Buscar

16

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 118 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 118 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 118 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular)
Direito Constitucional - Prof ª Nelma
Fontana
Autor:
Equipe Materiais Carreiras
Jurídicas, Nelma Fontana
04 de Março de 2022
Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
Sumário 
Considerações Iniciais ................................................................................................................................... 2 
Da Ordem Econômica e Financeira................................................................................................................ 5 
1 –Princípios Gerais Da Atividade Econômica ................................................................................................ 5 
2 – Exploração de atividade econômica pelo Estado ................................................................................... 10 
3 – Prestação de serviço público .................................................................................................................. 14 
4 – Jazidas, recursos minerais e potenciais de energia hidráulica ............................................................... 15 
5 – Monopólio da União ............................................................................................................................... 17 
Da Política Urbana ...................................................................................................................................... 19 
Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária ................................................................................. 23 
Da Sistema Financeiro Nacional .................................................................................................................. 26 
Resumo ....................................................................................................................................................... 26 
Destaques da Legislação ............................................................................................................................. 28 
Destaques da Jurisprudência....................................................................................................................... 34 
Questões Comentadas ................................................................................................................................ 35 
Lista de Questões ........................................................................................................................................ 92 
Gabarito.................................................................................................................................................... 116 
 
 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
2 
116 
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Ordem econômica é um conjunto de normas jurídicas que regulam o comportamento dos agentes 
econômicos e a relação destes com a sociedade. 
A ordem econômica (mundo do dever ser – normas jurídicas) é o que vai definir o campo econômico-social 
e a possibilidade de intervenção estatal nas relações sociais. Essas normas jurídicas retratam as 
concepções políticas dominantes no momento de sua criação e norteiam a organização socioeconômica 
do Estado. 
No Brasil, a ordem econômica tem base no Estado Democrático de Direito, mas ainda preserva alguns 
pressupostos do Estado Liberal e do Estado Social, motivo pelo qual faremos um breve panorama 
histórico de surgimento do modelo adotado pela Constituição Federal. Vejamos. 
Do século XVIII a meados do século XX, prevaleceu a ideia de Estado abstencionista (Liberal) em matéria 
econômica firmado no mercado como principal instituição político-econômica e na internacionalização da 
economia e do comércio. 
No Liberalismo econômico, a principal característica é a solidificação do mercado natural, autorregulado, 
sem a intervenção estatal, embora alguns Estados tivessem primado por um modelo de liberalismo 
jurídico, que buscava preservar direitos individuais e limitar abusos estatais. 
A ordem instaurada pelo Estado Liberal buscava proteger a livre empresa e a inciativa privada. Nesse 
período, surgiram os institutos denominados negócios jurídicos e contratos (inclusive de trabalho), 
embasados na igualdade formal e na plena liberdade. 
No Estado Liberal, a liberdade individual precede ao próprio Estado, motivo pelo qual não pode por este 
ser limitada. Vale o Estado de Direito, o Estado regulado por leis e estas devem garantir aos indivíduos a 
proteção contra qualquer investida estatal. Deve prevalecer a liberdade, sob diferentes aspectos: 
contratual, de propriedade, de comércio e de indústria. 
Nesse período, as Constituições apenas buscavam dar amparo jurídico-político à burguesia, motivo pelo 
qual os conflitos sociais foram inevitáveis, notadamente, porque os camponeses e o proletariado viviam 
em condição de absoluta miséria, embora representassem a maioria. 
A Primeira Guerra Mundial abalou fortemente as concepções liberais, momento em que surgiram as bases 
de um Estado de Bem-Estar (Estado Social), que provocaram mudanças na ordem jurídico-econômica. 
A propriedade individual dos meios de produção deu lugar às sociedades por ações. A liberdade 
contratual foi limitada, especialmente no que tange ao contrato de trabalho. O Estado passou a intervir 
na ordem social e econômica, notadamente para amparar os mais pobres. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
3 
116 
É de se notar que a nomenclatura “Estado Social” não se dá por um acaso, uma vez que seu objetivo foi o 
de fazer a mudança do individualismo clássico liberal para a realização de objetivos de justiça social, por 
meio da implementação de direitos sociais inspirados numa igualdade material. 
A Segunda Guerra Mundial foi o marco de surgimento do Estado Democrático de Direito, que representa 
uma evolução do Estado Social, embora parte da doutrina pátria não faça nenhuma distinção entre Estado 
de Direito e Estado Democrático de Direito (é o caso de Cretella Júnior, por exemplo – página 135). 
Discordamos. O Estado de Direito Liberal não teve qualquer preocupação com as desigualdades sociais, 
que é o cerne do Estado Democrático de Direito. O Estado de Direito é o que se submete ao império das 
leis e busca preservar as conquistas liberais, mormente aquelas voltadas à liberdade. Ora, a democracia 
não é parte indispensável ao desenvolvimento do capitalismo, como bem demonstrou o período ditatorial 
pelo qual passou nosso Brasil entre 1964 e 1985. 
O Estado Democrático de Direito soma alguns dos pressupostos do Estado Liberal e do Estado Social. Há a 
garantia da liberdade, da livre inciativa, da propriedade, mas há também uma preocupação social que 
obriga o Estado a desenvolver políticas que proporcionem a vida digna, conforme os ditames da justiça 
social. 
Canotilho (2001) ensina que a expressão “Estado Democrático de Direito” inova ao pautar a atuação do 
Estado na Constituição e nas estratégias nela contidas de justiça política, para transformação do status 
quo. A Constituição, nessa linha, impulsiona a mudança social, a erradicação da pobreza. Daí falar-se 
em Constituição Dirigente, uma vez que a Lei Maior assume o papel de orientar a mudança social. 
Perceba que estamos tratando de uma evolução histórica: 
 
