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Responsabilidade do parque aquático x Mulher obesa

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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro 
 
Quinta Câmara Cível 
1 
 
Apelação Cível nº 0010740-94.2005.8.19.0209 
 
 Secretaria da Quinta Câmara Cível 
Rua Dom Manuel, nº 37, sala 434, Lâmina III 
Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010 
Tel.: + 55 21 3133-6295 – E-mail: 05cciv@tjrj.jus.br 
 RVRGB 
Apelante: RIO PLANETA AGUA S/A 
Apelante: LUCIANA JESUS DA SILVA 
Apelado: OS MESMOS 
Relatora: Desembargadora DENISE NICOLL SIMÕES 
 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. QUEDA EM 
PARQUE AQUÁTICO. FRATURA NO TORNOZELO REALIZAÇÃO 
DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. AGRAVAMENTO DO QUADRO. 
COMPLICAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA. OSTEOMIELITE. 
AMPUTAÇÃO DE MEMBRO. EXTENSÃO DA RESPONSABILIDADE 
DO FORNECEDOR. Demanda indenizatória na qual a Autora pugna 
pela reparação moral, material e estética em razão de acidente sofrido 
nas dependências da Ré. Consumidora que foi atendida no local e 
encaminhada para diversos hospitais para tratamento médico, sendo 
necessária a realização de cirurgias em seu tornozelo esquerdo. Falha 
na prestação de serviços evidenciada pela falta de segurança no local. 
Controvérsia acerca da extensão da responsabilidade, uma vez que 
em razão de grave complicação pós-operatória tardia (osteomielite) 
constatada em cirurgia ortopédica, foi necessária a amputação de 
membro da Demandante. Amputação devida à osteomielite, que é, por 
definição, um quadro inflamatório que afeta um ou mais ossos. A 
eclosão do processo infeccioso pode ser considerada como um 
desdobramento eventualmente previsível de procedimento cirúrgico, 
denominado pela doutrina de “risco inerente”, ao tratar da 
responsabilidade civil médica. Demanda que não tem como finalidade 
discutir eventual falha ou erro médico. Responsabilidade que deve ser 
limitada a falha na prestação de serviços, qual seja, a falta de 
segurança em suas dependências. Danos materiais devidamente 
comprovados. Danos morais evidenciados que devem ser reduzidos 
em atenção ao rompimento do nexo causal. Restaram devidamente 
evidenciados os transtornos sofridos durantes anos, em verdadeira via 
crucis na qual a Demandante era encaminhada para diversos 
nosocômios, para tratar da fratura em seu tornozelo. Dano estético 
que deve ser reduzido, compatível com a com cicatriz que 
permaneceu durante anos em sua perna. AGRAVO RETIDO NÃO 
CONHECIDO UMA VEZ QUE NÃO REITERADO. RECURSO DA 
AUTORA PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DA RÉ 
PARCIALMENTE PROVIDO. 
 
 
 
Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro 
 
Quinta Câmara Cível 
2 
 
Apelação Cível nº 0010740-94.2005.8.19.0209 
 
 Secretaria da Quinta Câmara Cível 
Rua Dom Manuel, nº 37, sala 434, Lâmina III 
Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010 
Tel.: + 55 21 3133-6295 – E-mail: 05cciv@tjrj.jus.br 
 RVRGB 
 
ACÓRDÃO 
 
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 
0010740-94.2005.8.19.0209 ACORDAM, por UNANIMIDADE de votos, os 
Desembargadores que compõem esta E. 5ª Câmara Cível do Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em NÃO CONHECER O AGRAVO 
RETIDO, DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DA RÉ E DAR 
PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DA AUTORA, nos termos do voto 
que segue. 
 
 
RELATÓRIO 
 
Tratam-se de apelações cíveis interpostas da sentença de 
procedência prolatada nos autos da ação de obrigação de fazer proposta 
LUCIANA JESUS DA SILVA em face do RIO PLANETA AGUA S/A. 
 
Narra a Autora, em síntese, que em 07 de dezembro de 2003, 
planejou um dia de diversão com a família, através de excursão ao Rio Water 
Planet – Ré - oferecida pela Escola José de Moura, onde estudam suas duas 
filhas menores. 
 
Afirma que por volta das 16hs, ao circular no interior das 
dependências do parque aquático, sofreu de forma inesperada violenta queda, 
uma vez que o piso no local estava escorregadio sem qualquer tipo de 
isolamento, aviso ou sinalização. 
 
Afirma que a queda foi tão forte que permaneceu no chão por 
muito tempo, com muitas dores. Alega que sua cunhada foi ao seu encontro, 
solicitando ajuda às pessoas que ali se encontravam, acionando a equipe 
médica do local. 
 
Aduz que foi imediatamente encaminhada ao ambulatório da Ré, 
recebendo o primeiro atendimento no local, sendo posteriormente transferida 
para o nosocômio público mais próximo. 
 
Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro 
 
Quinta Câmara Cível 
3 
 
Apelação Cível nº 0010740-94.2005.8.19.0209 
 
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Tel.: + 55 21 3133-6295 – E-mail: 05cciv@tjrj.jus.br 
 RVRGB 
 
Sustenta que foi encaminhada ao Hospital Municipal Lourenço 
Jorge e conforme o Boletim de Emergência de n° 2198673, sendo constatada 
"fratura tornozelo esquerdo". Foi realizada imobilização com uma tala gessada, 
tipo "bota", e após a realização dos exames radiológicos, procedeu-se à 
internação para tratamento cirúrgico naquela unidade hospitalar. 
 
Alega que seu companheiro se dirigiu a 16ª Delegacia de Polícia, 
comunicando o ocorrido e requerendo a apuração dos fatos, sendo a Autora 
encaminhada ao Instituto Médico Legal. 
 
Aduz que em 12/12/2003, em razão da gravidade das lesões, foi 
transferida para o Hospital Ossocenter em Duque de Caxias, onde realizou o 
tratamento cirúrgico, de redução de fratura do tornozelo esquerdo e colocação 
de placa de platina e sete parafusos. 
 
Afirma que ao deixar o hospital, em 14/12/2003, começou a sentir 
fortes dores na região craniana, sendo informada pelo enfermeiro do Hospital 
que tal fato seria decorrente da anestesia. 
 
Já em sua residência, sentindo muitas dores, entrou em contato 
com prepostos da Ré, sendo receitado via telefone medicamentos. Em 
22/12/2003 dirigiu-se ao Hospital Ossocenter para uma consulta de 
emergência, quando foi prescrita nova medicação. 
 
Em 26/12/2003 contatou novamente preposto da Ré, informando 
que seu estado havia piorado. Nesse momento, foi encaminhada à Clinica 
Qualimagem, da Ré, para realização de exames sendo em seguida, internada 
no Hospital Três Rios, recebendo alta apenas em 30/12/2003. 
 
Alega que a Ré após o acidente começou a custear as despesas 
da Autora, fornecendo quantia de R$ 135,00 por semana para a compra de 
medicamentos, o que ocorreu até fevereiro de 2004. 
 
Em março de 2004 começou a sentir fortes dores no membro 
inferior esquerdo, uma vez que os pontos cirúrgicos estavam inflamados. 
Nessa época, afirma que teve que arcar com as custas médicas. 
 
