Prévia do material em texto
Ensino de sintaxe: interpretação textual 1. Considere a situação em que um professor precisa escrever o relatório individual semestral de um de seus alunos, que é qualificado, por ele, como um aluno “difícil”. Nesse relatório, o professor irá descrever pontos positivos e pontos a serem melhorados no comportamento e no desempenho escolar do estudante. O professor sabe que a escrita do relatório deve ser cuidadosa, de modo a não constranger a criança com comentários pejorativos. Assim, devem-se evitar construções que agridam o aluno, priorizando modos de escrita que induzam a uma interpretação mais ampla sobre o problema apontado. Analise as construções a seguir, que substituem comentários diretos e ofensivos, e indique a única sugestão de substituição compatível, em termos de significação: Resposta correta. B. “O aluno ainda não sabe dividir os materiais e o espaço da sala de aula de maneira adequada” no lugar de “o aluno é egoísta”. O sentindo do texto deve se manter o mesmo depois da reescritura pelo professor: “não saber dividir” pode ser considerado “egoísmo”; “ não aceitar as solicitações e ter dificuldades em cumprir regras” não significa que o aluno “não aprende o conteúdo”; “demonstrar interesse” indica que o aluno não é apático, e, sim, interessado; “evitar o contato e o diálogo com professores e colegas” indica introversão, e não extroversão; se o aluno “desenvolveu hábitos de higiene e cuidados com seus pertences”, não é relaxado, e, sim, zeloso. 2. Em uma avaliação de Língua Portuguesa, o professor apresentou uma questão na qual o advérbio “ainda” era usado com um significado específico. A frase era: “Aproveite que nossos estoques não acabaram ainda, pois, assim, dará tempo de você economizar nas compras de Natal.” Assinale a alternativa cujo advérbio “ainda” é usado com o mesmo significado do usado na avaliação de Língua Portuguesa. Resposta correta. D. Não percebi nada ainda. Na frase “Ainda que eu fale das flores, não sou romântico”, o advérbio “ainda” tem o sentido de “mesmo que”. Em “Ainda bem que deu tudo certo", a expressão “ainda bem” significa satisfação e pode ser substituída por “por sorte”, “felizmente”. Já, na frase “Não comi nada ainda que estivesse com fome”, o advérbio “ainda” tem sentido de “embora”: “Não comi nada embora estivesse com fome”. Em “Não percebi nada ainda”, o advérbio “ainda” tem o mesmo significado da frase do texto, ou seja, “até agora”, “até esse momento”. Já, na frase: “Tudo correu bem ainda que não esperávamos por tal acontecimento”, o advérbio "ainda" tem sentido de “mesmo que”. 3. Em todos os textos, certas informações são transmitidas explicitamente, ao passo que outras o são implicitamente. As informações implícitas podem ser de dois tipos: pressupostas ou subentendidas. Uma informação é considerada pressuposta quando um enunciado depende dela para fazer sentido. Já as informações subentendidas não são marcadas no próprio enunciado, sendo apenas sugeridas, insinuadas, cabendo ao leitor percebê-las. Marque a alternativa que contém a caracterização correta do tipo de informação implícita contida na frase destacada: Você acertou! C. Em “Não posso destrancar a porta, só minha mãe tem a chave”, o interlocutor entende que só a mãe tem a chave. A informação explícita não deixa margem para dúvidas. Na frase: “Regina ainda não voltou para casa”, o uso do “ainda” indica que Regina pode ou não voltar para casa em algum momento. Em “Ele pode chegar amanhã”, a presença do verbo “poder” indica que a volta do sujeito não é dada como certa. Já, na frase “Não posso destrancar a porta, só minha mãe tem a chave”, o interlocutor entende que, como só a mãe tem a chave, não há possibilidade de abertura da porta. Em “Jéssica foi sua primeira filha", há três informações pressupostas, geradas pelo adjetivo “primeira”: que a mãe tem outras filhas; que a mãe não tinha nenhum filho ou filha, sendo Jéssica a primeira da prole; que a mãe só tinha filhos e Jéssica foi a primeira filha. Na frase “Finalmente, vi minha avó”, subentende-se que o enunciador não via a avó há algum tempo. 4. Há textos que permitem mais de uma leitura, sendo chamados de polissêmicos ou abertos. Nesses casos, é a recorrência de traços semânticos que estabelece quais leituras devem ou podem ser feitas de um texto. Por outro lado, há textos que condicionam as suas leituras, não permitindo que o leitor os interprete de modo diferente. Qual das alternativas a seguir apresenta um trecho em que há mais de uma interpretação? Resposta correta. D. “O jornal serve para informar e para embrulhar.” Os textos polissêmicos sugerem mais de uma interpretação. “Duas taças de vinho e já estou bêbada”; “Então, o senhor tem reumatismo? – Sim. É uma doença terrível”; “Foi a primeira vez que o governo manifestou alguma preocupação genuína com a agricultura. O ministro apresentou várias propostas de crédito”; “Ele retirou o bule do fogo e perguntou: – Café? – Sim, obrigada, disse ela” são exemplos de frases com significado único, não dando margem a uma segunda interpretação. Já, na frase “O jornal serve para informar e embrulhar”, temos dois atributos significativos para a serventia do jornal: o de informar e o de embrulhar. 5. De acordo com suas características, os textos podem ser de vários tipos. O tipo textual é verificado pela predominância de determinadas composições linguísticas, como as estruturas sintáticas, os tempos e modos verbais, as classes gramaticais, as combinações linguísticas, entre outras. A seguir, constam trechos de textos e a identificação textual. Aponte a alternativa correta. Você acertou! C. “Receita de brigadeiro caseiro: em uma panela, coloque a manteiga, o leite condensado e o chocolate em pó. Misture bem e leve ao fogo baixo, mexendo sempre até tudo se desprender do fundo da panela (o tempo corresponde a cerca de 10 minutos). Retire do fogo, passe para um prato untado e deixe esfriar.” (Tipo injuntivo) O tipo narrativo consiste na enunciação de fatos que envolvem ações de personagens, encadeadas no tempo. Nesse tipo, que se caracteriza pela organização temporal, predominam os verbos de ação, em geral no passado. O tipo descritivo consiste na apresentação de traços ou características de um ser vivo, um objeto, um ambiente, uma cena. Predominam nesse tipo textual os verbos de situação, em geral no presente ou no pretérito imperfeito do indicativo, bem como as expressões qualificativas. Na descrição, as características ocorrem simultaneamente e têm organização espacial. O texto injuntivo caracteriza-se pelo encadeamento de ideias com a finalidade de persuadir o destinatário a praticar atos ou ter atitudes. O tipo argumentativo consiste no encadeamento das ideias com a finalidade de defender uma opinião e convencer o interlocutor. Na argumentação, que se organiza essencialmente pela lógica, manifestam-se relações de causa, condição, concessão, contraste, conclusão, etc. O tipo expositivo, também denominado dissertativo-expositivo, objetiva passar uma informação tida como verdade absoluta, como comprovada. Assim, esse tipo consiste na asserção de conceitos, com o predomínio da objetividade.