 
A evolução para o paradigma do Estado Democrático de Direito revela a superação dos modelos do 
Estado Liberal e do Estado Social, embora tenha mantido algumas de suas características. Com efeito, o 
Estado Democrático de Direito não permite que o Direito seja justificado a partir da autonomia 
privada (Estado de Direito ou Liberal), nem apartir de uma autonomia pública ao nível do Estado 
(Estado Social). 
O Estado Liberal representou o término do Estado absolutista (pautado no abuso de poder do soberano), 
mas primou por uma busca da liberdade individual burguesa, o que provocou graves desigualdades 
socioeconômicas e culturais. 
O Estado Social superou o Estado Liberal e buscou a liberdade e a igualdade de todos os homens, a partir 
do estabelecimento de direitos sociais e de liberdades positivas, mas causou uma hipertrofia do que é 
Estado Soberano Estado Liberal Estado Social
Estado 
Democrático de 
Direito
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
4 
116 
público e uma atrofia do privado. Esse paradigma social entrou em crise e não conseguiu atender a todas 
as demandas sociais, o que levou ao endividamento público e a crises democráticas. 
O Estado Democrático de Direito trouxe a ideia de que o público e o privado são esferas 
complementares e fundamentais para a conformação e o aperfeiçoamento do regime democrático. 
O Estado Democrático de Direito pressupõe: 1) a separação de Poderes; 2) o protagonismo da cidadania 
no que tange ao processo de tomada de decisões; 3) a proteção aos direitos difusos, notadamente, o meio 
ambiente e os direitos do consumidor; 4) a garantia de direitos individuais e direitos coletivos; 5) a 
universalização de direitos fundamentais. 
Com efeito, é irrefutável que o Estado não pode se manter totalmente inerte quanto às questões 
econômicas, uma vez que as forças econômicas se livres de quaisquer limitações ou regramentos 
provocarão a extinção da livre iniciativa e da livre concorrência, fato que concentrará a riqueza e a 
produção nas mãos de um grupo diminuto de pessoas e, consequentemente, causará gravíssimos 
problemas sociais. 
A riqueza produzida no Estado deve ser meio de prover a vida digna a todos, de modo que é papel do 
Estado, nos limites definidos pela Constituição, intervir no setor econômico, a fim de que se obtenha 
uma sociedade pautada na justiça social. 
Duas são as formas de intervenção do Estado na economia: intervenção direta e intervenção indireta. 
A intervenção direta é a que se dá quando o Estado exerce o papel de agente econômico na produção de 
bens ou de serviços de conteúdo econômico. Essa forma de atuação pode ocorrer em regime de 
monopólio ou em concorrência com o setor privado. 
A intervenção indireta do Estado na economia objetiva garantir a livre concorrência e combater práticas 
contrárias ao interesse público, ao meio ambiente, e à própria economia, como por exemplo, a formação 
de cartéis. Essa atuação do Estado pode ocorrer por meio da fiscalização, pelo exercício do poder de 
polícia da Administração, ou por meio do direcionamento dos agentes econômicos a partir de estímulos 
públicos de determinadas atividades ou de desestímulo de outras (indução). 
No Brasil, a ordem econômica foi constitucionalizada e organizada aos moldes dos preceitos do 
Estado Democrático de Direito. Estão prescritos a livre iniciativa, o pleno emprego e a propriedade 
privada, mas a finalidade da ordem econômica é assegurar a existência digna, conforme os ditames da 
justiça social. 
A primeira Constituição brasileira a separar a ordem econômica da ordem social foi a de 1988. A 
Constituição de 1934 foi a primeira a tratar do assunto (ordem econômica), mas o tema foi explorado junto 
com a ordem social. As demais Constituições que surgiram na sequência reproduziram o modelo de 1934. 
 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
5 
116 
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 
A Constituição Federal reservou o seu Título VII para dispor sobre a ordem econômica e financeira. Os 
artigos de 170 a 192 da Lei Maior retratam o tema em quatro capítulos: 
✓ Capítulo I: Princípios Gerais da Atividade Econômica; 
✓ Capítulo II: Da Política urbana; 
✓ Capítulo III: Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária; 
✓ Capítulo IV: Do Sistema Financeiro Nacional. 
A atividade econômica contempla prestação de serviço público e atividades privadas comerciais, 
industriais e de prestação de serviço. 
 
1 –PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 
A ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Sua finalidade é 
a de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social (artigo 170 da CF/88). 
O binômio trabalho humano e livre iniciativa como fundamentos da ordem econômica tem o propósito de 
garantir o equilíbrio entre os meios de produção e existência digna; a produção de riqueza e a dignidade da 
pessoa humana. 
Note que não há cisão entre trabalho e capital; antes, há integração. Perceba que o texto constitucional 
não faz a separação entre empregador e trabalhador; classe dominante e classe dominada. Há uma 
garantia aos meios de produção por meio da apropriação privada e da liberdade de empresa, mas, 
paralelamente, há a imposição de que o fruto do empreendimento seja a justiça social. 
O trabalho humano deve ser valorizado. O empreendedorismo só será legítimo se alçar o trabalho 
humano ao primeiro patamar. Nesse sentido, o texto constitucional aponta os valores sociais do trabalho 
e da livre inciativa como fundamentos da República Federativa do Brasil (artigo 1º, IV); a erradicação da 
pobreza e da marginalização como objetivos (artigo 3º, III); a igualdade material como direito individual 
(artigo 5º, caput). Acrescente-se ainda que o a Lei Maior constitucionalizou uma série de direitos 
trabalhistas (artigo 7º), com a finalidade de proteger o trabalhador e de garantir-lhe meios dignos de 
sobrevivência. Assim, a ordem econômica deve ser estudada, construída e materializada a partir da 
harmonização entre trabalho humano e capital. 
Com efeito, o exercício de atividades econômicas e profissionais por particulares deve ser protegido da 
coerção arbitrária por parte do Estado. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, no RE 1.054.110, 
decidiu que a proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por motorista 
cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação aos princípios da livre iniciativa e da livre 
concorrência. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
6 
116 
A Constituição Federal expressamente assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei (artigo 170, § 
único). 
 
