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PENSÃO ALIMENTÍCIA E A MAIORIDADE CIVIL DO ALIMENTADO

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BEATRIZ LUTFI E SILVA
· Graduada em Direito pela Universidade São Judas Tadeu (USJT);
· Graduada em Segurança Privada pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU);
· Participou do I Congresso Lusófono de Direito Processual Civil na Universidade de Coimbra em Portugal;
· Participou do IX Fórum Jurídico de Lisboa na Universidade de Direito de Lisboa com participação do Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e o Diretor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Sidnei Gonzalez. 
· Participou dos cursos de extensão em Investigação Criminal e Instauração da Ação Penal, Direito Autoral e Sociedade, Aspectos Gerais da Arbitragem e Contratos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV);
· Participou dos cursos de extensão em Desconsideração da Personalidade Jurídica pela Escola Paulista de Direito (EPD) e Direito Obrigacional pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).
PENSÃO ALIMENTÍCIA E A MAIORIDADE CIVIL DO ALIMENTADO
São Paulo, 02 de julho de 2021.
Palavras-chave: direito de família, pensão alimentícia, maioridade, direito, justiça.
SUMÁRIO
RESUMO...............................................................................................................................2
INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
I. A PENSÃO ALIMENTÍCIA;
II. OS TIPOS DE GUARDA E A RESPECTIVA PENSÃO ALIMENTÍCIA;
III. A MAIORIDADE CIVIL DO ALIMENTANDO, A SÚMULA Nº 358 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E O CANCELAMENTO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA;
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................
Alimentando é o sujeito ativo da relação, aquele que tem o direito de exigir o pagamento de alimentos pelo alimentante.
Alimentante é o sujeito passivo da relação, quem irá fornecer alimentos.
RESUMO
O artigo foi elaborado diante da relevância do tema no ordenamento jurídico brasileiro, no que concerne ao início da obrigação de alimentar e os pressupostos para seu término.
A pensão alimentícia é a verba necessária para o custeio das despesas de quem não tem meios próprios de subsistência.
Dar-se-á ênfase ao estudo da obrigação alimentar dos pais na maioridade dos filhos principalmente através do posicionamento jurisprudencial brasileiro a cerca o tema, no qual irá trazer o cenário real de tal situação ao presente estudo, já que a partir dos 18 (dezoito) anos, o alimentado é quem deverá provar a necessidade de continuar a receber alimentos, ou seja, há inversão do ônus da prova.
INTRODUÇÃO
Verifica-se que a obrigação ocorre com o dever de sustento. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, especialmente nos artigos 227 e 229 já pacificou os pressupostos necessários para início da obrigação alimentar. Temos também outros parâmetros para exoneração, na qual são estipulados pela doutrina brasileira e que podem ser observados no artigo 1.699 do Código Civil, sendo que este poderá juridicamente também ser exonerado. 
Uma das principais características da obrigação de alimentos é que ela é personalíssima, uma vez que tem o objetivo de manter o sustento de determinado indivíduo. Outra característica do direito de alimentar é a sua irrenunciabilidade, na qual podemos encontrá-la no artigo 1.707 do Código Civil Brasileiro. 
Abordarei o tema apresentado, buscando conceitos e caminhos de fácil entendimento que apoiam o desenvolvimento deste artigo. 
I. A PENSÃO ALIMENTÍCIA
Alimentos são prestações que objetivam atender às necessidades vitais e sociais básicas como saúde e educação, gêneros alimentícios, habitação, vestuário, dentre outros, sejam elas futuras ou os presentes, independente de sexo ou idade, daqueles que não podem provê-las.
O Código Civil trata do tema em breve conceito no art. 1.920:
 “Art. 1.920 Código Civil: O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor”.
O ser humano, desde sua concepção a nascimento necessita de cuidados dos entes a sua volta, o mesmo ocorre até a sua morte. Desta maneira destaca-se, a necessidade dos alimentos que pode ser classificado como tudo que é necessário para a integralidade física e moral para se viver de acordo com a prega a Princípio da dignidade humana preconizada na Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O conceito de alimentos vem definido pela doutrina avalizada. Neste sentido, afirma o professor Flavio Tartuce, citando a lição do ilustre Orlando Gomes: 
“Os alimentos podem ser conceituados como as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo trabalho próprio” [77]. Por tratar-se de um direito subjetivo, os alimentos encontram-se unidos aos preceitos de conservação da vida. Ademais, “consiste numa prestação periódica, decorrente de vínculo familiar, declaração de vontade ou de ato ilícito, devida ao alimentante, que dispõe de recursos, aos alimentado, que deles carece para prover as necessidades vitais próprias” [78].