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Apelação Cível nº 0010740-94.2005.8.19.0209 
 
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Em 01/06/2004, com os pontos cirúrgicos abertos, entrou em 
contato com a Ré, sendo então encaminhada à Casa de Saúde Nossa Senhora 
de Nazaré, e após novos exames radiológicos, constatou-se a rejeição dos 
pontos e que consolidação da fratura, sendo necessária nova intervenção 
cirúrgica para a retirada da platina e dos parafusos. 
 
Defende que a partir de agosto de 2004 a Ré parou de prestar 
qualquer assistência financeira, e em setembro de 2004 como os pontos não 
tinham cicatrizados, foi encaminhada a um especialista em angiologia, 
passando a receber tratamento adequado. Afirma que as despesas totalizaram 
o valor de R$ 2.203,41 (dois mil duzentos e três reais e quarenta e um 
centavos). 
 
Pugna pela concessão da gratuidade de justiça e inversão do 
ônus da prova. 
 
Requer a condenação da Ré emdanos materiais, morais e 
estéticos, ao pagamento de todo o tratamento médico que venha a ser indicado 
em perícia médica, ao pagamento do período de incapacidade total temporária 
e pensionamento com constituição de capital garantidor. 
 
 Dos documentos acostados aos autos destacam-se, 
especialmente, laudo médico do dia do acidente (index 000028, fls. 10), 
prontuário médico (index 000028, fls. 11/45), recibos com remédios e fotos da 
Autora com a lesão (index 000028, fls. 132). 
 
Decisão deferindo a gratuidade de justiça (index 000166). 
 
Em sua defesa, a Ré preliminarmente requer a denunciação da 
lide da Real Previdência e Seguros S/A. No mérito, alega que ao contrário do 
alegado pela Autora, o evento ocorreu quando a mesma se dirigia para os 
vestiários centrais, localizados em frente da pisca com ondas, em um local com 
gramado. 
 
Afirma que havia um guardião da piscina próximo ao local, que 
presenciou o evento e se recorda que a Autora tropeçou e foi socorrida por ele 
 
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logo depois, devidamente transportada em cadeira de rodas para o posto 
médico e posteriormente transferida para hospital, quando foi constatada 
fratura em seu tornozelo. 
 
Aduz que desde o início deu toda a assistência necessária ao 
tratamento e recuperação da Autora, mas por se tratar de pessoa obesa, 
pesando em torno de 120 kgs, sua recuperação ficou prejudicada, não sendo 
razoável que a Ré arque eternamente com as despesas médicas com as quais 
não deu casa e que são agravadas por circunstancias pessoais da 
Demandante. 
 
Defende não ser verossímil a alegação de que o acidente ocorreu 
por suposto piso molhado no parque, uma vez que o local em que a Autora 
tropeçou é revestido de grama natural, não colocando em risco a vida de 
nenhum usuário. Esclarece que o parque, por explorar o ramo de diversões em 
piscinas e atrações com água, usa material antiderrapante, garantindo a 
segurança dos usuários. 
 
Defende que não são devidos danos materiais uma vez que arcou 
com todas as despesas relativas à recuperação da Autora, concedendo 
inclusive acompanhante 24 horas para auxiliá-la neste período. Sustenta que 
arcou com gastos referentes a duas intervenções cirúrgicas, fisioterapia, 
medicamentos em geral. 
 
Afirma ausência de nexo causal, não sendo devidos quaisquer 
danos. Pugna pela improcedência dos pedidos (index 000174). 
 
Dos documentos acostados pela Ré destacam-se os gastos 
arcados pelo parque com a Autora (index 000214). 
 
Em provas (index 000306). 
 
Petição da Ré requerendo a produção de prova oral, depoimento 
pessoal da Autora, documentação superveniente, prova pericial médica, de 
engenharia e inspeção judicial, manifestando-se favorável à audiência de 
conciliação (index 000312). 
 
 
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Petição da Autora entendendo desnecessária a audiência de 
conciliação, requerendo a inversão do ônus da prova, pugnando pela produção 
de prova oral, pericial médica e juntada superveniente de documentos (index 
000318). 
 
Decisão deferindo a denunciação da lide (index 000325). Autora 
que ingressou com Agravo de instrumento dessa decisão (index 000342), que 
restou provido. 
 
Saneador (index 000359): 
 
“DECLARO saneado o feito. 
Defiro a prova pericial médica requerida pela Ré e a seu 
cargo, nomeando perito do Juizo o Dr. Mouses 
Parseghian, telefones 2293-4193 e 9641-0978, que 
deverá ser intimado para oferecer sua proposta de 
honorários. 
Faculto às partes a indicação de assistentes técnicos e 
apresentação de quesitos, no prazo de 10 dias. 
O laudo deverá vir aos autos em vinte dias após a 
homologação, devendo o Dr. Perito apresentá-lo no 
formato indicado pelo cartório. 
Desde já fica o cartório autorizado a expedir o mandado 
de pagamento em favor do Dr. Perito, tão logo apresente 
este o laudo, abrindo-se vista do mesmo, a seguir, às 
partes. 
Defiro a prova oral requerida pela Ré, consubstanciada 
no depoimento pessoal da Autora, vendo vir aos autos o 
recolhimento das custas para a intimação no prazo de 
dez dias. 
Indefiro a prova pericial de engenharia e a inspeção 
judicial, por entendê-las desnecessárias para o deslinde 
da questão. 
Defiro a prova oral requerida pela autora, 
consubstanciada na oitiva das testemunhas por ela 
arroladas às fis. 206/207 devendo o cartório promover as 
intimações por Oficial de Justiça, quando da designação 
da AI J, observada a gratuidade de justiça deferida. 
 
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Defiro, ainda, a prova documental superveniente 
requerida pelas partes, devendo os aludidos documentos 
virem aos autos em até vinte dias antes da realização da 
AI J. que será oportunamente designada.” 
 
Embargos de Declaração da Ré (index 000362) do saneador, 
insurgindo-se contra o indeferimento das provas requeridas. 
 
Petição da Autora indicando assistente técnico (index 000365). 
 
Embargos de Declaração da Autora (index 000367) insurgindo-se 
contra o deferindo da prova pericial médica e contra omissão acerca da 
inversão do ônus da prova e produção de prova testemunhal. 
 
Decisão do juízo a quo acolhendo os embargos tão somente para 
deferir a produção de prova testemunhal. (index 000386). 
 
Formulação de quesitos pela Ré (index 000368). 
 
Agravo de instrumento da Ré contra decisão saneadora (index 
000370), que foi desprovido (index 000390). 
 
Decisão homologando os honorários periciais médicos em R$ 
3.800,00 (três mil e oitocentos reais). 
 
Agravo de Instrumento da decisão que homologou os honorários 
periciais (index 000414) que foi parcialmente provido (index 000425). 
 
Laudo pericial (index 000458). 
 
Impugnação ao laudo pela Ré (index 000483) 
 
Petição da Ré requerendo a juntada de parecer de seu assistente 
técnico (index 00486). 
 