 
A ordem econômica, além de ser fundamentada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, 
para assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, é estruturada em nove 
princípios elencados no artigo 170 da Constituição Federal. São eles: 
1. soberania nacional 
A soberania nacional tem dupla acepção: 1) é fundamento da República Federativa do Brasil (artigo 1º, I, 
da CF/88) e 2) é também princípio da ordem econômica. 
Como princípio da ordem econômica, indica que a República Federativa do Brasil tem autodeterminação 
para definir as suas políticas econômicas, sem sofrer interferências externas. 
Nesse sentido, o artigo 172 da Constituição dispõe que a lei disciplinará, com base no interesse nacional, 
os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros. 
2. propriedade privada. 
3. função social da propriedade. 
O Estado brasileiro é capitalista, de forma que o sistema econômico é baseado na legitimidade dos bens 
privados.A propriedade, além de princípio da ordem econômica, é um dos direitos fundamentais individuais 
contidos no artigo 5º da Constituição Federal. Típico direito negativo de primeira dimensão, impõe ao 
Estado dever de inércia, o dever não agir em detrimento da proteção constitucional da propriedade 
privada. Daí a necessidade de fixar, por meio de norma declaratória, que é garantido o direito de 
propriedade (5º, XXII) e vedar, em regra, a desapropriação e o confisco. 
Ordem 
Econômica
Fundamentos
Valorização do trabalho 
humano
livre iniciativa
Finalidade
assegurar a todos a existência
digna, conforme os ditames
da justiça social.
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
7 
116 
Por outro lado, como os direitos fundamentais não são absolutos, o próprio texto constitucional impôs ao 
direito de propriedade uma limitação ao estabelecer que "a propriedade atenderá a sua função social" 
(XXIII) e ao fixar a função social também como princípio da ordem econômica. 
4. livre concorrência 
Pelo princípio da livre concorrência, o legislador quis assegurar a todos a liberdade para empreender e 
garantir os meios dignos de sobrevivência por meio do trabalho. 
O monopólio, a dominação de mercado pelo abuso do poder econômico, a fixação de preços exorbitantes 
e a concentração de renda são inconstitucionais, pois afetam a existência digna, provocam o 
empobrecimento, aumentam as desigualdades sociais e prejudica a economia. 
É papel do Estado atuar em defesa da livre concorrência, seja por meio da imposição de medidas 
sancionatórias ou por ações preventivas, a partir da regulação e da fiscalização da atividade de empresa. 
Nessa toada, o artigo 173 da Constituição Federal dispõe que a lei reprimirá o abuso do poder econômico que 
vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (§ 4º). 
Cabe, ainda, ao Estado, por meio de lei, estabelecer a responsabilidade da pessoa jurídica que praticar atos 
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular (artigo 173, §5º, da CF/88). 
O Supremo Tribunal Federal, na Súmula Vinculante 49, para reprimir o desrespeito à livre concorrência, 
fixou que a lei proibidora da instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em 
determinada área é inconstitucional. 
Prática comum no Brasil é a aglomeração de comércios de mesma natureza numa mesma área. Por 
exemplo, em Brasília, há a rua das elétricas, a rua das farmácias, a rua da informática. Para o consumidor, 
existe vantagem nesse tipo de prática, porque além de facilitar a compra, ainda permite a busca por 
melhores preços, em razão da concorrência. 
Ocorre que alguns Municípios, por lei, começaram a exigir, para instalação de novo comércio, um 
distanciamento mínimo daquele já existente. Essa limitação geográfica induz à concentração capitalista, 
em detrimento do consumidor, e implica cerceamento do exercício do princípio constitucional da livre 
concorrência, que é uma manifestação da liberdade de iniciativa econômica privada. 
Como muitos foram os casos, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante 49, com a seguinte 
redação: 
"Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos 
comerciais do mesmo ramo em determinada área." 
Por outro lado, convém esclarecer que, como exceção à aplicação da Súmula Vinculante 49, por motivo 
de segurança e de proteção à saúde e ao meio ambiente, será possível exigir uma distância mínima 
entre um estabelecimento comercial e outro, como ocorre com postos de combustível, por exemplo. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
8 
116 
5.defesa do consumidor 
O princípio de defesa do consumidor é decorrente da finalidade da ordem econômica, qual seja, a de 
assegurar a todos uma vida digna. É também um direito fundamental expresso no artigo 5º, XXXII, da 
Constituição Federal. 
Há uma relação de desigualdade entre o fornecedor e o consumidor, que faz deste dependente e 
hipossuficiente, em razão do desequilíbrio econômico. 
Para corrigir essa diferença, a Constituição Federal, ao fixar a defesa do consumidor como princípio da 
ordem econômica, materializa a igualdade material por meio da desigualdade jurídica. Dito de outra 
forma, a legislação consumerista assegura um tratamento jurídico desigual em relação ao fornecedor, mas 
essa diferença objetiva assegurar a igualdade material e a dignidade da pessoa humana. 
6. defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação 
O exercício de atividade econômica não tem o propósito apenas de produzir riqueza. A atividade 
econômica é livre, mas não é absoluta, de modo que o exercício da atividade de empresa, do 
empreendedorismo, da livre iniciativa, encontram limitações no direito do consumidor, como dito acima , 
e no respeito ao equilíbrio ambiental. 
O meio ambiente equilibrado é um direito fundamental social que impõe ao Poder Público e à coletividade 
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (artigo 225 da CF/88). 
A atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva 
a proteção ao meio ambiente. A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por 
interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica. 
Com efeito, o STF, na ADPF 101, declarou a constitucionalidade de atos normativos proibitivos da 
importação de pneus usados, tendo sido evidenciado que a importação de pneus usados ou remoldados 
afronta os preceitos constitucionais de saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
7. redução das desigualdades regionais e sociais 
8. busca do pleno emprego 
A redução das desigualdades sociais e regionais, além de princípio da ordem econômica, é também um 
dos objetivos da República Federativa do Brasil (artigo 3º, III, da CF/88). 
A busca do pleno emprego é decorrente da dignidade da pessoa humana e da cidadania, fundamentos da 
República Federativa do Brasil (artigo 1º, incisos II e III, da CF/88). 
É dever do Estado estimular o exercício da atividade produtiva e desenvolver obras e programas de ação 
que oportunizem a redução das desigualdades. Por outro lado, é também dever do Poder Público fiscalizar 
o setor privado quanto ao cumprimento da legislação trabalhista. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
9 
116 
Perceba que a garantia do pleno emprego requer ora atuação negativa, por meio da garantia da livre 
iniciativa, ora atuação positiva do Estado, por meio de desenvolvimento de políticas públicas e da atuação 
fiscalizadora. 
9. tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que 
tenham sua sede e administração no País 
É vedada ao Estado a criação de distinções de tratamento para determinados setores, empresas ou grupo 
econômicos. Entretanto, a Constituição Federal estabelece como princípio da ordem econômica o 
tratamento favorecido para empresas nacionais de pequeno porte. Esse benefício objetiva assegurar o 
pleno emprego, reduzir a desigualdades sociais, fomentar a economia e incentivar o empreendedorismo. 
Nessa linha, o artigo 179 da Lei Maior prescreve que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assimdefinidas em lei, tratamento 
jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, 
tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. 
 
(2019/VUNESP/Prefeitura de Francisco Morato – SP/Procurador) A soberania nacional, a propriedade 
privada, a livre concorrência, a defesa do consumidor, a redução das desigualdades regionais e 
sociais, assim como o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de 
autorização de órgãos públicos, são alguns dos princípios 
A) da ordem social. 
B) da política urbana. 
C) do sistema financeiro nacional. 
D) da ordem econômica. 
E) da seguridade social. 
Gabarito: D 
Comentários: Nos termos do artigo 170 da Constituição Federal, são princípios da ordem econômica: I - 
soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - 
defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII 
- redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido 
para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País. Assim, a letra D está correta. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
10 
116 
 
(2019/FUNDEP (Gestão de Concursos)/MPE-MG/Promotor de Justiça Substituto) Assinale a assertiva 
verdadeira. 
A) A lei municipal que regulamenta o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais padece 
de inconstitucionalidade formal derivada da imprópria ingerência da Administração Pública em atividade 
privada. 
B) Ofende o direito á livre concorrência a lei municipal que possibilita à Administração Pública impedir a 
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área. 
C) Os estabelecimentos comercias, por força da diretriz da livre iniciativa, não podem sofrer restrições de 
direitos pela Administração Pública municipal, excetuando-se nas matérias tributárias e na temática de 
vigilância sanitária. 
D) O horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais e as restrições ao seu funcionamento 
não representam assunto de interesse local e, portanto, podem sofrer interferências pelo Prefeito apenas 
nas situações estritas autorizadas pela legislação estadual, conforme o direito à livre iniciativa. 
Gabarito: B 
Comentários: 
Compete aos Municípios, por se tratar de assunto de interesse local (artigo 30, I, da CF/88) dispor sobre 
horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais. Nesse sentido, há a Súmula Vinculante 38: " É 
competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial". Assim, as 
assertivas A e D estão incorretas. 
A Súmula Vinculante 49 dispõe que "ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a 
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área." Assim, a letra B é 
correta e a letra C é errada. 
 
