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CULTURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Teste QUESTIONÁRIO UNIDADE I · · Pergunta 1 0,3 em 0,3 pontos A Antropologia Cultural é um ramo da Antropologia que estuda a composição das sociedades, isto é, a formação de todas as culturas que compõem a humanidade em sua diversidade histórica e geográfica. Assim sendo, como ciência, a Antropologia Cultural ocupa-se da análise das diferenças culturais. Entre outras coisas, essa corrente de estudos foi capaz de evidenciar que: Resposta Selecionada: e. As formas de comportamento e de vida em sociedade que tomávamos por inatas são, na realidade, o produto de escolhas culturais; daí a capacidade de os seres humanos se diferenciarem uns dos outros pelos costumes, línguas, modos de conhecimento, instituições etc. Respostas: a. O homem tem seus modos de vida e formas de organização social idênticos por toda parte do globo terrestre. b. As formas de comportamento e de vida em sociedade são espontâneas e inatas aos indivíduos. c. O homem, assim como os demais animais, tem uma inaptidão à variação cultural. d. As formas de comportamento e de vida, os jeitos de ser, de fazer, de pensar, de comer, de rezar, andar, dormir etc., são universais à espécie humana e por isso se manifestam sem quaisquer diferenças entre os povos da humanidade. e. As formas de comportamento e de vida em sociedade que tomávamos por inatas são, na realidade, o produto de escolhas culturais; daí a capacidade de os seres humanos se diferenciarem uns dos outros pelos costumes, línguas, modos de conhecimento, instituições etc. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É certo o que se afirma na alternativa E. A Antropologia Cultural, ao longo dos seus desdobramentos, evidenciou que aquilo que os seres humanos têm em comum é, justamente, sua capacidade para se diferenciar uns dos outros, o que se dá por meio dos costumes, línguas, modos de conhecimento, instituições etc. Esse ramo da Antropologia evidenciou, pois, que se há algo natural nesta espécie particular que é a espécie humana, é sua aptidão à variação cultural. Dessa maneira, as formas de comportamento e de vida em sociedade não são inatas – isto é, naturais do ser humano –, ou meramente espontâneas (alternativa B); nem são idênticas por toda parte (alternativa A); tampouco se pode querer comparar um tipo de “inaptidão à variação cultural” dos animais (alternativa C) – o que não faz sentido – com os humanos, estes, sim, dotados de uma aptidão (e não inaptidão) à variação cultural. O que está posto na alternativa D, em parte, pode ser verdadeiro. Isso porque se existe no humano um “universal” que diz que ele deve dormir e comer, por exemplo, por outro lado não existe nele uma determinação “universal” de como ele deve realizar esses universais; nesse sentido, cada povo, cultura ou grupo irá se identificar ou se distinguir em suas formas de dormir e comer. · Pergunta 2 0,3 em 0,3 pontos O conceito antropológico de cultura indica que a cultura é apreendida por meio das experiências que os seres humanos realizam como membros da sociedade. E indica, ainda, a existência de diferentes culturas; ou seja, a Antropologia busca compreender a diversidade de modos de comportamento existentes entre os diferentes povos. Nesse sentido, essa disciplina propôs o conceito de endoculturação, mostrando como o comportamento dos indivíduos depende muito mais de um aprendizado que se adquire durante o convívio social, do que de disposições geográficas ou biológicas. A endoculturação mostrará como... Resposta Selecionada: d. O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Respostas: a. Um menino e uma menina agem diferentemente em função de seus hormônios. b. As pessoas agem em função da sua região geográfica. c. Um homem adquire seus saberes da própria natureza, assim como o cavalo ou o passarinho. d. O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. e. Um menino e uma menina se diferenciam, nos seus modos culturais, assim como o cavalo da égua. Comentário da resposta: Resposta: D Comentário: É correto o que se afirma na alternativa D. A endoculturação mostra como os homens agem em função do seu meio cultural; ou seja, o homem pode ser considerado, em grande medida, o resultado do meio cultural em que foi socializado. O conceito de endoculturação pode indicar diferenças entre um menino e uma menina, mas não em função dos seus hormônios (alternativa A), ou de um aspecto meramente biológico; pode-se acentuar tais diferença a partir da educação diferenciada que recebem em sua sociedade. O que se diz na alternativa B pode ser contestado pelo próprio enunciado da questão, que afirma que o conceito de endoculturação extrapola disposições meramente geográficas na compreensão dos comportamentos humanos. O que está posto na alternativa E está errado, pois o cavalo e a égua, diferentemente do menino e da menina, não têm uma aptidão à variação cultural. O cavalo e a égua agem de maneira mais ou menos igual desde sempre, em qualquer lugar, diferentemente do humano que age em função dos seus diferentes meios culturais de socialização. · Pergunta 3 0,3 em 0,3 pontos O evolucionismo social ou darwinismo social vai considerar que as sociedades evoluem assim como as espécies. Desta forma, vai considerar não civilizadas as sociedades que não vivem em um modelo industrial como o moderno, entenda-se, o modelo das revoluções industriais, burguesas e capitalistas. Essa perspectiva antropológica do século XIX, inspirada no pensamento científico da sua época, revela uma perspectiva etnocêntrica, isto é, um julgamento de valor da cultura do “outro” nos termos da cultura do grupo do “eu”; acreditando-se, ainda, que a cultura do “eu” é melhor ou mais evoluída do que a cultura do “outro”. Essa perspectiva acaba por justificar, historicamente: Resposta Selecionada: e. A dominação do “outro”, através de diferentes formas de imposição cultural. Respostas: a. Um respeito absoluto às formas de vida do “outro”. b. A tolerância entre os povos. c. Que todas as pessoas são iguais, etnocêntricas. d. Que todos os povos têm diferenças, e todos vivem de modo pacífico. e. A dominação do “outro”, através de diferentes formas de imposição cultural. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É correto o que se afirma na alternativa E. Uma perspectiva etnocêntrica, típica de correntes antropológicas como o evolucionismo social, acaba por justificar, historicamente, a dominação do “outro”, através de diferentes formas de imposição cultural. Um missionário religioso pode querer, hoje, por exemplo, impor sua cultura a uma microetnia tribal por acreditar que esse grupo deve evoluir ou acreditar no seu Deus. Não há, nesse sentido, um respeito absoluto às formas de vida do “outro” (alternativa A). Tampouco o etnocentrismo conduziria a uma tolerância entre os povos (alternativa B), uma vez que o “outro” não é aí entendido em seus próprios termos, como sendo dotado de sua própria forma de vida, sua cultura; fosse assim, e não haveria, historicamente, uma série de conflitos, guerras ou genocídios pelo mundo movidos pela incompreensão/intolerância da cultura do “outro”; esse argumento histórico se contrapõe ao que está na alternativa D. O que está na alternativa C não faz muito sentido, pois o etnocentrismo não pode ser considerado uma característica comum a todos os homens; é antes uma visão ou perspectiva de cunho antropológico, colonialista, e que não considera que o “outro” pode ser diferente sem necessariamente estar submetido a percorrer estágios evolutivos conforme a “minha” concepção de mundo. · Pergunta 4 0,3 em 0,3 pontos No contexto de surgimento da Antropologia, e sob inspiração das ciências naturais do século XIX, consolida-se uma corrente de estudos chamada de determinismo biológico. Trata-se de uma perspectiva que afirma que o comportamento cultural é resultado da genética e dahereditariedade dos indivíduos. Assim sendo, considerava-se que os grupos humanos eram diferentes uns dos outros devido a traços psicologicamente inatos, como a inteligência ou o temperamento. Essa forma de pensar, de hierarquizar as sociedades utilizando, para isso, a raça e um suposto nível de desenvolvimento alcançado por determinado grupo fica mais clara quando falamos das populações negras (ou afrodescendentes) que, nos Estados Unidos, eram consideradas, até pouco tempo, portadoras de uma cultura inferior. Além desse exemplo, podemos lembrar de Hitler, na Alemanha, que fundamentou o extermínio de outras populações por acreditar que o povo alemão era superior. Nesse sentido, é válido considerar que: I. O determinismo biológico entende que o comportamento cultural do ser humano é dado pelas suas características biológicas, como a cor da pele e o sexo. II. O determinismo biológico fundamenta teorias ou perspectivas preconceituosas sobre determinados grupos. III. O determinismo biológico orientava visões do tipo: existem povos inferiores e que, por isso, deviam ser colonizados/civilizados ou explorados. IV. O determinismo biológico orienta uma postura de tolerância e respeito em relação aos costumes e traços culturais diferentes. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: c. I, II e III, apenas. Respostas: a. IV, apenas. b. I e III, apenas. c. I, II e III, apenas. d. II, III e IV, apenas. e. I, II e IV, apenas. Comentário da resposta: Resposta: C Comentário: É correto o que se afirma em I, II e III, apenas. O determinismo biológico, no contexto referido no enunciado, e tal como denota a expressão, diz que o componente biológico é determinante nos traços de personalidade e comportamentos individuais. Essa visão, pseudocientífica, serviria para orientar teorias e práticas racistas, colonialistas e imperialistas. Ela teria sido superada, no contexto da própria Antropologia e das ciências em geral. No entanto, residindo talvez numa dimensão inconsciente e coletiva, essa visão do determinismo biológico continua a se expressar em forma de preconceitos. É por isso que o que está posto na sentença IV está incorreto. O determinismo biológico não tende a uma postura de tolerância e respeito em relação a costumes e traços diferentes do “outro”, o diferente. Uma pessoa com essa visão determinista pode achar, por exemplo, que cozinhar é coisa de mulher, e por isso pode ensinar a seu filho que brincar de cozinha é coisa de “menininha”, e assim reproduz-se uma cultura machista de maneira naturalizada numa sociedade. · Pergunta 5 0,3 em 0,3 pontos A Antropologia foi sempre considerada a ciência da alteridade, isto é, a ciência que busca investigar o outro, aquele que é essencialmente diferente de mim. Os primeiros antropólogos sofreram forte influência do positivismo, do evolucionismo, e dos determinismos geográficos e biológicos sobre as ideias que elaboraram acerca das culturas dos povos distantes. Soma-se a essas influências o dado de que as análises eram feitas por meio de relatos de terceiros e não por meio de sua presença no local estudado. Por isso esses antropólogos foram chamados de antropólogos de gabinete. Entretanto, com o próprio desenvolvimento da ciência antropológica, os antropólogos passaram a ir a campo, ou seja, os antropólogos passaram a conviver com os grupos estudados. Destaca-se, aqui, a figura de Bronislaw Malinowski, antropólogo polonês que trouxe essa grande mudança para a Antropologia. Nesse contexto, o antropólogo que vai a campo estudar sociedades tribais se dará conta de que... I. As tribos indígenas são verdadeiramente sociedades mais atrasadas, simples, selvagens ou bárbaras. II. Sociedades tribais, antes chamadas de primitivas, bárbaras e atrasadas são, na verdade, complexas. III. As sociedades nativas têm uma organização bem definida, são governadas por leis, autoridades e ordem em suas relações públicas e particulares; e isso sob o controle de laços extremamente complexos de parentesco. IV. As sociedades nativas têm crenças e costumes incoerentes, e o conhecimento que os nativos têm do mundo exterior não lhes é suficiente para guiá-los em suas diversas atividades. Suas produções artísticas não têm sentido e nem beleza. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: a. II e III, apenas. Respostas: a. II e III, apenas. b. I e IV, apenas. c. I e II, apenas. d. III e IV, apenas. e. II, apenas. Comentário da resposta: Resposta: A Comentário: É correto o que se afirma em II e III, apenas. O que se coloca tanto na sentença I quanto na IV está incorreto, porque ambas as afirmações reproduzem uma perspectiva superada pela própria Antropologia, conforme o enunciado da questão. Em II e III, vemos o antropólogo que vai a campo perceber, junto das sociedades tribais/nativas estudadas, a sua complexidade, a sua organização, o sistema de suas relações, os laços complexos de parentesco e assim por diante. · Pergunta 6 0,3 em 0,3 pontos Uma abordagem funcionalista emprestou à Antropologia uma concepção de sociedade enquanto “corpo social”, ou seja, enquanto uma espécie de organismo vivo e estruturado, dotado de processos sociais e funções sociais. A greve dos caminhoneiros realizada em maio de 2018, com bloqueio nas estradas, e que provocou transtornos em todo o país, demonstra – numa situação adversa – como podemos pensar a sociedade, no caso a brasileira, como um corpo social. Ou seja, as formas de associação entre suas partes (caminhoneiros, médicos, professores etc.) e o todo (a sociedade) se realizam sob funções sociais. Uma vez que a função social dos caminhoneiros é paralisada, sendo essa função essencial à manutenção dos processos sociais e da estrutura da sociedade brasileira, revela-se um cenário caótico das atividades normais do corpo social. Com base nesse contexto é correto afirmar que: Resposta Selecionada: d. Uma abordagem funcionalista revela como uma sociedade se faz através de relações sociais; essas relações pressupõem funções sociais, como a função essencial dos caminhoneiros no cenário em questão. Respostas: a. Caminhoneiros não cumprem uma função social. b. A sociedade é como um corpo. Se uma função social deixa de existir, a sociedade morre. c. A Antropologia entende que apenas sociedades civilizadas são sociedades complexas, com estruturas e papéis sociais bem definidos. d. Uma abordagem funcionalista revela como uma sociedade se faz através de relações sociais; essas relações pressupõem funções sociais, como a função essencial dos caminhoneiros no cenário em questão. e. Uma abordagem funcionalista e antropológica mostra como a sociedade brasileira não depende do transporte rodoviário, nem dos caminhoneiros. Comentário da resposta: Resposta: D Comentário: É correto dizer que uma abordagem funcionalista da sociedade revela como esta se faz através das relações sociais; dos processos sociais que garantem a ela certa estrutura e normalidade. A atividade dos caminhoneiros é essencial no contexto brasileiro; tanto é que uma greve de grande expressividade causou inúmeros transtornos ao país. Portanto a alternativa A está incorreta; é evidente que os caminhoneiros, ao contrário do que está posto, cumprem uma função social, essencial, inclusive, ao corpo social. A alternativa B está incorreta, porque, embora se possa fazer uma analogia entre sociedade e corpo humano, a sociedade não deixa de existir se, por exemplo, há uma greve de caminhoneiros; já o corpo humano, ao contrário, morre se o coração para. A alternativa C descontextualiza a questão; mas vale dizer que uma abordagem funcionalista é capaz de reconhecer, ao contrário do que está posto, a complexidade de uma sociedade tribal, por exemplo. E a alternativa E está incorreta, porque diz o contrário do que uma leitura funcionalista e correta da nossa realidade diria: que a sociedade brasileira depende e muito do transporte rodoviário e dotrabalho realizado pelos caminhoneiros. · Pergunta 7 0,3 em 0,3 pontos Uma importante contribuição da Antropologia do século XX foi introduzir nas ciências humanas o conceito de relativismo cultural. Para relativizar, é necessário deixar de lado todos os seus valores e procurar conhecer o outro da maneira como ele expressa e experimenta sua vida. É necessário procurar saber como o outro pensa e sente o seu mundo por meio de seus valores e de seu conhecimento. A primeira atitude para relativizar é abandonar as certezas etnocêntricas. Nesse sentido, o relativismo cultural expressa uma disposição do pesquisador para: I. Julgar o outro a partir de uma visão centrada na sua própria cultura, ou seja, a cultura do pesquisador que observa este outro. II. Compreender o outro a partir dos seus próprios valores e modos de organização social. III. Lançar sobre o outro um olhar de respeito e tolerância; e não de imposição de uma determinada visão de mundo. IV. Compreender que cada sociedade tem sua história e seu valor particular. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: c. II, III e IV, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. II, III e IV, apenas. d. IV, apenas. e. III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: C Comentário: É correto o que se afirma nas sentenças II, III e IV. O relativismo cultural não dispõe o pesquisador a julgar o outro – o diferente dele – a partir da visão de mundo que ele mesmo tem – o que está posto em I. Muito ao contrário dessa visão etnocêntrica, o relativismo cultural se esforça para compreender o outro a partir dos seus próprios valores e modos de organização social; o que está posto em II. Essa disposição do pesquisador o leva a ser mais tolerante em relação às diferenças culturais e, portanto, em relação ao outro que é diferente dele (III); Em IV, vemos uma afirmação correta, já que o relativismo cultural, diferentemente das perspectivas evolucionistas, dispõe o pesquisador a compreender que cada sociedade tem sua história e seu valor particular. · Pergunta 8 0,3 em 0,3 pontos O estruturalismo é mais uma corrente de estudos da Antropologia. Nesse campo, foi possível compreender o “outro”, que é sempre coletivo (grupo, classe social, tribo), a partir das redes de significados mantidos numa dada estrutura. Por exemplo a palavra “pai”; esta pode pôr em evidência uma série de elementos ligados à estrutura de parentesco, como sexo, idade, poder, atribuições, deveres e relações com outros membros do grupo. O estruturalismo mostra, então, que as palavras não constituem uma nomenclatura qualquer, mas constituem meios de pensar a realidade e se referem a situações reais que envolvem obrigações, comportamentos e sentimentos como respeito, familiaridade, dever, direito etc. O estruturalismo também mostra como é muito comum a presença de rituais nas diversas sociedades; das tribais às urbanas. Enquanto um menino da tribo do Xingu passa à categoria de guerreiro ou caçador depois de passar por determinados rituais, como ter coragem para inserir a mão em uma caixa de abelhas, um menino da cidade se depara com rituais como: prestar vestibular, realizar um curso de graduação etc., para se tornar médico, advogado, jornalista e assim por diante. Nesse sentido, a Antropologia nos ajuda a compreender que: Resposta Selecionada: e. Tanto em sociedades urbanas quanto em sociedades tribais, vemos a presença de ritos, os mais diversos, que conferem sentido à vida dessas sociedades. Respostas: a. Apenas sociedades tribais realizam ritos ou rituais. b. Sociedades tribais realizam rituais porque são menos evoluídas do que as sociedades civilizadas. c. Em sociedades urbanas, complexas, não se realiza nenhum tipo de ritual, nenhuma atividade mitológica, porque tudo está organizado sob o pensamento lógico e racional. d. A palavra “pai” tem o mesmo significado em todas as sociedades, porque todas têm as mesmas estruturas. e. Tanto em sociedades urbanas quanto em sociedades tribais, vemos a presença de ritos, os mais diversos, que conferem sentido à vida dessas sociedades. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É correto o que se afirma na alternativa E. O próprio enunciado sugere esse tipo de interpretação ao comparar o menino da tribo com o menino da cidade e os rituais que um e outro têm de enfrentar para avançar a uma outra etapa de suas vidas. Isso, obviamente, constitui um sentido social, isto é, uma significação às práticas sociais, mas também um senso de direção aos membros de determinado grupo. · Pergunta 9 0,3 em 0,3 pontos O estudo das escolas/paradigmas da Antropologia evidencia o pensamento científico sobre o social e cultural. Essa forma relativista de pensar de uma comunidade científica mostra, por sua vez, como há constantes alterações em suas conclusões, o que é resultado de um contínuo autoquestionamento, que acaba por enriquecer o conjunto da produção científica. Há, pois, uma diferença importante entre o pensamento científico e o pensamento religioso, que possui conclusões absolutas ou dogmáticas; ou entre o pensamento científico e o senso comum, que possui significações vulgares, tradicionais ou preconceituosas sobre diversos temas então abordados segundo uma espécie de “psicologia de bar”. Com base nessas considerações, é correto afirmar que: Resposta Selecionada: a. O pensamento científico assume uma postura relativista diante de suas constatações e respectivas teorias. Ele busca uma postura de objetividade, evitando prenoções e possíveis influências ideológicas. Respostas: a. O pensamento científico assume uma postura relativista diante de suas constatações e respectivas teorias. Ele busca uma postura de objetividade, evitando prenoções e possíveis influências ideológicas. b. O pensamento científico sobre o social reproduz o senso comum em toda sua vulgaridade. c. O pensamento científico sobre o social costuma ser dogmático, pois propõe encontrar leis nas formas de organização social. d. Pensamento científico e religioso são equivalentes, pois visam explicar a realidade ou a verdade das coisas. e. O senso comum expressa o pensamento científico, pois as sociedades modernas deixaram de valorizar o aspecto mítico-mágico do pensamento religioso. Comentário da resposta: Resposta: A Comentário: É correto o que se diz na alternativa A. O pensamento científico assume uma postura relativista ao recusar verdades absolutas ou dogmáticas, como faz o pensamento religioso; e, diferentemente do senso comum, o pensamento científico busca certa objetividade, distanciando-se de prenoções e influências ideológicas. O que se diz na alternativa B está errado, pois o pensamento científico sobre o social tende a assumir uma postura de ruptura epistemológica com o senso comum; ou seja, a maneira como o primeiro encara a realidade observada é metodológica, teórica, fundamentada, e por isso se diferencia do senso comum, da “psicologia de bar”, muitas vezes demarcando essa diferença e estabelecendo com ela certa ruptura crítica. O que se diz na alternativa C está incorreto, pois, embora certas escolas ou paradigmas científicos busquem encontrar leis, padrões ou regularidades nas e entre as sociedades, o “pensamento científico” não assume uma postura dogmática no conjunto das escolas e paradigmas que o compõem. Na alternativa D, o erro está em afirmar que pensamento científico e religioso são equivalentes. · Pergunta 10 0,3 em 0,3 pontos Tanto a chamada Etnologia tribal quanto a Antropologia urbana buscarão compreender os processos de simbolização da sociedade investigada. Santos (2005, p. 54), em “Antropologia para quem não vai ser antropólogo”, sugere pensarmos num anúncio de automóvel, por exemplo, em que se apresentam ao consumidor situações de “felicidade”, “prazer”, “poder”, “status” ou “sedução”. Essas ideias, segundo o autor, “têm a finalidade de valorizar simbolicamenteo produto oferecido”. Nesse sentido, é correto afirmar que: I. O automóvel torna-se o símbolo da situação idealizada (“felicidade”, “prazer”, “poder”, “status” ou “sedução”). II. Sociedades modernas ou ditas de consumo já não são capazes de desenvolver um pensamento simbólico como sociedades tribais. III. A operação mágica de tomar o símbolo pela coisa simbolizada está tão presente na sociedade de consumo quanto nas sociedades tribais. IV. A simbolização se restringe a culturas “exóticas” e distantes. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: b. I e III, apenas. Respostas: a. II e IV, apenas. b. I e III, apenas. c. I, apenas. d. III, apenas. e. IV, apenas. Comentário da resposta: Resposta: B Comentário: É correto o que se afirma em B, pois o sentido do enunciado direciona o leitor à compreensão de que o automóvel pode ser o símbolo de uma situação idealizada pelo consumidor (I). E também sugere que a operação mágica nesse processo de simbolização está tão presente em sociedades de consumo (modernas) quanto em sociedades tribais (III); as outras duas sentenças caminham numa argumentação que restringe a simbolização a culturas exóticas, distantes ou tribais. CULTURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Teste ATIVIDADE TELEAULA I · Pergunta 1 0 em 0 pontos A Antropologia Cultural é um ramo da Antropologia que estuda a composição das sociedades, isto é, a formação de todas as culturas que compõem a humanidade em sua diversidade. Assim sendo, como ciência, a Antropologia Cultural ocupa-se da análise das diferenças culturais. Entre outras coisas, essa corrente de estudos foi capaz de evidenciar que: Resposta Selecionada: e. As formas de comportamento e de vida em sociedade que tomávamos por inatas são, na realidade, o produto de escolhas culturais; daí, a capacidade de os seres humanos se diferenciarem uns dos outros pelos costumes, pelas línguas, pelos modos de conhecimento, pelas instituições etc. Respostas: a. O homem tem os seus modos de vida e as suas formas de organização social idênticos por toda parte do globo terrestre. b. As formas de comportamento e de vida em sociedade são espontâneas e inatas aos indivíduos. c. O homem, assim como os demais animais, tem uma inaptidão à variação cultural. d. As formas de comportamento e de vida, os jeitos de ser, de fazer, de pensar, de comer, de rezar, andar, dormir etc. são universais à espécie humana e, por isso, se manifestam sem quaisquer diferenças entre os povos da humanidade. e. As formas de comportamento e de vida em sociedade que tomávamos por inatas são, na realidade, o produto de escolhas culturais; daí, a capacidade de os seres humanos se diferenciarem uns dos outros pelos costumes, pelas línguas, pelos modos de conhecimento, pelas instituições etc. Comentário da resposta: Resposta: e) · Pergunta 2 0 em 0 pontos O evolucionismo social ou darwinismo social vai considerar que as sociedades evoluem, assim como as espécies. Desta forma, vai considerar não civilizadas as sociedades que não vivem em um modelo industrial como o moderno; entenda-se, o modelo das revoluções industriais, burguesas e capitalistas. Essa perspectiva antropológica do século XIX, inspirada no pensamento científico da sua época, revela uma perspectiva etnocêntrica, isto é, um julgamento de valor da cultura do “outro”, nos termos da cultura do grupo do “eu”; acreditando-se, ainda, que a cultura do “eu” é melhor ou mais evoluída do que a cultura do “outro”. Essa perspectiva acaba por justificar, historicamente: Resposta Selecionada: e. A dominação do “outro” através de diferentes formas de imposição cultural. Respostas: a. Um respeito absoluto às formas de vida do “outro”. b. A tolerância entre os povos. c. Que todas as pessoas são iguais, etnocêntricas. d. Que todos os povos têm diferenças e que todos vivem de modo pacífico. e. A dominação do “outro” através de diferentes formas de imposição cultural. Comentário da resposta: Resposta: e) · Pergunta 3 0 em 0 pontos No contexto de surgimento da Antropologia, e sob a inspiração das Ciências Naturais dos séculos XVIII e XIX, consolida-se uma corrente de estudos chamada de determinismo biológico. Trata-se de uma perspectiva que afirma que o comportamento cultural é resultado da genética e da hereditariedade dos indivíduos. Assim sendo, considerava-se que os grupos humanos eram diferentes uns dos outros devido a traços psicologicamente inatos, como a inteligência ou o temperamento. Essa forma de pensar, de hierarquizar as sociedades utilizando, para isso, a raça e um suposto nível de desenvolvimento alcançado por determinado grupo, fica mais clara quando falamos das populações negras (ou afrodescendentes) que, nos Estados Unidos, eram consideradas, até pouco tempo, portadoras de uma cultura inferior. Além desse exemplo, podemos lembrar de Hitler, na Alemanha, que fundamentou o extermínio de outras populações por acreditar que o povo alemão era superior. Nesse sentido, é válido considerar que I. O determinismo biológico entende que o comportamento cultural do ser humano é dado pelas suas características biológicas, como a cor da pele e o sexo. II. O determinismo biológico fundamenta as teorias ou as perspectivas preconceituosas sobre determinados grupos. III. O determinismo biológico orientava as visões do tipo: existem povos inferiores e que, por isso, deviam ser colonizados/civilizados ou explorados. IV. O determinismo biológico orienta uma postura de tolerância e respeito em relação aos costumes e traços culturais diferentes. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: c. I, II e III, apenas. Respostas: a. IV, apenas. b. I e III, apenas. c. I, II e III, apenas. d. II, III e IV, apenas. e. I, II e IV, apenas. Comentário da resposta: Resposta: c) · Pergunta 4 0 em 0 pontos A Antropologia foi sempre considerada a ciência da alteridade, isto é, a ciência que busca investigar o outro, aquele que é, essencialmente, diferente de mim. Os primeiros antropólogos sofreram uma forte influência do positivismo, do evolucionismo e dos determinismos geográficos e biológicos sobre as ideias que elaboraram acerca das culturas dos povos distantes. Soma-se a essas influências, o dado de que as análises eram feitas por meio de relatos de terceiros e não por meio de sua presença no local estudado. Por isso esses antropólogos foram chamados de antropólogos de gabinete. Entretanto, com o próprio desenvolvimento da ciência antropológica, os antropólogos passaram a ir a campo, ou seja, os antropólogos passaram a conviver com os grupos estudados. Destaca-se, aqui, a figura de Bronislaw Malinowski, antropólogo polonês que trouxe essa grande mudança para a Antropologia. Nesse contexto, o antropólogo que vai a campo estudar as sociedades tribais se dará conta de que: I. As tribos indígenas são verdadeiramente sociedades mais atrasadas, simples, selvagens ou bárbaras; II. Sociedades tribais, antes chamadas de primitivas, bárbaras e atrasadas são, na verdade, complexas; III. As sociedades nativas têm uma organização bem definida, são governadas por leis, autoridades e ordem em suas relações públicas e particulares; e isso sob o controle de laços extremamente complexos de parentesco; IV. As sociedades nativas têm crenças e costumes incoerentes, e o conhecimento que os nativos têm do mundo exterior não lhes é suficiente para guiá-los em suas diversas atividades. Suas produções artísticas não têm sentido e nem beleza. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: a. II e III, apenas. Respostas: a. II e III, apenas. b. I e IV, apenas. c. I e II, apenas. d. III e IV, apenas. e. II, apenas. Comentário da resposta: Resposta: a) CULTURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Teste QUESTIONÁRIO UNIDADE II · Pergunta 1 0,3 em 0,3 pontos Acerca do conceito de identidade social,o antropólogo Roberto DaMatta (1985, p. 15) – no livro “O que faz o brasil, Brasil?” – explica que: “Se a condição humana determina que todos os homens devem comer, dormir, trabalhar, reproduzir-se e rezar, essa determinação não chega ao ponto de especificar também que comida ingerir, de que modo produzir, com que mulher (ou homem) acasalar-se e para quantos deuses ou espíritos rezar. É precisamente aqui, nessa espécie de zona indeterminada, mas necessária, que nascem as diferenças e, nelas, os estilos, os modos de ser e estar, os ‘jeitos’ de cada qual”. A partir dessa leitura, é correto afirmar que: I. A identidade social é universal, uma vez que todos comem, dormem, trabalham etc. II. A identidade social tem a ver com as maneiras pelas quais cada grupo humano consegue pôr em prática algumas das possibilidades de atualizar o que a condição humana apresenta como universal; daí as maneiras de comer, de rezar, de dormir etc. de cada qual. III. O conceito de identidade está ligado ao dado de que é a sociedade que nos dá a fórmula pela qual traçamos certos perfis e fazemos desenhos mais ou menos exatos de nós mesmos. IV. A identidade dos sujeitos e dos grupos se forma a partir das condições históricas e culturais – condições que não escolhemos, pois quando nascemos o mundo já está “pronto” para nos receber em um determinado grupo familiar e social, com uma língua usada por todos e com um conjunto de regras, hábitos e tradições utilizadas; ou seja, uma cultura. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: e. II, III e IV apenas. Respostas: a. I apenas. b. II apenas. c. III apenas. d. I, II e III apenas. e. II, III e IV apenas. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É correto o que se afirma em II, III e IV. A afirmativa I está incorreta, pois a identidade social tem mais a ver com condições históricas e culturais do que com determinações universais. Como escreve o antropólogo, as condições humanas determinadas – como comer, dormir, trabalhar – não chegam ao ponto de especificar que comida ingerir nem como se deve comer. Daí que seja razoavelmente fácil distinguir um brasileiro e sua comida, bem como seu jeito de comer, do indiano, por exemplo, e de sua comida e seu jeito de comer. As sentenças II, III e IV caminham nessa direção argumentativa acerca do conceito de identidade social. · Pergunta 2 0,3 em 0,3 pontos Quando Darcy Ribeiro, em O povo brasileiro, fala em uma “etnia nova” para se referir ao brasileiro que surgia da ninguendade, é preciso considerar o seguinte: o protobrasileiro – filho da índia, gerado por um estranho, branco ou preto – se perguntaria quem era, se já não era índio nem branco ou preto. Esse brasilíndio, assim como o crioulo, nascido na terra nova, racialmente puro ou mestiçado que, sabendo-se não africano como os negros que via chegando, e sabendo-se também não branco nem índio e seus mestiços, foram assim desafiados a sair da ninguendade para construírem sua própria identidade étnica. O surgimento de uma etnia brasileira, explica o antropólogo, passa tanto pela “anulação das identificações étnicas de índios, africanos e europeus, como pela indiferenciação entre as várias formas de mestiçagem, como os mulatos (negros com brancos), caboclos (brancos com índios) ou curibocas (negros com índios)” (RIBEIRO, 2006, p. 119). Nesse contexto, a noção teórica da ninguendade nos indica que: Resposta Selecionada: d. O brasileiro surge de um processo de desidentificação com suas matrizes étnico-culturais. Respostas: a. O brasileiro surge de uma identificação plena com suas matrizes étnico-culturais. b. O brasileiro surge da afirmação de uma matriz étnico-cultural em prejuízo da outra. c. O brasileiro surge da invenção de uma etnia pura, a brasileira. d. O brasileiro surge de um processo de desidentificação com suas matrizes étnico-culturais. e. O brasileiro surge de uma pacificação plena da mestiçagem. Comentário da resposta: Resposta: D Comentário: É correto o que se afirma na alternativa D. Darcy Ribeiro fala em “ninguendade” para dizer que o povo brasileiro, fruto de um processo mais amplo de transfiguração étnica, surge de uma espécie de desidentificação com suas matrizes culturais: a matriz tupi, a lusa e a afro. Darcy Ribeiro chega mesmo a dizer que o “zé ninguém mulato” – filho do branco com o negro – e o “zé ninguém mameluco” – filho do branco com o índio – se conjugaram para formar os brasileiros, de modo que é da ninguendade que este “povo novo” pode sair para virar outra coisa, que não é índio nem africano, nem europeu, é brasileiro. Não se pode afirmar (alternativa A) que o brasileiro surge de uma identificação plena com suas matrizes originais; como explica o autor, o brasileiro surgia dos tijolos dessas matrizes, enquanto elas iam sendo desfeitas... Tampouco se pode afirmar (alternativa B) que o brasileiro surge da afirmação de uma matriz em detrimento da outra; fosse assim e nós seríamos portugueses, índios ou africanos; e não brasileiros. O que se coloca na alternativa C é um equívoco. Não existe uma pureza étnico-cultural em qualquer que seja o grupo. Todos os povos, em maior ou menor grau, são resultado do encontro de culturas e povos diversos. Já o que se coloca na alternativa D está incorreto porque falar em pacificação plena da mestiçagem é ocultar, historicamente, os violentos processos de deculturação dos povos indígenas e africanos; bem como a violência que atravessava, propriamente, o intercruzamento sexual desses contingentes humanos dominados pelo brando europeu no Brasil. · Pergunta 3 0,3 em 0,3 pontos Darcy Ribeiro (2006), em O povo brasileiro, nos faz refletir sobre o que teria sido o primeiro encontro, lá em 1500, entre os índios que aqui viviam e o português que chegava no litoral. Esse entrechoque cultural, com o passar dos tempos, levou o português a perceber que os índios eram vadios, vivendo uma vida inútil e sem prestança. Aos olhos dos índios, os oriundos do mar/oceano pareciam aflitos demais. Eles não entendiam o comportamento dos portugueses preocupados em juntar toras de pau vermelho, por exemplo. E, provavelmente, maiores teriam sido as esperanças do que os temores daqueles primeiros índios em relação aos portugueses. Tanto é que muitos deles embarcaram confiantes nas primeiras naus, crendo que seriam levados à Terra sem Males, morada de Maíra, o deus Sol, o criador... Enquanto viravam produto de exportação para a metrópole. Muitos índios fugiram, morreram graças às pestes trazidas pelos brancos, mas cada nova geração queria ver com seus próprios olhos o povo estranho, implantado nas praias, recebendo navios cheios de bens preciosíssimos. Com base nesse contexto, é correto afirmar que: I. Esse encontro entre a “selvageria” e a “civilização” revela como, por exemplo, índios se aculturaram nos modos de ser do português, enquanto ocorria uma destruição das bases da sua vida social – uma deculturação fortíssima. II. O encontro entre índios e portugueses resultou na dominação do segundo sobre o primeiro, que foi escravizado e teve seu povo dizimado pelas pestes que o branco trazia no corpo. III. O português tinha a cultura da cristandade católica e uma tecnologia avançada (a nau oceânica, com suas velas de mar alto, seu leme fixo, sua bússola, seu astrolábio e, sobretudo, seu conjunto de canhões de guerra); já o índio não tinha cultura, pois acreditava em outros deuses e eram vadios. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: b. I e II, apenas. Respostas: a. I apenas. b. I e II, apenas. c. II, apenas. d. III, apenas. e. II e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: B Comentário: É correto o que se afirma em I e II. A alternativa III está errada, pois leva a crer, sob argumento preconceituoso e etnocêntrico, que os índios encontrados no Brasil, por serem diferentes do europeu, não eram dotados de cultura; se entendermos que o conceito de cultura indica os modos de ser ede fazer de cada qual, não faz sentido argumentar que os índios não tinham cultura simplesmente porque acreditavam em deuses diferentes do Deus do branco europeu ou porque, aos olhos deste último, seriam vadios. Em I e II acentua-se o aspecto de dominação do branco sobre o índio, tanto num nível biótico (o que Darcy Ribeiro chamou de uma guerra bacteriológica que resultou na dizimação dos índios), quanto num nível étnico-cultural (quando coexistem processos de aculturação e deculturação, ou seja, de incorporação de elementos e traços culturais do “outro”, e de destruição das bases da vida social daquele “outro”, no caso o índio, que fora escravizado, dizimado, evangelizado etc.). · Pergunta 4 0,3 em 0,3 pontos Gilberto Freyre, em Casa-grande e senzala (1997), reflete sobre como a sociedade brasileira vai se organizar, tanto economicamente como enquanto civilização a partir da produção agrícola. Passado um século do português em terras brasileiras, havia uma estabilidade patriarcal da família, uma regularidade do trabalho por meio da escravidão, e da união do português com a mulher índia, então incorporada à cultura econômica e social do invasor. Percebe-se que a sociedade que toma forma aqui é agrária em sua estrutura, com mão de obra escrava dos índios, em um primeiro momento, e depois dos negros trazidos da África. Assim, com uma organização política, econômica e jurídica estabelecida pelo povo português, a sociedade brasileira se hierarquizava a partir de famílias proprietárias e autônomas; havia os senhores de engenho e o capelão (hoje conhecido como padre, o representante da religião), que ficavam dentro da casa-grande; e os demais (índios ou negros), os que obedeciam a suas ordens, ficavam de fora. São esses senhores, os donos de terras e de escravos, que defendiam a colônia politicamente; mas serão seus filhos doutores, estudados, que passam a defender os escravos dos abusos cometidos pelos senhores, por Portugal e pela Igreja. Tendo em vista esse contexto histórico analisado por Freyre, é correto o que se afirma em: I. O Brasil se formava dentro de um quadro social sem hierarquias. II. O Brasil se formava dentro de um quadro rígido de valores discriminatórios. III. O Brasil se formava sob a dominação dos portugueses brancos e aristocráticos, e por isso nossa sociedade se fez hierarquizada. IV. O Brasil refletia o ideal de solidariedade entre os povos; e por isso nos fizemos mestiços e sem traços de discriminação racial/social. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: b. II e III, apenas. Respostas: a. I e II, apenas. b. II e III, apenas. c. III e IV, apenas. d. II, apenas. e. III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: B Comentário: É correto o que se afirma em II e III, apenas. A sentença I está errada, pois o enunciado mostra como o Brasil se fazia, àquela altura de um século depois da “descoberta” do Brasil, um país hierarquizado, ou seja, formado dentro de um quadro rígido de valores discriminatórios impostos pelo português branco e aristocrático (o que está nas afirmativas II e III). A sentença IV está errada, pois o Brasil se instituía sob a escravidão; e não sob um “ideal de solidariedade entre os povos”. Essa instituição escravocrata, embora atravessada por relações afetivas e de intercruzamento, instituiu o Brasil racista e classista que conhecemos hoje. · Pergunta 5 0,3 em 0,3 pontos Sérgio Buarque de Holanda, no livro Raízes do Brasil (1995, p. 145), afirma que: “O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo”. E segue dizendo que: “Só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o Estado [...]”. Seguindo essa linha de raciocínio, é correto afirmar que: I. Para que o Estado exista é necessário que se destrua a instituição familiar. II. Se na família prevalece um tipo de relação pautada por certas vontades particulares às pessoas, no Estado burocrático, racional e legal, deveria imperar a impessoalidade da lei que serve a todos os indivíduos. III. O transplante da ordem doméstica à gestão pública faz com que os detentores de posições públicas de responsabilidade tenham dificuldade de compreender a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público. IV. Para o funcionário patrimonial, a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: e. II, III e IV, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. IV, apenas. e. II, III e IV, apenas. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É correto o que se afirma em II, III e IV, apenas. A sentença I está errada, pois seria um exagero interpretar que Sérgio Buarque de Holanda propôs a destruição da instituição familiar para que o Estado se fizesse possível; o que ele argumenta é que, no Estado burocrático, racional e legal – em que se deveria imperar a impessoalidade da lei –, não deveria prevalecer a lógica doméstica e familiar, uma vez que o transplante da ordem doméstica à gestão pública faz com que os funcionários públicos se tornem funcionários patrimoniais; o funcionário patrimonial, por definição, é aquele que encara a gestão política como assunto de interesse particular. Essa argumentação, disposta em II, III e IV, segue a linha de raciocínio proposta no enunciado. · Pergunta 6 0,3 em 0,3 pontos Quando, supostamente, um presidente da república de um país da América Latina afirma que que pretende beneficiar seu filho ao indicá-lo para o cargo de embaixador nos Estados Unidos. Quando esse presidente associa o cargo a um filé mignon, dizendo que se puder dar um filé mignon ao seu filho, ele dará, podemos compreender, aqui, segundo a leitura de Sérgio Buarque de Holanda – em Raízes do Brasil (1995) – que: I. Os privilégios e os personalismos são absolutamente estranhos às estruturas de poder vigentes nesse país. II. Há, nesse país, certo predomínio das vontades particulares, dos laços de sangue e de coração, mesmo onde as instituições democráticas, fundadas em princípios neutros e abstratos, pretendem assentar a sociedade em normas antiparticularistas. III. Há uma ética de fundo emotivo ao se pretender “dar um filé mignon ao filho”, quando o “filé mignon” se remete à embaixada em Washington. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: d. II e III, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. I e II, apenas. d. II e III, apenas. e. III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: D Comentário: É correto o que se afirma em II e III, apenas. O cenário descrito na questão evidencia como os privilégios e os personalismos são absolutamente comuns (e não estranhos, como está posto em I) às estruturas de poder desse país; isso porque é o próprio presidente querendo beneficiar seu filho. Daí o predomínio das vontades particulares, dos lações de sangue e de coração sobre as normas antiparticularistas (o que está em II); em III, vemos como há uma ética de fundo emotivo – e não racional, antiparticularista, republicana – ao se pretender dar um cargo (filé mignon) ao filho. · Pergunta 7 0,3 em 0,3 pontos Com o fim da escravidão, no final do século XIX, e sob um processo de modernização pautado por um liberalismo de Estado/mercado, o Brasil vivenciou uma peculiar transição da ordem escravocrata à ordem competitiva. O sociólogo Jessé Souza (2018), no livro Subcidadania brasileira, nos lembra que, ao negro liberto, fora do contexto tradicional, restava o deslocamento social, e os códigos desviantes da norma apareciam-lhe como afirmação de individualidade e até de heroísmo. Isso significa considerar que, no Brasil: I. Ao negro liberto, invariavelmente condenado aos serviços perigosos e humilhantes, os destinos de vagabundo, ladrão ou prostituta ofereciam perspectivas comparativamentemaiores. II. Para o negro, sem a oportunidade de classificação social e inadaptado ao trabalho livre, restavam as franjas marginais do sistema: condições precárias de trabalho, moradia, alimentação, educação etc. III. O negro fora incorporado à nova sociedade de ordem competitiva sem qualquer problema; ele se tornou um trabalhador assalariado ou um pequeno burguês, assim como, por exemplo, o imigrante italiano. IV. O negro liberto veio constituir a classe dominante no Brasil. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: a. I e II, apenas. Respostas: a. I e II, apenas. b. III e IV, apenas. c. II e III, apenas. d. I e IV, apenas. e. I e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: A Comentário: É correto o que se afirma em I e II, apenas. A nova classe de libertos, composta majoritariamente por negros escravos constituiu uma classe subalternizada pela nova ordem competitiva; isso porque ocorreu uma abolição da escravatura num nível jurídico, mas não num nível psicossocial e econômico. Os negros libertos, abandonados pelos senhores, ficaram deslocados na nova ordem e só tinham oportunidade de trabalhar em funções que lhes lembravam o passado da escravidão. Esquivando-se desse tipo de trabalho e a fim de garantir sua dignidade de homem livre, os destinos de vagabundo, ladrão ou prostituta ofereciam perspectivas maiores. Sendo assim, a esse negro liberto sem oportunidades na nova ordem, restavam as franjas marginais do sistema. O negro liberto e ainda estigmatizado pela cor e por sua condição de abandono não estaria adaptado à nova ordem moderna e competitiva, de modo que a nova classe dominante reorganizou a estrutura da força de trabalho assalariado com a mão de obra do imigrante, e não com a mão de obra dos negros libertos. · Pergunta 8 0,3 em 0,3 pontos O antropólogo Roberto DaMatta (1986, p. 95-97), em O que faz o brasil, Brasil?, elaborou a seguinte tese sobre o “dilema brasileiro”: [...] o dilema brasileiro reside precisamente numa trágica oscilação entre um esqueleto nacional feito de leis universais cujo sujeito [é] o indivíduo e situações onde cada qual [se salva e se despacha como pode], utilizando para isso o seu sistema de relações pessoais. Haveria, assim, um verdadeiro combate entre leis que devem valer para todos e relações que evidentemente só podem funcionar para quem as tem. O resultado é um sistema social dividido e até mesmo equilibrado entre duas unidades sociais básicas [...]”. Considerando essa perspectiva, é correto dizer que essas duas unidades sociais básicas são: Resposta Selecionada: a. O indivíduo (o sujeito das leis universais que modernizam a sociedade) e a pessoa (o sujeito das relações sociais, que conduz ao polo tradicional do sistema). Respostas: a. O indivíduo (o sujeito das leis universais que modernizam a sociedade) e a pessoa (o sujeito das relações sociais, que conduz ao polo tradicional do sistema). b. O mameluco, filho do branco com índio, e o mulato, filho do branco com negro. c. O aplicador da lei, o puro burocrata, e o corrupto, o que infringe a lei. d. O patrão, dono dos meios de produção, e o empregado, explorado pelo patrão. e. O rico e o pobre. Comentário da resposta: Resposta: A Comentário: É correto o que se afirma em A. Tal como está explícito no próprio enunciado, o dilema brasileiro, segundo o antropólogo, reside entre o universo das leis, cujo sujeito é o indivíduo, e o sistema de relações pessoais de cada qual, cujo sujeito é a pessoa. Portanto, indivíduo e pessoa – nessa perspectiva – são as duas unidades sociais básicas para se compreender o dilema brasileiro. A partir daí, DaMatta irá propor categorias analíticas como a “malandragem” e o “jeitinho brasileiro”. · Pergunta 9 0,3 em 0,3 pontos Em O que faz o brasil, Brasil?, Roberto DaMatta (1986, p. 68) propõe que todas as sociedades alternam suas vidas entre rotinas e ritos, períodos ordinários e extraordinários (festas, crises, acidentes, milagres); “[...] tanto a festa quanto a rotina são modos que a sociedade tem de exprimir-se, de atualizar-se concretamente, deixando ver sua ‘alma’ ou o seu coração”. Acerca das festas, no caso brasileiro, é correto afirmar que: I. Os carnavais são “ritos de reforço” e os chamados “festivais da ordem” são “ritos de inversão”. As festas cívicas e religiosas promovendo a igualdade e a supressão das fronteiras sociais, e os carnavais promovendo, ao contrário, a glorificação e a manutenção dessas fronteiras. II. O carnaval permite a substituição dos uniformes pelas fantasias. O uniforme cria a ordem – uniformiza. A fantasia – no seu duplo sentido – permite a invenção e a troca de posições na estrutura social. III. O carnaval é a possibilidade utópica de inverter o mundo em direção à alegria, à abundância, à liberdade e, sobretudo, à igualdade de todos perante a sociedade. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: c. II e III, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. II e III, apenas. d. III, apenas. e. I e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: C Comentário: É correto o que se afirma em II e III. A afirmativa I está errada porque inverte a definição correta. Os carnavais, em verdade, são ritos de inversão e não de reforço. Isso porque os carnavais têm a possibilidade de promover uma sensação de igualdade e supressão de fronteiras sociais – de tal modo que invertem o mundo; no caso das festas cívicas e religiosas, dos desfiles militares, em suma, dos festivais da ordem, há, pelo contrário, uma glorificação dessas fronteiras, papéis e hierarquias sociais; e por isso são considerados ritos de reforço. As sentenças II e III ajudam a compreender essa questão. Em II, vemos uma explicação acerca da função social das fantasias – permitir a invenção (fantasiar) e a troca de posições na estrutura social. Em III, vemos como o carnaval significa esta possibilidade, ainda que utópica, de inverter o mundo em direção à alegria, à abundância, à liberdade e à igualdade de todos perante a sociedade. · Pergunta 10 0,3 em 0,3 pontos Segundo as palavras de Darcy Ribeiro (2006, p. 108), em O povo brasileiro, “todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios suplicados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os suplicou”. Com isso ele sugere que: I. A doçura e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente mais sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. II. Somos descendentes de escravos e de senhores de escravos; e por isso somos servos da malignidade destilada e instalada em nós. III. Nossa cicatriz de torturador impressa na alma está sempre pronta a explodir numa brutalidade racista e classista. IV. Somos formados por um triângulo de raças, o que fez com que nos tornássemos uma sociedade solidária e baseada numa democracia racial. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: e. I, II e III, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III e IV, apenas. d. IV, apenas. e. I, II e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É correto o que se afirma em I, II e III, apenas. Ao dizer que somos “carne da carne de pretos e índios supliciados”, mas também “a mão possessa que os supliciou”, Darcy Ribeiro nos ajuda a compreender como somos tão doces quanto cruéis (I); ou sevos de uma malignidade instalada em nós (II); essa cicatriz de torturador impressa na alma, como podemos observar no cotidiano, está realmente pronta a explodir numa brutalidade racista e classista (III). A afirmativa IV está errada, pois, ao acentuar a miscigenação do povo brasileiro, sugerindo que a partir dela nos fizemos uma sociedade solidária e baseada numa democracia racial, esconde o verdadeiro racismo estrutural e a indecente desigualdade social e econômica que assola o Brasil. CULTURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Teste ATIVIDADE TELEAULAII · Pergunta 1 0 em 0 pontos Em O que faz o brasil, Brasil?, Roberto DaMatta (1986, p. 46-47) afirma que “é mais fácil dizer que o Brasil foi formado por um triângulo de raças, o que nos conduz ao mito da democracia racial, do que assumir que somos uma sociedade hierarquizada, que opera por meio de gradações e que, por isso mesmo, pode admitir, entre o branco superior e o negro pobre e inferior, uma série de critérios de classificação”. Com base nessa leitura e sabendo que o povo brasileiro surgiu da confluência e do entrechoque do invasor português com índios e negros africanos, uns e outros aliciados como escravos, é correto afirmar que: I. O Brasil foi feito de negros, brancos e índios; contingentes humanos que se encontraram de modo espontâneo, numa espécie de carnaval social e biológico; II. O fato contundente de nossa história é que somos um país feito por portugueses brancos e aristocráticos, uma sociedade hierarquizada e que foi formada dentro de um quadro rígido de valores discriminatórios; III. O mito da democracia racial contribui para ocultar o racismo estrutural da nossa sociedade em toda a sua complexidade; IV. Por sermos um povo mestiço, não há como considerar que haja, aqui, uma sociedade hierarquizada que toma como eixos classificatórios de discriminação o branco e o negro. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: b. II e III, apenas. Respostas: a. I e IV, apenas. b. II e III, apenas. c. I, apenas. d. III, apenas. e. I e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: b) · Pergunta 2 0 em 0 pontos Tal como propõe Darcy Ribeiro, em O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (2006), a noção de “ninguendade”, no contexto do surgimento de uma etnia brasileira, indica que a formação deste “povo novo” – um “novo gênero humano” – se deu por um processo de: Resposta Selecionada: d. Desidentificação com suas matrizes étnico-culturais. Respostas: a. Identificação plena com suas matrizes étnico-culturais. b. Afirmação de uma matriz étnico-cultural em prejuízo da outra. c. Reinvenção da pureza do povo brasileiro. d. Desidentificação com suas matrizes étnico-culturais. e. Pacificação plena da mestiçagem. Comentário da resposta: Resposta: d) · Pergunta 3 0 em 0 pontos Sérgio Buarque de Holanda, no livro Raízes do Brasil (1995, p. 145), afirma que: “O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo”. E segue dizendo que: “Só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o Estado [...]”