Orlando Gomes
A Constituição Federal especificamente nos artigos 227 e 229 pacificou os pressupostos necessários para início da obrigação alimentar como direito social fundamental ao ser humano, onde resguarda que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, porém esse direito é estendido a aqueles que provarem não poder prover seu próprio sustento por determinadas razões, como por exemplo, um enfermo mental que necessita dos pais para realizar básicas atividades, não podendo assim consequentemente arcar com seu próprio sustento.
O direito a alimentos é direito fundamental para sobrevivência do ser humano e está amparado pelo princípio da solidariedade previsto no artigo 3°, inciso I, da Constituição Federal. Sendo assim todos tem direito a viver com dignidade e os alimentos asseguram a inviolabilidade do direito à vida e integralidade física.
O fundamento desta obrigação de prestar alimentos é o princípio da preservação da dignidade da pessoa humana, sendo esses princípios personalíssimos, devido pelo alimentante ao alimentado em razão de parentesco, vínculo conjugal ou de convivência. Mas, o que será abordado nesse artigo é especificamente o dever de alimentar em razão de parentesco. 
Algumas características desta obrigação, na qual está presente ao operador do direito:
A. Caráter Personalíssimo: Trata-se de um ponto fundamental, uma vez que não é possível a transferência de uma pessoa para outra;
B. Intransacionabilidade: Direito indisponível, ou seja, não é passível de transação. Sendo assim não bastam que as partes acordem a fixação, presente ou futura, apenas alimentos pretéritos podem ser objetos de transação uma vez tratado direito disponível; 
C. Irrenunciabilidade: O artigo 1.707 do Código Civil dispõe que não se pode renunciar os alimentos, deixando-o o direito de alimentar em vão, uma vez predominada interesse público de sustento;
D. Irretroatividade dos alimentos: Não poderá obrigar o alimentante ao pagamento de dívida anterior (salvo se já estipulado) ao período de ingresso da ação (execução), com exceção delas terem sido contraídas para viver. Ressalta-se que alimentos correspondentes ao passado não caberá, pois ele já o viveu e precisa dos alimentos neste presente;
E. Periodicidade: Trata-se de uma segurança a ambas as partes com relação aos alimentos, pois assim se atende à necessidade de prover e a segurança na qual terá sua obrigação adequada a seu orçamento mensal. 
F. Imprescritibilidade: As prestações alimentícias prescrevem em dois anos, sendo assim o direito se torna imprescritível na qual poderá a qualquer hora na vida da pessoa, vir ser necessário, em outras palavras, não tem prazo de propositura. Assim, ressalta-se os artigos que mencionam essa questão no Código Civil: 
“Art. 197. Não corre a prescrição:I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.”
E o artigo seguinte: 
“Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;”
Assim o artigo 3º do Código Civil expressa: 
“Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.”
G. Intransmissibilidade: Analisando o art. 1.700 do Código Civil, é possível concluir que a transmissibilidade da obrigação deixa de ser exceção prevista no art. 23 da Lei de divórcio aplicada exclusivamente aos alimentos devidos em razão da dissolução da sociedade conjugal e passa ser a regra geral, aplicável nos limites do disposto do art. 1.694 do Código Civil;
“Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2 o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.”
“Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.”
H. Incompensabilidade: A obrigação alimentar não permite que haja compensação de valores. Mesmo se o devedor de alimentos, por algum motivo, se tornar credor do alimentando, ele não poderá realizar o abatimento;
I. Impenhorabilidade: Os alimentos são impenhoráveis visando garantir vida digna e com isso os direitos fundamentais do alimentando, pois, caso contrário, este poderia ser colocado em situação de ser privado do estritamente necessário à sua sobrevivência. Dispõe o art. 833 Código de Processo Civil.
Deste modo e como já dito, os alimentos, então, podem ser requeridos por parentes, cônjuges ou companheiros, existindo diversas características e ressalvas no direito.
Contudo, especificamente aos alimentos devidos em razão do vínculo de parentesco, é importante observar que não se inclui o parentesco por afinidade, mas apenas o consanguíneo e o civil (e.g. adoção). E assim, os alimentos devidos entre pais e filhos (vínculo de parentesco), dispõe o art. 1.696 o seguinte:
“Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.”