2 – EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE ECONÔMICA PELO ESTADO 
A atividade econômica stricto sensu cabe ao setor privado, em regra. A exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional 
ou a relevante interesse coletivo, nos termos da lei. Entretanto, há hipótese em que o Estado explora 
diretamente, em regime de monopólio, atividade econômica, mas isso é exceção, como se verá. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
11 
116 
Para que o Estado esteja na condição de agente empresarial, isto é, esteja explorando, diretamente, 
atividade econômica em concorrência com a iniciativa privada, dois tópicos deverão ser observados: 
1) subsidiariedade: o Estado atuará diretamente, em regra, se o setor privado não tiver capacidade para 
atuar suficientemente ou não tiver interesse; 
2) requisitos: imperativo de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, nos termos da lei. 
Há situações em que o Estado atua diretamente: monopólio da União e prestação de serviços públicos, 
mas trataremos desses assuntos em tópicos separados. 
A exploração de atividade econômica pelo Estado será exercida por meio de empresa pública, de 
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias (Lei 13.303/2016, artigo 2º). Essas entidades da 
Administração Indireta têm personalidade jurídica de direito privado e são as únicas entidades do setor 
público que podem ter a organização de "empresa"(produção e circulação de bens e prestação de serviço). 
Cabe à lei estabelecer o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas 
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação 
de serviços (§ 1º do artigo 173 da CF/88), dispondo sobre a sua função social e formas de fiscalização pelo 
Estado e pela sociedade. 
A empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica 
estarão sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e 
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários. 
As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não 
extensivos às do setor privado (173, § 2º) 
A empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica, 
nos termos da lei, estão submetidas a regime próprio de licitação e contratação, diferente daquele 
fixado pela Lei 8.666/1993. A Lei de Responsabilidade das Estatais (Lei 13.303/2016) é o estatuto jurídico 
das empresas públicas e das sociedades de economia mista. 
Nos termos do § 3º do artigo 173 da Constituição Federal, a lei regulamentará as relações da empresa 
pública com o Estado e a sociedade. Entretanto, a própria Constituição fez algumas especificações, dentre 
as quais destacaremos três. É importante salientar que há diferenças entre pessoas jurídicas de direito 
privado prestadoras de serviços públicos e pessoas jurídicas de direito privado exploradas de atividade 
econômica. Vejamos: 
 Pessoa jurídica de direito 
privado prestadora de serviço 
público 
Pessoa jurídica de direito 
privado exploradoras de 
atividade econômica 
Responsabilidade civil (artigo 
37, § 6º, da CF/88) 
Responsabilidade civil objetiva 
pelos danos que seus agentes 
causarem a terceiros. 
Não se aplica a teoria do risco 
administrativo. 
Precatórios (artigo 100 da Se submetem ao regime de Não se submetem ao regime de 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
12 
116 
CF/88) precatórios e os seus bens são 
impenhoráveis. 
precatórios e os seus bens são 
penhoráveis. 
Imunidade recíproca (artigo 
150, VI, "a", da CF/88). 
Patrimônio, renda e serviços são 
imunes a impostos. 
Não gozam de imunidade. 
Conquanto a atividade econômica, em regra, caiba ao setor privado, cabe ao Estado, como agente 
normativo e regulador da atividade econômica, exercer, na forma da lei, as funções de fiscalização, 
incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor 
privado (artigo 174 da CF/88). 
O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a 
proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. Essas cooperativasterão 
prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais 
garimpáveis (artigo 174, §§ 3º e 4º, da CF/88). 
 
(2019/FCC/TJ-AL/Juiz Substituto) Suponha que determinado Município tenha editado uma lei 
obrigando estabelecimentos comerciais a oferecerem produtos orgânicos a preços mais baixos que os 
convencionais. A exposição de motivos que acompanhou o projeto de lei asseverou que a proposição 
objetivava reduzir os gastos do sistema público de saúde e proteger o meio ambiente, 
desestimulando o uso de agrotóxicos. A constitucionalidade da referida lei foi contestada perante o 
Tribunal de Justiça, sob alegação de ofensa ao princípio da livre iniciativa, que, por simetria, deve 
estar também insculpido na Constituição do Estado. Para avaliação da plausibilidade da tese 
aventada, especificamente no que concerne à violação ao princípio da livre iniciativa, deve-se levar 
em conta que 
A) a intervenção do Estado no domínio econômico sob o viés regulatório é, em regra, vedada, somente 
sendo admitida para disciplinar atividades caracterizadas como serviço público em sentido material. 
B) tal princípio não é absoluto e deve ser informado por outros objetivos, como a proteção ao consumidor 
e ao meio ambiente, podendo a atividade econômica ser regulada por lei, a qual, contudo, não pode impor 
obrigações desproporcionais. 
C) tal princípio só pode ser afastado em hipóteses bastante estritas, envolvendo os imperativos de 
segurança nacional ou relevante interesse coletivo, não admitindo outras ponderações ou mitigações. 
D) o que a ordem constitucional assegura não é propriamente a livre iniciativa, mas sim a função social da 
propriedade, incluindo os meios de produção e todas as etapas da cadeia econômica, visando o bem 
comum. 
E) tal princípio não se aplica na situação narrada, sendo o princípio supostamente violado o da livre 
concorrência e este não admite qualquer mitigação ou ponderação com outros princípios ou objetivos. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
==13272f==
 
 
 
 
 
 
13 
116 
Gabarito: B 
Comentários: 
A) Errada. "Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da 
lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e 
indicativo para o setor privado” (artigo 174 da CF/88). 
B) Certa. Ao passo que a livre iniciativa é fundamento da ordem econômica, a defesa do consumidor e a 
defesa do meio ambiente são princípios da ordem econômica (artigo 173 da CF/88), de modo que a 
interpretação dos dispositivos deve ser harmônica. Por outro lado, a lei que regula a atividade econômica 
não pode impor obrigações desproporcionais. 
C) Errada. Conforme posicionamento do STF, a “livre iniciativa não é sinônimo de liberdade econômica 
absoluta (...). O que ocorre é que o princípio da livre iniciativa, inserido no caput do art. 170 da CF, nada 
mais é do que uma cláusula geral cujo conteúdo é preenchido pelos incisos do mesmo artigo. Esses 
princípios claramente definem a liberdade de iniciativa não como uma liberdade anárquica, porém social, 
e que pode, consequentemente, ser limitada.” [AC 1.657 MC] 
D) Errada. A Constituição Federal assegura no artigo 170, caput, que a ordem econômica será fundada na 
valorização do trabalho e na livre iniciativa, observados diversos princípios, entre eles, a função social da 
propriedade. 
E) Errada. Como já exposto, não há direito/princípio absoluto, de modo que é possível fazer a ponderação 
dos bens jurídicos envolvidos e indicar aquele que deve ter primazia. 
 