Audiência de instrução e julgamento (index 000584). 
 
 
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Depoimento de testemunha da Ré (index 000702, fls. 12). 
Depoimento de testemunha da Autora (index 000739, fls. 14). 
 
Petição da Autora informando que seu quadro vem se agravando, 
evoluindo para uma “osteomielite por osteossintese de tornozelo esquerdo" e, 
atualmente, para uma "úlcera de estase", sendo-lhe indicada a "amputação no 
1/3 proximal da perna esquerda” requerendo a realização de perícia médica 
complementar (index 000755). 
 
Fotos da situação do tornozelo da Autora (index 000757). 
 
Despacho (index 000771): 
 
“Considerando a gravidade do estado em que se 
encontraa Autora na iminência de ter sua perna 
amputada, conforme comprovado às fis. 577, defiro nova 
perícia complementar de imediato (...)”. 
 
Embargos de Declaração da Autora alegando omissão uma vez 
que o juízo deixou de nomear perito em angiologia, especialista na área de 
cirurgia vascular (index 000777). 
 
Decisão do juízo a quo acolhendo os embargos (index 000787): 
 
“Recebo os embargos porque tempestivos. No mérito 
dou-lhes provimento, assiste razão a embargante, 
considerando que o fato noticiado se alterou reconsidero 
o despacho de fls. 583 e 587, devendo a nova perícia ser 
realizada pelo Sr. Marcus Humberto Tavares Gress, 
devendo ser intimado na Divisão de Perícias do Tribunal 
de Justiça. No mais mantenho a despacho”. 
 
Petição da Autora indicando assistente e apresentando quesitos 
(index 000794). 
 
Petição da Ré anexando diversas sentenças de outros processos 
judiciais que julgaram improcedente os pedidos de falha na prestação de 
 
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serviço. Alega, novamente, que os acidentes ocorrem por conduta descuidada 
e desatenta das próprias pessoas (index 00800/801). 
 
Petição da Ré anexando aos autos laudo de exame em local da 
atração “Rio Selvagem” realizado pelo instituto de criminalística Carlos Éboli 
bem como o laudo pericial referente a outro processo judicial (index 
000844/849). 
 
Petição da Autora retificando a indicação anterior para indicar 
como assistente técnico, o angiologista Dr. Julius Cesar Anchieta Mattos (index 
000923). 
 
Petição da Autora informando que foi indicado o tratamento de 40 
(quarenta) sessões de oxigenoterapia hiperbárica como última opção 
terapêutica disponível para evitar a amputação de parte do membro inferior 
esquerdo. Como o tratamento não está sendo realizado pela rede pública, 
requer que a Ré seja condenada a custear o tratamento. (index 000924). 
 
Decisão do juízo a quo (index 000930): 
 
“Trata-se de ação de indenização em razão de queda 
sofrida pela autora no parque da ré, o que ocasionou 
lesões, sendo certo que no curso do tratamento houve 
agravamento do quadro da autora, a qual encontra-se 
atualmente com o risco de amputação da perna 
esquerda. Consta laudo pericial médico às fls. 3341344, 
concluindo que a autora foi vítima de no acidente 
narrado. 
O feito encontra-se em fase de complementação da 
perícia. 
Considerando os documentos de fls. 7301733, a indicar a 
necessidade da autora a realizar tratamento hiperbárico o 
mais breve possível, a fim de se evitar a amputação da 
perna esquerda, e considerando ainda que o referido 
tratamento não se encontra disponível no SUS, entendo 
presentes os requisitos legais e defiro a tutela antecipada 
para determinar que o réu arque com o tratamento 
hiperbárico da autora, o qual é estimado em R$ 
 
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11.080,00, conforme orçamento de fis. 733, devendo 
efetuar o pagamento das sessões de que necessita a 
autora, em até 48 horas, mediante depósito nos autos da 
quantia supra referida, sob pena de multa diária de R$ 
300,00. Intime-se a parte ré pelo OJA de plantão. ” 
 
Petição da Ré formulando novos quesitos para a perícia médica 
(index 000936). 
 
Agravo de instrumento pela Ré (index 000938), que foi desprovido 
(index 000998). 
 
Petição da Autora informando que o tratamento não surtiu o efeito 
esperado, sendo agendada a cirurgia de amputação para o dia 25/03/2012 
(index 001056). 
 
Laudo pericial (index 001071). 
 
Agravo retido da Ré contra a decisão que fixou os honorários 
periciais (index 001128). Contrarrazões (index 001140). 
 
Petição da Autora informando que teve que amputar seu membro 
inferior esquerdo (index 001144). 
 
Despacho juízo a quo (index 001157): 
 
“Considerando fls. 922/925, a situação fática da Autora 
atualmente mudou, uma vez que foi submetida à 
amputação do membro inferior esquerdo. 
Com isso, nomeio em substituição o perito Dr° DAVID 
PASSY cadastro em relação deperito do SEJUD, com 
telefone n° 2267-8809 e 99368-0312, que deverá ser 
intimado para dizer se aceita o encargo e orçar seus 
honorários. ” 
 
Laudo pericial (index 001169). 
 
Autos remetidos ao Grupo de Sentença (index 001210). 
 
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Sentença de procedência prolatada pelo Juízo da 5ª Vara Cível 
da Barra da Tijuca, cujo dispositivo ora transcrevo (index 001215): 
 
“Diante do exposto, na forma do art. 487, inciso I, do novo 
Código de Processo Civil, JULGO PROCEDENTE o 
pedido contido na inicial, para: 
 
(1) Condenar o réu a pagar à autora, a pensão mensal 
vitalícia, à ordem de um salário mínimo nacional 
vigente, a partir do evento danoso, corrigido 
monetariamente, segundo os índices oficiais da CGJ-
RJ, a partir da publicação da presente e acrescido de 
juros de mora de 1 % (um por cento) ao mês, a contar 
da citação; 
(2) Condenar o réu a pagar à autora, a título de 
indenização por danos materiais, o valor de R$ 
2.376,06 (dois mil, trezentos setenta seis reais e seis 
centavos), acrescida de correção monetária, segundo 
os índices oficiais da CGJ-RJ, a contar das datas dos 
respectivos pagamentos e juros moratórios legais, a 
partir da citação; 
(3) Condenar o réu a custear todo o tratamento médico 
decorrente do evento ocorrido nas dependências do 
réu, sob pena de multa a ser fixada em sede de 
execução; 
(4) Condenar o réu a pagar à autora, a título de dano 
estético, o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil 
reais), corrigido monetariamente, segundo os índices 
oficiais da CGJ-RJ, a partir da publicação da presente 
e acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) 
ao mês, a contar da citação; 
(5) Condenar o réu a pagar à autora, a título de 
compensação por dano moral, o valor de R$ 
250.000,00 (duzentos cinquenta mil reais), corrigido 
monetariamente, segundo os índices oficiais da CGJ-
RJ, a partir da publicação da presente e acrescido de 
juros de mora de 1 % (um por cento) ao mês, a contar 
da citação. 
 
