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DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES Módulo: Sucessão Legítima TEMA 02 – Ordem Vocacional Hereditária – Sucessão dos Descendentes; Sucessão dos Descendentes em concorrência com o Cônjuge ou Companheiro Sobrevivente. 1. ORDEM VOCACIONAL HEREDITÁRIA Mencionamos em estudos recentes sobre os conceitos e disposições gerais do direito das sucessões. Neste momento, observaremos sobre alguns aspectos específicos, tal como a ordem vocacional hereditária. O doutrinador Carlos Roberto Gonçalves: Quando o de cujus falece ab intestato, a herança, como foi dito, é deferida a determinadas pessoas. O chamamento dos sucessores é feito, porém, de acordo com uma sequência denominada ordem da vocação hereditária. Consiste esta portanto, na relação preferencial pela qual a lei chama determinadas pessoas à sucessão hereditária. (GONÇALVES, 2012)1 Assim, é preciso observar que o chamamento dos sucessores será realizado, com efeito, por classes, sendo que a mais próxima exclui a mais remota, nos termos dos artigos 1.833, 1.836, § 1º, e 1.840, todos do Código Civil. O Código Civil dispõe sobre a ordem da sucessão legítima em seu artigo 1.829: Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694) I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil Brasileiro: Direito de Família, Vol. 7. 15ª Ed. Saraiva. 2012. Pág.63. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. Assim, percebe-se que o legislador elegeu 4 (quatro) classes de sucessores: 1ª Classe: Descendentes e Cônjuge/Companheiros em concorrência. 3ª Classe: Cônjuge/Companheiro. 2ª Classe: Ascendentes e Cônjuge/Companheiro em concorrência. 4ª Classe: Colaterais até 4º grau – irmãos, sobrinhos, tios, primos, tio-avô, sobrinhos netos. É preciso observar que essa ordem é preferencial; e pode-se ver três importantes inovações apresentadas pelo Código Civil de 2002 no capítulo concernente à ordem da vocação hereditária: a retirada do Estado do rol de herdeiros legítimos, uma vez que não adquire, somente os recolhendo depois de verificado o estado de jacência da herança e de sua conversão em patrimônio vago a colocação do cônjuge no elenco dos herdeiros necessários, concorrendo com os herdeiros das outras ordens de vocação para suceder a ausência de previsão do benefício do direito real de usufruto em favor do cônjuge sobrevivo, como consequência da aludida concorrência com os demais herdeiros destinada à aquisição de direito mais amplo sobre uma parte do acervo, que é o direito de propriedade, malgrado a manutenção do direito real de habitação sobre a residência familiar, limitado ao fato de ser este o único bem com tal destinação. 2. SUCESSÃO DOS DESCENDENTES Conforme dispõe o artigo 1.829, I do Código Civil, a primeira classe a ser chamada é a dos descendentes; portanto havendo alguém que pertença a essa classe, afastados ficam todos os herdeiros pertencentes às subsequentes, salvo a hipótese de concorrência com cônjuge sobrevivente ou com companheiro. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; Como ensina Carlos Roberto Gonçalves: Dentro de uma mesma classe, a preferência estabelece-se pelo grau: o mais afastado é excluído pelo mais próximo. Se, por exemplo, concorrem descendentes, o filho prefere ao neto. O princípio não é, todavia, absoluto, comportando exceções fundadas no direito de representação (...) (GONÇALVES, 2012)2 Assim, se transmite a herança em primeiro lugar à classe dos descendentes, e por expressa disposição legal do artigo 1.833 os mais próximos excluem os mais remotos; salvo no direito de representação. Portanto, a sucessão dos descendentes podem se dar por cabeça por estirpe. A sucessão por cabeça é aquela que o por direito próprio, ou seja, quando os descendentes são do mesmo grau, a herança lhes é dividida em partes iguais, conforme o número de herdeiros; conforme se verifica do Artigo 1.834 do Código Civil. Já a sucessão será por estirpe quando herdeiros de graus distintos herdam por direito de representação. Isso em virtude da existência de um herdeiro pré-morto (vide Anexo 01). 2.1. DO DESCENDENTE SOCIOAFETIVO Antes de adentrarmos sobre a temática do descendente socioafetivo, devemos compreender sobre a filiação socioafetiva. Determinada revista jurídica conceitua: A filiação socioafetiva é certificada pelos laços de afeto, e apoio emocional, entre pais e filhos que não possuem ligação sanguínea. Por ser um fato já comum na sociedade, como em casos de adoção, a Constituição Federal de 1988, junto ao Código Civil, trouxeram respaldo jurídico para essa modalidade familiar. Em outras palavras, a filiação afetiva busca dar o devido reconhecimento jurídico da maternidade e paternidade para a família constituída. (REVISTA BOSQUÊ ADVOCACIA)3 2 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil Brasileiro: Direito de Família, Vol. 7. 15ª Ed. Saraiva. 2012. Pág.63. 