 
(2019/VUNESP/Câmara de Mauá/Procurador Legislativo) Acerca da ordem Econômica na Constituição 
Federal de 1988, assinale a alternativa correta. 
A) O Estado atuará como agente normativo e regulador da atividade econômica, exercendo as funções de 
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este último determinante para os setores privado e público. 
B) É permitida a exploração de atividade econômica pelo Estado somente quando voltada para atividades 
lucrativas. 
C) Empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econômica não estão 
sujeitas à obrigatoriedade de licitação, ante a necessidade de competitividade com as empresas privadas. 
D) Empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econômica estão sujeitas 
ao regime jurídico próprio das empresas privadas. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
14 
116 
E) Empresas públicas e sociedades de economia mista poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos 
às do setor privado. 
Gabarito: D 
Comentários: 
A) Errado. Nos termos do artigo 174 da Constituição Federal, Como agente normativo e regulador da 
atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e 
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado 
B) Errado. Consoante disposto no artigo 173 da CF/88, ressalvados os casos previstos na Constituição, a 
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos 
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
C) Errado. O artigo 173, § 1º, III, da CF/88, dispõe que a lei disporá sobre licitação e contratação de obras, 
serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública. A Lei 13.303/2016 
dispõe sobre o regime de contratação e de licitação de empresas públicas e sociedades de economia 
mista. 
D) Certo. Empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econômica estão 
sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas privadas (artigo 173, § 1º, III). 
E) Errado. Empresas públicas e sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não 
extensivos às do setor privado (artigo 173, § 2º, da CF/88). 
 
3 – PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 
A Constituição Federal não conceituou serviço público e, na doutrina, há divergência a respeito do tema. 
Celso Antônio Bandeira de Mello (2010, p. 671.) apresentou um conceito que entendemos ser o mais 
completo: 
 "Serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material 
destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos 
administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo 
ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito público – portanto, consagrador de 
prerrogativas de supremacia e de restrições especiais –, instituído em favor dos interesses 
definidos como públicos no sistema normativo.” 
Serviço público pode ser entendido como toda prestação concreta, a ser desempenhada sob regime de 
direito público, que represente uma utilidade material à coletividade. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
15 
116 
Nos termos do artigo 175 da Constituição Federal, cabe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente 
ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços 
públicos. 
Há, entretanto, atividades que devem ser prestadas pelo Estado como serviços públicos em sentido estrito 
e que, de modo complementar, serão franqueadas ao setor privado por direito próprio, sem que ocorra a 
delegação. São exemplos a saúde e a educação. Cabe ao Estado prestar gratuitamente, sob regime de 
direito público, serviços públicos de saúde e de educação.Por outro lado, o setor privado também poderá 
exercer as mesmas atividades, sob regime de direito privado, apenas sob controle da Administração, 
inerente ao poder de polícia. Perceba: escolas e hospitais particulares não são delegatários de serviço 
público, são apenas prestadores de serviço público. 
Agora, a situação descrita no artigo 175 da Lei Maior é outra. Os serviços públicos descritos na norma 
deverão ser prestados exclusivamente pelo Estado, diretamente (Administração Pública), ou 
indiretamente, por meio de concessão ou permissão. 
Cabe à lei estabelecer normas gerais a respeito dos serviços públicos. Essa lei é da competência da União e 
possui caráter nacional, isto é, deve ser aplicada à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. 
Nos termos do parágrafo único do artigo 175 da Constituição Federal, a lei disporá sobre: 
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de 
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da 
concessão ou permissão; 
II - os direitos dos usuários; 
III - política tarifária; 
IV - a obrigação de manter serviço adequado. 
 
4 – JAZIDAS, RECURSOS MINERAIS E POTENCIAIS DE ENERGIA 
HIDRÁULICA 
Os potenciais de energia hidráulica e os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União 
(artigo 20, incisos VIII e IX, da CF/88). Esses bens não precisam ser explorados diretamente pela União. 
Conforme redação do artigo 176 da Constituição Federal, para efeito de exploração ou aproveitamento, as 
jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem 
propriedade distinta da do solo. Entretanto, é assegurada participação ao proprietário do solo nos 
resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
16 
116 
Exemplifiquemos: João é proprietário de uma área rural de cinco mil hectares. Nessa propriedade há 
recursos minerais que precisam ser explorados. Assim, a propriedade do solo é de João, mas a propriedade 
dos recursos minerais é da União. Agora, se os recursos minerais estão na propriedade de João e a União 
vai fazer a exploração, em razão dos impactos da atividade, João terá direito de participação, a título de 
compensação, nos resultados da lavra. 
A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica 
somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional. A 
autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado e as autorizações e concessões não poderão 
ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente. 
A exploração desses recursos poderá ser feita por brasileiros ou empresa constituída sob as leis 
brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, sendo garantida ao 
concessionário a propriedade do produto da lavra. 
Nos termos do artigo 176, § 4º, da Constituição Federal, não dependerá de autorização ou concessão o 
aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida. 
 
(2019/CESPE /TJ-PA/Juiz de Direito Substituto) De acordo com a Constituição Federal de 1988, as 
jazidas em lavra e demais recursos minerais e potenciais de energia hidráulica constituem, para efeito 
de exploração e aproveitamento, propriedade 
A) distinta da do solo e pertencem à União e aos estados onde estejam localizados, garantida ao 
concessionário a propriedade do produto da lavra. 
B) distinta da do solo e pertencem ao estado onde estejam localizados, garantida ao permissionário ou 
concessionário a propriedade da lavra. 
C) conjunta à do solo e pertencem à União, garantida ao permissionário ou concessionário a propriedade 
do produto da lavra. 
D) conjunta à do solo e pertencem à União e aos estados onde estejam localizados, garantida ao 
concessionário a propriedade do produto da lavra. 
E) distinta da do solo e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da 
lavra. 
Gabarito: E 
Comentário: 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
17 
116 
Consoante disposto no artigo no caput do 176 da Constituição Federal, as jazidas, em lavra ou não, e 
demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, 
para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a 
propriedade do produto da lavra. Assim, a resposta correta é a letra E. 
 
5 – MONOPÓLIO DA UNIÃO 
A Constituição Federal elenca no artigo 177 um rol taxativo de atividades exploradas pela União em 
regime de monopólio. A lei não pode ampliar a lista de atividades exercidas em regime de monopólio. 
O monopólio público foi atribuído exclusivamente à União. Estados, Distrito Federal e Municípios não 
exercem atividade em regime de monopólio. Não há hipótese de monopólio privado. 
Constituem monopólio da União (artigo 177): 
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; 
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; 
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos 
incisos anteriores; 
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo 
produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás 
natural de qualquer origem; 
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios 
e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e 
utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII 
do caput do art. 21 desta Constituição Federal. 
As atividades exercidas nos tópicos de I a IV poderão ter o exercício contratado, pela União, com empresas 
estatais ou privadas, na forma da lei, que disporá sobre garantia do fornecimento dos derivados de 
petróleo em todo o território nacional, condições de contratação e estrutura e atribuições do órgão 
regulador do monopólio da União (§ § 1º e 2º). 
Perceba que essas atividades serão exercidas pela União sob regime de monopólio facultativo, de modo 
que cabe à própria União definir se fará contratação ou se exercerá o monopólio. 
Por fim, cabe à lei dispor sobre transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional (§ 
3º). 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
18 
116 
 
(2018/FEPESE/CELESC/Advogado) Constituem monopólio da União: 
1. a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos. 
2. os potenciais de energia hidráulica. 
3. os recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica. 
4. as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. 
A) É correta apenas a afirmativa 1. 
B) É correta apenas a afirmativa 4. 
C) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4. 
D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. 
E) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. 
Gabarito: A 
Comentário: 
Conforme disposto no artigo 177, I, da Constituição Federal, a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e 
gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos constituemmonopólio da União. Assim, a letra A está 
correta. 
Os potenciais de energia hidráulica, os recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e as terras 
tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (artigo 20 da CF/88). 
 