. Seguindo essa linha de raciocínio, é correto afirmar que: I. Para que o Estado exista, é necessário que se destrua a instituição familiar; II. Se na família prevalece um tipo de relação pautada por certas vontades particulares às pessoas, no Estado burocrático, racional e legal, deveria imperar a impessoalidade da lei que serve a todos os indivíduos; III. O transplante da ordem doméstica à gestão pública faz com que os detentores de posições públicas de responsabilidade tenham dificuldade de compreender a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público. IV. Para o funcionário patrimonial, a própria gestão política apresenta-se como um assunto de seu interesse particular. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: e. II, III e IV, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. IV, apenas. e. II, III e IV, apenas. Comentário da resposta: Resposta: e) · Pergunta 4 0 em 0 pontos O antropólogo Roberto DaMatta (1986, p. 95-97), em O que faz o brasil, Brasil?, elaborou a seguinte tese sobre o “dilema brasileiro”: “[...] o dilema brasileiro reside, precisamente, numa trágica oscilação entre um esqueleto nacional feito de leis universais cujo sujeito [é] o indivíduo, e as situações onde cada qual [se salva e se despacha como pode], utilizando, para isso, o seu sistema de relações pessoais. Haveria assim, um verdadeiro combate entre as leis que devem valer para todos e as relações que, evidentemente, só podem funcionar para quem as tem. O resultado é um sistema social dividido e, até mesmo, equilibrado entre duas unidades sociais básicas [...]”. Considerando essa perspectiva, é correto dizer que essas duas unidades sociais básicas são: Resposta Selecionada: a. O indivíduo (o sujeito das leis universais que modernizam a sociedade) e a pessoa (o sujeito das relações sociais, que conduz ao polo tradicional do sistema). Respostas: a. O indivíduo (o sujeito das leis universais que modernizam a sociedade) e a pessoa (o sujeito das relações sociais, que conduz ao polo tradicional do sistema). b. O mameluco, filho do branco com o índio, e o mulato, filho do branco com o negro. c. O aplicador da lei, o puro burocrata, e o corrupto, o que infringe a lei. d. O patrão, dono dos meios de produção, e o empregado, explorado pelo patrão. e. O rico e o pobre. Comentário da resposta: Resposta: a) CULTURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Teste QUESTIONÁRIO UNIDADE III · Pergunta 1 0,4 em 0,4 pontos Antropologicamente, o conceito de cultura se refere a toda produção simbólica, aos modos de ser, de fazer, de pensar, trazendo em si todas as contradições da sociedade. Em sociedades capitalistas como a nossa, a produção cultural estaria relacionada às próprias relações capitalistas de produção, relações estas que opõem classes sociais. Com base nessa perspectiva, é correto afirmar que: Resposta Selecionada: a. A cultura pode ser entendida como os modos de ser, de fazer e de pensar de uma classe social, de um grupo social etc. Respostas: a. A cultura pode ser entendida como os modos de ser, de fazer e de pensar de uma classe social, de um grupo social etc. b. A cultura é um fenômeno independente das relações econômicas de uma sociedade. c. A cultura, ao se referir à produção simbólica, restringe-se apenas a uma classe social: a classe dominante. d. A cultura não pode ser produto de uma ralé de excluídos. e. A cultura, vista nas classes sociais, internamente, não comporta diferenças, pois todos os membros de uma classe social se comportam de maneira idêntica. Comentário da resposta: Resposta: A Comentário: É correto o que se afirma em A. É correto dizer que a cultura pode ser entendida a partir das culturas de cada classe ou grupo social. No entanto, é preciso ponderar que mesmo dentro de cada grupo haverá diferenças culturais. É justamente aqui que a afirmativa E dispõe o contrário; afirma-se nessa sentença que não há, internamente aos grupos sociais, diferenças nos modos de ser, de fazer e de pensar. A alternativa B está incorreta, pois, como está explícito no próprio enunciado, a cultura – no caso de sociedades capitalistas – está relacionada às próprias relações capitalistas de produção. Em C e em D, nota-se uma perspectiva reducionista do conceito antropológico de cultura, e por isso são afirmativas incorretas. · Pergunta 2 0,4 em 0,4 pontos As categorias “cultura erudita” e “cultura popular”, antropologicamente falando, nos ajudam a compreender – na sua oposição ou fusão – como as classes dominantes existem em relação às classes dominadas, e como essas classes passam a partilhar de um processo social comum, mas do qual as elites continuam a exercer um controle importante. Assim, toda a produção cultural é resultado dessa existência comum, da história coletiva, por mais que seus benefícios e suas formas de controle sejam desiguais. Considerando essas categorias, é correto afirmar que: I. Haveria uma oposição entre o que é erudito e o que é popular, oposição esta que se faz quando consideramos os diferentes interesses, visões de mundo e manifestações das classes sociais. II. A existência de classes dominadas demonstra a existência das desigualdades sociaise a “obrigação” de superá-las, e por isso a cultura popular pode ser vista como contendo um conteúdo transformador; ao passo que a cultura erudita pode ser compreendida por meio de sua expansão colonizadora. III. Há um abismo intransponível entre cultura popular e cultura erudita, isto é, entre cultura do povo e cultura de elite. O que é própria da cultura erudita jamais será popular, assim como o inverso também se aplica. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: d. I e II, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e II, apenas. e. II e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: D Comentário. É correto o que se afirma em I e II. Ambas as afirmativas colocam um tipo de análise interpretativa em perspectiva: “haveria uma oposição...”, “a cultura popular pode ser vista...”. Não se trata de imprecisão teórica, mas de uma ponderação acerca da relação entre as categorias “cultura erudita-cultura popular” numa sociedade de classes. Em I, vemos como a oposição “cultura erudita-cultura popular” se faz em meio a interesses distintos, visões de mundo e manifestações que têm a ver com a sociedade de classes. Em II, vemos como a cultura popular pode ter um conteúdo transformador da sociedade, visando superar desigualdades sociais. Em III, vemos uma afirmativa que em nada pondera sobre o tema; é taxativa ao dizer que o que é próprio da cultura erudita jamais será popular; bem como o inverso também; mas isso está errado, pois a cultura é dinâmica e tais categorias apenas ajudam na compreensão desse dinamismo. Sabe-se, por exemplo, que o futebol – de origem inglesa, e que foi introduzido no Brasil pela elite no começo do século XX –, num dado momento, passou a ser de domínio de uma grande maioria, ou seja, o futebol, que era próprio de uma elite, passou a ser parte da nossa cultura popular. · Pergunta 3 0,4 em 0,4 pontos Na Antropologia, a categoria conhecida como folclore se confunde com a categoria chamada de cultura popular. Embora possam guardar diferenças conceituais, os dois termos servem para as mesmas realidades; remetem à história, e se associam às maneiras de o povo viver; remetem às festas, aos ritos e, também, ao cotidiano e seus produtos: a comida, a casa, a vestimenta, os artefatos de trabalho etc. Se, por exemplo, na conhecida “Folia de Santos Reis”, um antropólogo se deparasse com participantes que dizem fazer sua máscara de plástico, porque é difícil fazer a de palha como tradicionalmente se fazia, provavelmente ele concluiria que: I. A “Folia de Santos Reis” acabou, ou seja, não é mais como era tradicionalmente e por isso deixa de fazer parte da cultura popular. II. Participantes com máscaras de plástico demonstram desprezo pela tradição. III. A cultura popular ou o folclore, muitas vezes para continuar a existir, passam a incorporar e ressignificar elementos da vida urbana e da sociedade de consumo. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: d. III, apenas. Respostas: a. I e III, apenas. b. II, apenas. c. I, apenas. d. III, apenas. e. II e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: D Comentário: É correto o que se afirma em III, apenas. O suposto antropólogo do enunciado provavelmente não concluiria que os participantes com máscaras de plástico têm desprezo pela tradição (o que está em II); muito menos que a festa popular teria acabado, no sentido de não fazer mais parte da cultura popular (o que está em I); o que está em III é uma conclusão correta, pois, como demonstra o exemplo, o uso de máscaras de plástico – e não mais de palha – revela o dinamismo cultural presente na própria festa popular; que incorpora, então, elementos da vida urbana e de consumo, ressignificando suas fantasias – enquanto ressignifica o plástico. · Pergunta 4 0,4 em 0,4 pontos No artigo “Folclore e sociologia em Florestan Fernandes”, Sylvia Garcia (2001, p. 149-150) apresenta a análise desse grande intelectual brasileiro acerca dos folguedos – festas populares de espírito lúdico que se realizam em diversas regiões do Brasil – e da função social do grupo infantil nesse contexto: “É a opinião pública tradicional que fala nos folguedos, ensinando ludicamente às crianças como se vive em certa sociedade, o que se deve fazer, como se deve fazer e o que é proibido e castigado. Desse modo, revela-se a função que o grupo infantil exerce para a continuidade cultural. Ainda que de modo sucinto, Florestan aponta [...] que o grupo [infantil] incorpora antigos elementos transferidos da cultura adulta do passado para a cultura lúdica do presente [...]”. Nesse sentido, é correto dizer que: Resposta Selecionada: a. Se a função social dos folguedos é a de ensinar ludicamente às crianças como se vive em sociedade, a função que o grupo infantil exerce tem a ver com a continuidade cultural e a manutenção de uma certa identidade coletiva. Respostas: a. Se a função social dos folguedos é a de ensinar ludicamente às crianças como se vive em sociedade, a função que o grupo infantil exerce tem a ver com a continuidade cultural e a manutenção de uma certa identidade coletiva. b. As crianças não exercem qualquer função social nesse contexto. c. Os folguedos constituem uma maneira de romper ou superar tradições – por meio das crianças. d. As crianças não têm capacidade para interferir na identidade coletiva, pois essa é uma função da “cultura adulta”. e. O que se deve fazer, como se deve fazer e as maneiras de viver em certa sociedade são questões disciplinares, racionais, de modo que os folguedos, ao pretenderem assumir esse papel, rebaixam a cultura da sociedade. As crianças acabam sendo vítimas desse tipo de “cultura popular”. Comentário da resposta: Resposta: A Comentário: É correto o que se afirma em A. A função social dos folguedos passa pelo ensinamento lúdico ao grupo infantil acerca da vida em sociedade; ao passo que esse grupo assume a função de dar continuidade à cultura e à identidade coletiva dessa sociedade. Portanto, o que está em B é incorreto; as crianças têm, sim, uma função social no contexto dos folguedos. O que está em C é incoerente com o que está posto no enunciado. Os folguedos não constituem uma ruptura com tradições por meio das crianças, mas, antes, uma transferência da cultura adulta do passado para a cultura lúdica do presente – para a “cultura infantil”. A alternativa E está errada, pois a cultura – e as formas de transmissão cultural – não se limitam às dimensões disciplinares ou racionais; são, antes dessas, transmitidas simbolicamente, ludicamente. E afirmar que crianças são vítimas dos folguedos ou da cultura popular é pretender que sua cultura fosse substituída por outra melhor – o que demonstra uma postura de intolerância e incompreensão do “outro”. · Pergunta 5 0,4 em 0,4 pontos Pode-se contextualizar o surgimento de uma “indústria cultural” a partir dos séculos XVIII e XIX. O fato histórico que marca esse século é a multiplicação dos jornais na Europa, já que, até a Idade Média, a leitura e a escrita eram privilégios do clero e de parte da nobreza. Isso muda com o capitalismo, pois o novo modelo socioeconômico trouxe como características a urbanização, a industrialização e o aumento do mercado consumidor. Desta forma, as cidades se tornaram polos de importância econômica, social e cultural. E por isso também a população deixa o campo rumo à cidade para trabalhar nas fábricas. Com a introdução das máquinas na produção de mercadorias, tem-se o barateamento dos produtos e, com isso, o aumento do mercado consumidor. Assim, a burguesia comercial e industrial se constitui como classe dominante e passa a exercer uma hegemonia sobre as classes médias que aumentam; esse público seria, então, “conquistado” pelas forças de mercado, que passavam a produzir – também de modo industrial – os bens culturais. Com base nessas considerações, é correto afirmar que: I. Numa sociedade capitalista, a classedominante detém a hegemonia mediante a produção de uma ideologia dominante; ou seja, mediante a própria indústria cultural que veicula a sua visão de mundo. II. Os bens culturais são patrimônio público e por isso não podem se tornar “produtos culturais” ou mercadorias. III. A produção de bens culturais, no contexto da indústria cultural, se assemelha à produção padronizada e em série de veículos, por exemplo. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: e. I e III, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e II, apenas. e. I e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É correto o que se afirma em I e III, apenas. A afirmativa II está errada, pois o sentido de indústria cultural é mesmo o de que os bens culturais passaram a ser produzidos de modo industrial; em série, padronizados, reprodutíveis em escala (o jornal, a telenovela, o cinema). A sentença romantiza os bens culturais como se fossem patrimônio público e não mercadorias. Acontece que mesmo mercadorias podem ser consideradas bens culturais; além de, muitas delas, fazerem parte de uma espécie de patrimônio público. O chocolate na Suíça, por exemplo, é um bem de consumo material, mas ele se apresenta sob diversas marcas, símbolos etc., fazendo parte da identidade coletiva daquele país. No caso da sentença I, é correto dizer que numa sociedade capitalista, sobretudo no contexto histórico do enunciado, a classe dominante exerce uma hegemonia através da própria indústria cultural de que é detentora. Assim, ela veicula de modo massivo a sua ideologia, que passa a ser a ideologia dominante. Em III, vemos uma correta leitura que compara a produção de veículos à produção de bens culturais, como séries de TV, por exemplo. · Pergunta 6 0,4 em 0,4 pontos Os jornais, como produtos culturais que são, assumem grande importância na sociedade do tipo moderno. As primeiras décadas de 1800 serão marcadas pelas consequências sociais das revoluções burguesas. Nacionalismo, socialismo e liberalismo vão disputar pela adesão das massas. Vemos as lutas sociais ganharem as ruas, o direito estendido do voto a todos os homens adultos... Vemos grandes partidos políticos, inclusive os operários, reivindicarem o poder da imprensa para a conquista de adeptos... Depois, na França, com a revolução de 1848, vemos campanhas nacionalistas e socialistas contra a aristocracia que voltava ao poder... Neste mesmo ano, vemos a reivindicação da liberdade de imprensa igualmente na Alemanha. Mas, como explica Marcondes Filho (2014, p. 270), no seu “Dicionário da Comunicação”, é na segunda metade do século XIX que se delineava “a grande clivagem” na imprensa: “[...] enquanto a imprensa popular ganhava as ruas, estimulando as campanhas operárias, as lutas socialistas, as conquistas sociais, os donos das empresas jornalísticas já estavam dando seu pulo do gato. A atividade que se iniciaria com as discussões político-literárias aquecidas, emocionais, relativamente anárquicas, começava agora a se constituir como grande empresa capitalista: todo o romantismo da primeira fase será substituído por uma máquina de produção de notícias e de lucros com os jornais populares e sensacionalistas”. Sob a perspectiva crítica acerca da indústria cultural, e considerando o contexto descrito acima, é correto afirmar que: I. O jornalismo popular e sensacionalista evidencia como as manifestações culturais e populares podem ser cooptadas pela indústria capitalista. II. “Imprensa popular” e “jornais populares e sensacionalistas” são expressões equivalentes no enunciado. III. O “popular” assume uma ambivalência tal no enunciado da questão, já que está tanto do lado dos trabalhadores, quanto do lado dos capitalistas. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: e. I e III, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e II, apenas. e. I e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É correto o que se afirma em I e III, apenas. A sentença II está incorreta, pois a categoria “popular” em “imprensa popular” e “jornais populares e sensacionalistas” não cumpre o mesmo papel; ou senão as expressões não são equivalentes, pois que, contextualizadas, elas mostram como a imprensa popular se associava inicialmente a campanhas operárias, a lutas socialistas e conquistas sociais. A expressão “jornais populares e sensacionalistas” é usada no enunciado da questão para mostrar justamente como esses últimos substituíram a imprensa popular. Em I, vemos uma afirmativa correta; pois que, sendo um produto cultural no contexto capitalista, o jornalismo expressa como manifestações culturais e populares podem ser cooptadas pela indústria cultural/capitalista. Em III, vemos uma correta reflexão acerca da ambivalência da palavra “popular” no enunciado da questão. Uma leitura atenta revela como o termo se associa a classes sociais distintas, em momentos distintos, e atribuindo significados particulares em cada caso. · Pergunta 7 0,4 em 0,4 pontos O termo Indústria Cultural aparecerá pela primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento (texto iniciado em 1942 e publicado em 1947), de Max Horkheimer e Theodor Adorno. A questão que se colocava por esses teóricos da Escola de Frankfurt, sobretudo ao analisarem a transformação cultural da sociedade americana entre os anos 30 e 40, era a de que os produtos ligados à intelectualização passavam a existir – no capitalismo – como mercadoria. Sendo assim, toda a atividade intelectual produzida pelos meios de comunicação estaria associada à marca da indústria cultural, algo que ocorre através de um processo de serialização-padronização-divisão do trabalho. O modelo se baseia na lógica do desenvolvimento da tecnologia e sua função na economia. Daí o termo identificado como “racionalidade técnica”. Na redação definitiva de Dialética do Esclarecimento, os autores usaram a expressão “cultura de massa”, que mais tarde foi substituída por “indústria cultural” a fim de se evitar a interpretação de que essa cultura emergiria das massas, espontaneamente, como uma forma de arte popular. À luz desse tipo de interpretação crítica da indústria cultural, é correto afirmar que: Resposta Selecionada: a. A indústria cultural fixa de maneira exemplar a derrocada da cultura, ou seja, sua queda na condição de mercadoria e a alienação das massas. Respostas: a. A indústria cultural fixa de maneira exemplar a derrocada da cultura, ou seja, sua queda na condição de mercadoria e a alienação das massas. b. A produção industrial permite a livre expressão do papel filosófico-existencial da cultura. c. O modo industrial de produção da cultura não corre o risco de padronização com fins de rentabilidade econômica e controle social. d. A indústria cultural fixa de maneira exemplar que há um interesse difuso na reflexão e no pensamento. e. A indústria cultural é um conceito que sugere que as massas passaram a produzir uma cultura das massas e para as massas. Comentário da resposta: Resposta: A Comentário: É correto o que se afirma em A. As demais afirmações poderiam ser lidas corretamente no seu inverso sentido. Em B, por exemplo, a afirmação ficaria correta se dissesse que “a produção industrial não permite a livre expressão do papel filosófico-existencial da cultura”. Em C, a sentença deveria dizer que “o modo industrial de produção da cultura está ligado à padronização com fins econômicos e de controle social”; em D, a sentença deveria negar o que se diz; isto é, pela indústria cultural não há um interesse difuso na reflexão e no pensamento. Em E, vemos uma sentença que contraria o que está posto no próprio enunciado da questão acerca do uso da expressão “indústria cultural” por seus autores. Em resumo, é preciso compreender o conceito no seu contexto teórico; e é isso o que está em A. Embora possa ser criticada, a perspectiva crítica do conceito de indústria cultural indicaque a própria indústria cultural fixa de maneira exemplar a derrocada da cultura, ou seja, sua queda na condição de mercadoria e a alienação das massas. · Pergunta 8 0,4 em 0,4 pontos Acerca da “Mass Communication Research” (MCR) e da “Teoria Crítica” da Escola de Frankfurt (EF), pode-se admitir uma diversidade entre os autores de cada uma dessas correntes/escolas da Comunicação, mas também pode-se admitir uma coerência no seio de cada uma delas. A distinção feita por Umberto Eco entre apocalípticos e integrados (In: ECO, U. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 1993, 5ª ed.) serve para acentuar que os autores da Escola de Frankfurt estariam mais para “apocalípticos”, enquanto os autores da Mass Communication Research estariam mais para “integrados”. Apocalípticos, os que veem na cultura de massa uma ameaça para a democracia. Integrados, os que se contentam com a democratização do acesso de “milhões” a essa cultura do lazer. Tendo em vista essas duas correntes de estudo, assinale as afirmativas corretas: I. A MCR tem uma visão instrumental e administrativa dos meios de comunicação, entendendo que esses meios, como a propaganda, são meros instrumentos, nem mais morais nem mais imorais que a manivela da bomba d’água. II. A MCR tem uma visão crítica acerca das consequências do desenvolvimento dos meios de produção/comunicação e transmissão cultural. III. A escola de pensamento crítico (EF) recusa-se a tomar como evidente a ideia de que com as inovações técnicas a democracia sai mais fortalecida. Essa corrente de estudos compreenderia que o terreno em que a técnica adquire seu poder sobre a sociedade é o terreno dos que a dominam economicamente. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: e. I e III, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e II, apenas. e. I e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: E Comentário: É correto o que se afirma em I e III, apenas. A sentença II está incorreta, pois, como está posto no enunciado, os representantes da MCR estão associados aos “integrados” e não aos “apocalípticos”, esses últimos os que têm uma visão crítica acerca dos meios de comunicação de massa. O enunciado da questão permite que se compreenda, assim, a visão instrumental e administrativa da MCR (o que está em I); bem como permite que se compreenda que a EF assume posição contrária à da MCR (o que está em III). Acentua-se aí uma visão crítica dos meios de comunicação de massa, entendidos no terreno da técnica e da dominação econômica. · Pergunta 9 0,4 em 0,4 pontos Leia o texto a seguir: Fonte: WATTERSON, B. Os dias estão simplesmente lotados: um livro de Calvin e Haroldo por Bill Watterson. São Paulo: Best News, 1995, p. 55. Com base na leitura e nos seus conhecimentos sobre uma perspectiva crítica dos meios de comunicação de massa, avalie as afirmativas: I. A comunicação midiática é criticada na tirinha a partir da metáfora da comunicação como controle. Fica evidente a diferença entre os papéis dos participantes no processo comunicativo; de um lado o personagem em posição de submissão e, de outro lado, o “poderoso da mídia de massa”. II. A narrativa mostra como a televisão é um meio de comunicação que estimula o pensamento lógico, racional e crítico. III. A tirinha é crítica em relação ao poder da comunicação midiática; entende-se que a televisão desestimula a reflexão e a imaginação; e fica implícito que esse poder da mídia de massa tem a ver com o poder dos que a dominam economicamente. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: a. I e III, apenas. Respostas: a. I e III, apenas. b. I e II, apenas. c. II e III, apenas. d. I, apenas. e. II, apenas. Comentário da resposta: Resposta: A Comentário: É correto o que se afirma em I e III, apenas; o que está em II é incorreto, pois a narrativa da tirinha mostra exatamente o contrário; em tom de ironia, faz-se um agradecimento à TV por ela estimular a emoção, reduzir o pensamento e aniquilar a imaginação. As sentenças I e III concordam com a perspectiva crítica da tirinha. Em I, destaca-se a dimensão de poder e controle da mídia; e, em III, destaca-se o aspecto de alienação supostamente característico ao meio de comunicação de massa; e propõe-se que está implícito na narrativa da tirinha que o poder da mídia de massa tem a ver com o poder dos que a dominam economicamente; ou seja, dos que detêm os meios de produção de conteúdo televisivo, produzindo aí “artificialidades” e “manipulações” com “fins comerciais”. · Pergunta 10 0,4 em 0,4 pontos Sob um tipo de pensamento crítico, é certo dizer que a chamada “comunicação social” encontrará bases nas estruturas econômicas e nos grandes conglomerados empresariais que acabam por concentrar em seus domínios grande parte do tráfego de informações e dados produzidos em rede. A grande questão colocada pelo historiador Yuval Noah Harari (2018, p. 72), em “21 lições para o século 21”, passa por aí... Liderada por gigantes como Google, Facebook e Tencent, a corrida para obtenção de dados coloca em xeque a simples ideia de liberdade individual. Ele explica que, assim como a autoridade divina fora legitimada por mitologias religiosas, e a autoridade humana foi justificada pela narrativa liberal, “a futura revolução tecnológica poderia estabelecer a autoridade dos algoritmos de Big Data, ao mesmo tempo que solapa a simples ideia de liberdade individual”. Quando sabemos que essas empresas querem nos conhecer melhor do que a nós mesmos, agindo como mercadoras de nossa atenção, e nos oferecendo conteúdos hiper personalizados, é correto concluir que: I. O que era, até então, meu inacessível reino interior, agora é compreendido por corporações e agências de governo, de modo que minha ilusão de livre-arbítrio provavelmente vai se desintegrar à medida que eu me deparar, diariamente, com essas instituições. II. Há uma liberdade irrestrita nos usos e consumos na internet; e é por isso que não se pode questionar a autoridade individual nesse contexto. III. Com a autoridade cada vez mais crescente dos algoritmos de Big Data, vemos a emergência de sofisticadas formas de vigilância e controle. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: d. I e III, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e III, apenas. e. II e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: D Comentário: É correto o que se afirma em I e III, apenas. A sentença II está incorreta, pois o enunciado questiona, justamente, a autoridade individual no contexto das mídias sociais; o historiador tensiona, ao máximo, os efeitos dos algoritmos de Big Data no século XXI. As sentenças I e III estão em concordância com esse tensionamento teórico. Em I, questiona-se a “ilusão do livre-arbítrio” no cenário em que certas instituições passam a conhecer meu “reino interior”; sendo assim, minhas decisões serão sempre influenciadas – quando não determinadas – por essas instituições, tão presentes no cotidiano das pessoas. Decorre daí uma “desintegração” da ilusão do livre-arbítrio. Em III, propõe-se uma associação coerente ao contexto, pois que com o aumento da autoridade dos algoritmos de Big Data, vemos novas e mais sofisticadas formas de vigilância e controle. Basta pensar nos usos e consumos via internet; parece que alguém (o algoritmo) sabe o que eu estou precisando; e, oferecendo-me a solução certa, passa a exercer certo controle sobre mim. CULTURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Teste ATIVIDADE TELEAULA III · Pergunta 1 0 em 0 pontos Antropologicamente, o conceito de cultura se refere a toda produção simbólica, aos modos de ser, de fazer, de pensar, trazendo em si todas as contradições da sociedade. Em sociedades capitalistas como a nossa, a produção cultural estaria relacionada às próprias relações capitalistas de produção, relações estas que opõem classes sociais. Com base nessa perspectiva,é correto afirmar que: Resposta Selecionada: a. A cultura pode ser entendida a partir dos modos de ser, de fazer e de pensar de uma classe social, de um grupo social etc. Respostas: a. A cultura pode ser entendida a partir dos modos de ser, de fazer e de pensar de uma classe social, de um grupo social etc. b. A cultura é um fenômeno independente das relações econômicas de uma sociedade. c. A cultura, ao se referir à produção simbólica, restringe-se apenas a uma classe social: a classe dominante. d. A cultura não pode ser produto de uma ralé de excluídos. e. A cultura, vista nas classes sociais, internamente, não comporta diferenças, pois todos os membros de uma classe social se comportam de maneira idêntica. Comentário da resposta: Resposta: a) · Pergunta 2 0 em 0 pontos As categorias “cultura erudita” e “cultura popular”, antropologicamente falando, nos ajudam a compreender – na sua oposição ou fusão – como as classes dominantes existem em relação às classes dominadas, e como essas classes passam a partilhar de um processo social comum, mas do qual as elites continuam a exercer um controle importante. Assim, toda a produção cultural é resultado dessa existência comum, da história coletiva, por mais que seus benefícios e suas formas de controle sejam desiguais. Considerando essas categorias, é correto afirmar que: I. Haveria uma oposição entre o que é erudito e o que é popular, oposição esta que se faz quando consideramos os diferentes interesses, visões de mundo e manifestações das classes sociais. II. A existência de classes dominadas demonstra a existência das desigualdades sociais e a “obrigação” de superá-las, e por isso a cultura popular pode ser vista como contendo um conteúdo transformador; ao passo que a cultura erudita pode ser compreendida por meio de sua expansão colonizadora. III. Há um abismo intransponível entre cultura popular e cultura erudita, isto é, entre a cultura do povo e a cultura da elite. O que é próprio da cultura erudita jamais será popular, assim como o inverso também se aplica. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: d. I e II, apenas. Respostas: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e II, apenas. e. II e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: d) · Pergunta 3 0 em 0 pontos O termo Indústria Cultural aparecerá pela primeira vez no livro “Dialética do Esclarecimento” (texto iniciado em 1942 e publicado em 1947), de Max Horkheimer e Theodor Adorno. A questão que se colocava por esses teóricos da Escola de Frankfurt, sobretudo ao analisarem a transformação cultural da sociedade americana entre os anos 30 e 40, era a de que os produtos ligados à intelectualização passavam a existir – no capitalismo – como mercadoria. Sendo assim, toda a atividade intelectual produzida pelos meios de comunicação estaria associada à marca da indústria cultural, algo que ocorre através de um processo de serialização-padronização-divisão do trabalho. O modelo se baseia na lógica do desenvolvimento da tecnologia e sua função na economia. Daí o termo identificado como “racionalidade técnica”. Na redação definitiva de Dialética do Esclarecimento, os autores usaram a expressão “cultura de massa”, que mais tarde foi substituída por “indústria cultural” a fim de se evitar a interpretação de que essa cultura emergiria das massas, espontaneamente, como uma forma de arte popular. À luz desse tipo de interpretação crítica da indústria cultural, é correto afirmar que: Resposta Selecionada: a. A indústria cultural fixa de maneira exemplar a derrocada da cultura, ou seja, sua queda na condição de mercadoria e a alienação das massas. Respostas: a. A indústria cultural fixa de maneira exemplar a derrocada da cultura, ou seja, sua queda na condição de mercadoria e a alienação das massas. b. A produção industrial permite a livre expressão do papel filosófico-existencial da cultura. c. O modo industrial de produção da cultura não corre o risco de padronização com fins de rentabilidade econômica e controle social. d. A indústria cultural fixa de maneira exemplar que há um interesse difuso na reflexão e no pensamento. e. A indústria cultural é um conceito que sugere que as massas passaram a produzir uma cultura das massas e para as massas. Comentário da resposta: Resposta: a) · Pergunta 4 0 em 0 pontos Sob um tipo de pensamento crítico, é certo dizer que a chamada “comunicação social” encontrará bases nas estruturas econômicas e nos grandes conglomerados empresariais que acabam por concentrar em seus domínios grande parte do tráfego de informações e dados produzidos em rede. A grande questão colocada pelo historiador Yuval Noah Harari (2018, p. 72), em “21 lições para o século 21”, passa por aí... Liderada por gigantes como Google, Facebook e Tencent, a corrida para obtenção de dados coloca em xeque a simples ideia de liberdade individual. Ele explica que, assim como a autoridade divina fora legitimada por mitologias religiosas, e a autoridade humana foi justificada pela narrativa liberal, “a futura revolução tecnológica poderia estabelecer a autoridade dos algoritmos de Big Data, ao mesmo tempo que solapa a simples ideia de liberdade individual”. Quando sabemos que essas empresas querem nos conhecer melhor do que a nós mesmos, agindo como mercadoras de nossa atenção, e nos oferecendo conteúdos hiperpersonalizados, é correto concluir que: I. O que era, até então, meu inacessível reino interior, agora é compreendido por corporações e agências de governo, de modo que minha ilusão de livre-arbítrio provavelmente vai se desintegrar à medida que eu me deparar, diariamente, com essas instituições. II. Há uma liberdade irrestrita nos usos e consumos na internet; e é por isso que não se pode questionar a autoridade individual nesse contexto. III. Com a autoridade cada vez mais crescente dos algoritmos de Big Data, vemos a emergência de sofisticadas formas de vigilância e controle. É correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: d. I e III, apenas. Respostas: a. l, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e III, apenas. e. II e III, apenas. Comentário da resposta: Resposta: d)