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Condeno, ainda, o réu ao pagamento das despesas 
processuais e honorários advocatícios, estes fixados 
em R$ 10.000,00 (dez mil reais), na forma do art. 85, 
§8º do novo CPC. Publique-se. Intimem-se. 
Transitada em julgado, dê-se baixa e arquivem-se, 
após cumpridas as formalidades legais. 
 
A Ré interpõe recurso de apelação arguindo cerceamento de 
defesa uma vez que a prova testemunhal não é a espécie probatória mais 
adequada para atestar a aderência do piso que revesteo chão. Afirma que não 
foi permitida a produção de prova técnica ou a inspeção judicial no local, não 
sendo permitido que a Ré demonstrasse a segurança do serviço prestado. 
 
Afirma que todo o parque tem o chão revestido por material 
poroso, que atua como antiderrapante, proporcionando segurança aos 
usuários. A ausência de prova técnica inviabilizou a defesa da Ré. 
 
Defende a necessidade de decretação de nulidade da sentença 
com a conversão do processo em diligencia para a produção de prova técnica 
ou inspeção judicial, que foi requerida em momento oportuno pela Demandada, 
porem indeferido pelo juízo a quo. Anexa aos autos 05 (cinco) laudos periciais 
realizados em outras demandas judiciais que atestam a segurança do local. 
 
No mérito, alega que a Autora levou um tombo porque escorregou 
na grama, inexistindo qualquer falha imputável às atrações, equipamentos ou 
funcionários da Ré. Sustenta que a Autora só escorregou porque andava 
apressadamente sobre a grama e não sobre o caminho com antiderrapante. 
Afirma que a queda resultou em lesão no tornozelo esquerdo da Autora e, 
depois de prestada a devida assistência ambulatorial no local com o tratamento 
adequado, não restaram quaisquer sequelas. 
 
Ressalta que o evento ocorreu em 2003, sendo que a Autora 
anexou aos autos em 26/04/2011 laudo médico indicando necessidade de 
amputação do membro inferior esquerdo, no entanto, não restou demonstrado 
relação direta e imediata com o evento danoso. Sustenta que “o presente laudo 
pericial de fls. 858/866, expõe com clareza as diferenças entre as 
consequências diretas do tombo ocorrido e as consequências diretas do 
 
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tratamento ortopédico recebido, de responsabilidade dos médicos e clinicas 
que a receberam. ” (textual) 
 
Caso não seja reconhecida a culpa exclusiva da vítima, impõe-se 
o reconhecimento da concorrência de causas, sendo imperiosa a redução da 
vernas indenizatórias (index 001225). 
 
Por sua vez, a Autora interpõe recurso de apelação no qual afirma 
que após o procedimento cirúrgico, passou a apresentar fortes dores na região 
craniana, solicitando auxilio junto a Ré, sendo internada duas vezes. Afirma 
que a Ré passou a custear o fornecimento dos medicamentos necessários ao 
tratamento do Autora, assim como sessões de fisioterapia. 
 
No entanto, foi constatado que os pontos cirúrgicos da Autora 
estavam inflamados, sendo necessário novo atendimento de março de 2004. 
Após, foi diagnosticada a rejeição dos pontos, tendo a fratura se consolidada, 
sendo necessário novo procedimento cirúrgico, em 08/06/2004. 
 
Aduz que a Ré, ciente de sua responsabilidade, arcou com as 
consultas, procedimentos cirúrgicos, medicamentos e sessões de fisioterapia 
até agosto de 2004, no entanto, parou de prestar auxilio a Autora nessa época, 
o que fez com que a mesma arcasse com as despesas médicas decorrentes do 
acidente. 
 
Defende que realizada a prova pericial médica, restou 
demonstrado o nexo de causalidade entre o evento danoso e a lesão sofrida, 
sendo atestado sua incapacidade total temporária pelo período de 45 dias. 
Pugna pela majoração da verba indenizatória fixada referente ao dano estético, 
uma vez que o valor de R$ 200.000,00 não se mostra compatível com o 
consignado pelo perito, que atestou ser dano estético de grau máximo com 
imputação de membro. 
 
Ademais, sustenta que não foi fixada a constituição de capital 
garantidor necessário para assegurar o pagamento das prestações vincendas. 
Requer, ainda, a majoração dos honorários de sucumbência, ao argumento de 
que o valor de R$ 10.000,00 fixado pelo juízo a quo é inaplicável ao caso 
 
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concreto, devendo ser observada a fixação entre 10 a 20% do valor da 
condenação (index 001253). 
 
Despacho nos seguintes termos (index 001274): 
 
“1- Considerando a decisão de fls. 946, determinando 
que os honorários periciais sejam arcados pelo vencido 
ao final, tendo sido o Réu condenado, desentranhe-se fi. 
1003 e autue-se como cumprimento provisório de 
sentença; 
2- Ao apelado. Após, com ou sem contrarrazões 
devidamente certificadas, subam ao E TJ, com as nossas 
homenagens. ” 
 
Contrarrazões da Autora (index 001275). 
 
Petição da Ré requerendo a juntada de laudo elaborado por 
assistente técnico, demonstrando que o piso do parque aquático é composto 
de material antiderrapante (index 001301). Laudo (index 001303). 
 
 
VOTO 
 
Em juízo de admissibilidade, reconheço a presença dos requisitos 
extrínsecos e intrínsecos, imprescindíveis à interposição dos recursos de 
apelação. Deixo de conhecer o Agravo Retido da Ré acerca da decisão que 
fixou os honorários periciais uma vez que não foi reiterado em apelação. 
 
Inicialmente, rejeita-se o pedido de juntada de novos 
documentos pela parte Ré. 
 
Trata-se de requerimento em momento processual totalmente 
inoportuno, uma vez que os documentos que a Recorrente pretende anexar 
aos autos poderiam ter sido apresentados ao longo da instrução processual. 
 
 
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Ademais, depreende-se que a documentação não se mostra 
necessária para o deslinde da causa, tendo em vista que se trata de perícia 
realizada no local anos após o acidente que ora se analisa. 
 
Do mesmo modo, rejeita-se o pedido de conversão do feito 
em diligência. Isso porque, passados quase 15 (dez) anos da data do acidente 
e 13 (treze) anos da propositura da demanda, não se revela razoável a 
anulação da sentença e a determinação de realização de perícia ou inspeção 
judicial, devido à provável alteração do local após o fato ora examinado. 
 
Afasta-se, também, a alegação de cerceamento de defesa. 
 
A questão acerca da instrução probatória foi objeto de análise ao 
longo do processo, tendo o assunto transitado em julgado. 
 
A alegação de que não foi possível a defesa da Ré ao argumento 
de que foi negada a produção de prova pericial não merece acolhimento, haja 
vista que os fatos alegados pela Demandada poderiam ter sido provados por 
outros meios, como provas do local à época, filmagens e depoimentos de 
funcionários e pessoas que estavam no parque na hora do acidente. 
 
A presente demanda foi instruída ao longo de mais de 13 anos, 
estando madura para julgamento. 
 
Passa-se à análise do mérito. 
 
Cinge-se a controvérsia acerca da responsabilidade civil em 
decorrência de queda sofrida por consumidora durante visita ao parque 
aquático Rio Water Planet. 
 