 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
19 
116 
DA POLÍTICA URBANA 
A Constituição Federal, no Capítulo II da Ordem Econômica (artigos 182 e 183), disciplinou a política 
urbana e deu aos Municípios o protagonismo na concepção e execução dessas políticas públicas, 
notadamente, ao atribuir aos Poderes Públicos municipais a competência para edição dos planos 
diretores, como instrumentos de política urbana. 
É verdade que a Lei Maior atribuiu à União a competência material para instituir diretrizes para o 
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos (art. 21, XX, da 
CF) e para criar as normas gerais sobre direito urbanístico (art. 24, I, c/c § 1º, da CF). Entretanto, em seu 
artigo 30, deu aos Municípios a competência para legislar sobre assuntos de interesse local (I) e para 
promover, no que couber, o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento, controle do uso, 
do parcelamento e da ocupação do solo urbano (VIII). 
Com efeito, depreende-se dos dispositivos constitucionais que a política de desenvolvimento urbano 
deve ser executada pelo Poder Público municipal, mas em conformidade com as diretrizes gerais 
fixadas em lei, de competência da União. 
O diploma jurídico que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal é a Lei 10.257/2001, 
conhecida como “Estatuto da Cidade”, segundo a qual o uso da propriedade urbana deve ser em prol do 
bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. Nessa 
lei, são encontradas as normas gerais sobre Direito Urbanístico. 
 
1. Compete à União instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano. 
2. Compete à União legislar sobre normas gerais em matéria de Direito Urbanístico. 
3. Compete aos Municípios promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante 
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. 
4. O Distrito Federal, na situação analisada, atua como Município, de modo que também tem 
competência para promover a política de desenvolvimento urbano. 
Conclusão: compete à União estabelecer, mediante lei, a política de desenvolvimento urbano (normas 
gerais). Compete aos Municípios (e ao DF) executar a política de desenvolvimento urbano. 
Nos termos do artigo 182 da Constituição Federal, a política de desenvolvimento urbano tem por objetivo 
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus 
habitantes. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
20 
116 
O instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana é o plano diretor, aprovado 
pela Câmara Municipal. Nas cidades com mais de vinte mil habitantes, é obrigatória a elaboração do 
plano diretor (§ 1º). 
Com efeito, segundo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, os Municípios com mais de vinte mil 
habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre programas e projetos específicos de ordenamento do 
espaço urbano por meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor (RE 
607.940). 
Por outro lado, o STF entende ser inconstitucional a exigência contida em Constituição estadual de 
obrigatoriedade de elaboração do plano diretor para as cidades com mais de cinco mil habitantes, 
porque a norma estadual viola a autonomia dos Municípios com mais de cinco mil e até vinte mil 
habitantes, uma vez que a Constituição Federal apenas exigiu a criação de plano diretor das cidades com 
mais de vinte mil habitantes (ADI 826). 
 
Desapropriação urbanística 
O direito de propriedade é a todos assegurado, mas não é absoluto, de modo que, para assegurar o bem-
comum, a Constituição Federal estabelece que a propriedade deve atender a sua função social (artigo 
5º, XXIII). A inobservância dessa exigência pode causar a aplicação de penalidades e, dentre essas, até 
mesmo a desapropriação. 
Conforme disposto no artigo 182, §2º, da CF/88, a propriedade urbana cumpre sua função social quando 
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. 
Em decorrência de o direito de propriedade não ser absoluto, ainda que não ocorra infringência ao 
regramento contido no plano diretor, a Constituição admite a desapropriação de imóveis urbanos, por 
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro 
(§3º). 
Por outro lado, a desapropriação poderá ser sancionatória, por descumprimento do plano diretor. O 
parágrafo 4º do artigo 182 dispõe que o Poder Público municipal, mediante lei específica para área 
incluída no plano diretor, poderá exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não 
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, 
sucessivamente, de: 
1º. parcelamento ou edificação compulsórios; 
2º. imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo (IPTU); 
3º. desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente 
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e 
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
21 
116 
Perceba que a desapropriação urbanística que tem caráter sancionador objetiva coibir a especulação 
imobiliária, a falta de edificação, a subutilização ou a não utilização do solo urbano. Nessa hipótese, antes 
de aplicar a penalidade de desapropriação, o Poder Público municipal deverá aplicar a penalidade de 
parcelamento ou edificação compulsórios. No segundo momento, a penalidade de IPTU progressivo no 
tempo. Em última situação, a desapropriação. 
De todo modo, a aplicação de quaisquer dessas penalidades depende da produção de três diplomas 
jurídicos: 1) lei federal (Estatuto da Cidade); 2) plano diretor (lei municipal) e 3) lei municipal específica que 
exige o adequado aproveitamento do solo urbano. 
Seguidos os regramentos das três leis e tendo aplicado as penalidades já enumeradas, na sequência 
exigida pela Constituição Federal, o Município promoverá a desapropriação, cujo pagamento de 
indenização não se dará em dinheiro, mas em títulos da dívida pública, com prazo de resgate de até dez 
anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas. 
 
