir podem dar sustentação no enfrentamento de desafios da prática pedagógica, tais como; saber ouvir, conquistar seu espaço (poder de direito e de fato); ampliar as possibilidades de ação do grupo; fazer uso da liderança diagnóstica e situacional que planeja, articula e avalia; promover ações encadeadas e envolver a todos no respectivo processo de estimular, facilitar e articular relações sociais versus contexto buscando a coerência entre o que se propõe com o que se faz. (MEDINA, 2005) Desta forma o Inspetor Escolar deve considerar os pilares da educação, ressaltados na comissão Internacional sobre educação para o século XXI, que são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver. Ainda retomando aos desafios presentes na prática pedagógica, vale lembrar que o Inspetor Escolar deve lembrar que o Inspetor Pedagógico deve criar espaços que favoreçam novas relações no interior da instituição escolar para que alunos, pais, professores e funcionários tornem-se um coletivo capaz de construir uma escola onde saberes estejam voltados para as aprendizagens do aluno e sua formação como cidadão comprometido com a formação da sociedade. (TAVARES e ESCOTT, 2005). Deve também, lidar com espaços de confrontos e discussões que permitirão o conhecimento dos diferentes olhares e concepções de homem e educação que 35 permeiam as relações, o fazer e o conhecimento das envolvidas na escola. Mas, além dos constantes desafios da prática pedagógica o inspetor também se depara com diversas dificuldades, dentre elas: habilidade para sugerir e produzir, trabalhar causas e não efeitos, trabalhar com paradigmas para serem recriados e não imitados; estimular pensamentos transformadores e não repetidores; mudar posturas frente aos conteúdo; articular informações e ações, enfrentar condições precárias de trabalho. Constata-se que no meio educativo que muitas vezes raciocina-se mais com os sentimentos do que se percebe, pois os sentimentos quase sempre dão colorido aos fatos. Em outras palavras, poder-se-ia dizer que a percepção necessita de certa neutralidade, imparcialidade, diante da análise da situação, para uma tomada de decisão coerente. Essas posturas constituem-se em pilares da dinâmica das relações sociais, sinalizando ao sujeito, numa via de mão dupla, pontos de partida e pontos de chegada, ou seja, possibilitando não só a autoconstrução do sujeito e da realidade que o cerca, mas também a sua transformação. A ação de liderança é também um aspecto fundamental no fazer do Inspetor Escolar, para realizar as mudanças esperadas para o século XXI, cujo cenário apresenta um mundo mais interdependente,com mais competição em nível internacional, uma sociedade mais pluralista, democrática e participativa, com instituições mais flexíveis e generalistas, com fortes habilidades não cognitivas como: capacidade crítico-criativa, de negociação, motivação e liderança, sem detrimento de conhecimentos e habilidades técnicas e administrativas, com postura antecipativa e alto poder de realização, mais participativo, consciente da dimensão humanística da administração. (BERGAMINI, 1997). Para Medina (2005, p. 75): Ao inspetor cabe a segurança de que o público continue público, ao invés de se tornar o feudo privativo de inescrupulosos. Deve estar presente para dar suporte à autonomia, mas impedindo a soberania. Nesse sentido, cabe a ele encontrar, no emaranhado legal, os caminhos caminháveis, as alternativas possíveis para conciliar o desejável, para garantia da qualidade do ensino, para a melhoria das condições de trabalho de alunos e professores, para tornar fértil a leira pedagógica, sem ferir as normas e dispositivos legais. 36 Portanto, reflexões continuadas e permanentes sobre o papel a que se presta a escola; as tendências socioeconômicas, políticas, culturais dos cenários sociais, a postura dos educadores de modo geral; os desafios enfrentados na prática pedagógica; as constatações que se tem do meio educativo e a ação de liderança dos agentes educativos, principalmente do inspetor, tudo isso pode revitalizar a dúvida, o debate, o desafio e a capacidade de renovação permanente não só do inspetor, mas de todos os fazeres pedagógicos daqueles que são realmente educadores. O papel do Inspetor Escolar será de articulação e integração, contribuindo para recolocar a visão de totalidade no tratamento que será dado