Trata-se de demanda indenizatória na qual a Autora pugna pela 
reparação moral, material e estética da Ré em razão de acidente sofrido em 
suas dependências. 
 
Após realizar algumas cirurgias em seu tornozelo em razão de 
queda de sua própria altura, foi necessária a amputação de membro da Autora. 
Prolatada sentença de procedência, insurgem-se ambasas partes da decisão. 
 
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Inicialmente, cumpre asseverar que a relação mantida entre as 
partes é de consumo, razão pela qual aplicam-se à hipótese as normas e 
princípios do Código de Defesa do Consumidor. 
 
Com efeito, em se tratando de relação de consumo, o fornecedor 
do serviço responde pelos danos causados ao consumidor de forma objetiva, 
nos moldes do art. 14 do CDC, somente excluindo sua responsabilidade nos 
casos previstos no § 3º do mesmo dispositivo legal: 
 
Art. 14 O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por 
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como 
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos. 
(...) § 3° O fornecedor de serviços só não será 
responsabilizado quando provar: 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
Preenchidos os requisitos necessários para reconhecer a 
responsabilidade civil objetiva e não demonstrando o fornecedor culpa 
exclusiva da vítima ou de terceiro ou inexistência de defeito, existirá o dever de 
reparar os danos. 
 
Nessa esteira, relembre-se que a responsabilidade civil objetiva 
caracteriza-se pela demonstração de três requisitos: conduta (ação ou 
omissão), dano e nexo de causalidade, não sendo exigido, portanto, a 
demonstração da culpa do agente. 
 
No caso dos autos, é incontroverso que a Autora se acidentou 
enquanto estava nas dependências da Ré, recebendo atendimento médico 
dentro e fora do parque. 
 
Por certo, a Autora encontrava-se no estabelecimento da Ré com 
a intenção de usufruir um dia de diversão e descanso com seus familiares. No 
entanto, devido à falha na prestação do serviço, sofreu fratura em seu 
 
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tornozelo esquerdo e necessitou ser internada, a fim de se submeter à 
intervenção cirúrgica. 
 
Assim, em decorrência de sua atividade e dos riscos a ela 
inerentes, a Ré está obrigada a prover a segurança de seus clientes, tanto em 
relação aos serviços que disponibiliza, quanto à preservação da incolumidade 
física de seus consumidores. 
 
Destarte, cabe à Ré o dever de adotar todas as providências de 
fiscalização regular para que o ambiente e instalações de seu parque não 
coloquem em risco a integridade física dos clientes. Não tendo a fornecedora 
logrado êxito em demonstrar culpa exclusiva da consumidora ou de terceiro, 
persiste a responsabilidade da Ré em reparar os danos no caso em análise. 
 
Ocorre que persiste a controvérsia acerca da extensão da 
responsabilidade da Ré, impondo-se a análise de possível rompimento de 
nexo causal em razão de grave complicação pós-operatória tardia em cirurgia 
(osteomielite). 
 
Para tanto, faz-se necessária uma breve análise acerca das 
teorias ventiladas em nosso ordenamento jurídico. 
 
Por certo, o nexo de causalidade ou nexo causal constitui o 
elemento imaterial ou virtual da responsabilidade civil, constituindo a relação de 
causa e efeito entre a conduta culposa ou o risco criado e o dano suportado por 
alguém. De acordo com a doutrina de Sérgio Cavalieri Filho1: 
 
“trata-se de noção aparentemente fácil, mas que, na 
prática, enseja algumas perplexidades (...). O conceito de 
nexo causal não é jurídico; decorre das leis naturais. É o 
vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a 
conduta e o resultado” 
 
Inicialmente, tem-se a teoria da equivalência das condições, 
elaborada por Von Buri para o direito penal. Segundo essa teoria, o intérprete 
 
1 CAVALIERI FILHO, Sérgio – Programa de Responsabilidade Civil, editora Atlas, 2014, p. 61). 
 
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deve perquirir todas as situações que tenham colaborado para o dano, 
incluindo-as no âmbito da relação de causalidade. 
 
Por sua vez, na teoria da causalidade adequada, a investigação 
do nexo que liga o resultado danoso ao agente infrator é indispensável para 
que se possa concluir pela responsabilidade jurídica. 
 
Somente será possível responsabilizar alguém cujo 
comportamento houvesse dado causa ao prejuízo. Aqui, há que se perquirir 
qual a causa que se mostrou mais relevante para a efetivação do dano. 
 
O ponto central para o correto entendimento desta teoria consiste 
no fato de que somente o antecedente abstratamente apto à determinação do 
resultado, segundo um juízo razoável de probabilidade, em que conta a 
experiência do julgador, será considerado causa. 
 
Na causalidade adequada, não se considera causa “toda e 
qualquer condição que haja contribuído para a efetivação do resultado”, mas 
apenas o antecedente abstratamente idôneo à produção do efeito danoso. De 
acordo com Sergio Cavalieri, “causa, para ela, é o antecedente, não só 
necessário, mas, também adequado à produção do resultado. Logo, nem todas 
as condições serão causa, mas apenas aquela que for mais apropriada para 
produzir o evento”: 
“ (...) se alguém retém ilicitamente uma pessoa que se 
apressava para tomar certo avião, e teve, afinal, de pegar 
um outro, que caiu e provocou a morte de todos os 
passageiros, enquanto o primeiro chegou sem incidente 
ao aeroporto de destino, não se poderá considerar a 
retenção ilícita do indivíduo como causa (jurídica) do 
dano ocorrido, porque, em abstrato, não era adequada a 
produzir tal efeito, embora se possa asseverar que este 
(nas condições em que se verificou) não se teria dado se 
não fora o ilícito. 
A ideia fundamental da doutrina é a de que só há uma 
relação de causalidade adequada entre o fato e o dano 
quando o ato ilícito praticado pelo agente seja de molde a 
 
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provocar o dano sofrido pela vítima, segundo o curso 
normal das coisas e a experiência comum da vida”.2 
 
Por fim, pela teoria da causalidade direta ou imediata3 
desenvolvida no Brasil pelo professor Agostinho Alvim, “causa” seria o 
antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessariedade ao resultado 
danoso, determina este último como uma consequência sua, direta e imediata. 
 
A teoria do dano direto e imediato esclarece que somente é 
passível de reparação o dano que for direta e imediatamente causado pelo 
comportamento do ofensor, afastando situações de prejuízos remotos, assim 
como fatos posteriores que interrompam a relação de causalidade, advindo daí 
a concepção de teoria da interrupção do nexocausal. 
 
Em que pese sejam as duas últimas teorias extremamente 
semelhantes, filio-me à teoria da causalidade direta ou imediata, adotada pelo 
Código Civil de 2002: 
 
“Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do 
devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos 
efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e 
imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.” 
 
Feitas essas ponderações, passo à análise das provas dos autos. 
 
O primeiro laudo pericial realizado em dezembro de 2007 concluiu 
que (index 000458): 
 
“(...) Periciada comparece ao exame mostrando-se lúcida 
e orientada no tempo e no espaço, respondendo 
coerentemente ao que lhe é perguntado, não 
evidenciando sinais e/ou sintomas de natureza neuro 
psíquicos relacionados com o acidente. 
 