3 Revista Bosque advocacia. O que é filiação socioafetiva? Disponível em: <https://bosqueadvogados.com.br/o-que-e-filiacao-socioafetiva/> Acesso: 22.ago.22 Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 Portanto, como explicado no artigo acima, a filiação socioafetiva é aquela que não possui laços sanguíneos, mas afetivos – deixando claro que, ambos possuem os mesmos direitos. No âmbito do Supremo Tribunal Federal foi reconhecida a repercussão geral da matéria, especialmente a respeito da colisão entre o vínculo socioafetivo e o biológico, no ARE 692186 RG/DF da relatoria do Min. Luiz Fux, em 29.11.2012; como a repercussão geral no (RE 898.060/SC, da relatoria também do Min. Luiz Fux; em 21.09.2016, com fixação da tese segundo a qual um vínculo parental não exclui o outro. Assim, a regra passou a ser a multiparentalidade, abrigando a tutela jurídica concomitante, para todos os fins de direito, os vínculos parentais de origem afetiva e biológica, promovendo a mais completa e adequada tutela frente os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1.º, III) e da paternidade responsável (art. 226, § 7.º). E, assim, os tribunais têm se manifestado: Família. Filiação. Civil. Recurso especial. Ação de investigação de paternidade e petição de herança. Vínculo biológico. Paternidade socioafetiva. Identidade genética. Ancestralidade. Direitos sucessórios. Artigos analisados: arts. 1.593; 1.604 e 1.609 do Código Civil; art. 48 do ECA; e do art. 1.º da Lei 8.560/92. 1. Ação de petição de herança, ajuizada em 07.03.2008. Recurso especial concluso ao Gabinete em 25.08.2011. 2. Discussão relativa à possibilidade do vínculo socioafetivo com o pai registrário impedir o reconhecimento da paternidade biológica. 3. A maternidade/paternidade socioafetiva tem seu reconhecimento jurídico decorrente da relação jurídica de afeto, marcadamente nos casos em que, sem nenhum vínculo biológico, os pais criam uma criança por escolha própria, destinando-lhe todo o amor, ternura e cuidados inerentes à relação pai-filho. 4. A prevalência da paternidade/maternidade socioafetiva frente à biológica tem como principal fundamento o interessedo próprio menor, ou seja, visa garantir direitos aos filhos face às pretensões negatórias de paternidade, quando é inequívoco (i) o conhecimento da verdade biológica pelos pais que assim o declararam no registro de nascimento e (ii) a existência de uma relação de afeto, cuidado, assistência moral, patrimonial e respeito, construída ao longo dos anos. 5. Se é o próprio filho quem busca o reconhecimento do vínculo biológico com outrem, porque durante toda a sua vida foi induzido a acreditar em uma verdade que lhe foi imposta por aqueles que o registraram, não é razoável que se lhe imponha a prevalência da paternidade socioafetiva, a fim de impedir sua pretensão. 6. O reconhecimento do estado de filiação constitui direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, que pode ser exercitado, portanto, sem qualquer restrição, em face dos pais ou seus herdeiros. 7. A paternidade traz em seu bojo diversas responsabilidades, sejam de ordem moral ou patrimonial, devendo ser assegurados os direitos Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 sucessórios decorrentes da comprovação do estado de filiação. 8. Todos os filhos são iguais, não sendo admitida qualquer distinção entre eles, sendo desinfluente a existência, ou não, de qualquer contribuição para a formação do patrimônio familiar. 9. Recurso especial desprovido. (STJ, REsp 1.274.240/SC, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 08.10.2013, DJe 15.10.2013). Portanto, proibido está a distinção entre os filhos do falecido, todos herdando de forma igualitária. 2.2. DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO Prescreve o artigo 1.835 do Código Civil o direito de representação, ou seja, se um dos filhos do falecido é pré-morto, e deixou dois filhos, netos do falecido, haverá diversidade em graus, e a sucessão será por estirpe, dividindo-se a herança em três quotas iguais: duas serão atribuídas aos filhos vivos e a última será deferida aos dois netos, depois de subdividida em partes iguais; por estarem representando o pai pré- morto. Código civil Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau. Outra regra sucessória importante é aquela que atribui aos descendentes o direito à legítima, pertencendo-lhes, pleno jure, metade da herança; portanto o ascendente não pode dispor senão da outra metade. Prejudicando, em testamento, a legítima dos descendentes, reduzem-se as liberalidades até o limite da integridade da parte indisponível. 