Usucapião Urbana Constitucional 
A Constituição Federal prevê em seu artigo 183 hipótese de usucapião de imóvel urbano. A usucapião é um 
dos modos originários de aquisição da propriedade, como orienta o sentido literal da palavra (usucapio 
significa tomar ou adquirir pelo uso). 
Nos termos estabelecidos pela Lei Maior, aquele que possuir como sua área urbana de até 250 metros 
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua 
família, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural, adquire o domínio dessa área. 
O direito à usucapião não pode ser reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez e nem se aplica a 
imóveis públicos. 
O Supremo Tribunal Federal, no RE 422.349, em tese de repercussão geral reconhecida com julgamento 
de mérito, entendeu que preenchidos os requisitosconstitucionais, o reconhecimento do direito à usucapião 
especial urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na 
respectiva área em que situado o imóvel (dimensão do lote). Na situação concreta, a lei municipal fixou 
módulo mínimo do lote urbano como área de 360 metros quadrados. Entretanto, a parte autora tinha 
pretensão de usucapir porção de 225 metros quadrados, o que preenche a medida estabelecida pela 
Constituição Federal, de forma que o STF garantiu a concretização da usucapião. 
 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
22 
116 
(2020/VUNESP/Prefeitura de São Roque/Advogado) A respeito da Política Urbana, com base na 
Constituição Federal, assinale a alternativa correta. 
A) O plano diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, sendo 
obrigatório para cidades com mais de dez mil habitantes. 
B) A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de 
ordenação da cidade expressas no plano diretor. 
C) As desapropriações de imóveis urbanos que não atendam às especificações do plano diretor devem ser 
precedidas de indenização em títulos da dívida pública, resgatáveis em 20 (vinte) anos. 
D) Os imóveis públicos que não atendam a sua função social podem ser objeto de usucapião. 
E) Aquele que possuir como sua área urbana de até trezentos e cinquenta metros quadrados, por três 
anos, utilizando-a para o exercício de atividade comercial, adquirir-lhe-á o domínio. 
Gabarito: B 
Comentários: 
A) Errado. O plano diretor é obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes (artigo 182, § 1º, da 
CF/88). 
B) Certo. Conforme disposto no § 2º do artigo 182 da Constituição Federal, a propriedade urbana cumpre 
sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano 
diretor. 
C) Errado. A desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública tem prazo de resgate de 
até dez anos (artigo 182, § 4º, III, da CF/88). 
D) Errado. Os imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião (artigo 183, § 3º, da CF/88). 
E) Errado. O caput do artigo 183 da Constituição Federal dispõe que aquele que possuir como sua área 
urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, 
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário 
de outro imóvel urbano ou rural. 
 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
23 
116 
DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA 
AGRÁRIA 
No Capítulo III da Ordem Econômica, entre os artigos 184 e 191, a Constituição Federal trata da política 
agrícola e fundiária e da reforma agrária. 
De início, cabe recordar que compete à União, privativamente, legislar sobre direito agrário (artigo 22, I, 
da CF/88). 
 
Da política agrícola e fundiária 
Nos termos do artigo 187 da Lei Maior, a política agrícola deve ser planejada e executada na forma da lei e 
ter as suas ações compatibilizadas com as políticas de reforma agrária. 
A política agrícola fixada em lei inclui as atividades agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e 
florestais. Em sua construção, deve contar com a participação efetiva do setor de produção e envolver 
produtores e trabalhadores rurais, dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes. 
Conforme determinação constitucional, a elaboração de uma política agrícola precisa levar em conta, 
dentre outros aspectos, os seguintes (artigo 187): 
 
“I - os instrumentos creditícios e fiscais; 
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização; 
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; 
IV - a assistência técnica e extensão rural; 
V - o seguro agrícola; 
VI - o cooperativismo; 
VII - a eletrificação rural e irrigação; 
VIII - a habitação para o trabalhador rural.” 
Reza o artigo 188 da Constituição Federal que a destinação de terras públicas e devolutas será 
compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
24 
116 
A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a 2.500 hectares a 
pessoa física ou jurídica dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional, exceto aquelas 
destinadas a reforma agrária. 
Aqueles que forem beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária, homem ou mulher, 
ou ambos, independentemente do estado civil, receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, 
inegociáveis pelo prazo de dez anos (artigo 189 da CF/88). 
A aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira serão 
regulados e limitados por lei, que também estabelecerá os casos que dependerão de autorização do 
Congresso Nacional (artigo 190 da CF/88). 
 
Usucapião pro labore 
A Constituição Federal prevê, além da usucapião urbana, estudada no tópico anterior, a usucapião de 
imóvel rural, desde que atendidos cumulativamente os seguintes requisitos: 1) o imóvel não pode ser 
público; 2) não ser proprietário de imóvel rural ou urbano; 3) possuir como seu, por cinco anos 
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a 50 hectares; 4) tornar a terra 
produtiva por seu trabalho ou de sua família; 5) ter nela sua moradia. 
 
Usucapião Urbana Usucapião pro labore 
imóvel urbano imóvel rural 
área de até 250 metros quadrados área de até 50 hectares 
posse por cinco anos ininterruptos posse por cinco anos ininterruptos 
utilização para moradia utilização para moradia 
---- tornar a terra produtiva 
não ser proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural 
não ser proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural 
não se aplica a imóveis públicos não se aplica a imóveis públicos 
 
Desapropriação Rural 
A União, por interesse social, para fins de reforma agrária, poderá desapropriar o imóvel rural que não 
estiver cumprindo a sua função social. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
25 
116 
Nos termos do artigo 186 da Constituição Federal, a função social da propriedade imóvel rural será 
cumprida quando atendidos, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em 
lei, os seguintes requisitos: 
“I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.” 
A pequena e a média propriedade rural, assim definidas em lei (desde que seu proprietário não possua 
outra) e a propriedade produtiva não podem ser objetos de desapropriação para a reforma agrária 
(artigo 185 da CF/88). 
A propriedade produtiva terá tratamento especial garantido por lei, que fixará normas para o 
cumprimento dos requisitos relativos à sua função social (§ 1º). 
A desapropriação se dará mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula 
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua 
emissão, e cuja utilização será definida em lei. Entretanto,as benfeitorias úteis e necessárias serão 
indenizadas em dinheiro. 
O texto constitucional expõe no § 3º do artigo 184 que cabe à lei complementar estabelecer procedimento 
contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. Após a edição do 
decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, a União estará 
autorizada a propor a ação de desapropriação (§ 1º). 
O orçamento deverá fixar anualmente o volume total de títulos da dívida agrária e o montante de recursos 
para atender ao programa de reforma agrária no exercício (§ 4º). 
Por fim, as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária são isentas 
de impostos federais, estaduais e municipais (§ 5º). 
 
Desapropriação urbanística Desapropriação rural 
Função social: cumprimento do plano diretor. Função social: aproveitamento adequado da 
propriedade, respeito ao meio ambiente e à 
legislação trabalhista, bem-estar dos proprietários 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
26 
116 
e dos trabalhadores. 
indenização em títulos da dívida pública indenização em títulos da dívida agrária, exceto as 
benfeitorias úteis e necessárias, que são pagas em 
dinheiro. 
prazo de resgate de até dez anos, em parcelas 
anuais, iguais e sucessivas 
prazo de resgate de até vinte anos, a partir do 
segundo ano de sua emissão. 
Competência do Município. Competência da União. 
 
DA SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
A Constituição Federal tratou do sistema financeiro nacional apenas no artigo 192. O assunto deve ser 
regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas 
instituições que o integram. 
O sistema financeiro nacional deve ser estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado 
do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as 
cooperativas de crédito. Essa determinação tanto se aplica a instituições públicas quanto a instituições 
privadas. 
 
RESUMO 
A Constituição Federal a todos assegura o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
Ordem Econômica 
Fundamentos valorização do trabalho humano e livre iniciativa 
Finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social 
Princípios I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da 
propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - 
defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades 
regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento 
favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
 
Exploração de atividade econômica pelo Estado 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
27 
116 
A exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos 
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, nos termos da lei. 
A empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica 
estarão sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e 
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários. 
As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não 
extensivos às do setor privado (173, § 2º) 
O Estado atua também como agente normativo e regulador da atividade econômica e as funções de 
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o 
setor privado. 
 
Prestação de serviço público 
Cabe ao Estado, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através 
de licitação, a prestação de serviços públicos. 
 