2 CAVALIERI FILHO, Sérgio - Programa de Responsabilidade Civil, 2. ed., São Paulo: 
Malheiros, 2000, p. 51 
3 ou teoria da causalidade necessária ou teoria do dano direto e imediato. – DE MELO, Marco 
Aurélio Bezerra – DIREITO CIVIL – RESPONSABILIDADE CIVIL. 2017, ed. Forense. Pagina 
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No momento queixa-se de dores na região lesionada. 
Seu Exame Físico revela: Membro Inferior Esquerdo, 
Sinais de insuficiência venosa crônica. Presença de zona 
de retração cicatricial medindo cerca de 8 cm x 5 cm, 
localizada na face lateral externa da perna em terço 
inferior, hipercromica e dolorosa ao toque; Não há saída 
de secreções. 
Ausência de mioatrofias, encurtamentos, desvios ósseos 
ou abaulamentos a ectoscopia. 
Musculatura do membro preservada. 
Movimentos articulares do tornozelo são realizados sem 
limitações. Força muscular e capacidade funcional 
mantidos. Marcha normal. 
PERÍODO DE INCAPACIDADE TOTAL TEMPORÁRIA 
Este período é estimado em 45 ( quarenta e cinco ) 
meses e corresponde ao tempo que a Autora 
permaneceu em tratamento face as lesões sofridas no 
acidente em questão até a sua alta em 06/09/07. 
VII - CONCLUSÃO E AVALIAÇÃO 
Tendo em vista o que foi apurado no Exame Pericial 
realizado; conclui-se que a Autora foi vítima no 
acidente narrado na Inicial, tendo sofrido lesões já 
definidas nos itens anteriores do presente laudo 
pericial que mereceram tratamento ortopédico e 
fisioterápico bem aplicados que tiveram boa 
evolução, não restando a mesma sequelas que a 
tornem incapacitada para suas atividades habituais 
e/ou laborativas. 
(...) Deverá fazer parte da indenização verba 
relacionada ao Dano estético apresentado pela 
Autora que na opinião deste signatário situa-se em 
grau mínimo, cabendo a quantificação do referido dano 
ser apreciada pela M. M. Julgadora conforme o seu 
entendimento e no momento oportuno. 
(...) 03 - Tais lesões guardam correspondência com os 
fatos narrados na Inicial, sendo possível estabelecer-se o 
nexo causal entre ambos? R. Sim. 
(...) 06 - Tais lesões são de caráter permanente? R.: A 
Autora apresenta seqüelas cicatriciais a nível do membro 
 
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 RVRGB 
inferior esquerdo, estando preservadas as funções do 
membro.” (grifos nossos) 
 
 No entanto, passado os anos e com o agravamento da perna da 
Autora, foi determinada nova perícia médica que concluiu que a piora 
significativa no quadro de saúde da Autora foi indiretamente causado pela 
queda de sua própria altura, tendo em vista o quadro de osteomielite crônica do 
tornozelo esquerdo, caracterizando-a como grave complicação pós-operatória 
tardia da cirurgia ortopédica (index 001071): 
 
“ (...) 2. Queira o ilustre perito descrever o atual estado 
do membro inferior esquerdo da autora, esclarecendo se 
tal fato foi causado e/ou agravado pela fratura e lesões 
sofridas em dezembro de 2003. 
O atual estado do membro inferior esquerdo da 
autora (tecnicamente pormenorizado no item EXAME 
FÍSICO, na 2a e 3a páginas do presente laudo pericial, e 
ilustrado pelas fotos anexas) foi indiretamente causado 
pela queda da própria altura e fratura sofridos em 
07/12/2003, tendo em vista que o quadro atual de 
osteomielite crônica do tornozelo esquerdo com fístula 
cutânea (CID M86.4) é uma grave complicação pós-
operatória tardia da cirurgia ortopédica realizada para a 
correção da referida fratura. 
(...) 
QUESITOS FORMULADOS ÀS FLS. 738 1739 PELO 
RÉU: 1. Queiram os Drs. Peritos esclarecer se a lesão 
física informada pela Autora às fls. 572/573 decorre de 
doença vascular crônica que foi constatada e confirmada 
pelo perito quando responde ao quesito n° 7 (formulado 
pela autora) às fl. 341 dos autos. 
Não. A lesão informada pela autora decorre da presença 
de osteomielite crônica do tornozelo esquerdo com fístula 
cutânea (CID M86.4), grave complicação infecciosa pós-
operatória tardia da cirurgia ortopédica realizada para a 
correção da fratura ocorrida em dezembro de 2003. 
(...) 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
 
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 RVRGB 
1. O aspecto atual do ferimento da perna esquerda da 
autora é semelhante ao ilustrado nas fls. 574 e 575 do 
processo (0412011). 
2. O extenso ferimento que a autora apresenta no seu 
membro inferior esquerdo foi indiretamente causado pela 
queda da própria altura e fratura fechada bimaleolar do 
tornozelo esquerdo (CID I82. 5 e I82.6) sofridos em 
07/12/2003, tendo em vista que o quadro atual de 
osteomielite crônica do tornozelo esquerdo com fístula 
cutânea (CID M86.4) é uma grave complicação pós-
operatória tardia da cirurgia ortopédica realizada para a 
correção da referida fratura. 
3. De maneira coadjuvante, também conspira para a 
persistência da ferida a insuficiência venosa crônica 
secundária (CID I83.2) que a autora apresenta, sendo ela 
conseqüência da anquilose (rigidez articular) do tornozelo 
também causada pela grave fratura prévia e pela 
osteomielite atual. 
4. A autora não apresentava afecção vascular venosa 
antes da fratura do tornozelo esquerdo e seu tratamento 
cirúrgico.” (grifos nossos) 
 
Em que pese a realização de tratamento de oxigenação 
hiperbárica, foi necessária a amputação do membro inferior da Autora em 
14/05/2013, sendo então, realizada nova perícia (index 001169): 
 
“(...) V- O EXAME FÍSICO DIRECIONADO 
DEMONSTROU: 
Membro superior esquerdo: Cicatriz com marcas de 
pontos localizada na face ventral, medindo 240mm de 
comprimento apresenta uma área de 70x90 mm 
compatível com enxertia cutânea. Sequela decorrente de 
retirada de retalho microcirúrgico para reconstrução do 
membro inferior esquerdo. 
Membro inferior esquerdo: Amputação transtibial ao nível 
do 1/3 superior da perna esquerda. 
V- CONCLUSÃO DO EXAME CLÍNICO: 
O Autor apresenta uma debilidade funcional em grau 
elevado na função da marcha do membro inferior 
 
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esquerdo (amputação) e deformidades cicatriciais, 
decorrentes do acidente descrito na inicial. 
VIII- CONCLUSÃO. 
Há caracterização do nexo causal, informando que houve 
lesão no autor. 
O Autor apresenta uma debilidade funcional em grau 
elevado na função da marcha do membro inferior 
esquerdo e deformidades cicatriciais, decorrentes do 
acidente descrito na inicial. 
Apresenta dano estético de grau máximo. 
De acordo com o disposto na tabela portaria N°4 de 
11/06/ 1959, a Autora tem um percentual permanente de 
invalidez de 95%. 
Perda do terço médio da coxa ao terço superior da perna 
inclusive=65%. 
Prejuízo estético em grau máximo: 30% 
a) Das incapacidades - A Autora está impossibilitada de 
exercer sua atividade laboral declarada. 
b) Dos tratamentos - A Autora foi corretamente tratada. A 
sequela está estabilizada e é definitiva. (...)” (grifos 
nossos) 
 
Feitas esses esclarecimentos, é importante ressaltar que a 
amputação do membro da Autora ocorreu devido à osteomielite4, que é, por 
definição, um quadro inflamatório que afeta um ou mais ossos, 
geralmente provocado por infecção bacteriana ou fúngica. 
 
