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Aula 2 – A Fenomenologia de Husserl Prof. André Moniz Edimund Husserl (1859 – 1938) Nascido em 1859, na Morávia (atual república Tcheca) Família Judia - estudou astronomia e matemática Aluno de Franz Brentano (1838 - 1917) Frequentou seus cursos na Universidade de Viena (1884) Revolucionou o pensamento das ciências humanas do século XX e da filosofia até hoje 2 Influência de Franz Brentano Psicologia é empírica, fundada na possibilidade de experienciação Há uma diferença ontológica entre atos psíquicos e atos físicos Os psíquicos são intencionais O ato mental de ver contém em si os elementos do que é visto A consciência pode perceber o seu perceber de algo A mente é o conjunto momentâneo de atos psíquicos (intencionais) - acessados por introspecção daí não precisar da experimentação conhecer as leis gerais de funcionamento que se escondem por trás das percepções singulares Compreender e interpretar os fenômenos que se apresentam à percepção Para ele, o objeto de estudo da psicologia é o fenômeno psíquico Um conjunto de atos a mente é um fluxo 3 Criação de novo método Apresentou uma nova concepção de rigor Não se pode pensar num método único Multiplicidade de ciências e especificidades de objetos As ciências humanas não podem ser medidas pelo rigor das ciências naturais O psicólogo não pode se subordinar de modo imediato às leis da lógica 4 Rompendo padrões Crítica à validade universal do Positivismo (objetividade, substancialidade, exterioridade) Restando à filosofia e à psicologia a subjetividade e a interioridade Epoché (Redução fenomenológica) e Redução Eidética para chegar a um Eu e a um Objeto Puros em suas propriedades essenciais, retirando suas qualidades circunstanciais ou acidentais 5 Fundação de uma teoria do conhecimento Mudança de atitudes: redução fenomenológica (Epoché) Pôr entre parênteses a realidade do senso comum Deve captar a essência ou o sentido das coisas (não apenas as expressões sensíveis) Busca das coisas mesmas, prescindido das especulações, hipóteses, leis gerais Busca a especificidade, originalidade e singularidade de cada fenômeno que se mostra 6 Hipóteses Positivismo Fenomenologia Ontológica Qual é a natureza da realidade? Epistemológica De que maneira se relaciona o investigador e o investigado? Axiológica De que maneira participam os valores na investigação? Metodológica Como se obtêm o conhecimento? A realidade existe: há um mundo real ativado por causas naturais O investigador é independente do investigado: os resultados não sofrem influência Os valores e julgamentos devem ser controlados: busca da objetividade Processos dedutivos (Geral específico) Ênfase em conceitos bem delimitados e específicos Verificação das preconcepções do investigador Desenho fixo Controles estritos sobre o contexto Ênfase quantitativa Análise estatística Busca de generalidade A realidade é múltipla e subjetiva, construída mentalmente pelas pessoas O investigador interage com o investigado: os resultados são a criação do processo interativo Subjetividade e valores são inevitáveis e desejáveis Nem indutivo e nem dedutivo Ênfase na totalidade de algum fenômeno (holismo) Interpretação emergem baseadas na experiência dos participantes Desenho flexível Vínculo com o contexto Ênfase em informação narrativa Análise qualitativa Busca de padrões 7 Fonte: http://ava.fits.edu.br/dokeos/main/forum/viewthread.php?forum=6&thread=16&cidReq=UNIF2132PMETO 8 Crítica ao positivismo O Positivismo busca superar as aparências e confrontar a verdade objetiva, na realidade Faz uso de Hipóteses, induções, abstrações Modelo adotado pela psicologia, quando se separa da filosofia Descrença na experiência humana como fonte de conhecimento Afirmação de uma realidade externa objetiva em si mesma, conhecível pela razão A isto Husserl se opõe, à aplicação irrestrita do positivismo como fundamento da ciência Psicologia humanista como alternativa e derivação fenomenológica Defende a experiência sensível como modo de exposição da realidade Reconhece sua natureza contraditória, mutável e variante em perspectiva 9 Relação entre ser e pensamento Husserl postulou a “intencionalidade da consciência” Ser é constituído no e pelo pensamento Superando a dicotomia sujeito-objeto Restabelece a harmonia entre homem e mundo Trajetória Descontentamento com a proposição de Descartes Penso, logo existo Divisão entre res cogitans (coisa pensante) e res extensa (coisa externa) Descartes não considerava o que era pensado 10 Estudo dos fenômenos Phenomenon (aparecer, mostrar-se) + Logos Daquilo que é dado à consciência Husserl vê a consciência como uma síntese em fluxo que não tem substancialidade, uma dinâmica entre