Jazidas, recursos minerais e potenciais de energia hidráulica 
As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem 
propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, 
garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. 
 
Monopólio da União 
Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros 
hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e 
exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV 
- o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo 
produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás 
natural de qualquer origem. 
 
Da Política Urbana 
A política de desenvolvimento urbano deve ser executada pelo Poder Público municipal, mas em 
conformidade com as diretrizes gerais fixadas em lei, de competência da União. 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
28 
116 
O instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana é o plano diretor, aprovado 
pela Câmara Municipal. Nas cidades com mais de vinte mil habitantes, é obrigatória a elaboração do 
plano diretor (§ 1º). 
O Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, poderá exigir, nos 
termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que 
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: 1) parcelamento ou edificação 
compulsórios; 2) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo (IPTU); . 3) 
desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada 
pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, 
assegurados o valor real da indenização e os juros legais. 
Aquele que possuir como sua área urbana de até 250 metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente 
e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, desde que não seja proprietário de outro 
imóvel urbano ou rural, adquire o domínio dessa área. 
 
Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária 
A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano 
nacional de reforma agrária. 
A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a 2.500 hectares a 
pessoa física ou jurídica dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional, exceto aquelas 
destinadas a reforma agrária. 
Aqueles que forem beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de 
domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos. 
A União, por interesse social, para fins de reforma agrária, poderá desapropriar o imóvel rural que não 
estiver cumprindo a sua função social. 
A desapropriação se dará mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula 
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua 
emissão, e cuja utilização será definida em lei. Entretanto, as benfeitorias úteis e necessáriasserão 
indenizadas em dinheiro. 
 
DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO 
TÍTULO VII 
Da Ordem Econômica e Financeira 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na 
valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça 
social, observados os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante 
tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e 
sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de 
pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras 
e que tenham sua sede e administração no 
País. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre 
exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
Art. 171. (Revogado pela Emenda 
Constitucional nº 6, de 1995) 
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse 
nacional, os investimentos de capital estrangeiro, 
incentivará os reinvestimentos e regulará a 
remessa de lucros. 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta 
Constituição, a exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando 
necessária aos imperativos da segurança nacional 
ou a relevante interesse coletivo, conforme 
definidos em lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da 
empresa pública, da sociedade de economia 
mista e de suas subsidiárias que explorem 
atividade econômica de produção ou 
comercialização de bens ou de prestação de 
serviços, dispondo sobre: 
I - sua função social e formas de fiscalização pelo 
Estado e pela sociedade; 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das 
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos 
e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e 
tributários; 
III - licitação e contratação de obras, serviços, 
compras e alienações, observados os princípios 
da administração pública; 
IV - a constituição e o funcionamento dos 
conselhos de administração e fiscal, com a 
participação de acionistas minoritários; 
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a 
responsabilidade dos administradores. 
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de 
economia mista não poderão gozar de privilégios 
fiscais não extensivos às do setor privado. 
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa 
pública com o Estado e a sociedade. 
§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico 
que vise à dominação dos mercados, à 
eliminação da concorrência e ao aumento 
arbitrário dos lucros. 
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade 
individual dos dirigentes da pessoa jurídica, 
estabelecerá a responsabilidade desta, 
sujeitando-a às punições compatíveis com sua 
natureza, nos atos praticados contra a ordem 
econômica e financeira e contra a economia 
popular. 
Art. 174. Como agente normativo e regulador da 
atividade econômica, o Estado exercerá, na 
forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo 
e planejamento, sendo este determinante para o 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
30 
116 
setor público e indicativo para o setor 
privado. 
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do 
planejamento do desenvolvimento nacional 
equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará 
os planos nacionais e regionais de 
desenvolvimento. 
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e 
outras formas de associativismo. 
§ 3º O Estado favorecerá a organização da 
atividade garimpeira em cooperativas, levando 
em conta a proteção do meio ambiente e a 
promoção econômico-social dos garimpeiros. 
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo 
anterior terão prioridade na autorização ou 
concessão para pesquisa e lavra dos recursos e 
jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde 
estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo 
com o art. 21, XXV, na forma da lei. 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da 
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, sempre através de licitação, a 
prestação de serviços públicos. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre: 
I - o regime das empresas concessionárias e 
permissionárias de serviços públicos, o caráter 
especial de seu contrato e de sua prorrogação, 
bem como as condições de caducidade, 
fiscalização e rescisão da concessão ou 
permissão; 
II - os direitos dos usuários; 
III - política tarifária; 
IV - a obrigação de manter serviço adequado. 
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais 
recursos minerais e os potenciais de energia 
hidráulica constituem propriedade distinta da do 
solo, para efeito de exploração ou 
aproveitamento, e pertencem à União, garantida 
ao concessionário a propriedade do produto da 
lavra. 
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o 
aproveitamento dos potenciais a que se refere o 
"caput" deste artigo somente poderão ser 
efetuados mediante autorização ou concessão da 
União, no interesse nacional, por brasileiros ou 
empresa constituída sob as leis brasileiras e que 
tenha sua sede e administração no País, na forma 
da lei, que estabelecerá as condições específicas 
quando essas atividades se desenvolverem em 
faixa de fronteira ou terras indígenas. 
§ 2º - É assegurada participação ao proprietário 
do solo nos resultados da lavra, na forma e no 
valor que dispuser a lei. 
§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por 
prazo determinado, e as autorizações e 
concessões previstas neste artigo não poderão 
ser cedidas ou transferidas, total ou 
parcialmente, sem prévia anuência do poder 
concedente. 
§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão 
o aproveitamento do potencial de energia 
renovável de capacidade reduzida. 
Art. 177. Constituem monopólio da União: 
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e 
gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; 
II - a refinação do petróleo nacional ou 
estrangeiro; 
III - a importação e exportação dos produtos e 
derivados básicos resultantes das atividades 
previstas nos incisos anteriores; 
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de 
origem nacional ou de derivados básicos de 
Equipe Materiais Carreiras Jurídicas, Nelma Fontana
Aula 16
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular) Direito Constitucional - Prof ª Nelma Fontana
www.estrategiaconcursos.com.br
1255215Bons estudos -Bons Estudos
 
 
 
 
 
 
31 
116 
petróleo produzidos no País, bem assim o 
transporte, por meio de conduto, de petróleo 
bruto, seus derivados e gás natural de qualquer 
origem; 
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o 
reprocessamento, a industrialização e o comércio 
de minérios e minerais nucleares e seus 
derivados, com exceção dos radioisótopos cuja 
produção, comercialização e utilização poderão 
ser autorizadas sob regime de permissão, 
conforme as alíneas b e c do inciso XXIII 
do caput do art. 21 desta Constituição 
Federal. 
§ 1º A União poderá contratar com empresas 
estatais ou privadas a realização das atividades 
previstas nos incisos I a IV deste artigo 
observadas as condições estabelecidas em 
lei. 
§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: 
I - a garantia do fornecimento dos derivados de 
petróleo em todo o território nacional; 
II - as condições de contratação; 
III - a estrutura e atribuições

Outros materiais