A osteomielite pode permanecer localizada ou difundir-se pela 
corrente sanguínea, comprometendo outras partes do osso e tecidos do corpo. 
 
A contaminação bacteriana pode ocorrer se a pessoa 
quebrou um osso, principalmente quando o caso é de fratura exposta. 
Pode-se contrair a doença também durante cirurgias. 
 
Nesse ponto, tem-se que a eclosão do processo infeccioso 
(osteomielite) pode ser considerado como um desdobramento eventualmente 
previsível de procedimento cirúrgico, o que a doutrina convencionou chamar de 
 
4 https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/osteomielite/ 
https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/osteomielite/
 
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risco inerente, ao tratar da responsabilidade civil médica. Conforme nos ensina 
Sérgio Cavalieri Filho: 
“Risco inerente ou periculosidade latente é o risco 
intrínseco, atado à sua própria natureza, qualidade da 
coisa, ou modo de funcionamento”5 
 
Esta Corte Estadual já se manifestou nesse sentido, no 
julgamento da Apelacão Cível nº 0001008-64.2006.8.19.0012 de Relatoria do 
Des. Marcelo Buhatem: 
 
APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO ADMINISTRATIVO - 
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA - PLEITO DE 
DANOS MATERIAIS E MORAIS - AUTOR APELANTE 
QUE ALEGA TER SIDO ACOMETIDO DE GRAVE 
PROCESSO INFECCIOSO, APÓS COLOCAÇÃO DE 
PRÓTESE DE MÁ-QUALIDADE EM SEU FÊMUR 
ESQUERDO EM HOSPITAL MUNICIPAL. LAUDO 
PERICIAL QUE DEIXOU ENTREVER QUE O FATO DE 
TER HAVIDO UMA FRATURA EXPOSTA, DE PER SI, 
JÁ POSSIBILITA, AINDA QUE TOMADOS OS DEVIDOS 
CUIDADOS E PRECAUÇÕES MÉDICAS, A 
INSTALAÇÃO DE INFECÇÃO ÓSSEA – PRESENÇA DE 
OSTEOMIELITE - RISCO INERENTE. AUSÊNCIA DE 
COMPROVAÇÃO DO NEXO CAUSAL ENTRE A AÇÃO 
ESTATAL E O DANO ALEGADO PELO 
ADMINISTRADO - SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA 
QUE SE MANTÉM. 1. Cinge-se a controvérsia quanto à 
responsabilidade civil do Estado, por danos materiais 
e morais, decorrente de processo infeccioso pós-
cirúrgico, que acometeu o autor depois da colocação 
de uma prótese em seu fêmur esquerdo no Hospital 
Municipal Celso Martins. 2. A responsabilidade civil que 
se imputa ao Estado por ato danoso de seus prepostos é 
objetiva (art. 37, §6º, CF), impondo-lhe o dever de 
indenizar se severificar dano ao patrimônio de outrem e 
nexo causal entre o dano e o comportamento do 
preposto. 3. Consoante doutrina José dos Santos 
Carvalho Filho: "A marca da responsabilidade objetiva é a 
 
5 In Programa de Responsabilidade Civil, p. 387 
 
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desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar 
a existência da culpa do agente ou do serviço. O fator 
culpa, então, fica desconsiderado com pressupostos da 
responsabilidade objetiva (...)", sendo certo que a 
caracterização da responsabilidade objetiva requer, 
apenas, a ocorrência de três pressupostos: a) fato 
administrativo: assim considerado qualquer forma de 
conduta comissiva ou omissiva, legítima ou ilegítima, 
singular ou coletiva, atribuída ao Poder Público; b) 
ocorrência de dano: tendo em vista que a 
responsabilidade civil reclama a ocorrência de dano 
decorrente de ato estatal, latu sensu; c) nexo causal: 
também denominado nexo de causalidade entre o fato 
administrativo e o dano, consectariamente, incumbe ao 
lesado, apenas, demonstrar que o prejuízo sofrido adveio 
da conduta estatal, sendo despiciendo tecer 
considerações sobre o dolo ou a culpa. 4. Assim, 
caracterizada a hipótese de responsabilidade objetiva do 
estado, impõe-se ao lesado demonstrar: a ocorrência do 
fato administrativo (colocação de prótese infectada), a 
ocorrência do dano (osteomielite crônica em fêmur 
esquerdo com grave encurtamento de membro inferior) e, 
finalmente, o nexo causal (que o grave processo 
infeccioso decorreu da colocação de prótese infectada no 
hospital municipal), para só então ver responsabilidade o 
ente estatal. 5. Deveras, na hipótese vertente, o laudo 
pericial deixou entrever que o fato de ter havido fratura 
exposta, de per si, já permite, ainda que tomados os 
devidos cuidados e precauções médicas, seja instalada 
infecção óssea, no caso a osteomielite. 6. Há 
respeitáveis opiniões que sustentam que a eclosão 
do processo infeccioso (osteomielite) pode ser 
considerada como um desdobramento previsível do 
tratamento da fratura exposta, o que a doutrina 
convencionou chamar de risco inerente, ao tratar da 
responsabilidade civil médica. 7. Conforme nos 
ensina Sérgio Cavalieri Filho: “Risco inerente ou 
periculosidade latente é o risco intrínseco, atado à 
sua própria natureza, qualidade da coisa, ou modo de 
funcionamento” 8. Importando a doutrina do risco 
 
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inerente para o caso em exame, vê-se que este foi o 
motivo pelo qual o expert do Juízo concluiu o laudo 
pericial, afirmando que não ser possível definir se o 
resultado final das lesões suportadas pelo autor se deve 
a gravidade destas ou da conduta adotada pelos 
profissionais que o trataram, nem sequer se a qualidade 
inferior ou não do material empregado na cirurgia tenha 
sido causa exclusiva do resultado final, restando 
configurada situação de uma intercorrência, que nem 
sempre é resultado insatisfatório de uma intervenção 
médica, cirúrgica ou não. 9. Logo, não demonstrado o 
nexo causal entre o ato estatal e o dano alegado pelo 
administrado, corretaa sentença ao julgar improcedente 
o pedido, de modo a excluir a responsabilidade do Estado 
pelo evento danoso que acometeu o autor.” (grifos 
nossos) 
 
Destaca-se o seguinte trecho do referido acórdão: 
 
“ (...) Conforme nos ensina Sérgio Cavalieri Filho: “Risco 
inerente ou periculosidade latente é o risco intrínseco, 
atado à sua própria natureza, qualidade da coisa, ou 
modo de funcionamento”. 
Essa regra é perfeitamente aplicável aos serviços 
médico-hospitalares e própria para resolver os mais 
intrincados problemas que nessa área possam surgir. 
Não respondem os médicos, nem os hospitais, pelos 
riscos inerentes à sua atividade porque casos tais 
não haverá defeito no serviço. A cirurgia de uma 
pessoa idosa – ou mesmo outros tipos de cirurgia ou 
tratamentos –, por si só representa riscos que não podem 
ser eliminados; são riscos normais e previsíveis que não 
decorrem de nenhum defeito.” (grifos nossos) 
 
Nesse sentido, eventual infecção relacionada com os serviços de 
saúde não indica, necessariamente, que a equipe médica tenha cometido um 
erro na assistência prestada ao paciente. 
 