ao conhecimento, no currículo escolar. Somente quando o inspetor for educador, será capaz de compreender o sentido dessa totalidade e ajudar a escola a escola na criação e desenvolvimento de projetos pedagógicos que a viabilizem o trabalho integrador em que a escola deverá se empenhar, com a participação de todos os seus profissionais. O desafio exige uma revisão do papel do Inspetor Escolar, transformando-se em mediador da realidade concreta da sociedade e as mudanças da escola, para atender às exigências da contemporaneidade. Como educador, deve empreender a mobilização dos professores e funcionários, estimulando a organização de encontros, seminários, cursos e projetos de longo alcance, no papel de articulador da totalidade da escola, o maior desafio do inspetor é repensar novas formas de aperfeiçoamento. O novo estilo implica mobilizações, motivações e aprofundamento de conteúdos e matrizes de análises. Cabe a Inspeção Escolar questionar o processo pedagógico, a prática da avaliação, a prática da recuperação na escola, para que as soluções possam ser encontradas em conjunto. Hoje não cabe mais ao Inspetor o papel de ir a escola para prescrever, mas para traduzir, explicar, interpretar e reinterpretar as determinações, avaliar o seu impacto na vida da escola e discutir como cumprir e acompanhar a aplicação da norma, levando em conta a realidade da escola. As normas que disciplinam a organização e funcionamento da escola deveriam ser básicas, simples e objetivas. Enfim, cabe a Inspeção Escolar a tarefa de contribuir na preparação dos educandos para a vida social nos seu sentido abrangente, compreendendo esta abrangência como participação nas mudanças da sociedade, daí a necessidade da sua postura 37 estar voltado para o equilíbrio emocional, bom senso, objetividade, imparcialidade, criatividade, responsabilidade e principalmente organização e método, colocando seu relato de forma que possa ser compreendido e usado pelo grupo, procurando traçar sempre uma ponte entre teoria e prática. A tarefa de construir uma nova escola é trabalho coletivo. Lembramos que o coletivo não significa fazerem todos a mesma coisa, mas identificar as competências específicas e utilizá-las em busca de objetivos comuns. O mundo vem passando por grandes transformações e nesta aldeia global necessitamos de cidadãos versáteis, criativos e competentes, e para tal devemos contar com uma educação moderna de qualidade, apoiada na competência científica e política. Educação de qualidade passa necessariamente, pelo pedagógico, pelo compromisso, participação e envolvimento de todos: governo, sociedade, comunidade, pais, professores e especialistas. Ao Inspetor Escolar viabiliza-se o papel de viabilizar trocas de experiências e informações, bem como dinamizar a relação entre pais, alunos, e comunidades escolar com vistas ao bom êxito do processo ensino-aprendizagem no todo da instituição educativa. Certamente, este deve estar atento aos princípios e valores com olhar na sua prática como tarefa primeira, dando primazia a posturas que privilegiem a ética, enquanto profissional da educação. O Inspetor Escolar, sob o impacto de novas tecnologias, deverá buscar novo estilo organizacional de acordo com as novas formas de pensamento e estilos pedagógicos e administrativos adequados à nova realidade. Vinculada à visão do futuro deve estar à capacidade deste pedagogo em distinguir nitidamente entre a realidade e a possibilidade, dando aos seus atos uma significação junto ao compromisso político. Assim como o mundo ético e político estão em permanente evolução, a imagem simbólica na educação poderá abrir espaço para o possível mundo, contrapondo-se, sobremaneira, ao conformismo e à submissão nas ações deste novo profissional. 38 BIBLIOGRAFIA AGUIAR, José Márcio de. Manual do Inspetor Escolar e do Supervisor Pedagógico. Sistema Estadual de Ensino de Minas Gerais, Legislação e Normas, v. I e II, Belo Horizonte: Lâncer, 1996. BRASIL. Leis Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 4024/61, 5692/71 e 9394/96. ESTATUTO DO MAGISTÉRIO dos servidores do Estado de Minas Gerais, Lei n.º 6.277, de 27 de dezembro de 1973. ESTATUTO DO MAGISTÉRIO dos servidores do Estado de Minas Gerais, Lei n.º 7.109, de 13 de outubro de 1977. FIORELLI, J. O. Psicologia Para Administradores. 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