sujeito e objeto de onde todo ser recebe seu sentido e valor nada tem valor se não se apresentar como sentido Pretende explorar esses dados intuitivos - relação pré-reflexiva - diretamente (evitando hipóteses a respeito) Recomeço e retorno às “coisas mesmas” Husserl junta objetividade e subjetividade na ideia fenomenológica 11 12 13 Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/1468071/ 14 Tarefa Elucidar o "reino das essências" segundo seus diversos domínios ou regiões Toda ciência deverá ser precedida de uma análise fenomenológica visando estabelecer a essência do objeto de seu estudo antes de formular hipóteses ou leis 15 Caráter intencional da consciência (que é consciência de alguma coisa) Supera-se a dicotomia entre sujeito-objeto Fora da correlação consciência-objeto não existiria nem um nem outro. Noese - ato da consciência visando o objeto (ato intencional) – Disposição de ver algo. Noema – objeto intencional visado pela consciência (sentido) – o que é visto. (generalização) A fenomenologia é o estudo dos múltiplos atos intencionais (noese) e dos objetos intencionais (noema) O sentido dos fenômenos ocorre na correlação ente noese – atribuindo sentido à coisa visada (noema). 16 Caráter intencional da consciência (que é consciência de alguma coisa) A consciência é concebida como estrutura sintética (processo de constituição) dos múltiplos atos intencionais que constituem o sentido. Os fenômenos são constituídos na consciência Eu como fluxo Eu fenomenológico como feixe de experiências A fenomenologia é vista como "ciência primeira" 17 Fenomenologia é epistemologia Os fenômenos são, portanto, imanentes A imanência é dos fenômenos, é imanência intencional (está na mente das pessoas) A apreensão do fenômeno no seu aparecer Fenômeno é tanto o aparecer (Noese) quanto o que aparece (noema) 18 Se consolida como oposto à Empiria. Não podemos realmente conhecer o real , apenas o que a mente consegue assimilar (FENÔMENO) Vem do esforço de compreender os fenômenos tais como são, não de acordo comas teorias sobre eles. Busca superar a ideia da imanência da consciência e transcendência dos objetos Imanente - caráter daquilo que tem em si o início e o fim Transcendência - caráter daquilo cuja causa lhe é exterior e superior Etapas do método fenomenológico Epoché Redução Eidética (eidos – essências) Redução transcendental 19 Etapas do método fenomenológico Epoché - abster-se, reter-se Projetar-se para trás, possibilitando o ver Redução eidética Análise do noema (sentido) Elimina os elementos naturais e contingenciais para chegar à essência (eidos) do fenômeno Elimina o que é supérfluo O significado não é algo que se agrega ao objeto, pois lhe é imanente Busca-se eliminar as particularidades dos fenômenos Enumerar os aspectos imprescindíveis 20 Redução transcendental Se chega através da subjetividade transcedental Afastada de aspectos acidentais, fácticos, manifesta a essência da subjetividade como constituidora do sentido de toda a realidade Diferencia-se da psicologia, pois abandona as aparências (ôntica), para buscar as essências (ontológica) Crítica: A psicologia é ôntica, enquanto que a fenomomenologia é ontológica: Ôntico - aparência Ontológico - essência Exemplo: ovo (ôntico, clara e gema), ontológico (célula originária) 21 Fenomenologiacomo Filosofia Transcendental 22 Busca responder como são produzidos os sentidos da totalidade de fenômenos possíveis o mundo é constituído na consciência (Noese) o sentido que é experienciado surge na consciência (Noema) assim a fenomenologia resgata a intimidade entre Ser e Pensamento , Homem e Mundo O que as coisas são é constituído na relação com o homem Considerações de Evangelista (2016) O psicólogo desta abordagem lida com significações e ressignificações? Não, pois implicaria uma separação entre sujeito significante e objeto significado “A significação é constituída na correlação intencional, não realizada por um sujeito dotado da capacidade de significar” (p.165). Ambos acontecem reciprocamente! O autor também critica a “psicologia fenomenológica” como uma abordagem. Considera-a mais como um método. O correto seria dizer: sou psicólogo e sou fenomenológico-existencial. 23 24 Arte de Maurits Cornelis Escher (1898 – 1972) Artista gráfico holandês conhecido pelas suas xilogravuras, litografias e meios-tons (mezzotints), que tendem a representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses - padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes Ele também era conhecido pela execução de transformações geométricas (isometrias) nas suas obras Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maurits_Cornelis_Escher 25
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