Portanto, na linha reta, a obrigação alimentar é extensível a todos os ascendentes, fato é que os “alimentos” tem um significado muito mais amplo no mundo jurídico, não se restringindo somente ao próprio alimento, mas sim a todas as necessidades básicas necessárias para se viver com dignidade como educação, alimentos, vestuário, moradia, atendimento médico e odontológico, diversão e principalmente a habitação.
II. OS TIPOS DE GUARDA E A RESPECTIVA PENSÃO ALIMENTÍCIA
O poder familiar chamado pátrio, antigamente era exercido apenas pelo homem, sendo que este era responsável pelo sustento de sua família, visto como o chefe da sociedade conjugal. Com o rompimento essa responsabilidade se convertia em obrigação alimentar.
O Código Civil de 1916 tinha como ensejo proteger a família e resguardar todos os direitos que eram considerados como essenciais naquela época, porém com a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi garantida a igualdade entre todos onde observou-se uma grande injustiça cometida a várias crianças e adolescentes, pelo não reconhecimento do direito a alimentos aos filhos havidos fora do casamento. Desta forma, a Constituição Federal de 1988 trouxe diversos princípios, um deles foi o Princípio da Igualdade entre os filhos, o que fez com que fosse admitido o reconhecimento de filhos havido fora do casamento.
Em decorrência de a obrigação alimentar estar ligada diretamente ao casamento, a atribuição de prestar alimentos era de ambos os cônjuges, porém apenas ao homem era obrigada a prestar alimentos à mulher, que naquela época era vista como frágil e incapaz, tanto que o casamento era indissolúvel só podendo se extinguir com a morte ou anulação. Porém a única possibilidade de terminar sem ser por anulação ou morte, era pelo desquite, onde quem dava ensejo a tal separação era a mulher por adultério. Ao quebrar o dever de fidelidade pactuado entre os cônjuges, a mulher perdia o direito sobre todos os bens do casal, porém o vínculo matrimonial mantinha-se inalterado. O dever de prestar alimentos a mulher continuava, por ser ela considerada pelo Código Civil de 1916 frágil e incapaz, assim, em questão de “dever” o homem era desobrigado a prestar alimentos caso a mulher abandonasse o lar sem algum motivo.
Em suma, a Lei do divórcio fez com que fosse regulamentada a prestação de alimentos recíprocos e hoje é interessante observar que o STJ, vem aceitando a renúncia de alimentos entre cônjuges, o que em tese vai contra a característica da obrigação alimentar exposto no “item C, pág.5 “A PENSÃO ALIMENTÍCIA”.
De acordo com o artigo 1.632 do Código Civil, o divórcio não muda em nada as relações afetivas e de responsabilidade com os filhos.
Existem três tipos de guarda no Brasil: guarda unilateral, guarda alternada e guarda compartilhada.
A. Guarda unilateral: Apenas um dos pais tem responsabilidades e decide pelo menor, cabendo ao outro visitar o menor em dias e horários acordados entre as partes ou determinadas por um juiz;
B. Guarda alternada: Uma “criação” doutrinária e jurisprudencial, pois não está prevista em lei. Neste modelo, o menor tem duas residências, sendo a do pai e a da mãe. Ambos são responsáveis pelos direitos e deveres da criança/adolescente e existe a alternância das residências, ou seja, uma semana pode morar com a mãe e uma semana pode morar com o pai. Os períodos de alternância serão definidos conforme a entendimento entre os pais;
C. Guarda compartilhada: Este tipo de guarda está respaldado pela lei 13.058/14. Trata-se da responsabilidade conjunta em tudo ao que diz respeito aos diretos e deveres da criança e do adolescente. Neste caso, o menor tem uma residência e a parte que não prover a residência, poderá visitar o filho a qualquer momento, sem que haja a necessidade de intervenção judicial.
A questão do pagamento de pensão alimentícia sempre foi um assunto delicado e que muitas vezes desagrada a parte que tem o dever de pagá-la. Desde modo, como fica a questão dos alimentos em cada tipo de guarda? 
Na guarda unilateral o genitor que não tem a guarda deverá contribuir para o sustento do menor pagando pensão alimentícia, salienta-se que a pensão alimentícia não está restrita apenas a alimentos, mas a todas as necessidades que o menor tem, como diversamente dito, assistência médica, odontológica, vestuário, escolar e de laser e bem-estar.