3. DA SUCESSÃO DOS DESCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE SOBREVIVENTE. O artigo 1.829, I do Código Civil de 2002 introduziu a concorrência do cônjuge do falecido com os descendentes na ordem de vocação hereditária; e conforme se verifica, a sucessão do cônjuge sobrevivente dependerá do regime de bens adotado entre o falecido e ele (vide anexo 02). Não se pode esquecer, mais uma vez, da inclusão do cônjuge homoafetivo, para todos os fins, inclusive de concorrência sucessória. Conforme ensina Flavio Tartuce: Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 Reafirme-se, mais uma vez para que não pairem dúvidas, que os descendentes e o cônjuge são herdeiros de primeira classe, em um sistema de concorrência, presente ou não de acordo com o regime de bens adotado no casamento com o falecido (...) (TARTUCE, 2017)4 Portanto, o fato de ter que se verificar o regime de bens para fins de sucessão, não modifica a classe da sucessão; mas não pelo sistema instituído, quando o cônjuge é meeiro, não é herdeiro; quando é herdeiro, não é meeiro. É importante ressaltar que, a meação não se confunde com a herança. A meação é instituto de Direito de Família, que depende do regime de bens adotado e da autonomia privada dos envolvidos, que estão vivos; já a herança é instituto de Direito das Sucessões, que decorre da morte do falecido. Assim, é preciso estudar as principais consequências teóricas e práticas da concorrência do cônjuge com os descendentes em virtude do regime de bens escolhido pelo casal: Regime da comunhão parcial de bens (artigo 1.640, caput, CC): haverá concorrência sucessória do cônjuge, se o falecido deixar bens particulares. Como ensina Flavio Tartuce: Como bens particulares entendem-se justamente os bens que não se comunicam nesse regime, como aqueles anteriores ao casamento ou que o cônjuge recebeu por doação ou herança, além de outros descritos no art. 1.659 do Código Civil. (TARTUCE, 2017) Isso porque nesse regime de bens não se comunicam os bens que os cônjuges tinham antes do casamento, e que são denominados de bens particulares. Mas surge dúvida concernente aos bens sobre os quais há concorrência sucessória; e nesse sentido três são as correntes encontradas. A primeira corrente entende que na comunhão parcial de bens a concorrência sucessória somente se refere aos bens particulares, aqueles que não entram na meação. Esse é o entendimento de Christiano Cassettari, Eduardo de Oliveira Leite, Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, Gustavo Nicolau, Jorge Fujita, José 4 TARTUCE, Flávio. Direito Civil, v. 6: direito das sucessões– 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. Pág. 106. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 Fernando Simão, Maria Helena Daneluzzi, Mário Delgado, Rodrigo da Cunha Pereira, Rolf Madaleno, Sebastião Amorim, Euclides de Oliveira, Zeno Veloso, Pablo Stolze Gagliano e de Flavio Tartuce. Portanto, o argumento dessa premissa é que a concorrência sucessória deve ocorrer justamente naqueles bens sobre os quais não há meação; isto porque o cônjuge herda onde não meia, conforme a conhecida frase de Cláudio Luiz Bueno de Godoy. Essa primeira corrente é a que prevalece na doutrina e é adotado em vários julgados nos tribunais: Agravo de instrumento. Sucessão. Partilha dos bens do inventariado. Viúva. Regime de casamento. Comunhão parcial de bens. Direito à meação em relação aos bens adquiridos na constância do casamento. Direito de herança, em concorrência com os descendentes, em relação aos bens particulares do inventariado. Decisão mantida. 1. No regime da comunhão parcial de bens, o cônjuge supérstite tem direito à sua meação, em relação aos bens adquiridos na constância do casamento e direito de herança, em concorrência com os descendentes do de cujus, dos bens particulares do inventariado, consoante a ordem de vocação hereditária estabelecida no artigo 1.829, I, do Código Civil. 2. Recurso conhecido e desprovido. Unânime” (TJDF, Recurso 2013.00.2.014096- 8, Acórdão 708.581, 3.ª Turma Cível, Rel. Des. Otávio Augusto, DJDFTE 09.09.2013, p. 211). Portanto, é no sentido da primeira corrente que os tribunais vêm decidindo, assim como o Superior Tribunal de Justiça- STJ: “Civil. Sucessão. Cônjuge sobrevivente e filha do falecido. Concorrência. Casamento. Comunhão parcial de bens. Bens particulares. Código Civil, art. 1.829, inc. I. Dissídio não configurado. 1. No regime da comunhão parcial de bens, o cônjuge sobrevivente não concorre com os descendentes em relação aos bens integrantes da meação do falecido. Interpretação do art. 1.829, inc. I, do Código Civil. 2. Tendo em vista as circunstâncias da causa, restaura-se a decisão que determinou a partilha, entre o cônjuge sobrevivente e a descendente, apenas dos bens particulares do falecido. 3. Recurso especial conhecido em parte e, nesta parte, provido” (STJ, REsp 974.241/DF, 4.ª Turma, Rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJAP), Rel. p/ Acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, j. 07.06.2011, DJe 05.10.2011). Como visto, até mesmo o tribunal superior adota a primeira corrente, contudo não se trata de um entendimento unânime, pois há quem entenda que a concorrência na comunhão parcial deve se dar tanto em relação aos bens particulares quanto aos comuns. Essa segundacorrente é partilhada por Francisco Cahali, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Inácio de Carvalho Neto, Luiz Paulo Vieira de Carvalho, Maria Helena Diniz e Mário Roberto Carvalho de Faria. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 O argumento dessa corrente é que o legislador não limitou os bens sobre os quais há a concorrência; portanto, a concorrência sucessória deve abranger tanto os bens que eram somente do falecido quanto aqueles alcançados pela meação. Contudo, isoladamente tem a terceira corrente, defendida apenas por Maria Berenice Dias, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald que entendem que a concorrência somente se refere aos bens comuns. Regime da separação de bens: o Código Civil ao tratar do afastamento da concorrência sucessória utilizou a expressão separação obrigatória, contudo, entre parênteses, o Artigo 1.640, parágrafo único regulou a separação convencional; fazendo o pacto antenupcial por escritura pública. Assim, fica claro perceber, esse último preceito não diz respeito à separação legal ou obrigatória, imposta pelo artigo 1.641 do Código Civil, mas à separação convencional, decorrente de pacto antenupcial. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010) III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Nesse regime sustenta a grande maioria da doutrina, nos termos da lei, que não haveria concorrência sucessória somente na separação legal ou obrigatória de bens. Já na separação convencional de bens, a concorrência sucessória está presente, pois esta não está abrangida pela exclusão que consta da parte final do artigo 1.829, inciso I do Código Civil. Regime da comunhão universal de bens: de acordo com Código Civil não há a concorrência sucessória, uma vez que o cônjuge é beneficiado pela meação dos bens adquiridos durante o casamento e pelos bens anteriores ao casamento e outros particulares do outro cônjuge. Portanto não se justifica que, além desse montante, receba também a herança em conjunto com os descendentes do falecido. Nesse regime, em que se poderia supor não existir qualquer divergência, surge questão de debate relativa à possibilidade de concorrência sucessória do cônjuge com Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 os descendentes quanto aos bens particulares, que não se comunicam na comunhão universal, descritos no art. 1.668 do Código Civil: Bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; Bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; Dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas relativas ao casamento em si, ou reverterem em proveito comum; Doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; Bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; Proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, previsão que sempre merece interpretação restritiva; as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. Assim, é equivocada a ideia de que o cônjuge, casado pelo regime da comunhão universal de bens sempre recebe; portanto é preciso entender o dispositivo no sentido que ficará ele privado da sucessão concorrente se houver patrimônio comum. Mas não havendo, cabe-lhe quota na sucessão dos bens particulares do falecido. a) Regime da participação final nos aquestos: regime introduzido pela codificação de 2002, previsto nos artigos 1.672 a 1.686, e com pouca incidência prática. Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis. Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se- á o montante dos aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios: I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub- rogaram; II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; III - as dívidas relativas a esses bens. Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis. Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aqüestos, computar-se-á o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a necessária Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 autorização do outro; nesse caso, o bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor equivalente ao da época da dissolução. Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meação, se não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar. Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro. Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do outro cônjuge. Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condomínio ou no crédito por aquele modo estabelecido. Art. 1.680. As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso pessoal do outro. Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar no registro. Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge proprietário provar a aquisição regular dos bens. Art. 1.682. O direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime matrimonial. Art. 1.683. Na dissolução do regime de bens por separação judicial ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos aqüestos à data em que cessou a convivência. Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não-proprietário. Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastarem. Art. 1.685. Na dissolução da sociedade conjugal por morte, verificar- se-á a meação do cônjuge sobrevivente de conformidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a herança aos herdeiros na forma estabelecida neste Código. Art. 1.686. As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros. Como regra fundamental, nesse regime cada cônjuge possui patrimônio próprio, cabendo-lhe na dissolução do casamento e da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento; conforme o Artigo 1.672 do Código Civil. Portanto, durante o casamento há uma separação de bens. Mas em caso de dissolução, não há propriamente uma meação, como estabelece o Código Civil em vários de seus dispositivos, mas uma participação de acordo com a contribuição de cada um para a aquisição do patrimônio, a título oneroso. Pela regra do artigo 1.673 do Código Civil integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na Camila Lopes AnacletoMiranda - 10514954663 constância do casamento; e a administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis, na constância da união. Assim, é correta, a previsão legal, que aponta a concorrência sucessória do cônjuge caso seja adotado tal novo regime. b) Regime de bens atípico misto: além dos regimes tipificados pelo Código Civil, pode ser que os cônjuges façam a opção por um regime atípico, não tratado em lei; surgindo então a possibilidade de que o casamento seja celebrado por um regime misto; devendo ser feito pacto antenupcial. Então surge a dúvida se haverá concorrência sucessória quando adotado um regime atípico e misto; nesse caso ensina Flavio Tartuce: Na opinião deste autor, deve-se verificar qual a correspondência que se faz em relação aos regimes para constatar se haverá a concorrência sucessória ou não. Isso abre a possibilidade de uma concorrência fracionada de bens. (TARTUCE, 2017) Assim será preciso analisar quais os termos especificados no pacto antenupcial. 3.1. DA RESERVA DA QUARTA PARTE DA HERANÇA PARA O CÔNJUGE NA CONCORRÊNCIA COM OS DESCENDENTES Consta do artigo 1.832 do Código Civil de 2002 mais uma novidade introduzida no sistema que, de início, a norma enuncia que o cônjuge supérstite terá direito ao mesmo quinhão que receberem os descendentes que sucederem por cabeça, ou seja, por direito próprio, e não por direito de representação; não importando se o filho é havido de ambos (filhos comuns) ou só do autor da herança (filhos exclusivos). Em suplemento, o comando consagra a reserva de 1/4 da herança ao cônjuge, se ele for ascendente dos descendentes com quem concorrer; e essa quarta parte da herança ou de vinte e cinco por cento sobre o patrimônio sucessível visa a manter um mínimo vital a favor do cônjuge, um patrimônio mínimo do sucessor. Acredita-se que essa novidade foi introduzida no Código Civil com o intuito de substituir o antigo usufruto legal vidual, tratado anteriormente no art. 1.611, § 1.º, do Código Civil de 1916. Na verdade, a questão de efetivar ou não a reserva da quarta parte somente ganhará relevo se houver a concorrência com mais de três descendentes do falecido, situação em que a reserva poderia ficar em xeque; ou sejam, quando o cônjuge concorre Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 com um, dois ou três descendentes do de cujus, a citada reserva já lhe é garantida pela obviedade da situação concreta, não havendo maiores dificuldades. BIBLIOGRAFIA DIAS, Maria Berenice Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. 10. ecl. rev., atual. e ampliada. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil Brasileiro: Direito de Família, Vol.7. 15ª Ed. Saraiva. 2012. TARTUCE, Flávio. Direito Civil, v. 6: direito das sucessões– 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 ANEXO 01 50 % 50 % 50 % Sucessão por Cabeça 50 % 50% Pai t 2022 Pai t 2022 Filho 1 Filho 2 Filho 1 1 Filho 2 t 2 0 2 1 T 2 0 2 1 T 2 0 2 1 Neto 1 Neto 2 Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663 Sucessão por Estirpe ANEXO 025 5 TARTUCE, Flávio. Direito Civil, v. 6: direito das sucessões– 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. Pág. 106. Regimes em que o cônjuge herda em concorrência Regimes em que o cônjuge não herda em concorrência • Regime da comunhão parcial de bens, havendo bens particulares do falecido. • Regime da participação final nos aquestos. • Regime da separação convencional de bens, decorrente de pacto antenupcial. • Regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do falecido. • Regime da comunhão universal de bens. • Regime da separação legal ou obrigatória de bens. Camila Lopes Anacleto Miranda - 10514954663
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