 
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Por certo, nenhuma cirurgia é isenta de complicações. Ocorre 
que a osteomielite é hipótese de risco inerente da atividade médica, não 
podendo, portanto, ser fundamento para responsabilizar o parque aquático por 
falha na prestação de serviços. 
 
Lembre-se. A presente demanda não tem como finalidade discutir 
eventual falha ou erro médico. 
 
Busca-se aqui analisar a responsabilidade civil do parque 
aquático em decorrência de queda sofrida por uma de suas consumidoras 
dentro de suas dependências e os danos daí advindos. 
 
Em que pese a amputação de parte da perna esquerda da Autora 
seja uma fatalidade, não se mostra possível responsabilizar a Ré por este fato, 
sendo cabível a reparação material, moral e estética até a realização da 
cirurgia, quando da realização da primeira prova pericial em 2007, aplicando-se 
assim a teoria da causalidade direta ou imediata, segundo a qual é passível de 
reparação o dano que for direta e imediatamente causado pelo comportamento 
do ofensor, afastando situações de prejuízos indiretamente relacionadas ao 
fato danoso, como é o caso da osteomielite. 
 
Com efeito, a osteomielite, caracterizada como risco inerente da 
atividade médica, rompe o nexo de causalidade, não podendo ser a Ré 
responsabilizada pela amputação. 
 
Nessa esteira, são devidos danos morais à Autora, sendo 
evidente os transtornos sofridos durantes anos, em verdadeira via crucis na 
qual a Demandante era encaminhada para diversos e diferentes nosocômios, 
para tratar da fratura em seu tornozelo. 
 
Entendeu o juízo a quo pela fixação de danos morais no valor de 
R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). No entanto, considerando o 
rompimento do nexo causal acima esclarecido, impõe-se sua redução para R$ 
200.000,00 (duzentos mil reais), compatível com a extensão da 
responsabilidade da Ré. 
 
 
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O quantum indenizatório deve atentar para a extensão, gravidade 
e repercussão do sofrimento da vítima, e deve estar em consonância com os 
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sem que ocorra na hipótese 
enriquecimento indevido. 
 
No que se refere a condenação em danos materiais, impõe-se a 
manutenção da sentença nessa parte, uma vez que a Autora demonstrou os 
gastos com seu tratamento no valor de R$ 2.376,06, tal como salientado pelo 
juízo a quo. 
 
Impõe-se reforma parcial na reparação por dano estético, uma 
vez que a amputação não pode ser atribuída como responsabilidade da Ré. 
 
Destarte, a cirurgia realizada após a queda da Autora, deixou-a 
com cicatriz visível em seu corpo, sendo cabível portanto a reparação 
equivalente ao dano estético naquele momento sofrido. Confira-se: 
 
“(...) VII - CONCLUSÃO E AVALIAÇÃO 
Tendo em vista o que foi apurado no Exame Pericial 
realizado; conclui-se que a Autora foi vítima no 
acidente narrado na Inicial, tendo sofrido lesões já 
definidas nos itens anteriores do presente laudo 
pericial que mereceram tratamento ortopédico e 
fisioterápico bem aplicados que tiveram boa 
evolução, não restando a mesma sequelas que a 
tornem incapacitada para suas atividades habituais 
e/ou laborativas. 
(...) Deverá fazer parte da indenização verba 
relacionada ao Dano estético apresentado pela 
Autora que na opinião deste signatário situa-se em 
grau mínimo, cabendo a quantificação do referido dano 
ser apreciada pela M. M. Julgadora conforme o seu 
entendimento e no momento oportuno. (...) (grifos 
nossos) (index 000458). 
 
In casu, em atenção as peculiaridades do caso, mostra-se 
adequada a fixação de condenação à título de dano estético o valor de R$ 
 
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70.000,00 (setenta mil reais), compatível com a cicatriz mencionada na perícia 
médica. 
 
Reforma-se parcialmente a sentença no que se refere ao 
pensionamento concedido, já que afastada a responsabilidade da Ré quanto a 
amputação, impõe-se a sua limitação ao período que a Autora fixou 
incapacitada segundo a primeira pericia, incidindo à hipótese a súmula 490 
STF6: 
 
“(...) VI - PERÍODO DE INCAPACIDADE TOTAL 
TEMPORÁRIA 
Este período é estimado em 45 (quarenta e cinco) meses 
e corresponde ao tempo que a Autora permaneceu em 
tratamento face as lesões sofridas no acidente em 
questão até a sua alta em 06/09/07. ” (index 000458, fls. 
7). 
 
Por certo, não sendo devida o pensionamento vitalício, 
descabida a constituição de capital garantidor. 
 
Por fim, impõe-se a reforma da condenação em honorários 
advocatícios, incidindo à hipótese o disposto no art. 85, §2º do CPC7. 
 
Dessa forma, em atenção às regras estabelecidas no art. 85, § 2º 
do CPC, observando as peculiaridades do caso, o grau de zelo profissional, a 
natureza e importância da causa assim como o trabalho realizado pelo 
advogado e o tempo exigido para o seu serviço, entendo razoável fixar os 
honorários advocatícios em 10% sobre o valor da condenação. 
 
Por tais fundamentos, VOTO NO SENTIDO DE 
 
 
6 SUMULA 490 STF: A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil 
deve ser calculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às 
variações ulteriores. 
7 “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. (...) 
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o 
valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre 
o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de 
prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo 
advogado e o tempo exigidopara o seu serviço.” 
 
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- NÃO CONHECER O AGRAVO RETIDO; 
 
- DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DA AUTORA 
tão somente para reformar a condenação em honorários advocatícios, 
fixando-os em 10% sobre o valor da condenação na forma do art. 85, § 2º 
do CPC; 
 
-DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DA RÉ para: 
 
a) reduzir a reparação por dano moral para R$ 
200.000,00 (duzentos mil reais); 
b) reduzir a reparação por dano estético para R$ 
70.000,00 (setenta mil reais) ; 
c) limitar o pensionamento devido para 45 meses. 
 
Rio de janeiro, 12 de fevereiro de 2019 
 
Desembargadora DENISE NICOLL SIMÕES 
Relatora 
 
		2019-02-12T18:13:19-0200
	GAB. DES(A) DENISE NICOLL SIMOES

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