Na guarda alternada, por ser um tipo de guarda que como vimos surgiu de uma “criação” doutrinária o juiz irá definir valor de pensão, analisando cada caso e considerando a necessidade e a possibilidade de alimentar de cada parte.
E na guarda compartilhada, assim como na alternada o valor da pensão será fixado pelo juiz de acordo com as possibilidades financeiras de cada um dos genitores, contudo, geralmente os gastos são divididos ou acordados de forma que ambos participem ativamente na vida financeira do alimentando. Engana-se quem pensa que quando a guarda é compartilhada, não há o dever do pagamento de pensão alimentícia.
A pensão alimentícia tem como objetivo providenciar o sustento necessário para que a pessoa possa viver sua vida conforme sua condição até o momento em que se torna financeiramente independente. Ter a guarda compartilhada não exime os pais desse dever.
Vale ressaltar que, a vida muda e o direito acompanha! Isso significa que a guarda que foi fixada hoje, amanhã poderá ser revista se for considerada melhor para a criança.Assim, para uma criança pequena, a guarda unilateral poderá suprir melhor as necessidades do filho, porém, com o avançar do tempo, quando o filho aumenta sua idade, é possível modificar para guarda compartilhada se assim for melhor para ele ou até mesmo unilateral.
Portanto, a fixação da guarda não é algo imutável, uma vez que existe a possibilidade de ser alterada conforme a vontade dos pais ou pela demonstração de que a modificação será benéfica para o filho.
III. A MAIORIDADE CIVIL DO ALIMENTANDO, A SÚMULA Nº 358 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E O CANCELAMENTO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA
Engana-se quem pensa que maioridade civil exime ao pagamento da pensão alimentícia, na verdade, a validade da pensão varia de caso a caso. O alimentado não perde o direito à pensão quando completa a maioridade aos 18 anos, ele pode receber o benefício até os 24 anos, se comprovada a necessidade, ou até o término da faculdade, desde que esteja cursando.
Não há limite determinado em nossa legislação, uma vez que o mesmo poderá ser fixado a qualquer momento de necessidade.
Ao completar a maioridade civil (18 anos), é necessária uma análise de caso, na qual, se o mesmo estiver em algum curso profissionalizante, faculdade ou ainda não estiver terminado o Ensino Médio, entende-se que a pensão deva continuar até que o alimentado tenha condições de concluir seus estudos, em outros casos se for constatada alguma incapacidade distinta. 
O jurista Sílvio de Salvo Venosa: 
“A obrigação dos pais alimentarem os filhos após a maioridade, porém não mais fundada no Poder de Família, mas no vínculo de parentesco. Deve preponderar a ideia de que a responsabilidade alimentícia cessa com a maioridade, mas é possível a distensão da pensão até que o filho complete os estudos superiores ou profissionalizantes, com idade razoável, e que esteja apto para prover a própria subsistência.” (VENOSA, 2004)
Superior Tribunal de Justiça na Súmula nº 358 visa à proteção do alimentando, sendo que se a exoneração for feita sem ato judicial, presume-se ocorrer o prejuízo ao credor, pois o mesmo poderá estar em estado de necessidade aos alimentos, de forma, faz necessário ouvir previamente o alimentando antes de se tomar uma decisão para que haja a exoneração dos alimentos, ou seja, deverá ser respeitado o princípio do contraditório e a ampla defesa: 
“O cancelamento da pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”. 
Assim, diante da Súmula 358 do Superior Tribunal de Justiça fica assegurado ao alimentando o contraditório em ação de exoneração dos alimentos provido pela parte contraria, ou seja, o alimentante, reforçando a obrigatoriedade de haver uma decisão judicial para que seja cessado a obrigação e o dever de alimentar.
Nesse sentido tem entendido os Tribunais: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS - MAIORIDADE CIVIL DO FILHO - INCAPACIDADE DE PROVER O PRÓPRIO SUSTENTO - COMPROVAÇÃO - ESTUDANTE - NÃO COMPROVAÇÃO DA MODIFICAÇÃO DO TRINÔMIO - OBRIGAÇÃO MANTIDA. Consoante interpretação conjunta e sistemática dos artigos 1.694 e 1.695 do Código Civil e enunciado nº 358 da súmula do Superior Tribunal de Justiça, o simples advento da maioridade civil de descendente não acarreta o automático desaparecimento da obrigação do genitor de prestar alimentos, pois esse dever não se vincula, exclusivamente, ao exercício do pátrio poder, podendo persistir com fulcro no princípio da solidariedade que rege as relações de parentesco, caso evidenciado o binômio legal necessidade/capacidade. Existindo prova suficiente nos autos a comprovar a necessidade do alimentando e inexistindo prova da redução da capacidade financeira do alimentante, deve ser mantida a pensão alimentícia, consoante anteriormente convencionado pelas partes.
(TJ-MG - AC: 10000210716544001 MG, Relator: Leite Praça, Data de Julgamento: 10/06/2021, Câmaras Cíveis / 19ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 16/06/2021)
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO DE FAMÍLIA - EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS - MAIORIDADE CIVIL - NECESSIDADE DE AUXÍLIO DO GENITOR NÃO DEMONSTRADO - CAPACIDADE LABORATIVA COMPROVADA. A continuidade da prestação de alimentos, após a maioridade civil, fica condicionada à comprovação, por parte do beneficiário, da impossibilidade de prover seu sustento pelo próprio trabalho ou do exercício de outra atividade que realmente lhe retire ou o impossibilite de desempenhar atividade lucrativa. O instituto dos alimentos visa a proteger os necessitados, e não a fomentar a ociosidade. Por tal razão, somente fará jus ao seu recebimento quem demonstrar efetivamente a necessidade de perceber auxílio para sobreviver. Não se desincumbindo o alimentando de comprovar a necessidade de continuar recebendo pensão alimentícia de seu genitor, considerando que já alcançou a maioridade civil, ônus que lhe competia, a teor do disposto no art. 373, inc. II, do CPC, a exoneração da obrigação se impõe.
(TJ-MG - AC: 10349170018106006 Jacutinga, Relator: Dárcio Lopardi Mendes, Data de Julgamento: 24/06/2021, Câmaras Cíveis / 4ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 25/06/2021)
Exoneração de alimentos. Ação ajuizada pelo genitor em face de filha maior. Alimentada com 19 anos de idade e que frequenta regularmente curso técnico em agropecuária em instituto federal. Recorrida em condições de permanecer recebendo o auxílio paterno, haja vista que se dedica na obtenção de conhecimento técnico-científico. Genitor que não deve se limitar somente à criação da filha, mas também à formação, portanto, a pensão alimentícia deve ter regular sequência. Sentença que se apresenta adequada. Apelo desprovido.
(TJ-SP - AC: 10013182220198260103 SP 1001318-22.2019.8.26.0103, Relator: Natan Zelinschi de Arruda, Data de Julgamento: 31/03/2020, 4ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 31/03/2020)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. MAIORIDADE CIVIL DE FILHO. NECESSIDADE EVIDENCIADA. MANUTENÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. Demonstrado que o filho, embora tenha atingido a maioridade, estuda e não tem condições de prover a própria subsistência, persiste a obrigação alimentar decorrente do vínculo de parentesco. Inteligência do Enunciado 7 desta Colenda Câmara.
(TJ-SP - AC: 10040195620198260005 SP 1004019-56.2019.8.26.0005, Relator: Maria do Carmo Honorio, Data de Julgamento: 16/04/2020, 3ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 16/04/2020)
Como visto, ao atingir a maioridade civil, embora haja o fim do poder familiar, e embora tal não conduz a exoneração automática, isto é, não isenta de pronto o devedor de alimentos, mas uma vez requerida a exoneração, e submetido o fato ao amplo contraditório, cabe a parte alimentada demonstrar, efetivamente, a necessidade dos alimentos, por força do inciso II do art. 373 do CPC, que impõe à parte adversa a prova do fato desconstitutivo, modificativo ou extintivo do direito do autor da demanda de exoneração de alimentos. Descurando-se nesta prova, a exoneração do dever alimentar é de mister, vez que não pode o Estado exigir, sem motivação alguma, o sacrifício do alimentante, contudo, cabe ao alimentado o dever de comprovar se continua necessitando dos alimentos.
Todavia, o pagamento da pensão não poderá se eternizar no tempo, evitando-se, assim, a ociosidade do alimentado. Além disso, pensão não é salário e tão pouco renda extra.
O posicionamento jurisprudencial convencionou que a idade limite perdura até os 24 anos de idade, normalmente a média para formação nos cursos universitários, a partir do qual está apto a inserir-se no mercado de trabalho. Antes disso, a frequência em curso de ensino superior pressupõe a necessidade de continuar a receber a pensão para a ajuda do pagamento da mensalidade, materiais escolares e outros custos.
Em uma de suas obras, especificamente em Manual Direito das Famílias (pág. 582, 2015) ensina Maria Berenice Dias que a capacidade civil do alimentado e o direito ao recebimento de alimentos, deve o cancelamento dependerde decisão judicial: 
“O adimplemento da capacidade civil, aos 18 anos ainda que enseje o fim do poder familiar, não leva à extinção automática do encargo alimentar. Após a maioridade é presumível a necessidade dos filhos de continuarem a perceber alimentos. No entanto, a presunção passa a ser juris tantum, enquanto os filhos estiverem estudando, pois compete aos pais o dever de assegurar-lhes educação. Como a obrigação deriva da relação paterno-filial, descabido estabelecer termo final aos alimentos. A fixação é ineficaz. O implemento da data fixada não autoriza a cessação do pagamento. O cancelamento depende de decisão judicial. A exoneração deve ser formulada em ação autônoma. De todo desaconselhável o deferimento da exoneração em sede liminar. Não há como surpreender o credor cuja necessidade pode persistir caso não disponha de outra fonte de subsistência. Descabido extinguir a obrigação decorrente do poder familiar e impor ao filho que intente nova demanda para buscar alimentos tendo por fundamento o vínculo ele parentesco. Nesse ínterim, não terá meios de prover à própria sobrevivência.”
Em suma, o cancelamento não é automático, como a súmula do Superior Tribunal de Justiça trata, está sujeito à decisão judicial. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como o presente artigo abordou, alimentos são prestações que objetivam atender às necessidades vitais e sociais básicas como saúde e educação, gêneros alimentícios, habitação, vestuário, dentre outros, sejam elas futuras ou os presentes, independente de sexo ou idade, daqueles que não podem provê-las.
Muito além disso, o direito a alimentos é direito fundamental para sobrevivência do ser humano e está amparado pelo princípio da solidariedade previsto no artigo 3°, inciso I, da Constituição Federal. Sendo assim todos tem direito a viver com dignidade e os alimentos asseguram a inviolabilidade do direito à vida e integralidade física.
Existem 03 tipos de guarda, unilateral, alternada e compartilhada e cada uma tem uma forma de “contribuição” para o alimentando. Entretanto, restou evidenciado no artigo o “ensinamento” de que quando a guarda é compartilhada, não há o dever do pagamento de pensão alimentícia, pois, essa tem como objetivo providenciar o sustento necessário para que a pessoa possa viver sua vida conforme sua condição até o momento em que se torna financeiramente independente. Ter a guarda compartilhada não exime os pais desse dever.
A vida muda e o direito acompanha! A crença de que o pagamento da pensão alimentícia cessa automaticamente quando o credor atingir a maioridade civil (18 anos) deve ser afastada porque inexiste no ordenamento jurídico leis que determinam o marco final das referidas pensões quanto ao critério etário.
O correto é minudar desde o início os vários aspectos da pensão alimentícia e dentre eles fixar o marco inicial e principalmente o termo final do pagamento da verba alimentar, não havendo o marco final, ao devedor resta ingressar judicialmente com uma ação de exoneração de alimentos caso entenda que a maioridade faz cessar a obrigação alimentar, e ao credor, defender-se na demanda se ainda necessitar da verba para manter as suas condições mínimas de sobrevivência. Se o devedor simplesmente quedar-se inerte quanto ao pagamento da pensão alimentícia, ao argumento de que o credor atingiu a maioridade civil, poderá ter contra si uma possível execução das prestações não pagas, uma vez que, a construção jurisprudencial mostra ser crível que o pagamento da pensão alimentícia se prolongue até aos 24 anos de idade, desde que o credor frequente curso de nível superior, cujo tempo é suficiente para a formação e início da sobrevivência por si mesmo. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 30/06/2021.
BRASIL. Código de Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 30/06/2021.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 30/06/2021.
BRASIL. Lei nº 13.058, de 22 de dezembro de 2014. Alteração dos arts. 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), “guarda compartilhada” Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13058.htm. Acesso em: 30/06/2021.
BRASIL. Divórcio, guarda dos filhos e pensão alimentícia. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/. Acesso em: 30/06/2021.
BRASIL. Alimentos (Direito de Família). Disponível em: https://www.professorivofpmartins.com/post/alimentos-direito-de-familia. Acesso em: 01/07/2021.
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